Trabalho GRN

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 32

FACULDADE DE LETRAS E CIENCIAS SOCIAIS

Departamento de Geografia
Curso de Licenciatura em Geografia
Cadeira de Gestão Dos Recursos Naturais
4 ͦ Ano – Io Semestre

Analise Hidrológica da Bacia do Rio Limpopo

Discente:
Filimone Carlos António Docente:
Francisco Tauacale

Maputo, Março de 2024

1
Índice
Conteúdo pág.

1. Introdução ........................................................................................................................... 3

1.1 Objectivos.................................................................................................................... 3

2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 4

2.1 Descrição da área de estudo ........................................................................................ 4

2.1.1 Localização geográfica ........................................................................................ 4

2.1.2 Clima .................................................................................................................... 4

2.1.3 Declividade e Hipsometria ................................................................................... 6

2.1.4 Geologia ............................................................................................................... 8

2.1.5 Solos................................................................................................................... 10

2.1.6 Precipitação ........................................................................................................ 11

2.1.7 Estações Meteorológicas .................................................................................... 12

2.1.8 Formações Vegetais ........................................................................................... 13

2.1.9 População ........................................................................................................... 15

2.1.10 Infraestruturas Hidráulicas na bacia do rio Limpopo em Moçambique ............ 15

2.2 Materiais e procedimentos metodológicos ................................................................ 17

Etapa 1: Revisão da Literatura.......................................................................................... 17

Etapa 2: Coleta de Dados.................................................................................................. 17

Etapa 3: Preparação dos Dados ........................................................................................ 17

Etapa 4: Análise do Modelo Digital de Elevação (DEM) ................................................ 17

Etapa 5: Análise dos Dados .............................................................................................. 23

3. Resultados e Discussão ..................................................................................................... 24

4. Conclusão ......................................................................................................................... 30

5. Referencias Bibliográficas ................................................................................................ 31

2
1. INTRODUÇÃO
A análise hidrológica da bacia do rio Limpopo é um estudo crucial para compreender o
comportamento dos recursos hídricos nessa região. No presente trabalho, procura-se explorar
a bacia do rio Limpopo no que concerne a sua área de abrangência ao nível do país, pois a área
da bacia é compartilhada por quatro países da SADC que compreende a África do Sul,
Botswana, Moçambique e Zimbabwe. Essa bacia abrange aproximadamente uma área
equivalente a 412.000 km² (Brito et al., 2009) e desempenha um papel vital na gestão dos
recursos hídricos transfronteiriços

1.1 Objectivos

Objetivo Geral
 Analisar os aspectos hidrológicos da bacia do rio Limpopo

Objetivos Específicos

 Delimitar a Bacia do rio Limpopo ao nível internacional e nacional


 Caracterizar os aspectos físicos geográficos da Bacia
 Determinar a direção e acumulação do Fluxo
 Extração das Sub-Bacias
 Classificar a ordem Hierárquica dos rios de acordo com a ordem de Strahler
 Identificar as vulnerabilidades

3
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Descrição da área de estudo
2.1.1 Localização geográfica
O Rio Limpopo, com uma extensão de aproximadamente 1 461 Km de comprimento possui
uma bacia com uma área de 412.000 Km² de extensão, que é compartilhada por quatro países
da região da SADC, que compreende a África do Sul, Botswana, Zimbabwe e Moçambique. A
bacia do Limpopo localiza-se entre os paralelos 22° 0’ e 26° 0’ Sul e entre os meridianos 26°
0’ e 35° 0’ Este. Em território nacional está enquadrada entre os paralelos 21º e 25º Sul e os
meridianos 31º e 35º (ARAsul, 2024), e confina a norte com a bacia do Rio Save, a sul com a
do Rio Incomáti e a Este com uma faixa costeira onde se encontram várias bacias internas
(lagoas) e a Oeste com a África do Sul e Zimbabwe.

Figura 1: Localização geográfica da bacia do rio Limpopo

2.1.2 Clima
Do ponto de vista climático, partindo do estudo realizado por Muchangos (1999) de um modo
geral Moçambique possui, um clima quente e húmido, onde de acordo com o mesmo autor as
principais variações climáticas explicam-se pelos factores continentalidade, altitude, exposição

4
e posição geográfica, que se manifestam pelas diferenças regionais e locais entre o litoral e o
interior entre os vales e as terras altas e entre o barlavento e o sotavento

Figura 2: Classificação climática da bacia do rio Limpopo

O clima na parte Moçambicana da bacia do rio Limpopo do ponto de vista climático a bacia
encontra-se localizado em regiões de clima semiárido, em transição para o árido com maior
destaque na secção mais a montante, ou seja, a medida que nos deslocamos a jusante encontra-
se disposta a distribuição do clima Sub-húmido em transição ao clima húmido que ocupa
pequenas porções de área ao longo da bacia.

O clima varia de Árido a semiárido e de sub-húmido húmido, respectivamente da costa para o


interior. Pode-se ver na Figura 2 que maior parte da bacia é predominada por áreas de clima
árido a semiárido.

Num estudo levado a cabo por Pereira e Nascimento (2013), constatam que a região localizada
a Sudoeste de Moçambique é a região mais susceptível ao evento da seca do que o resto do
País onde, o risco de seca é também o mais alto do País, sobretudo no quadrante onde fica
situado a província de Gaza com maior destaque para o Distrito de Chicualacuala e Pafúri.

5
2.1.3 Declividade e Hipsometria
A declividade é a inclinação da superfície do terreno em relação à horizontal, ou seja, a relação
entre a diferença de altura entre dois pontos e a distância horizontal entre esses pontos. A
declividade é atribuída pelo ângulo de inclinação (zenital) da superfície do terreno em relação
à horizontal. Os valores de declividade podem ser classificados em graus que variam de 0° a
90°, e podem também ser classificados em percentagem (Gouveia et al., 2019 apud INPE,
2011).

Estudos realizados por Villela e Mattos (1975) apontam a necessidade de se estudar a


declividade pelo facto de relacionar-se com a velocidade em que se dá o escoamento
superficial, afetando deste modo o tempo que leva a água da chuva para concentrar-se nas
margens fluviais que constituem a rede de drenagem das bacias, sendo que os picos de
enchente, infiltração e susceptibilidade para erosão dos solos dependem da rapidez com que
ocorre o escoamento sobre os terrenos da bacia.

Figura 3: Declividade da bacia do rio Limpopo

6
A declividade da Bacia do Rio Limpopo, conforme indicado na imagem acima, apresenta Áreas
Planas classificadas com declividade inferior a < 3% o que indica que a maior parte da bacia é
composta por terrenos planos, o que sugere uma topografia predominantemente suave e com
pouca variação altimétrica. Áreas Suavemente Onduladas que compreende a variação
percentual de 3-10% de declividade caracterizando um relevo moderado.

A bacia é caracterizada também por áreas Moderadamente Onduladas que correspondem a


faixa de 10-30% de declividade, representadas pelas manchas amarelas que indicam uma
declividade mais acentuada, comum em áreas de transição entre planícies e formações
elevadas.

O vermelho marca a transição das áreas de relevo moderadamente ondulados a Áreas de


ondulações mais ingrimes da bacia (> 30% de declividade) associadas a terrenos de alta
declividade.

Como se refere Leal et al., (2019) a Compreensão do relevo é fundamental para planear as
ações no território que busquem à manutenção e preservação do meio ambiente. A
caracterização da declividade é fundamental para entender os processos erosivos, o escoamento
superficial e a dinâmica hidrológica da bacia. A predominância de áreas planas e suavemente
onduladas pode favorecer a agricultura e a manutenção de ecossistemas estáveis, enquanto as
áreas mais íngremes requerem atenção especial para a conservação do solo e manejo de
recursos hídricos (Garcia et al., 2020).

Estudos realizados por Muchangos (1999), indicam que de acordo com a sua altitude, identificam
-se em Moçambique quatro formas de relevo que se manifestam em forma de planícies, planaltos,
montanhas e depressões.

As altitudes médias por sub-bacia são de 75 m para Changane, 700 m para o Limpopo e 900
m para a sub-bacia do rio dos Elefantes (ARAsul, 2024).

7
Figura 4: Hipsometria da bacia do rio Limpopo

Da figura 4 pode-se observar uma variação hipsométrico ao longo da bacia do rio Limpopo
que varia de – 2.5 m a 530m. A altitude mínima observada ao longo da bacia ocorre
sobretudo a jusante da bacia que corresponde as áreas depressivas e aumenta gradualmente a
medida que nos deslocamos a montante, isto é, as altitudes mais elevadas encontram-se
distribuídas a oeste da bacia com maior destaque ao longo do limite transfronteiriço com a
república do Zimbabwe e Africa do Sul.

2.1.4 Geologia
A maior parte da geologia da Bacia do rio Limpopo em Moçambique é constituída por
depósitos marinhos espessos do período Pleistocénico, conhecidos como Mananga. Estes estão
situados em regiões comparativamente altas, além disso, a área é marcada por depósitos
arenosos do Quaternário (WaterNet, 2009). A textura do solo nesta região é
predominantemente arenosa, com uma alta proporção de areia grossa.

8
Figura 5: Formação geológica da bacia do rio Limpopo

Com base na figura 4, observa-se que a bacia do rio Limpopo é maioritariamente predominado
por depósitos Indiferenciados, seguida pelas classes das aluviões que são depósitos de
sedimentos transportados pela água, como areia, cascalho e argila (Krames, 2016). Na Bacia
do Rio Limpopo, essas formações estão presentes em várias áreas.

Ao longo da bacia também é notário a presença de Arenitos, Argilitos e Rochas Afins que são
compostas principalmente de arenito (uma rocha sedimentar formada a partir de grãos de areia)
e argilitos com características de uma rocha sedimentar finamente estratificada
(GeologyScience, 2023). Elas estão presentes em várias partes da bacia.

As Rochas Carbonatadas estão localizadas principalmente no centro da bacia. As rochas


carbonatadas são formadas a partir de sedimentos ricos em carbonato de cálcio, como calcário
e dolomita (Carvalho, 2013). As Rochas Ácidas e Intermediárias têm a menor ocorrência e
estão distribuídas em pequenas porções ao longo das bordas da bacia. As rochas ácidas e
intermediárias são geralmente ricas em sílica e incluem granitos e andesitos, e encontramos
também ao longo da bacia os Terraços que são formações geológicas que ocorrem ao longo
das margens do rio, formadas por sedimentos depositados ao longo do tempo.

9
2.1.5 Solos
No tocante aos aspectos ligados aos solos, Sinate (2002) entende que a distribuição dos
principais tipos de solos é fortememnte influenciada pela geomorfologia da área e observa
também que ao longo do rio Limpopo, com maior destaque para as curvas e meandros do rio
foram depositados seimentos fluviais recentes e que a istribuicao destes depositos fluviais é
típica, com a formação e diques naturais mais elevados e depositos arenosos mais próximos do
rio e as depressões pantanosas de sedimentos argilosos mais afastados do rio.

Figura 6: distribuição dos solos ao longo da bacia do rio Limpopo

Estudos realizados pelas WaterNet em Parceria com a FAEF - UEM (2009) apud FAEF (2001)
caracterizam a ocorrência dos principais solos agrupando - os em quatro categorias, embora
possam ocorrer na forma de complexos ou associações:

i. Solos das dunas interiores, caracterizados por solos profundos, arenosos


(Quaternário), excessivamente drenados e ligeiramente ondulados. Estes solos têm
uma fertilidade natural e uma capacidade de retenção de água baixas, são não
salinos, não sódicos, e o lençol freático está geralmente a uma profundidade
superior a 10 m. Ao longo das depressões arenosas e baixas que ocorrem nas partes

10
inferiores dos declives das plataformas arenosas, ocorrem solos arenosos
hidromórficos;
ii. Ocorrência de solos de sedimentos marinhos do Pleistocénico nas áreas mais
elevadas, áreas das terras altas, também denominadas de terraços marinhos. Estes
solos consistem numa camada superior (solo superficial) de areia ou areia-franca,
não calcária, de espessura variável (20 a 80 cm) sobrepondo-se a um subsolo de
textura franco-arenosa a francoargilo-arenosa. Este subsolo é, geralmente, muito
duro e compacto até uma profundidade de 60 a 80 cm.

iii. Ocorrem também ao longo da bacia os solos dos sedimentos marinhos do


Pleistoceno nas depressões ou planícies, são os típicos das baixas planas ou quase
planas, com declives geralmente inferiores a 0,5 %, e localizados de 1 a 2 m abaixo
do nível dos terraços marinhos. Estas depressões são geralmente imperfeitamente a
mal drenadas e podem ficar inundadas por várias semanas, possivelmente meses,
durante e após fortes ocorrências de precipitação, devido ao seu relevo quase plano
e baixa permeabilidade dos solos argilosos. Localmente estes solos apresentam-se
moderados a fortemente salinos e sódicos no subsolo.

iv. Também registam-se ao longo da bacia a ocorrência de solos dos sedimentos


fluviais recentes que se desenvolveram sobre os sedimentos recentes. Em geral,
formam-se juntos aos grandes rios (Limpopo, Changana e Elefantes), ocupando
uma zona entre os meandros do rio. Quanto a profundidade são tidos como solos
profundos, estratificados, e apresentam uma grande variabilidade na sua textura,
tendo geralmente uma elevada fertilidade natural, como os solos aluvionares turfoso

2.1.6 Precipitação
Em um estudo realizado por Simate (2002) apud Siyka (1979) observa que a bacia do rio
Limpopo se encontra delimitada pelas isoietas que variam de 35 a 1200mm, onde a maior parte
ao longo da bacia é caracterizada por baixa queda da precipitação. A faixa costeira é que recebe
a maior porção de queda pluviométrica, com maior destaque para a região que compreende a
cidade de Xai-Xai, com registo de quedas pluviométricas de cerca de 980mm, registando
reduções graduais a medida que se desloca em direção ao interior da bacia, que chega a atingir
valores mínimos de queda pluviométrica de cerca de 390mm na região de Pafúri.

11
Figura 7: Distribuição da precipitação ao longo da bacia o rio Limpopo

De uma forma geral a pluviosidade encontra-se repartida de forma irregular ao longo dos anos,
com 85% da precipitação a ocorrer em média entre os meses de Outubro e Março sendo fraca
nos restantes períodos como ilustra a Fig.7.

Em geral, a distribuição da pluviosidade ao longo da bacia é crescente do Nordeste para o


Sudeste. Neste contexto verifica se que as áreas com precipitação mais elevada são o distritos
de Chibuto, Guijá, Ckókwè, Xai- Xai e uma faixa junto ao limite Ocidental da bacia com a
província de Inhambane, e a precipitação média anual é fraca nos distritos de Chicualacuala e
no Norte de Massingir.

2.1.7 Estações Meteorológicas


A estação meteorológica refere-se a um conjunto de instrumentos ou sensores que recolhem
dados ou informações para análise do tempo meteorológico. Esses instrumentos/sensores são
capazes de registrar dados referentes a temperatura do ar, velocidade e direção do vento,
umidade do ar, radiação solar, a precipitação, pressão atmosférica entre outras variáveis
(Mangia, 2024).

12
Klering (S/D) atenta nos pressupostos de que as estações meteorológicas devem ser instaladas
em locais que sejam representativos da região e longe de obstáculos que interfiram na medição
das variáveis meteorológicas.

Figura 8: Estacoes meteorológicas da bacia do rio Limpopo

Ao longo da bacia de acordo com o mapa da figura 8, são identificados cerca de 20 estacoes
pluviométricas que tem a função de colectar dados de diversas variáveis como Temperatura do
ar, umidade, pressão atmosférica, velocidade e direção do vento, volume e quantidade da
precipitação e dados referentes a radiação solar. De acordo com o INAM (2024) esses dados
são essenciais para a previsão do tempo e para a caracterização do clima.
A mesma fonte afirma ainda que as estações meteorológicas são de extrema importância pois
elas são fundamentais para fornecer informações meteorológicas necessárias para garantir o
desenvolvimento sustentável da economia nacional e para mitigar os impactos negativos
relacionados com o clima, sobre o bem-estar humano e ambiente natural. Além disso, o INAM
é responsável por monitorar o clima no país e fornecer avisos de tempestades tropicais
iminentes ou mudanças meteorológicas que possam potencialmente ameaçar o país
2.1.8 Formações Vegetais
De acordo com Lijembe (2023) a composição florística ao longo da região da bacia é variável
em função das diferenças na composição do solo e humidade. A floresta encontrado ao longo

13
da área ribeirinha difere muito da floresta vizinha, em função da proximidade do rio, e esta
situação, por um lado, cria o aumenta da disponibilidade de água e, por outro lado faz com que
a floresta fique frequentemente sujeita a inundações.

Em regiões de relativa fraca queda pluviométrica e afastadas da costa, com características


edáficas de solos secos, ocorre uma associação vegetal, vulgarmente designada por Savana.
Essa associação pode ainda ser diferenciada em arbórea ou arbustiva conforme a dominância
de árvores ou arbustos nos respectivos estratos, mas com um estrato herbáceo sempre presente
(Muchangos, 1999).

Figura 9: Formações vegetais da bacia do rio Limpopo

Variais são as formações florestais que ocorrem ao longo da bacia o rio Limpopo, como se
pode observar na figura 8. A porção ocupada pela agricultura é notória ao longo da bacia, com
maiores ocorrência destacando-se no percurso do estuário do rio Limpopo (representado a
amarelo), assim como verifica-se uma extensa ocorrência da Matagal Medio e a Pradaria
Parborizada. Em contrapartida, a ocorrência de Floresta Baixa Berta é que regista a menor
porção de ocorrência ao longo da bacia, seguida da Floresta Baixa Mediamente Densa e
Matagal Médio.

14
2.1.9 População
A maior porção da bacia do rio Limpopo em Moçambique localiza-se na Província de Gaza,
partilhado uma pequena porção na Província de Inhambane (fig. 10). A distribuição da
população na bacia é fundamentalmente influenciada pelas características agro-ecológicas e
infraestruturas económicas (Waternet, 2009). A população está concentrada na zona costeira a
sul da bacia com um clima menos árido reduzindo rapidamente para o interior, para o clima
árido. A distribuição da população segue igualmente o padrão da fixação em áreas de terras
húmidas (planícies de inundação dos rios, lagoas e a própria zona costeira).

Figura 10: Distribuição da população

2.1.10 Infraestruturas Hidráulicas na bacia do rio Limpopo em Moçambique

A Bacia do rio Limpopo é um vale potencialmente agrícola com a predominância de terras


férteis para a practica de diversas culturas alimentares e comerciais. Devido ao regime
climático seco foram construídas duas grandes infraestruturas hidráulicas, trata-se das
barragens de Macarretane e Massingir (Sinate, 2002).

A barragem de Massingir cujo estudo para sua construção foi iniciado em 1924 foi concebida
nos anos 60 e construída sobre o rio dos elefantes entre 1972 e 1977, é uma barragem de terra,
projectada para irrigar 90.000 hectares com destaque para 30.000 ha do sistema de regadio do

15
Chókwè onde consumo potencial estimado é de 21.500 m3/ha/ano e 9.000 ha no sistema de
regadio de Xai-Xai onde o consumo potencial estimado é de 12.000 m3/ha/ano (ARAsul,
2024). A barragem tem capacidade de armazenamento de 150 milhões de metros cúbicos e um
caudal de 6000m³/s (Sinate, 2002).

A construção desta barragem teve como objectivo principal permitir a regularização de caudais
para a irrigação, e como objectivos secundários controlar as cheias, a intrusão salina no
estuário, produzir energia eléctrica e assegurar o abastecimento de água ao meio urbano e rural
na bacia (WaterNet, 2002 apud DNA, 1996).

A barragem (açude) de Macarretane, construído sobre o rio Limpopo nos anos entre 1953 a
1955 cujo objectivo é de assegurar o abastecimento de água, sobretudo, para elevar o nível de
água para tomada do canal principal de irrigação permitindo regar, por gravidade, todo o
perímetro do Sistema de Regadio do Chókwè (ARAsul, 2024).

A construção deste açude teve como principais objectivos assegurar o abastecimento de água
para a rega do vale do Limpopo; proporcionar a regularização dos escoamentos (numa base
semanal), devido à limitada capacidade da sua albufeira e elevar o nível de água para a tomada
do canal principal de irrigação do regadio no Chókwè, permitindo regar todo o perímetro por
gravidade (WaterNet, 2002 apud DNA, 1996). O Açude de Macarretane é uma ponte-
barragem, tipo barragem móvel.

O Regadio do Chókwè, também conhecido como Regadio Eduardo Mondlane, é o maior


sistema de irrigação em Moçambique. Localiza-se aproximadamente a 200 Km ao norte de
Maputo, na Província de Gaza, cobrindo uma extensão de aproximadamente 31 000 hectares.
O sistema de irrigação se estende ao longo da margem direita do rio Limpopo, com um
comprimento de cerca de 8 Km a montante e 50 Km a jusante da Barragem de Macarretane
(ibdem, 2002).

O Regadio do Baixo Limpopo, também conhecido por Regadio do Xai-Xai, localiza-se na


província de Gaza, abrangendo uma zona do vale (cerca de 90 000 ha), compreendida entre a
vila do Chibuto e a barra de Xai-xai (ibdem, 2002). Este sistema de regadio ocupa uma área de
2 970 ha, com infra-estrutura de rega por gravidade, baseando-se fundamentalmente nos
sistemas de Bombagem de Pomela, Chimbomanine e de Magula (ibdem, 2002 apud MADER,
2002).

16
2.2 Materiais e procedimentos metodológicos
Este capítulo descreve os materiais e a metodologia utilizada para a análise hidrológica da bacia
do rio Limpopo.

Para a realização do presente trabalho foram utilizados os dados referente ao Modelo Digital
de Elevação (DEM) de 30m (Raster) obtidos no website da Open Topography e dados em
formato vector referentes a Precipitação, solos, geologia, clima e vegetação obtidos em três
fontes principais: o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), o Centro Nacional de
Cartografia e Teledeteção (CENACARTA) e o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Etapa 1: Revisão da Literatura


Como métodos de pesquisa para alcançar os objectivos propostos a primeira etapa restringiu-
se apenas na revisão da literatura, através da qual efectivou a procura, analise e levantamento
de toda informação disponível relacionada com o tema e a área de estudo, para sustentar todas
bases teóricas descritas ao longo do trabalho.

Etapa 2: Coleta de Dados


Os dados foram coletados de várias fontes. O Modelo Digital de Elevação (DEM) de 30m foi
obtido do Open Topography. De acordo com Fereira et al (2011), os Modelos Digitais de
Elevação (MDE) constituem uma importante fonte de dados sobre as características
fisiográficas do terreno (naturais ou antrópicas), e suas aplicações abrangem diversos tipos de
estudos e áreas do conhecimento.

Na mesma senda, foram utilizados dados vetoriais, que incluem informações referentes a
precipitação, distribuição de solos e geologia, entre outros que são ilustrados ao longo do
desenvolvimento do trabalho que foram coletados de três fontes principais: INAM (Estações
Climatológicas, Precipitação e Clima) e CENACARTA (Solos, Geologia, Vegetação) e INE
(Censo Demográfico de 2017).

Etapa 3: Preparação dos Dados


O primeiro procedimento efectuado foi a adição e visualização dos dados no software (ArcGis
10.8) e efectuar a georreferenciação dos dados para que eles estejam todos no mesmo sistema
de projeção e coordenadas geográficas (WGS 1984 UTM 36 Sul) para garantir a precisão da
análise.

Etapa 4: Análise do Modelo Digital de Elevação (DEM)

17
Finalizado o processo de georreferenciação, o procedimento efectuado a seguir foi a correção
do DEM através da ferramenta Fill (Preencher) que é responsável pelo preenchimento de
pequenas imperfeições que são originários do dado bruto (DEM) e remove todos os sinks do
raster de superfície. Os vazios ocorrem quando não há pontos coletados dentro da área
representada por um pixel no raster resultante. Os vazios são frequentemente causados por
corpos de água, seleção do tipo de classe ou exclusão. O preenchimento do vazio é mais
comumente utilizado ao gerar uma superfície (Esri, 2023).

Figura 11: Fill (Preencher)

A correção do DEM é de crucial importância para a correção e preenchimento de depressões


para uma modelagem hidrológica precisa e ajuda a evitar depressões irrealistas ou retenção de
água em áreas baixas. Sem enchimento, a água pode não fluir para fora das depressões, levando
a cálculos incorretos de redes de cursos de água, limites de bacias hidrográficas e acumulação
de fluxo. Pode-se observar que na imagem DEM bruta o valor mínimo e máximo de altitude é
de -2.64 m e a máxima de 525.5 m, com a aplicação da ferramenta Fill o resultado da altitude
mínima foi corrigida, onde o valor/altitude mínimo registrado no DEM bruto era de -2.64 m e
apos a correção a altitude foi de -2.22m. uma mínima diferenca notória, contudo essa mínima
diferença pode vir a afectar a precisão dos dados quando não for efectuada a devida correção.

18
O DEM resultante da correção foi utilizado para gerar o Flow Direction (Direção de Fluxo), o
Flow Accumulation (direção de acumulação), Stream (que gerou a densidade dos rios), Stream
Order (Ordem dos rios), e Basin (Bacias).

A direção de fluxo (Flow Direction) representa a direção do fluxo de cada célula para a sua
célula de descida mais íngreme. A direção de fluxo de água na rede de drenagem é obtida pela
função flow direction, que gera uma grade regular definindo as direções de fluxo, tomando-se
por base a linha de maior declividade do terreno. Assim, ocorre a descrição numérica da direção
que a água irá percorrer após atingir cada pixel, que pode ser representada graficamente por
meio da aplicação do código de direção (Oliveira et al., 2010).

Figura 12: Direção de fluxo

Acumulação de Fluxo (Flow Accumulation) é a soma acumulada de todas as células que


fluem para cada célula descendente. Nesta operação, cada célula apresenta um determinado
peso que pode contribuir para a acumulação do escoamento. Se uma célula não apresentar
direção de escoamento, esta não vai poder contribuir para a acumulação. A delimitação da rede
hidrográfica é então possível de ser feita através da extração das células de máximo
escoamento. As zonas onde a acumulação tem um peso nulo correspondem a zonas onde não
se verifica qualquer tipo de acumulação, tratando-se das zonas altas (Almeida, 2015).

19
Figura 13: Acumulação de Fluxo

Conversão da direção de fluxo em shapefile (Stream to Feature)


Figura 14: Stream to Feature

20
O algoritmo usado pela ferramenta Stream to Feature é projetado principalmente para
vectorização de redes de fluxo ou qualquer outro raster representando uma rede raster linear
para a qual a direccionalidade é conhecida (Tarboton et al., 1991). A ferramenta é otimizada
para usar um raster de direção para auxiliar na vectorização de células adjacentes e que se
cruzam, ou seja converte um raster que representa uma rede linear em recursos que representam
a rede linear (Esri, 2023).

Stream Order (Strahler)

Com base no Flow Accumulation, foi determinado os stream, que são as células que formam
os canais de fluxo (Rios e riachos). O Stream Order (Strahler) foi calculado a partir do Stream,
que classifica os segmentos do rio com base na hierarquia de bifurcação (Esri, 2023).

O modelo de Strahler considera rios de primeira ordem todos aqueles que não possuem nenhum
tributário, atribuindo o número 1 para os mesmos. São por evidência os rios que não
encontraram com outro rio desde sua nascente. Quando dois rios de primeira ordem se
encontram, originam então um rio de Segunda ordem (Ribeiro, s/d).

Figura 15: Stream Order (Ordem dos rios)

21
De acordo com a imagem da figura 14, os rios da bacia do Limpopo de acordo com a
classificação de Strahler são classificados em:

Rios de Primeira Ordem: São os rios principais, sem afluentes, geralmente de menor extensão
e menor volume de água.

Segunda Ordem: São os rios formados pela confluência de dois rios de primeira ordem. São
mais extensos e com maior volume de água que os rios de primeira ordem.

Terceira Ordem: São os rios formados pela confluência de dois rios de segunda ordem. São
ainda mais extensos e com maior volume de água que os rios de segunda ordem.

Quarta Ordem: São os rios formados pela confluência de dois rios de terceira ordem. São os
rios mais extensos e com maior volume de água da bacia.

Quinta Ordem: É o rio principal da bacia, no caso, o Rio Limpopo. É representado por uma
linha azul grossa e destacada.

Linha de densidade

Figura 16: Linha de Densidade dos stream

22
Calcula uma área de magnitude por unidade a partir de recursos de polilinha que estão dentro
de um raio ao redor de cada célula. É uma medida utilizada em análises geoespaciais para
quantificar a densidade de características lineares, como estradas, rios, trilhas, dutos ou
qualquer outra coisa representada como linhas em um mapa (Esri, 2023).

Produção do Basin (Bacias)


As Bacias foram produzidos a partir do Flow Direction, que delimita a área de contribuição
para cada ponto de saída.

Figura 17: Bacias hidrográficas

Analise das vulnerabilidades

O mapa de análise a vulnerabilidade foi produzido com base nos dados obtidos no website do
programa mundial de alimentação (WFP) em formato Raster adquirida no Global Risk Data
Plataform. Este conjunto de dados inclui a estimativa do risco global pelo perigo e inundação,
onde a unidade e o índice de risco que varia de 1(Baixo) a 5 (Extremo). De seguida efectuou-
se a reclassificação para três níveis de vulnerabilidade: 1-Baixo, 2-Medio e 3-Alto.
Etapa 5: Análise dos Dados
Após a produção dos dados, foi realizada a análise hidrológica. Isso incluiu a análise de padrões
de fluxo, extração dos rios e sua classificação hierárquica, bem como a identificação de áreas
de alta densificação dos rios e a extração e delimitação das Bacias.

23
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A bacia do rio Limpopo em Moçambique ocupa uma área equivalente a 84.981 Km², o que
corresponde, aproximadamente, a 11% da área total do país e a 21 % do total da área da Bacia.
O seu curso alonga-se por cerca de 1461 Km. A bacia hidrográfica do Limpopo, em
Moçambique, coincide quase inteiramente com a província de Gaza (98%), ocupando ainda
parte de três distritos da vizinha província de Inhambane (2%). Na secção moçambicana o rio
Limpopo corre em terrenos planos, sendo a sua direcção dominante Noroeste-Sudeste,
desaguando no Oceano Índico em Inhampura, a cerca de 50 Km de Xai-Xai (Milhano, 2008).

Ao longo do seu percurso o rio Limpopo divide-se em três secções:

• Alto Limpopo - troço na África do Sul e Botswana, até à confluência com o Sashe, na fronteira
entre África do Sul – Botswana – Zimbabwé;

• Médio Limpopo – desde a confluência do rio Sashe e do Luvuvhu até à fronteira com
Moçambique (Pafúri);

• Baixo Limpopo – desde Pafúri até à foz, no Oceano Índico

Devido a sua frequente mudança de direção, da origem a contínuos meandros, que muitas vezes
vêm o seu pedúnculo estrangulado. A área moçambicana da bacia do Limpopo é caracterizada
por um relevo suavemente ondulante, com numerosos afluentes e charcos, formando a parte de
sistema de drenagem do Changane. Este afluente nasce perto da fronteira entre Zimbabwé e
Moçambique, corre através da planície litoral do país, juntando-se ao rio Limpopo muito perto
da sua foz, nas proximidades de Xai-Xai (ibdem, 2008).

Rede de drenagem

O rio Limpopo tem uma rede de drenagem relativamente densa, com mais de vinte afluentes,
tendo a maior parte destes um regime sazonal ou um fluxo casual.

Os principais afluentes que percorrem o território moçambicano são, na margem direita, o rio
dos Elefantes ou Lipalula, e na margem esquerda, o Nuanetze e Changane. A bacia hidrográfica
do seu principal afluente em Moçambique, o rio dos Elefantes, ocupa 70.000 Km², a grande
maioria dos quais na África do Sul (68.450 Km²). Na estação seca, em Pafúri, a sua largura é
de 180 metros, triplicando na estação das chuvas. Noutras secções do rio, chegava a alargar-se
a 3000 metros, estreitando depois em diversos pontos do seu curso (Milhano, 2008 apud Bóleo,
1950 e 1968).

24
Figura 18: Rede Hidrográfica da Bacia do rio Limpopo

Sub-Bacias
As principais sub-bacias da bacia do Limpopo estão indicadas na fig. Acima, onde dentro do
território nacional as sub-bacias mais importantes são a do rio Changana localizada
inteiramente em Moçambique numa zona árida a semi-árida com pouca chuva e, a do rio dos
Elefantes localizada na maioria nas zonas altas da África do Sul com chuvas mais elevadas.

Tabela 1: Características dos principais afluentes da bacia do rio Limpopo

Área (km²) Comprimento (km²)


Rio Moçambique Total Moçambique Total

Changana 43.000 43.000 436 436


Elefantes 6.900 68.000 657
Outros cursos 29.700 561 1.461

Total 79.600

Fonte: Waternet (2009)

25
Regime

Em termos de regime temporal do escoamento, o rio dos Elefantes é classificado como perene,
podendo secar em casos excepcionais. Os restantes rios, incluindo o rio Limpopo, Changana e
Mwenezi são intermitentes.

O principal afluente do rio Limpopo no território moçambicano (rio dos Elefantes) é


monitorado pela Barragem de Massingir. A jusante de Chokwé, o rio Changane tido como um
rio tributário, intermitente e sem estruturas de regulação, drena uma área de 43.000 Km², mas
tem um caudal relativamente reduzido e longos períodos sem descargas no Limpopo. Contudo,
é neste afluente que se encontra a maior densificação hídrica da bacia, ou seja o maior fluxo de
acumulo de rios estão patentes ao longo do rio Changane. A parte da Bacia do Limpopo em
Moçambique contribui com cerca de 10% (FAO, 2004) do escoamento médio anual total do
rio.

Vulnerabilidades
O Baixo Limpopo está sujeito a cheias cíclicas por vezes catastróficas, especialmente se houver
coincidência dos picos de cheia dos rios Limpopo e dos Elefantes.

Figura 19: vulnerabilidade a inundações

26
A susceptibilidade às cheias no Baixo Limpopo está ligada ao relevo da bacia, uma análise do
perfil do rio Limpopo e dos Elefantes (fig. 4.2) revela a grande descida do rio no território
nacional. O rio Limpopo corre os últimos 175 km entre Chókwè e a foz abaixo dos 7 m do
nível do mar (Milhano, 2008).

Os MSF desenvolveram um sistema destinado a classificar cada distrito de Moçambique


segundo vários graus de vulnerabilidade. Gaza tem, de entre todas as províncias de
Moçambique, o maior número de distritos com situação de vulnerabilidade estrutural.

Tabela 2: Vulnerabilidade ambientais dos distritos que compõem a bacia do Limpopo

Fonte: Milhano (2008) apud MSF-CIS (1998)


A bacia do rio Limpopo, que cobre grandes partes de Botswana, Moçambique, África do Sul e
Zimbabwe, é uma das maiores áreas de drenagem na região da SADC. Esta região enfrenta
várias vulnerabilidades ambientais, particularmente em relação à seca e inundações.

O lado moçambicano da bacia hidrográfica do Baixo Limpopo é particularmente vulnerável às


inundações, que têm impactos locais, nacionais e mesmo regionais. É uma planície aluvial
costeira baixa, fértil e densamente povoada. As atividades de subsistência e comerciais (em
particular a agricultura) e várias cidades estão localizadas em terras baixas próximas ao rio,
onde a terra é mais fértil e a proximidade com o rio reduz a necessidade de infraestrutura
hídrica. Devido à sua planicidade, chuvas altamente variáveis e presença de ciclones ao longo
da área costeira, as inundações são comuns e podem ser severas.

A seca é outra vulnerabilidade ambiental significativa na bacia do rio Limpopo. A seca pode
ter um impacto significativo na agricultura, reduzindo a produção de alimentos e afetando a

27
segurança alimentar. Além disso, a seca pode levar à escassez de água para uso doméstico e
industrial.

Aproveitamento Hidrológico
Em média, o maior utilizador da água, por sector, nos quatro estados banhados pela BHL é o
sector da irrigação que, sozinho, consome aproximadamente 50% do total das águas
disponíveis. A estimativa total das necessidades actuais de água é de cerca de 65% do total do
escoamento das águas geradas pelas precipitações. A alocação da água entre as áreas a
montante e a jusante, e entre os utilizadores das zonas urbanas e rurais coloca um importante
desafio para os esforços de gestão das águas na BHL no futuro (LIMCOM, 2011).

Para um aproveitamento mais intensivo dos recursos hídricos e associado a um clima semiárido
e uma grande variabilidade da precipitação, têm sido construídas muitas barragens na bacia do
Limpopo, tanto para fins de irrigação como para abastecimento urbano e industrial. Em
Moçambique, embora o abastecimento de água seja uma prioridade, pouco tem sido feito em
termos de aproveitamento dos recursos hídricos

O potencial em água subterrânea é muito limitado na bacia do Limpopo, especialmente devido


ao elevado grau de mineralização dos aquíferos nas partes baixas das extensas planícies de
inundação e/ou, às grandes profundidades e baixos rendimentos que o aquífero apresentam,
tornando a água subterrânea imprópria para o consumo humano e para agricultura (DNA,
1996). A principal fonte de abastecimento de água nos centros urbanos em Moçambique na
bacia do Limpopo (Chókwè e Xai-Xai) é a água subterrânea. A agricultura é neste momento o
sector com a maior utilização da água superficial na bacia

Em termos de produção de energia o potencial hidroeléctrico na parte nacional da bacia do


Limpopo é muito reduzido por esta ser uma região de planície aluvionar com ausência de
quedas naturais e também por ausência de caudais consideráveis garantidos durante o ano.
Assim, o potencial hidroenergético é estimado em cerca de 100 MW (DNA, 1996).

Em Moçambique, a bacia possui uma área potencial de irrigação de cerca de 148 000 ha, da
qual apenas 40 000 ha encontra-se em condições de irrigação (FAO, 2004)

A área total cultivada pelas pequenas e médias explorações na Província de Gaza, região que
compõe a maior parte da bacia de Limpopo em Moçambique, é de 422 389 ha dos quais 392
586 ha são ocupados por culturas anuais e a restante parte é destinada ao pousio (MADER,
2002). O milho é a cultura mais importante na Bacia do Limpopo, razão pela qual esta cultura

28
tende a ocupar a maior parte de terra destinada a subsistência familiar. O milho é também uma
importante cultura de rendimento, particularmente nos distritos de Chókwè, Guijá e Mabalane.
Na província de Gaza esta cultura é praticada por 96 % dos agregados familiares com pequenas
e médias explorações (MADER, 2002)

Gestão dos recursos Hídricos


De acordo com Álvaro (2009) observa que a gestão de bacias hidrográficas transfronteiriças
constitui um dos maiores desafios que a comunidade internacional tem vindo a enfrentar, pois
elas interligam usuários de água de diferentes Estados soberanos em um único sistema
partilhado. Os Estados particularmente, pretendem obter o máximo de benefícios possíveis
decorrentes do uso dos recursos hídricos nessas bacias, e qualquer situação em que agem em
conjunto será sempre complexa porque os mesmos são autônomos. Este tipo de processo se
torna complexo devido à presença de vários tomadores de decisão, cada um com suas próprias
estruturas de preferências, e percepções sobre a maneira como o problema deve ser enfrentado
e a decisão tomada.

A gestão dos recursos hídricos da bacia do rio Limpopo é coordenada pela Comissão do Curso
de Água do Rio Limpopo (LIMCOM). A LIMCOM tem como objetivo promover um
desenvolvimento sustentável na bacia do Rio Limpopo através da cooperação, gestão e
planeamento conjunto dos países.

A gestão dos recursos hídricos inclui várias áreas:

Demanda de Água: Inclui perspectivas em gestão de demandas, regulação, setores de maior


demanda, conservação e re-uso.

Infraestruturas de Água: Inclui transferência de água, barragens, pequenos sistemas de


abastecimento e águas subterrâneas, infraestruturas de irrigação e desenvolvimento e
manutenção.

O valor da água: Inclui a abordagem sobre o valor económico da água, visão geral sobre água
virtual, comentário sobre cenários futuros e custos ambientais.

Monitoria do Recurso: Inclui a importância da monitoria, Infraestruturas e programas de


monitoria existentes, sistemas de informação, dados e informação para decisores e discussão
sobre falha de dados e informação necessária para gestão integrada dos recursos hídricos.

29
4. Conclusão
A análise hidrológica da bacia do rio Limpopo revelou uma série de características e desafios
únicos. A bacia, que se estende por uma área de aproximadamente 412.000 Km2, é
compartilhada por quatro países: África do Sul, Botswana, Moçambique e Zimbabwe. A rede
hidrográfica é alimentada por 24 afluentes, criando um sistema complexo que requer gestão
cuidadosa.

A gestão dos recursos hídricos na bacia do rio Limpopo é coordenada pela Comissão do Curso
de Água do Rio Limpopo (LIMCOM). A LIMCOM tem como objetivo promover um
desenvolvimento sustentável na bacia do Rio Limpopo através da cooperação, gestão e
planeamento conjunto dos países. A gestão dos recursos hídricos inclui várias áreas, como a
demanda de água, infraestruturas de água, o valor da água e a monitoria do recurso.

No entanto, a bacia do rio Limpopo enfrenta várias vulnerabilidades ambientais. As mudanças


climáticas, a poluição da água e a sobre-exploração dos recursos hídricos são apenas alguns
dos desafios que a região enfrenta. Além disso, a dependência de vários países dos recursos
hídricos da bacia do rio Limpopo aumenta a necessidade de uma gestão eficaz e sustentável
dos recursos hídricos.

Contudo a gestão dos recursos hídricos na bacia do rio Limpopo é um desafio complexo que
requer cooperação internacional, planeamento cuidadoso e consideração das vulnerabilidades
ambientais. Através da LIMCOM e de outras iniciativas, os países da bacia do rio Limpopo
estão a trabalhar juntos para garantir um futuro sustentável para a região.

30
5. Referencias Bibliográficas

Administração Regional de Aguas do Sul. (2024). Divisão de Gestão da Bacia Hidrográfica


do Limpopo (DGBL). Disponível em: <https://www.ara-sul.gov.mz/unidade-de-gestao-da-
bacia-do-limpopo-ugbl>. Acesso em: 18/03/2024.

Alvaro, N. A. S. (2009). Modelo de alocação de recursos hídricos transfronteiriços na bacia


do rio Limpopo – África Austral. Recife.
Brito, M. M., et al. (2009). A Bacia do rio Limpopo - Gestão de Recursos Hídricos
Transfronteiriços e a Bacia.
Carvalho, J. L. (2013). As rochas carbonatadas. Universidade de Coimbra.

Esri Documentation. (2023). Função Preenchimento de Elevação Nula. Disponível em:


https://doc.arcgis.com/pt-br/arcgis-online/analyze/elevation-void-fill-function.htm. Acesso
em: 23/03/2024.
Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF). (2001). Programa Competir. Região
Agrícola do Chókwè, Diagnóstico da Fileira Agrícola. Universidade Eduardo Mondlane.
Maputo.

Ferreira, G.F; Costa, A.P; Candeias, A.L (2011). Análise comparativa de Modelos Digitais de
Elevação. Curitiba, PR, Brasil
Garcia, Y., Campos, S., Tagliarini, F., & Campos Marcelo. (2020). Declividade e potencial
para mecanização agrícola da bacia hidrográfica do ribeirão pederneiras - pederneiras/sp.

GeologyScience. (2023). Arenito. Disponivel em:


<https://pt.geologyscience.com/rocks/sandstone/?amp>. Acesso em: 19/04/2024.

Gouveia, R., Silva, J., Nascimento, R., & Aranha, A. (2019). Análise das classes de declividade
para conservação do solo na bacia hidrográfica do córrego Jabuticaba/ ES.

Inocêncio, I.J.J.P., & Nascimento, F.R. (2013). Panorama da desertificação em


Chicualacuala, Moçambique (África Austral). Mercator - Revista de Geografia da UFC, vol.
12, núm. 29, septiembre-diciembre, 2013, pp. 171-189 Universidade Federal do Ceará
Fortaleza, Brasil.

Klering, E. V. (s/d). Estações Meteorológicas Convencionais e Automáticas. Universidade


Federal de Pelotas, RS-Brasil.

Krames, J. C. (2016). Identificação e caracterização dos depósitos de várzea no trecho fluvial


da volta grande, rio uruguai - sc/rs.

Lijembe, M. A. L. (2023). O significado arqueológico da geomorfologia de Massingir.


Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.

31
Limpopo Watercourse Commission – LIMCOM. (2011-2015). Plano de Gestão Integrada dos
Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Limpopo (GIRH).
Mangia, F. (2024). O que são estações meteorológicas? Disponível em:
http://suporte.cultivointeligente.com.br/pt-BR/articles/3849049-o-que-sao-estacoes-
meteorologicas. Acesso em: 22/03/202b

MILHANO, A. P. F.(2008). Gestão dos recursos hídricos em Moçambique: Gaza – rio


Limpopo. Lisboa: ISCTE. Disponível em: www:<http://hdl.handle.net/10071/1376>.Acesso
em:24/03/2024
Muchangos, A. (1999). Moçambique, Paisagens e regiões naturais, Impressão: tipografia
globo, Ltd.

Ribeiro, D. A. & Santos, J. C. (S/D). TRÊS NOVAS METODOLOGIAS PARA


HIERARQUIZAÇÃO DE BÁCIAS HIDROGRÁFICAS. Os Modelos de: Cosme dos Santos e
Daniel Ribeiro. XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos.
Sinate, A. T. (2002). A relação entre o caudal do rio e a área de inundação na bacia
hidrográfica do rio Limpopo. Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.
Sobrinho, T., Oliveira, P., Rodrigues, D., & Ayres, F. (2010). DELIMITAÇÃO AUTOMÁTICA
DE BACIAS HIDROGRÁFICAS UTILIZANDO DADOS SRTM.

Tarboton, D. G., R. L. Bras, and I. Rodriguez-Iturbe.(1991). On the Extraction of Channel


Networks from Digital Elevation Data. Hydrological Processes. 5: 81–100.

WaterNet. (2009). Profile of the Limpopo Basin in Mozambique. Maputo, Mozambique.

32

Você também pode gostar