Teoria Geral Dos Contratos-1

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Teoria Geral dos Contratos

Direito Civil

Resumo Detalhado
O conceito de contrato

O conceito de contrato é, sem dúvidas, tão antigo como a própria história humana. A própria ideia
por trás da palavra sociedade está vinculada ao ideal contratual, como um acordo composto
entre partes visando a um determinado fim, o qual está presente desde os primórdios da vida
humana em coletividade. Trazendo para a aplicação contemporânea, é possível verificar que
o Código Civil de 2002 não prezou pela definição do contrato como conceito, sendo necessário
que se faça sua categorização a fim de um estudo adequado por parte do cientista do direito.

Dito isso, aponta-se o contrato, a princípio, como ato jurídico bilateral, isto é, dependente da
vontade de ambas as partes, as quais, por meio de suas declarações, estabelecem como
objetivo a criação, modificação, ou a amortização de direitos e deveres. Em suma, são fatores
imprescindíveis na análise da dinâmica das relações jurídicas. Esse valor é bem fundamentado
pelo art. 117 do Código Civil:

Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o
representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio
realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.

Além dessa questão, é necessário que se atente para as condições de validade do contrato, uma
vez que ele se apresenta como negócio jurídico. Condições essas que podem ser encontradas
no art. 104 do Código:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei.


Classificações contratuais

Quanto ao número de Declarantes

Unilaterais: se trata do contrato em que apenas uma parte contrai deveres e obrigações.
Exemplo: doação pura e simples, mútuo, comodato, depósito, mandato e fiança.

Bilaterais: são os que geram obrigações e deveres para ambas as partes de forma simultânea e
recíproca. Há prestação e contraprestação. Exemplos: compra e venda, troca ou permuta,
locação, transporte, seguro etc.

Plurilaterais: são os contratos que envolvem mais de duas partes, cada uma com seus direitos e
deveres na mesma proporção. Exemplo: seguro de vida em grupo e consórcio.

Quanto às vantagens patrimoniais

Gratuitos: são aqueles contratos em que só uma das partes aufere vantagens ou benefícios (Ex.
Doação pura).

Onerosos: Ambas as partes auferem vantagens e obrigam-se à contraprestação. (Ex. Compra e


venda).

Os contratos onerosos subdividem-se em comutativos e aleatórios:

Comutativos – com prestações certas e determinadas.


Aleatórios – caracterizados pela incerteza sobre vantagens e sacrifícios, quando a perda ou
lucro depende de fato imprevisível (Ex. apostas).

Contratos paritários e de adesão

Paritários: são aqueles do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente as condições,
porque se encontram em situação de igualdade (par a par).

Adesão: são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de um
dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato
previamente confeccionado, não podendo modificá-las: aceita-as ou rejeita-as, de forma pura e
simples, e em bloco, afastada qualquer alternativa de discussão (Ex. contratos de seguro, de
consórcio).

Art. 423: “Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,


dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente”.

Por sua vez, proclama o art. 424 do CC “Nos contratos de adesão, são nulas as
cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio”.
Execução instantânea, diferida e trato sucessivo

Execução instantânea ou diferida: momento em que os contratos devem ser cumpridos.

Contratos de execução instantânea ou imediata ou de execução única: se consumam num


só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração, como a compra e venda à vista,
por exemplo. Cumprida a obrigação, exaurem-se.

Contratos de execução diferida ou retardada: devem ser cumpridos também em um só ato,


mas em momento futuro à a entrega, em determinada data. A prestação de uma das partes não
se dá imediatamente após a formação do vínculo, mas a termo.

Contratos de trato sucessivo ou de execução continuada: são os que se cumprem por meio
de atos reiterados. São exemplos: compra e venda a prazo, prestação permanente de serviços.
Caso típico é a locação, eis que o contrato continua até atingir o seu termo ou ocorrer uma outra
causa extintiva.

Essa separação é importante porque:

1. A teoria da imprevisão, que permite a resolução do contrato por onerosidade excessiva,


disciplinada nos arts. 478 a 480 do novo Código Civil, só se aplica aos contratos de
execução diferida e continuada;
2. O princípio da simultaneidade das prestações só se aplica aos de execução instantânea;
3. Nos contratos de execução instantânea a nulidade ou resolução por inadimplemento
reconduz as partes ao estado anterior, enquanto nos de execução continuada são
respeitados os efeitos produzidos (os aluguéis pagos, por ex.) não sendo possível restituí-
las ao status quo ante;
4. A prescrição da ação para exigir o cumprimento das prestações vencidas, nos contratos de
trato sucessivo, começa a fluir da data do vencimento de cada prestação.

Contratos personalíssimos e impessoais

Contratos Personalíssimos: são os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos


contraentes. Há interesse em que a prestação seja cumprida pessoalmente pela pessoa
contratada, em razão de sua qualificação, prestígio, habilidade, competência, idoneidade etc.

As obrigações personalíssimas, não podendo ser executadas por outrem, são intransmissíveis
aos sucessores. Também não podem ser objeto de cessão. Havendo erro essencial sobre a
pessoa do outro contratante, são anuláveis.

Contratos impessoais: são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo
obrigado ou por terceiro. O importante é que seja realizada, pouco importando quem a executa.

Contratos individuais e coletivos

A classificação dos contratos em individuais e coletivos é mais utilizada no Direito do Trabalho.


Contrato individual: não é a singularidade de parte que o identifica. Pode contratar com várias
outras pessoas ou um grupo com outro grupo. Na sua constituição, o importante é a emissão de
vontade de cada pessoa, que entra na etiologia da sua celebração.

Contrato coletivo: perfaz-se pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito
privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominado convenção coletiva.

Contratos principais e acessórios

Contratos principais são os que têm existência própria, autônoma e não dependem de qualquer
outro, como a compra e venda e a locação, por exemplo.

Contratos acessórios são os que têm sua existência subordinada à do contrato principal, como
a fiança, por exemplo.

A distinção entre contratos principais e acessórios encontra justificativa no princípio geral de que
o acessório segue o destino do principal. Ex: nulo o contrato principal, nulo será também o
negócio acessório; a recíproca, todavia, não é verdadeira.

Alguns contratos são denominados derivados ou subcontratos, por também dependerem ou


derivarem de outros. São os que têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato,
denominado básico ou principal: sublocação.

Esses contratos têm em comum com os acessórios o fato de que ambos são dependentes de
outro. Diferem, porém, pela circunstância de o derivado participar da própria natureza do direito
contratado.

O locatário, por exemplo, transfere a terceiro os direitos que lhe assistem, mediante a
sublocação. O contrato de locação não se extingue. E os direitos do sublocatário terão a mesma
extensão dos direitos do locatário, que continua vinculado ao locador.

OBS: Os contratos personalíssimos e os contratos de execução instantânea não admitem a


subcontratação.

Contratos solenes e não solenes

Solenes são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar.
Neste caso a forma é condição de validade do negócio. Não observada, o contrato é nulo (CC,
art. 166, IV).

Contratos não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação.
Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento, podem ser
celebrados por qualquer forma, ou seja, por escrito particular ou verbalmente.

Em regra, os contratos têm forma livre: art. 107 do Código Civil:


Art.107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir.

O principal efeito prático da distinção entre contratos solenes e não solenes reside no fato de
serem nulos os primeiros se não observada a forma prescrita em lei, que é elemento essencial à
sua validade, ao passo que os segundos não.

Contratos consensuais e reais

Contratos consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades,
independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. Por isso, são
também considerados contratos não solenes.

Contratos reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega (
traditio) da coisa. Ex: depósito, comodato, o mútuo. Se formam apenas com a tradição da coisa,
já que a efetiva entrega do objeto não é fase executória, mas sim requisito da própria constituição
do ato.

Contratos preliminares e definitivos

O Contrato preliminar é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Nem
sempre o contrato ocorre de forma instantânea, mediante uma proposta e pronta aceitação.
Algumas vezes resulta de uma prolongada e exaustiva fase de tratativas ou negociações
preliminares.

O contrato preliminar é, também, denominado pré-contrato. Quando tem por objeto a compra e
venda de um imóvel é denominado promessa de compra e venda, ou compromisso de compra e
venda, se irretratável e irrevogável. Embora possa ter por objeto a celebração de qualquer
espécie de contrato definitivo, é mais comum a sua utilização como contrato preliminar de
compra e venda ou promessa de compra e venda.

A fase das negociações ou tratativas preliminares não é realização do contrato preliminar e com
este não se confunde, pois não gera direitos e obrigações.

O contrato definitivo tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada avença. Cada
contrato tem um objeto peculiar. Na compra e venda, por exemplo, as prestações, que
constituem o seu objeto, são a entrega da coisa, por parte do vendedor, e o pagamento do preço,
pelo adquirente. Já o contrato de locação gera outras espécies de obrigações, quais sejam: a
atribuída ao locador, de garantir ao locatário o uso pacífico da coisa, e a imposta a este, de pagar
um aluguel.

Contratos nominados e inominados; típicos e atípicos; mistos e coligados

Contratos nominados são aqueles que têm designação própria. Quando a lei já especifica os
tipos de regulamentação. Os que já tem nome: Ex. compra e venda, troca, doação, locação de
coisas, empréstimo, prestação de serviço, etc.

Contratos inominados são os que não têm denominação própria, não foram tipificados. Não
tem um nome no ordenamento jurídico.

Contratos típicos são aqueles em que os direitos e obrigações dos contratantes estão, em
parte, pelo menos, disciplinados na lei. Esses direitos e obrigações, portanto, não se esgotam
nas cláusulas do instrumento contratual assinado pelas partes. São os regulados pela lei, os que
têm o seu perfil nela traçado. Não é o mesmo que contrato nominado, embora usalmente
sejam estudados em conjunto.

Contratos atípicos são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo suas
características e requisitos definidos e regulados na lei.

Art. 425 do Código Civil: “É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as
normas gerais fixadas neste Código”.

Contratos mistos são os que resultam da combinação de um contrato típico com cláusulas
criadas pela vontade dos contratantes. Deixa de ser um contrato essencialmente típico, mas não
se transforma em outro totalmente atípico.

O contrato pode ser, também, atípico misto. Atípico, por não se enquadrar em nenhum tipo
contratual legal; e misto, por reunir em seu conteúdo os elementos de dois ou mais tipos
contratuais previstos no ordenamento jurídico.

Contratos coligados são os que, embora distintos, estão ligados por uma cláusula acessória,
implícita ou explícita.
Princípios Fundamentais do Direito dos Contratos

Os princípios contratuais assumem notória importância no cenário normativo brasileiro. Na


codificação presente no Código Civil de 2002, eles garantem considerável presença, sem se
esquecer da relevância dos princípios constitucionais em nossa jurisdição. No que se refere a
isso, temos que esses princípios são as diretrizes básicas dos regramentos aplicados em
determinados institutos jurídicos, como é o caso dos contratos. O rol de princípios pode ser
auferido da lei, da doutrina, das jurisprudências e dos costumes, além do âmbito político,
econômico e social.

Princípio da autonomia privada

Tendo em vista que o contrato se situa na esfera dos direitos pessoais, há que se considerar a
imprescindibilidade da vontade na aplicação do instituto, uma vez que se está diante do negócio
jurídico por excelência. Assim sendo, tem-se que, nas relações contratuais, a autonomia privada
se traduz na liberdade da pessoa em gerir seus próprios interesses, ressaltando-se, é óbvio, suas
limitações em termos de normas e de princípios sociais.

Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a


presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção,
ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:

I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação


das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução;

II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e

III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada

Princípio da função social do contrato

Para que haja a compreensão adequada de tal princípio, é possível vislumbrar nele o sentido de
finalidade coletiva, ou seja, a consideração de suas implicações para além dos efeitos imediatos,
de tal forma que uma realidade social circundante seja observada. Trazendo ideais
constitucionais para o Direito Civil, podemos colocar que o contrato não funciona meramente
como meio de segurança jurídica, mas serve aos interesses da pessoa humana. Esse princípio é
materializado no art. 421 do CC:
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.

Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da


intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual

Princípio da relatividade dos efeitos gerados

Os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua


vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio.

Código Civil de 1916 prescrevia: “A obrigação, não sendo personalíssima, opera assim entre
as partes, como entre seus herdeiros”

Código de 2002: não concebe mais o contrato apenas como instrumento de satisfação de
interesses pessoais dos contraentes, mas lhe reconhece uma função social.

As cláusulas gerais, por conterem normas de ordem pública, não se destinam a proteger
unicamente os direitos individuais das partes, mas tutelar o interesse da coletividade, que deve
prevalecer quando em conflito com aqueles.

Princípio da força obrigatória

Também denominado princípio da intangibilidade dos contratos, representa a força vinculante


das convenções.

Pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar. Os que o fizerem,


porém, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumprir.

O princípio tem por fundamentos:

a) a necessidade de segurança nos negócios: deixaria de existir se os contratantes pudessem


não cumprir a palavra;

b) a intangibi?lidade ou imutabilidade do contrato: o acordo de vontades faz lei entre as partes,


personificada pela máxima pacta sunt servanda.

A única limitação a esse princípio, dentro da concepção clássica, é o caso fortuito ou força maior,
consignada no art. 393 e parágrafo único do Código Civil.

Onerosidade excessiva

Opõe-se ao princípio da obrigatoriedade, pois permite aos contraentes recorrerem ao Judiciário


para obterem alteração da convenção.

A obrigatoriedade no cumprimento de um contrato pressupõe a inalterabilidade da situação de


fato. No entanto, se esta se modificar em razão de acontecimentos extraordinários (uma guerra,
p. ex.), e se tornar excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá
requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente. Entre nós, a teoria em tela foi
adaptada e difundida por Arnoldo Medeiros da Fonseca, com o nome de teoria da imprevisão.

A teoria da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada


do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das partes
tornar-se exageradamente onerosa.

Código Civil

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das
partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em
virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da
citação.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar


equitativamente as condições do contrato.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela
pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de
evitar a onerosidade excessiva.

As modificações supervenientes que atingem o contrato podem ensejar pedido judicial de revisão
do negócio jurídico.

Não pode haver onerosidade excessiva pelo que corresponder ao risco normal do contrato.

Princípio da boa-fé objetiva

Preceitua o art. 422 do Código Civil:

Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua


execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Boa fé objetiva impõe ao contratante um padrão de conduta, de agir com retidão, ou seja, com
probidade, honestidade e lealdade.

O princípio da boa-fé se biparte em boa-fé subjetiva, também chamada de concepção psicológica


da boa-fé, e boa-fé objetiva, também denominada concepção ética da boa-fé.
A boa fé objetiva deixa de ser princípio geral de direito para transformar-se em cláusula geral,
sendo, portanto, fonte de direito e de obrigações.

Uma das principais funções do princípio da boa-fé é limitadora: veda ou pune o exercício de
direito subjetivo quando se caracterizar abuso da posição jurídica.

A “teoria dos atos próprios”, ou a proibição de venire contra factum proprium:

protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em
contradição com o comportamento assumido anteriormente. Depois de criar uma certa
expectativa, em razão de conduta seguramente indicativa de determinado
comportamento futuro, há quebra dos princípios de lealdade e de confiança se vier a ser
praticado ato contrário ao previsto, com surpresa e prejuízo à contraparte (Ruy Rosado
de Aguiar Júnior)

Segundo jurisprudência do STJ:

Havendo real contradição entre dois comportamentos, significando o segundo quebra


injustificada da confiança gerada pela prática do primeiro, em prejuízo da contraparte,
não é admissível dar eficácia à conduta posterior.

Ex: O credor que concordou, durante a execução do contrato de prestações periódicas, com o
pagamento em lugar ou tempo diverso do convencionado não pode surpreender o devedor com a
exigência literal do contrato.

Suppressio, surrectio e tu quoque são conceitos correlatos à boa-fé objetiva, oriundos do direito
comparado.

Suppressio: um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais
sê-lo.
Surrectio: É a outra face da suppressio. Acarreta o nascimento de um direito em razão da
continuada prática de certos atos.
Tu quoque: Proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si mesmo,
consistindo em aplicação do mesmo princípio inspirador da exceptio non adimpleti
contractus.

Código de Defesa do Consumidor: No Código de Defesa do Consumidor, a boa-fé é tratada


como princípio a ser seguido para a harmonização dos interesses dos participantes da relação de
consumo (art. 4º, III) e como critério para definição da abusividade das cláusulas (art. 51, IV)

Regras gerais sobre os contratos


Ademais, para além do que já foi apresentado sobre a teoria geral que envolve o ato jurídico do
contrato, resta a recomendação da leitura e análise do Título V do Código Civil, que engloba
do art. 421 até o 480 e é o responsável por versar sobre os contratos em geral.

Destaca-se, dentro do Capítulo I, que traz as disposições gerais, a seção de formação dos
contratos (arts. 427 a 435), a seção dos vícios redibitórios (arts. 441 a 446) e a seção da evicção
(arts. 447 a 457). Além do Capítulo II (arts. 472 a 480), que fixa as normas de extinção dos
contratos.

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