Direitos Fundamentais

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Capítulo 1

Direitos Fundamentais
O Brasil é um Estado Democrático de Direito, onde a soberania popular é exercida por meio de
eleições periódicas. Além disso, a Constituição de 1988protege os direitos fundamentais, e
compreender esses direitos é essencial para uma boa gestão pública

- Direitos Antigos e Históricos: Ao longo da história, observamos períodos em que


direitos específicos foram reconhecidos para grupos ou categorias de indivíduos.
Exemplos incluem o decreto do rei persa Ciro II e a restrição de penas corporais no
Império Romano.

Podemos falar em três gerações de direitos fundamentais que surgiram ao longo do tempo:

- Primeira Geração de Direitos Fundamentais: Formada por direitos individuais que


protegem o indivíduo contra abusos do Estado, como a liberdade de reunião e o
direito de ir e vir.
- Segunda Geração de Direitos Fundamentais: Surgiu no século XX e envolve
direitos que exigem ação do Estado para consolidar direitos sociais e culturais, como
o direito à saúde e à seguridade social.
- Terceira Geração de Direitos Fundamentais: Associada à solidariedade e
fraternidade, inclui direitos difusos, como o direito ao meio ambiente equilibrado (art.
225 da Constituição). Além disso, há discussões sobre uma quarta geração
relacionada ao desenvolvimento tecnológico e biológico. Os horrores causados pela
guerra e pelos regimes totalitários deixaram clara a necessidade de se reconhecer direitos
inatos a todos os seres humanos, de modo a protegê-los de abusos e autoritarismos. É nesse
contexto que os diferentes Estados modernos começam a se preocupar em elaborar um
catálogo de direitos fundamentais que não seja meramente uma declaração política, mas
também uma fonte para a sua aplicação concreta à realidade.
- Consolidação dos Direitos Fundamentais: Após a Segunda Guerra Mundial, a
necessidade de reconhecer direitos inatos a todos os seres humanos levou à elaboração
de catálogos de direitos fundamentais em diferentes sociedades e ordenamentos
jurídicos. Esses documentos não são apenas declarações políticas, mas também fontes
para aplicação concreta dos direitos na realidade

CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

- Constituição e Direitos Fundamentais: A Constituição de um Estado democrático,


como o Brasil, tem como uma de suas funções principais a proteção de direitos
fundamentais. A Constituição de 1988 prioriza os direitos, transmitindo a ideia de
que são essenciais. Esses direitos são considerados cláusulas pétreas, imunes a
emendas (art. 60, §4º).
- Diferença entre Direitos Humanos e Fundamentais:
- Direitos Humanos: Tratados no âmbito do direito internacional, aplicam-se a todos
os seres humanos, independentemente de peculiaridades de cada país ou comunidade.
São atemporais e universais.
- Direitos Fundamentais: Tratados de maneira diferente por cada Estado, conforme
suas Constituições. Nem sempre correspondem aos direitos humanos e são
estabelecidos pelo Direito Positivo interno.
- Expressão “Direitos Fundamentais do Homem”: José Afonso da Silva prefere essa
expressão, indicando que são situações jurídicas essenciais para a realização e
sobrevivência da pessoa humana.
- Diferença entre Direitos e Garantias Fundamentais: Os direitos fundamentais
estabelecem o conteúdo de um direito (ex.: direito à vida), enquanto as garantias
fundamentais são instrumentos para a defesa desses direitos (ex.: habeas Corpus).

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


A relatividade dos direitos fundamentais é um princípio importante no campo do direito.
Significa que não há direitos absolutos, e eles podem sofrer restrições. universalidade dos
direitos fundamentais significa que esses direitos pertencem a todos, independentemente de
sexo, categoria ou classe. Todos os seres humanos possuem igual dignidade e, portanto, são
titulares desses direitos.
No entanto, a redação do caput do artigo 5º da Constituição Federal de 1988 pode gerar
algumas dúvidas. Ele afirma que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
As primeiras perguntas que surgem são: o estrangeiro que não reside no país não tem direitos
fundamentais? O turista não tem direito à vida, por exemplo?
O entendimento majoritário é de que, apesar da redação do dispositivo constitucional, o
estrangeiro não residente no país também é titular de direitos fundamentais desde que
compatíveis com a sua condição. A universalidade não impede a existência de alguns direitos
específicos de determinados grupos. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal já decidiu
que o réu estrangeiro sem domicílio no Brasil deve ter assegurados os direitos básicos
decorrentes do postulado do devido processo legal, como a ampla defesa, o contraditório, a
igualdade entre as partes perante o juiz natural e a imparcialidade do magistrado processante
(HC 94.016, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-2008, 2ª T, DJE de 27-2-2009).
Apesar de afirmarmos a universalidade como uma característica dos direitos fundamentais, há
direitos que pressupõem certos requisitos, como a nacionalidade no caso dos direitos
políticos. Além disso, existem direitos específicos para determinados grupos, como o direito
fundamental garantido às presidiárias.

Por exemplo, se o direito de propriedade fosse absoluto, como ficaria a proteção do meio
ambiente? Ou no caso da liberdade de expressão, que frequentemente entra em conflito com
outros direitos, como ficaria a proteção da intimidade?
As leis ambientais são um exemplo de como os direitos fundamentais podem ser
restringidos. Elas impõem restrições ao direito de propriedade para proteger o meio ambiente.
O Código Florestal (Lei n° 12.651) é um conjunto de regras que visa à proteção das florestas
e restringe o uso da propriedade.
No entanto, o legislador não consegue prever todos os possíveis conflitos entre direitos
fundamentais. Assim, muitas vezes, no caso concreto, é necessário que o Judiciário resolva
essas colisões, restringindo um direito em prol de outro, buscando um equilíbrio. Um
exemplo famoso é o caso Ellwanger, julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse
julgamento, o Tribunal entendeu que a liberdade de expressão, apesar de ser um direito
fundamental importantíssimo, não é um direito absoluto. Dessa maneira, ela não protege o
discurso de ódio, o racismo nem a publicação de livros antissemitas.
Um princípio de interpretação constitucional que norteia o intérprete diante desses casos
difíceis de conflitos entre direitos e normas constitucionais é o princípio da concordância
prática. Esse princípio recomenda que o aplicador das normas constitucionais, ao se deparar
com situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução
que otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo não acarrete a negação de
nenhum.
Um exemplo prático desse princípio ocorreu no julgamento do Habeas Corpus
80.240 pelo Supremo Tribunal Federal. Tratava-se do caso de um líder indígena intimado
para depor em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Diante das normas
constitucionais que garantem os poderes da CPI e os direitos dos indígenas à sua cultura, o
Tribunal decidiu que o depoimento poderia ser feito, mas apenas no interior das terras
indígenas e na presença de antropólogo e de representante da FUNAI.
Em resumo, considerando a relatividade dos direitos fundamentais e os seus possíveis
conflitos em um caso concreto, deve-se buscar sempre uma solução que leve ao equilíbrio
entre eles.
- A inalienabilidade refere-se a direitos que não possuem conteúdo econômico e não
podem ser negociados ou transferidos. Segundo a ordem constitucional, esses direitos
não podem ser desfeitos, pois são indisponíveis.
- A imprescritibilidade dos direitos fundamentais significa que eles não se extinguem
pelo decurso do tempo, e o seu exercício não está sujeito a qualquer prazo. Em outras
palavras, esses direitos não podem ser perdidos ou anulados devido à passagem do
tempo.
- A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais implica que não é possível renunciar
a esses direitos. Embora o titular do direito possa optar por não o exercer, essa escolha
não implica a renúncia permanente ao direito em si.
- Quanto à aplicabilidade imediata, a Constituição Federal, no artigo 5º, §1º,
estabelece que as normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais têm
aplicação imediata. Isso significa que esses direitos valem imediatamente e não
dependem de regulamentação legislativa para surtirem efeito. O titular dos direitos
pode invocá-los com base apenas na Constituição, sem necessidade de
regulamentação adicional.
Além disso, os direitos fundamentais não são exaustivos ou atípicos. Isso significa que um
direito não precisa estar expressamente positivado na Constituição para ser considerado
fundamental. O artigo 5º, §2º da Constituição estabelece que os direitos e garantias expressos
nela não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios adotados, bem como dos
tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte. O principal critério para identificar um
direito fundamental fora do catálogo formal é o princípio da dignidade da pessoa humana. O
Supremo Tribunal Federal já decidiu, por exemplo, que o princípio da anterioridade
tributária, embora não esteja expressamente elencado como direito fundamental, é
considerado como tal.

Os direitos fundamentais do homem podem ser resumidos em cinco categorias principais:

- Direitos do homem-indivíduo: Incluem a autonomia pessoal e direitos individuais


como liberdade, igualdade e propriedade.
- Direitos do homem-nacional: Relacionam-se à definição da nacionalidade de uma
pessoa.
- Direitos do homem-cidadão: Correspondem aos direitos políticos, como o direito de
votar e ser votado.
- Direitos do homem-social: Englobam direitos relacionados às interações sociais e
culturais, incluindo saúde e educação.
- Direitos do homem membro de uma coletividade: Abrangem direitos coletivos,
como o direito de petição e o direito de greve.
- Direitos fundamentais de terceira geração ou do homem-solidário: Representam
uma classe mais nova de direitos, abarcando o direito ao meio ambiente, à paz e ao
desenvolvimento.

A Constituição Federal do Brasil de 1988 estabelece uma série de direitos fundamentais, que
podem ser resumidos da seguinte forma:

- Direitos individuais: Proteções básicas ao indivíduo, como a liberdade e a


igualdade, previstos no artigo 5º.
- Direitos à nacionalidade: Critérios e direitos relacionados à cidadania brasileira,
detalhados no artigo 12.
- Direitos políticos: Direitos que permitem a participação no processo político, como
votar e ser votado, nos artigos 14 a 17.
- Direitos sociais: Direitos que visam garantir o bem-estar social, como trabalho e
educação, nos artigos 6º e 193.
- Direitos coletivos: Direitos exercidos em grupo, também mencionados no artigo 5º.
- Direitos solidários: Direitos que promovem a solidariedade e o bem comum, como o
direito ao meio ambiente saudável, nos artigos 3º e 225.

Além desses, a Constituição também contempla **direitos econômicos**, que regulam a


ordem econômica e financeira, garantindo, por exemplo, a função social da propriedade e a
livre concorrência, previstos a partir do artigo 170

EFICÁCIAS DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS
Tradicionalmente, os direitos fundamentais eram aplicados verticalmente, ou seja, na relação
entre o indivíduo e o Estado. Com o tempo, percebeu-se que violações aos direitos também
podem ocorrer em relações privadas, como entre empregador e empregado ou entre
comerciante e consumidor.

Isso levou à noção de eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que se refere à sua
aplicação nas relações privadas. No entanto, essa ideia gera controvérsias, pois pode afetar a
liberdade individual e a espontaneidade das relações sociais.

Existem duas teorias principais sobre como aplicar os direitos fundamentais às relações
privadas:
- Teoria da eficácia indireta ou mediata: Defende que a aplicação dos direitos
fundamentais deve ser feita pelo legislador. Se uma lei de direito privado violar ou
não proteger adequadamente os direitos fundamentais, ela será considerada
inconstitucional.
- Teoria da eficácia direta ou imediata: Argumenta que os juízes devem aplicar os
direitos fundamentais diretamente, sem depender da legislação. As cláusulas gerais de
direito privado, como bons costumes e boa-fé, são vistas como a principal forma de
introduzir os direitos fundamentais na atividade jurisdicional.

DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS CONSAGRADOS


NA CONSTITUIÇÃO
Há uma controvérsia sobre se estrangeiros não residentes são excluídos da proteção desses
direitos. A visão predominante, apoiada pelo Supremo Tribunal Federal, é que a
Constituição não exclui estrangeiros não residentes da titularidade desses direitos.
Além disso, durante a elaboração da Constituição, considerou-se separar os direitos coletivos
em um capítulo especial, mas essa ideia foi rejeitada. Assim, manteve-se o capítulo “Dos
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”. Esses direitos, embora tenham titularidade
individual, requerem ação coletiva para serem exercidos, como os direitos de reunião e
associação.
Por fim, o artigo 5º lista muitos direitos e que os mais relevantes e controversos serão
examinados mais adiante.
O artigo 5º da Constituição do Brasil apresenta uma extensa lista de direitos fundamentais.
Entre eles, alguns são mais relevantes e geram mais debates, os quais serão analisados com
mais atenção. Esses incluem:

 Direito de Propriedade: Refere-se à garantia constitucional de que a propriedade


privada será respeitada e só poderá ser retirada por meio de devido processo legal.
 Liberdade de Expressão: Este direito assegura que cada indivíduo pode expressar
suas opiniões e ideias sem censura ou restrições do governo.
 Liberdade Religiosa: Garante que todos têm o direito de seguir e praticar a religião
de sua escolha, ou de não seguir nenhuma, sem interferência do Estado.
 Liberdade de Reunião: Permite que as pessoas se reúnam pacificamente, sem armas,
em grupos para expressar, promover, buscar e defender suas ideias.

Esses direitos são considerados pilares para o exercício da cidadania e são protegidos pela
Constituição, embora possam ser limitados em situações específicas para proteger outros
direitos e o interesse público.

DIREITOS SOCIAIS
Os direitos da segunda geração, também conhecidos como direitos sociais, são aqueles que
promovem a igualdade e exigem do estado ações concretas para melhorar as condições de
vida dos cidadãos. Eles surgiram como uma evolução dos direitos fundamentais, onde não
basta o estado se omitir de violar direitos; ele deve atuar ativamente para garantir e efetivar
esses direitos.

Os direitos sociais listados no artigo 6º da constituição brasileira incluem:

- Educação: Direito a um ensino gratuito e de qualidade em todos os níveis,


promovendo o pleno desenvolvimento da pessoa e preparando para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho.
- Saúde: Acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e
recuperação da saúde.
- Alimentação: Direito a uma alimentação adequada e nutritiva, essencial para a saúde
e bem-estar, com garantia de segurança alimentar.
- Trabalho: Direito a um trabalho digno, com remuneração justa, segurança no local de
trabalho e proteção contra o desemprego.
- Moradia: Direito a uma moradia adequada, que proporcione segurança, paz e
dignidade.
- Transporte: Acesso a um transporte público de qualidade, seguro e eficiente.
- Lazer: Direito ao descanso e ao lazer, incluindo a limitação das horas de trabalho e
férias periódicas remuneradas.
- Segurança: Proteção contra a violência e a criminalidade, garantindo a segurança
pessoal.
- Previdência Social: Cobertura dos riscos sociais, como velhice, incapacidade, morte
e desemprego involuntário.
- Proteção à Maternidade e à Infância: Assistência e proteção especial para o período
da gravidez e nos primeiros anos de vida.
- Assistência aos Desamparados: Apoio e assistência social para aqueles que não têm
meios para prover a própria subsistência ou que estão em situação de vulnerabilidade.

Esses direitos requerem políticas públicas e geram custos ao estado, levantando questões
sobre até que ponto pode ser exigidos judicialmente. O direito à saúde é particularmente
debatido, com a constituição estabelecendo-o como um direito universal e um dever do
estado. O supremo tribunal federal (stf) tem o papel de definir os limites da intervenção do
judiciário na aplicação desse direito, decidindo, por exemplo, que o estado não é obrigado a
fornecer medicamentos de alto custo não inclusos nas listas do sus.

O direito à moradia também é enfatizado, com os tribunais determinando que o estado deve
oferecer alternativas antes de remover famílias de áreas irregulares. Além disso, o artigo 7º da
constituição assegura direitos trabalhistas aos trabalhadores, como a irredutibilidade do
salário e o pagamento de décimo terceiro salário. Esses direitos sociais são fundamentais para
a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Capítulo 2

Fundamentação Histórica dos Direitos


Humanos

Os Direitos Humanos, que são essenciais para a dignidade de todos os seres humanos,
independentemente de sua condição, origem, credo, raça ou orientação política.

CONSTRUÇÃO ÉTICA E HISTÓRICA DOS DIREITOS


HUMANOS
Os Direitos Humanos como direitos básicos inerentes a todos os seres humanos,
independentemente de sua condição. A definição desses direitos é complexa e evolui ao
longo do tempo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU de 1948 é
frequentemente referenciada, mas a construção desses direitos tem uma longa história. Para
entender os Direitos Humanos no século XXI, é necessário considerar o desenvolvimento das
necessidades humanas e as lutas para desenvolver esse conceito.

PRIMEIRAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS

As primeiras referências aos Direitos Humanos datam dos séculos XVII e XVIII, durante a
crise do absolutismo na Europa Ocidental. O Iluminismo materializou a noção de direitos
básicos para todos, principalmente através da Declaração de Independência dos EUA e da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da Revolução Francesa.
Declaração de Independência dos Estados Unidos

A Declaração de Independência dos EUA foi um resultado da insatisfação dos colonos


americanos com a Inglaterra. Ela anunciava que todos os homens são criados iguais por Deus
e que recebem Dele direitos inalienáveis: a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Esses
direitos são vistos como verdades “autoevidentes”. No entanto, alguns desses direitos não
foram respeitados na Constituição dos EUA de 1787, como a escravidão ainda era legal nos
EUA.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França e da Declaração de
Independência dos EUA. A insatisfação popular com o rei Luís XVI levou à rebelião na
França, culminando na aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em
1789. Este documento defendeu os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem. A
Declaração de Independência dos EUA, por outro lado, apontou para a existência de alguns
direitos básicos para justificar a independência. Ambas as declarações iniciaram um debate
sobre os Direitos Humanos e serviram de exemplo para a criação de novos regimes políticos
e processos de independência durante o século XIX.

Declaração Universal de Direitos Humanos


As duas Guerras Mundiais do século XX influenciaram a criação dos Direitos Humanos.
Após a Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações foi criada para promover a paz. No
entanto, a Segunda Guerra Mundial ocorreu apesar desses esforços. Em resposta ao conflito,
a Organização das Nações Unidas (ONU) foi estabelecida para substituir a Liga das Nações.
A ONU produziu a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, que estabeleceu
direitos fundamentais e inalienáveis, como a liberdade, a justiça e a paz. A declaração, que é
o maior documento legal de direitos humanos e o texto mais traduzido no mundo, promove a
ideia de que todos os seres humanos fazem parte de uma mesma família e devem ser
respeitados e tratados com empatia. A declaração é analisada e estudada intensivamente por
juristas de todas as nacionalidades, que identificam três características fundamentais.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

As três características fundamentais dos Direitos Humanos: Universalidade, Interdependência


e Indivisibilidade.

- A Universalidade implica que os Direitos Humanos devem ser acessíveis a todos os


membros da família humana igualmente.
- A Interdependência sugere que um direito complementa o outro, e a existência de
um está condicionada à existência de todos os demais.
- A Indivisibilidade significa que os direitos não podem ser divididos em categorias e
devem ser entendidos e respeitados como um todo.

A evolução dos Direitos Humanos ao longo do tempo, dividindo-os em três gerações.

- A primeira geração buscou a liberdade ao rejeitar o controle do Estado absolutista.


- A segunda geração reafirmou a liberdade da primeira geração e buscou a igualdade,
criando a ideia de família humana.
- A terceira geração avançou sobre os direitos coletivos e difusos, enfatizando a
defesa de interesses como a preservação do meio ambiente, o direito à paz e o
compartilhamento de conhecimento, tecnologia e cultura. Conclui que a questão dos
direitos demanda atualização e esforço por sua manutenção, e que nenhuma das três
declarações citadas teve valor constitucional.

FUNDAMENTAÇÃO E RECONSTRUÇÃO DE DIREITOS


HUMANOS
A trajetória dos Direitos Humanos como um processo histórico que combina ideias,
pensamentos e necessidades de diferentes momentos e grupos. Ele explora três correntes
filosóficas que justificam os Direitos Humanos: jusnaturalismo, positivismo e moralismo.

- O jusnaturalismo vê o direito como algo intrínseco e natural ao ser humano,


existindo independentemente de qualquer constituição ou diploma legal.
- O positivismo, por outro lado, entende que os direitos são o resultado de discussões e
entendimentos do Estado e só existem por determinação legal.
- O Moralismo, a corrente moralista defende que os direitos são normas que não
precisam de oficialização em leis e constituições para ter validade, mas são baseados
nas necessidades e valores morais e éticos de um determinado grupo.

Cada uma dessas correntes enfrenta críticas que destacam suas limitações na proteção dos
Direitos Humanos.

CONSTRUÇÃO TEÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS

O jusnaturalismo, positivismo e moralismo. Apesar de suas diferenças, essas teorias se


complementam e colaboram para fortalecer os Direitos Humanos. A Declaração Universal de
Direitos Humanos e outros tratados da ONU são baseados nessas teorias e precisam do
esforço e das estruturas legais dos países membros da ONU para se tornarem efetivamente
acessíveis a todos. Também discute a complexidade dessas correntes, usando o exemplo do
direito contra a tortura e as discussões do Tribunal de Nuremberg. Ele destaca a necessidade
de um entendimento jus natural e uma base moral para defender os Direitos Humanos, e
critica a ideologia positivista por legitimar atos que são indiferentes aos valores éticos.

RUPTURA E RECONSTRUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

A evolução dos Direitos Humanos, destacando o papel das políticas dos regimes fascistas e
as reflexões da filósofa Hannah Arendt. Arendt propôs que houve uma ruptura nos Direitos
Humanos devido aos regimes totalitários e às políticas imperialistas, levando à necessidade
de reconstrução dos direitos universais. Ela enfatizou a importância de prestar atenção
àqueles que perderam seu lugar na sociedade, tornando-se apátridas ou refugiados. Arendt
defendeu que o primeiro direito a ser defendido deve ser o direito a ter direitos, e que todos
os indivíduos devem ser reconhecidos como cidadãos do mundo. Os Direitos Humanos são
progressivamente conquistados e devem ser continuamente defendidos, e que seu
estabelecimento não é definitivo e precisa ser questionado e redefinido de tempos em tempos.

FUNDAMENTOS DO UNIVERSALISMO VERSUS


MULTICULTURALISMO
A Declaração Universal de Direitos Humanos proclamada pelas Nações Unidas em 1948,
que pretendia garantir direitos a todas as pessoas da família humana. A declaração,
autointitulada como universal, propunha que esses direitos estivessem acima de qualquer país
e pertencessem a todos, sem exceção. No entanto, a ideia de universalidade desses direitos
tem sido contestada, principalmente por países não europeus. Eles argumentam que a
declaração foi produzida a partir de princípios ocidentais e não leva em consideração as
diferentes culturas, demandas sociais, religiões e formas de organização política existentes
em outras partes do mundo.

Críticas ao universalismo
As críticas ao universalismo dos Direitos Humanos, argumentando que a ideia de um
conjunto de direitos básicos para todos pode ser vista como soberba e potencialmente
imperialista. Surge então o multiculturalismo, que busca ampliar a inclusão desses direitos
em todo o mundo, respeitando as diferenças culturais. O sociólogo Boaventura de Souza
Santos é destacado como um defensor do multiculturalismo, argumentando que todos têm o
direito de ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito de ser diferentes quando a
igualdade os descaracteriza. Enfatiza a necessidade de diálogo intercultural (Diversidade
Intercultural) e aceitação das diferenças para garantir a efetividade dos Direitos Humanos.
Reconhece que os Direitos Humanos estão em constante debate e evolução, e elogia o esforço
da Declaração Universal e outros documentos da ONU, apesar das críticas existentes.
O multiculturalismo como uma resposta às críticas ao universalismo dos Direitos Humanos.
O sociólogo Boaventura de Souza Santos, um dos principais apoiadores do multiculturalismo,
argumenta que a universalidade dos Direitos Humanos pode impor as vontades locais ao todo
e sugere que a solução seria aceitar as diferenças existentes no mundo e mudar a qualificação
desses direitos, de universais para multiculturais.

A importância da diversidade cultural e do diálogo intercultural na promoção dos


Direitos Humanos. Destaca que todas as diferenças culturais devem ser aceitas pela
sociedade, desde que não inferiorizem ou ameacem o outro. Ressalta que a aceitação das
diferenças é crucial para garantir que os Direitos Humanos sejam atendidos e que, sem a
aceitação da comunidade, o direito não tem efetividade. Lembra que os Direitos Humanos
estão em constante debate e evolução e reconhece o esforço da Declaração Universal e de
outros documentos da ONU. Finalmente, enfatiza que a sociedade deve continuar aprendendo
a tratar todas as pessoas com igualdade e a compreender as diferenças da família humana.

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A ORDEM JURÍDICA


A evolução dos Direitos Humanos, destaca a importância do respeito à dignidade da pessoa
humana como um conceito fundamental no século XX. A Declaração Universal dos Direitos
Humanos das Nações Unidas de 1948 afirma que todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. O Brasil, como membro da ONU, incorporou essa ideia na
Constituição de 1988. A Constituição brasileira estabelece a soberania, a cidadania e a
dignidade da pessoa humana como seus fundamentos. Além disso, destaca a importância da
dignidade em várias seções, como o Artigo 170, que afirma que toda ação econômica tem
como finalidade garantir uma existência digna, e o Artigo 230, que define que é dever da
família, da sociedade e do Estado defender a dignidade das pessoas idosas.

Dignidade da pessoa humana


A dignidade da pessoa humana é como um valor absoluto e fundamental para a vida justa e
adequada de um indivíduo. A dignidade humana é vista como incomensurável, insubstituível
e inigualável. No entanto, a definição de dignidade varia entre culturas e sociedades. A
Declaração dos Direitos Humanos da ONU é citada como um reflexo das condições de
dignidade nas sociedades ocidentais, mas não necessariamente em todas as culturas do
mundo. O sociólogo Boaventura de Souza Santos argumenta que, para que os direitos
humanos se tornem multiculturais, é essencial reconhecer que todas as culturas têm sua
própria concepção de dignidade humana. Ele sugere que a solução para alcançar o maior
consenso possível seria buscar uma versão mais aberta do conceito de dignidade humana, que
seja mais aceitável dentro das particularidades de outras culturas.

TRANSFORMAÇÕES NO CONCEITO

A evolução do conceito de dignidade da pessoa humana, que, assim como os direitos


humanos, é mutável e se adapta às demandas históricas e aos novos acontecimentos. Uma
mudança significativa ocorreu após a Segunda Guerra Mundial com a “virada kantiana”, que
rejeitou a coisificação e instrumentalização das pessoas, considerando a dignidade da pessoa
humana como um fim em si mesma, e não um meio para a construção do mundo.
Atualmente, o foco está em criar um mundo agradável onde as pessoas possam viver em
plenitude, segurança e felicidade.

Estruturação dos Direitos Universais


A estruturação dos Direitos Humanos Universais, destacando a inversão da lógica onde a
sociedade deve acolher as pessoas. Segundo o professor Fernando Quintana, os esforços da
ONU com os Direitos Humanos Universais podem ser divididos em três fases: a fase
burocrática de definição dos Direitos Humanos, o período de promoção e estabelecimento
desses direitos pelo mundo, e a atual fase de proteção, onde é necessário observar e controlar
o cumprimento desses direitos. Para garantir o sucesso da declaração, os países foram
comprometidos a assumir tratados e construir um sistema que permita seu funcionamento.
Desde 1966, nove tratados foram assinados, abordando temas específicos como tortura,
imigração, crianças, pessoas com deficiências e discriminação racial e de gênero. Além disso,
foi constituído o Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos, que inclui comitês
regionais responsáveis pela proteção de pessoas cujos países não têm um órgão similar.

BRASIL E O CONTEXTO DA PROTEÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS
A trajetória do Brasil na construção e a garantia dos Direitos Humanos. Embora a Segunda
Guerra Mundial tenha sido um fator-chave para a Europa Ocidental e a América do Norte
começarem a pensar na ideia atual de direitos humanos, o Brasil, que não teve participação
direta no conflito, percorreu um caminho diferente. O Brasil participou do esforço inicial das
Nações Unidas, mas suspendeu seus trabalhos por algumas décadas, só conseguindo
incorporar os Direitos Humanos em sua Constituição de 1988. Como resultado, o Brasil ainda
está trabalhando no desenvolvimento dos Direitos Humanos e enfrentará muitos desafios para
consolidá-los, considerando a situação atual do país e da população brasileira.

Formação política e social


O desenvolvimento político e social do Brasil, um país jovem em pleno crescimento. A
história do Brasil é complexa e envolve muitos elementos, incluindo a chegada dos europeus.
O desenvolvimento de um país é um processo amplo que vai além do campo econômico,
englobando também aspectos políticos, sociais e ambientais. O Estado desempenha um papel
fundamental nesse processo, e sua política social é uma fonte importante para o
desenvolvimento nacional. A política social brasileira, que foi desenvolvida a partir da
Constituição de 1988, contribui de maneira restrita, mas relevante, para o desenvolvimento
com justiça no país.
Constituição de 1988
A Constituição de 1988 do Brasil, a oitava Constituição escrita do país, destacando a
instabilidade política que levou à necessidade de várias reescritas. A Constituição atual foi
criada para superar a suspensão de direitos durante o regime militar, restabelecer a
democracia e reduzir a desigualdade social. Apesar de ampliar os direitos dos brasileiros e
comprometer-se com os direitos em nível universal, a Constituição por si só não é suficiente
para garantir uma vida digna aos brasileiros. É necessário que os poderes Executivo e
Legislativo trabalhem juntos para implementar as determinações da Constituição. A
Constituição garante princípios fundamentais como igualdade, liberdade de expressão,
divisão de poderes e direitos sociais, como acesso à educação, saúde, trabalho e lazer.

Brasil na proteção dos Direitos Humanos

O Brasil, um dos países fundadores das Nações Unidas em 1945, interrompeu a consolidação
dos Direitos Humanos durante duas décadas de regime militar. Atualmente, com os direitos
restabelecidos, o Brasil retomou o processo de consolidação dos Direitos Humanos e faz
parte do Sistema Internacional de Proteção aos Direitos Humanos e do Sistema
Interamericano de Direitos Humanos.

O Brasil ratificou compromissos com oito tratados internacionais da ONU:

- Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial


- Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
- Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
- Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher
- Convenção contra a Tortura
- Convenção sobre os Direitos da Criança
- Convenção para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos
Forçados
- Convenção sobre os Direitos de Pessoas com Deficiência

Nos últimos anos, o Brasil tem sido ativo na participação das Nações Unidas, retificando
tratados, acompanhando debates, integrando o Conselho de Segurança da ONU em algumas
ocasiões, e atualmente tem participação permanente na Assembleia Geral. Em 2011, a então
presidenta Dilma Rousseff foi a primeira mulher da história a abrir os debates dessa reunião.

Aplicações e desafios dos Direitos Humanos no Brasil

A aplicação dos Direitos Humanos no Brasil, destaca a Constituição e as políticas públicas


como ferramentas principais. Quando o Estado não atende aos seus cidadãos, é possível
acionar sistemas internacionais de proteção dos Direitos Humanos, como o Sistema
Interamericano de Direitos Humanos. Esses órgãos podem investigar e condenar o país por
violação dos Direitos Humanos, pressionando o Estado a debater o problema, revisar os
sistemas que provocam essas violações e desenvolver leis e políticas públicas para evitar
novas violações. O caso de Maria da Penha, que levou à responsabilização do Estado
brasileiro por negligência, omissão e tolerância à violência contra as mulheres. No cenário
atual do país, ainda é necessário reforçar as instituições democráticas, promover debates,
criar políticas públicas e buscar a conscientização popular para garantir o respeito aos
Direitos Humanos e permitir que a comunidade viva com mais dignidade e menos
desigualdade. A Constituição e as políticas públicas são as principais ferramentas para a
aplicação dos Direitos Humanos dentro de uma nação. Se essas estruturas não estiverem
sendo suficientes para garantir os direitos básicos e a dignidade da pessoa humana, qualquer
pessoa ou organização pode e deve cobrar do governo a fiscalização e a execução deles.
Entenda o processo: O Estado não atende uma vez que o Estado não atenda aos seus cidadãos
temos ainda a possibilidade de acionar os sistemas internacionais de proteção dos Direitos
Humanos. No caso do Brasil, podemos recorrer ao Sistema Interamericano de Direitos
Humanos. Acionamento dos órgãos competentes quando forem acionados, os órgãos
competentes irão investigar e podem condenar o país por violação dos Direitos Humanos.
Essas condenações acontecem quando se identifica que os direitos foram fortemente
descumpridos e que somente uma decisão judicial ou uma indenização não seria suficiente
para reparar aquele problema. Pressão sobre o Estado Quando uma sentença internacional é
dada, ela tem como objetivo pressionar o Estado a debater o problema, revisar os sistemas
que estejam provocando essas violações e desenvolver leis e políticas públicas que evitem
novas violações dos Direitos Humanos. Em nossa história, o Brasil foi condenado por oito
vezes pela Corte Interamericana. Uma dessas condenações foi sobre o caso conhecido como
Maria da Penha. Em 1983, Maria da Penha sofreu uma tentativa de homicídio pelo seu
marido e o processo que deveria condená-lo foi tão extenso e inconclusivo que se passaram
15 anos sem que o culpado fosse preso. O caso foi levado à Comissão Interamericana que, em
2001, quase 20 anos depois, responsabilizou o Estado brasileiro por negligência, omissão e
tolerância à violência contra as mulheres. O caso repercutiu na nossa sociedade e, atualmente,
temos uma lei com o nome da vítima, cujo objetivo é estipular punição adequada e coibir a
violência contra as mulheres. Na nossa sociedade, é comum vermos pessoas relativizando o
uso dos Direitos Humanos e desacreditando de sua importância. Isso é prova de que vivemos
em um Estado de constante violação dos direitos humanos, onde o desrespeito por direitos
básicos é comum e pouco se faz para que seja garantida a dignidade da pessoa humana. No
cenário atual do país, ainda é preciso reforçar as instituições democráticas, produzir muito
debate, criar políticas públicas e buscar a conscientização popular para que esse conjunto de
direitos seja respeitado e a nossa comunidade possa viver com mais dignidade e menos
desigualdade.

Capítulo 3
Introdução à Sociologia
A importância e a compreensão da Sociologia como uma ciência que estuda a sociedade.
Contrariando a ideia de que a Sociologia é complexa, fala que ela é fundamental para
entender a vida em sociedade e para a formação profissional. A Sociologia pode ajudar a
entender um mundo em constante mudança, com divisões sociais, conflitos étnicos e relações
sociais fragmentadas. Ela também pode ser uma ferramenta para analisar as transformações
radicais que a tecnologia tem causado na natureza. A Sociologia oferece uma perspectiva
única para ver e pensar sobre questões como tecnologia, desigualdade e crises. Ela busca
conectar um problema a seu contexto social, focando nos aspectos sociais em vez dos
individuais. Portanto, a Sociologia é uma ciência que parte do princípio de que os problemas
são sociais, não individuais.

UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER A SOCIEDADE

A origem da Sociologia e a distinção entre o senso comum e o conhecimento científico.


Destaca que a Sociologia é uma ciência que busca entender a sociedade e que para
compreendê-la, é necessário entender o que é ciência. Ele afirma que o ser humano está
sempre buscando explicações para os fenômenos que observa, e que isso pode ser feito
através de diferentes formas de conhecimento.

Uma dessas formas é o senso comum, que é um conjunto de saberes e opiniões acumulados
por uma comunidade ao longo do tempo. Este tipo de conhecimento é passado de geração em
geração e é caracterizado por ser imediato, superficial e baseado na experiência de vida.

O senso comum pode ser carregado de preconceitos e se manifestar através de ditos


populares. No entanto, questiona a veracidade dessas afirmações e destaca que a principal
diferença entre o senso comum e o conhecimento científico é a verificabilidade das
afirmações através da experimentação.

O conhecimento científico, por outro lado, não é definitivo e está sempre aberto a novas
proposições. Ele é baseado em métodos rigorosos, como observação, pergunta, pesquisa,
hipótese, experimentação, análise de dados e conclusão. Afirma que o conhecimento
científico, devido ao seu rigor, verificabilidade e possibilidade de crítica e questionamento,
deve acompanhar nossa formação acadêmica. Ele também apresenta uma tabela comparativa
entre o senso comum e o conhecimento científico.

SOCIOLOGIA É CIÊNCIA?

A natureza da Sociologia e sua distinção de outras ciências como Matemática, Biologia e


Física. A Sociologia é apresentada como uma ciência que se concentra na explicação dos
fenômenos sociais e investiga os problemas que os indivíduos enfrentam na sociedade. Ela
questiona o que parece “natural” e imutável no comportamento humano e busca desenvolver
um ponto de vista questionador e explicativo para os fenômenos sociais.

A Sociologia se esforça para construir suas análises sem a interferência de preconceitos e pré-
julgamentos morais, baseando-se em teorias, hipóteses e experimentações para fundamentar
seus argumentos. A Sociologia rejeita formas de argumentação comuns no senso comum,
como “Eu acho que…” ou “Na minha opinião…”.

Como a Sociologia pode fornecer uma resposta mais fundamentada para questões sociais,
como a desigualdade social, em comparação com o senso comum. Ele menciona um estudo
sobre a mobilização das prostitutas no Rio de Janeiro para o reconhecimento de uma
identidade profissional.

Finalmente comparando o modo costumeiro de pensar e a contribuição da Sociologia,


destacando como a Sociologia pode oferecer uma compreensão mais profunda e
contextualizada dos fenômenos sociais. Ele conclui propondo que podemos ir além do senso
comum em nosso entendimento da sociedade, com a ajuda da Sociologia. também menciona
que a Sociologia é uma ciência ainda em construção, mas que desde o início, procura explicar
as estruturas e os processos sociais, políticos, econômicos e culturais das sociedades.

A “GÊNESE SOCIOLÓGICA”: COMO TUDO COMEÇOU

A origem da Sociologia, destacando que, embora seja uma ciência relativamente nova que se
consolidou no século XIX, a busca por entender as sociedades é muito mais antiga. Menciona
o desejo dos sofistas na Grécia Antiga de entender os fenômenos sociais. Embora os gregos
não tenham criado a Sociologia, seu pensamento crítico filosófico foi crucial para romper
com explicações místicas sobre a sociedade e impulsionar o desenvolvimento da ciência.

O período da Idade Média, quando as explicações sobre os fenômenos sociais e naturais eram
dominadas pela religião. Durante esse tempo, tentativas de explicações mais racionais sobre a
sociedade foram perseguidas e suprimidas.

A partir do século XV, o predomínio dos princípios religiosos começou a ser desfeito,
iniciando uma renovação cultural conhecida como Renascimento. Os renascentistas
rejeitaram as explicações da Igreja Católica e questionaram estruturas, valores e afirmações
místicas ou teológicas. O movimento renascentista, que floresceu em muitas partes da
Europa, foi crucial para o surgimento futuro da Sociologia.

Durante o Renascimento, a doutrina do antropocentrismo influenciou pensadores como


Nicolau Maquiavel e Francis Bacon, cujas obras impulsionaram a era do domínio da ciência.
Segundo essa filosofia, os seres humanos passaram a ser vistos como o centro de tudo,
inclusive do poder de inventar e transformar o mundo por meio de suas ações.

O ILUMINISMO E A SOCIOLOGIA

Apesar do avanço da ciência, ela não se tornou a única forma de explicar e entender o mundo,
especialmente no aspecto social. Muitas pessoas ainda mantiveram explicações baseadas na
tradição, mitos antigos ou religião. No entanto, com o Renascimento, a ciência começou a ser
valorizada e abriu-se espaço para romper com uma única forma de conhecimento e
explicação para os fenômenos.

Esse processo continuou no século seguinte, durante o Iluminismo, período em que a ciência
e a racionalidade foram valorizadas no entendimento da vida social. Nesse momento, houve
um combate ao absolutismo e à ideia de que os monarcas e a realeza eram escolhidos
divinamente.
A ciência se apresentava como uma forma de conhecimento e pensamento que se opunha a
essas ideias. Reflexões importantes sobre a estrutura social da época foram produzidas por
autores como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Montesquieu.

um novo marco para o desenvolvimento da Sociologia surgiu na França, inspirado nas ideias
dos pensadores iluministas. A Revolução Francesa, que ocorreu entre 1789 e 1799, foi um
ciclo revolucionário motivado pela crise que o país enfrentava na época. Além disso, a
Revolução Francesa trouxe uma nova forma de pensar o Estado e o governo, alterando a
lógica social e governamental.

A Sociologia não surgiu de repente, mas teve origem em uma série de acontecimentos e
movimentos que se desenvolveram a partir do século XV, quando ocorreram grandes
mudanças decorrentes da transformação da sociedade. Essas transformações, que incluem a
expansão marítima, as reformas protestantes, a formação dos Estados nacionais e o
desenvolvimento científico e tecnológico, são consideradas alicerces para a alteração nas
formas de explicar a natureza e a sociedade.

SURGIMENTO DO ESTADO MODERNO

A origem do Estado Moderno e como ele surgiu a partir de várias transformações


econômicas, políticas, sociais e culturais. Durante esse período, houve uma expansão das
atividades econômicas, incluindo têxteis, mineração, siderurgia e comércio interno e externo.
Isso levou à formação de uma classe social composta principalmente por comerciantes e
banqueiros, conhecida como burguesia.

No século XVII, a produção manufatureira começou a ganhar espaço. Isso levou a um


investimento significativo em tecnologia e máquinas para aumentar a eficiência da produção,
resultando no fenômeno conhecido como maquinofatura. Durante esse tempo, máquinas
como as de tecer e descaroçar algodão e a máquina a vapor foram criadas, o que impulsionou
o desenvolvimento industrial.

Todas essas mudanças econômicas devem ser analisadas em conjunto com outras
transformações políticas, culturais e científicas. Essas mudanças, juntas, formaram a base
para o surgimento de um novo sistema: o capitalismo, que desde o século XVIII até os dias
atuais, constitui a base dominante da vida em sociedade. Dentro desse contexto de
transformações promovidas pelo capitalismo, a Sociologia emergiu como uma instituição.

SOCIOLOGIA: UMA CIÊNCIA DO MUNDO MODERNO

A origem da Sociologia no contexto das transformações profundas que ocorreram a partir do


século XV, especialmente com a introdução de novas máquinas e equipamentos que
alteraram os processos produtivos. Com a consolidação do sistema capitalista na Europa no
século XVIII, a Sociologia emergiu como uma ciência para entender a sociedade.
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, trouxe grandes mudanças no estilo de vida das
pessoas, especialmente aquelas que viviam no campo ou eram artesãos. A industrialização
permitiu a organização da produção em um único local, com divisão de funções, aumentando
significativamente a produção de mercadorias e abrindo novos mercados.

A partir da Revolução Industrial, as cidades da Europa Ocidental começaram a se transformar


em grandes centros urbanos comerciais e industriais, trazendo mudanças significativas no
estilo de vida das pessoas. Essas mudanças despertaram o interesse de críticos e pensadores
da época.

A Sociologia surgiu como uma ferramenta para ajudar a interpretar esse novo mundo,
permitindo investigar e refletir sobre os novos problemas sociais oriundos da industrialização.
A Sociologia começou a se apresentar como uma ciência capaz de dar respostas mais
elaboradas sobre os novos problemas sociais que emergiam.

Em resumo, a consolidação do sistema capitalista e as transformações profundas que ele


provocou foram acompanhadas pela valorização da ciência em oposição às explicações
míticas ou de senso comum sobre o mundo. A Sociologia, portanto, é o resultado desse
mundo moderno.

O QUE FIZEMOS ATÉ AQUI?

Os objetivos de um material didático que visa fornecem a base teórica e metodológica das
principais teorias sociológicas. Ele apresenta temas, escolas de pensamento sociológico e
suas principais referências e influências, além de evidenciar as múltiplas abordagens
possíveis pela Sociologia e suas metodologias.

- Objetivo do Material: O material tem como objetivo fornecer a base teórica e


metodológica das principais teorias sociológicas, apresentando temas, escolas de
pensamento sociológico e suas principais referências e influências.
- Múltiplas Abordagens: A diversidade de abordagens possíveis na Sociologia e suas
respectivas metodologias.
- Compreensão da Realidade Social: O material busca aprofundar questões
relacionadas à compreensão da realidade social, com o objetivo de orientar a prática
social dos leitores como sujeitos críticos e politicamente comprometidos com a
transformação social.
- Importância da Sociologia: É importante conhecer a Sociologia, destacando que ela
tem uma história e que não é uma descoberta recente. A Sociologia é vista como um
exercício de despertar para a compreensão da sociedade.
- Necessidade da Sociologia: A necessidade de uma ciência para conhecer a sociedade
e porque isso se tornou tão importante no século XIX. Ele aponta que a Sociologia
tem um ambiente de criação, influenciado por condições materiais, políticas e
regionais.
- Desenvolvimento de Conceitos: O desenvolvimento e a necessidade de novas
definições de conceitos como país, povo e Estado. Ele destaca que a sistematização
dessas noções não é uma tarefa fácil e que não existem caracterizações simples e
rápidas sobre essas noções.
- Próximo Passo: É indicando que a hora de dar o próximo passo, possivelmente
sugerindo um aprofundamento nos temas abordados.

ESCOLAS PIONEIRAS

Os principais pensadores na institucionalização da Sociologia como ciência e como suas


teorias continuam a influenciar as escolas de pensamento sociológico atuais.

- Principais Pensadores: Os pensadores fundamentais que contribuíram para a


institucionalização da Sociologia como ciência. Estes pensadores estabeleceram as
bases teóricas e metodológicas que ainda são utilizadas hoje. No entanto, devido à
vastidão do campo e à limitação de espaço, nem todos os teóricos serão abordados. A
escolha dos pensadores a serem discutidos provavelmente será baseada em sua
influência e relevância para as principais teorias e escolas de pensamento sociológico.
- Marcos Importantes: Os marcos significativos que definiram as principais linhas e
tendências de visão da sociedade estabelecidas por esses pensadores. Isso inclui os
objetos de estudo escolhidos, as metodologias utilizadas e as teorias desenvolvidas.
Estes marcos são importantes porque moldaram o campo da Sociologia e continuam a
influenciar a maneira como a Sociologia é praticada hoje.
- Relevância das Teorias Antigas: A importância de conhecer e entender as
discussões e teorias sociológicas anteriores ao nosso tempo. Aprender com os erros e
acertos do passado é crucial para aprimorar as análises do presente. As teorias antigas
não são apenas relevantes para a compreensão histórica da Sociologia, mas também
fornecem insights valiosos que podem ser aplicados ao estudo da sociedade
contemporânea. Além disso, essas teorias antigas muitas vezes formam a base sobre a
qual as teorias modernas são construídas.

Positivista

A Escola Positivista da Sociologia é uma abordagem que defende a aplicação de métodos


científicos rigorosos, semelhantes aos usados nas ciências naturais, para estudar a sociedade.
Foi fundada por Auguste Comte e enfatiza a observação empírica, a objetividade e a busca
por leis universais que governam o comportamento humano e a sociedade.

- Auguste Comte: Comte, que criou o termo “Sociologia”, propôs uma síntese da
produção científica baseada no conhecimento acumulado de ciências como
Matemática, Física e Biologia. Ele defendia que a Sociologia deveria adotar os
métodos dessas ciências. Comte via a sociedade como adoecida, em estado de caos e
desordem, e acreditava na superioridade da ciência para explicar os fenômenos. Ele
defendia que a ciência deveria ser usada para organizar a ordem social, instaurando a
disciplina e a ordem.
- Emile Durkheim: Durkheim, outro fundador da Sociologia, também surgiu da escola
francesa de pensamento positivista. Foi através dele que a Sociologia adquiriu
métodos próprios, como o funcionalismo, e ganhou status de ciência. Durkheim
propôs regras de observação e procedimentos de investigação que permitissem à
Sociologia estudar os acontecimentos sociais de maneira semelhante a outras ciências,
como a Biologia. Ele defendia que os problemas da sociedade moderna estavam
conectados aos problemas de ordem social.
- Surgimento da Sociologia: A Sociologia surgiu no século XVIII, com a Revolução
Industrial e Francesa, que mudaram o mundo. Com a Revolução Industrial, surgiram
os proletários, trabalhadores das indústrias, que necessitavam que esposas e filhos
trabalhassem para sobreviver. A Revolução Francesa mudou a estrutura social da
época. Durkheim e Comte começaram a repensar os aspectos da sociedade,
diferenciando do senso comum. Para formar os ideais base da Sociologia, os dois
juntaram seus estudos e pensamentos.
- Importância das Revoluções: As revoluções foram importantes para a evolução
social, apesar do sofrimento envolvido. A sociedade estava mudando, e mudaria
muito mais.

Sociologia compreensiva

A Sociologia Compreensiva é uma abordagem sociológica que enfatiza a compreensão das


ações, intenções, motivações, valores e expectativas dos indivíduos na sociedade. Foi
desenvolvida por Max Weber, que defendia que a interpretação da sociedade deveria partir do
indivíduo, não apenas dos fatos sociais já consolidados. Essa abordagem busca entender a
sociedade a partir dos motivos identificados nas ações dos indivíduos. a escola sociológica
alemã, destacando as contribuições de Max Weber e Karl Marx. Aqui está um resumo
detalhado:
- Escola Sociológica Alemã: A escola sociológica alemã se desenvolveu de maneira
diferente da francesa. Os primeiros estudiosos alemães da Sociologia não se
concentraram na definição do estatuto científico da Sociologia, resultando em estudos
sociológicos desse período frequentemente mesclados com Filosofia e História.
- Diferenciação Metodológica: Os teóricos alemães defendiam uma discussão
metodológica que privilegiasse a diferenciação entre as ciências naturais e as
histórico-sociais, questionando a visão positivista sobre a ciência.
- Max Weber: Weber, um dos principais pensadores da escola alemã, defendeu que a
interpretação da sociedade deveria partir do indivíduo, não dos fatos sociais já
consolidados e suas características externas. Ele acreditava que a Sociologia deveria
iniciar suas investigações verificando as intenções, motivações, valores e expectativas
que orientam as ações do indivíduo na sociedade. Isso deu início à chamada
Sociologia compreensiva.
- Karl Marx: Marx, outro teórico importante da escola alemã, é conhecido por sua
crítica ao sistema capitalista. Ele propôs uma discussão crítica sobre a sociedade
capitalista e a origem dos problemas sociais que esse tipo de organização social
ocasionava. Marx acreditava que a história de todas as sociedades têm sido a história
da luta de classes, e que seus estudos deveriam contribuir para ajudar a classe
proletária a se organizar.
- Escola Marxista de Pensamento: A escola marxista de pensamento, que vê a teoria e
a prática caminhando juntas em uma relação dialética, é contrária à ideia da
Sociologia como uma ciência neutra e isenta.
- Referências Globais: Apesar das diferenças entre as escolas de pensamento
sociológicas, seus representantes foram e continuam sendo referências para o
pensamento sociológico desenvolvido em todo o mundo.

Escola americana

Uma escola bastante influenciada pelas produções francesa e alemã foi a dos Estados Unidos
da América, em que vários pensadores seguiram algumas vertentes desses pensamentos
sociológicos.

Ressaltamos que nos Estados Unidos, diferentemente de como ocorreu na França e na


Alemanha, não há um ou dois personagens marcantes ou hegemônicos, mas vários. E a escola
americana também representa hoje uma grande influência em quase todo o mundo para o
pensamento sociológico.

A Sociologia do século XX

A Sociologia no século XX tornou-se academicamente institucionalizada e a investigação das


relações entre sociedade e indivíduo tornou-se um objeto de estudo particular nesta
disciplina. Durante este período, a Sociologia ofereceu construções discursivas sobre o ser
humano e suas formas de sociabilidade. Teóricos notáveis como Talcott Parsons, Norbert
Elias e Erving Goffman forneceram elementos para a compreensão de temas importantes,
como o interacionismo e a interdependência entre indivíduos e grupos sociais.

O estudo da Sociologia é fundamentalmente baseado nas escolas de pensamento que foram


destacadas anteriormente. Para aqueles que desejam discutir a sociedade em termos
científicos, é essencial conhecer essas teorias. A qualidade das formulações, a construção de
conceitos e sua operacionalização são de estudo obrigatório, independentemente de suas
correntes políticas e sociais.

A importância de vários sociólogos, incluindo Theodor Adorno, Karl Mannheim, Robert K.


Merton, William James, Herbert Mead, Talcott Parsons, Pitirim Sorokin, Anthony Giddens e
Pierre Bourdieu. Esses nomes não devem ser vistos como uma mera curiosidade, mas como
pontos de partida para buscas e reflexões.

Recentemente, novos debates sociológicos trouxeram importantes mudanças nos objetos de


pesquisa da Sociologia. Simone de Beauvoir e Michel Foucault, por exemplo, trouxeram da
Filosofia importantes debates que redimensionam os estudos da Sociologia. Esses debates
serão acompanhados por Christine Delphy, Françoise Battagliola e Nancy Fraser, sem
renunciar à influência da História, com Joan Scott; e da Filosofia com Judith Butler. Essa
discussão é válida, pois transforma os novos debates em campos interdisciplinares, buscando
entender, por exemplo, a dinâmica das questões de gênero em uma sociedade.

No entanto, todos os debates ainda partem do conhecimento e das influências dos principais
autores da formação da Sociologia. Após estudar um pouco sobre as escolas de pensamento
sociológicas pioneiras e suas principais referências,

E o Brasil?

A história da Sociologia brasileira teve início a partir da década de 1930, quando as primeiras
obras que apontavam algum interesse na compreensão da sociedade brasileira quanto à sua
formação e estrutura foram desenvolvidas. A produção sociológica brasileira, contendo um
caráter mais investigativo e explicativo, nasce com movimentos que estimulavam uma
postura mais crítica sobre o que acontecia na sociedade brasileira neste momento.

Pensadores e intelectuais brasileiros como Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio
Buarque de Holanda, Fernando de Azevedo, Nelson Werneck Sodré, Raymundo Faoro, entre
outros, contribuíram para a constituição de uma Sociologia brasileira, mesmo que bastante
influenciada por teorias sociológicas importadas.

Na década seguinte, uma nova geração de sociólogos inaugurou, no país, estilos mais
independentes de fazer Sociologia. Surgiram, naquele momento, diferentes escolas de
Sociologia em São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte. Foi um período
extremamente fértil para o desenvolvimento do pensamento sociológico brasileiro e momento
em que autores, como Oliveira Viana, Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos, despontavam
no cenário nacional.

Nas últimas décadas, estamos vivenciando transformações importantes na Sociologia


brasileira. Pois ela tem trabalhado com novas formas de investigação e privilegiando temas e
objetos como: A diversidade cultural brasileira, A cidadania e os movimentos sociais e
trabalho e gênero.

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