EPNCH Relatorios
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neuropsicológica;
- Reconhecer a importância de competências
sociais e comunicacionais no momento de
devolução dos resultados.
2
Aula 12_IAP
• É um documento escrito que deve justificar o processo
de avaliação neuropsicológica realizado;
Relatório de avaliação
• Sendo um documento formal, deve apresentar um
balanço (nem sempre fácil) entre linguagem acessível
e profissionalismo (sem uso de jargão).
• As suas partes representam um produto lógico do
teste de hipóteses.
Relatórios
neuropsicológicos
Competência fundamental e tarefa incontornável: O RP
ocupa 14 a 18% do tempo dedicado pelos psicólogos à
avaliação (Cooper, 1995; Donders, 2001).
Objetivos
• Formatos
– Carta
– Narrativa breve
– Narrativa longa.
• Estilos
– Informal
– Formal.
▪Integrar a informação por domínio de funcionamento e não por fonte de informação* (Bagnato,
1980; Pelco et al., 2009; Groth− Marnat, 2009)
* testes, p. ex.,
Wiener, J., & Costaris, L. (2012). Teaching psychological report writing content and process. Canadian
Journal of School Psychology, 27(2), 119−135.
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RP: Modelos de Organização: Domínio funcional (II)
Fonte de informação Domínio Funcional
Secções Secções
▪Informação contextual ▪ Aptidão Intelectual
(entrevistas, outros ▪Funcionamento Escolar
relatórios, etc.) (subtítulos/rubricas para: Leitura,
matemática, escrita)
▪Protocolo de avaliação
▪ Dificuldades de Aprendizagem
(testes usados)
▪Funcionamento Socio−
▪Observações do emocional
comportamento
▪Recomendações (colocação
▪Resultados nos testes e educativa, adaptações na sala de
outros instrumentos aula, modificações no
▪ Formulação ensino/instrução, gestão
/controlo do comportamento,
▪ Resumo envolvimento dos pais, recursos
▪ Recomendações adicionais 12
RP: Modelos de Organização: Domínio funcional (III)
Wiener, J., & Costaris, L. (2012). Teaching psychological report writing content and process. Canadian Journal of School Psychology, 27(2), 119-
135. 13
RP: Modelos de Organização
▪RP que descrevem as pessoas apenas em termos de dados dos testes, apresentam resultados
teste−a−teste
▪Informação não relacionada com questões da avaliação (motivo da consulta)
▪Afirmações contraditórias (uma vez que resultados em diferentes testes podem ser aparentemente
inconciliáveis /incompatíveis)
▪Relatórios repletos de frases como “os resultados nos testes indicam que ….” e “pessoas com
este perfil frequentemente ….”
▪Relatórios mais acessíveis/legíveis para os leitores quando a informação presente nos vários domínios é
consistente com as questões e objectivos da avaliação (que podem ser reformulados), expressos nos
termos das questões inicialmente formuladas e respondidas no corpo do RNP.
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RP: Competências requeridas
Competências sólidas:
• de relação
• técnicas de avaliação: entrevista(s), observação,
• administração e cotação de testes de avaliação estandardizados
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Princípios subjacentes aos RP: Utilidade e Credibilidade
• Utilidade
– Explicar comportamentos e desempenhos observados;
• Credibilidade
– Clarificação de objetivos;
– Resposta às questões explícitas e implícitas subjacentes ao pedido de
avaliação;
– Escolha fundamentada dos instrumentos;
– Justificação das recomendações;
– Apresentação de afirmações credíveis e persuasivas.
Princípios subjacentes aos RP: Especificidade
Tem necessidade de ser amado e admirado, mas é igualmente crítico para consigo próprio.
A sua personalidade apresenta alguns pontos fracos, que consegue de um modo geral compensar.
Tem um potencial considerável que ainda não explorou completamente a seu favor.
Observado do exterior, parece disciplinado e saber controlar−se mas, interiormente, tende a estar
preocupado e inseguro relativamente a si próprio.
Por vezes, interroga−se seriamente se tomou uma boa decisão ou se fez o que deveria ter feito.
Já descobriu que é inábil por se revelar muito facilmente aos outros.
Nalguns momentos, é extrovertido, falador e sociável, enquanto que noutros momentos, é introvertido,
circunspecto e reservado. Algumas das suas aspirações tendem a ser irrealistas.
13
19
Problemas relativos à Especificidade: Reconhece-se neste
“retrato”?
• Exemplo de análises “psicológicas” instantâneas/imediatas
• Texto compilado pelo psicólogo norte-americano Bertram Forer (1914-2000), em
1948, a partir de diversos horóscopos.
Documento redigido:
• Linguagem compreensível e adequada aos destinatários
• Considera o nível de formação dos destinatários
• Responde às necessidades de informação dos destinatários
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•Considerar as competências dos leitores;
•Frases curtas, minimização do número de palavras difíceis,
redução do jargão, poucos acrónimos (Groth− Marnat, 2016).
Princípios •Termos técnicos podem ser explicados através de descrição
subjacentes aos RP: qualitativa de respostas aos testes (p. ex., para memória de trabalho
Legibilidade / verbal: ter dificuldade de repetir séries de números em ordem
inversa).
Problemas •Possibilidade de um RP “breve” (p. ex., para pais menos
escolarizados) que resuma as conclusões da avaliação incluindo
áreas de funcionamento positivo (recursos), dificuldades,
etc(Groth−Marnat, 2016)
6
•Recomendações: específicas, claras/evidentes, realistas do
ponto de vista da sua implementação e consistentes com o
conhecimento, competências, experiências e atitudes de pais e
professores (Bagnato, 1980; Harvey, 2006;Wiener, 1987).
• RP deve ou não apresentar resultados quantitativos?
• Percentis (explicar; consensual; Harvey, 2006)
Legibilidade / Problemas:
Comunicação dos
resultados •Outros resultados emTabelas ou Anexos: casos em que é
necessária uma tomada de decisão ou em que a pessoa
manifesta desempenho/nível de funcionamento inferior
ao Percentil 1 (p.ex., diferença funcionamento adaptativo
entre pontuação padronizada de 65 e 40)
- Domínio a domínio
. inteligência, [realização escolar], comportamento adaptativo, funcionamento social e emocional,
personalidade.
. parágrafos separados por cada domínio de interesse. Cada parágrafo pode incluir dados provenientes de
vários testes.
- Aptidão a aptidão
. raciocínio, linguagem recetiva, memória, aptidão viso−espacial, apt. viso− motora
. Aptidões ou funções específicas, pode incluir dados provenientes de vários testes. [cf. Relatórios de
Avaliação neuropsicológica].
− . Teste a teste
. WAIS−III; Matrizes Progressivas de Raven; F. C. de Rey; Purdue; MMPI−2.
. parágrafos separados para descrever resultados em cada teste individualmente considerado.
. No final do relatório, e num único parágrafo, um resumo integrativo dos principais dados obtidos nos testes e
outros instrumentos de avaliação
TIPOS e OBJECTIVOS de RELATÓRIOS
PSICOLÓGICOS
▪ Inteligência
▪ Neuropsicológicos
▪ Personalidade
▪ Forense
▪ Escolares/Psico−educacionais
▪ Vocacionais
Distinções fluídas e artificiais:
– Cognitivo vs Neurocognitivo/neuropsicológico
– Inteligência/ Neuropsicológico e personalidade …. [Contexto Forense]
– Personalidade, neuropsicológicos, forenses … [Contexto Clínico]
OBJECTIVOS
– screening, diagnóstico, progresso (Sattler, 2008)
26
RELATÓRIOS PSICOLÓGICOS DE AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA/COGNIÇÃO (I): DOMÍNIOS
FUNCIONAIS COMUNS
27
Groth-Marnat, G., & Davis, A. (2014). Psychological report writing assistant. New York: Wiley.
RP AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA/COGNIÇÃO (II): DOMÍNIOS FUNCIONAIS
COMUNS
▪ Aptidão intelectual geral (WPPSI-R;WISC-III;WAIS-III;TeLPI)
▪ Aptidão verbal (Testes verbais,WPPSI-R;WISC-III;WAIS-III)
▪ Aptidão não verbal (Matrizes Progressivas de Raven [MPER; MPCR; MPRA])
▪ Velocidade de Processamento (IVP: Pesquisa de Símbolos, Código)
▪ Memória deTrabalho (Mem.Dígitos, Sent. Inverso;Tab. Corsi)
▪Memória (WMS-III; RAVLT; FCSRT; BANC [Lista de Palavras; Memória de Histórias; Fig. Compl. de Rey; Corsi;
Reconhecimento de Faces])
▪ Realização/Desempenho Escolar (ex., O rei, prova de leitura)
▪ Avaliação Funcional/Actividades deVida Diária (IAFAI)
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RELATÓRIOS NEUROPSICOLÓGICOS (I): DOMÍNIOS FUNCIONAIS COMUNS
Relatório Neuropsicológico
– Contribuir para tomar decisões e desenvolver planos de intervenção/tratamento baseados na capacidade do cliente
para desempenhar actividades na sua vida diária
– Linguagem, termos técnicos que é necessário explicar: síndroma pós−concussão, afasia, neglect visual, agnosia
Groth-Marnat, G., & Davis, A. (2014). Psychological report writing assistant. New York: Wiley.
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RELATÓRIOS NEUROPSICOLÓGICOS (II): DOMÍNIOS FUNCIONAIS COMUNS
▪participação num grupo focado no apoio para o uso de múltiplas técnicas de memória e apoio social para reduzir o
stress das dificuldades de memória
Groth-Marnat, G., & Davis, A. (2014). Psychological report writing assistant. New York: Wiley.
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RELATÓRIOS PSICOLÓGICOS DE AVALIAÇÃO DA PERSONALIDADE (I):
Estratégias para alargar as interpretações da personalidade
Pedidos de avaliação:
▪ [Qual é o] Diagnóstico?
▪ O que pode ser feito para ultrapassar impasse em psicoterapia?
▪Que tipo de intervenção psicológica é mais benéfica/eficaz para o cliente?
▪ Como é que o cliente lida com/funciona em situações de stress?
▪ Porque é que tem dificuldades em exprimir emoções?
▪ Quais são os seus padrões de relação interpessoal?
Aula 13_IAP 31
Groth-Marnat, G., & Davis, A. (2014). Psychological report writing assistant. New York: Wiley.
RELATÓRIOS PSICOLÓGICOS DE AVALIAÇÃO DA PERSONALIDADE (II):
Estratégias para alargar as interpretações da personalidade
Aula 13_IAP 32
Groth-Marnat, G., & Davis, A. (2014). Psychological report writing assistant. New York: Wiley.
RELATÓRIOS FORENSES (I): TÓPICOS COMUNS
▪ Custódia de crianças
▪ Grau de perigosidade/risco de violência
▪ Risco de reincidência
▪ Dano pessoal (Personal injury)
▪ Capacidade para tomar decisões legais
▪ Falsas confissões
▪ Capacidade para viver com
autonomia/independência
▪ Ausência de culpabilidade por motivo de
insanidade
Groth-Marnat, G., & Davis, A. (2014). Psychological report writing assistant. New York: Wiley.
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RELATÓRIOS FORENSES (II): CARACTERÍSTICAS
Groth-Marnat, G., & Davis, A. (2014). Psychological report writing assistant. New York: Wiley. p.101, p.104
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Relatórios de Avaliação Psicológica FORENSE (adaptação)
35
Relatórios de Avaliação
Psicológica
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Relatórios de Avaliação Neuropsicológica Relatórios de Avaliação
Neuropsicológica
▪ Elementos de identificação
▪ Elementos de identificação
▪ Motivo do pedido ▪ Motivo do pedido
▪ Revisão de relatórios anteriores relevantes ▪ Informação contextual
▪ História relevante ▪ Entrevista
▪ Observações do Comportamento ▪ Observações do Comportamento
▪ Testes administrados ▪ Resultados nosTestes
▪ Resultados nosTestes ▪ Impressões/Recomendações
▪ Resumo e Impressões
▪ Recomendações
▪Examinador e assinatura(s)
de quem redigiu o relatório
Hebben, N., & Milberg,W. (2009) Donders, J. & Strong, C.-A.. H. (2016)
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Relatórios de Avaliação Neuropsicológica
▪ Elementos de identificação
▪ História relevante
▪ Revisão de relatórios anteriores relevantes
▪ Preocupações atuais
▪ Relato do(s) informador(es)
▪ Observações durante a aquisição da história clínica e a administração de
testes
▪ Resultados nosTestes
Inteligência geral
Realização escolar
Funções executivas
Atenção
Memória
Linguagem
Aptidões viso-espaciais
Função motora
Função sensorial
Funcionamento psicossocial
▪ Resumo e Opinião
▪ Recomendações
▪ Anexo:Testes administrados
Strauss, E., Sherman, M. S., & Spreen, O. (2006).
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Relatório Responsivo* ao Consumidor (Consumer-Responsive Report)
▪ Elementos de identificação [Identifyng information]
▪ Motivo do pedido [Reason for referral]
▪ Procedimentos de avaliação [Assessment procedures]
▪ Informação contextual [Background Information]
- História das Intervenções [Intervention History]
- Entrevistas [Interviews]
▪ Observações do comportamento [Behavioral observations]
▪Resultados da avaliação (ou Resultados nos Testes) [Assessment results or
Test Results]
▪ Impressões Clínicas [Clinical impressions]
▪ Resumo [Summary]
▪ Recomendações [Recommendations]
▪ Resumo de Dados/Tabela com resultados [Data Summary]
* receptivo/adequado/adaptado/sensível/
Lichenstein, R. & Ecker, B. (2019)
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• Informação relativa a elementos de Identificação
• Quem solicita o pedido de avaliação e questões de avaliação
[Motivo da consulta de avaliação]
• Instrumentos de medida administrados
• Notas relativas às sessões de teste (testing)
• Descrição do paciente/cliente
RP: Estrutura/Secções
• Apresentação do problema
• Informação contextual
(Wright, 2020)
História do problema atual
Avaliação sintomática
Avaliação Psicossocial
• Avaliação do estado mental
• Observações relativas ao comportamento
• Interpretação global dos resultados nos testes
Inteligência e funcionamento cognitivo
Personalidade e funcionamento emocional
Avaliação psico-social
• Formulação do caso: interpretações, impressões e conclusões
• Recomendações
• [Resumo/Sumário]
• Assinaturas
Anexos
Resultados nosTestes Wright, A. J. (2020)
Adenda feedback
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• Informação relativa à Identificação RP: Formato
(Groth-Marnat & Davis, 2014)
• Questões do pedido de avaliação
• Procedimentos de Avaliação
• Observações relativas ao
comportamento/estado mental
• Informação contextual
• Resultados nos testes
• Impressões e Interpretações
• Resumo/Sumário
• Recomendações Groth-Marnat, G., & Davis, A. (2014).
• Assinatura /título
41
Relatório de Avaliação
• Informação de identificação
– Etnia – Supervisor
42
• Identificação e informação
geral
43
Fonte de referenciação | Motivo de avaliação
44
Informações básicas
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Informações Básicas
• Informação sintomática
– Sintomas reportados pelo cliente,
associados ao problema atual;
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Informações Básicas
• Avaliação Psicossocial
– Família;
– Escola;
– Grupos;
– Relacionamentos.
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Avaliação do estado mental
– Discurso e linguagem;
– Estado emocional e afetivo;
– Cognição;
– Funcionamento pré-frontal.
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OBSERVAÇÕES DO COMPORTAMENTO
1. Delimitar comportamentos
específicos que devem ser descritos
2. Explicar ao leitor hipóteses
interpretativas relativas aos
comportamentos indicados
3. Suportar hipóteses com exemplos
específicos
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OBSERVAÇÕES DO COMPORTAMENTO: TÓPICOS POSSÍVEIS
. aparência/apresentação física
. facilidade de estabelecer relação com o examinado
. estilo da linguagem
. resposta a situações de fracasso
. respostas bem sucedidas
. resposta ao encorajamento
. período/tempo de atenção
. Distractibilidade
. nível de atividade
. nível de ansiedade
. impulsividade/reflexibilidade
. estratégias de resolução de problemas
. atitude relativa ao processo de testing
. atitude relativa ao examinador
. atitude relativa a si próprio
. maneirismos ou hábitos inabituais
. validade dos resultados nos testes considerando os comportamentos observados
(Lichtenberger et al., 2004)
51
Observações do comportamento: Grelha …
- Compreende as questões colocadas (entrevista, testes)?
- Interage positivamente?
- Vocalização inapropriada
- Contacto visual
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Observações do comportamento: Grelha GATSB
53
Observações do
comportamento:
Grelha GATSB
54
Resultados
55
Resultados
1. Funcionamento cognitivo;
– De que forma está a impactar no
funcionamento atual do sujeito avaliado; Como
se relaciona com o mundo;
56
Resultados
1. Funcionamento cognitivo;
– E.g., sujeito com dificuldades de aprendizagem.
Devem ser apresentados os resultados do(s)
teste(s) de avaliação (e.g., inteligência) e
comparados face a um critério (e.g., resultados
académicos).
57
Resultados
1. Funcionamento cognitivo;
– Pode incluir avaliação neuropsicológica:
Motivação; Linguagem;
Atenção; espacial;
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Resultados
3. Funcionamento Vocacional
– Aplicável nos casos em que são utilizados testes de
interesses vocacionais / aptidões;
– Dados relativos aos interesses do sujeito,
prioridades em termos de ambiente de trabalho,
segmentação de áreas vocacionais.
60
Impressões de diagnóstico
• De acordo com a avaliação realizada, poderão ser
reportadas impressões de diagnóstico com base
nos 5 eixos do DSM-V
i. Perturbações clínicas;
62
RnP: Sumário/Conclusão
O sumário/ conclusão constitui a secção principal, e provavelmente,
a única que vai ser lida ou, em situações mais positivas, aquela que vai
ser mais bem lida e relida, é a conclusão com hipótese diagnóstica
modal-funcional
63
Relatórios Neuropsicológicos: Princípios de redação/escrita
64
Relatórios Neuropsicológicos: Princípios de redação/escrita
65
Relatórios Neuropsicológicos: Exigências/Critérios de avaliação
66
Relatórios Neuropsicológicos: Exigencias/Critérios de avaliação
68
Aula 13_IAP
Exemplo de um relatório de
Avaliação Neuropsicológica
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA/NEUROPSYCHOLOGICAL REPORT
1. Identificação
Nome: “Joana Z. Z. Z.” (nome fictíicio).
Idade: 52 anos (data de nascimento: 20.01.1968).
Residência: ……………………………., …, ….. XXXX-XXX, Porto.
Contacto telefónico: XXXXXXXXX.
2. Contextualização do pedido
O pedido de realização de um exame de Avaliação Neuropsicológica foi efectuado
Clínica XX pela Sr.ª “Joana Z. Z. Z.” por indicação da sua médica psiquiatra, Drª. “E.V.A.”
(nome fictício).
71
3. Dados sociodemográficos
1.Escolaridade. Completou o ensino secundário regular, sem reprovações,
descrevendo-se como uma aluna regular. Licenciada em Economia (nota final de 14
valores).
2.História Profissional. Iniciou actividade laboral aos 22 anos de idade como
professora do Ensino Secundário em XX. Em janeiro de 2017 começou a trabalhar na
empresa multinacional XX, exercendo a função que mantém actualmente de gestora
de recursos humanos.
3.Constelação familiar. Casada. Reside com o marido (Sr. XXXXX, 57 anos,
“advogado”) e a filha do casal (X, 20 anos, frequenta o Mestrado em “Farmácia”). É a
mais nova de uma fratria de três irmãos (Sr. X, 61 anos, professor primário; Sr.ª X, 60
anos, aposentada por incapacidade resultante de acidente de viação; Sr.ª X, 54 anos,
vive nos “EUA”). O pai (Sr. X, 80 anos) vive num lar de pessoas idosas. A mãe (Sr.ª, X,
faleceu há 10 anos com doença oncológica).
72
3. Dados sociodemográficos
4.História médica. Diagnóstico de Esclerose Múltipla em 2012 (acompanhamento
neurológico desde então pelo Dr. X, médico neurologista, no Hospital XXX, com
frequência semestral. Histerectomia total. Tiroidectomia em 2015 por nódulo
benigno. Sofre de hipertensão e menciona três bloqueios cardíacos sem impacto no
quotidiano. Sem história de acompanhamento psiquiátrico ou psicoterapêutico.
5.Medicação atual. Letter 0.1 mg (1 c. em jejum), Candesartan 8 mg (1 c. à noite),
Zumenon 2 mg (1 c. manhã), Sedoxil 1 mg (1 c. à noite), Atozet 10 mg/20 mg (1 c. à
noite), Acetato de Glatirâmero (inj. 2ª, 4ª e 6ª à noite), Fluoxetina 20 mg (1 ou 2 c. de
manhã), Alprazolam 0.5 mg (1 c. à noite), Amatadina (1 c. de manhã e à noite), Lexotan
1.5 mg (1 c. à noite em SOS) e Vitamina D (1 c. de manhã), Cianocobalamina, 1 mg (1 c.
à noite).
73
4. Informação clínica e contextual
• A informação seguidamente apresentada resulta dos dados recolhidos em entrevista
clínica individual com a Sr.ª Joana Z., bem como da informação que consta nos
elementos clínicos disponibilizados pela mesma.
• A Sr.ª Joana Z. reside em X [cidade] com o seu marido, Sr. X (casados há 25 anos) e com
a filha do casal, X. Oriunda de uma família que caracteriza como conservadora e
“patriarcal” (que interferiu na escolha do curso de ensino superior que pretendia seguir,
Direito, na Universidade de “Lisboa” e não Economia na Universidade do “Porto”, por
não concordarem que fosse estudar noutra cidade). É a mais nova de uma fratria de três
irmãos, identificando relações familiares de forte proximidade (“[somos] bastante
unidos”). Comenta que a família “é fonte de desgaste” ao percepcioná-la como elemento
de suporte (“contam com a minha ajuda”).
74
4. Informação clínica e contextual
• A Sr.ª “Joana Z.” indica ter sido diagnosticada com Esclerose Múltipla em 2012,
após ter sofrido o primeiro surto da doença (pouco tempo depois do falecimento da
mãe). Indica ter sofrido um total de três o surtos, mencionando o efeito adverso do
tratamento com doses elevadas de cortisona (“faço um efeito esquisito ao
tratamento (…) fico mais cansada”). Percepciona ter conseguido uma “adaptação
muito boa às minhas limitações”. Caracteriza-se como uma pessoa “emocionalmente
forte”. Contudo, considera que a sua condição de saúde tem vindo a agravar-se e
a interferir progressivamente no seu funcionamento habitual, particularmente
em contexto laboral, sinalizando fadiga, limitações de mobilidade e queixas de
memória e de concentração, agravadas pelo stress e com impacto negativo na sua
produtividade (por lentificação), com necessidade de mais tempo (horas) de
trabalho para concluir as suas tarefas.
75
4. Informação clínica e contextual
• A Sr.ª “Joana Z.” menciona ter trabalhado como professora do Ensino Secundário
durante 24 anos, experiência que descreve inicialmente com orgulho e entusiasmo.
• Contudo, refere que nos últimos anos de trabalho na escola “sentia que demorava
mais tempo a fazer as coisas” e “muita pressão” (relativa às exigências burocráticas,
à falta de educação de alguns alunos e à pressão dos pais preocupados apenas com
as notas dos filhos determinantes no acesso ao ensino superior.
• Menciona igualmente como dificuldade experienciada o clima de instabilidade que
se vivenciava na escola, com direcções muito autocráticas e discricionárias, que
constituíram uma fonte de stress.
76
4. Informação clínica e contextual
77
4. Informação clínica e contextual
78
4. Informação clínica e contextual
• A Sr.ª Joana Z. salienta que na sua entidade patronal “contam que eu faça as coisas,
têm expectativas sobre mim e não as quero defraudar”).
• Não sendo capaz de identificar soluções para a sua continuidade, considera
inevitável a saída da empresa, pelo que equaciona que o seu futuro profissional
passe pela procura de trabalhos cada vez menos qualificados (com associada
perda de rendimento) ou pela reforma antecipada.
79
4. Informação clínica e contextual
• Relativamente à sua rotina diária, a Sr.ª Joana Z. refere ter ocorrido uma reorganização
familiar com vista à adaptação às suas dificuldades (e.g., aproveita o fim-de-semana para
confeccionar as refeições da semana seguinte, partilha tarefas com o marido e a filha).
• O cansaço sentido é também evidente em período de férias ou outros momentos em que
“saio da rotina” (exemplifica que quando pretende passar um fim-de-semana fora
necessita de um dia adicional para poder recuperar antes de regressar ao trabalho).
Revela existirem fins-de-semana exclusivamente para descanso (“literalmente o fim-de-
semana [deitada a descansar]”), realçando que a sua família e amigos “não cobram, nem
ligam (…) à falta de energia”.
• Acrescenta visitar o pai, a residir num lar, em dias alternados e ao fim-de-semana, o que
sente com pressão acrescida por a mesma manifestar dificuldade em compreender
quando não a pode ir visitar (“sou a única que o pode ir ver”).
80
4. Informação clínica e contextual
• Nos tempos livres gostava de conviver socialmente (“iam amigos lá a casa”; “jantar
fora com amigos”), salientando que não o faz actualmente.
• A Sr.ª Joana Z. frisa o receio associado à percepção de perda de capacidade
relatando, emocionada, dois episódios recentes que a perturbaram (uma situação
em que deixou a porta do carro completamente aberta, num estacionamento de
centro comercial, enquanto foi às compras, tendo sido alertada pelos seguranças;
outra situação em que se esqueceu da chave de casa junto do caixote do lixo
próximo da habitação, tendo a mesma sido encontrada por um dos vizinhos e não
tendo a Sr.ª Joana Z. dado pela falta da mesma).
81
4. Informação clínica e contextual
• A Sr.ª Joana Z. disponibilizou informação clínica adicional, nomeadamente o Relatório de
Estudo Neuropsicológico do Serviço de Neurologia do Hospital X (Dr. X, Psicólogo),
datado de 18-03-2019. Nele é descrito que os resultados obtidos nos instrumentos de
avaliação cognitiva Montreal Cognitive Assessment (MoCA) e Bateria de Lisboa para a
Avaliação de Demências (BLAD) são compatíveis “com um perfil global de disfunção executiva
(com penalização em tarefas dependentes de tempo – por lentificação psicomotora e défice
atencional) e defeito de memória verbal e visual”. Este exame não detectou alterações no
domínio da linguagem ou em outras funções além das identificadas, realçando “a boa
capacidade cognitiva global da doente e preservação das restantes funções nervosas superiores.
Conclui-se que “o perfil descrito está tipicamente associado ao quadro neurológico de base
(Esclerose Múltipla) e justifica, por si só, limitação do exercício pleno de actividade profissional
com grau de exigência expectável atendendo à idade e escolaridade da doente (em termos de
velocidade e rendimento de trabalho)”.
82
4. Informação clínica e contextual
83
4. Informação clínica e contextual
• Consta que desde o início da doença se identifica “fadiga intensa que se vem
agravando ao longo do tempo” (física e mental, “muito incapacitantes”), “quadro
ansioso depressivo muito acentuado” e, mais recentemente, “queixas de lentificação
mental”, sendo reportadas “queixas cognitivas dominadas por falta de palavras no
discurso espontâneo, dificuldade na memória recente e défice de atenção”.
• Considerando igualmente os resultados obtidos em Avaliação Neuropsicológica e
detalhados supra (cf. Relatório de Estudo Neuropsicológico, de 18-03-2019) o
especialista é do parecer “que a doente deve ser reformada por incapacidade para
a sua profissão”.
84
4.1. Dados do funcionamento actual
85
4.1. Dados do funcionamento actual
86
4.1. Dados do funcionamento actual
(iii) Problemas de natureza emocional: Insegurança (“sinto que estou sempre em falta
com alguma coisa”, “sinto-me insegura em estar sozinha”, “tenho menos confiança em
mim”). Ansiedade (stress e tensão interior, “se estiver muito barulho, muito movimento,
fico mais stressada”, pressão sentida pela exigência do trabalho). Tristeza (“vontade de
chorar”). Frustração (“muito frustrada”, “magoada comigo própria”, “é um sofrimento
não ser independente”). Desespero (“sensação de limite de desespero”; “o medo de
perder a noção [crítica sobre a sua condição e dificuldades]… é assustador”).
Desesperança no futuro (“tenho estado a sentir-me cada vez mais entre a espada e a
parede”; “não vejo outra solução, vou ter de sair [da empresa]”).
87
4.1. Dados do funcionamento actual
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5. Procedimentos de avaliação neuropsicológica
89
• Entrevista clínica.
• Avaliação Cognitiva/Intelectual Global: Escala de Inteligência de Wechsler
para Adultos – Terceira Edição (WAIS-III; Wechsler, 1997, 2008); Avaliação
Cognitiva de Addenbrooke – Revista (ACE-R; Firmino et al., 2008; Gonçalves
et al., 2015; Simões et al., 2018), incluindo Exame do Estado Mental (MMSE;
Freitas et al., 2015; Santana et al., 2016; Simões et al., 2018).
• Funcionamento Emocional: Inventário de Sintomas Breves (BSI; Derogatis,
1982; Canavarro, 2007); Inventário de Depressão de Beck-II (BDI-II; Beck, et
al., 1996; Oliveira, Simões, & Paúl, 2014).
• Personalidade: Questionário de Personalidade de Eysenck – Forma
Revista (EPQ-R; Eysenck & Eysenck, 1993; Almiro & Simões, 2014).
• Validade das Respostas/Sintomas: Escala de Desejabilidade Social de 20
Itens (EDS-20; Simões, Almiro & Sousa, 2014;Almiro et al., 2017).
90
• Memória: Cenas de Família (CF) e Localização Espacial (LE) da Escala de
Memória de Wechsler – Terceira Edição (WMS-III; Wechsler, 1997, 2008);
Figura Complexa de Rey (Rey, 1964; Bonifácio et al., 2003); Rey Auditory
Verbal LearningTest (RAVLT; Rey, 1964; Cavaco et al., 2015).
• Atenção e Funções Executivas: Bateria de Avaliação Frontal (FAB; Dubois
et al, 2000; Lima et al., 2008); Trail Making Test A e B (Reitan & Wolfson,
1985; Cavaco, 2013); Fluência Verbal Semântica (FVS) e Fonémica (FVF)
(Cavaco et al., 2013); STROOP – Teste de Cores e Palavras (Golden &
Freshwater, 1994; Fernandes, 2013); Barragem de 3 sinais (Rodrigues do
Amaral, 1967; Lima et al., 2018); D2 (Brickenkamp, 2002; Ferreira & Rocha,
2007).
• Funcionamento Emocional: Inventário de Ansiedade Estado-Traço de
Spielberg (STAI-Y1 e Y2; Spielberg, et al., 1970; Silva, 2003); Escala de
Ansiedade e Depressão Hospitalar (HADS; Zigmond & Snaith, 1983; McIntyre
et al., 1999; Pais-Ribeiro et al., 2007).
91
• Personalidade: Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota – 2
(MMPI-2; Hathaway & McKinley, 1989; adaptação portuguesa: Silva, Novo,
Prazeres, & Pires, 2006).
• Dor: Inventário Resumido da Dor (BPI; Cleeland, 1991; Azevedo et al., 2007);
Questionário McGill sobre a Dor – forma reduzida (SF-MPQ; Melzack, 1987).
• Avaliação Funcional: Inventário de Avaliação Funcional de Adultos e Idosos
(IAFAI; Sousa et al., 2013) – administrado à própria, presencialmente, e ao
marido, por contacto telefónico.
• Funcionamento Emocional: Questionário de Vulnerabilidade ao Stress (23
QVS;Vaz Serra, 2000).
• Validadedas Respostas/Sintomas: Test of Memory Malingering (TOMM;
Tombaugh, 1996; Simões et al., 2017); Structured Inventory of Malingered
Symptomatology (SIMS;Widows & Smith, 2005; Simões et al., 2017).
92
• Memória: Teste de Recordação Seletiva Livre e Guiada (FCSRT; Buschke,
1984; Grober & Buschke, 1987; Lemos, et al., 2014; Lemos et al., 2015); Brief
Visuospatial Memory Test – Revised (BVMT-R; Benedict, 1997); Teste de
Símbolos e Dígitos (SDMT; Smith, 1973).
• Fadiga: Escala do Impacto da Fadiga (Fisk et al., 1994; Gomes, 2011); Escala
de Severidade da Fadiga (FSS; Krupp et al., 1989; Gomes, 2011).
• Personalidade: InventárioClínico de Autoconceito (ICAC;Vaz Serra, 1985).
• Validade das Respostas/Sintomas: Teste de Memória de Rey – 15 Itens (15-
IMT; Rey, 1964; Boone, et al., 2002; Vilar et al., 2017); Escala de Validade de
Sintomas – Versão 2 (EVS-2; Cunha, 2011; Simões et al, 2017); Self-Report
Symptom Inventory (SRSI; Merten et al., 2016; estudos de adaptação para
validação portuguesa: Dwarkadas, Pinheiro, Domingues, & Simões, 2019).
93
6. Observações do comportamento
95
7. Resultados da avaliação neuropsicológica*
96
7.1. Avaliação cognitiva/intelectual global
97
7.1. Avaliação cognitiva/intelectual global
98
7.1. Avaliação cognitiva/intelectual global
99
7.1. Avaliação cognitiva/intelectual global
• Tendo por referência a análise das discrepâncias entre QIs e Índices Factoriais,
destacam-se desempenhos mais reduzidos (mas ainda “médios”) particularmente na
velocidade psicomotora (diferença de 26 pontos, observada em 4.9% da população da
amostra de referência), mas também na memória de trabalho associada à capacidade
de atenção e processamento de informação verbal (diferença de 18 pontos,
encontrada em 13.8% da amostra de referência) e na coordenação viso-motora
(diferença de 16 pontos, observada em 15% da amostra normativa), tendo por
comparação as aptidões verbais relativas a raciocínio verbal e conhecimentos
adquiridos.
• Considerando os dados normativos para o seu grupo etário e nível de escolaridade, os
resultados obtidos no Mini-Mental State Examination (MMSE) e na Avaliação
Cognitiva de Addenbrooke – Revista (ACE-R) são “médios”, sugerindo ausência de
declínio cognitivo, observando-se alterações ligeiras circunscritas ao domínio viso-
espacial.
100
• 7.2. Memória
• No que reporta à Memória Verbal, registam-se resultados médios ao nível da
evocação imediata, evocação diferida, evolução da aprendizagem e capacidade de
retenção, conforme avaliadas pelo Auditory Verbal Learning Test (AVLT). No mesmo
sentido, os valores alcançados no Teste de Recordação Selectiva Livre e Guiada
(FCSRT) sugerem ausência de alterações nos processos de recuperação mnésica
verbal imediata e diferida, com e sem recurso a pistas semânticas.
• Na Memória Visual de material estruturado (subteste Cenas de Família da Escala de
Memória de Wechsler [WMS-III]), foram obtidos valores superiores ao nível da
evocação imediata e diferida e valores médio-superiores na capacidade de retenção.
Na memória visual de material não estruturado (Brief Visual Memory Test - Revised
[BVMT–R]), observam-se resultados médios na evocação imediata, evolução da
aprendizagem e capacidade de retenção, sendo médios-superiores os valores obtidos
na evocação diferida.
101
• 7.2. Memória
102
• 7.3. Atenção e Funções executivas
• No domínio da Atenção, o desempenho temporal no Trail Making Test A indica um
desempenho muito inferior nos processos gerais da atenção, considerando o género,
idade e escolaridade da examinada.
• Na Barragem 3 Sinais, a qualidade global do desempenho da Sr.ª Joana M. (Índice de
Eficácia) situa-se num nível médio-inferior ao esperado para a sua idade e
escolaridade. Contudo, o resultado total obtido (que penaliza erros, omissões e
lentidão nos desempenhos) é considerado muito inferior, sendo principalmente
atribuível ao elevado número de omissões cometidas. Tal indica dificuldades na
atenção selectiva/sustentada que parecem particularmente associadas a fragilidade
na capacidade de controlo volitivo da atenção, traduzindo comprometimento na
capacidade perceptiva e atencional sustentada devido à influência de um padrão de
desatenção que origina falhas na deteção de estímulos relevantes, prejudicando o
rendimento.
103
• 7.3. Atenção e Funções executivas
• No Teste de Atenção D2 os valores “médio-inferiores” registados no Índice de
Concentração e no Total de Eficácia sinalizam alterações ligeiras ao nível da
capacidade de concentração e da combinação entre precisão e velocidade do
desempenho, divergindo parcialmente dos resultados anteriores por ponderarem a
quantidade de estímulos correctamente processados comparativamente ao número
de erros cometidos.
• No domínio das Funções Executivas, o resultado no teste Trail Making Test B sinaliza
dificuldades severas na capacidade de alternância entre sequências do
funcionamento executivo considerando o género, idade e escolaridade da examinada.
• Na Bateria de Avaliação Frontal (FAB), o desempenho da Sr.ª Joana M. revela
dificuldades pontuais relativamente ao esperado para a sua idade e escolaridade,
associadas a perda de pontos nos domínios Controlo Inibitório, Programação de Séries
Motoras e Autonomia Ambiental.
104
• 7.3. Atenção e Funções executivas
• No teste Stroop, considerando a idade e escolaridade da Sr.ª Joana M., os resultados
identificam capacidade normativa de leitura de palavras, nomeação de cores e na tarefa de
interferência, apontando para ausência de dificuldades ao nível da nomeação e inibição de
resposta.
• No Ensaio de Cópia da Figura Complexa de Rey, o resultado médio-inferior obtido indica
dificuldades ligeiras no planeamento e resolução de problemas viso-espaciais.
• Destaca-se a existência de tarefas cujos resultados são penalizados por lentificação na
sua execução (e.g. subtestes Código e Pesquisa de Símbolos, SDMT, Trail Making Test A,
Stroop), incluindo provas onde se regista resposta correcta após o tempo limite (e.g.
subtestes Completamento de Gravuras e Cubos), sugerindo que as dificuldades na
velocidade de processamento de informação (comparativamente às suas aptidões
verbais) tendem a prejudicar os seus desempenhos em vários testes que têm em comum a
sensibilidade a défices de atenção.
105
7.4. Funcionamento emocional
106
7.4. Funcionamento emocional
107
7.5. Personalidade
108
7.5. Personalidade
• O perfil obtido no Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota – 2 (MMPI-2),
considerado válido atendendo aos resultados obtidos nas escalas de validade, identifica
presença de desajustamento pessoal e sofrimento psicológico caracterizados pela
elevação significativa das escalas clínicas pertencentes à denominada “tríade neurótica”
(escalas Depressão, Histeria e Hipocondria) bem como, de forma mais ligeira, na escala de
Introversão Social. Estas elevações são características de pessoas com diagnóstico de
Esclerose Múltipla e são igualmente corroboradas por resultados elevados nas escalas de
conteúdo Preocupações com a saúde e na escala de Ansiedade. Do ponto de vista
interpretativo, estes resultados traduzem angústia, propensão para instabilidade emocional
e maior incidência de emoções negativas associadas à existência de queixas somáticas e
preocupações com a saúde, o que é passível de ser enquadrado no quadro clínico da Sr.ª
Joana M., sendo este perfil de resultados comummente observado em pacientes com
Esclerose Múltipla.
109
7.5. Personalidade
110
7.6. Dor
• Os resultados obtidos no Inventário Resumido da Dor (BPI) são característicos da
população de pacientes com dor crónica, tanto no Índice de Severidade da dor (classificação
da severidade da dor no seu mínimo, no seu máximo, em média e no momento actual) como
no Índice de Interferência nas actividades de vida diária. É sinalizada a existência de dor com
múltiplas localizações (cabeça, ombros, membros superiores e inferiores, lombar), com
frequência variável e com alívio parcial por terapêutica medicamentosa (a examinada
refere percepção de 50% de melhoria no alívio da dor).
• As pontuações registadas no McGill Pain Questionnaire – Short Form (MPQ-SF) identificam
valores compatíveis com os encontrados em estudos com pacientes com Esclerose Múltipla,
recorrendo a examinada a descrições sensoriais e afectivas da dor. São identificadas dores,
com intensidades forte (dor tipo “cãibra” ou “moer”) e moderada (dor “cansativa-
esgotante”), características do quadro de Esclerose Múltipla (espasticidade e dores músculo-
esqueléticas), sendo a intensidade máxima da dor classificada como “71 em 100” e a
intensidade actual descrita como “forte”.
111
7.7. Fadiga
112
• 7.8. Avaliação funcional
• As respostas da Sr.ª Joana M. ao Inventário de Avaliação Funcional de Adultos e Idosos
(IAFAI) identificam 31.9% de incapacidade funcional global na realização de actividades de
vida diária (Percentil 6). Estas dificuldades verificam-se nas actividades de vida diária (19.2%,
inferior ao Percentil 5), nas actividades instrumentais familiares de vida diária (10.6%,
Percentil 8) e nas actividades instrumentais avançadas de vida diária (2.1%, Percentil 25).
• Relativamente às actividades básicas de vida diária, são assinaladas dificuldades
associadas à tarefa de vestir e despir autonomamente, higiene (lavar e limpar o corpo
todo, cortar as unhas dos pés) e de mobilidade (deslocar-se sem perder o equilíbrio ou cair,
subir e descer degraus, alcançar objectos acima da linha dos ombros, deitar e levantar da
cama, entrar e sair do banho em segurança) que se agravam particularmente quando sente
dores. Nas actividades instrumentais familiares foram comunicadas dificuldades em cuidar
da casa (que se traduzem em ter deixado de realizar tarefas como aspirar, varrer ou lavar o
chão ou cuidar dos animais ou do jardim por dificuldades em realizar esforços físicos) ou em
manter a segurança na habitação (lembrar-se de onde estão objectos importantes, não
esquecer de desligar o forno, o fogão ou o ferro de engomar, assegurar que o
aquecedor/lareira não causam perigo).
113
• 7.8. Avaliação funcional
• Nas atividades instrumentais avançadas foram assinaladas dificuldades circunscritas à compreensão e comunicação
(e.g. ler um livro ou jornal e perceber o que leu). A Sr.ª Joana M. atribui estas dificuldades maioritariamente a
limitações de natureza física (fraqueza, perda de equilíbrio, dor), mas também a dificuldades de natureza cognitiva
(problemas de concentração e memória) e de natureza emocional (associadas a ansiedade).
• Por sua vez, as respostas do Sr. X (marido), ao IAFAI identificam, relativamente ao reportório comportamental atual
da sua esposa, 21.3% de incapacidade funcional global na realização de atividades de vida diária (Percentil 12).
Estas dificuldades verificam-se nas atividades básicas de vida diária (4.3%, Percentil 21, mobilidade e transferências),
nas atividades instrumentais familiares de vida diária (10.6%, Percentil 7, cuidar da casa e da segurança em casa) e nas
atividades instrumentais avançadas de vida diária (6.4% Percentil 10, dificuldades no lazer e relações interpessoais).
Aos problemas sinalizados pela esposa, o Sr. X (marido) acrescenta que esta diminuiu a frequência ou deixou mesmo de
realizar algumas tarefas anteriormente tidas como agradáveis como ler, fazer caminhadas, organizar convívios
familiares/sociais. O Sr. X atribui estas dificuldades sobretudo a limitações de natureza cognitiva (associadas a fadiga
cognitiva e problemas de concentração e memória) e, em menor grau, a limitações de natureza física (fraqueza, dor),
não identificando dificuldades de origem emocional.
114
• 7.8. Avaliação funcional
• Os problemas identificados pelo Sr. X (marido) em entrevista independente são
convergentes com os dados reportados pela sua esposa, conferindo consistência às
dificuldades funcionais comunicadas. O marido sublinha que os problemas
manifestados, associados à condição de dor permanente e cansaço e às características
exigentes do trabalho da Sr.ª Joana M. (“o ritmo é muito exaustivo”), têm vindo a
contribuir para a “exaustão” da esposa, destacando ainda o forte impacto emocional
que esta vivencia (traduzido em ansiedade, irritabilidade, sentimentos de frustração e
desânimo).
115
7.9. Exame deValidade de Respostas
116
7.9. Exame de Validade de Respostas
117
8. Conclusões
118
8. Conclusões
• A avaliação dos domínios cognitivos específicos revela prejuízo no domínio
da atenção/concentração e em algumas tarefas do funcionamento
executivo. Observam-se dificuldades na capacidade de concentração
(sobretudo atribuíveis a défices na velocidade de processamento de
informação) e, de forma mais acentuada, ao nível dos processos gerais da
atenção e da capacidade de atenção selectiva/sustentada (imputáveis a
dificuldade na manutenção do controlo volitivo da atenção que prejudica o
rendimento da examinada ao conduzir a um elevado número de omissões no
desempenho).
• São identificadas alterações severas na capacidade de alternância
cognitiva (que podem também ser explicados pelos problemas atencionais
identificados) e alterações ligeiras no planeamento e resolução de
problemas viso-espaciais.
119
8. Conclusões
120
8. Conclusões
121
8. Conclusões
122
8. Conclusões
123
8. Conclusões
124
8. Conclusões
125
8. Conclusões
• É de ponderar a possibilidade de reorganização das atividades
profissionais (e.g. diminuição do tempo de trabalho) da Sr.ª
Joana M. considerando as limitações identificadas e a sua
condição clínica.
126
Tabelamento de resultados
Trabalho prático
Sessão de devolução de.
Resultados de avaliação
Feedback sobre o processo de avaliação
13
0
Feedback sobre o processo de avaliação
13
1
Cópia do relatório
A não ser que exista um motivo para não o
fazer, deve ser facultado o relatório de
avaliação ao sujeito avaliado.
13
2
Estrutura da sessão
13
3
Divulgar o diagnóstico
• Kvaal, S., Choca, J. & Groth-Marnat, G. (2003). The Integrated Psychological Report. In L. E. Beutler & G. Groth-Martnat (Eds.), Integrative
Assessment of Adult Personality (2nd ed., pp. 398-433).The Guilford Press.
• Wright, A. J. (2010). Conducting psychological assessment: A guide for practitioners. Hoboker, New Jersey: John Wiley & Sons.
• Baron, I. S. (2018). Neuropsychological evaluation of the child: Domains, methods, and case studies (2nd ed.) [chapter 6: Communication of results:
The interpretative session and the written report, pp. 207-244]. New York: Oxford University Press. Donders, J. & Strong, C.-A. H. (2016). General
principles of Neuropsychological Report preparation. In J. Donders (Ed.). Neuropsychological report writing (pp. 1-29). NewYork: Guilford.
• Donders, J. (2001a). A Survey of Report Writing by Neuropsychologists, II: Test data, report format, and document lenght. The Clinical
Neuropsychologist, 15(2), 137-149. *
• Postal, K., Chow, C., Jung, S., Erickson-Moreo, K., Geier, F., & Lanca, M. (2018). The stakeholders’ project in neuropsychological report writing: A
survey of neuropsychologists’ and referral sources’ views of neuropsychological reports. The Clinical Neuropsychologist, 32(3), 326-344.
• Schoenberg, M. R., & Scott, J. G. (2011). The neuropsychology referral and answering the referral question. In M. Schoenberg & J. G. Scott (Eds.), The
little black book of Neuropsychology: A syndrome based approach (pp. 1-37). NewYork: Spring
• Simões, M. R. (2001). Informes psicológicos en contexto forense. In F. Jiménez Gómez (Coord.), Evaluación psicológica forense – Vol. III: Ámbitos
delictivos, laboral y elaboración de informes (pp. 157-186). Salamanca: Amarú. *
• Strauss, E., Sherman, E.M.S., & Spreen, O. (2006). Report writing and feedback sessions. In E. Strauss, E. M. S. Sherman, & O. Spreen (Eds.), A
compendium of neuropsychological tests: Administration, norms, and commentary (3rd. ed., pp. 86-97). NewYork: Oxford University Press.
13
5
Aula 13_IAP