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TEORIAS DE CELSO VASCONCELLOS

Planejamento Didatico de Acordo com as Teorias de Celso Vasconcellos

O ato de planejar está associado à organização de uma determinada ação. No âmbito das atividades
escolares o planejamento é fundamental para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem
e para o bom funcionamento da escola, pois é imprescindível para orientar a ação educativa de acordo
com as necessidades e possibilidades de cada instituição.

Ao realizar seu planejamento, a escola define qual o tipo de formação vai oferecer e organiza as etapas
do trabalho a ser realizado, o que servirá de eixo condutor aos professores de diferentes componentes
curriculares. O planejamento também é um momento de reflexão sobre a ação pedagógica e de tomada
de decisões sobre as estratégias que serão utilizadas e quais formas de avaliação serão aplicadas no
decorrer do processo de ensino.

De acordo com Celso Vasconcelos, o planejamento escolar deve ser estruturado e articulado através
de três níveis: o planejamento da escola, o plano de ensino ou plano curricular e o plano de aula. O
planejamento da escola é o plano integral da instituição composto pelos referenciais que dizem respeito
aos objetivos e metas estabelecidas para cada uma das dimensões de gestão da escola: pedagógica,
administrativa, recursos humanos, recursos financeiros e resultados educacionais. O plano curricular
ou de ensino constitui-se no referencial com os fundamentos de cada disciplina. Nele devem estar
expressos as expectativas de aprendizagem, os conteúdos previstos e as propostas de avaliação para
cada ano/série.

Em coerência com o planejamento da escola e com o plano de ensino, o plano de aula deve constituir-
se na organização didática do processo de ensino destinado a cada turma, levando em consideração
tanto as defasagens como os conhecimentos prévios dos alunos de modo a garantir que todos os
alunos alcancem os objetivos de aprendizagem contidos no plano de ensino; contudo, enquanto instru-
mento personalizado de trabalho deve ser desenvolvido para atingir os objetivos de cada turma em
separado.

Planejar o processo educativo significa, portanto, organizar, racionalizar e coordenar a ação docente
visando à articulação entre os programas curriculares (oficiais ou de redes privadas), a prática da sala
de aula e as problemáticas inerentes ao contexto social e cultural onde cada instituição está inserida.
Nesse sentido, quanto maior a clareza do docente no que diz respeito ao conceito de planejamento e
ao ato de planejar propriamente dito, maior liberdade e autonomia serão aplicadas no processo de
ensino e aprendizagem. Logo, a tarefa de ensinar não pode ser concebida como um processo cujos
resultados estão definidos e podem ser pré-determinados como produto de uma ação mecanizada, pois
a sala de aula constitui-se como espaço privilegiado de negociação, formação do pensamento crítico e
de produção de novos sentidos ao conhecimento formal a partir de situações de aprendizagem previa-
mente planejadas.

Imagine fazer uma viagem sem saber para onde você irá, onde se hospedará e o que fará. Ela pode
ser ótima, mas há espaço para muitas coisas darem errado ao longo do trajeto, não é mesmo? Você
pode não ter onde dormir, nem saber onde comer, não ter dinheiro no final da jornada e se perder pelo
caminho.

Esse panorama pode servir de modelo para muitas outras situações da vida, inclusive para uma escola.
Já pensou em dar início ao ano letivo sem saber o que acontecerá na semana seguinte? Muito pode
acontecer, por exemplo, os professores não saberem como lidar com a turma e a equipe escolar não
conseguir implantar planos de ação e acompanhar o cumprimento de metas, como diminuir a evasão
escolar e alfabetizar todas as crianças.

Portanto, se você deseja evitar impasses, ou pelo menos antecipá-los, investir em planejamento é a
solução.

Quando E Como Ele É Feito?

Em geral, o planejamento escolar é feito para o ano inteiro e acontece antes do início das aulas. Nesse
período, as escolas agendam uma semana pedagógica (que pode durar de 3 a 5 dias), durante a qual
se discute o que acontecerá nos próximos 200 dias letivos, e revisam o Projeto Político-Pedagó-
gico (PPP), o documento que define a identidade da escola e indica os caminhos para o ensino de
qualidade.

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"O planejamento nasce a partir do estabelecimento de metas e de objetivos que a escola deseja alcan-
çar. Ele é um momento importantíssimo para a construção de conhecimento sobre gestão e didática,
articulação com a comunidade, constituição de uma equipe colaborativa e qualificação das ações", diz
Maura Barbosa, consultora de GESTÃO ESCOLAR.

Essa atividade é assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que garante
que todos os profissionais que trabalham em uma escola tenham um tempo reservado para planejar a
rotina.

No entanto, não é só porque está na lei que ele deve ser cumprido. O planejamento é indispensável
para a gestão do tempo, de materiais, de pessoas e de espaço, porque, ao colocar tudo o que a escola
realizará ao longo do ano na ponta do lápis, é possível ter uma ideia do cenário e alocar os recursos
de acordo com as necessidades dos períodos do ano.

O que acontece na reunião de planejamento?

Abaixo, fizemos uma lista do que deve ser considerado durante a elaboração do planejamento anual
da escola.

Recepção dos professores novatos

Troca de experiências entre os professores e gestores

Apresentação e análise dos resultados do ano anterior

Estabelecimento de metas e objetivos

Apresentação do calendário escolar, de acordo com o disponibilizado pela Secretaria de Educação

Revisão do Projeto Político-Pedagógico e criação de planos de ação

Definição da grade horária das disciplinas

Divisão das turmas

Organização das salas e dos materiais

Recepção dos alunos

Planejamento pedagógico, levando em consideração a avaliação do ano anterior e a distribuição dos


conteúdos de ensino e aprendizagem

Como é possível ver, o planejamento do ano não começa da estaca zero. O trabalho já se inicia no ano
anterior, quando a equipe escolar realiza a avaliação do último plano. Na semana pedagógica, trabalha-
se em cima dos resultados obtidos e com a troca de experiência sobre as turmas entre os docentes,
visando sempre melhorar o que tem sido feito.

É claro que as pautas das reuniões de planejamento podem mudar, a depender de seu objetivo. Em
um encontro sobre diagnóstico, por exemplo, não se discutirá questões como a organização da sala de
aula, mas sim sobre a forma de descobrir os saberes das crianças. "A pauta do planejamento depende
sempre de quem está participando da reunião", diz Maura.

Ao longo dos meses, é importante acompanhar se as ações previstas no planejamento têm sido im-
plantadas e se as estratégias estão dando certo. Essa avaliação pode ocorrer a cada bimestre ou tri-
mestre ou, ainda, semestralmente. Nessa altura, algumas perguntas são essenciais: tudo o que estava
programado deu certo? Por que tal atividade deu errado? Como podemos melhorar para os próximos
meses? Com as respostas dessas perguntas em mãos, inicia-se o replanejamento.

Quem Participa?

Todo mundo participa da elaboração do planejamento porque ele influencia a escola inteira. Portanto,
devem comparecer aos encontros os gestores, os professores e os funcionários. Os membros da
equipe discutirão o funcionamento da instituição como um todo e também as funções pelas quais são

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responsáveis. Isso significa que todos devem pensar juntos sobre qual é a missão e os objetivos da
escola, por exemplo. Mas, quando a pauta for planejamento de uma disciplina específica, apenas os
professores e o coordenador pedagógico se ocuparão da tarefa. Essa prática garante a construção de
uma gestão democrática e participativa.

Resumindo...

Em poucas palavras, o planejamento significa conhecer a realidade e as necessidades da comunidade


escolar, estabelecer metas e objetivos, destinar recursos financeiros e materiais e gerir tempo e pes-
soas. Assim, é possível antecipar problemas e antever ações para contribuir com o desenvolvimento
educacional dos estudantes.

Toda escola tem objetivos que deseja alcançar, metas a cumprir e sonhos a realizar. O conjunto dessas
aspirações, bem como os meios para concretizá-las, é o que dá forma e vida ao chamado projeto
político-pedagógico - o famoso PPP. Se você prestar atenção, as próprias palavras que compõem o
nome do documento dizem muito sobre ele:

É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo.

É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsá-
veis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai
seguir.

É pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo


de ensino e aprendizagem.

Ao juntar as três dimensões, o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir
não apenas para gestores e professores mas também funcionários, alunos e famílias. Ele precisa ser
completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível o bastante para se adaptar às
necessidades de aprendizagem dos alunos. Por isso, dizem os especialistas, a sua elaboração precisa
contemplar os seguintes tópicos:

Missão

Clientela

Dados sobre a aprendizagem

Relação com as famílias

Recursos

Diretrizes pedagógicas

Plano de ação

Por ter tantas informações relevantes, o PPP se configura numa ferramenta de planejamento e avalia-
ção que você e todos os membros das equipes gestora e pedagógica devem consultar a cada tomada
de decisão. Portanto, se o projeto de sua escola está engavetado, desatualizado ou inacabado, é hora
de mobilizar esforços para resgatá-lo e repensá-lo. "O PPP se torna um documento vivo e eficiente na
medida em que serve de parâmetro para discutir referências, experiências e ações de curto, médio e
longo prazos", diz Paulo Roberto Padilha, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.

Compartilhar a Elaboração e Essencial Para Uma Gestão Democrática

Infelizmente, muitos gestores veem o PPP como uma mera formalidade a ser cumprida por exigência
legal - no caso, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996. Essa é uma das
razões pelas quais ainda há quem prepare o documento às pressas, sem fazer as pesquisas essenciais
para retratar as reais necessidades da escola, ou simplesmente copie um modelo pronto (leia os erros
mais comuns). Na última Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada no primeiro semestre
deste ano, o projeto políticopedagógico foi um dos temas em destaque. Os debatedores lembraram e
reforçaram a ideia de que sua existência é um dos pilares mais fortes na construção de uma gestão
democrática. "Por meio dele, o gestor reconhece e concretiza a participação de todos na definição de

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metas e na implementação de ações. Além disso, a equipe assume a responsabilidade de cumprir os


combinados e estar aberta a cobranças", aponta Maria Márcia Sigrist Malavasi, coordenadora do curso
de Pedagogia e pesquisadora do Laboratório de Observação e Estudos Descritivos da Faculdade de
Educação da Universidade de Campinas (Loed/Unicamp).

Envolver a comunidade nesse trabalho e compartilhar a responsabilidade de definir os rumos da escola


é um desafio e tanto. Mas o esforço compensa: com um PPP bem estruturado, a escola ganha uma
identidade clara, e a equipe, segurança para tomar decisões. "Mesmo que no começo do processo de
discussão poucos participem com opiniões e sugestões, o gestor não deve desanimar. Os primeiros
participantes podem agir como multiplicadores e, assim, conquistar mais colaboradores para as próxi-
mas revisões do PPP", afirma Celso dos Santos Vasconcellos, educador e responsável pelo Libertad -
Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica, em São Paulo.

Os Erros Mais Comuns

Alguns descuidos no processo de elaboração do projeto político-pedagógico podem prejudicar sua efi-
cácia e devem ser evitados:

- Comprar modelos prontos ou encomendar o PPP a consultores externos. "Se a própria comunidade
escolar não participa da preparação do documento, não cria a ideia de pertencimento", diz Paulo Padi-
lha, do Instituto Paulo Freire.

- Com o passar dos anos, revisitar o arquivo somente para enviá-lo à Secretaria de Educação sem
analisar com profundidade as mudanças pelas quais a escola passou e as novas necessidades dos
alunos.

- Deixar o PPP guardado em gavetas e em arquivos de computador. Ele deve ser acessível a todos.

- Ignorar os conflitos de ideias que surgem durante os debates. Eles devem ser considerados, e as
decisões, votadas democraticamente.

- Confundir o PPP com relatórios de projetos institucionais - portfólios devem constar no documento,
mas são apenas uma parte dele.

Jornal do Professor – Qual o papel do coordenador pedagógico na escola?

Celso dos Santos Vasconcellos – O horizonte que vislumbro para o coordenador pedagógico é o do
intelectual orgânico, qual seja, aquele que está atento à realidade, que é competente para localizar os
temas geradores (questões, contradições, necessidades, desejos) do grupo, organizá-los e devolvê-
los como um desafio para o coletivo, ajudando na tomada de consciência e na busca conjunta de formas
de enfrentamento. O intelectual orgânico é aquele que tem um projeto assumido conscientemente e,
pautado nele, é capaz de despertar, de mobilizar as pessoas para a mudança e fazer junto o percurso.
Em grandes linhas cabe ao coordenador fazer com sua “classe” (os seus professores) a mesma linha
de mediação que os professores devem fazer em sala: acolher, provocar, subsidiar e interagir.

JP – Quais as principais atividades por ele desenvolvidas?

CSV – Coordenar a elaboração e a realização interativa do projeto político-pedagógico da escola (PPP);


elaborar o seu plano setorial, qual seja, o projeto de trabalho da coordenação pedagógica; colaborar
com os professores na construção e realização interativa do projeto de ensino-aprendizagem/plano de
ensino, assim como dos planos de unidade, sequências didáticas, projetos de trabalho, semanários,
planos de aula; coordenar as reuniões pedagógicas semanais (hora-atividade, horário de trabalho pe-
dagógico coletivo); acompanhamento individual dos professores (supervisão não com sentido de con-
trole autoritário, mas de “outra” visão); puxar para o todo (superando o foco muito localizado de cada
professor); participar da educação da mantenedora e da comunidade, etc.

Um dispositivo institucional fundamental para favorecer a concretização do PPP e a atividade da coor-


denação é o trabalho coletivo constante, a hora-atividade, o tempo coletivo dos educadores na escola,
com a presença da direção, coordenação e professores. Fica muito difícil o trabalho da coordenação
quando não há este espaço coletivo constante, pois é aqui que as coisas são amarradas, as avaliações
feitas, as metas estabelecidas (ex.: alfabetização, diminuição da evasão, do insucesso ao fim do ciclo,
etc.) monitoradas, as intervenções pensadas coletivamente.

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Para mudar a escola —e a sociedade— precisamos de pessoas e estruturas, estruturas e pessoas.


Não pode haver dicotomia. O PPP e o trabalho coletivo constante são instrumentos que ajudam as
pessoas na tão necessária luta pela melhoria da qualidade da prática pedagógica. Sem este espaço, o
coordenador corre um sério risco de virar “bombeiro”, “quebra-galho”, “burocrata”, tendo uma ação fra-
gmentada.

JP – Quais os maiores desafios enfrentados pelos coordenadores pedagógicos na realização de seu


trabalho na escola?

CSV – Para mim, o maior desafio que a coordenação pedagógica encontra hoje é o desmonte —obje-
tivo e subjetivo— dos professores (mal-estar docente, burnout – síndrome de desistência do professor,
demissão em ação, desânimo). Tal situação é fruto de uma histórica e perversa armadilha muito bem
montada para o professor que envolve cinco fatores:

1. Desmonte docial, em particular da família;

2. currículo disciplinar instrucionista e avaliação classificatória e excludente;

3. condições precárias de trabalho;

4. formação frágil;

5. justificativas ideológicas para o fracasso dos alunos que isentam de responsabilidade tanto os pro-
fessores quanto os mantenedores.

É preciso muita clareza e determinação para ajudar os colegas na tomada de consciência desta situa-
ção (que é vivida, mas não compreendida), assim como na tomada de consciência e ocupação da sua
Zona de Autonomia Relativa, conceito que desenvolvo no livro Currículo: a Atividade Humana como
Princípio Educativo.

JP – Muitas escolas costumam realizar uma semana pedagógica no início de cada ano letivo. Qual a
importância da realização dessa atividade?

CSV – Se entendermos o planejamento como um processo, podemos afirmar que estaremos plane-
jando durante todo o ano. Por que, então, o destaque a este momento? Existem algumas peculiarida-
des:

Início de ano: princípio de processo, onde decisões importantes podem ser tomadas; estabelecer ru-
mos; assumir compromissos; organizar trabalho; ter visão de conjunto. Estamos acostumados a pensar
baseados no paradigma cartesiano-newtoniano, de cunho positivista e simplista (determinismo, relação
linear de causa e efeito); sabemos que, muito frequentemente, na vida humana concreta não é assim
que as coisas funcionam. Precisamos desenvolver outras formas de representação mental, inclusive
novas metáforas. Neste sentido, lembro das contribuições da Teoria do Caos: em sistemas turbulentos
de alta complexidade (e a educação escolar, embora em outra referência no plano existencial, com
certeza é um deles), uma pequena alteração no início do processo pode provocar uma grande mudança
na trajetória;

Maior coletivo: possibilidade de reunir um grupo maior de educadores, fato nem sempre possível nas
horas-atividades/horário de trabalho pedagógico coletivo no decorrer do ano;

Duração: maior tempo de reunião, em função de não haver atividade com alunos, o que possibilita tanto
a abordagem de um leque maior de temas quanto o seu maior aprofundamento.

JP - Em sua opinião, quais os pontos que devem ser abordados durante as semanas pedagógicas?

CSV – Basicamente: retomar o projeto político-pedagógico, isto é, fazer memória do marco referencial
(fonte de sentido do trabalho), revisar o diagnóstico e refazer a programação; revisão das normas de
convivência da escola; elaboração dos projetos de ensino-aprendizagem/planos de ensino por parte
dos professores; distribuição das aulas (sendo que os melhores professores devem ficar com anos
iniciais); programação da primeira reunião de pais; preparação das salas de aula para receber com
todo carinho os alunos no primeiro dia de aula.

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JP - Qual o tipo de formação mais adequada para se preparar um bom coordenador pedagógico?

CSV – Primeiro, uma boa formação como professor, como educador, o que envolve as três grandes
dimensões da atividade docente: trabalho com conhecimento, organização da coletividade (construção
da disciplina em sala de aula) e relacionamento interpessoal. Depois, a formação específica para a
coordenação pedagógica, com aprofundamento em gestão escolar, planejamento, projeto político-pe-
dagógico, trabalho de grupo, supervisão (acolhimento, acompanhamento, orientação, etc).

JP - As instituições de ensino superior conseguem formar bons coordenadores pedagógicos? Ele sai
preparado para o exercício de suas atividades ou isso ocorre mesmo é no dia-a-dia?

CSV – Entendo que, de partida, há um gravíssimo problema na formação do professor; além disto, há
sérias limitações na formação do coordenador pedagógico. Muitas vezes, tem-se a visão de que o
problema da formação docente está na necessidade de atualização: tecnologias da comunicação e
informação, inclusão, diversidade, transdisciplinaridade, etc. Não temos a menor dúvida desta de-
manda. Todavia, antes de mais nada, é preciso a tomada de consciência de que este despreparo passa
por um aspecto absolutamente elementar de sua atividade: a didática, o processo de ensino-aprendi-
zagem.

Nas formações continuadas, quando perguntamos aos professores quais as exigências básicas para a
aprendizagem dos alunos, são raros os que apontam o conjunto das exigências e, de um modo geral,
não sabem justificar o porquê da exigência apresentada (sabem que se trata de um aspecto importante
na aprendizagem, porém não sabem justificá-lo).

Se fôssemos aplicar com os professores o mesmo critério que utilizam com alunos (exigir no mínimo
50% de acerto), apenas 20% seriam aprovados, pois, das seis exigências essênciais, na perspectiva
interacionista, 80% colocam duas ou menos; há professores que respondem frente e verso e não apon-
tam sequer uma categoria epistemológica; falam da função da escola, da formação da cidadania, etc.,
só que não é isto que está sendo perguntado!

Nesta mesma direção aponta pesquisa do professor Fernando Becker (A Epistemologia do Professor):
o despreparo dos docentes para um dos aspectos nucleares de sua atividade —o processo de conhe-
cimento—, é tal que estranham serem indagados a respeito de como seus alunos conhecem, chegando
mesmo um professor a afirmar “Te confesso que nunca tinha pensado nisso”. O que estará fazendo
em sala um professor —e sabemos perfeitamente que não é um caso isolado— que sequer compre-
ende como seu aluno aprende? Muito provavelmente não será construção do conhecimento, mas mera
transmissão.

Se desejamos avançar na conquista de uma educação de qualidade social democrática, temos de in-
vestir, com toda a urgência, na formação dos professores em geral e da coordenação pedagógica em
particular.

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