436292560-Formas de Se Começar Um Parágrafo

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Redação Profª Dilma

Formas de se começar um parágrafo


Ao escrever o seu parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve
atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns
como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a
cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade.

Listamos algumas formas de se começar um parágrafo. Elas vão das mais


simples às mais complexas.

1. Uma declaração (tema: liberação da maconha)


É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta
elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de
viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
A declaração é a forma mais comum de começar um parágrafo. Procure fazer
uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

2. Divisão (tema: exclusão social)


Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema
da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder
público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços
extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à
marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do
poder público e ampla participação da iniciativa privada.
Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o
parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-lo na frase seguinte.

3.Definição (tema: o mito)


O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto
é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo
ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer
algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou
mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação
humana.
A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave,
sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o
primeiro parágrafo.
4. Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)
Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil?
Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um
buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos
para alimentar um sistema que só parece piorar.
A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção
do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação.

5. Comparação (tema: reforma agrária)


O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões
sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre
o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado
e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas
semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos
favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são
contra a implantação da reforma agrária.
Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade de
hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de comportamento
entre elas.

6. Oposição (tema: a educação no Brasil)


De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo.
De outro, gastos excessivos com computadores, antenas
parabólicas, aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a
educação no Brasil.
As duas primeiras frases criam uma oposição ( de um lado / de outro ) que
estabelecerá o rumo da argumentação. Também se pode criar uma oposição
dentro da frase, como neste exemplo:
Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau
de envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a
cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa terra; esperança por
observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e
quase sempre como forma de resistência e/ou transformações.(...)
O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a
compõem.

7. Alusão histórica (tema: globalização)


Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste oeste e
o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras
foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.
O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O
leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

8. Uma frase nominal seguida de explicação (tema: a educação no Brasil)


Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação
e Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre
o desempenho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao Saeb (Sistema
de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes em todas as
regiões do território nacional.
A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por essa é
a conclusão.

9. Adjetivação (tema: a educação no Brasil)


Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política
educacional do governo.
A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, nos
parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governo
equivocada e pouco racional.

10. Citação (tema: política demográfica)


"As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem
mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e
irem embora". O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o
que viu em Ruanda, é um retrato no estado de letargia ética que domina
algumas nações do Primeiro Mundo.
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela
palavra comentário da segunda frase.

11. Citação de forma indireta (tema: consumismo)


Para Marx a religião é o ópio do povo, Raymond Aron deu o troco: o marxismo
é o ópio dos intelectuais. Mas, nos Estados Unidos, o ópio do povo é mesmo ir
às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que
se trata.
Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É
melhor citar de forma indireta que de forma errada

12. Exposição de ponto de vista (tema: o provão)


O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão
é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso,
vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha
publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido
na educação.
Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a
posição dos autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor,
numa espécie de contra-argumentação.

13. Retomada de um provérbio (tema: mídia e tecnologia)


O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com
perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou
tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que
eles não terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente
impossível.
Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente.
Faça um comentário sobre ele para quebrar a ideia de lugar-comum que todos
eles trazem. No exemplo acima, o autor diz "o corriqueiro adágio" e assim
demonstra que está consciente de que está partindo de algo por demais
conhecido.

14. Ilustração (tema: aborto)


O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de
dezoito anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida mas não queria a
criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação
de trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto.
O tema é tabu no Brasil.(...)
Você pode começar narrando uma fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão
do parágrafo seguinte se faz de forma fácil; a palavra tema retoma a questão
que vai ser discutida.

15. Uma sequência de frases nominais (frases sem verbo) (tema: a impunidade
no Brasil)

Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos


numa clínica do Rio. Meia centena de mortes numa clínica
de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em
Eldorado dos Carajás.
Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam
impunes.
Professor
Antonio Carlos Viana

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