O Ensino Religioso como ferramenta de
combate a Intolerância religiosa no espaço
escolar
Religious Education as an instrument to combat religious
intolerance in the school space
André Luís Martins Carvalhosa1
Resumo: Ministrar o Ensino Religioso em sala sempre foi um desafio, e nos
dias de hoje tal desafio se tornou ainda mais difícil, considerando que a visão
colonial de algumas denominações religiosas ainda permanece até os dias de
hoje no ambiente escolar. Contribuindo assim para o aumento da intolerância
religiosa no espaço escolar, espaço esse que tem como um dos princípios a ética
e o respeito por toda comunidade escolar, independente da raça, sexo, e
ideologias religiosas. Diante dessa situação, é necessário discutir e apontar para
o contexto em que algumas delas permitem gerar subsídios para lidar com os
mais diversos casos de intolerância religiosa no ambiente escolar. Nesse sentido,
este trabalho apresenta uma revisão bibliográfica que visa resumir os principais
eventos e contextos que reforçam a intolerância religiosa, e as soluções ou
alternativas necessárias para eliminar essa prática absurda. Para isso temos
como o principal objetivo, identifica de que forma a disciplina de Ensino
Religioso, possa contribuir para a erradicação da intolerância religiosa no
ambiente escolar. Tal objetivo acaba nos trazendo outros como: Identificar o
cenário do ensino religioso no Brasil desde o período colonial até os dias atuais;
e identificar as Lacunas existentes no Ensino Religioso nas Escolas. Como
subsidio usaremos alguns autores (as), entre eles Borges (2016), Baptista (2020),
CNBB (2007), Junqueira (2010), Santana (2022), Santos (2016), entre outros.
Palavras-chave: Ensino Religioso; Espaço Escola; Combate; Intolerância.
Artigo recebido em: 06 de mai. de 2022
Aprovado em: 20 de fev. 2023
1 Mestrando em Cênicas das Religiões pela Faculdade Unida de Vitoria - UNIDA
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 29
Abstract: Ministering Religious Education in the classroom has always been a
challenge, and nowadays such a challenge has become even more difficult,
considering that the colonial vision of some religious denominations still
remains to this day in the school environment. Thus contributing to the increase
of religious intolerance in the school space, a space that has as one of the
principles ethics and respect for the entire school community, regardless of race,
sex, and religious ideologies. Given this situation, it is necessary to discuss and
point to the context in which some of them allow generating subsidies to deal
with the most diverse cases of religious intolerance in the school environment.
In this sense, this work presents a bibliographic review that aims to summarize
the main events and contexts that reinforce religious intolerance, and the
solutions or alternatives necessary to eliminate this absurd practice. For this we
have as the main objective, to identify how the discipline of Religious Education
can contribute to the eradication of religious intolerance in the school
environment. This objective ends up bringing us others such as: Identifying the
scenario of religious education in Brazil from the colonial period to the present
day; and identify the existing gaps in Religious Education in Schools. As a
subsidy we will use some authors, among them Borges (2016), Baptista (2020),
CNBB (2007), Junqueira (2010), Santana (2022), Santos (2016), among others.
Keywords: Religious education; School Space; Combat; Intolerance
Introdução
Debater o Ensino Religioso nos atuais dias não é materia facil,
principalmente quando tal debate vai além dos muros da escola. Por se
tratar de uma disciplina que trata de temas transversais, em especial o
fenomeno religioso, muitas vezes os professores dessa disciplina
enfretam dificuldade para ministrar-la, sendo as religiões de matrizes
africanas as religiões que mais sofrem resistencia por parte de alunos e
seus familiares com visões fundamentalistas.
Esse paper trata do Ensino Religioso quando inserido no processo
de formação do aluno, quanto às suas contribuições e também quanto às
lacunas causadas pelas mudanças na legislação, mais especificamente, a
partir de 1996 com a introdução dos Parâmetros Curriculares do Ensino
Religioso - PCNER e em meio ao multiculturalismo na visão de varios
autores que trata do nosso tema central” O ER2 como instrumento de
combate a Intolerância religiosa no espaço escolar.
Neste contexto, a Lei de Diretiva e Fundações prevê a não
obrigatoriedade do ensino religioso desde 1996, permitindo às escolas a
traçar as suas próprias formas de o ensinar o ER sem colocar restrições
aos praticantes de qualquer religião. Com isso, multiplicou-se a reflexão
sobre as lacunas que a educação religiosa deixa no ambiente escolar, e a
2 Ensino Religioso
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 30
Igreja Católica tradicionalmente desempenha esse papel nas instituições
escolares.
O pluralismo cultural e religioso mencionado na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, é uma realidade da sociedade brasileira e abre um
novo panorama da relação entre o ER no ambiente escolar e o corpo
discente em geral, nomeadamente no processo de ensino e aprendizagem.
A defender uma abordagem mais ampla das questões da Ciências
das religiões expressas em salas de aula e debates nos cursos de Ciências
das Religiões, alguns cientistas das religiões primeiro enfatizam que, é
preciso defender uma educação de qualidade para todos e escolas que
respeitem a diversidade cultural e religiosa de toda a comunidade escolar.
A pesquisa “O Ensino Religioso como instrumento de combate a
Intolerância religiosa no espaço escolar” visa à construção de
conhecimento de acordo com certas exigências metodológicas. Sendo
assim, para se obter o resultado esperado será adotada a Pesquisa
Bibliográfica, que de acordo com Leão (2017), “é desenvolvida a partir de
material já elaborado em relação ao tema de estudo, construído desde
publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, artigos científicos,
pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc.” 3.
O método de pesquisa bibliográfica procura explicar um
problema a partir de referências teóricas e/ou revisão
literária de obras e documentos que relacionam com o
tema pesquisado. Ressalva-se que, em qualquer
pesquisa, exige revisão de literatura, instrumento que
permite conhecer, compreender e analisar os
conhecimentos culturais e científicos já existentes sobre
o assunto, tema ou problema investigado4.
No entanto para o empreendimento que aqui nos dispusemos,
alguns autores nos subsidiarão em nosso trabalho, tais como: eles Borges
(2016), Baptista (2020), CNBB (2007), Junqueira (2010), Santana
(2022), Santos (2016), entre outros. Sendo o objetivo geral, identifica de
que forma a disciplina de Ensino Religioso, possa contribuir para a
erradicação da intolerância religiosa no ambiente escolar. Tal objetivo
acaba nos trazendo outros como: Identificar o cenário do ensino religioso
no Brasil desde o período colonial até os dias atuais; e identificar as
Lacunas existentes no ER nas Escolas.
3 LEÃO, Lourdes Meireles. Metodologia de Estudo e Pesquisa: Facilitando a
vida dos estudantes, professores e pesquisadores. 1ª Impressão, Editora Vozes,
Petrópolis – RJ, 2017.
4 ALMEIDA, 2022. p. 14
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 31
1. Breve Histórico Do Ensino Religioso No Brasil
Este capítulo trata do ensino religioso no contexto brasileiro, que
percorre sua trajetória no contexto da educação escolar, começando com
os jesuítas na segunda metade do século XVI, reconhecido como ensino
religioso pela legislação escolar no final do século XIX, e se arrastou por
todo o regime da República até hoje. Sendo que no Brasil colonial,
tivemos um acordo entre o rei português e o papa sobre a formação do
povo brasileiro.
Este acordo destina-se a promover o catecismo tradicional. Durante
o Império, o catolicismo tornou-se a religião oficial do Brasil, mas a Igreja
serviria de instrumento ideológico nesse período, subordinada ao Estado.
Na primeira república, o ensino religioso perdeu espaço nas escolas e na
sociedade em geral, tornando-se opcional, e finalmente temos agora um
Estado laico, uma escola pública e gratuita.
Este episódio é uma grande prova de que o plano dos colonos
portugueses era realmente conquistar os gentios para serem católicos, e
só assim permaneceriam submissos aos objetivos da família real
portuguesa, pois é sabido que os jesuítas desembarcariam com os
colonizadores Portugueses, aqui impõem a sua religião e convertem todos
ao cristianismo. Neste capítulo, descreveremos brevemente o ensino
religioso e sua trajetória, e como veremos esse campo de ensino de forma
científica, bem como na perspectiva de um pesquisador.
É importante lembrar que a religião é uma das manifestações mais
antigas do ser humano, desde os tempos mais remotos eles
demonstraram crença em criaturas superiores, inicialmente fenômenos
naturais como vento, relâmpago, lua, sol, estrela. Atualmente, no
contexto da diversidade religiosa, há um dilema entre as obrigações do
ensino religioso nas escolas públicas e privadas, A liberdade de expressão
e a administração pública estão claramente separadas de qualquer
religião ou culto e devem ser respeitadas.
1.1 A trajetória do Ensino Religioso no Brasil
Este tópico inicia-se com um panorama dos períodos ou etapas da
história do ensino religioso no Brasil, desde os tempos coloniais até o
Guia Nacional de Educação e a Lei Fundamental nº 9.475/97, que trata o
ensino religioso como conhecimento, metodologia especifica pré-
horários estabelecidos em sala de aula, conteúdo, avaliações, sujeitos de
pesquisa e professores profissionais.
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 32
Para valorizar a trajetória histórica do ensino religioso no Brasil
colonial, o ensino religioso está vinculado aos três domínios
institucionais da escola, igreja e sociedade, incluindo a política e a
economia. Nessa fase, os colonos queriam impor suas ideias de alguma
forma para alinhar as pessoas aos valores religiosos que defendiam, em
especial ao catolicismo, e que eram bons para a sociedade, numa época
em que o ensino religioso vazava e se confundia com os tribunais.
Nesse período, a educação pública deveria ser gratuita, laica e
acessível a todos, mas a educação religiosa estava atrelada à ideologia
religiosa do país, e a hierarquia religiosa foi substituída pela classe média,
e a educação passou a ser considerada a classe dominante como o ideal
do país e seus interesses e valores.
Ainda naquela época, as instituições de ensino e os professores
sofriam com a expansão e programas monolíticos, que se destinavam
apenas a governar negros e índios, e só então eram membros da fé cristã,
cuja administração cabia ao Estado e à Igreja, o que os levou a concluir
que a religião se tornou uma das principais instituições ideológicas do
Estado, ajudando a fortalecer a dependência da Igreja no poder político.
Desta forma, a instituição eclesiástica é o principal suporte do poder
estabelecido, e o que se faz na escola são os ensinamentos do catolicismo
romano.
No Brasil, é impossível falar de ensino religioso nas escolas sem
mencionar a enorme polêmica que o tema tem gerado entre a opinião
pública, legislativos, líderes religiosos e toda a comunidade escolar, pois
para famílias ou estudantes religiosos e agnósticos, é difícil estabelecer
uma disciplina obrigatória para o ensino religioso.
Por causa das obrigações, as escolas se deparam com o dilema de
escolher esta ou aquela religião e resolver a questão de quem vai ensinar
a disciplina. No livro Ensino Religioso no Cenário Educacional
Brasileiro/CNBB, faça-se com clareza as perguntas sobre quem vai
lecionar a matéria e qual é o tempo ideal de formação dos professores
para ministrar a matéria:
Da mesma forma a formação de professores para o
exercício da função em ensino religioso não pode se
limitar a cursos emergenciais, com cargas horárias
reduzidas para um conjunto de conteúdos básicos
indispensáveis à compreensão da natureza da matéria e
à prática metodológica própria de uma disciplina,
ampliada e absorvida com a área de conhecimento. Em
algumas regiões prevalece a ideia de que em apenas
120h/a de formação pedagógica os professores
adquirem competências e habilidade para a atividade
docente. No entanto, em todo país é evidente a
consciência da necessidade de uma formação completa,
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 33
sólida, eficaz e que permita tratamento metodológico,
adequado, isento de reducionismo, proselitismos, e
outras abordagem que circulam a disciplina.5
Tudo isso pode ser atribuído ao simples fato de entenderem a
disciplina em questão como o ensino de religião, não tão importante para
a formação dos alunos quanto as demais disciplinas, mesmo que a
disciplina em questão tenha suas peculiaridades. o lado discente, em
muitos casos a direção de ensino também, assim como os professores de
outras disciplinas que se esquecem de que os professores de ensino
religioso são profissionais da educação como todos os outros.
Também pode ser pelo simples fato de o catolicismo ter sido
considerado a religião oficial do Brasil durante o período colonial, e por
isso ter causado revoltas de outras religiões até hoje. Deve-se observar
que os profissionais que ministram cursos de educação religiosa devem
ter os mesmos direitos que os demais profissionais. “A meta é chegar ao
mesmo patamar de igualdade dos demais profissionais de outras áreas,
incluindo a oportunidade de formação especifica em cursos de graduação
plena e admitindo-se a possibilidade de sua admissão no quadro do
magistério, mediante concurso público, na área de sua atuação, ou seja,
em ensino religioso”.6
Vaidergorn (2008) lembra que no Brasil o desejo da religião para
governar o país foi histórico, pois durante os tempos imperiais, apesar de
separado na constituição federal, “o patronato estabelecia um vínculo
entre o poder da monarquia e o catolicismo como religião oficial. "E a
república da Igreja tem estado sob pressão ideológica, explícita ou
implícita, de instituições religiosas para dominar 'os corações e mentes
de seus cidadãos'.
A tradição autoritária persiste no ensino religioso. Por
mais que se queira atualizar, renovar e descaracterizar
sua gênese, permanece o intento das religiões de influir
na sociedade civil e nos poderes da República, através
da educação. A fé, que, na promessa iluminista, deveria
se manter no âmbito privado, cada vez mais, no mundo
e no Brasil, se torna fator de política pública, por vezes
combatendo a razão e o conhecimento científico e
legitimando ações antidemocráticas – tal como na
época da ditadura.7
5 CNBB, 2007 p. 14-15
6 CNBB, 2007 p. 20
7 VAIDERGORN, 2008. p. 411
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 34
Uma pequena retrospectiva da história mostra que, à medida que a
civilização se desenvolveu, algumas nações impuseram seus credos aos
povos conquistados, ou os impediram de expressar suas crenças como
forma de dominação, como a perseguição aos cristãos. Romanos,
mostrando intolerância religiosa.
Negros escravizados, índios reduzidos e brancos
conflitantes em lutas religiosas se encontraram em um
quadro de intolerância, desrespeito e imposição de
credos. As sofridas experiências históricas, nem sempre
superadas pela prática no reconhecimento da igualdade
essencial de todos e da liberdade religiosa,
impulsionaram a afirmação da igualdade e a busca do
direito à diferença também no campo religioso.8
Desde o início do século XX, há uma incerteza sobre a
obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas, sua eficácia e os anos em
que os alunos devem ser expostos ao assunto em sua trajetória escolar.
São muitas as questões sobre os verdadeiros objetivos da disciplina e “que
podem ser demonstradas pelos vários princípios e condições que
envolvem os programas de educação política, metodologias e formação
de professores”.9
Essa incerteza decorre do texto legal, tornando sua interpretação
contraditória e até mesmo difícil: a opcionalidade da disciplina anda de
mãos dadas com o reconhecimento de sua importância para a formação
do cidadão como um todo. Como resultado, interpretações ambíguas da
identidade de uma disciplina e seu papel no currículo resultaram em
tratamento discriminatório em relação a essa disciplina, bem como
tratamento discriminatório em relação a essa disciplina por professores
que lecionam outras disciplinas Escolas e legisladores.10
Apesar disso, as orientações introduzidas pela LDB a
respeito do Ensino Religioso e as mobilizações por parte
de instituições de ensino e entidades representativas
dos interesses de educadores da área e Igrejas, de norte
a sul do País, têm oferecido respaldo à consolidação da
disciplina no currículo da escola pública, como também
ampliado as oportunidades de formação e discussão em
torno de temas afins11.
8 CURY, 2004, p. 82
9 DANTAS, 2004. p. 112
10 DANTAS, 2004
11 DANTAS, 2004. p. 113
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 35
Alguns autores, em destaque para Cury (2004), defende que o
ensino religioso deve ocorrer fora da escola, pois haverá mais liberdade
de expressão e não haverá obrigação de participar da disciplina na escola
ou ser discriminado por não participar. Sobre a polêmica ligação entre o
Estado e uma determinada religião, é interessante ler um diálogo entre
Norberto Bobbio e Mauruzio Viroli reproduzido por Cury:
Os católicos [diz Viroli] falam de solidariedade, de
caridade e de compaixão, e além de falar, praticam. E
nós, laicos? Temos uma concepção de caridade, da
compaixão e da solidariedade distinta daquela dos
católicos? Creio que exista uma diferença importante
entre a caridade laica e a caridade cristã. A caridade
cristã é Cristo que compartilha com você o sofrimento;
é partilhar o sofrimento. A caridade laica também é
partilhar o sofrimento, mas é também desprezo contra
aqueles que são responsáveis pelo sofrimento. É o
desprezo que promove a força interior para lutar contra
as causas do sofrimento. É exatamente porque quem
não possui uma fé religiosa [...]12
Segundo Marcos (2010), a Igreja Católica permaneceu em contato
com a esfera pública após a proclamação da república, mobilizando-se
para dar continuidade ao ensino religioso confessional nas escolas
públicas e encontrando meios de Isso é garantido apesar de possuir textos
constitucionais desde a primeira constituição republicana de 1891 e
confirmado pelo artigo 3º da Constituição Federal de 1988. 19 explicado
a seguir:
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios – estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencioná-los, embarcar-lhes o funcionamento ou manter
com eles ou seus representantes relações de dependência ou
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público.13
Para Marcos “o atual dilema enfrentado pelas escolas ao serem
obrigadas a ministrar o ensino religioso, no entanto, a frequência é
opcional para os alunos, o que cria questões administrativas e
pedagógicas para gerenciar a presença de alguns alunos em sala de aula.
Não há outros alunos na mesma sala”14.
12 CURY, 2004. p. 67-68
13 BRASIL apud CURY, 2004. p. 184
14 MARCOS, 2010
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Com a promulgação da República em 1889, estabeleceu-se a
democracia juntamente com a liberdade e o autogoverno dos cidadãos. O
Estado se secularizou porque rompeu os laços entre o Estado e a Igreja
Católica durante a monarquia; assim, "o secularismo, consistente com a
liberdade de expressão, consciência e crença, não pode coexistir com um
Estado confessante".
2. O Ensino Religioso Como Instrumento De Combate A
Intolerância Religiosa No Espaço Escolar
As religiões no Brasil estão cada vez mais diversificadas devido à
maior liberdade de expressão após o processo de redemocratização pós-
ditadura, enquanto outras religiões ganharam mais espaço como
resultado, principalmente na inclusão da história africana como
conteúdo obrigatório na grade curricular do ensino no Brasil. Além disso,
o processo de globalização trouxe à tona valores e princípios locais,
permitindo que grupos antes pouco expressos ganhassem sol nas
sociedades democráticas.
Por outro lado, a continuidade da desigualdade social leva a um
aumento na expressão de crenças e intensifica as crenças religiosas dos
mais pobres economicamente. Tudo isso me levou, como cientista
religioso, a refletir sobre a educação relacionada à religião, de modo que
professores formados em ciências da religião ou com especialização na
área possam contribuir para o ensino da religião sem conversão,
permitindo que os cidadãos sirvam a vida em sociedade prontos de
alguma forma possível respeitar o próximo em várias esferas, seja ela
religiosa, e cultural.
Diante da crescente polarização que a sociedade brasileira vem
sofrendo com o cenário político dos últimos anos, acentuou-se em nosso
meio a prática da intolerância e do preconceito ao outro em quase todos
os sentidos, bastando haver uma simples divergência de pensamento em
qualquer campo da esfera pública para que este seja excluído de alguma
maneira.
Com este cenário, a diversidade de religiões existentes no Brasil
deveria contribuir com a sua essência que vai muito além da experiência
com o sagrado e o transcendente, pois compreende também a luta pela
igualdade, solidariedade, busca pela paz, construção de uma sociedade
melhor e não ser mais uma barreira para convivência, em destaque no
ambiente escolar, local de socialização.
Entretanto, nos últimos anos nos ambientes de ensino o que
encontramos é um ambiente de intolerância e preconceito religioso cada
vez mais acentuado, sendo praticados por determinados grupos com
atitudes extremamente prejudiciais para o convívio social no mundo
pluralista e diversos em que vivemos.
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 37
À escola compete prover os educandos de
oportunidades de se tornarem capazes de entender os
momentos específicos das diversas culturas, cujo
substrato religioso colabora no aprofundamento para
autêntica cidadania. E, como nenhum conhecimento
teórico sozinho não explica completamente o processo
humano, é o diálogo entre eles que possibilita construir
explicações e referenciais, que escapam do uso
ideológico, doutrinal ou catequético.15
Tais atitudes passam não somente pelo campo da intolerância e do
preconceito religioso, discriminam-se também homossexuais, ateus,
mulheres, além de outras etnias, visando a imposição de suas verdades
absolutas, em especial com as religiões afro-brasileira16, em destaque
para umbanda e o candomblé, que segundo
Essas religiões são uma das chaves da cultura popular
brasileira, com participação importante em diversos
campos de nossa civilização, como a literatura, a
música, o cinema, o teatro, a culinária e o carnaval,
entre outros aspectos, o que de certa forma reconstrói
um pedaço da África no Brasil com as principais
manifestações religiosas.17
De acordo com Silva e Ribeiro (2007), as manifestações de
intolerância religiosa envolvem as mais diferentes matrizes religiosas,
destacando-se cristianismo e islamismo, hinduísmo, e budismo, podendo
a intolerância compreender também grupos de uma mesma matriz ou
fundamentação religiosa.
Na Irlanda por muito tempo, cristãos protestantes e
cristãos católicos travaram uma guerra que parecia não
ter fim. No Iraque, os islamitas xiitas e sunitas se
agridem violentamente. No Brasil os grupos religiosos,
principalmente de tradição neopentecostal, também
travam um embate contra os grupos religiosos de
tradição afro. Em alguns casos há também ações de
intolerância entre cristãos de tradição protestante e
15 PCN, ON-LINE, p. 03
16 De acordo com Souza M, O termo afro-brasileiro é usado para indicar
mestiçagens para os quais as principais matrizes são as africanas e as lusitanas,
comumente com entremeios indígenas, ressalvando que tais manifestações são
acima de tudo brasileiras por terem se confluindo no Brasil.
17 ROSSETTO, 2016, p. 20.
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 38
cristãos de tradição católica. Por trás disso tudo existem
outros fatores. Um desses fatores, e talvez o principal, é
o desejo que cada grupo possui de ser o detentor, o
controlador dos valores sociais e virtudes morais que
julgam ser os melhores para a sociedade e para a
humanidade. 18
Percebe-se que a prática da intolerância religiosa surgiu desde os
primórdios da humanidade, aonde tais práticas foram repassada de
geração para geração, das mais diversas classe sociais, até chegar dentro
das escolas, locais aonde pela lógica tem como princípios éticos a prática
da alteridade, considerando que a escola é lugar dos mais diversos
formadores de opiniões, e temas transversais tem como um dos
principais objetivo erradicar os mais diversos tipos de preconceitos, entre
esses o está o preconceito religioso, que a séculos vem sofrendo por parte
de grupos religiosos que persistem na permanência de uma visão
eurocêntrica, ou uma visão da Colonialidade , que segundo Borges, a
colonialidade,
[...] expressa à constatação da permanência na
atualidade das relações coloniais nas esferas econômica,
política, social e cultural e religiosa. Relações essas
erigidas durante o período colonial. O fim do
colonialismo político não significou o fim das
influências econômica, política, social e cultural. Esses
cada vez mais intensificaram com fortalecimento do
atual padrão mundial de poder.19
Além da permanecia da visão colonial nas esferas econômica,
política, social e cultural e religiosa, podemos constatar que tal visão
também vem avançando em lugares antes considerado intocáveis, como
por exemplo no ambiente escolar, a onde grupos ligados a igrejas cristãs
vem ganhando cada vez mais espaço, dificultando ainda mais o convívio
social de adeptos de religiões de matrizes africanas dentro das escolas,
principalmente por parte de “Professores, professoras, pais, alunos e
alunas, funcionários obscurantistas acreditam que qualquer
referência à África é um passaporte para o inferno, pois associam
África ao Diabo”20, principalmente quando se trata da religiosidade
afro-brasileira em sala de aula.
A tradição religiosa afro-brasileira é parte do legado
deixado por homens e mulheres que contribuíram de
18 SILVA; RIBEIRO, 2007, p. 16.
19 BORGES, 2016, p. 19.
20 NOGUEIRA, 2015, ON-LINE.
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 39
forma significativa para a diversidade do país em que
vivemos. A sabedoria e os valores das religiões de matriz
africana é um expressivo elemento da cultura brasileira,
que foi mantido por gerações.21
Tradição essa que Embora os brasileiros tenham as duas principais
matrizes, indígenas, e portuguesas – responsável pela construção cultural
brasileira, Mais é cultura africana que predomina entre as duas,
principalmente em seus aspectos religioso e estético, como a música, o
ritmo e a dança.
Fazemos parte de uma população que, em sua raiz,
assume a face culturalmente afro-brasileira e
trabalhamos com ela; portanto, apoiar e valorizar a
criança negra ou branca, adepta dessas religiões, não
constitui em mero gesto de bondade, mas a preocupação
com a nossa própria identidade de brasileiros, que
trazemos não apenas a cor negra, mas toda uma cultura
africana. Se insistirmos em desconhecê-las, ou
fingirmos não as observá-las, não as assumimos e nos
mantemos alienados dentro de nossa própria cultura.
Temos que lutar contra os preconceitos que nos levam a
desprezar as raízes negras e também as indígenas da
cultura brasileira, pois, ao desprezar qualquer uma
delas, desprezamos a nós mesmos.22
Porém a matriz cultural brasileira recebeu força europeia
dominante, com intuito de silenciar as matrizes indígenas e africanas.
Assim o português constrói um paradigma educacional que acaba
consolidando a formação educacional brasileira numa comunidade
multirracial e pluriétnica.
Disciplina como o ensino religioso e a lei 11.645/08 que busca
tratar da cultura afro-brasileira se tornaram forte ferramentas como
forma de erradicar o preconceito e a intolerância religioso em sala de
aula, em destaque para as religiosidades afro-brasileiras no ambiente
escolar, religiões que mais são vítimas do preconceito religioso.
[...] o Ensino Religioso tem a função de garantir a todos
os educandos a possibilidade deles estabelecerem
diálogo. E, como o conhecimento religioso está no
substrato cultural, o Ensino Religioso contribui para a
vida coletiva dos educandos, na perspectiva unificadora
21 HIGINO, 2011, p. 14
22 BOMFIM, NASCIMENTO, 2017, p.04.
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 40
que a expressão religiosa tem, de modo próprio e
diverso, diante dos desafios e conflitos.23
Porém alguns professores, alunos e pais de alunos, além de
gestores e supervisores, ainda exerce uma “forte resistência quanto às
questões religiosas que remetem à cultura africana e, com isso, tolhe as
vertentes históricas das quais essas religiões fazem parte”24, e com isso
dificultem ainda mais a implantação de ações afirmativas como forma de
exterminar tais preconceitos, que há anos vem se perpetuando nos mais
diversos seguimentos.
Sendo assim cabe a escola e o professor buscar estratégias e
recursos como forma de erradicar de vez essa visão eurocêntrica que se
alastra no Brasil desde o período colonial. É papel do professor
desenvolver suas aulas de forma que possa trabalhar temas transversais
e a interculturalidade, que de acordo com Borges, “Entendemos como
interculturalidade, a postura consciente de convivência democrática
entre elementos diferentes, com vistas a integração ausente do intuito de
eliminar a diversidade reconhecendo nessa, riqueza e oportunidade de
ampliação dos horizontes”.25
De acordo com os autores,
A escola possui um papel fundamental na luta pelo
respeito ao diferente e na demonstração de que o
diferente não é sinônimo de ruim. A escola possui a
função de demonstrar no dia a dia que aquilo que
determinado grupo não pratica não é algo errado.26
Essa desconstrução da escola contra o racismo, preconceito e
discriminação, e intolerância religiosa, é o que chamamos de
descolonização pedagógica, ou simplesmente a pedagogia decolonial, que
tem como objetivo promover a interrelação entre os diferentes tipos de
conhecimento de forma igualitária, a fim de auxiliar na construção de
uma sociedade outra, além da colonialidade do saber, do poder e do ser.
Assim como podemos apontar que a pedagogia decolonial praticada
no espaço escolar quando se trata das religiões, a unidade escolar precisa
analisar algumas atitudes, entre elas:
a) conhecer as religiões como fenômeno sempre
presente nas múltiplas culturas em todo percurso
23 PCN, ON-LINE, p. 03
24 BOMFIM, NASCIMENTO, 2017, p.02
25 BORGES, 2016, p.222.
26 GUINDANI. SOARES. GUINDANI, 2020, p. 165
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 41
histórico. Cada crença conserva características próprias
de sua civilização;
b) conhecer as diversas religiões sempre relacionando
em que contexto histórico elas surgiram. Dessa forma o
aluno terá oportunidade de arrolar sua crença religiosa
com as demais existentes e não menos importantes; c)
motivar a sintaxe de um convívio afetuoso por meio de
colóquios ecumênicos e inter-religioso, proporcionando
aos alunos e toda comunidade escolar, um momento de
reflexão a respeito das diferenças religiosas. A postura
ética e moral poderão ser resgatadas.27
“A menção acima mostra uma realidade muito distante de muitas
escolas que não se aprofundam nas várias religiões. A falta de
conhecimento religioso tem alimentado uma cultura que propaga o
preconceito contra a religião, e muitos são vistos como algo ruim ou nem
mesmo religioso por aqueles que não adotam crenças diferentes das suas.
Por exemplo, temos a religião afro-brasileira Muitas vezes visto com
preconceito por algumas pessoas”.28
E cabe a disciplina de Ensino Religioso, buscar ferramenta contra o
combate a intolerância religiosa no ambiente escolar, considerando que
a disciplina em questão tem como objeto de estudo o fenômeno religioso,
e em uma perspectivas, que possamos “discutir ou ensinar a história das
religiões afro brasileiras no espaço escolar pode ser uma possibilidade de
desconstrução de antigos conceitos estereotipantes, negativos,
discriminatórios e preconceituosos que ainda possam existir na
sociedade atual”.29
Enfim, é fundamental que as escolas através de disciplinas como
história, sociologia, e ensino religioso busque formas de erradicar o
ensino eurocêntrico de alguns professores ensinarem os educandos no
que se refere à verdadeira contribuição dos negros na construção da
nação brasileira.
2.1 As Lacunas Existentes No Ensino Religioso: PCNs
Se faz pertinente iniciamos esse tópico explicado o que é PCN de
acordo com a definição dada pelo Ministério da Educação:
27 Apud MILANI, 2013, p.18619, GUINDANI. SOARES. GUINDANI, 2020, p.
165-166.
28 GUINDANI. SOARES. GUINDANI, 2020.
29 MOREIRA; SILVA, 2013, p. 2
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 42
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um
referencial de qualidade para a educação no Ensino
Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e
garantir a coerência dos investimentos no sistema
educacional [...] Por sua natureza aberta, configuram
uma proposta flexível, a ser concretizada nas decisões
regionais e locais sobre currículos e sobre programas de
transformação da realidade educacional empreendidos
pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos
professores. Não configuram, portanto, um modelo
curricular homogêneo e impositivo [...] O conjunto das
proposições aqui expressas responde à necessidade de
referenciais a partir dos quais o sistema educacional do
País se organize, a fim de garantir que, respeitadas as
diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e
políticas que atravessam uma sociedade múltipla,
estratificada e complexa, a educação possa atuar,
decisivamente, no processo de construção da cidadania,
tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de
direitos entre os cidadãos, baseado nos princípios
democráticos. [...].
O PCN é tido como um momento histórico tanto para o Ensino
Religioso, pois foi através do PCN que pessoas de várias tradições
religiosas, enquanto educadores conseguiram junto encontrar o que há
de comum numa proposta educacional que tem como objeto o
Transcendente. O objetivo dos PCN é simples, ajudar junto com o
educando o conhecimento dos elementos básicos que compõem o
fenômeno religioso, as culturas e as tradições religiosas a partir das
experiências religiosas percebidas no contexto sociocultural da
sociedade.
Atualmente temos vários modelos de Ensino Religioso vigente no
país, o Confessional, o interconfessional, o supra confessional e a
disciplina curricular, cada qual com uma proposta.
O Confessional é oferecido de acordo com a opção religiosa do
aluno ou do seu responsável e ministrado por professores preparados e
credenciado pelas respectivas entidades religiosas. O Interconfessional é
resultante de um acordo entre as diversas entidades religiosas, que se
responsabilizarão pela elaboração dos respectivos programas, sendo que
a maior parte é por grupos de confissões cristãs. O Supra confessional é
ministrado nas escolas públicas, não admite qualquer tipo de
proselitismo religioso, preconceito ou manifestação em desacordo com o
direito individual dos alunos e de suas famílias de professar um credo
religioso ou mesmo o de não professar nenhum.
Revista Unitas, v. 10, n. 2, 2022 43
A Disciplina curricular é um modelo de Ensino Religioso pensado
como área de conhecimento, a partir da escola e não das crenças ou
religiões e tem como objeto de estudo o fenômeno religioso.
Independente do posicionamento ou opção religiosa, os educandos
são convidados a cultivar as disposições necessárias para a vivência
coerente de um projeto de vida profundamente humano e pautar-se pelos
princípios do respeito às liberdades individuais; tolerância para com os
que manifestam crenças diferentes e convivência pacífica entre as
diversas manifestações religiosas que compõem a pluralidade étnica e
cultural da nação brasileira.
Para atingir esses objetivos universalizaste, os PCNs lançam mãos
dos Temas Transversais30. O que são estes? O mesmo texto explica o
seguinte:
Adotando essa perspectiva, as problemáticas sociais são
integradas na proposta educacional dos Parâmetros
Curriculares Nacionais como Temas Transversais. Não
constituem novas áreas, mas antes um conjunto de
temas que aparecem transversalizados nas áreas
definidas, isto é, permeando a concepção, os objetivos,
os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no
decorrer de toda a escolaridade obrigatória.31
Um momento que merece ser lembrado é o aparecimento da
reforma Francisco Campos, que acarretou a probabilidade de se pensar
no Ensino Religioso como sendo admitido em caráter facultativo, através
do decreto de 30 de abril de 1931 e na Constituição de 1934 ele passa a ser
assegurado no artigo 153 que diz:
O ensino religioso será de frequência facultativa e
ministrada de acordo com os princípios da confissão
religiosa do aluno manifestada pelos pais ou
responsáveis e constituirá matéria dos horários nas
escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e
normais.32
30 A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas e um
compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as questões que
estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência entre os valores
experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos e o contato
intelectual com tais valores (PCN, 2012 p.45)
31 PCN, 2012 p.45
32 CNBB, 2007. p. 112
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Essa expressão facultativa permanece nas outras constituições até
os dias de hoje, observem a redação do Ensino Religioso nas
Constituições. O Ensino Religioso, de forma facultativa estabelecerá
disciplina das normas das escolas públicas de ensino fundamental.
O que se pode perceber é que, a falta de livros didáticos, além da
disciplina ser facultativa para o aluno, a falta de livros didáticos por parte
dos órgão competentes, a não reprovação do aluno, além da falta da
disciplina nas provas diagnosticas, entre elas a provinha Brasil, além da
falta de interesse por parte dos professores e gestores escolares em tratar
o ensino religioso como disciplina fundamental na formação do aluno, faz
com que a disciplina seja visto pelos alunos e seus responsáveis, como
uma área de conhecimento sem valor, fazendo com que isso seja uma
lacuna existente desde o período colonial.
Considerações finais
O presente trabalho teve como objetivo identificar de que forma a
disciplina de Ensino Religioso, possa contribuir para a erradicação da
intolerância religiosa no ambiente escolar. Tal objetivo acaba nos
trazendo outros como: Identificar o cenário do ensino religioso no Brasil
desde o período colonial até os dias atuais; e identificar as Lacunas
existentes no Ensino Religioso nas Escolas.
O trabalho ainda abordou a relevância em se trabalhar o ensino
religioso de forma não-confessional, ou seja, não ser vinculado a alguma
religião especifica, tendo como seu principal objetivo tratar o fenômeno
religioso com seu principal pilar em sala de aula, além de buscar trabalhar
temas transversais, entre eles tolerância, respeito, e diversidade.
Considerando que a diversidade religiosa é uma realidade e as
escolas podem serem a formadora de cidadãos conscientes e que
busquem respeitar as diferenças existentes no ambiente escolar, e para
isso, se faz necessário este tipo de discussão: o respeito a diversidade
religiosa existente no ambiente escolar.
Por fim, a metodologia do trabalho teve a pesquisa Bibliográfica,
onde buscamos autores como: Borges (2016), Baptista (2020), CNBB
(2007), Junqueira (2010), Santana (2022), Santos (2016), entre outros,
para nos auxiliar em nossa pesquisa.
Enfim, o tema proposto ainda será materia de discussões por um
longo período, considerando que tratar da religião não é materia fácil,
principalmente quando tratamos em ambientes com uma vasta
concentração de pessoas, nos privando muitas vezes de trabalhamos o
ensino religioso na perspectiva das ciências das religiões, tendo como
nosso foco principal o fenômeno religioso.
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Dessa forma conclui-se que a luta por um ensino religioso não-
confessional ainda será materia de discussão, nos fazendo acreditar que
a pesquisa em questão ainda requer continuidade, considerando que a
religião nos últimos anos vem se modificando ano após ano, e tal
mudança nos faz acreditar que precisamos sempre acompanhar essas
mudanças.
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