E-Book Oficial Sabrina Andrade-Escs

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SABRINA MEIRELES DE ANDRADE

MANUELA COSTA MELO


LEILA BERNARDA DONATO GÖTTEMS
DIRCE BELLEZI GUILHEM

BOAS PRÁTICAS NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA


LESÃO POR PRESSÃO: ORIENTAÇÃO AO ENFERMEIRO

1ª edição

Brasília
2023
AVISO DE DIREITOS AUTORAIS

ESTE E-BOOK É DIREITO AUTORIZADO PELA ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


(ESCS), E PROTEGIDO POR DIREITOS AUTORAIS E INTERNACIONAIS. TODOS OS DIREITOS
RESERVADOS.
É PERMITIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DESTA OBRA DESDE QUE CITADA A FONTE.
NÃO É PERMITIDA A SUA COMERCIALIZAÇÃO.

TODOS OS AUTORES ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO DESSE E-BOOK DECLARAM


AUSÊNCIA DE CONFLITO DE INTERESSE

Elaboração

Sabrina Meireles de Andrade

Manuela Costa Melo

Leila Bernada Donato Gottems

Dirce Bellezi Guilthem

Revisão: Viviane Almeida Pires

Projeto Gráfico e Diagramação: Maurício Costa Santos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Boas práticas na prevenção e tratamento da lesão


por pressão [livro eletrônico] : orientação
ao enfermeiro / Sabrina Meireles de Andrade...
[et al.]. -- 1. ed. -- Brasília, DF :
Ed. da Autora, 2023.
PDF
Outros autores: Manuela Costa Melo, Leila
Bernada Donato Göttems, Dirce Bellezi Guilthem.
Bibliografia.
ISBN 978-65-00-79369-7
1. Cuidados de enfermagem 2. Enfermagem
3. Enfermagem - Práticas 4. Feridas e ferimentos -
Enfermagem 5. Lesão por pressão I. Andrade, Sabrina
Meireles de. II. Melo, Manuela Costa. III. Göttems,
Leila Bernada Donato. IV. Guilthem, Dirce Bellezi.
CDD-610.73
23-170620 NLM-WY-100
Índices para catálogo sistemático:
1. Cuidados : Enfermagem : Ciências médicas 610.73
Tábata Alves da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9253
AGRADECIMENTOS
Agradecer a Deus pela oportunidade de realizar um sonho meu e de minha família.

À minha família minha base e exemplo de mestres mãe e irmãos.

À minha orientadora, Profa. Drª. Manuela, que me conduziu nesta longa jornada de
conhecimento e aprendizagem, pelos ensinamentos, confiança, amizade, dedicação
e competência. Meu grande respeito e admiração por você!

À Profa. Dra. Leila pelo exemplo de dedicação, competência profissional, sempre


atenta e orientado os melhores caminhos para obtermos êxito nas nossas escolhas.

À Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e Universidade de Brasília (UnB)


pela oportunidade e parceria.

À Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS) pelo fomento


concedido.

Ao CAPES/COFEN agradeço imensamente ao investimento em pesquisa e


acreditar que nós Enfermeiros podemos fazer a diferença na vida dos pacientes e
profissionais.

Ao Hospital Regional da Asa Norte que sempre apoiou meus projetos, sonhos e
pesquisa.

À minha Gerente de Enfermagem Cleidy Crisóstomo pela parceria e acreditar no


meu potencial sendo uma grande amiga e incentivadora.

Aos colegas da Secretaria de Saúde, em especial da Câmera Técnica de Feridas


(Alexandra, Daniela, Edlaine, Luciene, Luz Marina, Rafaela, Ronivaldo, Tacyana
,Tatiana, Claudia e Saulo) que juntos construímos o Guia Rápido de Prevenção e
Tratamento da Lesão por Pressão 2020 e foi a sementinha que me impulsionou a
construir este e-book.

À pandemia do COVID-19, mesmo como um grande obstáculo me impulsionou a


construir conhecimento e não desistir dos meus objetivos

Aos meus amigos que me acompanharam ao longo desses anos, me deram forças,
riram e choraram comigo fazendo parte desse capítulo da minha vida.

Não poderia deixar de agradecer a grande contribuição com um toque de


engrandecimento ao e-book, Profº. Drº Rinaldo e a Prof.ª MS Alexandra Lino, minha
admiração e gratidão!
PREFÁCIO
O e-book Boas práticas na prevenção e tratamento da lesão por pressão:
orientação ao enfermeiro é uma excelente oportunidade de atualização em
evidências que se apresentam em 13 capítulos e que abordam de maneira clara
e ilustrada temas de interesse para guiar o profissional Enfermeiro na consulta de
práticas do cotidiano do cuidado de pessoas com lesão por pressão (LP). No Capítulo
1 apresentamos a Introdução aos aspectos conceituais e características da LP.
Como defensor das metodologias científicas do cuidado, utilizando-se do
Processo de Enfermagem, a obra traz no Capítulo 2 e 3, os aspectos da Avaliação
de risco pelas escalas de Braden e Escala de risco para o desenvolvimento de
lesões decorrentes do procedimento cirúrgico, que de certa forma possibilitam ao
Enfermeiro a coleta de dados relacionados aos fatores de risco que possam auxiliar
identificação de problemas ou diagnósticos de enfermagem.
Assim, posteriormente a avaliação da pessoa com LP, o e-book apresenta o
Capítulo 4 com as Recomendações de boas práticas na prevenção e tratamento
dessas lesões, que de certa forma evidencia atividades, intervenções ou ações
autônomas do Enfermeiro para o planejamento e prescrição do cuidado com a equipe
de Enfermagem e de saúde.
No Capítulo 5, apresenta-se o grande desafio dos Enfermeiros nas ações de
Prevenção da LP em posição prona principalmente quando a pessoa acometida,
por este agravo, se encontra com a mobilidade no leito prejudicada durante seu
processo de internação ou tratamento. Aqui reiteramos a implementação dos cuidados
relacionados a integridade cutânea dos indivíduos para a segurança de sua integridade
física.
A atuação da Enfermagem, na prevenção de agravos decorrentes da integridade
cutâneo-mucosa, torna-se um importante desafio no processo de cuidar de pessoas
com diagnósticos de enfermagem relacionados ao conforto e segurança, assim, no
Capítulo 6, apresenta-se as Intervenções para a prevenção da LP, importante
etapa do Processo de Enfermagem.
O Capítulo 7, denominado de Classificação, prevenção e tratamento de LP,
apresenta recomendações para que os Enfermeiros possam escolher tecnologias de
cuidado para pessoas com lesões cutâneas, considerando as características da pele
e os objetivos de cada produto ou cobertura para prevenir feridas.
Identificar pessoas com risco de desenvolver LP, exige conhecimento dos
Enfermeiros sobre os Cuidados com as diversas tecnologias para prevenção
de lesões. Assim, este conteúdo é apresentado no, Capítulo 8, com as principais
recomendações para o manejo, preparação, aplicação e remoção dessas coberturas
ou produtos.
No Capítulo 9, aborda o aspecto do Biofilme na ferida, uma importante
complicação no tratamento de lesões de difícil manejo para a cicatrização. Nesse
sentido, torna-se necessário o raciocínio clínico para que o Enfermeiro identifique
os sinais e presença de biofilme, aspectos da sua microbiologia, diagnóstico e
gerenciamento do cuidado para esses indivíduos.
O procedimento de Limpeza da LP é abordado, nos Capítulos 10, 11 e 12,
para a escolha do produto ou solução de limpeza, assim, como a técnica correta e
cuidadosa para o desbridamento da ferida.
Por fim, no Capítulo 13, apresenta-se os Desafios no manejo da LP de difícil
cicatrização.
Esperamos que este e-book possa trazer conhecimentos atualizados de boas
práticas na condução de casos de pessoas com LP, entendendo, não somente a
abordagem deste agravo, no seu contexto fisiológico, enquanto diagnóstico com
foco no problema ou nas vulnerabilidades do indivíduo, mas considerando também
que é um ser com todas as suas necessidades afetadas, inclusive as psicossociais e
psicoespirituais.

RINALDO DE SOUZA NEVES


Enfermeiro. Doutor e Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de
Brasília. Conselheiro do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal – Coren-
DF/Gestão 2021-2023. Membro efetivo da Comissão de Sistematização da Prática de
Enfermagem (COMSISTE) vda Associação Brasileira de Enfermagem do Distrito Federal
(ABEn-DF). Coordenador do Projeto S@E - Brasil - Região Centro-Oeste.
LISTA DE ABREVIAÇÃO E SIGLAS
APACHE II Sistema de classificação de gravidade da doença utilizado em
unidade de terapia intensiva

BC Cloreto de benzetônio

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

DAI Dermatite Associada à Incontinência

EDTA Prata-ácido etilenodiamino tetra-acético

ELPO Escala de Avaliação de risco para desenvolvimento de lesões


decorrentes do procedimento cirúrgico

EPI Equipamento de proteção individual

ESCS Escola Superior de Ciências da Saúde

FEPECS Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde

LP Lesão por Pressão

MRSA Candida albicans/Staphylococcus aureus resistente à meticlina

NPUAP National Pressure Ulcer Advisory Panel

NSRAS Escala de Observação do Risco de Lesão da Pele em Neonatos

PAI Pressão Arterial Invasiva

PHMB Polihexametileno de biguanida

PP Posicionamento em pronação

PUNT Pressure Ulcer Notification Tool

SDRA Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo

SNE Sonda naso-enteral

TOT Tubo oro traqueal

TVU Transmissão de vapor úmido

UNB Universidade de Brasília


SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. 4
PREFÁCIO ................................................................................................................. 5
LISTA DE ABREVIAÇÃO E SIGLAS .......................................................................... 7
SUMÁRIO ................................................................................................................... 8
APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11
2. AVALIAÇÃO DE RISCO PELA ESCALA DE BRADEN ........................................ 16
Escala de Braden deverá ser aplicada a todos os pacientes acima de 5
(cinco) anos .............................................................................................................. 17
3. ESCALA DE AVALIAÇÃO DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DE
LESÕES DECORRENTES DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO (ELPO) ............... 20
4. RECOMENDAÇÕES DE BOAS PRÁTICAS NA PREVENÇÃO E
TRATAMENTO DE PESSOAS ACOMETIDAS PELA LP ......................................... 23
4.1. Avaliação dos fatores de risco ...................................................................... 23
4.2. Avaliação da pele e dos tecidos ................................................................... 25
4.3. Cuidados com a pele .................................................................................... 26
4.4. Nutrição na prevenção e tratamento ............................................................ 27
4.5. Reposicionamento e mobilização precoce ................................................... 28
4.6. Tecnologias que auxiliam o reposicionamento e mobilização precoce ........ 29
4.7. Superfície de apoio....................................................................................... 31
5. PREVENÇÃO DE PESSOAS COM LESÃO POR PRESSÃO:
POSIÇÃO PRONA.................................................................................................... 32
5.1. Cuidados prévios à manobra de pronação .................................................. 33
5.2. Cuidados prévios à manobra de pronação .................................................. 36
6. INTERVENÇÕES REALIZADAS COM PESSOAS NA PREVENÇÃO
DA LP ....................................................................................................................... 37
6.1. Medidas preventivas para fricção e cisalhamento........................................ 40
7. CLASSIFICAÇÃO, PREVENÇÃO E TRATAMENTO............................................ 41
7.1. Medidas preventivas para fricção e cisalhamento........................................ 41
7.2. Tabela 4: classificação características da pele, cobertura e objetivo da
tecnologia ................................................................................................................. 42
8. CUIDADOS COM O USO DE TECNOLOGIAS NA PREVENÇÃO ...................... 51
8.1. Recomendações gerais no manejo das tecnologias para prevenção .......... 51
8.2. Preparação e aplicação da tecnologia ......................................................... 51
8.3. Remoção da tecnologia ................................................................................ 51
9. BIOFILME NA FERIDA ......................................................................................... 53
9.1. Conceito ....................................................................................................... 53
9.2. Sinais de presença de Biofilme na ferida .................................................... 54
9.3. Diagnóstico de infecção na ferida. ............................................................... 54
9.4. Microbiologia. ............................................................................................... 54
9.5. Gerenciamento da lesão por pressão de difícil cicatrização ....................... 55
10. LIMPEZA DA LESÃO POR PRESSÃO. ............................................................. 55
11. SOLUÇÃO DE LIMPEZA .................................................................................... 55
12. DESBRIDAMENTO ............................................................................................ 57
13. DESAFIOS NO MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO DE DIFÍCIL
CICATRIZAÇÃO ...................................................................................................... 63
14. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 64
REFERÊNCIAS
ANEXOS
BIOGRAFIA DOS AUTORES
APRESENTAÇÃO
O e-book Boas práticas na prevenção e tratamento da lesão por pressão:
orientação ao enfermeiro é uma tecnologia educativa produzida com o apoio do
Fomento CAPS/COFEN SEI: 23038.003577/2020-01, coordenada pela Profa. Dra.
Leila Bernada Donato Gottems, produto do Programa de Mestrado Profissional em
Ciências para a Saúde, da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), instituição
mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS)
desenvolvido pela mestranda Sabrina Meireles de Andrade, com orientação da Profa.
Dra. Manuela Costa Melo.
Este e-book também é produto do Estágio Pós-Doutoral da Profa. Dra.
Manuela Costa Melo, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da
Universidade de Brasília (UNB), sob a supervisão da profa. Dra. Dirce Bellezi Guilhem,
na Área de concentração do Cuidado, Gestão e Tecnologias em Saúde e Enfermagem
e Linha de pesquisa: Gestão de Sistemas e de Serviços de Saúde e Enfermagem.
O objetivo é oferecer aos Enfermeiros a acessibilidade, a organização e
sistematização do processo de trabalho e do ensino e aprendizagem, promover
a praticidade de informação e servir de instrumento facilitador na prática que
aproxima o profissional do paciente, auxilia nas ações e planejamento do cuidado de
Enfermagem relacionados a Lesão por Pressão (LP) nos diversos serviços de saúde.
A LP é considerada um evento adverso evitável, indicador de qualidade da assistência
prestada nos serviços saúde. No Brasil, é o evento adverso mais notificado no ranking
do Ministério da Saúde/Anvisa no relatório 2020-2021, evidenciado pelos never events,
faz-se necessário que estratégias sejam estabelecidas no intuito das melhorias para
assistência e prevenção ao paciente com risco de desenvolver LP e no tratamento
adequado.
Este e-book poderá contribuir nos avanços na área da LP e auxiliar o Enfermeiro
na gestão do cuidado seguro e de qualidade. Espera-se que o produto elaborado
possa ser replicável e contribua como recurso educativo nas medidas de redução
da LP e por consequência, promover melhorias nos serviços prestados: hospitais,
ambulatórios de feridas, atendimento domiciliar entre outros serviços de saúde, que
necessitem de monitoramento de indicadores.

Sabrina Meireles de Andrade e Manuela Costa Melo

10
1. INTRODUÇÃO
Lesão por pressão (LP) é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles
subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de
dispositivo médico ou a outro objeto. A lesão pode se apresentar aberta e/ou ulcerada,
dolorosa e também com a pele íntegra (NPUAP, 2016).
A LP é ocasionada pela combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos, onde
os intrínsecos estão associados à idade avançada, desnutrição, doença de base,
sensibilidade reduzida, uso de medicamentos, como o uso de sedativos, entre outros;
enquanto os extrínsecos são os fatores de risco evitáveis, tais como pressão, atrito,
cisalhamento e microclima (Figura 1) (EPUAP/NPIAP/PPPIA, 2019).
Nota-se quanto menor a área do corpo pressionada, maior a intensidade da
pressão, neste grupo estão os pacientes com alterações na percepção sensorial,
indivíduos com paraplegia, coma, os submetidos à cirurgia de grande porte, pós
trauma sedados, restrição mecânica com aparelhos gessados ou trações ortopédicas
(DUARTE et al., 2019).

Fatores intrínsecos
Fatores extrínsecos ● Imobilidade
● Pressão ● Doenças
● Fricção e Neurológicas
Fatores que causam a
Cisalhamento ● Déficit nutricional
lesão por pressão
● Calor ● Incontinência Fecal
● Lesão por Trauma e Urinária
● Postura ● Perfusão tecidual
reduzida

Figura 1: Principais fatores extrínsecos que causam a lesão por pressão


Fonte: https://www.apexmedicalcorp.com/as/msg/message-1603.html

11
A ocorrência da lesão varia de acordo com a intensidade, duração e tolerância da
pele e de estruturas subjacentes para suportá-la. Quando a pressão sanguínea diminui
(desidratação, enfermidade cardiovascular, sepse) pode ocorrer uma compressão
capilar exagerada que impede o suprimento de fluxo sanguíneo ocorrendo a isquemia,
hipóxia, acidose tissular, edema e necrose celular (DUARTE et al., 2019).
Outros fatores que contribuem para o aparecimento da LP é quando o
suprimento sanguíneo cutâneo é reduzido pelo aumento da pressão externa sobre a
pressão capilar (normal capilar arterial 32mmHg e venoso 12mmHg) (Figura 2). Isso
depende da natureza dos próprios tecidos e da habilidade da pele e das estruturas
de suporte (vasos sanguíneos, colágeno, fluido intersticial) em redistribuir a pressão
aplicada na superfície do tecido. O tecido muscular é o mais sensível à pressão e a
isquemia (SNACHES et al., 2018).

PRESSÃO EXTERNA MAIOR QUE


32MMHG OCLUSÃO CAPILARES

CAPILARES
OSSO OSSO

CAPILARES

PELE
PELE

SUPERFÍCIE DA CAMA

CAPILARES SEM CAPILARES COM


EXCESSO DE PRESSÃO EXCESSO DE PRESSÃO
Figura 2: suprimento sanguíneo cutâneo é reduzido pelo aumento da pressão externa sobre a pressão
capilar (normal capilar arterial 32mmHg e venoso 12mmHg)
Fonte: http://eerp.usp.br/feridascronicas/recurso_educacional_lp_1_3.html.

12
A LP apresenta-se como pele intacta ou aberta como resultado de pressão
intensa e ou prolongada em combinação com o cisalhamento. O cisalhamento é
causado pela interação da gravidade com a fricção, exercendo forças paralelas na
pele (Figuras 3 e 4). É o que ocorre quando a cabeceira da cama é elevada acima de
30°, na qual o esqueleto tende a escorregar, obedecendo a força da gravidade, mas a
pele permanece no lugar (SNACHES et al., 2018).

ATRITO E FORÇA DE CISALHAMENTO

Figura 3: Ação das forças de pressão, fricção e cisalhamento que potencializam o aparecimento da
Lesão por Pressão
Fonte: https://www.mdsaude.com/dermatologia/escaras/

13
A fricção é criada pela força de duas superfícies, movendo-se uma sobre a
outra, provocando a remoção das células epiteliais e causando abrasões e lesões
semelhantes a queimaduras de segundo grau. Exemplo, é o fato de arrastar o paciente
no leito ao invés de levantá-lo (CAVALCANTI; KAMADA, 2022).

Figura 4: Fricção é a força entre duas superfícies


Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-forca-atrito.htm

A LP é um indicador de qualidade monitorado pelo núcleo de segurança e


qualidade das Instituições (DUARTE et al., 2019) É o evento adverso mais notificado no
ranking do Ministério da Saúde/Anvisa no relatório 2020-2021, preocupando gestores
e especialistas dentro das instituições públicas e privadas. A LP ocorre rapidamente, e
necessita de intervenção precoce para que não ocorra evolução, e consequentemente
danos irreversíveis e óbito (never events) (BRASIL, 2020).

14
Dessa maneira, torna-se necessário que a equipe de enfermagem inspecione
diariamente a pele dos pacientes, avalie o risco para o desenvolvimento dessas
lesões e implemente intervenções preventivas e/ou de tratamento (SNACHES et al.,
2018). Esses profissionais possuem papel fundamental na prevenção e redução dos
riscos de desenvolvimento da LP, pois exercem uma assistência direta e contínua em
pacientes com risco (TEIXEIRA et al., 2022).
Torna-se relevante destacar o papel do Enfermeiro no cuidado ao paciente,
de risco ou com LP, sendo esse profissional habilitado a traçar um plano de cuidado
para prevenção e tratamento. Considera-se, no entanto, que o Enfermeiro deve ser
imbuído de autonomia em sua atuação visando o bem-estar e o bom tratamento do
paciente, respaldado pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). A Resolução
COFEN n. 567/2018, que normatiza a atuação da equipe de Enfermagem e trata das
competências da equipe relacionada ao cuidado e tratamento de todos os tipos de
lesões, reforça ser competência e responsabilidade do profissional de enfermagem
conduzir da melhor forma a prevenção e tratamento da LP (BRASIL, 2018).

15
2. AVALIAÇÃO DE RISCO PELA
ESCALA DE BRADEN
A Escala de Braden é um instrumento norteador mais utilizada no Brasil,
desenvolvida em 1987, por Barbara Braden e Nancy Bergstro, e validada para o Brasil
em 1999. Possui o objetivo de avaliar e medir o risco de desenvolver a LP, orienta
os profissionais de Enfermagem no planejamento da assistência de enfermagem,
gerenciamento do cuidado principalmente os que apresentam alto risco de desenvolver
a LP. A escala de Braden é constituída de seis variáveis para avaliação em seis
subescalas: Percepção Sensorial, Umidade, Atividade, Mobilidade, Nutrição, Fricção,
força e Cisalhamento (JANSEN; SILVA; MOURA, 2020).
Cada subescala é pontuada de 1 a 4, exceto a variável Fricção e Cisalhamento,
que pontua de 1 a 3. O escore total pode variar de 6 a 23 pontos, sendo os usuários
classificados da seguinte forma: risco muito alto (escores iguais ou menores a 9
pontos), risco alto (escores de 10 a 12 pontos), risco moderado (escores de 13 a
14 pontos), baixo risco (escores de 15 a 18 pontos) e sem risco (escores de 19 a 23
pontos) (SALES; WATERS, 2019).
Para a população pediátrica é utilizada a Escala de Braden Q quadro 2 e anexo
3 aplicada a crianças com idade compreendida entre os 21 dias de vida e os 18 anos.
No entanto, a população neonatal (dos 0 aos 21 dias) fica muito desprotegida no que
se refere a utilização de instrumentos para a avaliação do risco de LP, e assim a Escala
de Observação do Risco de Lesão da Pele em Neonatos (NSRAS) é direcionada
para a complexidade dos cuidados com a pele, em neonatologia. É uma população
que exige profissionais bem preparados para a identificação rápida dos problemas e
para a realização eficaz das intervenções de enfermagem relacionado com a pele,
a avaliação do risco de lesão e a identificação de produtos tóxicos que, ao serem
utilizadas diretamente na pele do recém-nascido que podem provocar descamação e/
ou queimaduras da pele (MARTINS; CURADO, 2017).
A NSRAS (Anexo 1) é constituída por seis itens: condição física geral (idade
gestacional), estado mental, mobilidade, atividade, nutrição e umidade, cada um deles
com um formato de medida ordinal com quatro pontos (1 a 4). Os escores dos itens
variam entre 6 e 24 pontos, sendo o escore mais baixo representativo de baixo risco
de lesão da pele e o escore mais alto representativo de risco elevado de lesão da pele
(MARTINS, CURADO; 2017).
A Escala de Braden deverá ser aplicada para todos os pacientes acima de 5
cinco anos (Quadro 1) (ANEXO 2).

16
Escala de Braden deverá ser aplicada
a todos os pacientes acima de 5
(cinco) anos
Quadro 1: Escala de Braden (Fatores de risco para Lesão por Pressão) – versão resumida

PONTOS 1 2 3 4

Percepção Totalmente Levemente Nenhuma


Muito limitado
Sensorial limitado limitado limitação

Completamente Ocasionalmente Raramente


Umidade Muito molhado
molhado molhado molhado

Confinado à Anda Anda


Atividade Acamado
cadeira ocasionalmente frequentemente

Totalmente Provavelmente Levemente Não apresenta


Mobilidade
imóvel Inadequada limitado limitações

Problema em
Nutrição Muito pobre Adequada Excelente
Potencial

Fricção e Bastante Nenhum


Problema ---
Cisalhamento limitado problema

Risco Muito Alto 6 a 9 pontos

Risco Alto 10 a 12 pontos

Risco Moderado 13 a 14 pontos

Risco Leve 15 a 18 pontos

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

17
Para crianças de 1 a 5 anos deverá ser utilizada a
Escala de Braden-Q (Anexo 3) conforme quadro
abaixo:
Quadro 2: Escala de Braden-Q (Fatores de risco para Lesão por Pressão) – versão para crianças

PONTOS 1 2 3 4

Percepção Totalmente Levemente Nenhuma


Muito limitado
Sensorial limitado limitado limitação

Completamente Ocasionalmente Raramente


Umidade Muito molhado
molhado molhado molhado

Todas as
crianças
que são jovens
Deambula
demais para
Grau de Confinado à Ocasionalmente
Acamado deambular
Atividade cadeira (maior parte
ou deambular
leito ou cadeira)
frequentemente
(pelo menos
2x ao dia)
Totalmente Provavelmente Levemente Não apresenta
Mobilidade
imóvel Inadequada limitado limitações

Problema em
Nutrição Muito pobre Adequada Excelente
Potencial

Fricção e Problema Problema Nenhuma


Problema
Cisalhamento importante potencial problema

18
Comprometida:
Comprometida: Adequada:
Excelente:
Apresenta normotenso.
Extremamente normotenso.
saturação Apresenta
comprometida: Apresenta
de oxigênio saturação
hipotenso saturação
<95% ou a de oxigênio
(PAM > 50 de oxigênio
Perfusão hemoglobina <95% ou a
mmHg; < 40 > 95%, a
tissular e <10 mg/dl ou o Hemoglobina
mmHg em hemoglobina
oxigenação tempo de <10 mg/dl ou o
recém-nascido) norma e
enchimento tempo de
ou o paciente o tempo de
capilar >2 enchimento
não tolera as enchimento
segundos. O capilar
mudanças capilar
pH sérico > 2 segundos.
< 2 segundos.
< 7,40. O pH sérico é
normal

Risco Muito Alto 6 a 9 pontos

Risco Alto 10 a 12 pontos

Risco Moderado 13 a 14 pontos

Risco Leve 15 a 18 pontos

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

19
3. ESCALA DE AVALIAÇÃO DE
RISCO PARA DESENVOLVIMENTO
DE LESÕES DECORRENTES DO
PROCEDIMENTO CIRÚRGICO (ELPO)
A Escala de Avaliação de risco para desenvolvimento de lesões decorrentes do
procedimento cirúrgico (ELPO) é a escala de avaliação de risco para o desenvolvimento
de lesões decorrentes do procedimento cirúrgico. É um instrumento válido e
confiável para avaliação de risco para o desenvolvimento de lesões, decorrentes do
posicionamento cirúrgico, em pacientes adultos. Sua aplicação pode auxiliar a tomada
de decisão no cuidado ao paciente, durante o posicionamento cirúrgico, promover
a assistência segura e de qualidade, bem como incentivar o desenvolvimento de
protocolos de cuidados direcionados ao posicionamento cirúrgico do paciente nos
serviços de saúde. Portanto, recomenda-se que a ELPO seja aplicada ao posicionar
o paciente na mesa operatória (GONZAGA et al., 2021) (Quadro 3).

20
Quadro 3: Escala de avaliação de risco para o desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico

PONTOS 5 4 3 2 1

Tipo de
posição Litotômica Prona Trendelemburg Lateral Supina
cirúrgica

Tempo de Acima de Acima de 2h e Acima de 1h e


Acima de 6h Até 1h
cirurgia 4h até 6h até 4 até 2

Tipo de
Geral+regional Geral Regional Sedação Local
anestesia

sem uso de
colchão da colchão da
superfície colchão da mesa colchão da mesa
mesa cirúrgica mesa
de suporte ou cirúrgica de cirúrgica de
de espuma cirúrgica de
Superfície de suportes espuma espuma
(convencional) espuma
suporte rígidos sem (convencional) (convencional)
+coxins feitos (convencional)
acolchoamento +coxins de +coxins de
de campos de +coxins de
ou perniras espuma viscoelástico
algodão viscoelástico
estreitas

elevação dos
elevação dos
joelhos >90º e
joelhos >90º e
abertura dos elevação dos
abertura dos abertura >90º
Posição membros joelhos >90º ou
membros dos membros posição
dos inferiores abertura dos
inferiores >90º inferiores >90º anatômica
membros >90º ou membros
ou pescoço superiores
abertura dos inferiores >90º
sem alinhamento
membros
esternal
superiores

21
úlcera por
pressão ou
neuropatia
obesidade
previamente
ou Sem
Comorbidades diagnosticada diabetes mellitus doença vascular
desnutrição comorbidades
ou
trombose
venosa
profunda

Idade entre entre entre entre


>80anos
do paciente 70 e 79 anos 60 e 69 anos 40 e 59 anos 18 e 39 anos

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

Conforme Lopes e col. (2016), o escore da ELPO varia de 7 a 35 e quanto


maior o escore, maior o risco de o paciente desenvolver complicações decorrentes do
posicionamento cirúrgico. A nota de corte proposta estatisticamente com indicação de
situação de maior risco é o escore acima de 19.

22
4. RECOMENDAÇÕES DE BOAS
PRÁTICAS NA PREVENÇÃO E
TRATAMENTO DE PESSOAS
ACOMETIDAS PELA LP
A realização de um plano de cuidado na prevenção e tratamento da LP exige
avaliação: dos fatores de risco relacionados, da pele e seus tecidos, cuidados com
a pele, nutrição, reposicionamento e mobilização, e a superfície de apoio (EPUAP/
NPIAP/PPPIA, 2019).

4.1. Avaliação dos fatores de risco


• Mobilidade reduzida e atividade limitada (aumenta o risco das forças de pressão,
cisalhamento e fricção;
• Pacientes que apresentam LP estágio 1, tem risco de desenvolver estágios 2 e
3 e ou novas lesões;
• Portadores de Diabetes;
• Baixa perfusão e oxigenação por problemas circulatórios;
• Desnutrição ou má nutrição;
• Microclima;
• Aumento da temperatura corporal;
• Períodos de imobilização no perioperatório;
• Idade Avançada;
• Diminuição da percepção sensorial.

23
• No recém-nascidos avaliar risco (maturidade da pele, oxigenação, perfusão e
presença de dispositivos médicos) e a duração da criticidade;
• Considerar o impacto de fatores de risco adicionais no risco de desenvolvimento
de LP: duração do estado crítico da ventilação mecânica e o uso da terapêutica
vasopressora, escore APACHE II;
• Avaliar o risco de desenvolvimento da LP, de acordo com o escore obtido
(Escala), após a admissão e ou qualquer alteração do estado clínico;
• Desenvolver e implementar medidas de prevenção individualizada para o
indivíduo com risco de desenvolver LP;
• Ao efetuar uma avaliação de risco para LP utilizar uma abordagem estruturada,
exame físico completo da pele, analisar e planejar os cuidados de Enfermagem.

24
4.2. Avaliação da pele e dos tecidos
• No recém-nascidos avaliar risco (maturidade da pele, oxigenação, perfusão e
presença de dispositivos médicos) e a duração da criticidade;
• Considerar o impacto de fatores de risco adicionais no risco de desenvolvimento
de LP: duração do estado crítico da ventilação mecânica e o uso da terapêutica
vasopressora, escore APACHE II;
• Avaliar o risco de desenvolvimento da LP, de acordo com o escore obtido
(Escala), após a admissão e ou qualquer alteração do estado clínico;
• Desenvolver e implementar medidas de prevenção individualizada para o
indivíduo com risco de desenvolver LP;
• Ao efetuar uma avaliação de risco para LP utilizar uma abordagem estruturada,
exame físico completo da pele, analisar e planejar os cuidados de Enfermagem.

25
4.3. Cuidados com a pele
• Manter a pele limpa e hidratada;
• Limpar a pele imediatamente após episódios de incontinência fecal e ou urinária;
• Evitar uso de sabonete com o pH alcalino, preferir sabonete líquido que possua
pH levemente ácido;
• Evitar fricção rigorosa da pele;
• Utilizar produtos para incontinência com alto poder de absorção, por exemplo,
fraldas descartáveis, absorventes;
• Utilizar tecidos de limpeza com baixo coeficiente de fricção;
• Aplicar tecnologia atraumática, que minimize as forças de pressão, cisalhamento
e fricção, por exemplo, Tecnologia de silicone multicamada.

26
4.4. Nutrição na prevenção e tratamento
• Fazer rastreio e avaliação nutricional rigorosa em todos os pacientes identificados
com risco de desnutrição, assim como a todos os adultos desnutridos;
• Estimular a ingestão calórica, nos pacientes com risco, e que se encontrem
desnutridos ou em risco nutricional;
• Providenciar 30 a 35 k calorias/kg por dia e 1.2 a 1.5g de proteína/kg, a adultos
com LP, que estejam desnutridos ou com risco de desnutrição;
• Avaliar o risco-benefício da nutrição entérica ou parentérica quando a
alimentação oral não for suficiente, apesar das intervenções utilizadas. Ex.:
suplementação oral hiperproteica;
• Incentivar a hidratação oral em indivíduos com risco e ou com a LP quando
compatível com os objetivos dos cuidados e com a condição clínica;
• Usar instrumentos de monitorização e avaliação do estado nutricional adequados
nos recém-nascidos e crianças com risco;
• Recém-nascidos e crianças com LP com alimentação oral inadequada fornecer
uma alimentação enriquecida e adequada à idade e ponderar o recurso à
suplementação oral adequada ou à alimentação entérica ou parentérica.

27
4.5. Reposicionamento e mobilização precoce
A realização do plano de cuidado na prevenção e tratamento da LP exige
avaliação: dos fatores de risco relacionados, da pele e seus tecidos, cuidados com
a pele, nutrição, reposicionamento e mobilização, e a superfície de apoio (EPUAP/
NPIAP/PPPIA, 2019).

Figura 5: Pontos de Pressão em Decúbito


Fonte: www.sogab.com.br.

28
4.6. Tecnologias que auxiliam o reposicionamento e
mobilização precoce
Sensor pequeno, leve e vestível que monitora sem fio a posição de um paciente
e sua mobilidade enquanto estiver em um hospital.
Figura 6: O Sistema de Monitoramento de Pacientes LEAF:
1. Atendimento personalizado para cada paciente
2. Receba lembretes de turno digital (no quarto e no posto de enfermagem)
3. Confirme a qualidade dos turnos do seu paciente
4. Gerar relatórios automaticamente
Fonte: https://www.sn-leaf.com/

Figura 7: Protetor de calcanhar Figura 8: Estrutura multimodal para modelagem de


na prevenção, tratamento e elementos finitos específicos para glúteos.
gerenciamento da lesão por pressão
Fonte: https://sageproductsglobal. Estrutura multimodal para modelagem de elementos
com/wp-content/uploads/2015/0 finitos específicos para glúteos, uma deformação
9/Kumal-Rajpaul-EMWA-Prev.-HP- excessiva dos tecidos põe em risco a integridade dos
FINAL.pdf tecidos, é enviado um aviso ao utilizador ou à equipa
médica através de uma ligação sem fios (Bluetooth)
utilizando uma modalidade vibrotáctil (relógio vibratório)
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Overview-
of-the-TexiSense-pressure-ulcer-prevention-device_
fig2_2819 23541

29
Figura 9: Pressure Ulcer Notification Tool (PUNT). Detector de
Lesão Por Pressão.

Tecnologia criada pelo Enfermeiro Britânico especialista em


feridas, Mark Collier, permite o gerenciamento da dor da lesão
por pressão, previne lesões, estabelece um plano de cuidado
personalizado baseado no risco de desenvolver lesão, conduzindo
intervenções precoces e construindo uma plataforma eletrônica
on-line acessível para coletar e relatar dados e compartilhar
recomendações baseadas em evidências.
Fonte: https://medcitynews.com/2016/07/startup-pressure-ulcer

Determinar a frequência do reposicionamento dos pacientes com risco de


desenvolver a LP conforme as condições clínicas indicadas de acordo:
• Tolerância da pele e dos tecidos;
• Condição clínica geral;
• Objetivos dos cuidados;
• Conforto e dor.
Implementar estratégias que facilitem adesão do paciente relacionado a
mobilização e reposicionamento de forma a redistribuir a pressão minimizando as
forças de pressão, fricção e cisalhamento.

• Utilizar o mapa de redistribuição de forma coerente conforme a necessidade do paciente;


• Quando em decúbito lateral, posicionar com um ângulo de 30º, em detrimento do ângulo de 90º;
• Manter cabeceira mais plana, sempre que possível, de acordo com a condição clínica do
paciente;
• Evitar a posição frequente de pronação, exceto se a condição clínica indica-lo;
• Utilizar a posição sentado em cadeiras comuns e ou de rodas por tempo limitado;
• Optar por uma posição sentada reclinada e com apoio das pernas e pés;
• Encorajar os pacientes cadeirantes a fazer descompressão e mudança de decúbito;
• Implementar programas de mobilização precoce de acordo com a tolerância de cada paciente;
• Utilizar tecnologias que auxiliem reposicionamento e mobilização precoce;
• Durante uma cirurgia, posicionar o paciente de forma a maximizar a área corporal
em contato com a superfície de apoio, e minimizar as forças de pressão;
• O paciente com LP de difícil cicatrização na região sacral ou isquiática
avaliar o benefício da cicatrização assim como o estilo de vida,
saúde física e emocional.
Figura 9: Relógio manual que monitora a mudança de decúbito beira-leito
Fonte: https://www.elo7.com.br/relogio-de-parede-mudanca-de-decubito-para-acamados-
24cm/dp/17442FA

30
4.7. Superfície de apoio
• Utilizar colchões associado a superfície piramidal em todos os indivíduos com
risco para desenvolver LP;
• Ao selecionar, a superfície de apoio, deve-se considerar: o nível individual de
mobilidade na cama, o conforto, a necessidade de controle do microclima e
umidade, local e as circunstâncias da prestação de cuidados;
• Não utilizar colchões ou sobreposições de colchões de células pequenas de
alternância de pressão com o diâmetro inferior a 10 cm;
• Usar uma superfície de apoio ativo (colchão pneumático) para os indivíduos
com maior risco de desenvolver LP;
• Usar de superfícies de apoio para a prevenção de LP nos calcâneos;
• Utilizar uma almofada ou travesseiro abaixo das pernas na altura da panturrilha
para elevá-los e mantê-los flutuantes, evitando pressão sobre o tendão de
Aquiles. O joelho deve ter leve flexão;
• Utilizar assento que redistribua pressão, para pacientes com mobilidade
reduzida, e que apresentam risco de desenvolver a LP quando estes estiverem
sentados em uma cadeira;
• Almofadas de ar e espuma redistribuem melhor a pressão, as almofadas de
gel, de pele de carneiro sintéticas e dispositivos, recortados em forma de anel,
causam maior pressão e devem ser contraindicados;
• A descrição do colchão deve ser compatível com peso e altura do paciente;
• No caso de pacientes bariátricos, selecionar superfícies de apoio que
redistribuam a pressão, reduzam as forças de fricção e cisalhamento e controlem
o microclima;
• No bloco cirúrgico, deve-se utilizar superfícies de redistribuição de pressão, em
pacientes com risco de desenvolver LP e/ou de acordo com tempo cirúrgico;
• Utilizar superfície de apoio, específica para bariátricos e ou obesos, que ficarão
acamados por períodos prolongados;
• Retirar o paciente, de um plano duro, logo após a admissão, pelo profissional
de saúde, nas unidades de atendimento de emergência e urgência.

Figura 10: Superfície de apoio


Fonte: https://www.biosanas.com.br/uploads/outros/artigos_cientificos/170/00d8e5b3f70e81b6d4a38f6da1d6c9ea.pdf

31
5. PREVENÇÃO DE PESSOAS COM
LESÃO POR PRESSÃO: POSIÇÃO
PRONA

Figura 11: Paciente em posição prona.


Fonte: http://www.terapiaventilatoria.uc.cl/Articulos/la-posicionhttp://www.terapiaventilatoria.uc.cl/
Articulos/la-posicion-prona-en-pacientes-con-sdraprona-en-pacientes-con-sdra

A mudança de posicionamento em pronação (PP) foi proposta em virtude


da distribuição heterogênea da lesão pulmonar nos pacientes com Síndrome do
Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), sendo um método relativamente simples
que tem sido mostrado para melhorar a troca gasosa e oxigenação e, em estudo
recente, reduzir a mortalidade desses pacientes, podendo assim, ser utilizada como
parte da estratégia ventilatória. Vários mecanismos têm sido propostos para explicar
estes efeitos como: melhoria da ventilação regional, uma maior homogeneidade de
relações ventilação/ perfusão, aumento no volume pulmonar e recrutamento alveolar
devido à descarga de movimento do diafragma na posição prona (ARAÚJO et al.,
2021).
São diversas as áreas sujeitas à LP durante a pronação, conforme demonstrado
na figura 12 abaixo, e além dessas lesões podem ocorrer também edema facial
(principalmente nas pálpebras e lábios) e lesões mucosas (úlceras de córnea ou
língua) (SILVA et al., 2021).

Figura 12: Áreas de pressão durante a pronação.


Fonte: Guia rápido para a prevenção de lesões por pressão associadas ao posionamento prona.
Convatec

32
5.1. Cuidados prévios à manobra de pronação
A equipe responsável pela pronação deve ser composta por 6 membros:
médico, fisioterapeuta, enfermeiro e 2 técnicos, além de uma pessoa que será o
responsável pela leitura e checagem de todos os os itens do checklist (fisioterapeuta/
ou enfermeiro/ ou técnico de enfermagem). Caso o usuário esteja acoplado ao dreno
de tórax, a equipe deve ser constituída por mais um membro, que será responsável
por esse dispositivo.

Etapas /Manobras de pronação


1. Siga o checklist, verificando: tubo oro traqueal (TOT), sedação, fixação dos
dispositivos invasivos, pausar e abrir sonda naso-enteral (SNE) (2h antes), aspiração
de vias aéreas, pré-oxigenar (100% por 10 min.); materiais (providenciar coxins;
aproximar carro de parada cardiorrespiratória e caixa de intubação; testar material
de aspiração e AMBU); gerais (cuidados oculares e com a pele; revisar fixação dos
dispositivos invasivos e curativos; pausar hemodiálise contínua (recircular e heparinizar
cateter) e de via aérea (aspirar vias aéreas; verificar fixação do cadarço; registrar
pressão do balonete do tubo endotraqueal); verificar sedação.

2. Realizar o envelopamento:
• Posicionar eletrodos e dômus da PAI nos MMSS;
• Alinhar MMSS e MMII;
• Alinhar cabos de monitorização;
• Colocar coxins em tórax e pelve.

Figura 13: Demonstra o envelopamento


Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

2b. Realizar o envelopamento:


• Posicionar cabeceira a zero grau;
• Pausar infusões, manter viabilizando vasopressores
e nutrição parenteral;
• Posicionar o lençol móvel sobre o usuário;
• Colocar drenos (o de tórax mantém fora e uma
pessoa fica responsável), sondas e dômus da PAI
dentro do envelope.
Figura 14: Demonstra o envelopamento
Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

33
3. Formar o envelope
• Enrolar a borda dos lençóis o mais próximo possível
do corpo do usuário.

Figura 15: Demonstra o envelopamento


Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

4. De forma sincrônica, iniciar a manobra em


três etapas:
• Deslocar o usuário para o lado contrário da
ventilação mecânica.
• Lateralizar o usuário.
• Girar para a posição prona.

Figura 16: Demonstra o envelopamento


Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

5. Após a manobra realizar os seguintes cuidados: posição do TOT e pressão


do cuff; sedação e outras drogas (reiniciar infusões); retornar dieta após 1h; posicionar
sondas e drenos, abrir clampes.

6. Continuar os cuidados:
• Posicionar eletrodos em dorso;
• Realizar Trendelemburg reverso;
• Colocar coxins em pernas e face mantendo o
abdômen livre;
• Elevar membro superior em *posição de nadador.

Figura 17: Demonstra o envelopamento


Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

*POSIÇÃO DE NADADOR: um braço fletido para cima e outro estendido para


baixo, com rosto virado para o braço fletido, com alternância a cada 2h, evitando a
lesão do plexo braquial. Ver figura anterior.

34
RETORNANDO A POSIÇÃO SUPINA:
• Deve-se observar os mesmos pontos do checklist do momento da prona:
posição do TOT, parar infusões e dieta, alinhar membros, posicionar eletrodos,
drenos, PAI, zerar decúbito, pré-oxigenar;
• De forma sincrônica iniciar a manobra para posição supina em três etapas:
deslocar o usuário para o mesmo lado da ventilação mecânica; lateralizar o
usuário e girar para a posição supina.

OBSERVAÇÕES:
• Ao avaliar se o usuário obteve uma boa resposta a posição prona deve-se
observar após 1h se ocorreu um aumento de 10mmHg PaO2 ou de 20mmHg
na relação PaO2/FiO;
• A posição prona pode permanecer por 16 a 20h;
• O intervalo entre as pronações devem ser entre 6 e 8h.

35
5.2. Cuidados prévios à manobra de pronação

AÇÕES DE PREVENÇÃO DE LESÕES DE PELE DURANTE A PRONAÇÃO

1. Monitorar lesões faciais;

2. Monitorar locais onde há compressão da pele por mais de 2 horas em uma


superfície ou com um dispositivo;

3. Realizar reposicionamento a cada 2 horas "posição de nadador";

4. Preparar a pele com barreiras protetoras em áreas de maior risco de lesões por
umidade e/ ou onde serão colocados adesivos;

5. Aplicar coberturas de espuma para controlar o microclima, reduzir a pressão e a


fricção;

6. Revisar e selecionar os dispositivos que geram maior risco para LP: fixação do
tubo orotraqueal... etc.;

7. Verificar se os dispositivos estão firmemente conectados para evitar deslocamento


acidental, sem criar pressão adicional: fixação do cateter vesical e da sonda
nasogástrica ou nasoenterica;
8. Manter a pele limpa e seca sob os dispositivos médicos: fixação do tubo orotraqueal
e da cânula de traqueostomia. Considerar o uso de uma cobertura protetora para
prevenir LP relacionadas a dispositivos médicos;

9. Monitorar a hidratação da pele;

10. Redistribua os pontos de pressão na face e no corpo enquanto estiver na posição


prona;
11. Evitar gerar pontos de pressão adicionais, relacionado a dispositivos como sondas,
equipos e cabos de monitorização. Posicionar/organizar as linhas de infusão,
drenos e sondas, evitando assim que fiquem sob o usuário;

12. Alterar a localização do dispositivo em intervalos de rotina e remova-os quando


não for necessário;

13- Evitar que o corpo escorregue devido à posição ou diferença no tamanho dos
coxins sob a pele.

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

36
6. INTERVENÇÕES REALIZADAS COM
PESSOAS NA PREVENÇÃO DA LP
A LP pode ser evitada em sua grande maioria através da identificação dos
pacientes em risco e da implementação de estratégias de prevenção direcionadas
para uma assistência segura (BRASIL, 2013).
AS SEIS ETAPAS ESSENCIAIS ESTRATÉGICAS DE PREVENÇÃO DA LP:

ETAPA 1: AVALIAÇÃO DA LP NA ADMISSÃO, PROGRAMAÇÃO DA VISITA


OU ATENDIMENTO DOMICILIAR

• Avaliar o risco de desenvolver a LP usando a escala de Braden;


• Avaliar a pele e identificar a presença de LP pré-existentes.

ETAPA 2: REAVALIAÇÃO PERIÓDICA DO RISCO DE


DESENVOLVIMENTO DE LP

A reavaliação diária permite aos profissionais de saúde ajustar a estratégia


preventiva conforme necessidade do usuário. A avaliação de risco deverá ser
realizada preferencialmente pela escala de Braden.

ETAPA 3: INSPEÇÃO DIÁRIA DA PELE

Em virtude da rápida mudança de fatores de risco em pacientes agudamente


enfermos, a inspeção diária da pele é fundamental. Deve-se ter especial
atenção às áreas corporais de maior risco para LP, como as regiões
anatômicas sacral, ísquio, calcâneo, occipital, trocanter, escapular, maleolar
e regiões corporais submetidas à pressão por dispositivos médicos como
cateteres, tubos e drenos.

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

37
ETAPA 4: MANEJO DA UMIDADE E MANUTENÇÃO DO
USUÁRIO SECO E COM A PELE HIDRATADA

Pele úmida se torna mais vulnerável e propícia ao desenvolvimento de


lesões cutâneas, tendendo a se romper mais facilmente. Medidas preventivas
para higiene, hidratação, manejo da umidade e proteção da pele são
apresentadas abaixo:
A. Higienização e hidratação da pele: limpar a pele sempre que apresentar
sujidade ou necessário com água morna e sabão neutro para reduzir a
irritação e o ressecamento da pele. Aplicar hidratante com movimentos
suaves e circulares após o banho, evitando massagear áreas de
proeminências ósseas ou hiperemiadas. Evitar produtos com álcool.
B. Manejo da umidade: proteger a pele da exposição à umidade excessiva
com a utilização de produtos de barreira (cremes e pomadas) e ou
dispositivos para incontinência fecal ou urinária. Aplicar após o banho/
higienização ou conforme necessidade.
C. Proteção da pele: considerar a aplicação de curativos de espuma
multicamadas nas proeminências ósseas para prevenir LP em zonas
anatômicas frequentemente submetidas a fricção e cisalhamento, em
especial a região sacral e elevação do calcanhar. O uso desses produtos
NÃO deve substituir todos os outros cuidados necessários.

ETAPA 5: OTIMIZAÇÃO DA NUTRIÇÃO E DA HIDRATAÇÃO

Avaliar fatores nutricionais e de hidratação em usuários com possível risco


de apresentar LP. Déficit nutricional ou desidratação podem apresentar
perda de massa muscular e de peso, tornando os ossos mais salientes
e a deambulação mais difícil. Edema e menor fluxo sanguíneo cutâneo
geralmente acompanham déficits nutricionais e desidratação, resultando em
lesões isquêmicas que contribuem para o desenvolvimento de lesões de
pele. Usuários desnutridos e desidratados devem ser avaliados pela equipe
de saúde com intervenções apropriadas.

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

38
ETAPA 6: MINIMIZAR A PRESSÃO

Manter a circulação nas áreas do corpo com risco de desenvolvimento de


LP com redistribuição da pressão, especialmente sobre as proeminências
ósseas. Reposicionar o usuário a cada 2 (duas) horas ou de acordo com a
necessidade avaliada.
• Usar inclinação de 30° em semi- Fowler e laterais sempre que o usuário
tolerar e a sua condição clínica permitir.
• Usar forro móvel de elevação para movimentação do usuário acamado.
• Evitar posicionar o usuário diretamente sobre cateteres, tubos, drenos e
proeminências ósseas com hiperemia.
• Utilizar dispositivos de suspensão dos calcâneos que os elevem
completamente numa total ausência de carga de forma a distribuir o peso
da perna ao longo da parte posterior sem colocar pressão sobre o tendão
de Aquiles. Manter o joelho levemente fletido.
• Se o usuário não pode ser movido ou está posicionado com a cabeceira da
cama elevada acima de 30°, coloque uma espuma multicamada em região
sacral.
• Utilizar um curativo de proteção de espuma multicamadas com silicone sob
dispositivos médicos.
• Os seguintes dispositivos não devem ser utilizados para elevar os calcâneos:
dispositivos em forma de anel, luvas cheias de água.

Figura 18: Almofada em formato de gel


Fonte: http://www.staycare.com.br/2016/11/17/lesao-por-
pressao/

Figura 19: Luva de látex com água


Fonte: http://eerp.usp.br/feridascronicas/recurso_edu

39
6.1. Medidas preventivas para fricção e cisalhamento

Figura 20: Posicionamento Cabeceira elevada a 30º Figura 21: Colchão pneumático
Fonte: https://s3-sa-east-1.amazonaws. Fonte: https://www.santacasadeitapeva.org.
com/99freelas/portfolios/files/540296/3cdd5389- br/noticia/uti-adulto-da-santa-casa-adquire-
da10-4b27-98c6-baffc7112a96/pneumonia- colchao-para-prevencao-de-lesao-por-
associada-a-ventilacao-mecanica.pdf pressao.pdf

Figura 22: : Lençóis sem dobras Figura 23: Tecnologia de silicone


Fonte: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/ Fonte: https://www.scielo.br/j/rbcp/a/
hospitaisuniversitarios/regiao-sudeste/ mhg3d6bTNrg3ZgS

• Elevar a cabeceira da cama até, no máximo, 30º e evitar a pressão direta


nos trocânteres e quando em posição lateral limitando o tempo de cabeceira
elevada, pois o corpo do paciente tende a escorregar, ocasionando fricção e
cisalhamento;
• Usar forro móvel ou dispositivo mecânico de elevação para mover o paciente a
durante transferência e reposicionamento;
• Deve-se verificar, se nada foi esquecido sob o corpo do paciente, para evitar
danos teciduais;
• Utilizar quadro de avisos próximo ao leito para estimular o paciente a movimentar-
se na cama, quando necessário;
• Avaliar a necessidade do uso de coberturas/tecnologias, de espuma
multicamada de silicone, para proteger proeminências ósseas, diminuindo o
risco de desenvolver LP.

40
7. CLASSIFICAÇÃO, PREVENÇÃO E
TRATAMENTO
Há vários sistemas de classificação da LP. O sistema mais utilizado é o National
Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP, 2016), último consenso classifica a LP em
estágios de acordo com terminologia e nomenclatura. A LP é categorizada para indicar
a extensão do dano tissular (NPUAP, 2016).

7.1. Medidas preventivas para fricção e cisalhamento


A LP pode-se apresentar em pele íntegra, como ocorre na LP em estágio 1, com
perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme (estágio 2), com
perda da pele e sua espessura total (estágio 3) e com perda da pele com espessura
total e perda tissular, como ocorre no estágio 4, lesão por pressão não classificável,
lesão por pressão tissular profunda, lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo
Médico, Lesão por Pressão em Membranas Mucosas e por microclima (DWEEKAT;
LAM; MCGRATH, 2023). Ver tabela 4, item 7,2.

• Diâmetro, formato, profundidade e área da ferida utilizando instrumento de


medição
• Presença de biofilme
• Equilíbrio do meio úmido
• Coloração e quantidade do exsudato
• A condição dos tecidos no leito da ferida e da pele circundante
• Presença de tunelização, cavitação e locas
• Dor

41
7.2. Tabela 4: classificação características da pele,
cobertura e objetivo da tecnologia
CARACTERÍSTICAS OBJETIVO DA
CLASSIFICAÇÃO TECNOLOGIAS
DA PELE TECNOLOGIA

Estágio 1: Pele íntegra com área 1. Opção: Espuma com 1. Diminuir as forças
Pele íntegra com localizada de eritema que silicone multicamadas com de pressão, fricção e
eritema que não não embranquece e que borda adesiva cisalhamento;
embranquece pode parecer diferente em 2. Opção Espuma de 2. Atraúmático na remoção;
pele de cor escura. Hidropolímero/ hidrocelular 3. Proteger a pele e
Presença de eritema bordas de adesivo; controle da umidade;
que embranquece ou 3. Opção Hidrocolóide 4. Fazer barreira protetora
mudanças na sensibilidade, transparente; contra vírus, bactéria e

Fonte: Gordian Medical,


temperatura ou consistência 4. Opção Filme fungos;
Inc. dba American Medical (endurecimento) podem transparente. 5. A espuma com silicone
Technologies
preceder as mudanças Obs: O estágio 1 é como primeira opção
visuais. muito confundido com proporciona remoção
Mudanças na cor não Dermatite Associada à atraumática e permite
incluem descoloração Incontinência (DAÍ). O uso retirada para avaliação e
púrpura ou castanha; essas de hidrocoloide e filme reposicionamento;
podem indicar dano tissular transparente em DAI pode 6. O hidrocoloide filme
profundo (NPUAP, 2016). piorar a lesão. transparente permite
Fonte: NPUAP, 2016
visualizar a evolução
da lesão sem retirar a
cobertura.

42
Estágio 2: O leito da ferida é viável, 1. Opção: Espuma de 1- Absorver o baixo/ médio
Perda da pele em sua de coloração rosa ou silicone multicamadas com exsudato da lesão;
espessura parcial com vermelha, úmido e pode borda adesiva; 2- Diminuir as forças
exposição da derme também apresentar se 2. Opção: Espuma de pressão, fricção e
como uma bolha intacta de hidropolímero ou cisalhamento;
(preenchida com exsudato poliuretano com borda 3- Proteger a pele contra
seroso) ou rompida. adesiva; umidade, bactérias e vírus;
O tecido adiposo e tecidos 3. Opção: Hidrocolóide 4- Fazer barreira protetora
profundos não são visíveis. com espuma de diminuindo impacto da
Tecido de granulação, poliuretano. pressão;
esfacelo e escara não
Fonte: http://enfermagem-
a-arte-de-cuidar.blogspot. estão presentes.
com/2014/10/feridas-
curativos-e-coberturas.html Essas lesões geralmente
resultam de microclima
inadequado e
cisalhamento da pele
na região da pélvis e no
calcâneo.
Esse estágio não deve ser
usado para descrever as
lesões de pele associadas
à umidade (NPUAP, 2016).

Fonte: NPUAP, 2016

43
Estágio 3: Perda da pele em sua Cobertura primária: 1. Absorver o moderado
Perda da pele em sua espessura total na qual 1. Opção: exsudato da lesão;
espessura total a gordura é visível e, Carboximetilcelulose com 2. Utilizar cobertura
frequentemente, tecido de prata iônica; antimicrobiana e
granulação e epíbole (lesão 2. Opção: Alginato de absorvente como primeira
com bordas Cálcio e Sódio; opção;
enroladas) estão presentes. 3. Opção: Carvão ativado 3. Preenchimento de
Esfacelo e/ou escara pode com prata; cavidade, tuneis e
estar visível. A profundidade 4. Espuma de poliuretano bordas descoladas
do dano tissular varia com prata. evitando proliferação de
Fonte: https://www.mdsaude. conforme a localização microrganismo;
com/dermatologia/escaras/
anatômica; áreas com Cobertura Secundária: 4. Proteger a pele contra a
adiposidade Avaliar nível de exsudato; umidade,
significativa podem 1. Opção: Espuma de bactérias e vírus;
desenvolver lesões hidropolimero/poliuretano 5. Evitar maceração
profundas. com borda adesiva formato de borda deixando a
Podem ocorrer escolamento anatômico; hidrofibra 2ª a 3cm além da
e túneis. Não há exposição 2. Coxin em caso elevado margem da ferida;
de fáscia, músculo, tendão, exsudato. 6. Observar sinais de
ligamento, cartilagem e/ou biofilme;
osso. 7. Diminuir as forças
Quando o esfacelo de pressão, fricção e
Fonte: NPUAP, 2016 ou escara prejudica a cisalhamento.
identificação da extensão
da perda tissular, deve-se
classificá-la como
Lesão por Pressão Não
Classificável (NPUAP,
2016).

44
Estágio 4: Perda da pele em sua Cobertura primária: 1. Absorver o elevado
Perda da pele em espessura total e perda 1. carboximetilcelulose com exsudato da lesão;
sua espessura total e tissular com exposição ou prata iônica; 2. Utilização de uma
perda tissular palpação direta da fáscia, 2. Alginato de Cálcio Sódio; cobertura antimicrobiana
músculo, tendão, ligamento, 3. Carvão ativado com como primeira opção;
cartilagem ou osso. prata; 3. Preenchimento de
Esfacelo e/ou escara pode 4. Malha com prata cavidade, tuneis e
estar visível. Epíbole (lesão nanocristalina. bordas descoladas
com bordas enroladas), evitando proliferação de
descolamento e/ou túneis Cobertura Secundária: microrganismos;
ocorrem frequentemente. 4. Proteger a pele contra
A profundidade varia 1. A troca deverá ser umidade, bactérias e vírus;
conforme a localização diária, assim a cobertura 5. Evitar maceração
anatômica. Quando secundária deve ser gaze de borda deixando a
o esfacelo ou escara ou coxin. carboximetilcelulose 2ª a
prejudica a identificação 2. Evitar o contato direto 3cm além da
da extensão da perda da cobertura primária margem da ferida;
tissular, deve-se classificá- com osso e ou tendão, 6. Diminuir as forças
la como lesão por Pressão utilizando o hidrogel (fina de pressão, fricção e
Não Classificável (NPUAP, camada antes de aplicar a cisalhamento.
Fonte: NPUAP, 2016 2016). cobertura de escolha. Obs.: Toda ferida cavitária
deve ser preenchida
evitando proliferação de
microrganismos.
Avaliar presença de
osteomielite (exame
imagem).
Colher cultura de fragmento
da ferida
Para confirmação do
biofilme.
Limpeza rigorosa e
desbridamentos de acordo
avaliação clínica do
paciente.

45
Lesão por pressão Perda da pele em sua 1. Tipos de desbridamento: 1. Absorver o elevado
não classificável: espessura total e perda 1.1 Cirúrgico/Bisturi/ exsudato da lesão;
Perda da pele em sua tissular na qual a extensão Conservador utilizar 2. Utilização de uma
espessura total e do dano não pode ser cobertura absorvente após cobertura antimicrobiana
perda tissular não confirmada porque está procedimento e que realize como primeira opção;
visível encoberta pelo esfacelo ou homeostasia, controle 3. Preenchimento de
escara. de microrganismos cavidade, tuneis e
Ao ser removido (esfacelo e preenchimento de bordas descoladas
ou escara), Lesão por cavidades. evitando proliferação de
Pressão em Estágio 3 ou • Tecnologia pós microrganismos;
Estágio 4 ficará aparente. desbridamento cirúrgico: 4. Proteger a pele contra
Escara estável (isto é, seca, Alginato de cálcio e sódio umidade, bactérias e vírus;
aderente, sem eritema (homeostasia). 5. Evitar maceração
ou flutuação) em membro 1.2 Autolítico: de borda deixando a
Fonte: http://enfermagem-
a-arte-de-cuidar. isquêmico ou no calcâneo • Hidrogel associado a carboximetilcelulo e 2ª a
blogspot.com/2014/10/ não deve ser removida cobertura secundária 3cm além da margem da
feridascurativos-ecoberturas.
html (NPUAP, 2016). hidrocoloide transparente ferida;
ou espuma de poliuretano. 6. Diminuir as forças
• Hidrofibra com prata. de pressão, fricção e
alginato de cálcio e sódio. cisalhamento;
• Carvão ativado com
prata. Obs: Toda ferida cavitária
• Malha com prata deve ser preenchida
nanocristalina. evitando proliferação de
1.3. Enzimático – microrganismos
colagenase/ papaína sob Avaliar presença de
Fonte: NPUAP, 2016
manipulação. Osteomielite (exame
1.4. Químico: imagem). Colher cultura
Uso de limpadores de de fragmento da ferida
feridas e géis surfactantes para confirmação do
de alta ou baixa biofilme. Limpeza rigorosa
concentração que destrói e desbridamentos de
tecidos inviáveis, detritos e acordo avaliação clínica do
microrganismos. paciente.

Obs.: Detalhes na tabela


desbridamento

46
Lesão por pressão Pele intacta ou não, 1. Hidratação da pele com 1. Avaliação diária da
tissular profunda com área localizada e hidratantes a base de água; lesão;
Descoloração persistente de descoloração 2. Proteção para minimizar 2. Os calcâneos deverão
vermelho escura, vermelha as forças de fricção, ficar livres de pressão,
marrom ou púrpura, escura, marrom ou púrpura cisalhamento e pressão. permanecendo
persistente e que não que não embranquece ou flutuantes.
lembranquece separação epidérmica que 3. Utilizar de preferência
mostra lesão com leito hidratantes a base de água
escurecido ou bolha com não aplicar cobertura para
exsudato sanguinolento. observar o local
A descoloração pode 4. Se ocorrer flictema, este
apresentar-se diferente deverá ser rompido quando
em pessoas com pele de exsudato purulento ou
tonalidade mais escura. sanguinolento.
Fonte: NPUAP, 2016 A ferida pode evoluir
rapidamente e revelar a
extensão atual da lesão
tissular ou resolver sem
perda
tissular. Quando o
tecido necrótico, tecido
subcutâneo, tecido de
granulação, fáscia, músculo
ou outras estruturas
subjacentes estão visíveis,
isso indica lesão por
pressão com perda total
de tecido (Lesão por
Pressão Não Classificável
ou Estágio 3 ou Estágio
4). Não se deve utilizar
a categoria Lesão por
Pressão Tissular Profunda
(LPTP) para descrever
condições vasculares,
traumáticas, neuropáticas
ou dermatológicas (NPUAP,
2016).

47
Lesão por Pressão A Lesão por Pressão 1. Prevenção espuma 11. Diminuir a força de
Relacionada a Relacionada a Dispositivo de silicone multicamadas, pressão do dispositivo
Dispositivo Médico Médico resulta do uso hidrocoloide transparente, sobre a pele.
de dispositivos criados espuma de poliuretano/
e aplicados para fins hidropolimeros com 12. Proteção da pele e
diagnósticos e terapêuticos. adesivo hipoalergênico. melhor fixação.
A lesão por pressão
resultante, geralmente 2. Fixador adesivo em 13. Quando usada para
apresenta o padrão ou formato anatômico próprio proteger a pele sob
forma do dispositivo. Essa a para cânulas, tubo, drenos, um dispositivo médico,
Fonte: www.revistaferidas.com.br lesão deve ser categorizada sonda e cateter nasal. selecione uma cobertura
usando o sistema de que: não interfira na
classificação de lesões por 3. Quando houver presença função do dispositivo,
pressão (NPUAP, 2016). da lesão tratar conforme do não aumente a pressão
enfermeiro. sob o dispositivo, ou seja,
que não seja confortável
absorva o excesso de
umidade e/ou transfira a
umidade para o ambiente
(WUWHS, 2016).

Fonte: https://naferida.com.br/
lesao-por-pressao-ou-ulcera-
por-pressao

48
Lesão por Pressão em A lesão por pressão em 1. Quando houver a lesão 1. Regeneração da
Membranas Mucosas membranas mucosas instalada em mucosa tratar mucosa.
é encontrada quando conforme avaliação do
há histórico de uso de enfermeiro.
dispositivos médicos no
local do dano.
Devido à anatomia do
tecido, essas lesões não
podem ser categorizadas
(NPUAP, 2016).

Fonte: http://eerp.usp.br/
feridascronicas/recurso_
educacional_lp_1_4.html

Fonte: NPUAP, 2016

49
Microclima/Dermatite É uma lesão ocasionada Prevenção: Produtos barreira
associada a pela exposição prolongada • Fraldas descartáveis com formando camada
incontinência fecal ou com urina e ou fezes maior poder de absorção impermeável prevenindo
urinária liquidas. • Cremes ou spray barreira a dermatite
A DAI apresenta por incontinência
características como Tratamento:
inflamação da pele • Utilizar limpadores • Sistema de incontinência
evoluindo com hiperemia (lenços) com menor fecal utilizar por 29 dias,
fixa, podendo ocorrer a coeficiente de atrito e que fezes líquidas, evitando
ruptura da pele. contenham substâncias estomia higiênica;
A maceração cutânea calmantes a pele como

Fonte: https://www.gov.br/ebserh/
que evolui para erosão dimeticona, camomila, etc. • Toque retal antes da
pt-br/hospitais-universitarios/ da epiderme, deixa a pele • Associar a cobertura a instalação do dispositivo.
regiao-sudeste/hugg-unirio/
acesso-a-informacao/ susceptível as forças de tecnologias/ dispositivo de
documentos-institucionais/
pops/comissao-de-prevencao- pressão cisalhamento e desvio de fezes ou urinas Contraindicado: a
e-tratamento-de-feridas/pop-
8-6_-prevencao-dedermatite- fricção, aumentando o Sistema de incontinência pacientes menores de
associada-a-incontinencia-dai.
pdf
risco de lesão por pressão fecal. 18 anos ou que tenham
associada (IIAD, 2015). - Dispositivos urinários hemorroidas e ou tumor
para desvio de urina. que impeça a colocação do
dispositivo na ampola retal.

Fonte: Adaptada do Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020.

50
8. CUIDADOS COM O USO DE
TECNOLOGIAS NA PREVENÇÃO
8.1. Recomendações gerais no manejo das
tecnologias para prevenção
• Não utilizar o produto se a embalagem individual estiver aberta e ou danificada
• Preparar e limpar o local antes de aplicar o curativo
• Limpar a área em que a tecnologia será aplicada utilizar o agente de limpeza
padronizado na instituição e a seguir, secar a pele
• Importante que a pele esteja livre de hidratantes, cremes e ou produtos à base
de óleo
• Tecnologias com adesivo de silicone não tem boa aderência em pacientes com:
hipertermia, sudoreicos e ou umidade (WUWHS, 2016).

8.2. Preparação e aplicação da tecnologia


• Remover o material da embalagem estéril, minimizando o contato dos dedos
com a superfície adesiva e remover o papel protetor
• Colocar almofada diretamente sobre o local a ser protegido, alisar suavemente
as bordas do material utilizado
• Utilizar tecnologias com borda adesiva com formato especial em áreas
anatômicas difíceis, como o calcâneo e região sacral (WUWHS, 2016).
8.3. Remoção da tecnologia
• Avaliar as áreas protegidas diariamente. O tempo máximo de utilização
recomendado é de sete dias ou quando houver desprendimento das bordas ou
sujidade na face interna
• Remover o produto pressionar suavemente a pele e levantar uma das bordas
até que toda sua extensão esteja desprendida
• Retirar cuidadosamente por inteiro e descartar de acordo com o fluxo de
resíduos do hospital
• Utilizar removedores de adesivo (tecnologias) para pacientes com alto risco de
desenvolver LP, idosos e crianças
• A extensão dos efeitos físicos de uma cobertura específica varia de acordo
com as propriedades dos materiais dos quais ela é composta, e também com a
forma como a tecnologia é confeccionada. Assim, segue as indicações de Cali
e col. (2015):

51
MODIFICAR A PRESSÃO, CISALHAMENTO, ATRITO E MICROCLIMAUSANDO AS
PROPRIEDADES DA TECNOLOGIAS

PROPRIEDADE DA TECNOLOGIA
Fator EXEMPLOS
QUE PODE MODIFICAR O FATOR

Forro felpudo alto (espessura ou


Tecnologia mais espessas, por exemplo, os
‘enchimento’ que contém ar) que
com múltiplas camadas (que podem incluir
Pressão amortece grande área de apoio de
espuma) suficientemente grande para se
carga, ou seja, para redistribuir a
estender além da área de risco.
pressão.
Tecnologia de silicone multicamada que
Capacidade de absorver e redistribuir contêm um material com forro felpudo alto, por
as forças de cisalhamento pela ótima exemplo, uma espuma adesiva para permitir
Cisalhamento aderência à pele, forro felpudo alto e a absorção das forças de cisalhamento,
movimento lateral das camadas da suficientemente grande para cobrir a área
cobertura. de risco sobrepondo-se à pele afetada para
redistribuir o cisalhamento da área de risco.
Superfície exterior com baixo
Tecnologias com uma superfície externa de
Atrito coeficiente de atrito* para reduzir a
baixo atrito.
geração de cisalhamento.
Absorvente para reter a transpiração
da pele.
Elevada taxa de transmissão de vapor Espuma de silicone
úmido (TTVU) para permitir que a Camada exterior com uma elevada TTVU.
Microclima
umidade seja liberada do aspecto Camada externa resistente à água, a
(umidade)
externo da cobertura. cobertura é adesiva e protege o
Impermeável a líquidos, por exemplo, microambiente local e exclui fatores externos.
à urina.

*Observação: Uma tecnologia com um coeficiente de atrito muito baixo pode tornar difícil para o paciente
manter a posição, quando aplicado na região sacral, por exemplo.
**A pesquisa in vitro sugeriu que, embora algumas tecnologias possam aumentar, ligeiramente, a
temperatura da pele, o aumento não é suficiente para causar lesões teciduais.

52
9. BIOFILME NA FERIDA
9.1. Conceito
É uma comunidade de microrganismos de diferentes espécies de bactérias e
fungos que causa uma infecção sustentada e subclínica no local da ferida, porém pode
se proteger da resposta imune do hospedeiro e tolerante a antibióticos e antissépticos
(MURPHY et al., 2022).
O biofilme pode se formar, em poucas horas, e atingir a maturidade em 48–
72 horas. É possível que em todas as feridas contenha a presença do biofilme em
diferentes complexidades, que é invisível a olho nu (IWII, 2022).
As feridas de difícil cicatrização estão amplamente associadas à presença de
biofilme resistente uma comunidade de microrganismos de múltiplas espécies. Esses
microrganismos produzem toxinas e enzimas destrutivas que promovem um processo
inflamatório crônico na ferida (MURPHY et al., 2022).
São iniciados por microrganismos planctônicos (bactérias livres) e seguem um
ciclo de desenvolvimento. A marca registrada dos biofilmes é a presença de uma matriz
autoproduzida de material extracelular composta por polissacarídeos, proteínas, DNA
extracelular e íons metálicos de ligação cruzada de suporte, como cálcio, magnésio e
ferro (MURPHY et al., 2022).

Figura 24: Ilustração que retrata as fases da formação e maturidade do biofilme.


Fonte: Murphy e col. (2020).

53
9.2. Sinais de presença de Biofilme na ferida
(IWII,2022).
• Falha do tratamento tópico com cobertura
antimicrobiana
• Cicatrização retardada após a interrupção do
tratamento com antibióticos
• Cura retardada apesar do tratamento ideal
• Aumento do nível do exsudato
• Processo inflamatório prolongado
• Eritema de baixo nível/ Má granulação
• Hipergranulação friável
Figura 25: Visualização de bactérias ao Microscópio Óptico (Microscopia de imersão, aumento de
1000X).
Fonte: https://microbiologia.icb.usp.br/cultura-e-extensao/textos-de-divulgacao/bacteriologia/
bacteriologia-oral/biofilmes-bacterianos-vivendo-em-comunidade/

9.3. Diagnóstico de infecção na ferida (IWII, 2022).


• Sinais cardinais clássicos (dor, calor, rubor, supuração edema e febre)
• Marcadores Inflamatórios elevados
• Hemoculturas que quantificam a presença de infecção
• Investigação hematológica, radiológica e microbiológica.

9.4. Microbiologia (IWII, 2022).


• Coleta de tecido viável desbridado da base da lesão por meio de desbridamento
afiado (lâmina de bisturi)
• Limpeza da ferida com solução antisséptica, antimicrobiana ou agente tensoativo
antes da remoção do tecido.

Figura 26: Coleta de fragmento de ferida com suspeita de biofilme


Fonte: : https://www.biosanas.com.br/uploads/

54
9.5. Gerenciamento da lesão por pressão de difícil
cicatrização (IWII, 2022).
• Limpeza (da ferida e da pele perilesional)
• Desbridamento escolha o mais eficaz
• Reconstrução das bordas da ferida
• Aplicação da tecnologia/cobertura ideal.

10. LIMPEZA DA LESÃO POR


PRESSÃO (IWII, 2022).
• Limpeza (da ferida e da pele perilesional)
• Desbridamento escolha o mais eficaz
• Reconstrução das bordas da ferida
• Aplicação da tecnologia/cobertura ideal.

11. SOLUÇÃO DE LIMPEZA (MURPHY


et al., 2022).
A escolha da solução de limpeza deve-se levar em conta:
• A região anatômica e o dano tissular visível
• O risco de infecção baseada no Hospedeiro
• Fatores ambientais
• Tipo de ferida
• Sinais e sintomas de infecção da ferida e ou sistêmica
• Colonização a multirresistente
• Eficácia e sensibilidade do organismo a solução de escolha e protocolos locais.

Segue abaixo, as soluções mais utilizadas para limpeza da ferida apresentando


características e benefícios.

55
MODIFICAR A PRESSÃO, CISALHAMENTO, ATRITO E MICROCLIMAUSANDO AS
PROPRIEDADES DA TECNOLOGIAS
Solução Características e benefícios
Não antissépticos
• Ineficaz na redução da carga bacteriana.
• As torneiras podem estar colonizadas com microrganismos viáveis: a presença de
Pseudomonas aeruginosa em canalizações está bem documentada.
Água
• Ineficaz na redução da carga bacteriana.
• Os recipientes esterilizados descartáveis deixam de estar esterilizados depois de
abertos.
• Ineficaz na redução da carga bacteriana;
• Baixa toxicidade;
Soro fisiológico
• Descartável, uma vez que pode ocorrer crescimento; bacteriano dentro de 24
horas após a abertura.
• Devido ao teor de agente tensioativo, foi demonstrado que algumas;
Solução fórmulas destroem a carga microbiana quando é aplicada menos força;
com agente • Algumas fórmulas demonstraram capacidades antibiofilme in vitro ao reduzirem a
tensioativo fixação de microrganismos e a formação de biofilme;
• Suave para células saudáveis e pode restaurar a integridade celular.
Antissépticos
• Devido ao teor de agente tensioativo, foi demonstrado que algumas;
fórmulas destroem a carga microbiana quando é aplicada menos força;
Polihexametileno
• Algumas fórmulas demonstraram capacidades antibiofilme in vitro ao reduzirem a
de biguanida
fixação de microrganismos e a formação de biofilme;
• Suave para células saudáveis e pode restaurar a integridade celular.

• Algumas fórmulas contêm um conservante e uma molécula semelhante ao agente


Dicloridrato de
tensioativo, que são libertos pelo penso e ajudam na limpeza;
octenidina
• Demonstrou impedir e eliminar o crescimento de biofilmes bacterianos.

Ácido • Atividade antimicrobiana rápida e de amplo espectro, com baixa citotoxicidade;


hipocloroso • Pode ser utilizado para ser libertado nos pensos, bem como para limpeza.

• Amplamente utilizado em concentrações diluídas para aplicações na pele e orais;


• Os testes de laboratório demonstraram a sua eficácia contra um largo espectro de
bactérias e fungos, incluindo Staphylococcus e Staphylococcus aureus resistente à
Gluconato meticilina, Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans;
declorohexidina • A atividade antimicrobiana é mais eficaz com tempos de espera superiores;
• A taxa de reação alérgica em doentes cirúrgicos é de aproximadamente 0,78 por
100 000 exposições, mas pode causar igualmente dermatite de
contacto irritativa ou dermatite de contacto alérgica”.

*Siga os protocolos locais de utilização de soluções na prática¹ O estudo não incluiu a avaliação de e
não pode ser interpretado para infeção por biofilme (infeção não aguda).
Fonte: : Murphy e col. (2022). Tradução livre.

56
12. DESBRIDAMENTO
A remoção de tecido necrótico inviável e ou corpo estranho (resíduo de curativos,
suturas, biofilme ou esfacelo) que aumenta a resposta inflamatória, impedindo a
cicatrização da ferida. O desbridamento é uma estratégia de interromper a formação
do biofilme permitindo maior eficácia ao tratamento tópico e sistêmico. O impacto dos
diferentes tipos de desbridamentos e sua resposta vai depender do estágio e ou ciclo
de desenvolvimento do biofilme (IWII, 2022).
Não existe desbridamento melhor que outro, porém o desbridamento cirúrgico
removerá os microrganismos mais rapidamente comparado aos outros, sendo assim
teremos que avaliar a condição clínica do paciente, disponibilidade da realização do
procedimento e o plano de cuidado estabelecido (MURPHY et al., 2022).
O desbridamento e a utilização da solução de limpeza, assim como a técnica
utilizada, são estratégias eficazes contra biofilme, que está presente na superfície
da ferida, assim como em tecidos mais profundos. A frequência e a limpeza da ferida
devem ser planejadas de acordo com a evolução clínica (MURPHY et al., 2022).

57
TIPO
DESCRIÇÃO VANTAGENS CONSIDERAÇÕES
DESBRIDAMENTO
CIRÚRGICO Realizado no centro ● Rápido e eficiente ● Não seletivo
cirúrgico ou clínica ● Maximiza a assepsia removendo tecido viável
Especializada por ● Remove o BIOFILME e tecido inviável
profissionais mais profundo ● Requer anestésico/
qualificados e sedação/caro
competentes usando
bisturi estéril, tesoura
ou dispositivo
Fonte: https://enfermagemonline.
com/como-fazer-desbridamento/ hidrocirúrgico.

BISTURI Realizado por ● Rápido e eficiente ● Utiliza-se anestésico


profissionais ● Rompe o biofilme local
qualificados e/ou por e remove os focos ● Pode resultar em
enfermeiros lembrando de infecção sangramento
que o desbridamento ●Remoção do tecido ●Seletividade limitada
deve ser realizado até a não viável em ● Pode ser realizado
fáscia muscular usando sua totalidade
Fonte: https://enfermagemonline.
com/como-fazer-desbridamento/
bisturi estéril, tesoura ou
cureta.
AUTOLÍTICO O desbridamento ● Seletivo/ Barato ● Tratamento a longo
autolítico ocorre ● Eficácia variável no prazo
naturalmente e pode ser controle do biofilme ● A depender da
auxiliado pelo equilíbrio Indolor cobertura utilizada pode
do meio úmido com ● Promovem meio levar a maceração de
ajuda das coberturas para que as células de borda e aumento do
especiais que defesa realizem ação biofilme
Fonte: https://enfermagemonline.
com/como-fazer-desbridamento/ promovem a autólise. antimicrobiana e de
Exemplos incluem: limpeza
● Lodo cadexômero
● Mel
● Curativos de fibra
gelatificante (por
exemplo, alginatos,
hidrofibra, fibras
poliabsorventes)
● Soluções / géis
surfactantese
antissépticos

58
MECÂNICO Desbridamento ● Ruptura do biofilme ● Não seletivo
realizado usando: ● São baratos ● Podem causar dor
● Curativos úmidos a ● Associação a a remoção e
secos outros métodos de sangramento trauma no
● Irrigação terapêutica desbridamento leito da ferida
Fonte: https://blog.ortaleducacao.
● Ultrassom de baixa
com.br/metodos-de- frequência
desbridamento-um-recurso-
terapeutico-no-tratamento-de- ● Gaze umedecida
feridas/

ENZIMÁTICO Aplicação de enzimas ● Seletivo ● Mais lento que outros


exógenas na ● Potencialmente métodos
superfície da ferida. algum nível de ruptura/ ● Pode causar
remoção de biofilme maceração ou irritação
da pele circundante
● Não amplamente
disponível
Fonte: https://articulo.
● Pode ser usado
mercadolibre.com.mx/MLM- como adjuvante ao
1649420756-papaina-polvo-1-
kg-_JM#&gid=1&pid=1 desbridamento cirúrgico
QUÍMICO Uso de limpadores ●Seletivo ● Mais lento do que
de feridas e géis ● Barato outros métodos de
surfactantes de alta desbridamento
ou baixa concentração ●Alguns contêm
que destroem tecidos agentes antimicrobianos
inviáveis, detritos e ou conservantes ativos
microrganismos ●Pode causar
maceração da pele
ao redor da ferida
Fonte: https://enfermagemonline.
com/como-fazer-desbridamento/
(considerar o uso de
produtos de barreira
BIOCIRÚRGICO/ Larvas de moscas de ● Seletivo ● Pode ocorrer ligeira
TERAPIA LAVAL grau médico ● Rápido e eficiente pirexia devido à lise de
(p. Lucilia sericata ● Lise de organismos organismos pelas larvas
spe Lucilia cuprina) ● Remove o Biofilme ● Pode irritação da pele
produzem enzimas se as enzimas entrarem
proteolíticas que em contato com a pele
liquefazem o tecido ao redor
desvitalizado, que é ● O paciente pode não
Fonte: https://www.
enfermeriaaps.com/portal/ então ingerido pelas tolerar
terapia-larval-la-curacion-
heridas-infectio-2015 larvas
Fonte: Murphy e col. (2022). Tradução livre.

59
A escolha do desbridamento e a solução de limpeza são necessárias para que
a cobertura antimicrobiana e ou antisséptica tenha seu efeito desejado com maior
eficácia no leito da ferida. Há diferença da tecnologia antimicrobiana comparada ao
antibiofilme. A cobertura antimicrobiana destrói as bactérias plactônicas impedindo a
colonização e a formação do biofilme, enquanto a tecnologia antibiofilme é responsável
por penetrar e destruir o próprio biofilme (IWII, 2022).
A escolha da tecnologia antimicrobiana e suas propriedades antibiofilme deve-
se levar em conta (IWII, 2022):
• Avaliar a condição clínica do paciente
• Avaliar o tipo de ferida, o dano tissular visualizado
• Condições ambientais que garantam segurança ao paciente
• O volume da produção do exsudato sinaliza que existe proliferação de
microrganismos e provável formação do biofilme
• Níveis elevados do exsudado aumenta o processo inflamatório e retarda a
cicatrização
• É importante avaliar a ferida e a eficácia do curativo a cada 2-4 semanas
• A melhora progressiva possibilita a suspensão da tecnologia antimicrobiana e
ou antibiofilme

60
Principais agentes antimicrobianos e antibiofilme disponíveis

Agente Evidência de ação antimicrobiana/antibiofilme

● As atividades antimicrobianas do PHMB foram testadas face a Staphylococcus


aureus intracelularem células hospedeiras infetadas. Os resultados demonstraram
que:
Polihexametileno
● Eliminou 99.9% de S. aureus intracelular
debiguanida
● Pode interagir com as bactérias dentro das células hospedeiras
(PHMB)
● Reduziu a massa de biofilme em 28-37%
● Foi tolerado por células hospedeiras em concentrações elevadas
● Foi mais eficaz contra S. aureus intracelular do que os antibióticos enrofloxacina

● A iodopovidona apresenta atividade antibiofilme face a Staphylococcus epidermidis e


S. aureus em concentrações subinibitórias.
● A inibição de biofilme por iodopovidona está correlacionada com processos de
transcrição de genes que reprimiram a reprodução de S. epidermidis.
● O material de biofilme de Pseudomonas aeruginosa inviável foi recuperado após 4 e
24 horas de tratamento com uma pomada de iodopovidona a concentrações de 100%
lodopovidona e 10%
●Não foi recuperado nenhum material de biofilme de Candida albicans/Staphylococcus
aureus resistente à meticlina (MRSA) após 4 e 24 horas de tratamento com uma
pomada de iodopovidona à concentração de 100%
● Mesmo após a diluição para 3,3% e 33.3%, a pomada de iodopovidona pareceu
apresentar uma remoção superior de biofilme do que outros agentes testados pelos
investigadores

61
● Estudos de microscopia de força atómica sugerem que a forma como os íons de
prata se liga às bactérias desestabiliza a matriz de biofilme de S. epidermidis séssil
(imóvel).
● Em experiências que compararam a prata com um controlo em superfícies de
plástico e aço inoxidável, não existiam diferenças significativas nos biofilmes entre
a prata e um controlo, embora em alguns casos, o biofilme se formasse mais
rapidamente com o controlo do que com a prata.
● Um estudo laboratorial efetuado com seis pensos com prata constatou o seguinte:
(1) apenas um penso nanocristalino de prata tinha um efeito bactericida contra S.
aureus; (2) um penso matriz de colágeno com prata era
outro penso com redução da concentração bacteriana (3) estes dois pensos e um
penso de alginato com prata produziram zonas de inibição; e (4) os pensos restantes
Prata
(dois pensos de espuma com prata iónica e um penso de sulfato com prata) não
produziram zonas de inibição
● A prata apresenta propriedades antimicrobianas consideráveis face a P. aeruginosa,
com uma concentração inibitória mínima (CIM) de 25 g/ml.
● Numa avaliação da vida real não aleatória que envolvia 113 doentes com feridas
de difícil cicatrização tratadas com cuidados padrão e um penso com prata, 71
feridas (63%) atingiram pelo menos 75% de encerramento, 47 (42%) atingiram
pelo menos gos de encerramento e 19 feridas (17%) cicatrizaram num período de
acompanhamento de 4 semanas. Havia suspeita de biofilme em aproximadamente
três quatros da amostra, conforme determinado pelos investigadores, embora todas
fossem consideradas de difícil cicatrização, conforme definido pelo conceito de
higienização da ferida.

Prata-ácido ● A eficácia de prata + EDTA + BC foi demonstrada utilizando um modelo de biofilme.


etilenodiamino ● O biofilme permaneceu viável na presença de penso sem medicamento, penso com
tetra-acético prata ou solução de nitrato com prata.
(EDTA) – cloreto ● Na presença da combinação de prata + EDTA + BC, o biofilme foi erradicado.
de benzetónio ● Isoladamente, o EDTA e o BC não eliminaram bactérias, o que significa que a
(BC) combinação dos três agentes conduz à erradicação de biofime.

Fonte: Murphy e col. (2022). Tradução livre.

62
13. DESAFIOS NO MANEJO DA
LESÃO POR PRESSÃO DE DIFÍCIL
CICATRIZAÇÃO
• Compreender a condição sócio econômica do paciente
• Acessibilidade aos serviços de saúde
• Fatores intrínsecos e extrínsecos relacionamento a ferida
• Avaliação holística
• Práticas assépticas
• Educação e boas práticas
• Envolvimento família x profissional
• Condução da ferida com foco nas etapas: limpeza, desbridamento, combate ao
biofilme e antimicrobiano tópico
• Trabalho multidisciplinar (MURPHY et al., 2022).

63
14. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O maior desafio dos profissionais da Enfermagem tem sido obter a informação
sobre prática de qualidade, atualizada em tempo real. Este guia é uma estratégia
educativa para facilitar o acesso a informação técnido-científica de forma didática
e prática, pois existe um grande volume de informações e produção científicas
produzidas a todo momento que exige do profissional tempo, disposição, análise
crítica e entendimento sobre o tema proposto.
A incorporação do e-book nas práticas assistenciais possibilita o profissional
adquirir maior clareza sobre a temática, tanto por parte do conteúdo teórico, como
pelas ilustrações; facilita a comunicação visual e promove o acesso ao conhecimento.
Espera-se que este guia auxilie os profissionais de Enfermagem que cuidam
diariamente dos pacientes com LP na tomada de decisões de forma prática,
segura, interativa, otimizando o tempo dos profissionais, oferecendo assistência de
Enfermagem com qualidade e segurança. Além disso, estimular o pensamento crítico
e reflexivo, levando-os a manifestar opiniões, trocar ideias, beneficiando, assim, o
processo de transformação da cultura diária nos serviços de saúde.

64
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, C. A. F. DE . et al.. Avaliação do conhecimento dos profissionais de
Enfermagem na prevenção da lesão por pressão na terapia intensiva. Escola Anna
Nery, v. 26, p. e20210200, 2022.

BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN n.567 de 29 de janeiro


de 2018. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofenno-567-2018_60340.
html. Acesso: 21 de fevereiro de 2023.

_______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Anexo


2: Protocolo para prevenção de úlcera por pressão. Brasília, DF: Ministério da
Saúde; 2013. Disponível em: https://www.hospitalsantalucinda.com.br/downloads/
prot_prevencao_ulcera_por_pressao.pdf. Acesso: 21 de fevereiro de 2023.

________. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


Comunicado GVIMS/GGTES/DIRE1/Anvisa Nº 01/2020. Necessidade de reforço
nas ações de prevenção de eventos adversos e infecções relacionadas à assistência
à saúde durante a pandemia de covid 19. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2020.
Jun. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/
servicosdesaude/comunicados-de-risco-1/comunicado-de-risco-no-01-2017-gvims-
ggtes-anvisa. Acesso: 21 de fevereiro de 2023.

BRASÍLIA. Governo do Distrito Federal. Guia Rápido de prevenção e tratamento da


lesão por pressão. Brasília: Secretaria de saúde, GDF; 2020. Disponível em: https://
www.saude.df.gov.br/documents/37101/91089/GUIA-RAPIDO-DE-PREVENCAO-E-
TRATAMENTO-DE-LP.pdf. Acesso: 21 de fevereiro de 2023.

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CAVALCANTI, E.O.; KAMADA, I. Lesão por pressão relacionada a dispositivos


médicos: frequência e fatores associados. ESTIMA, Braz. J. Enterostomal Ther. vol.
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Pele em Neonatos: validação estatística com recém-nascidos. Rev Enferm. vol.13.
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MURPHY, C.; ATKIN, L.; VEGA DE CENIGA, M.; WEIR, D.; SWANSON, T..
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wound healing strategy. J Wound Care. Vol.31, n.:S1–S24. 2022. Available from:
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SALES, D.O. de; WATERS, C. The use of the Braden Scale to prevent pressure injury

66
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SILVA, P. A.; COSTA, B. C. C.; LOPES, A. A. C.; BERNARDO, S, M. R. .; RIBEIRO,


S. S, D. .; FREITAS, S. K. C.; VALENTIM, B. K. C.; PINHO, P.A W. H. A importância
do conhecimento do enfermeiro na prevenção das lesões por pressão em pacientes
submetidos à posição prona. Global Academic Nursing Journal, [S. l.], v. 2, n.
Spe.2, p. e115, 2021. DOI: 10.5935/2675-5602.20200115. Disponível em: https://
globalacademicnursing.com/index.php/globacadnurs/article/view/216. Acesso em: 28
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SNACHES, B.O.; CONTRIN, L.M.; BECCARIA, L.M.; FRUTUOSO, I.S.; SILVEIRA,


A.M.; WENECK, A.L. Adesão da enfermagem ao protocolo de lesão por pressão em
unidade de terapia intensiva. Archives of Health Sciences. Arch. Health. Sci. Vol.25,
n.3, p.27-31. 2018. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/
biblio-1046354. Acesso: 21 de fevereiro de 2023.

TEIXEIRA, A. de O.; BRINAT;, L.M; TOLEDO, L.V.; SILVA NETO, J.F. da; TEiXEIRA,
D.L. de P.; JANUÁRIO, C. de F.. Factors associated with the incidence of pressure
wounds in critical patients: a cohort study. Rev Bras Enferm. vol.75, p.e20210267.
2022. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0267. Acess: 2023 fev 21.

WUWHS. World Union of Wound Healing Societies. O papel das coberturas na


prevenção da lesão por pressão. Documento de Consenso da World Union of
Wound Healing Societies – WUWHS; 2016. Acesso: 21 de fevereiro de 2023.

67
ANEXOS
ANEXO 1: ESCALA DE OBSERVAÇÃO DO RISCO DE
LESÃO DA PELE EM NEONATOS (NSRAS)

ESCALA DE OBSERVAÇÃO DO RISCO DE LESÃO DA PELE EM NEONATOS (NSRAS) PONTUAÇÃO

4. Idade gestacional 3. Idade gestacional 2. Idade gestacional 1. Idade gestacional


Condição < 28 semanas. > 28 semanas, mas > 33 semanas, mas > 38 semanas.
física geral < 33 semanas. < 38 semanas.

4. Completamente 3. Muito limitado. 2. Ligeiramente 1. Nenhuma


limitado. Não Responde apenas a limitado. Letárgico/ limitação. Desperto
responde a estímulos estímulos dolorosos Hipotónico. e ativo.
dolorosos, devido (estremece, agarra,
à redução do nível geme, aumento da
de consciência pressão arterial e
ou sedação ou ao frequência cardíaca).
desenvolvimento
Estado mental
motor esperado para
a idade gestacional
(não se estremece,
agarra ou geme,
não há aumento
da pressão arterial
ou da frequência
cardíaca).
4. Completamente 3. Muito limitada. 2. Ligeiramente 1. Nenhuma
imóvel. Não faz Capaz de fazer limitada. Capaz de limitação. Capaz
qualquer alteração ligeiras alterações fazer alterações de fazer alterações
ligeira de posição ocasionais do corpo frequentes, embora frequentes e
do corpo ou das ou das extremidades, ligeiras, de posição significativas de
Mobilidade extremidades sem mas incapaz de do corpo ou posição sem ajuda
ajuda (com ou sem fazer alterações extremidades de (por exemplo, virar a
sedação). frequentes de forma forma independente. cabeça).
independente.

4. Completamente 3. Limitado à .2. Ligeiramente 1. Nenhuma


limitado à incubadora. limitada. Numa limitação. Em um
incubadora. Está Está confinado à incubadora, mas berço aberto.
Atividade confinado à incubadora só saindo pode ir ao colo,
incubadora aquecida dela excepcional. canguru ou outro.
com umidade sem
poder sair dela.

68
4. Muito pobre. Jejum 3. Inadequada. 2. Adequada. 1. Excelente.
e/ou com líquidos Não recebe a Alimentação por Mamadeira/
intravenosa (nutrição quantidade ideal de sonda gástrica que amamentação em
parenteral ou terapia dieta líquida para permite satisfazer todas as refeições
de soro). as necessidades as necessidades que satisfazem as
Nutrição (fórmula/ leite nutricionais para o necessidades
materno), tendo que crescimento. nutricionais para o
ser suplementada crescimento.
com fluidos
endovenosos.

4. Constantemente 3. Úmida. A pele 2. Ocasionalmente 1. Raramente


úmida. A pele está está frequentemente úmida. A pele está úmida. A pele está
úmida sempre que a úmida. Os lençóis ocasionalmente geralmente seca,
criança é manipulada têm que ser úmida. Requer uma os lençóis apenas
ou posicionada. trocados pelo menos troca de lençóis extra requerem serem
Unidade uma vez de 8/8 aproximadamente mudadas a cada 24
horas, devido a uma vez por dia, horas.
frequentes dejeções devidos a algumas
semilíquidas e/ ou dejeções e/ou
vômitos. vômitos.

Total

Risco ALTO < 1 3 pontos Classificação

Risco MODERADO 13- 17 pontos


Risco BAIXO > 17 pontos

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão, Brasília, 2020.

69
ANEXO 2: ESCALA DE BRADEN ACIMA DOS 5 ANOS

ESCALA DE OBSERVAÇÃO DO RISCO DE LESÃO DA PELE EM NEONATOS (NSRAS) PONTOS

1. Completamente 2. Muito limitado: 3. Levemente 4. Nenhuma


limitado: não reage, responde a estímulos limitado: responde limitação: responde
não responde a dolorosos. Não aos comandos a comandos
estímulo doloroso é capaz de verbais, porém verbais, não tem
(não geme, não se comunicar nem sempre déficit sensorial
PERCEPÇÃO segura a nada, não desconforto, exceto consegue comunicar que limitaria a
SENSORIAL: se esquiva) devido a através de gemido ou o desconforto capacidade de sentir
habilidade nível de consciência agitação. Ou possui ou expressar a ou verbalizar dor ou
de responder ou a sedação ou a alguma deficiência necessidade de ser desconforto.
à pressão capacidade limitada sensorial que limita mudado de posição
relacionada ao de sentir dor na a capacidade ou tem um certo
desconforto maior parte do corpo. de sentir dor ou grau de deficiência
desconforto em mais sensorial que limita
da metade do corpo. a capacidade
de sentir dor ou
desconforto em 1 ou
2 extremidades.
1. Constantemente 2. Muito úmida: pele 3. Ocasionalmente 4. Raramente úmida:
úmida: pele mantida frequentemente, úmida: pele fica pele geralmente
molhada quase mas nem sempre ocasionalmente seca, a troca de
constantemente por molhada. A roupa molhada, requerendo roupa de cama é
transpiração, urina. de cama deve ser uma troca extra de necessária somente
UMIDADE: nível ao
Umidade é detectada trocada pelo menos roupa de cama por nos intervalos de
qual é exposta à
às movimentações uma vez por turno. dia. rotina.
umidade
do paciente.

1. Acamado: 2. Restrito à cadeira: 3. Caminha 4. Caminha


mantém-se sempre a habilidade de ocasionalmente: frequentemente:
no leito, confinado na caminhar está porém por distâncias anda fora do quarto
cama. severamente limitada bem curtas, com ou duas vezes por dia
ou nula. Não é sem ajuda. Passa a e dentro do quarto
ATIVIDADE FÍSICA capaz de sustentar maior parte do tempo pelo menos uma
o próprio peso e/ou na cama. vez a cada 2 horas,
precisa ser ajudado a durante as horas.
se sentar.

70
1. Completamente 2. Muito limitado: faz 3. Levemente 4. Nenhuma
imóvel: não faz pequenas mudanças limitado: faz limitação: faz
ATIVIDADE FÍSICA nenhum movimento ocasionais na mudanças importantes e
MOBILIDADE: do corpo, nem posição do corpo ou frequentes, embora frequentes mudanças
capacidade de mesmo pequenas extremidades, mas pequenas, mudanças de posição sem
mudar mudanças na é incapaz de fazer na posição de corpo auxílio.
e controlar a posição do corpo ou mudanças frequentes ou extremidades sem
posição do corpo extremidades sem ou significantes ajuda.
ajuda. sozinhos.

1. Muito pobre: 2. Provavelmente 3. Adequado: come 4. Excelente: come


não come toda a inadequado: mais da metade a maior parte de
refeição. Toma pouco raramente faz da maioria das cada refeição. Nunca
líquido. Raramente refeição completa refeições. Ingere um recusa refeição.
come mais de 1/3 do e geralmente come total de 4 porções Ingere 4 porções
NUTRIÇÃO: padrão
alimento oferecido. cerca de proteína/dia. de proteína/dia.
usual de consumo
Come 2 porções ou de metade do Ocasionalmente Ocasionalmente
alimentar
menos de proteína/ alimento oferecido. recusará uma come entre as
dia. Não toma Ingestão de proteína refeição, mas refeições. Não
nenhum tipo de inclui somente 3 geralmente aceitará requer suplemento
suplemento dietético. porções/dia. De vez um complemento alimentar.
em quando toma oferecido.
suplemento alimentar
1. Problema: 2. Potencial para o 3. Nenhum
necessita assistência problema: problema aparente:
moderada ou movimenta-se movimenta-se
assistência máxima livremente ou sozinho na cama
para mover-se. necessita uma ou cadeira e
FRICÇÃO E
assistência mínima. tem suficiente
CISALHAMENTO
força muscular
para erguer-se
completamente
durante o
movimento.

TOTAL DE PONTOS

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020

71
ANEXO 3: ESCALA DE BRADEN-Q

CLASSIFICAÇÃO DO RISCO DE DESENVOLVER LESÕES DE PRESSÃO ESCALA DE BRADEN-Q –


PONTOS
ADAPTADA

1. Completamente 2. Muito Limitado: 3. Levemente 4. Nenhuma


Imóvel: Não faz Faz pequenas Limitado: Faz Limitação: Faz
mudanças, nem mudanças ocasionais mudanças mudanças
MOBILIDADE:
mesmo pequenas, na posição do corpo frequentes, embora importantes e
Capacidade de
na posição do corpo ou das extremidades, pequenas, na frequentes na
mudar e controlar a
ou extremidades sem mas é incapaz de posição do corpo ou posição do corpo,
posição do corpo
ajuda. fazer mudanças extremidades sem sem ajuda.
completamente ajuda.
sozinho.
1. Acamado: 2. Restrito à cadeira: 3. Deambula 4. Todas as
Permanece no leito o A capacidade de ocasionalmente: crianças que são
tempo todo. deambular está Deambula jovens demais
gravemente limitada ocasionalmente para deambular
ou inexistente. Não durante o dia, porém ou deambulam
ATIVIDADE: consegue sustentar por distâncias bem frequentemente:
Grau de atividade o próprio peso e/ curtas com ou sem Deambula fora do
física ou precisa de ajuda ajuda. Passa maior quarto pelo menos
para sentar-se numa parte do turno no duas vezes por dia
cadeira de rodas. leito ou na cadeira. e dentro do quarto
pelo menos uma vez
a cada duas horas
durante as horas em
que está acordado.
1. Totalmente 2. Muito limitado: 3. Levemente 4. Nenhuma
limitado: Não Responde apenas limitado: Responde Limitação: Responde
responde ao estímulo ao estimulo doloroso. aos comandos aos comandos
doloroso (não geme, Não consegue verbais, mas nem verbais. Não
PERCEPÇÃO
não se encolhe ou consegue comunicar sequer comunicar apresenta déficit
SENSORIAL:
se agarra), devido à desconforto, desconforto sensorial que limite
Capacidade de
diminuição do nível exceto por gemido necessidade de a a capacidade de
responder de
de consciência, ou inquietação; ou mudar de ou posição, sentir ou comunicar
maneira apropriada
sedação ou limitação apresenta alguma ou apresenta alguma dor ou desconforto.
ao desconforto
da capacidade de em disfunção disfunção sensorial
relacionado a
sentir dor na maior sensorial que limita em uma ou duas
pressão.
parte da superfície capacidade de sentir extremidades que se
corporal. dor ou desconforto limita a capacidade
em mais da metade de sentir dor.
do corpo

72
1. Constantemente 2. Frequentemente 3. Ocasionalmente 4. Raramente
úmida: A pele fica úmida: A pele está úmida: A pele está úmida pele: A pele
constantemente frequentemente, mas ocasionalmente geralmente está
UMIDADE: úmida por suor, nem sempre úmida. úmida, necessitando seca, as trocas de
Grau de exposição urina, etc. A umidade A roupa de cama de troca de roupa fraldas são feitas de
da pele à umidade é percebida cada precisa ser trocada de cama a cada 12 rotina e as roupas
vez que o paciente pelo menos a cada 8 horas. de cama necessitam
é movimentado ou horas. serem trocadas
mudado de posição. apenas a cada 24
horas.

1. Problema 2. Problema: 3. Problema 4. Nenhum problema


importante: a necessita de ajuda potencial: aparente: capaz
espasticidade, a moderada a máxima movimenta-se de levantar-se
FRICÇÃO E contratura, o prurido movimenta-se com dificuldade completamente
CISALHAMENTO: ou agitação levam a para se mover. E ou necessidade durante uma
Fricção ocorre criança a debater-se impossível levantar de mínima mudança de posição.
quando a pele no leito e há fricção completamente sem assistência. Durante Movimenta-se
se move contra quase constante. deslizar sobre lençóis o movimento, sozinho na cadeira e
as estruturas do leito ou cadeira, provavelmente no leito e tem força
de suporte. necessitando de ocorre atrito muscular suficiente
Cisalhamento ocorre reposicionamento dispositivos entre a para levantar-se
quando a pele e a frequente máximo pele e os lençóis, completamente
superfície óssea assistência. cadeira, coxins ou durante o
adjacente deslizam outros. A maior parte movimento. Mantém
uma sobre a outra. mantém uma posição uma posição
relativamente boa adequada no leito e
na cadeira e no leito, na cadeira o tempo
mas ocasionalmente todo.
escorrega.

TOTAL DE PONTOS

Fonte: Guia Rápido de prevenção e tratamento da lesão por pressão. Brasília, 2020

73
BIOGRAFIA DOS AUTORES
Sabrina Meireles de Andrade

Enfermeira. Mestre em Ciências para Saúde. Especialista em Estomaterapia. Atua


na área de gestão no Hospital Regional da Asa Norte - SESDF. Membro da Câmera
Técnica de Curativos - SESDF. Docente da ABEN-DF. Membro do Conselho Científico
da SOBEST-DF. Consultora técnica na área de Ferida, Estomia e Incontinência.

Manuela Costa Melo

Enfermeira. Doutorado em Enfermagem. Mestrado em Ciências da Saúde. Docente


da Graduação e do Programa de Pós Graduação em Ciências para a Saúde da ESCS/
FEPECS/SES-DF. Líder do Grupo de Pesquisa na Saúde da Criança e do Adolescente
(GPESCA) e Membro do Grupo de Pesquisa em Metodologias Ativas (GPMA).

Leila Bernarda Donato Göttems

Enfermeira. Pós-Doutorado em Economia. Doutorado em Administração. Professora


do curso de Enfermagem, Universidade Católica de Brasília e Escola Superior em
Ciências da Saúde. Docente Permanente do Programa de Pós Graduação em Ciências
para a Saúde da ESCS/FEPECS/SES-DF. Subsecretária de Planejamento em Saúde
da SES-DF (2015-2017).

Dirce Bellezi Guilhem

Enfermeira. Pós-Doutora em Bioética e Ética em Pesquisa com Seres Humanos


pela Facultad Latinoamerica de Ciencias Sociales. Doutora em Ciências da Saúde
e Bioética. Professora Visitante do Department of Epidemiology & Public Health,
University College London-UK. Professora titular-UnB. Bolsista de Produtividade em
Pesquisa do CNPq-2013-2020.

74
A ocorrência de lesões por pressão, em ambientes de saúde, aumenta o risco
de outros eventos adversos para os usuários atendidos nesses locais, além do
gasto dos recursos e custos em saúde para instituir o tratamento. A prevenção
através da identificação precoce do indivíduo em risco e o estabelecimento de
medidas de prevenção, requer um esforço da equipe multidisciplinar para o
sucesso das ações e proporciona economia e diminuição da morbidade para
a instituição.

O Enfermeiro desempenha um papel importante no gerenciamento de lesões


por pressão através das intervenções aplicadas ao indivíduo em risco. Ao
estabelecer o risco de desenvolver a LP, permite a avaliação da qualidade dos
cuidados prestados e examinar os processos institucionais.

A aplicação da escala de Braden permite direcionar as condutas de prevenção,


o E-Book traz detalhes importantes para a aplicação e escores de risco. Assim
como oferece acesso a informações sobre prevenção e tratamento para
conhecimento dos profissionais de saúde. Por meio deste conteúdo, é possível
o entendimento para melhorar suas intervenções e o raciocínio clínico.

O conhecimento baseado em evidências expande para o aprimoramento do


cuidado e promove uma atenção individualizada fundamentada nos cuidados
aqui apresentados, como a mobilidade, cuidados com a pele, avaliação da
pele, entre outros ensinamentos. Todas as recomendações são aplicáveis pela
equipe multidisciplinar.

ALEXANDRA LINO
Enfermeira Estomaterapeuta TiSobest. Mestre em Enfermagem pela UNB.
Especialista em Estomaterapia pela UNB. Especialista em Enfermagem
Cirúrgica pela FEPECS. Coordenadora no Ambulatório de Estomaterapia do
HBDF. Enfermeira assistencial da unidade de Proctologia do HBDF.

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