Desenvolvimento de Modelo Numérico para Análise Termoestrutural de Colunas de Aço
Desenvolvimento de Modelo Numérico para Análise Termoestrutural de Colunas de Aço
Desenvolvimento de Modelo Numérico para Análise Termoestrutural de Colunas de Aço
Alexandre Rossi 5
RESUMO
Nos dias atuais, o aço tem sido amplamente utilizado em estruturas devido às suas propriedades
mecânicas, ductilidade e resistência à corrosão. Contudo, embora apresente diversas vantagens, o
aço é mais suscetível aos efeitos do fogo, fazendo com que a sua resistência e rigidez sejam
deterioradas com o aumento da temperatura. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo
desenvolver e validar um modelo numérico capaz de simular a resposta estrutural de colunas de aço
submetidas ao esforço de compressão e à ação do fogo, por meio do software ABAQUS. Os
resultados obtidos durante as análises foram comparados com resultados experimentais e numéricos
presentes na literatura. O modelo numérico mostrou-se eficiente em representar o desenvolvimento
de temperatura, a carga última e a trajetória de equilíbrio das colunas para diferentes níveis de
temperatura. Por fim, será realizado um amplo estudo paramétrico para analisar o comportamento
térmico e estrutural de colunas de aço, que estejam submetidas a compressão e temperaturas
elevadas. Espera-se que os resultados obtidos possam contribuir para o desenvolvimento de
estruturas de aço mais resistentes aos efeitos do fogo, garantindo assim a segurança de pessoas e
patrimônios.
1
Mestrando do Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de
Pós-graduação em Engenharia Civil-PCV, [email protected]
2
Doutorando do Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de São Carlos-UFSCar, Programa de
Pós-graduação em Engenharia Civil-PPGECiv, [email protected]
3
Mestrando do Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de
Pós-graduação em Engenharia Civil-PCV, [email protected]
4
Prof. Dr., Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil-DEC,
[email protected]
5
Prof. Dr., Universidade Federal de Uberlândia-UFU, Faculdade de Engenharia Civil-FECIV,
[email protected]
1. INTRODUÇÃO
Desde sua introdução como material de construção, o aço tem demonstrado alta eficiência
quando utilizado em estruturas de grande e pequeno porte. O aço estrutural é dotado de
características específicas que o tornam adequado para elementos submetidos a altos níveis de
carga, devido à sua resistência mecânica, ductilidade, resistência à corrosão, entre outras
propriedades, que fazem do aço um material estrutural superior aos demais (SOUZA, MORAIS e
LACERDA, 2022).
Segundo Ng e Gardner (2007), um projeto estrutural eficaz deve contemplar diversas ações
acidentais que podem impactar a segurança e durabilidade das estruturas. Entre essas ações, a
ocorrência de incêndios ocupa um lugar de destaque em estruturas metálicas. Apesar de
apresentarem elevada resistência mecânica, são mais suscetíveis aos efeitos do fogo devido ao
rápido aumento de temperatura nos membros estruturais e alta condutividade térmica do material.
A norma ABNT NBR 14432:2001, que aborda a resistência ao fogo de elementos
construtivos em edificações, estabelece requisitos que as estruturas em situação de incêndio devem
atender. Tais exigências visam garantir a evacuação segura de pessoas, a segurança das operações
de combate ao fogo, prevenir a propagação do incêndio em toda a estrutura e minimizar os
possíveis danos às construções vizinhas. Esta norma determina que cada estrutura cumpra um
tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF), que é dependente do tipo de uso e ocupação, bem
como do tamanho da edificação, para assegurar o cumprimento desses requisitos.
A segurança contra incêndios tem sido uma preocupação constante no desenvolvimento da
construção metálica há décadas. Isso ocorre porque a resistência e a rigidez das estruturas de aço
típicas tendem a se deteriorar rapidamente em altas temperaturas, o que pode resultar em um
colapso total ou parcial da estrutura em um curto período de tempo (SHI et al., 2021).
Com base no exposto acima, o objetivo deste trabalho é desenvolver e validar um modelo
numérico que possa reproduzir a resposta estrutural de colunas de aço sob compressão expostas ao
fogo.
2. INSTABILIDADE DE COLUNAS
χ𝑄𝐴𝑓𝑦
𝑁𝑅𝑑 = γ𝑎1
(2)
2
λ 0,877
χ = {0, 658 0 , 𝑝/ λ0≤1, 5 2 , 𝑝/ λ0 > 1, 5
λ0
𝑄𝐴𝑓𝑦
λ0 = 𝑃𝑐𝑟
1
χ=
2 2
ϕ0,𝑓𝑖+ ϕ0,𝑓𝑖−λ0,𝑓𝑖
(
ϕ0,𝑓𝑖 = 0, 5 1 + 0, 022
𝐸
𝑓𝑦
2
λ0,𝑓𝑖 + λ0,𝑓𝑖)
λ0
λ0,𝑓𝑖 = 0,85
Em que, 𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑 representa a força axial resistente de cálculo em situação de incêndio, χ𝑓𝑖
corresponde ao fator de redução associado à resistência a compressão em situação de incêndio. 𝑘𝑦,θ
e 𝑘σ,θ representam os fatores de redução da resistência de seções sujeitas à instabilidade global e
instabilidade local, respectivamente. 𝐴𝑒𝑓𝑓 representa a área efetiva da seção transversal e λ0,𝑓𝑖
corresponde ao índice de esbeltez reduzido em situação de incêndio.
Os valores dos fatores de redução da resistência e rigidez são apresentados na Tabela 1 e
representados na Figura 1.
Neste item são apresentadas as diversas etapas pelas quais o desenvolvimento do modelo
numérico passa até a obtenção da resposta final. Tais etapas incluem a definição da geometria do
elemento, do material utilizado, a aplicação das condições de contorno, a discretização do elemento,
a definição do modelo de análise e a consideração de possíveis imperfeições físicas e geométricas.
O material utilizado nas análises numéricas foi selecionado com base na caracterização
apresentada no estudo a ser validado. As curvas tensão-deformação do aço carbono para diferentes
temperaturas, fornecidas por Pauli et al. (2012) são apresentadas na Figura 3 e foram utilizadas nos
modelos numéricos para fins de validação.
Pauli et al. (2012) realizaram um estudo baseado em diversos testes em escala real de
colunas submetidas a elevadas temperaturas, por testes isotérmicos ou anisotérmicos. Para
validação dos modelos numéricos foram escolhidas colunas de seção H ensaiadas de maneira
isotérmica. A Tabela 2 e a Figura 4 apresentam as características dos pilares ensaiados.
6. CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos e apresentados neste trabalho, pode-se concluir que o modelo
numérico desenvolvido se demonstrou eficaz para simular o comportamento de colunas de aço
submetidas a compressão e expostas a ação do fogo, apresentando resultados de resistência última
próximos aos resultados experimentais apresentados por Pauli et al. (2012).
Como era esperado, a resistência à instabilidade de colunas diminui consideravelmente
quando expostas a elevadas temperaturas.
Em posse do modelo numérico validado, será desenvolvido um amplo estudo paramétrico a
fim de compreender melhor o comportamento de colunas sob ação do fogo e avaliar a influência de
determinados parâmetros na resistência última de colunas de aço.
7. REFERÊNCIAS
KUCUKLER, M.; XING, Z.; GARDNER, L. Behaviour and design of stainless steel I-section columns in
fire. Journal of Constructional Steel Research, v. 165, 2020.
NG, K. T.; GARDNER, L. Buckling of stainless steel columns and beams in fire. Engineering Structures, v.
29, n. 5, p. 717-730, 2007.
PAULI, J.; SOMAINI, D.; KNOBLOCH, M.; FONTANA, M. Experiments on steel columns under fire
conditions. 2012. Institute of Structural Engineering, Zurich, 2012.
RAJIĆ, N.; RAŠETA, A. Stainless steel I-section columns fire design considering the influence of loading
history. Journal of Constructional Steel Research, v. 198, 2022.
SHI, Y.; TU, C.; WU, Y. LIU, D.; MENG, L.; BAN, H. Numerical investigations of fire-resistant steel
welded I-section columns under elevated temperatures. Journal of Constructional Steel Research, v. 177,
2021.
TIMOSHENKO, S. P.; GERE, J. M. Theory of elastic stability. 2. ed. Nova York: McGraw-Hill Book
Company,1961.
8. AGRADECIMENTOS