Como Fazer Pesquisa
Como Fazer Pesquisa
Como Fazer Pesquisa
“Que o rigor científico seja acompanhado por um sentimento estético”. José A. Marina.
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Apostila compilada pelos professores Flávio Marcos Silva Sarandy e Alberto Tosi Rodrigues, com transcrições sem
referências. Texto de circulação interna para fins exclusivamente didáticos. Fonte: Como se faz uma tese, de Umberto
Eco, Métodos e Técnicas de pesquisa social, de Antônio Carlos Gil, e texto de circulação interna ao IUPERJ contendo
orientações sobre como fazer um projeto de mestrado, elaborado por Simon Schwartzman e disponível em http://www.
schwartzman.org.br .
Justificativa (Uma introdução muito sucinta sobre o assunto, onde você faz uma brevíssima discussão da
literatura básica de referência, isto é, do seu referencial teórico básico e expõe a relevância teórica e
social – se houver – de sua pesquisa).
Relevância ou alcance social (Alguns programas podem exigir uma especificação nesse item)
Descreva o objeto de sua pesquisa (seu objetivo, sua questão teórica) e justifique. Nesse item
(“Descrição Geral do Tema”), uma espécie de “Introdução” do projeto, você diz qual é a sua idéia, o
que você quer saber, o que você vai fazer. No que se refere à elaboração do texto do projeto, é
perfumaria! Deve ficar por último, ainda que na apresentação escrita do projeto venha em primeiro
lugar. Por que? Porque você não consegue escrever uma “Introdução” sem antes estabelecer exatamente
o que você quer saber etc. Ou seja, a parte introdutória de um projeto de pesquisa, na prática, fica para
ser escrita após a conclusão.
2) Objeto
É o cerne do problema! Aqui você irá responder à pergunta “o que eu quero saber sobre o tema?”. Na
verdade, escrever um projeto de pesquisa é organizar as idéias em nossa mente e, antes de tudo,
respondermos a nós mesmos o que, de fato, vamos fazer e porquê.
----- Como chegar a definir o problema? Algumas "dicas" importantes para a definição do
problema são as seguintes:
a) Idealmente, um projeto de pesquisa deve ter um problema teórico ou conceitual claro, que possa
ser testado ou verificado através de um conjunto definido de dados. É possível que seja um
problema estritamente conceitual, em cujo caso os “dados” são, essencialmente, materiais
bibliográficos e estudos pré-existentes. Em outros casos, o problema será mais empírico,
referido a um grupo social, a um período histórico ou a um outro aspecto qualquer da realidade,
e os dados serão selecionados de acordo com isso. Os dados, portanto, nem sempre e nem
necessariamente serão “medições”, “observações empíricas” ou “entrevistas”, mas podem ser,
por exemplo, estatísticas censitárias, materiais iconográficos ou documentais (diários,
correspondências, jurisprudências, documentos diversos e, até mesmo, matérias jornalísticas).
Entretanto, antes de se preocupar com os dados, preocupe-se em estabelecer claramente qual é o
seu problema, isto é, o que você quer saber sobre algo. Daí que um objeto de pesquisa científica,
em verdade, sempre será uma preocupação teórica: a necessidade de se construir um
conhecimento sobre algo que ainda não se tem.
b) Uma vez identificado um problema válido, é importante fazer um levantamento, ainda que
ligeiro, a respeito de sua ocorrência prévia na literatura. Este levantamento pode inclusive ajudar
a colocar a questão em um foco melhor e descartar hipóteses e caminhos falsos – já
• Tautológico seria, por exemplo, fazer um estudo para mostrar que os pobres não têm
poder, ou que o Brasil é um país dependente. Tautológica é toda expressão em que o
atributo repete o sujeito (“o sal é salgado”) ou que é redundante, de modo a pretender
explicar algo se repetindo as definições já ditas, num pensamento circular que nada
acrescenta, pois usa termos distintos, porém de mesmo conteúdo ou sentido, para
justificar uma afirmação que se pretende que seja verdadeira. Erro lógico e recurso
retórico, portanto. Uma pesquisa que vise dizer o que já foi dito ou que vise demonstrar
algo evidente em si não merece nossa dedicação. Não seria tautológico, no entanto, tratar
de mostrar a existência de estruturas variantes de poder no interior de populações pobres,
ou analisar a variação de dependência econômica do país nos últimos vinte anos.
• Irrefutável seria, por exemplo, um projeto sobre a semelhança (ou diferença) entre
homens e mulheres, sem maiores explicações sobre a variação do conceito de igualdade
(ou semelhança). Não se faz pesquisa – de natureza científica – para discorrer sobre
proposições irrefutáveis. Só é científica uma proposição refutável!
• Indemonstráveis são aquelas questões que, por definição, escapam à verificação empírica
– por exemplo, as teorias conspiracionais sobre a realidade social, que são aparentemente
tanto mais “comprovadas” quanto menos dados existem (porque os bons conspiradores
jamais deixam pistas!). Ou sobre objetos que escapam à verificação empírica. Observe
que não se trata de afirmar que somente o conhecimento científico, por se apoiar em
d) É importante analisar como as coisas variam, e não como as coisas são. Pretender alcançar a
“essência” ou a “natureza” dos fenômenos ou eventos estudados é atividade dos filósofos ou dos
místicos, porém não de cientistas, que devem preservar uma atitude um pouco mais cética, mais
distanciada, mais pessimista quanto às próprias “descobertas” e um pouco mais discreta, já que
devem preferir as observações da vida concreta às abstrações e elucubrações que a tudo
pretendem explicar numa só perspectiva. Por exemplo, em um estudo sobre marginalidade
social, é importante saber se determinada condição econômica produz mais marginalidade do
que outra, ou se certo tipo de marginalidade produz mais ou menos conseqüências (e quais) do
que outra. Mas não faz muito sentido estudar “o que é” a marginalidade (ou, da mesma forma, o
que “é” a dependência, o que “são” as classes sociais etc.). As definições conceituais
normalmente se desenvolvem pela acumulação de conhecimento empírico sobre determinado
assunto. De outro modo, estaremos no campo da metafísica tentando definir a “essência” de algo
que é histórico, não transcendental – e que, portanto, varia pela própria dinâmica da história
humana. Isto não significa que temas conceituais ou teóricos fiquem excluídos. Em geral, no
entanto, estes temas assumem duas formas principais:
• Não é raro termos um problema que pode (e sempre que pode, deve) ser subdividido em
mais de um. Um bom critério é observar a possibilidade de verificação do que estamos
3) Metodologia
— É fundamental um planejamento cuidadoso nessa fase, ainda que nunca um projeto funcione de
modo tão mecânico: primeiro se planeja e depois seguimos à risca e sem nenhum problema tudo o que
planejamos; sabemos que não é assim. No entanto, devemos detalhar e descrever o melhor que
pudermos, pois aqui chegamos no ponto de operacionalizarmos nossa pesquisa, nosso objeto e nossas
hipóteses: é o momento de decidir sobre como iremos testá-las? Algumas boas sugestões:
Definir com precisão a unidade de análise. A pesquisa vai se referir a pessoas, a grupos de pessoas, a
instituições, a um conjunto de decisões? Ou a alguma combinação destes? Ou a conceitos ou
“achados” da literatura?
Dependendo da unidade de análise, devemos decidir qual a metodologia. Pesquisa por survey?
Análise de documentos históricos? Observação participante? Análise bibliométrica?
Outro aspecto importante é definirmos sobre dados primários ou secundários. É importante observar,
aqui, que existe um custo alto de coleta de dados primários, e, por outro lado, que existe uma grande
disponibilidade de dados pouco analisados que podem ser utilizados.
— Como se trata de um projeto (que normalmente é avaliado por um terceiro) devemos nesse ponto da
metodologia, no projeto escrito, apresentar nossas hipóteses.
— Aqui também deve ser incluído nosso cronograma de trabalho (organizar em uma tabela) com os
custos necessários (se for possível calculá-los).
— É importante o trabalho sistemático, com registros escritos e fichamentos!!!
a) 2 meses => Leitura sistemática (ou seja, fichamento de toda a literatura básica
especializada, entrevistas realizadas, documentos etc.)
b) 2 meses => Coleta dos dados
c) 1 mês => Sistematização do material coletado (Aqui você tenta responder às perguntas que
você deseja e que você mesmo propôs. Caso o trabalho não preveja coleta de dados
empíricos, mas seja um estudo bibliográfico o trabalho será a análise das fichas de leitura)
d) 1 mês => Escrever o texto final (redação da monografia, dissertação ou tese – ou, por
exemplo, escrever o paper ou artigo para uma revista científica)
A cada uma das etapas descritas até aqui correspondem produtos: a) fichas (de tudo que foi lido); b)
dados construídos e organizados conforme procedimentos utilizados; c) esboço do texto final,
normalmente disposto em diversos textos produzidos a partir da análise dos dados coletados ou, no caso
de pesquisa bibliográfica, das fichas produzidas em a (nesse caso você estaria lidando com os produtos
de seus fichamentos); d) texto final, paper, monografia, dissertação, tese ou relatório de pesquisa.
Como vimos, temos um modelo em três etapas para elaboração do projeto. Simples. No entanto,
devemos atentar para o fato de que o principal na elaboração de um projeto de pesquisa é definir o
objeto (um problema ou uma pergunta). Aliás, sobre ele é que “gira” toda a nossa pesquisa. Definir o
objeto, estudá-lo, conhecê-lo e apresentá-lo em um texto escrito. Isso é normalmente o que chamamos
de fazer pesquisa. Dentro desse espírito, devemos ter em mente ainda que o principal, para termos um
objeto científico, é que estabeleçamos as condições sobre as quais poderemos, nós e os outros, falarmos
sobre o tal objeto. E, é claro, uma pesquisa que se pretenda científica deve prever como e em que
condições poderemos verificar o que propomos sobre o nosso objeto. Sim, porque buscamos
compreendê-lo e isso significa tecer e expor explicações a seu respeito. Mas, para ser científica, nossa
pesquisa precisa estabelecer condições de verificação das relações que propomos e das explicações que
apresentamos. Numa pesquisa, o fundamental é o nosso trabalho de construção do objeto e de suas
relações, isto porque é a pesquisa que constrói, num certo sentido, a realidade, pelo próprio trabalho do
pesquisador em delimitar e explicar um fenômeno ou evento. E o faz construindo o objeto de pesquisa
– o problema-pergunta que deseja resolver –, a hipótese, os dados – eles não estão lá, na “realidade”!
Os próprios dados já são elaborações teóricas – e as relações entre esses dados, isto é, as relações entre
as variáveis estabelecidas para o teste da hipótese. A questão da metodologia (se qualitativa ou
quantitativa, se etnográfica ou estatística etc.) é secundária, num certo sentido. E vale a criatividade do
pesquisador em construir e inventar meios para investigar o que quer investigar. Tanto quanto é
importante sua intuição neste processo (ainda que não possamos dispensar os modelos da lógica e do
pensamento racional). Em suma, o modelo de “passos” a percorrer numa pesquisa que acabamos de
apresentar é o que garante o que normalmente denominamos por objetividade científica.
• Não escreva um texto gigantesco! Um projeto de pesquisa deve ter entre 10 e 15 páginas (no
máximo), pois se trata do projeto e não do trabalho final. E mesmo 10 páginas é para projeto de
mestrado ou doutorado.
• Você não deve fazer uma pesquisa “para dizer alguma coisa”. Se você já tem algo a dizer a
pesquisa torna-se supérflua e dispensável. Vá escrever logo o seu livro! Agora, se você tem
perguntas ou como pressuposto que não sabe, então a pesquisa será sua aliada. Se eu penso coisas a
O que define o caráter científico de nosso trabalho? Segundo Umberto Eco, existem quatro
condições básicas para a validade científica de uma pesquisa:
1.O objeto de nossa pesquisa (para ser científica) deve ser reconhecível e definido de tal maneira
que seja reconhecível igualmente pelos outros. O termo “objeto” não é referente a algo físico,
mas simplesmente uma construção (sempre abstrata), a um “objeto de investigação” definível
por uma pergunta, enfim. Definir um objeto significa então definir as condições sobre as quais
podemos falar sobre ele, com base em certas regras que estabelecemos ou que outros
estabeleceram antes de nós (a comunidade científica). Umberto Eco nos fornece um exemplo de
como construir um objeto: “(sobre um projeto hipotético que teria como objeto os centauros)
Em primeiro lugar, podemos falar dos centauros tal como estão representados na mitologia
clássica, de modo que nosso objeto se torna publicamente reconhecível e identificável,
porquanto trabalhamos com textos (verbais ou visuais) onde se fala de centauros. Tratar-se-á,
então, de dizer quais as características que deve ter um ente de que fala a mitologia clássica para
ser reconhecido como centauro [...] Em segundo lugar, podemos ainda decidir levar a cabo uma
pesquisa hipotética sobre as características que, num mundo possível (não o real), uma criatura
viva deveria revestir para poder ser um centauro. Temos então de definir as condições de
subsistência deste mundo possível, sem jamais esquecer que todo o nosso estudo se desenvolve
no âmbito daquela hipótese. Caso nos mantenhamos rigorosamente fiéis à premissa original,
Resumindo, posso definir a objetividade científica de dois modos principais: primeiro como uma
definição clara de meu objeto, de modo que ele seja reconhecível (e, com sorte, cognoscível) por mim e
pelos outros. Ou seja, sou objetivo quando defino um objeto de estudo de tal maneira que estejam dadas
as condições sobre as quais eu e qualquer pessoa possamos falar sobre esse objeto e sobre as conclusões
a que chego no estudo desse objeto, conforme regras que foram estabelecidas por mim, em acordo com
meus pares, ou por outras pessoas antes de mim. Agora, há um outro sentido implicado nas palavras
“objetivo” ou “objetividade”, que é o segundo modo de definir a chamada objetividade científica a que
eu me referi: é que objetividade não aponta para algo “físico” (“concreto”, “tangível”ou “material”),
como se pode pensar à primeira vista, porém, aponta para a necessidade de verificação empírica de
relações causais – ou, ao menos, para a verificação lógica de relações entre variáveis. Ou, como se
pretende em ciências sociais, para a necessidade de verificação de “relações causais” e de “relações de
simetria” – a primeira referindo-se aos fenômenos que poderiam ser descritos em termos de suas
variáveis determinantes, suficientes e necessárias (dado um evento A, segue necessariamente um evento
B); a segunda, relações de simetria, referindo-se aos fenômenos em relação aos quais não podemos isolar
uma variável causal, suficiente e necessária, mas onde encontraríamos múltiplas variáveis agindo em
Delineamento da pesquisa
O processo da pesquisa
8. Elaboração dos 9. Coleta dos 10. Análise e 11. Redação do 12. Divulgação dos
instrumentos de dados interpretação dos relatório, artigo resultados da
coleta dos dados dados ou paper pesquisa
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras, São Paulo: Editora Ars Poética,
1996.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese, São Paulo: Perspectiva, 1977.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico, São Paulo: Melhoramentos, 9ª ed., 1978.
LAVILLE, Christian & DIONNE, Jean. A construção do saber. Manual de metodologia da pesquisa em
ciências humana, Belo Horizonte: Editora UFMG/ São Paulo: Artmed, 1999.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas, 4ª ed., 1995.
BRUYNE, Paul De; HERMAN, Jacques; & SCHOUTHEETE, Marc De. Dinâmica da pesquisa em
ciências sociais, Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 5ª ed., 1991.
WEBER, Max. A “objetividade” do conhecimento nas Ciências Sociais. In Weber, Sociologia, “Coleção
Grandes Cientistas Sociais”, Gabriel Cohn (org.), São Paulo: Editora Ática, 4ª ed., 1989. Traduzido por
Gabriel Cohn.
PROCUREM, AINDA, OS LIVROS SOBRE METODOLOGIA CIENTÍFICA DE LAKATOS E
OBRAS SOBRE MONOGRAFIA JURÍDICA!!!
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2
Fonte: BRUYNE, DE PAUL e HERMAN JACQUES e SCHOUTHEETE, MARC DE. Dinâmica da pesquisa em
ciências sociais, Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 5ª edição, 1991.
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HIPOTÉTICO-DEDUTIVA TIPOLOGIAS
DIALÉTICA TIPO IDEAL
FENOMENOLÓGICA SISTEMAS
QUANTIFICAÇÃO MODELOS ESTRUTURAIS
ESTRUTURALISTA
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CONSCIENTIZAR-SE
DE UM PROBLEMA
TORNÁ-LO
PROPOR E DEFINIR
SIGNIFICATIVO E
UM PROBLEMA
DELIMITÁ-LO
ANALISAR OS
DADOS
FORMULÁ-LO, SE
DISPONÍVEIS
POSSIVEL, EM
FORMA DE
ELABORAR UMA FORMULAR A
PERGUNTA
HIPÓTESE HIPÓTESE TENDO
CONSCIÊNCIA DE
SUA NATUREZA
PROVISÓRIA
DECIDIR SOBRE
NOVOS DADOS PREVER SUAS
NECESSÁRIOS IMPLICAÇÕES
LÓGICAS
VERIFICAR A
RECOLHÊ-LOS
HIPÓTESE
INVALIDAR,
CONFIRMAR OU
ANALISAR, AVALIAR MODIFICAR A
E INTERPRETAR OS HIPÓTESE
DADOS EM RELAÇÃO
TRAÇAR UM
À HIPÓTESE CONCLUIR ESQUEMA DE
EXPLICAÇÃO
SIGNIFICATIVO
QUANDO POSSÍVEL,
GENERALIZAR A
CONCLUSÃO
Fonte: Laville, Christian & Dionne, Jean. A construção do saber. Manual de metodologia da pesquisa em ciências
humanas, Belo Horizonte, Artmed/UFMG, 1999, página 47. Inspirado em Barry Beyer, Teaching in Social Studies,
Ohio, Columbus: Charles E. Merrill, 1979, página 43.
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Desenvolvimento do projeto
Formulação do problema
• O problema pode ser formulado, de modo claro e preciso, por meio de uma pergunta ou de
uma frase?
• Consigo estabelecer os fatores ou elementos que integram esse problema e as relações que
existem entre eles?
• Como eu poderia limitar meu problema?
• Se tenho uma pergunta, ela pode ser subdividida em mais de uma ou o meu problema pode
ser recortado em outros sub-problemas?
• O problema pode ser investigado? O projeto é exeqüível? Pode ser executado em cerca de
seis meses?
Formulação da hipótese
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O contexto do problema
Unidade de análise
Anexo IV
• Produção de textos sobre o problema estudado – sendo obrigatória para todos os grupos e
• Realização concreta de alguma atividade, que poderá ser uma dramatização, um festival de
• Elaboração de uma proposta de política pública – inclusive para apresentação aos órgãos
públicos competentes;
• Projeto de intervenção social. Pode uma proposta de ação para um determinado órgão
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diário de campo, para inscreverem ali suas observações, dados e reflexões sobre a temática
estudada;
• Pesquisa bibliográfica;
• Pesquisa documental;
Pode-se definir a entrevista como uma técnica de pesquisa em que o pesquisador se apresenta em frente ao
pesquisado e lhe formula perguntas com o objetivo de obter certas informações referentes à pesquisa em curso. A
entrevista é uma das técnicas mais utilizadas nas ciências sociais e muitos a consideram a técnica por excelência
da investigação social, comparável ao tubo de ensaio na Química, ao microscópio na Microbiologia ou ao
telescópio na Astronomia. Não existem regras fixas para a realização de entrevistas, mas aí vão algumas
orientações de pesquisadores experientes:
1. Antes de tudo deve-se explicar o objetivo da entrevista para o informante ou entrevistado. Os objetivos e
relevância da pesquisa devem ser conhecidos pelo entrevistado. Ele tem esse direito.
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• O objeto de estudo por meio de observação participante não é apenas o folclore, nem mesmo somente
aquilo que é mais visível (como, por exemplo, as características do lugar); o principal é o comportamento
concreto das pessoas.
• Tudo é importante para um observador atento: como as pessoas vivem nesse lugar? O que elas fazem?
Como se comportam? Que sentimentos elas expressam? E, principalmente, o que elas pensam sobre o que
fazem? É importante olhar as coisas miúdas da vida cotidiana e aprender a ouvir e aprender com os próprios
sujeitos da vida local.
• Deve-se receber com naturalidade qualquer resposta dada e todo o comportamento observado. E nunca,
absolutamente, esquecer da ética no trabalho em campo: não se deve “forçar” ninguém a qualquer coisa (a
responder uma pergunta, a posar para fotos etc.) nem revelar sua identidade ou distorcer as informações.
• A idéia básica fundamental da observação participante: considerar (vivenciar) o estranho como familiar.
Trata-se de um estudo “por dentro” de uma cultura distinta, um estudo intensivo feito por um “mergulho
profundo na diversidade”. Nessa atividade você é um verdadeiro “detetive cultural”.
• Buscar sempre o “ponto de vista nativo”, isto é, você deve pensar como a pessoa do lugar pensa e tentar
compreender as coisas do modo como ela compreende, a sua mentalidade. Nem sempre o que é bom para
você é bom para o outro, então, deve-se tentar compreender o sentido para o outro do que ele vive e faz.
• A observação participante tem três momentos básicos: 1º momento: estranhamento da cultura local (isso
permite “aguçar” nossa atenção para tornar um problema aquilo que parece natural); 2º momento: mergulho
na vida local (o estranho se torna familiar se o experimentarmos, o que nos leva a sentir e ver como as
pessoas sentem e vêem); 3º momento: viagem de volta ao seu meio para refletir sobre a cultura que
conheceu e vivenciou (não basta, para compreender, ficar na pura descrição, porém criticar o que aprendeu).
• A expressão observação participante quer dizer exatamente o que as palavras significam: você deve
observar tudo, com uma curiosidade imensa; observar tudo diretamente e não se contentar com o que lhe
contam; e participante porque você deve “por a mão na massa” se for possível – fazer o que as pessoas
fazem e experimentar seu modo de vida e suas atividades diárias.
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