MCRS - Raimundo Pereira
MCRS - Raimundo Pereira
MCRS - Raimundo Pereira
Escola de Engenharia
Raimundo Pereira
dezembro de 2014
Universidade do Minho
Escola de Engenharia
Raimundo Pereira
Dissertação de Mestrado
Construção e Reabilitação Sustentáveis
dezembro de 2014
Dedicatória
DEDICATÓRIA
Algum carinho, atenção e delicadeza fazem-nos compreender o quanto algumas pessoas são
peculiares e como são bem-vindas as suas ações.
Este meu trabalho dedico a todos os meus filhos especial e a meus familiares que muito em
mim aguardam esperança, é Luís Pereira Monteiro, Marta Pereira Monteiro, Lelyana
Monteiro, a minha esposa, o meu pai, a minha mãe as minhas irmãs Josefina Monteiro,
Roberto Rabby Robby Monteiro, Manuel Monteiro (Falecido), Anita Monteiro, Juanita
Monteiro Couili (Falecida), José Monteiro, Clarina Monteiro, Tomas Monteiro, Dulce
Monteiro e o seu marido Jejuino Neto, Ermelinda da Costa e o seu marido Manuel, a minha
esposa Marciana Pereira e os meus filhos Luís Pereira Monteiro, Marta Pereira Monteiro e
Lelyana Pereira Monteiro, os meus sobrinhos é Jaret da Conceição Savio, Jenita da Conceição
Monteiro, Jenito da Conceição Savio Monteiro, Madre Juvita da Costa, Arsénio da Costa
Monteiro entre outras, e particularmente para Carlos Jesus Manuel Goncalves, Rui Cunha
Reis com sua namorada Sónia, Jorge Mendes, Marisa Teixeira, Margarida Vieira, Tiago
Martins, Pedro Gaspar, e entre outros colegas do grupo de estudo Joana Azevedo, Pedro
Vasconcelos, Filipe Veloso, José da Silva, Elisabete Cardoso e Professor Doutor José Luís
Barroso Aguiar (Orientador), Professor Aires Fernando Fernandes Camões, Professora
Brígida Pires e professor Doutor António Correia, Professora Graça Vasconcelos Curso de
Mestrado em Construção e Reabilitação Sustentáveis (MCRS), Professor Doutor Luís
Bragança que apoiaram o meu estudo pelo amor de Deus.
Para os professores/as, do Mestrado em Construção e Reabilitação Sustentáveis (MCRS), para
os funcionários da Secretária da CRS Carina e para as estruturas da Universidade do Minho,
Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) lidera pela Reitor Dr. Aurélio Guterres e
cooperação pela Ministério da Educação de Timor Leste, os meus sinceros agradecimentos.
Dedico este meu trabalho para todos os estudantes Timorenses que caminham no mesmo
rumo mas especialmente Casimiro Alves da Cruz, Celestino Correia e Lito Varela, Aníbal da
Costa Sousa, Lucas Sousa.
“O nosso compromisso é a vitória”
Obrigado a todos!
AGRADECIMENTOS
A realização neste trabalho resulta dum percurso cheio de empenho, e sobretudo de bem-estar
dos mais próximos a mim, que me muito sofrem e alcançam. Dedico os novamente profundos
e sentidos agradecimentos àqueles que cooperaram com carinho e voluntariedade de
colaboração comigo. Os meus agradecimentos até à data atual à organização Universidade do
Minho e às pessoas que a formam.
Para o meu orientador Professor Doutor José Luís Barroso Aguiar pela oportunidade
oferecida que fez toda diferenciação no meu estudo científico, pela oportunidade transmitir
nas minhas competências e pela paciência de me orientar durante o meu estudo no
Departamento de Engenharia Civil em nível Mestrado em Construção e Reabilitação
Sustentáveis (MCRS), na especialização de Conservação dos edifícios.
Para Professor Doutor Aires Fernando Fernandes gostaria de expressar e agrado pela sua
colaboração e dedicação, pela partilha de todo o conhecimento científico e experiência, pela
possibilidade dada de concretizar este trabalho, pela minha evolução científica, e sobretudo
pelos seus conselhos e amizade.
Para grupo das Construções da Universidade do Minho, em especial ao Professor Doutor Luís
Bragança pela ajuda no decorrer da dissertação e ao Engenheiro Carlos Jesus Manuel
Gonçalves pela ajuda dedicada nos trabalhos práticos de Laboratório Materiais de Construção
(LMC).
Para os meus amigos e amigas por tudo, sobretudo pelas forças dadas em alturas difíceis, onde
elaborei este trabalho.
Raimundo Pereira v
A minha família pela ajuda nos momentos difíceis desta longa caminhada, pelo
encorajamento, pela motivação e dedicação, sacrifício e acima de tudo pelo vosso amor e
compreensão. Sem vocês não seria possível. A minha avó pelo amor notável.
Para a iluminação do sol, pelo seu auxílio infindável e dedicação, pelo seu entendimento,
sobretudo pelo seu amor e afeto que me ajudou a superar batalhas. Para o rebento que me
inspirou e encheu de alegria.
A todos os que me ajudaram a finalizar este trabalho, os meus profundos agradecimentos.
Resumo
RESUMO
O presente trabalho de investigação aborda o estudo de composição do betão através de um
método baseado em tabelas e a comprovação da sua validade.
Através dos ensaios realizados, concluiu-se que é possível produzir betões com consistência e
resistência à compressão de acordo com os valores inicialmente especificados, recorrendo à
metodologia descrita no ACI 211 e utilizando constituintes correntes na indústria da
construção, obtendo composições do lado da segurança dando assim um primeiro passo para a
validação do método estudado.
PALAVRAS-CHAVE:
ABSTRACT
The present research work deals with the study of the composition of concrete composition by
a method based on tables and proof its validity.
The composition study departed from features originally specified for concrete, obtaining
compressive strength classes C25/30 and C50/60 and, consistency class S2.
Based on the results of the tests, it was found that it is possible to produce concrete with
compressive strength and consistency according to the values specified initially, using the
methodology described in ACI 211 and using standard constituents in the construction
industry, achieving compositions on the side of safety giving just a first step for validation of
the studied method.
KEYWORDS:
Raimundo Pereira ix
Índices
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1 Enquadramento Temático ............................................................................................... 1
1.2 Objetivos ......................................................................................................................... 2
1.3 Descrição da Dissertação ................................................................................................ 2
2 CONSTITUINTES DO BETÃO......................................................................................... 5
2.1 Cimentos ......................................................................................................................... 5
2.1.1 Tipos de Cimentos ..................................................................................................... 6
2.1.2 Processo de Fabrico do Cimento................................................................................ 8
2.1.3 Características do cimento ......................................................................................... 9
2.2 Agregados ..................................................................................................................... 10
2.3 Água .............................................................................................................................. 16
2.4 Adjuvantes .................................................................................................................... 18
2.5 Adições.......................................................................................................................... 20
3 COMPOSIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO BETÃO ...................................................... 23
3.1 Classificação ................................................................................................................. 23
3.2 Requisito para a composição do betão .......................................................................... 33
3.3 Especificação do betão .................................................................................................. 45
4 CONTROLO DA PRODUÇÃO DO BETÃO ................................................................. 51
4.1 Generalidades ................................................................................................................ 51
4.2 Sistema de controlo de produção .................................................................................. 51
4.3 Entrega do betão fresco ................................................................................................. 59
4.3.1 Informação do utilizador do betão para o produtor.................................................. 59
4.4 Informação do produtor do betão para o utilizador....................................................... 60
4.5 Avaliação da Conformidade.......................................................................................... 63
4.5.1 Controlo da Conformidade do Betão da Comportamento Especifico...................... 64
5 EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE BETÃO............................................................... 73
5.1 Introdução ..................................................................................................................... 73
5.2 Inspeção ........................................................................................................................ 74
5.3 Betonagem .................................................................................................................... 75
6 ESTUDO EXPERIMENTAL ........................................................................................... 87
6.1 Propriedades e Conformidades dos Materiais Constituintes das Composições ............ 87
Raimundo Pereira xi
Controlo Da Qualidade De Betões
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Em 1756 início da obra contemporânea do farol na Eddystone Smeaton, J. [3]. ..... 5
Figura 5 – Classes de exposição de acordo com as zonas em que se aplica determinado tipo de
betão [20] .................................................................................................................................. 23
Figura 7 – Tipos de classes de exposição para edifícios comerciais e industriais [20] ............ 24
Figura 8 – Tipos de classes de exposição para obras de arte e infraestruturas [20] ................. 25
Figura 21 – Variação da massa unitária do betão com dimensão máxima do agregado ........ 112
Figura 23 – Diferentes tipos de moldes metálicos usados na moldagem para o fabrico dos
diversos provetes de betão ..................................................................................................... 119
Figura 26 – Variação dos valores da massa volúmica de betão para diferentes tipos de
misturas .................................................................................................................................. 127
Figura 31 – Comparação dos valores de razão A/C previstos pelo American Concrete Institute
(ACI) e obtidos no estudo em laboratorial ............................................................................. 133
Figura 35 – a) Pesagem dos provetes imersos em água; b) Pesagem dos provetes saturados
com superfície seca na balança hidrostática ........................................................................... 141
Figura 36 – Valores da absorção por imersão das diversas composições de betão do estudo 142
Figura 37 – Processamento do ataque dos sulfatos numa estrutura (Skalny et al, 1996) ....... 144
Figura 38 – Variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de resistência aos
sulfatos .................................................................................................................................... 147
Figura 39 – Variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de resistência aos
sulfatos ao longo do número de ciclos.................................................................................... 147
Figura 40 – Tendência da variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de
resistência aos sulfatos ao longo do número de ciclos ........................................................... 148
Raimundo Pereira xv
Controlo Da Qualidade De Betões
Figura 50 – Fundações da Ponte Comoro II com uma classe de betão na ordem do C25/30
[55] ......................................................................................................................................... 158
Figura 51 – Exemplo do uso duma classe de betão C 50/60 nos pilares da Ponte Comoro II
[55] ......................................................................................................................................... 158
Figura 52 – Fundações da Ponte Comoro II com uma classe de betão na ordem do C25/30
[55] ......................................................................................................................................... 159
Figura 53 – Ponte Comoro quase finalizada com partes em betão [55] ................................ 160
Figura 54 – Ponte Comoro esta finalizada com partes em betão [55] ................................... 160
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 7 - Valores limite das classes de exposição para o ataque químico proveniente de
solos naturais e de águas neles contidos ................................................................................... 30
Quadro 12 - Classes de resistência à compressão para betão de massa volúmica normal e para
betão pesado ............................................................................................................................. 32
Quadro 17 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação dos cloretos,
para uma vida útil de 50 anos ................................................................................................... 37
Quadro 57 - Relação entre razão a/c e a resistência à compressão do betão. ......................... 100
Quadro 58 - Volume de agregado grosso por unidade de volume de betão. .......................... 101
Quadro 65 - Relação entre razão a/c e a resistência à compressão do betão (Adaptada do ACI
211.1-91 [32]) ........................................................................................................................ 109
Quadro 67 - Volume de agregado grosso por unidade de volume de betão (Adaptado ACI) 111
Quadro 69 - Primeira estimativa para massa do betão fresco (Adaptado do ACI) ................ 113
Quadro 73 - Resumo das quantidades necessárias para realizar 1m3 de betão ...................... 116
Quadro 74 - Resumo das quantidades necessárias para realizar 1m3de betão ....................... 116
Quadro 75 - Quantidade de material necessário para a realização de 0.035 m3 de betão ...... 117
Quadro 76 – Valores do ensaio de espalhamento para as diferentes misturas de betão ........ 123
xx Raimundo Pereira
Índices
Quadro 79 – Valores da massa volúmica de betão para as diferentes misturas ..................... 127
Quadro 84 - Classes de resistência à compressão para betão normal e o betão pesado ......... 132
Quadro 92 – Valores da variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de
resistência aos sulfatos............................................................................................................ 146
Quadro 94 – Valores dos coeficientes de difusão de cloretos nos betões .............................. 152
ÍNDICE DE SÍMBOLOS
1 INTRODUÇÃO
O material estudado na tese de investigação, designa-se por betão, este material é uma pedra
artificial, é uma mistura de cimento com agregados, água, podendo a estes materiais
aglomerar como opção o uso á incorporação de adjuvantes e adições. A junção de todos estes
componentes desenvolve as suas propriedades por hidratação do cimento, originando a pedra
artificial, designada de betão.
Nas antigas civilizações o betão era utilizado essencialmente em pavimentos, paredes e suas
fundações, não existindo na altura uma preocupação dos utilizadores na parte do controlo da
qualidade desse material.
O primeiro povo a pensar na utilização do betão como uso mais corrente foram os romanos.
Estes exploraram as hipóteses deste material em diversas obras, tais como em casas, templos,
pontes e aquedutos, muitas destas ainda estão presentes nos dias de hoje e são como exemplos
do elevado nível atingido pelos construtores Romanos. Pode se verificar exemplos como o
Aqueduto da Pont du Gard em Nimes (realizado em 150 DC no qual se utilizou o betão no
canal de água e no interior do forro das cantarias), também as pontes de alvenaria e betão
ainda existentes em diversos países, tal como a Ponte de Vila Formosa na N369 e a Ponte de
Trajano sobre o Rio Tâmega em Chaves, em Portugal e outras pela Europa .
Nos dias de hoje o consumo de betão aumentou exponencial com o crescimento da população
mundial, surgiu assim ao longo do tempo uma sociedade consumidora e mais exigente no
controlo da qualidade deste material artificial. A complexidade destes fatores conduzira a um
aumento do controlo de qualidade do betão, tanto no seu estado fresco e endurecido.
O controlo da qualidade do betão foi apoiado num sistema de normalização estudado por
entidades científicas e implementado por técnicos especializados, estas condicionantes
conduziram a um maior rigor no fabrico e na qualidade do betão a empregar na construção
Raimundo Pereira 1
Controlo Da Qualidade De Betões
De acordo com a normalização europeia, a norma NP EN 206-1:2007 [2] estabelece que todo
o betão deve ser sujeito ao controlo da produção sob a responsabilidade do produtor. O
controlo da produção compreende todas as medidas necessárias para manter as propriedades
do betão em conformidade com os requisitos especificados.
Neste estudo em causa pretende-se verificar o controlo da qualidade betão seguindo a norma
NP EN 206-1:2007 [2] para os betões estudados, atendendo a todos os requisitos e condições
descritos na norma.
1.2 Objetivos
O objetivo primordial desta tese é efetuar um estudo de betões no estado fresco e endurecido
sobre um plano de controlo de qualidade, apoiado na normalização do controlo e qualidade do
betão, seguindo especificamente norma NP EN 206-1:2007 [2]. Este estudo é fundamentado
na fabricação de dois grupos de betões, um de elevado desempenho e outro convencional.
Dentro destes dois grupos foram utilizadas adições e adjuvantes no fabrico dos betões, tendo
como objetivo a verificação do controlo e da qualidade desse betões em estudo.
Todo este controlo dos betões fabricados em laboratório foi executado com base em ensaios
para verificação dos requisitos na norma NP EN 206-1:2007 [2].
Este trabalho tem como objetivo fundamental adquirir conhecimento sobre controlo e
qualidade dos diferentes betões diversos tipos de classes de resistência. Assim desta forma
será enriquecido o conhecimento sobre este tema em Timor Leste permitindo obter betões
com um grau de qualidade elevado e com o devido controlo superior aos existentes.
Na fase inicial deste trabalho realizou-se uma pesquisa bibliográfica extensa sobre o tema da
tese, frisando como objetivo a investigação sobre o controlo da qualidade de betões.
Numa segunda fase do estudo, foi evidenciado os aspetos dos constituintes do betão, assim
como os tipos de cimentos existentes em Portugal relacionando com os existentes em Timor
Leste, ainda sobre este tema, analisou-se o processo de fabrico do cimento e sua
caracterização.
2 Raimundo Pereira
Capítulo 1 – Introdução
Nesta fase procurou-se também pesquisar sobre os agregados a utilizar no fabrico dos betões,
tais como a sua dimensão, a sua natureza do tipo natural ou artificial, ainda podendo ser de
origem reciclados. Além dos aspetos anteriores estudados, foram abordados outros como a
água, adjuvantes e o tipo de adições utilizadas no fabrico dos betões.
A terceira fase baseia-se na pesquisa sobre a composição e especificação do betão, no qual foi
referenciado aspetos tais como a classificação, os requisitos para a composição do betão e a
especificação do betão. Sobre a classificação do betão foi evidenciado o tipo de classes de
exposição relacionadas com as ações ambientais, procurou-se relacionar os diferentes tipos de
ações para cada tipo de betão, classe de resistência e a que requisitos obedecer, tais como
consistência, abaixamento e resistência à compressão.
Ainda neste tema procurou-se investigar os requisitos especificados do betão de forma que a
composição de betão e os materiais constituintes obedeçam a todos esses requisitos
estipulados. Procurou se na especificação do betão entender de que forma é desenvolvida todo
o processo em causa entre o especificador e o produtor, referenciando todos aspetos
relacionados.
No capítulo sete é descrito o estudo experimental, onde são referidos alguns aspetos das
propriedades dos materiais utilizados na metodologia usada. Nesta fase é descrito o método de
composição proposto pelo ACI que está no suporte de toda a investigação realizada, assim
como o estudo da composição de betões com agregados normalizados, são descritos os
materiais constituintes utilizados e definidas as suas quantidades através de um estudo da
composição.
Raimundo Pereira 3
Controlo Da Qualidade De Betões
Numa fase posterior foram analisados todos os resultados obtidos, sendo estes os principais
indicadores das conclusões sobre os fatores de controlo da qualidade de betão que mais
condicionaram no desempenho das diferentes composições realizadas.
Com os trabalhos de laboratório concluídos foi redigida a dissertação de Mestrado que colige
e divulga todo o trabalho desenvolvido neste projeto de investigação sobre o controlo da
qualidade dos betões.
4 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
2 CONSTITUINTES DO BETÃO
2.1 Cimentos
O cimento é, sem dúvida, o constituinte mais importante do betão [8]. A palavra cimento tem
origem no latim “caementu” que designava na antiga Roma uma espécie natural de rochedos.
Este é um material que na presença de água produz uma reação exotérmica de cristalização de
produtos, ganhando resistência mecânica.
No ano 1756 Jonh Smeaton, consegui produzir um producto de alta de resistencia através da
calcinação de calcarios moles e argilosos, desenvolvendo nos anos seguintes este aglomerado.
Em 1758 o engenheiro inglês John Smeaton, procedeu a uma construção de um farol próximo
de Plymouth tal como na Figura 1, no decorrer dessa construção procedeu á utilização de
materiais aglomerantes, no qual já tinha concluido anteriormente que a mistura de calcário e
argilas era muito superior ao calcário puro, Smeaton, J. [3].
Raimundo Pereira 5
Controlo Da Qualidade De Betões
Em 1824, Aspdin, J. [4] a partir de pedras calcárias e argilas, produziu um pó bastante fino
que quando combinado com água e posteriormente seco originava um material, que foi
batizado como cimento Portland em homenagem à ilha de Portland, uma vez que possuía
rochas muito semelhantes às originadas por este material. Atualmente este é um aglomerante
hidráulico largamente utilizado para a produção de determinados produtos e também de
argamassas prontas.
Com o passar dos anos, várias foram as pessoas que dedicaram a sua vida a estudar o cimento
e como seria de esperar muitas foram as combinações criadas, cujas características se
mostraram convenientes às necessidades que se faziam sentir. Portanto, atualmente, são vários
os tipos de cimentos comercializados.
6 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
O cimento Portland foi o pioneiro neste assunto, sendo portanto extremamente importante e
servindo de base a todo o tipo de comparações que possam ser efetuadas.
No que diz respeito ao cimento de escórias, sempre que a percentagem deste subproduto é
inferior a 35%, a aplicação do cimento em causa é a mesma que o cimento Portland.
Pode ainda referir-se o facto da resistência aos meios agressivos oferecidos por este tipo de
cimento ser superior à do cimento Portland.
Raimundo Pereira 7
Controlo Da Qualidade De Betões
Podem definir-se como pozolanas argilas cozidas a pelo menos 7500C. Existem pozolanas
naturais e artificiais, sendo que as naturais foram cozidas naturalmente pelo calor de um
vulcão e as artificiais são sílicas hidratadas moídas e cozidas a cerca de 8000C. Tal como
qualquer outro subproduto, também as pozolanas apresentam um custo menor quando
comparado ao clínquer, no entanto deve-se ter em atenção o facto destas apenas o poderem
substituir até um determinado ponto.
O cimento pozolânico (CEM IV/A e CEM IV/B) obtém-se adicionando ao clínquer Portland
uma pozolana natural, natural calcinada ou cinzas volantes em quantidades compreendidas
entre 11% a 55%. Como características deste produto podem enunciar-se o baixo calor de
hidratação e elevada resistência a águas sulfatadas e ambientes industriais comparativamente
com o cimento Portland como referenciado por Aguiar [7]
As cinzas volantes possuem a aparência de uma areia cinzenta de finura média e uma vez que
se encontram nos fumos das centrais que queimam carvão são apreendidas em instalações
apropriadas, de modo a evitar a sua fuga para a atmosfera.
O cimento pode ser fabricado por duas vias, uma em que a matéria-prima é moída e
homogeneizada dentro de água, a qual se designa de via húmida, e uma outra em que a
moagem e homogeneização se realizam a seco e portanto como seria de esperar se denomina
de via seca. A via húmida é um processo muito antigo atualmente a cair em desuso pois
necessita de um maior consumo de energia.
8 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
Descrevendo o processo da via seca, a primeira etapa é a extração da matéria-prima que será
posteriormente enviada para o triturador de forma a reduzir o tamanho dos fragmentos para
apenas alguns centímetros, estando assim concluída a primeira fase de moagem. De seguida,
efetua-se a pré homogeneização dos vários materiais; no final desta operação a granulometria
dos agregados é inferior a 50 mm e a humidade máxima é de 8%. Posteriormente efetua-se a
cozedura no forno e novamente se procede a uma redução granulométrica de forma a obter-se
um material muito fino, o clínquer, principal constituinte do cimento. Alguns cimentos podem
ainda conter aditivos e adjuvantes de acordo com as propriedades que se desejam para o
produto. Por último, efetua-se a embalagem e transporte do mesmo para os vários locais de
venda. Na Figura 2 apresenta-se o fluxograma do fabrico de cimento na qual se verifica todas
as fases de produção.
A finura está relacionada com a área de contacto dos grãos de cimento com a água e conclui-
se que quanto mais fino for o cimento mais resistente e compacto este se torna. A velocidade
Raimundo Pereira 9
Controlo Da Qualidade De Betões
de presa aumenta com a finura, bem como o calor de hidratação, o que se pode referir como
um inconveniente.
Por sua vez, presa é o termo utilizado para descrever a solidificação da pasta de cimento, em
que o início de presa marca o ponto em que a pasta começa a tornar-se não trabalhável e o fim
de presa é o instante em que a pasta de cimento se encontra totalmente rígida. Facilmente se
pode perceber a importância deste parâmetro, uma vez que este determina o intervalo de
tempo em que a pasta de cimento permite que seja trabalhada. O processo em questão pode
ser acelerado ou retardado adicionando substâncias, tais como adjuvantes ou até mesmo
aumentando a quantidade de água na amassadura. Pode ainda referir-se que elevadas
temperaturas aceleram a presa, enquanto baixas temperaturas a retardam.
2.2 Agregados
Os agregados constituem o esqueleto granular do betão e podem ser usados sob a forma de
britas, godos e areias [8]. Os agregados para betão devem ser escolhidos de forma criteriosa e
depois proporcionados e misturados, em quantidades a calcular, de forma a obter um produto
com as características desejadas .
Os agregados podem ser considerados finos, quando apresentam dimensão superior das
partículas menor ou igual a 4 mm, ou grossos, quando apresentam dimensão superior das
partículas maior ou igual a 4 mm e dimensão inferior das partículas maior ou igual a 2 mm.
Os agregados usados para betão podem ser de origens naturais, artificiais ou reciclados. Os
agregados naturais a mãe natureza encarregou-se de os produzir, produzidos por um
processamento mecânico natural, mantendo as superficies não rugosa. Temos como materiais
naturais os godos, as areias do mar, do rio, , de dunas, de depósitos sedimentares ou areeiros.
Em relação aos agregados artificiais, todos passam por um processo industrial
compreendendo modificações mecânicas e térmicas, como exemplo resultantes da
fragmentação mecanica de rochas, a brita, areias ou pó de pedreira.
Outro tipo de agregado utilizado no fabrico de betão são os agregados reciclados, estes
resultam do um processamento de materiais inorgânicos anteriormente utilizados na
construção ou em outras aplicações.
Os agregados normais têm massa volúmica compreendida entre 2000 e 3000 kg/m3.
10 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
Os agregados leves apresentam massa volúmica menor ou igual que 2000 kg/m3 ou uma
baridade menor ou igual que 1200 kg/m3. Os agregados pesados têm massa volúmica maior
ou igual que 3000 kg/m3.
No que se refere ao agregado com dimensões grandes, este pode ter dificuldades em passar
nas armaduras e assim sendo, pode ocorrer que o betão não preencha totalmente o molde,
ocasionando a formação de ninhos de brita, logo a dimensão do material agregado não é
indiferente Figura 3. A dimensão máxima do agregado deve ser controlada em função da
aplicação que o betão vai ter, de maneira que o betão possa ser colocado e compactado à volta
das armaduras, sem que ocorra qualquer risco de segregação.
No caso dos agregados preferidos para a produção de betão, a granulometria deve ser de
preferência contínua, devendo-se evitar descontinuidade de agregados.
Em regra o Dmáx deve ser inferior a 1,2 vezes no recobrimento nominal ou o espaçamento
entre armaduras, tomando-se o valor que for inferior.
Raimundo Pereira 11
Controlo Da Qualidade De Betões
Para além de requisitos relativos à dimensão máxima dos materiais agregados, outras
características terão de ser analisadas, tais como a sua forma. Partículas com formas
alongadas vão ter tendência a partir sob ação de esforços concentrados. Relativamente à
natureza da superfície, o material agregado pode ser rolado ou britado. Se, por um lado, a
utilização de materiais rolados, naturais, implica uma aderência menor, face aos materiais
britados, por outro, os primeiros exigem uma menor quantidade de água na amassadura.
Assim sendo, tendo em consideração estes dois parâmetros (volume de água e aderência), em
geral, chega-se à conclusão que é praticamente indiferente utilizar materiais rolados ou
artificiais britados porque, não intervindo outros fatores, as resistências do betão não variam
muito. No entanto, há que referir que os materiais naturais, como oferecem menor resistência
ao atrito, favorecem a trabalhabilidade, mas têm o inconveniente de poderem contribuir para a
segregação [11].
É recomendado o uso de rochas sãs e duras, estas não se devem encontrar alteradas pela
intempérie, deve ter-se a preocupação de evitar as rochas muito brandas ou porosas, ou com
xistosidade elevada, assim como xistos, arenitos pouco duros, rochas com argila ou ricas em
mica. Todos estes materiais mencionados a empregar devem ser limpos, com ausência de pó
ou de argila pois caso contrario, a resistência à compressão e especialmente à tração e flexão,
diminuem de resistência [11].
A presença de pó nos agregados gasta mais água e a ligação da pasta de cimento ao material
agregado pode ser obstruída. Na realidade o uso de agregados correntes tem uma pequena
percentagem de finos, embora não excessiva, caso contrario se proceda à lavagem do
material, poderá ocorrer um decrescimento da compacidade e naturalmente a resistência à
compressão também diminuir, isto porque se verifica um aumento do número de vazios no
agregado.
12 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
As partículas finas são sempre prejudiciais, no que se refere à resistência à tração [3].
Teor de partículas moles NP EN E 222 ≤5% Agregados grossos Betão de alta resistência
Valor a Betão agregados
Teor de álcalis NP EN 1382 Todos os agregados
determinar reativos
Bom Betão em contacto com
Reatividades aos sulfatos LNEC E 251 Agregados contendo
Comportamento sulfatos
1
Ambas as determinações avaliar a resistência mecânica dos agregados
A norma LNEC E 467:2006 [12] indica que a percentagem da fração fina não deve superar
45% no ensaio de esmagamento, nem 50% no ensaio de fragmentação de Los Angeles
(categoria LA50).
A origem dos agregados deve ser tomado em conta para o fabrico do betão, no caso de
agregados provenientes do mar teremos de verificar a presença do cloreto de sódio junto com
o sulfato de magnésio, estes poderão originar o aparecimento de eflorescências o que provoca
Raimundo Pereira 13
Controlo Da Qualidade De Betões
as manchas salinas, também estes agentes presentes nos agregados diminuem a velocidade de
presa do cimento.
No caso de obras com um volume elevado de betão pré esforçado, os varões que estão
submetidos a elevados esforços de tração, poderão neste caso por em causa a segurança das
estruturas, logo as areias, inclusivamente com pequenas quantidades de sais, é de rejeitar.
Outro aspeto a considerar dos materiais com estes tipos de substâncias é a durabilidade dos
materiais agregados, estas poderão comprometer por reação química com os constituintes do
cimento ou com a água quando em contacto, dando origem a expansões que podem levar á
ruína do betão e consequentemente da estrutura em causa. A norma do LNEC E 461:2007
[13] apresenta uma metodologia para avaliação da reatividade dos agregados para betão à
reação álcalis-sílica Figura 4.
No caso da produção dos materiais o produtor deve declarar a classe de reatividade dos
agregados e escolher a classificação adequável, tal como a seguir se indica:
14 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
Alguns tipos de agregados que são utilizados no fabrico de betão já estão identificados como
potencialmente reativos aos álcalis, isto é, existe na norma NP EN 12620:2002 [9] a
identificação em que engloba os tipos de minerais e de rochas com esse tipo de causa, essa
informação está contida no Quadro 3 e Quadro 4 com as rochas e minerais potencialmente
fornecedores de álcalis.
Raimundo Pereira 15
Controlo Da Qualidade De Betões
Outro fator a ter em conta na utilização dos agregados é esforços provocados pela congelação
da água. Neste grupo de materiais incluímos todos os agregados de origem das rochas
geladiças, como o calcário e o grés.
A normalização sobre este tema prevê dois métodos de ensaio alternativos: a resistência ao
gelo-degelo e resistência ao sulfato de magnésio. Os requisitos normalizados são expressos
em perdas, em massa, no caso do gelo-degelo não superior a 4% (F4) e para o sulfato de
magnésio não superior a 35% (MS35).
2.3 Água
As funções da água no betão prendem-se com a reação química com o cimento, hidratando-o,
endurecendo, aglomerando os agregados, assegurando a trabalhabilidade do betão, isto é,
assegurar que a mistura seja amassada facilmente e colocada em obra sem eminência de
segregação.
16 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
- Água ligada quimicamente, que realizou a hidratação dos constituintes anidros do cimento;
- Água ligada fisicamente, adsorvida, também designada por água zeolítica ou água de
canalização;
- Água no estado livre, que ocupa mais ou menos parcialmente os poros por capilaridade e
porosidade [8].
Quando a temperatura alcança pouco além de 1000C, ocorre a evaporação da água livre e de
uma parte da água ligada fisicamente.
A água não deve conter constituintes prejudiciais, de um modo geral, será a água potável das
redes de abastecimento público, esta poderá ser utilizada na amassadura do betão. Outras
fontes de fornecimento de água, nomeadamente as águas do mar, águas superficiais,
subterrâneas e as águas residuais industriais são consideradas adequadas, no entanto deverá
ser efetuado análises antes da sua utilização para a sua validação.
No caso de suscitar dúvidas do estado da água para o fabrico de betões, deverá proceder se
uma série de ensaios comparativos, semelhantes aos desenvolvidos nos agregados que têm por
base uma análise comparativa com valores padrão pré-estabelecidos.
A água deve ser rejeitada para o fabrico de betões sempre que tenha a presença de óleos e
gorduras, resíduos em suspensão, ácidos com pH inferior a 4 e matéria orgânica, detergentes,
uma cor mais escura do que o amarelo pálido, cheiro forte diferente do da água potável, que
leva a uma cor mais escura do que castanho amarelado.
Raimundo Pereira 17
Controlo Da Qualidade De Betões
Uma das formas usadas para validar a utilização da água, é efetuar uma serie de ensaios
comparativos, produzindo provetes de betão ou argamassa, uns com a água de que
suspeitamos e outros com água destilada. A resistência média à compressão dos provetes
fabricados, aos 7 dias, confecionados com a água em estudo de que duvidamos deverá ser
pelo menos 90% da resistência média à compressão dos provetes idênticos preparados com
água destilada.
No geral a água de amassadura influência nas propriedades do betão através das substâncias
dissolvidas e em suspensão. As substâncias dissolvidas, possivelmente afetam as resistências
mecânicas e químicas do betão e das armaduras, em relação às substâncias em suspensão,
assim como argila e o silte, podem facilitar o crescimento cristalino dos produtos da
hidratação do cimento.
2.4 Adjuvantes
No fabrico de betão é corrente a utilização de adjuvantes, estes tem como finalidade obter
uma modificação ou conferir ao betão uma qualidade específica, têm assim como objetivo
alterarem o comportamento do betão como também as suas propriedades.
18 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
Os adjuvantes são classificados consoante a sua função, existindo uma grande variedade no
mercado para tal fim (Basf, sika ou outros).
Aperfeiçoar a trabalhabilidade;
Retardar o tempo de início de presa;
Acelerar o tempo de início de presa;
Acelerar o endurecimento nas primeiras idades;
Aumentar a resistência aos ciclos gelo/degelo;
Diminuir a permeabilidade;
Ajudar a bombagem;
Inibir a corrosão das armaduras;
Melhorar o acabamento superficial;
Elevar a compacidade.
A utilização corrente de adjuvantes no fabrico do betão deverá ter se o cuidado das dosagens a
empregar, quando utilizadas em dosagens erradas poderá provocar efeitos contrários aos
pretendidos, podendo diminuir muito a resistência do betão. A mistura de betão no qual será
utilizado a pequena quantidade adjuvante, deverá ser homogénea, caso contrario ficamos com
uma zona que contém todo o adjuvante e outra sem qualquer adjuvante, originando assim a
uma mistura de betão com propriedades heterogéneas
- Redutor de água/plastificante;
- Retentor de água;
- Introdutor de ar;
- Acelerador de presa;
- Acelerador de endurecimento;
Raimundo Pereira 19
Controlo Da Qualidade De Betões
- Retardador de presa;
- Hidrófugo.
Os adjuvantes devem conter uma marcação e rotulagem, quando embalados devem ser
claramente marcadas com a informação que for relevante, tal como a data do seu fabrico e o
prazo de validade do produto recomendado pelo produtor.
Estes produtos tem como requisitos uma mão de obra qualificada, tem de verificar uma
compatibilidade química com a mistura, a sua diluição na água deve ser tal como [1/2 água +
(1/2 água e adjuvante dissolvido)], quando são adjuvantes líquidos não devem contactar
diretamente com o cimento.
2.5 Adições
Material finamente dividido (moído ou não) que pode ser usado no betão com o objetivo de
melhorar certas propriedades ou mesmo alcançar propriedades especiais. Estes materiais
podem ser classificados como:
As adições tipo II são produtos inorgânicos que apesar de não terem por si só propriedades
aglomerantes e hidráulicas, contêm constituintes que às temperaturas ordinárias se combinam,
em presença de água, com hidróxido de cálcio e com os diferentes componentes do cimento
originando compostos de grande estabilidade na água e com propriedades pozolânicas.
Como exemplos de adições temos a sílica ativa e o metacaulino que aumentam a resistência e
diminuem a permeabilidade, entre outros. Estes quando adicionados ao cimento originam uma
20 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão
As cinzas volantes e as escórias de alto-forno [16] são considerados produtos poluidores, logo
a sua utilização na produção do betão como uma adição traz o benefício ambiental, tendo
como aplicação um destino para estes resíduos. As adições têm uma vertente económica, uma
poupança na matéria-prima que dá origem ao cimento, entre elas o calcário.
Neste campo das adições são considerados dois tipos de adições inorgânicas. As adições com
características de agregados, tipo I, os fíleres devem estar conformes com a NP EN
12620:2002 [9] e os pigmentos conformes com a NP EN 12878:2005 [17]. Nas adições
pozolânicas ou hidráulicas latentes, tipo II, as cinzas volantes devem estar conformes com a
NP EN 450-1:2012 [18] e a sílica de fumo conforme com a NP EN 13263:2009 [19].
Raimundo Pereira 21
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
3.1 Classificação
Quanto à classificação podemos começar pelas classes de exposição relacionadas com ações
ambientais como se exemplifica no Quadro 5.
De acordo com normalização das classes de exposição dos betões, esta designa classes para
habitação e serviços, como exemplo dessas apresenta-se na Figura 6 os exemplos.
Raimundo Pereira 23
Controlo Da Qualidade De Betões
Tais como as classes referenciadas anteriormente também classes estipuladas para edifícios
comerciais e industriais são semelhantes, embora apresentando algumas variações ás
anteriores, no qual é exemplificado na Figura 7.
24 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
Tais como todas as classes apresentadas anteriormente, também foram definidas classes de
exposição para obras marítimas. Estas classes são mais específicas, isto devido ao seu grau de
exposição perto das costa marítima, isto do que em relação às anteriores.
O betão pode encontrar-se sujeito a mais que uma das ações descritas Quadro 5 ou como se
verifica nas figuras anteriores, pelo que as condições ambientais às quais está sujeito podem
assim ter que ser expressas como uma combinação de classes de exposição.
Para um dado componente estrutural, diferentes superfícies do betão podem estar sujeitas a
ações ambientais diferentes.
Raimundo Pereira 25
Controlo Da Qualidade De Betões
Relativamente a combinação de classes de exposição a LNEC E 462 [21] refere para ter em
conta:
- Na orla marítima (classes XS) o número de dias com temperaturas negativas (onde se
poderiam aplicar as classes XF) é despiciendo--, enquanto no interior, nomeadamente nas
zonas com um total de 30 ou mais dias com temperaturas negativas pode haver combinação
das classes XF2 com a XD (embora esta classe seja pouco frequente em Portugal);
26 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
Quando o betão, armado ou contendo outros metais embebidos, se encontrar exposto ao ar e à humidade, a exposição
ambiental deve ser classificada como se segue:
Nota: as condições de humidade são as do betão de recobrimento das armaduras ou de outros metais embebidos, mas, em
muitos casos, as condições deste betão podem considerar-se semelhantes às condições de humidade do ambiente
circunvizinho. Nestes casos, pode ser adequada a classificação do ambiente circunvizinho. Tal pode não ser aplicável, caso
exista uma barreira entre o betão e o seu ambiente.
Betão no interior de edifícios com baixa humidade
XC1 Seco ou permanentemente húmido do ar;
Betão permanentemente submerso em água.
Superfícies de betão sujeitam a longos períodos de
XC2 Húmido, raramente seco contacto com água;
Muitas fundações.
Betão no interior de edifícios com moderada ou
XC3 Moderadamente húmido elevada humidade do ar;
Betão no exterior protegido da chuva.
Superfícies de betão sujeitadas ao contacto com a
XC4 Ciclicamente húmido e seco
água, fora do âmbito da classe XC2.
Quando o betão armado ou contendo outros materiais embebidos se encontrar em contacto com a água, que não água do mar,
contendo cloretos, incluindo sais descongelantes, a exposição ambiental deve ser classificada como se segue:
NOTA: No que respeita às condições de humidade ver também a secção 2 deste Quadro
Superfícies de betão expostas a
XD1 Moderadamente húmido
cloretos transportados pelo ar
Piscinas;
XD2 Húmido, raramente seca Betão exposto a águas
industriais contendo cloretos
Partes de pontes expostas a
salpicos de água contendo
XD3 Ciclicamente húmido e seco cloretos; Pavimentos; Lajes de
parques de estacionamento de
automóveis
Raimundo Pereira 27
Controlo Da Qualidade De Betões
Quando o betão, armado ou contendo outros materiais embebidos, se encontrar em contacto com cloretos provenientes da água
do mar ou exposto ao ar transportando sais marinhos, a exposição ambiental deve ser classificada como se segue:
Quando o betão, enquanto húmido, se encontrar exposto a um significativo ataque por ciclos de gelo/degelo, a exposição
ambiental deve ser classificada como se segue:
Moderadamente saturado de Superfícies verticais de betão expostas à chuva
XF1 água, sem produtos e ao gelo
descongelastes
Moderadamente saturado de Superfícies verticais de betão de estruturas
XF2 água, com produtos rodoviárias expostas ao gelo e a produtos
descongelastes descongelados transportados pelo ar
Fortemente saturado, sem Superfícies horizontais de betão expostas à
XF3 chuva e ao gelo
produtos descongelastes
28 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
XD2
XS2 + ataque da água do mar (XA1)
XC2
XF1
XA1, XA2 ou XA3
XF1
XD1 + XF2
XC3 ou XC4 XS1
XD3
XS3 + ataque da água do mar (XA1)
XA1
XC4 XA2
XA3
Raimundo Pereira 29
Controlo Da Qualidade De Betões
Quadro 7 - Valores limite das classes de exposição para o ataque químico proveniente de
solos naturais e de águas neles contidos
Os ambientes com agressividade química, abaixo classificados, têm como base o solo e a água contida, com temperaturas
do solo ou da água entre os 5ºC e os 25ºC e com velocidades da água suficientemente lentas que possam ser consideradas
próximas das condições estáticas. A classe é determinada pelo valor mais elevado para qualquer característica química.
Quando duas ou mais características agressivas conduzirem à mesma classe, o ambiente deve ser classificado na classe
imediatamente superior, a menos que um estudo especial para este caso específico prove que não é necessário.
Águas
Solos
a) Os solos argilosos com uma permeabilidade abaixo de 10 -5 m/s podem ser colocados numa classe mais baixa.
b) O método de ensaio prescreve a extração do SO42- através de ácido clorídrico; em alternativa, pode usar-se a extração
aquosa, se houver experiência no local de utilização do betão.
c) O limite de 3000 mg/kg deve ser reduzido para 2000 mg/kg, caso exista de acumulação de iões sulfato no betão devido a
ciclos de secagem e molhagem ou à absorção capilar.
Classe Abaixamento em mm
S1 10 a 40
S2 50 a 90
S3 100 a 150
S4 160 a 210
S5 ≥ 220
30 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
V0 ≥ 31
V1 30 a 21
V2 20 a 11
V3 10 a 6
V4 5a3
C0 ≥ 1,46
C1 1,45 a 1,26
C2 1,25 a 1,11
C3 1,10 a 1,04
C4 < 1,04
a) Aplica-se somente ao betão leve
F1 ≤ 340
F2 350 a 410
F3 420 a 480
F4 490 a 550
F5 560 a 620
F6 ≥ 630
Quando o betão for classificado em relação à máxima dimensão do agregado, deve usar-se
para a classificação a máxima dimensão do agregado mais grosso (Dmax) do betão.
Quando o betão for classificado em relação à sua resistência à compressão, aplica-se o Quadro
12 para betão de massa volúmica normal e betão pesado ou o Quadro 13 para o betão leve.
Para a classificação utiliza-se a resistência característica aos 28 dias obtida a partir de
provetes cilíndricos de 150 mm de diâmetro por 300 mm de altura (fck,cyl) ou a partir de
provetes cúbicos de 150 mm de aresta (fck,cube). O valor característico é o valor que é
alcançado com 95% de probabilidade.
Raimundo Pereira 31
Controlo Da Qualidade De Betões
Quadro 12 - Classes de resistência à compressão para betão de massa volúmica normal e para
betão pesado
Resistência característica Resistência característica
Classe de resistência à compressão mínima em cilindros fck,cyl mínima em cubos fck,cube
(N/mm2) (N/mm2)
C8/10 8 10
C12/15 12 15
C16/20 16 20
C20/25 20 25
C25/30 25 30
C30/37 30 37
C35/45 35 45
C40/50 40 50
C45/55 45 55
C50/60 50 60
C55/67 55 67
C60/75 60 75
C70/85 70 85
C80/95 80 95
C90/105 90 105
C100/115 100 115
Quando o betão leve for classificado em relação à sua massa volúmica, aplica-se o Quadro 14.
A massa volúmica do betão pode também ser especificada através de um valor pretendido
32 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
Massa volúmica ≥ 800 e ≤ > 1000 e ≤ > 1200 e ≤ > 1400 e ≤ > 1600 e ≤
> 1800 e ≤ 2000
(kg/m3) 1000 1200 1400 1600 1800
NOTA: A massa volúmica do betão leve pode também ser especificada através de um valor pretendido.
O betão deve ser formulado de forma a minimizar a segregação e a exsudação do betão fresco,
a menos que seja especificado o contrário. As propriedades requeridas ao betão na estrutura
são geralmente alcançadas se no local de utilização forem cumpridos certos procedimentos na
aplicação do betão fresco. Assim, para além dos requisitos NP EN 206-1:2007 [2],os
requisitos para o transporte, colocação, compactação, cura e qualquer outro tratamento
adicional deverão ser levados em conta antes do betão ser especificado a norma NP EN
13670-1:2011 [22]. Muitos destes requisitos são com frequência interdependentes. Se todos
estes requisitos forem satisfeitos, qualquer diferença na qualidade do betão, entre o betão da
estrutura e o dos provetes de ensaio normalizados, será adequadamente coberta pelo fator de
segurança parcial do material.
O cimento deve ser selecionado entre os que têm aptidão estabelecida, tendo em conta:
- A execução da obra;
Raimundo Pereira 33
Controlo Da Qualidade De Betões
- A execução da obra;
- Quaisquer requisitos para agregados à vista ou para agregados em betão com acabamento
especial.
A máxima dimensão do agregado mais grosso (Dmax) deve ser escolhida tendo em conta a
espessura de recobrimento das armaduras e a largura mínima da secção. Os agregados de
granulometria extensa só devem ser usados em betões com classes de resistência à
compressão ≤ C12/15.
Os agregados recuperados da água de lavagem ou do betão fresco podem ser usados como
agregados para betão. Os agregados recuperados não separados em frações não devem ser
utilizados em quantidades superiores a 5 % do total dos agregados. Quando a quantidade dos
agregados recuperados for superior a 5 %, eles devem ser do mesmo tipo do agregado
principal, ser separados numa fração grossa e numa fração fina e conformes com a NP EN
12620:2002 [9].
A água recuperada da produção do betão deve ser utilizada de acordo com as condições
especificadas na NP EN 1008:2003 [14].
As quantidades das adições do tipo I e do tipo II a utilizar no betão devem ser objeto de
ensaios iniciais. Os ensaios iniciais devem demonstrar que um betão satisfaz todos os
requisitos especificados para o betão fresco e endurecido. Quando o produtor ou o
especificador puder demonstrar que uma composição é adequada com base em resultados de
ensaios prévios ou experiência de longa duração, tal pode ser considerado como uma
alternativa aos ensaios iniciais.
34 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
iniciais devem ser executados antes da utilização de um novo betão ou de uma nova família
de betões. Os ensaios iniciais devem ser repetidos se houver uma alteração significativa nos
materiais constituintes ou nos requisitos especificados nos quais se basearam os ensaios
prévios.
Em geral, os ensaios iniciais devem ser executados sobre betão fresco com uma temperatura
entre 15 °C e 22 °C. Para os ensaios iniciais de um dado betão, devem ser feitas pelo menos
três amassaduras e ensaiados pelo menos três provetes de cada uma delas. Quando forem
efetuados ensaios iniciais para uma família de betões, o número de betões a amostrar deve
abranger a gama de composições da família. Neste caso, pode efetuar-se apenas uma
amassadura por betão.
A resistência de uma amassadura ou carga deve ser a média dos resultados dos ensaios dos
respetivos provetes. O resultado do ensaio inicial do betão é a média das resistências das
amassaduras ou cargas.
A aptidão de uma dada mistura para ser constituinte do betão ficou estabelecida na
especificação LNEC E 462 [21],desde que sejam satisfeitas simultaneamente as seguintes
condições:
O cimento seja do tipo CEM I ou CEM II/A e da classe de resistência 42,5 ou superior;
Raimundo Pereira 35
Controlo Da Qualidade De Betões
Para o projetista duma obra de betão poder estabelecer as disposições relativas à resistência às
ações ambientais exigidas nos requisitos fundamentais da especificação do betão, este deve
primeiro fixar a vida útil da obra de acordo com o estabelecido no Quadro 15, se o dono de
obra o não tiver já feito.
A especificação estabelece prescrições específicas para que as estruturas de betão tenham uma
vida útil de projeto de 50 ou de 100 anos e prescrições gerais, qualquer que seja a vida útil.
Em substituição dos valores limites para a composição e resistência do betão indicados no
Anexo F da NP EN 206-1:2007 [2] com carácter informativo, estabelecem-se nos quando há
risco de corrosão das armaduras e nos Quadro 18 e 19 quando há gelo / degelo ou ataque
químico, respetivamente, os valores da máxima razão água/cimento, da mínima dosagem de
cimento e da mínima classe de resistência à compressão simples que o betão deve satisfazer
para que o tempo de vida útil das estruturas de betão, sob as ações ambientais, seja de 50
anos.
36 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
CEM I (r CEM II/B (1); CEM III/A (2); CEM IV (2); CEM
Tipo de cimento
referência); CEM II/A(1) V/A (2)
Classe de exposição XC1 XC2 XC3 XC4 XC1 XC2 XC3 XC4
Máxima razão água/cimento 0,65 0,65 0,6 0,6 0,65 0,65 0,55 0,55
Quadro 17 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação dos cloretos, para
uma vida útil de 50 anos
Raimundo Pereira 37
Controlo Da Qualidade De Betões
Máxima razão
0,6 0,55 0,55 0,5
água/cimento
Mínima dosagem de
280 280 300 300
cimento C (kg/m3)
Mínima classe de C30/37 C30/37 C30/37 C30/37
resistência LC30/33 LC30/33 LC30/33 LC30/33
Teor mínimo de ar (%) - 4 - 4
(1)-Não aplicável aos cimentos II/A-T e II/A-W e aos cimentos II/B-T e II/B-W, respetivamente.
(2)-Não aplicável aos cimentos com percentagem inferior a 50% de clínquer Portland, em massa.
Indicam-se também nos Quadro 16 a Quadro 19 os tipos de cimento que se podem utilizar e,
nos casos das classes de exposição XC e XS,Quadro 16 e respetivamente, os valores mínimos
do recobrimento nominal (a especificar no projeto e a garantir na obra pelo utilizador do
betão) que, conjuntamente com os requisitos do betão, permitem esperar que, em cada classe
de exposição XC ou XS, fique garantida a vida útil de projeto de 50 anos. O Anexo B da
especificação LNEC E 462:2004 [21] apresenta os requisitos que possibilitam a redução dos
recobrimentos fixados. Está prevista a redução no caso de utilização de aços inox, certas
classes de resistência do betão, revestimento do aço com resinas epoxídicas e revestimento
por pintura do betão.
Para um tempo de vida útil de 100 anos, os requisitos dos Quadro 16 e Quadro 19 devem ter
as seguintes alterações:
38 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
Quando a agressividade química provier da ação dos sulfatos, presentes na água ou nos solos
em contacto com o betão, a composição do clínquer dos cimentos ou das correspondentes
misturas deve satisfazer os limites indicados no Quadro 21.
Raimundo Pereira 39
Controlo Da Qualidade De Betões
Os cimentos Portland não resistem a meios ácidos cujo pH seja inferior a 4, pelo que têm que
ser protegidos do contacto com estes meios através dum revestimento por pintura satisfazendo
os requisitos previstos na NP EN 1504-2:2006 [24] para o princípio P6 – Resistência aos
produtos químicos. Esta proteção deve também existir sempre que o teor de qualquer dos
elementos agressivos referidos no Quadro 7 seja superior ao limite indicado para a classe
XA3.
Quando for utilizada uma combinação de uma adição específica com um cimento específico,
para os quais a origem de produção e as suas características se encontram claramente
definidas e documentadas, o conceito de desempenho equivalente do betão permite alterações
aos requisitos da NP EN 206-1:2007 [2] e da especificação LNEC E 464:2005 [25]. Deve ser
demonstrado que, especialmente no que respeita à sua reação às ações ambientais e à sua
durabilidade, o betão tem um desempenho equivalente ao de um betão de referência que
satisfaça os requisitos para a classe de exposição relevante. Quando o betão é produzido de
acordo com estes procedimentos, deve ser sujeito a uma avaliação contínua que tenha em
conta as variações no cimento e na adição.
Os ensaios deverão evidenciar que o desempenho do betão que contém a adição seja, pelo
menos, equivalente ao do betão de referência. Este deverá:
Conter um cimento conforme com a NP EN 197-1:2001/A 1:2005 [5] o mesmo tipo e tendo
os constituintes correspondentes à combinação do cimento e da adição; estar conforme com os
requisitos para a classe de exposição relevante.
40 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
Quando não existir nenhum cimento correspondente disponível, deverá ser utilizado um
cimento CEM I.
Procede-se de igual modo com a composição de estudo, ou seja com a formulação cujo
desempenho se pretende avaliar. Os resultados obtidos na composição de referência são
depois comparados com os correspondentes valores da composição de estudo e extraídas
conclusões sobre a equivalência de comportamento das duas composições no que respeita à
resistência à penetração do dióxido de carbono ou dos cloretos no betão.
Raimundo Pereira 41
Controlo Da Qualidade De Betões
Para cada propriedade determinada, deve ser calculada a média dos valores obtidos nos
provetes de cada composição principal ou secundária, bem como a média global das
diferentes de referência e das diferentes composições de estudo. Cada propriedade das
composições de estudo deve apresentar uma média global igual ou inferior à média global das
composições de referência, com exceção da resistência à compressão, em que a média global
das composições de estudo deve ser igual ou superior à média global das composições de
referência.
PCAestudo (3.1)
≤ 1,3
PCAreferência
42 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
ACestudo (3.2)
≤ 1,3
ACreferência
Permeabilidade ao oxigénio, K:
K estudo (3.3)
≤ 2,0
K referência
Destudo (3.4)
≤ 2,0
Dreferência
fc,referência (3.5)
≤ 1,1
fc,estudo
Raimundo Pereira 43
Controlo Da Qualidade De Betões
Se a quantidade total de adjuvantes líquidos exceder 3 l/m3 de betão, o seu teor de água deve
ser considerado no cálculo da razão água/cimento. Quando for usado mais do que um
adjuvante, a sua compatibilidade deve ser verificada quando da realização dos ensaios
iniciais. Os betões com consistência ≥ S4, V4, C3 ou F4 deverão ser fabricados com recurso a
adjuvantes superplastificantes.
Cálculo baseado, para cada um dos materiais constituintes, no teor máximo de cloretos
permitido na respetiva norma ou no teor declarado pelo produtor;
Cálculo baseado, para cada um dos materiais constituintes, no teor de cloretos
calculado mensalmente a partir das últimas 25 determinações mais 1,64 vezes o respetivo
desvio-padrão.
44 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
Este último método é particularmente aplicável a agregados dragados do mar e para aqueles
casos onde não existe um valor máximo declarado ou normalizado.
A temperatura do betão fresco não deve ser inferior a 5 °C na altura da entrega. Qualquer
requisito relativo ao arrefecimento ou ao aquecimento artificial do betão antes da entrega deve
ser acordado entre o produtor e o utilizador.
As condições de cura;
Raimundo Pereira 45
Controlo Da Qualidade De Betões
A especificação do betão de comportamento especificado deve ser feita por intermédio dos
requisitos fundamentais, a indicar em todos os casos e dos requisitos adicionais, a indicar
quando requeridos.
Classes de exposição;
46 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
Rápido ≥ 0,5
Médio ≥ 0,3 a < 0,5
Lento ≥ 0,15 a < 0,3
Muito lento < 0,15
Como requisitos adicionais os seguintes aspetos podem ser especificados através de requisitos
de desempenho e de métodos de ensaio, quando apropriados:
Tipos ou classes especiais de cimento (p.e., cimento com baixo calor de hidratação);
Características requeridas para a resistência ao ataque pelo gelo/degelo (p.e., teor de ar);
Endurecimento retardado;
Resistência à abrasão;
A especificação do betão de composição prescrita deve ser feita por intermédio dos requisitos
fundamentais, a indicar em todos os casos e dos requisitos adicionais, a indicar quando
requeridos.
Raimundo Pereira 47
Controlo Da Qualidade De Betões
Dosagem de cimento;
Tipo, categorias e teor máximo de cloretos dos agregados; no caso de betão leve ou
pesado, a massa volúmica máxima ou mínima dos agregados, conforme o caso;
48 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão
Adição em pó desde que não sejam levadas em conta para a determinação da dosagem de
cimento e da razão água/cimento;
Raimundo Pereira 49
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
4.1 Generalidades
Todo o betão deve ser sujeito ao controlo da produção sob responsabilidade do produtor. O
controlo da produção compreende todas as medidas necessárias para manter as propriedades
do betão em conformidade com os requisitos especificados.
Inclui:
Seleção de materiais;
Formulação do betão;
Produção do betão;
Inspeções e ensaios;
Utilização dos resultados dos ensaios efetuados sobre os materiais constituintes, o betão
fresco e endurecido e o equipamento;
Controlo da conformidade;
Deve ser revisto pela direção do produtor, pelo menos de dois em dois anos, para assegurar a
aptidão e eficácia do sistema. Os registos de tais revisões devem ser conservados, pelo menos,
durante 3 anos, a não ser que obrigações legais exigem um período mais longo.
Raimundo Pereira 51
Controlo Da Qualidade De Betões
52 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
O sistema de controlo da produção deve incluir procedimentos e instruções que devem ser
estabelecidos respeitando os requisitos de controlo estabelecidos nos Quadro 25, Quadro 26 e
Quadro 27.
Raimundo Pereira 53
Controlo Da Qualidade De Betões
54 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
Em caso de dúvida;
Quando a temperatura
for especificada: -
Avaliar cumprimento da
periodicamente,
Temperatura do betão temperatura mínima de 5
14 Medir Temperatura dependendo da
fresco ºC ou do limite
situação; - cada
especificado
amassadura ou carga
quando a temperatura
está perto do limite
Quando a massa
volúmica for
Massa volúmica do Avaliar o cumprimento
Ensaio segundo a EN especificada,
15 betão leve ou do betão da massa Volúmica
12390- 7 * b) frequência igual à da
pesado Endurecido especificada
resistência à
compressão
Quando a resistência
for especificada,
Ensaio de resistência à
Ensaio segundo a EN Avaliar o cumprimento da frequência igual à do
16 compressão em provetes
12390- 3 * b) resistência especificada controlo da
de betão moldados
conformidade, ver 8.1
e 8.2.1
a)
Quando não é usado equipamento de registo e as tolerâncias da dosagem são excedidas para a amassadura ou carga, registar
a quantidade doseada no registo da produção.
b)
Pode também ser ensaiado em condições saturadas, desde que esteja estabelecida uma relação segura com a massa
volúmica seca.
As frequências pretendidas para os ensaios e inspeções efetuadas pelo produtor devem ser
encontrar-se escritos. Os resultados dos ensaios e das inspeções devem ser registados. Todos
os dados significativos do controlo da produção devem ser registrados (Quadro 28). Estes
registos devem ser conservados, mais ou menos durante 3 anos, a não ser que obrigações
legais exigem um período mais longo.
Raimundo Pereira 55
Controlo Da Qualidade De Betões
Descrição do betão
Registos das pesagens dos constituintes por amassadura
ou carga ( p.e., dosagem de cimento )
Composição do betão
Razão água/cimento
Teor de cloretos
Código do membro da família
Data e local da amostragem Localização na estrutura, se
conhecida Consistência (método usado e resultados )
Massa volúmica, se requerida
Temperatura do betão, se requerida
Ensaios do betão fresco
Teor de ar, se requerido
volume da amassadura ou da carga ensaiada
Números e códigos dos provetes a ensaiar
Razão água / Cimentos, se requerida
Data dos Ensaios
Códigos e idades dos provestes
Resultados dos ensaios da massa volúmica e da
Ensaios do Betão Endurecido
resistência
Notas especiais ( Por exemplo - Padrão de rotura
anormal do provete)
Conformidade / Não. Conformidade com as
Avaliação da conformidade
especificações
Nome do Cliente
Local da Obra, P.E. Local da Construção
Adicionalmente para o betão pronto Números e datas das guias de remessas relativas aos
ensaios
Guias de Remessa
Podem ser requeridos dados adicionais ou diferentes
Adicionalmente para o betão pré-fabricado
pela norma de produto relevante
No caso duma nova composição de betão, devem ser executados ensaios iniciais para verificar
se o betão tem as propriedades especificadas ou o desempenho pretendido com uma margem
adequada (Anexo A da NP EN 206-1:2007 [2]). Quando houver experiência de longa duração
com um betão ou uma família de betões semelhantes, os ensaios iniciais não são requeridos.
Todas as composições de betão devem ser revistas periodicamente para garantir que ainda
estão conformes com os requisitos, tendo em conta as alterações nas propriedades dos
materiais constituintes e os resultados dos ensaios de conformidade das composições de betão.
56 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
betão leve. Devem ser mantidos registos apropriados da formação e da experiência do pessoal
envolvido na produção e no controlo da produção. Em alguns países, há requisitos especiais
relativos ao nível de conhecimentos, de formação e de experiência para diferentes tarefas.
A amassadura do betão deve ser feita numa betoneira capaz de assegurar uma distribuição
uniforme dos materiais constituintes e uma consistência uniforme do betão dentro do tempo
de amassadura e para a capacidade de mistura. A mistura dos materiais constituintes deve
continuar até o betão ter uma aparência uniforme.
Raimundo Pereira 57
Controlo Da Qualidade De Betões
As betoneiras não devem ser carregadas para além da sua capacidade nominal de amassadura.
Os adjuvantes, quando utilizados, devem ser adicionados durante o processo de amassadura,
com exceção dos superplastificantes ou dos redutores de água, que podem ser adicionados
após esse processo. Neste último caso, o betão deve voltar a ser amassado até que o adjuvante
fique completamente disperso na amassadura ou na carga e se tenha tornado totalmente
eficaz. Numa autobetoneira, a duração da re-amassadura após o processo principal de
amassadura e após a adição do adjuvante não deverá ser inferior a 1 min/m 3, com o mínimo
de 5 min.
Para betão leve com agregados não saturados, o período desde a amassadura inicial até ao fim
da última amassadura (p.e. re-amassadura numa autobetoneira) deve ser prolongado até que a
absorção de água dos agregados e subsequente expulsão do ar dos agregados leves, não tenha
qualquer impacto negativo significativo nas propriedades do betão endurecido. A composição
do betão fresco não deve ser alterada depois de sair da betoneira.
Os tipos e a frequência das inspeções e dos ensaios dos materiais constituintes devem ser os
estabelecidos no Quadro 25. O controlo do equipamento deve assegurar que as instalações de
armazenamento, o equipamento de pesagem e de medição volumétrica, a betoneira e os
dispositivos de controlo (p.e., a medição do teor de água dos agregados) estão em boas
condições de funcionamento e satisfazem os requisitos da NP EN 206-1:2007 [2]. A
frequência das inspeções e dos ensaios do equipamento (enquanto em utilização) é dada no
Quadro 26.
58 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
Podem ser necessários requisitos adicionais para o controlo da produção de alguns betões.
Para a produção de betão de alta resistência, requerem-se conhecimentos e experiência
especiais. O Anexo H (informativo) da NP EN 206-1:2007 [2] dá alguma orientação relativa a
disposições adicionais para betão de alta resistência (Quadro 31 a Quadro 33).
Raimundo Pereira 59
Controlo Da Qualidade De Betões
- Limitações dos veículos de entrega, p.e., tipo (equipamento agitador/não agitador), tamanho,
altura ou peso bruto.
Verificar a
Pilhas de
1 Inspeção visual conformidade com os Diária
armazenamento,
requisitos
silos, etc.
Doseadores de
Quando a instalação;
adjuvantes
Semanalmente; após a
5 (incluindo os Determinação da exatidão Obter dosagens
instalação; Em caso de
montados em
dúvida.
camiões betoneira)
Quando da instalação;
Verificar a exatidão
Comparação do valor real Semanalmente, após a
6a Contador de água de acordo com a
com a leitura do aparelho instalação; Em caso de
seção 9.7
dúvida.
Equipamento de Quando da instalação;
medição contínua do Comparação do teor real Semanalmente, após a
7 Verificar a exatidão
teor de humidade com a leitura do aparelho instalação; Em caso de
dos agregados finos dúvida.
Comparação (por um método
adequado em função do Quando da primeira
Verificar a exatidão
sistema de dosagem) da instalação; Em caso de
do doseamento de
9 Sistema de dosagem massa real dos constituintes dúvida em instalações
acordo com o Quadro
com a massa pretendida e no posteriores; Mensalmente,
21
caso de dosagem automática após a instalação.
com a massa registada
A norma NP EN 206-1 de 2007 não requer que a informação seja dada num formato
específico, pois este dependerá da relação entre o produtor e o utilizador, p.e., no caso de
betão fabricado no local ou de produtos prefabricados de betão, o produtor e o utilizador do
betão podem ser a mesma entidade.
O utilizador pode requerer informação sobre a composição do betão, para permitir uma
colocação e cura apropriadas do betão fresco, assim como para estimar o desenvolvimento da
resistência. Tal informação deve ser dada pelo produtor, se solicitada antes da entrega. Para o
betão de comportamento especificado, deve ser dada, quando solicitada, a seguinte
informação:
60 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
- Desenvolvimento da resistência;
Registo a) da
quantidade de Verificar a dosagem de
10 Dosagem de adições Cada amassadura
adições adições
adicionadas
a)Para a produção de betao de alta resistencia, recomenda a utilização de equipamento de pesagem com registo
automatico.
No caso do betão pronto, a informação, quando solicitada, pode também ser facultada por
referência ao catálogo das composições do betão do produtor, no qual são dados pormenores
acerca das classes de resistência, classes de consistência, dosagens e outra informação
relevante.
Raimundo Pereira 61
Controlo Da Qualidade De Betões
O produtor deve informar o utilizador relativamente aos riscos de saúde que podem ocorrer
durante o manuseamento do betão fresco, de acordo com as disposições válidas no local de
utilização do betão fresco.
Quando o cimento é misturado com a água, libertam-se álcalis. Deste modo, as disposições
nacionais quanto à segurança no manuseamento do betão fresco, nomeadamente no que
respeita aos riscos de saúde, são as seguintes:
- Devem tomar-se precauções para evitar que o betão fresco entre em contacto com os olhos,
boca e nariz. Se o betão fresco entrar em contacto com um destes órgãos, eles devem ser
lavados imediatamente com água limpa e deve procurar-se imediatamente tratamento médico;
- Deve evitar-se o contacto da pele com o betão fresco, recorrendo a vestuário de proteção
adequado; se o betão fresco entrar em contacto com a pele, esta deve ser lavada
imediatamente com água limpa.
No momento da entrega, o produtor de betão pronto deve entregar ao utilizador uma guia de
remessa por cada carga de betão. A informação que deve constar nesta guia de remessa está
indicada na NP EN 206-1:2007 [2]. Esta informação também é importante para o betão
fabricado no local, nos casos de grandes estaleiros, quando existirem vários tipos de betão ou
quando a entidade responsável pela produção do betão for diferente da entidade responsável
pela sua colocação.
62 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
Se no local forem adicionados ao betão numa autobetoneira mais água ou adjuvantes do que é
permitido pela especificação, a amassadura ou carga deverá ser registada como “não-
conforme” na guia de remessa. A entidade que autorizou a adição é responsável pelas
consequências daí decorrentes e deverá ser identificada na guia de remessa.
Raimundo Pereira 63
Controlo Da Qualidade De Betões
As propriedades do betão utilizadas para o controlo da conformidade são as que são medidas
por meio de ensaios apropriados usando procedimentos normalizados. Os valores reais das
propriedades do betão na estrutura podem diferir dos determinados pelos ensaios,
dependendo, p. e., das dimensões da estrutura, da colocação, da cura e das condições
climatéricas.
O local de amostragem para os ensaios de conformidade deve ser escolhido de modo que as
propriedades relevantes e a composição do betão não variem significativamente entre o local
da amostragem e o local da entrega. No caso do betão leve produzido com agregados não
saturados, as amostras devem ser colhidas no local da entrega.
Para o betão normal e o betão pesado das classes de resistência C8/10 a C55/67 ou para o
betão leve das classes LC8/9 a LC55/60, a amostragem e os ensaios devem ser efetuados
sobre as composições individuais do betão ou sobre famílias de betões adequadamente
estabelecidas, como determinado pelo produtor, a menos que tenha sido acordado de outro
modo. Considera-se uma família de betões como sendo um grupo de composições de betão,
para as quais se encontra estabelecida e documentada uma correlação fiável entre as
propriedades relevantes. O conceito de família de betões não deve ser aplicado a betões de
classes de resistência superiores. Os betões leves não devem ser incluídos nas famílias de
betões normais. Os betões leves com agregados de semelhança comprovada podem ser
agrupados na sua própria família.
64 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
Os betões com adições do tipo II, ou seja, adições pozolânicas ou com propriedades
hidráulicas latentes, deverão ser colocados numa família à parte. Os betões com adjuvantes
que possam ter uma influência importante na resistência à compressão, p. e.,
superplastificantes, aceleradores, retardadores de presa ou introdutores de ar, deverão ser
tratados como betões individuais ou como famílias diferenciadas.
Os agregados deverão ter a mesma origem geológica, sejam do mesmo tipo, p.e., britados, e
tenham um desempenho semelhante no betão, para que a sua semelhança seja demonstrável.
Raimundo Pereira 65
Controlo Da Qualidade De Betões
Se tiver sido suspensa a produção de uma composição individual de betão, ou de uma família
de betões, durante um período superior a 12 meses, o produtor deve adotar os critérios e o
plano de amostragem e de ensaio estabelecidos para a produção inicial. O produtor pode
adotar, para a produção contínua, os critérios e o plano de amostragem e de ensaio
estabelecidos para a produção inicial.
As amostras devem ser colhidas após qualquer adição de água ou de adjuvantes ao betão sob a
responsabilidade do produtor, sendo permitida a amostragem antes da adição de plastificantes
66 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
ou de superplastificantes para ajuste da consistência desde que tenha sido provado, através de
ensaios iniciais, que o plastificante ou superplastificantes a adicionar, na quantidade a utilizar,
não tem qualquer efeito negativo na resistência do betão.
O resultado do ensaio deve ser obtido a partir de um provete individual ou da média dos
resultados de ensaio de dois ou mais provetes fabricados de uma amostra e ensaiados com a
mesma idade. Quando de uma amostra são fabricados dois ou mais provetes e o intervalo de
variação dos resultados individuais do ensaio é maior que 15 % da média, estes resultados
devem ser desprezados a menos que uma investigação revele que existe uma razão aceitável
que justifique a eliminação de um valor de ensaio individual.
A avaliação da conformidade deve basear-se nos resultados dos ensaios obtidos durante um
período de avaliação que não deve exceder os últimos doze meses. A conformidade da
resistência à compressão do betão é avaliada em provetes ensaiados aos 28 dias (pode ser
avaliada a uma idade diferente se especificado), para:
- Grupos de “n” resultados de ensaios consecutivos, com ou sem sobreposição, fcm (critério
1);
Quando a conformidade for avaliada tendo como base uma família de betões, o critério 1
aplica-se ao betão de referência, tendo em conta todos os resultados transpostos dos ensaios
da família; o critério 2 aplica-se aos resultados originais dos ensaios. Para confirmar que cada
membro individual pertence à família, deve verificar-se se a média de todos os resultados não
transpostos (fcm) de um membro da família satisfaz o critério 3, apresentado no Quadro 37.
Raimundo Pereira 67
Controlo Da Qualidade De Betões
Qualquer betão que falhe este critério deve ser retirado da família e a sua conformidade
avaliada individualmente.
Critério 3
Número "n” de resultados de ensaio da
resistência à compressão de um dado betão da
família Média dos "n" resultados (fcm) de um dado betão da família N/mm2
2 ≥fck - 1,0
3 ≥fck + 1,0
4 ≥fck + 2,0
5 ≥fck +2,5
6 ≥fck +3,0
Inicialmente, o desvio padrão deve ser calculado a partir de, pelo menos, 35 resultados
consecutivos obtidos num período superior a 3 meses e que anteceda o período de produção
em que se pretende verificar a conformidade. Este valor deve ser considerado como a
estimativa do desvio padrão (σ) da população. A validade do valor adotado tem que ser
verificada durante a produção subsequente.
São permitidos dois métodos para a verificação da estimativa do valor de σ, devendo ser
previamente escolhido o método a utilizar:
- Método 1
O valor inicial do desvio padrão pode ser aplicado no período subsequente durante o qual se
pretende verificar a conformidade, desde que o desvio padrão dos últimos 15 resultados (s15)
não divirja significativamente do desvio padrão adotado. Isto é considerado válido desde que:
Quando o valor de s15 estiver fora destes limites, deve determinar-se uma nova estimativa de
σ a partir dos últimos 35 resultados de ensaio disponíveis.
Método 2
O novo valor de σ pode ser estimado a partir de um sistema contínuo, adotando-se este valor.
A sensibilidade do sistema deve ser, pelo menos, igual à do método 1. A nova estimativa de σ
deve ser aplicada no período de avaliação seguinte.
68 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
Quando se pretender efetuar ensaios de identidade, deve ser definido o volume de betão em
causa, p.e.:
Deve ser definido o número de amostras a retirar do volume de betão em causa. O resultado
dos ensaios deve ser a média dos resultados de dois ou mais provetes duma amostra e
ensaiados à mesma idade. Se o intervalo de variação dos resultados individuais de ensaio for
superior a 15 % da sua média, os resultados não devem ser considerados, a menos que um
estudo revele uma razão aceitável que justifique a eliminação de um determinado resultado
individual de ensaio.
Para betão com certificação do controlo da produção, a identidade do betão é avaliada com
base em cada resultado individual de ensaio da resistência à compressão e na média de “n”
resultados discretos sem sobreposição, como se apresenta no Quadro 38.
Para betão sem certificação do controlo da produção, devem extrair-se pelo menos 3 amostras
do volume de betão em causa. Presume-se que o betão pertence a uma população conforme se
Raimundo Pereira 69
Controlo Da Qualidade De Betões
- Se existir a confirmação de uma não-conformidade com a especificação que não foi óbvia na
altura da entrega, notificar o especificador e o utilizador para evitar quaisquer danos
subsequentes;
70 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão
Raimundo Pereira 71
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
5 EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE BETÃO
5.1 Introdução
Raimundo Pereira 73
Controlo Da Qualidade De Betões
A pré-norma NP EN 13670:2011 [22] aplica-se tanto a estruturas provisórias como definitivas.
Não se enquadram no âmbito desta pré-norma pequenas obras simples em betão e estruturas
secundárias de importância menor, definidas como tais em disposições válidas no local da
construção.
5.2 Inspeção
A supervisão e a inspeção devem assegurar que as obras são executadas em conformidade com
a NP EN 13670:2011 [22] e com as disposições das especificações de projeto. A inspeção,
neste contexto, refere-se à verificação da conformidade dos produtos e dos materiais a usar,
bem como da execução dos trabalhos.
Os requisitos de inspeção devem ser estabelecidos usando uma das seguintes 3 classes:
Classe de inspeção 1;
Classe de inspeção 2;
Classe de inspeção 3.
A classe de inspeção pode dizer respeito à estrutura no seu todo, a componentes ou elementos
da estrutura ou a certos materiais/tecnologias usados na construção. As três classes de inspeção
permitem especificar a inspeção com base na importância do componente/estrutura e da
complexidade da sua execução tendo em vista a sua capacidade para desempenhar a função. A
classe de inspeção a utilizar deve ser fixada nas especificações de projeto.
O Quadro 39 fornece orientações para a escolha das classes de inspeção. As classes de inspeção
a empregar deverão estar de acordo com disposições válidas no local da construção.
A inspeção dos materiais e produtos a usar na construção são apresentados no Quadro 40.Se for
utilizado betão de composição prescrita, as propriedades relevantes devem ser avaliadas por
intermédio de ensaios. O Quadro 40 remete em parte para algumas secções da NP EN
13670:2011 [22]. O âmbito da inspeção a efetuar é apresentado no Quadro 41, exceto se
estabelecido de outro modo nas especificações de projeto. O Quadro 41 remete em parte para
algumas secções da NP EN 13670:2011 [17].
74 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
5.3 Betonagem
O betão deve ser inspecionado no local da sua colocação. Quando as especificações de projeto
requererem um programa de inspeção detalhado, este deverá identificar toda a inspeção,
monitorização e ensaios necessários para provar que a qualidade pretendida foi atingida.
Os requisitos;
As referências normativas e as especificações de projeto;
O método de inspeção, monitorização ou ensaio;
A definição da secção a inspecionar;
A frequência da inspeção, monitorização ou ensaio;
Os critérios de aceitação;
A documentação;
O inspetor responsável;
As intervenções dos representantes do dono da obra, se as houver.
Raimundo Pereira 75
Controlo Da Qualidade De Betões
O plano de inspeção pode ter a forma de um quadro resumo com referências aos procedimentos
e instruções de inspeção, fornecendo os detalhes acerca da inspeção, monitorização e ensaios.
76 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
Quadro 42 – Requisitos do planeamento, exame e documentação
Raimundo Pereira 77
Controlo Da Qualidade De Betões
78 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
Devem ser minimizadas durante a carga, transporte e descarga, do mesmo modo que durante o
transporte no estaleiro, quaisquer alterações prejudiciais do betão fresco, tais como segregação,
exsudação, perda de pasta ou quaisquer outras alterações. Quando requerido, devem ser
colhidas amostras para ensaios de identidade no local de colocação ou, no caso de betão pronto,
no local de entrega.
Deve ser estabelecido nas classes de inspeção 2 e 3 um plano de betonagem e inspeção para a
execução, incluindo todas as ações importantes para a execução referidas na NP EN
13670:2011 [22]. Quando requerido no projeto, antes do início da execução deve ser feito e
documentado um ensaio inicial. Todos os trabalhos preparatórios devem estar concluídos,
inspecionados e documentados conforme requerido pela classe de inspeção antes do início da
betonagem.
Se o betão for aplicado diretamente contra o terreno ou rocha, o betão deve ser protegido de
contaminação e da perda de água. O terreno, a rocha, as cofragens ou os elementos estruturais
em contacto com a secção a betonar devem estar a uma temperatura que não origine a
congelação do betão antes de ter resistência suficiente para suportar os efeitos da congelação.
Raimundo Pereira 79
Controlo Da Qualidade De Betões
O betão deve ser colocado e compactado de modo a assegurar que todas as armaduras e
elementos a integrar no betão ficam adequadamente embebidos de acordo com as tolerâncias
do recobrimento e que se obtém a resistência e durabilidade pretendidas. É necessário assegurar
80 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
uma compactação adequada nas mudanças de secção, em zonas apertadas, saliências, zonas de
elevada densidade de armadura e juntas de construção.
Cálculo do desenvolvimento e
Distribuição
da temperatura de acordo com as
especificações de projeto
Inspeção Inspeção de base Inspeção de base e aleatória: Inspeção de base e aleatória:
-Proteção contra a secagem prematura, -Proteção contra a secagem prematura,
maturidade maturidade
-Proteção contra a congelação -Proteção contra a congelação
-Tempo de descofrarem, maturidade -Tempo de descofrarem, maturidade
-Diferentes de temperatura -Diferentes de temperatura
Aspeto da superfície:
-Buracos
-Ninhos de brita
-Perda de leitada
-Bolhas
-Fissuras
-Abertura de fissuras
Ligações:
-Varões de espera
-Parafusos ou varões roscados
-Inserções
-Acessórios
Recobrimento:
-Verificação com medidor de recobrimento se requerido pelas
especificações de projeto
O ritmo de colocação e compactação deve ser suficientemente elevado para evitar juntas frias e
suficientemente baixo para evitar assentamentos excessivos ou sobrecarga nos cimbres e nas
cofragens. Pode formar-se uma junta fria durante a aplicação do betão se o betão da frente de
betonagem fizer presa antes da aplicação e compactação da camada seguinte. Podem ser
Raimundo Pereira 81
Controlo Da Qualidade De Betões
necessários requisitos adicionais quanto ao processo de colocação em zonas em que forem
estabelecidos requisitos especiais a respeito do acabamento da superfície.
A segregação deve ser minimizada tanto quanto possível durante a colocação e compactação. O
betão deve ser protegido contra a radiação solar, vento forte, congelação, água, chuva e neve
durante a colocação e compactação. O betão leve não deve ser bombado a não ser que,
comprovadamente, a bombagem não afete significativamente a resistência do betão endurecido.
No que diz respeito à colocação e compactação são apresentadas regras complementares às que
incluídas no corpo principal da pré-norma. A seguir mencionam-se algumas dessas regras:
A compactação deverá ser efetuada por vibração interna, a não ser que seja acordado de
outro modo;
O betão deverá ser colocado tanto quanto possível perto da sua posição final;
A vibração deve ser utilizada para compactar o betão e não como meio de
movimentação do betão a distâncias apreciáveis;
A vibração com agulha ou com vibradores acoplados aos moldes deverá ser aplicada
sistematicamente após a colocação e até que a expulsão do ar seja completa e tenha
praticamente cessado;
Deverá ser evitado um excesso de vibração que possa provocar o enfraquecimento das
camadas superficiais ou a segregação;
A espessura da camada de betão colocada deverá ser normalmente inferior ao
comprimento da agulha do vibrador;
A vibração deverá ser sistemática e incluir a revibração da faixa superior da camada
anterior;
Quando se utilizarem cofragens perdidas, deverá ser levada em conta a energia que elas
absorvem na escolha do método de compactação e na consistência do betão;
82 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
Em secções de grande altura, recomenda-se voltar a compactar a camada superficial
para compensar o assentamento plástico por baixo da armadura superior;
Não deverá ser adicionada água, cimento, endurecedores de superfície ou outros
materiais durante as operações de acabamento, a não ser que tal esteja especificado ou
acordado.
Se for utilizado betão de alta resistência, deverá ser prestada especial atenção à prevenção da
fissuração por retração plástica. Os métodos de cura devem permitir obter baixas taxas de
evaporação da superfície do betão ou manter esta permanentemente húmida. A cura natural é
suficiente quando as condições atmosféricas durante o período de cura requerido forem tais que
a taxa de evaporação da superfície do betão seja baixa, por exemplo, em clima húmido,
chuvoso ou enevoado.
A não ser que esteja especificado de outro modo em disposições válidas no local da construção,
devem aplicar-se as seguintes regras:
Raimundo Pereira 83
Controlo Da Qualidade De Betões
Médio: 0,5 <r ≤ 0,3
Lento: 0,3 <r ≤ 0,15.
Não se aplica portanto a Nota 2 do Quadro 49 que permite interpolação linear entre os valores
das linhas. Os períodos de cura indicados no Quadro 49 devem ser duplicados, pelo menos, no
caso de superfícies de betão sujeitas à abrasão.
3) Para temperaturas inferiores a 50C, a duração deve ser prolongada por um período igual ao tempo em que a
temperatura foi inferior a 50C.
Podem ser utilizados outros métodos de cura de igual eficácia. Não é permitida a utilização de
membranas de cura em juntas de construção, em superfícies a tratar ou superfícies em que seja
84 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
pretendida a aderência a outros materiais, exceto se estas forem totalmente removidas antes da
operação subsequente ou se provar que não têm efeitos prejudiciais nas operações
subsequentes.
Exceto se for permitido nas especificações de projeto, as membranas de cura não devem ser
utilizadas em superfícies especiais de acabamento.
Exceto se for especificado de outro modo nas disposições válidas no local da construção, a
temperatura máxima do betão num elemento não deve exceder 65 ºC, a não ser que exista
informação que prove que, com a combinação dos materiais que foi usada, temperaturas mais
elevadas não terão efeitos adversos significativos no comportamento em serviço do betão. Os
possíveis efeitos adversos de altas temperaturas no betão durante a cura incluem:
Os requisitos para cura acelerada por aplicação interior ou exterior de calor e para o
arrefecimento de secções com tubagens de arrefecimento embebidas não são apresentados na
NP EN 13670-1:2011 [22].
Após a descofragem, todas as superfícies devem ser inspecionadas de acordo com a classe de
inspeção, para avaliar a sua conformidade com os requisitos. A superfície deve ser protegida
contra todos os danos e deteriorações durante a construção. Qualquer requisito respeitante aos
Raimundo Pereira 85
Controlo Da Qualidade De Betões
ensaios “in situ” do betão endurecido, à sua frequência e aos critérios de conformidade deve
estar de acordo com as especificações de projeto.
A execução com betão especial, tal como betão de agregados leves, betão de resistência
elevada, betão de agregados pesados, betão submerso, etc., deve estar conforme com as
disposições válidas no local da construção, procedimentos acordados ou métodos conhecidos
ou comprovados.
O betão para cofragens deslizantes deve ter uma presa adequada. O deslizamento das cofragens
deve ser efetuado com equipamento adequado e de acordo com métodos que garantam a
obtenção do recobrimento das armaduras especificado, da qualidade do betão e do acabamento
da superfície. A utilização de cofragens deslizantes deverá ser controlada por um especialista.
Deverá ser prestada especial atenção para controlar a velocidade de deslize das cofragens tendo
em conta o tempo real de endurecimento do betão.
86 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental
6 ESTUDO EXPERIMENTAL
Com apoio na pesquisa bibliográfica que foi efetuada, desenvolveu-se uma metodologia de
trabalhos a realizar e a testar com diferentes composições de betão.
Para a realização dos ensaios na parte experimental foi adotado diferentes tipos de provetes
cúbicos, estes foram escolhidos de acordo com a normalização dos referidos ensaios a realizar,
os moldes utilizados foram em ferro fundido, devidamente retificados e calibrados.
Na realização dos ensaios de resistência de betão utilizou-se moldes cúbicos com as dimensões
150 x 150 x 150 mm de acordo com a norma NP EN 12390-3:2011 [29].
Neste subcapítulo são analisados todas as propriedades dos materiais que se utilizaram no
fabrico das composições dos betões como também todas as suas conformidades. É descrito os
ensaios para os referidos constituintes das composições com base nas respetivas normas.
Raimundo Pereira 87
Controlo Da Qualidade De Betões
6.1.1 Cimentos
No fabrico de betão, os cimentos mais utilizados correntemente são o cimento Portland (CEM
I) e o cimento Portland composto (CEM II). O cimento Portland CEM I 42,5R apresenta uma
excelente trabalhabilidade e um baixo calor de hidratação o que tornam especialmente adaptado
a todos os trabalhos de construção e um excelente ligante para o estudo em causa.
No estudo em questão foi selecionado o cimenta Portland CEM I 42,5R Figura 10 produzido
pela Secil Companhia Geral de Cal e Cimentos, S.A., este é distribuído em sacos estanques de
40 kg de modo a minimizar a deterioração no tempo, com a devida certificação segundo a NP
EN 197-1:2001 [5] e o certificado de conformidade 0856-CPD-0118 e 0856-CPD-0124, tendo
como constituintes na generalidade 95% a 100% de clínquer Portland e 0% a 5% outros
constituintes.
O cimento em causa tem um calor de hidratação baixo e uma melhor trabalhabilidade que um
cimento CEM I da mesma classe de resistência, este tem um desenvolvimento rápido de
resistências (resistência inicial elevada).
88 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental
O tipo de cimento tem resistências últimas dentro dos valores da classe indicada tal como no
Quadro 52 (resistências aos 28 dias), o seu desenvolvimento da resistência é sensível ao
processo de cura tal como os outros cimentos.
Além, dos valores da resistência de compressão para as idades referidas no Quadro 52,
realizou-se também para este tipo de cimento o comportamento das resistências ao longo do
tempo, demonstrado na Figura 11.
Raimundo Pereira 89
Controlo Da Qualidade De Betões
6.1.2 Agregados
Os agregados utilizados para o estudo no fabrico do betão, foram fornecidos por uma empresa
de exploração certificada, designada por Britaminho.
Os agregados são de origem granítica, uma brita e uma areia, todos extraídos na pedreira “Sorte
do Mato das Lagedas” localizada em Guimarães, distrito de Braga.
Como agregado fino foi utilizado um de natureza granítica, tal como agregado grosso, também
proveniente da mesma empresa, sendo designado por uma areia 0/4mm como se visualiza na
Figura 12 a), referido nas fichas técnicas como Pó, este foi o mesmo para todas as composições
estudadas.
Ambos agregados (fino e grosso) de natureza granítica são certificados pela própria empresa
(Britaminho), a empresa emite regularmente uma ficha técnica de certificação, em que engloba
todos os parâmetros físicos necessários ao dimensionamento das composições e por sua vez
utilizados no método ACI 211.1-91 (Reapproved 2002) [32].
90 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental
a) b)
Raimundo Pereira 91
Controlo Da Qualidade De Betões
100
90
80
% Passados acumulados
70 Brita 4/8
60 Areira 0/4
50
40
30
20
10
0
0,1 0,6 6,3 63,0
Abertura do peneiro [mm]
6.1.3 Água
No fabrico do betão do estudo em causa em laboratório, foi utilizado a água potável da rede de
abastecimento público da cidade de Guimarães, esta por sua vez satisfaz as condições
normativas especificadas no capítulo 2.3.
6.1.4 Adjuvantes
No estudo em causa foi utilizado um adjuvante superplastificante comercial (Basf – Glenium
Sky 617) tal como Figura 14 se indica, tendo como base de éter policarboxílico, indicado para a
produção de betão com elevada manutenção de trabalhabilidade e durabilidade tal como
indicado na sua ficha técnica.
Este produto utilizado teve como fim neste estudo reduzir o conteúdo de água
comparativamente aos superplastificantes tradicionais, permitindo manter um maior tempo de
trabalhabilidade; obter maiores resistências mecânicas às primeiras idades, relativamente aos
92 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental
Este adjuvante utilizado no estudo é um produto certificado pela marcação CE, no qual
poderemos verificar no Quadro 54 seguinte as suas caraterísticas técnicas.
Raimundo Pereira 93
Controlo Da Qualidade De Betões
pH 7,3 ± 1,5
6.1.5 Adições
A cinza volante como se observa na Figura 15 foi utilizada neste estudo como uma adição na
produção das misturas, estas cinzas tiveram proveniência na central termoelétrica em Abrantes,
Portugal. Este tipo de adição teve como objetivo reduzir a quantidade de cimento presente na
mistura, melhorando a mistura em diversos fatores devidos às suas propriedades, uma das
particularidades é a sua forma esférica como se verifica na Figura 16. A utilização deste
material teve como objetivo a redução do consumo de energia, diminuição de emissões de CO2
e redução da quantidade de cimento na mistura.
94 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental
6.2.1 Introdução
Neste subcapítulo é abordado o tipo de metodologia utilizada no fabrico dos betões, assim
como método optado, também nesta fase é explicado toda a campanha experimental que resulta
do estudo bibliográfico efetuado
Optou-se na investigação pelo método de composição de betões ACI 211.1-91 [32], este é
provavelmente o método mais notável a nível mundial, tendo como base determinados aspetos
positivos e boas características.
Raimundo Pereira 95
Controlo Da Qualidade De Betões
A disposição das diversas tabelas no método ACI, resultará as quantidades dos constituintes
dos betões para cada caso em estudo, com objetivo de obter uma determinada resistência. O
método é prática corrente em países onde os agregados são normalizados, tal como aqueles que
foram utilizados no estudo em causa. Desde 2004 a marcação CE nos agregados é de carácter
obrigatório em Portugal, surge assim a importância em aprofundar o estudo deste método de
composição e adaptá-lo à realidade de Portugal, como também em Timor Leste.
Nesta fase foi planeado o fabrico de dois tipos de betões no estudo, nomeadamente um betão
convencional, com e sem adições, o segundo tipo de betão designado por betão de elevado
desempenho (BED) este também com e sem adições e adjuvantes, tal como se indica na Figura
17, ambos os tipos foram formulados segundo o método ACI 211.1-91 [32].
O estudo ilustrado na figura 6.4 Figura 17 foi efetuado no laboratório materiais de construção
no qual foram produzidos todos os tipos de betões, tendo como objetivo a sua caracterização no
estado fresco e no estado endurecido, através dos ensaios correntes dos betões como também
efetuar a sua classificação.
96 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental
Quando possível a seleção das proporções do betão, deve ser baseada em dados de ensaios ou
experiências que foram efetuadas anteriormente, que envolvam os materiais que serão
efetivamente utilizados. Quando esses dados são limitados ou inexistentes, as estimativas dadas
posteriormente no decorrer do método devem ser utilizadas para uma primeira aproximação.
A informação que se segue dos materiais disponíveis pode ser vantajosa para a determinação da
primeira aproximação:
Raimundo Pereira 97
Controlo Da Qualidade De Betões
As quantidades de materiais para os provetes a ser ensaiados são adquiridas através de uma
sequência de cálculo referida anteriormente, esta é divida pelas seguintes fases:
Os agregados com dimensões máximas nominais bem graduados têm menos vazios do que os
tamanhos menores, isso tem influência nos betões compostos por agregados de maior dimensão
que requerem menos argamassa por unidade de volume de betão. Geralmente, a dimensão
máxima do agregado deve ser a mais económica e a mais consistente em função das dimensões
da estrutura.
Os diversos fatores tais como a dimensão máxima do agregado, forma das partículas,
graduação dos agregados, temperatura do betão, quantidade de ar e a utilização de adjuvantes
influencia a quantidade necessária de água por unidade de volume de betão a produzir, já em
relação á quantidade de cimento ou materiais comentícios em valores normais o abaixamento
não é afetado com tanta importância.
98 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental
Quadro 56, independentemente dessa razão os valores mencionados acima são o desejável para
uma primeira estimativa das proporções.
Caso o abaixamento do ensaio inicial da mistura não for o pretendido, deve-se consoante o
resultado aumentar-se ou diminuir a água aquela que foi estimada e adicionar mais ou menos 2
3
kg/m do betão para cada aumento ou decréscimo de 10 mm de abaixamento.
Percentagem aproximada de
ar preso em betão em sem 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0,3 0,2
introdutores de ar (%)
Raimundo Pereira 99
Controlo Da Qualidade De Betões
A resistência média à compressão deverá exceder o valor característico (fck), isto é, numa
margem suficiente de forma a manter o número de ensaios dentro dos limites expressos no ACI
214R-2:2002 [34] e no ACI, 318:2008 [35].
A resistência do betão é considerada suficiente desde que o valor médio de três ensaios
consecutivos de resistência à compressão seja superior ao fck. Nenhum valor individual deve
ser inferior ao fck em mais de 3,4 MPa para resistências inferiores a 35 MPa ou inferior em
10% para resistências superiores a 35 MPa.
A quantidade de cimento por unidade de volume de betão é fixada pela fase 3 e 4. O cimento
requerido é igual à água de amassadura estimada na fase 3 e dividida pela razão a/c definida na
fase 4.
Os agregados com a mesma granulometria e dimensão máxima vão produzir betões com uma
trabalhabilidade satisfatória, isto é quando um determinado valor do agregado grosso em
determinadas condições (completamente seco), é utilizado por unidade de volume de betão.
A massa de agregado grosso seco requerida para um metro cúbico de betão é igual ao valor
3
retirado do quadro 12 multiplicado pela baridade do agregado em kg/m .
Finalizada a fase 6 todos os constituintes do betão fora estimada à exceção do agregado fino. A
sua quantidade é determinada pela diferença. Existem dois procedimentos o “método do peso”
ou o “método do volume absoluto”
O seguinte Quadro 59 pode ser utilizado para uma primeira estimativa caso não haja
informação anterior.
Dimensão máxima 3 12
Primeira estimativa de massa unitária de betão, Kg/m
nominal do agregado,
mm Betão sem ar introduzido Betão com ar introduzido
9,5 2280 2200
12,5 2310 2230
19 2345 2275
25 2380 2290
37,5 2410 2350
50 2445 2345
75 2490 2405
150 2530 2435
12
Estes valores são calculados pela equação (4) para betões de riqueza em cimento média (330kg de cimento por
3 3
m ) e abaixamento médio para agregados com 2,7 kg/dm de massa específica.
É desejado que para diferenças de 20kg na quantidade de cimento tendo como referência 330kg, seja corrigido a
3
massa por m em 3kg na direção correta. O mesmo acontece com massa específica dos agregados, para
diferenças de 0,1 que se desviem de 2,7, a massa deve ser corrigida em 60kg na direção correta.
A quantidade de agregado efetivamente a ser pesada deve considerar o teor de humidade que
estes apresentam, normalmente estes contém uma determinada percentagem de humidade
natural. O peso deve ser aumentado na percentagem de água em relação á humidade que os
agregados contêm, tanto absorvida como presente na sua superfície.
1 − 𝐺𝑎
𝑈𝑀 = 100𝐺𝑎 (100 − 𝐴)𝐶𝑀 𝑥 − 𝑊𝑀 (𝐺𝑎 − 1) (6.1)
𝐺𝑐
A água de amassadura adicionada para o provete a ensaiar deve ser reduzida numa quantidade
igual à humidade livre presente nos agregados.
Caso os resultados obtidos nos ensaios realizados não sejam os atendidos, é necessários
verificar e recalcular as quantidades de modo a obter as características desejadas.
O módulo de finura foi calculado para o agregado 0/4, obtendo-se um valor de módulo de
finura de 3,29 como demonstrado na fórmula 6.2.
∑[(100 − 0) + (100 − 1) + (100 − 8) + (100 − 32) + (100 − 53) + (100 − 68) + (100 − 78) + (100 − 89) + (100 − 97)]
𝑀. 𝐹. =
100
= 3,29 (6.2)
6.3.2 Baridade
A determinação do parâmetro da baridade dos agregados foi efetuado segundo a norma ASTM
C29/C29M:2009 [38], esta norma descreve um método para a determinação da baridade dos
agregados em condições compactadas ou não compactadas.
Para a realização do ensaio deve ser conhecido o volume do recipiente a usar no ensaio, tal
como este verificar as dimensões mínimas adequadas ao agregado a ensaiar. Este deverá ter
uma forma cilíndrica em metal e inoxidável, quanto á relação entre a altura interior (hi) e o
diâmetro interior (di) devem estar compreendidos num intervalo de 0,5 a 0,8, tal como indicado
na Figura 18.
a) b)
Para efetuar este ensaio deve-se usar um varão de compactação de secção transversal circular e
desempenado, com diâmetro de D (16 ± 1) mm e comprimento de H (600 ± 5) mm e com as
extremidades arredondadas.
O recipiente deve conter uma superfície interna lisa e munida de alguma rigidez, isto para não
se deformar com os diversos materiais a ensaiar, mesmo em caso de choques na execução da
compactação dos agregados. A parte superior do recipiente deve ter o bordo liso, plano e
paralelo ao fundo do mesmo.
De acordo com a dimensão máxima do agregado deve-se também usar uma balança com
capacidade adequada, com erro máximo admissível de 0,1% da massa do provete elementar.
A preparação dos provetes a ensaiar devem ser secos a (110±5) ºC até massa constante e cada
provete elementar deve estar compreendida entre 125 a 200% da massa necessária para
preencher o recipiente.
No início do ensaio deverá ser verificado se o recipiente se encontra vazio, seco e limpo,
posteriormente á sua verificação pesar a sua massa (T) e determinar o seu volume (V).
A última camada deve ser alisada de forma a preencher os vazios na superfície, após esta
operação deve-se efetuar a pesagem do recipiente cheio e registar a massa com a precisão de
0,1% (G).
Após a execução dos procedimentos anteriores deverá efetuar-se o cálculo da baridade (M),
como demonstrado na fórmula 6.3e repetir o ensaio para três provetes elementares.
𝐺−𝑇 (6.3)
𝑀𝑖 =
𝑉
Mi – Baridade [kg/m3];
No estudo em causa foram ensaiados três provetes por dimensão máxima do agregado, de
acordo com os procedimentos na norma e de forma a adquirir maior exatidão no ensaio. Os
valores da baridade para a dimensão máxima do agregado foram calculados e apresentados no
quadro 17, expondo assim os diferentes valores de ensaio.
Para o agregado com a Dmáx. 8 mm, foi verificado uma baridade de 1365 kg/m3, sendo este um
valor corrente comparado com outros da mesma natureza.
A campanha experimental dos betões estudados foi dimensionada de acordo com as normas NP
EN 206-1:2007 [2] e LNEC E 464:2007 [25], resumidamente é apresentado no Quadro 63 os
principais dados do dimensionamento, que permitiram a realização do método ACI para as
quatro composições efetuadas.
B1 8
C25/30 0,54
B1_CV 8
75-100
B2_1,7%SP 8
C50/60 0,29
B2_40%CV_1,7%SP 8
14
Valor retirado do
O método ACI 211.1-91 [32] utilizado no estudo propõe uma razão A/C ótima para várias
classes de resistência à compressão, desta forma fixa-se a variável da razão A/C e altera-se a
dimensão máxima dos agregados, isto para o mesmo abaixamento pretende-se verificar
validade do método quando são mais usados os constituintes produzidos em Portugal,
sobretudo o cimento e os agregados.
250
Água Aprox. - 1ª Estimativa
200
100
Água Aprox,p/1ª estimativa
50
0
0 10 20 30 40
Dimensão máxima do agregado (mm)
Com recurso á ferramenta do Excel, foi retirada a linha de tendência polinomial da Figura 19,
na qual sobre esta se efetuou a estimativa da quantidade de água essencial para as seguintes
dimensões máximas do agregado.
Neste item o método já determina valores fixados para a razão A/C para diferentes resistências
média à compressão usando provetes cilíndricos.
Segundo as resistências médias dos provetes cilíndricos de 34MPa e 64MPa para um betão
C30/37 e um C60/75 respetivamente, o valor correspondente da razão A/C foi obtido por
interpolação Quadro 65.
Após fixada a quantidade de água a usar na primeira estimativa (Fase 3) e a razão A/C fixada
(Fase 4) realizou-se o dimensionamento da quantidade de cimento como se verifica no Quadro
66 e no qual a aplicar em cada amassadura.
Quantidades de Materiais
Classe
Misturas Resistência R=A/C % SP Dmáx. Cinza
Água (kg/m3) - Cimento (kg) -
(MPa) Volante
D B
(kg)
B1 - 8 231 428 -
C 25 / 30 0,54
B1_CV - 8 231 257 171
No Quadro 67 é facultado o valor apropriado para o volume de agregado grosso, no qual este
depende do módulo de finura, calculado em 6.3.1 e da dimensão máxima do agregado.
0,7
Volume de agregado grosso por unidade
de volume de betão para diferentes
0,6
modulos de finura (kg/m^3)
0,5
y = -0,0002x2 + 0,0192x + 0,2625
0,4 R² = 0,97
0,3
0,2
0,1
0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Na Figura 20 foi calculado uma linha de tendência polinomial na qual se efetuou o cálculo do
valor apropriado de volume de agregado grosso para as dimensões máximas de agregados
presentes no estudo.
Quadro 67 - Volume de agregado grosso por unidade de volume de betão (Adaptado ACI)
Dmáx. Nom.do agregado Volume de Agregado Grosso por unidade de volume de betão para diferentes módulos (kg/m3)
(mm) 3,00 3,30 3,80
4,0 0,260
8,0 0,377
9,5 0,440 0,400 0,360
12,5 0,530 0,490 0,450
19,0 0,600 0,560 0,520
25,0 0,650 0,610 0,570
37,5 0,690 0,650 0,610
50,0 0,720 0,680 0,640
A massa de agregado grosso seco requerida para um metro cúbico de betão (Quadro 68) é igual
ao valor retirado do Quadro 68 multiplicado pela baridade do agregado em kg/m3.
B1 + 40% CV
8 0,377 1366 514,31
BED - B2 + 1,7% SP
Até á fase anterior (Fase 6) todos os componentes do betão foram estimados à exceção do
agregado fino, este é determinado pela diferença entre o valor sugerido no Quadro 69 e o
somatório da quantidade dos materiais constituintes, obtendo assim a sua quantidade para o
fabrico do betão.
2460
y = -0,0732x2 + 8,1985x + 2214,6
Massa unitária do betão(kg/m3)
2440
R² = 0,9902
2420
2400
2380
2360
2340
2320 Betão sem ar introduzido
2300
2280
2260
0 10 20 30 40 50 60
Os valores indicados no ACI 211.1-91 [32] são calculados para betões com elevada
percentagem em cimento, que no geral é de 330kg de cimento por m3, abaixamento médio (75 a
100mm) para agregados com 2,7 kg/dm3 de massa específica.
É pretendido que para as diferenças de 20kg na quantidade de cimento, tendo como referência
os 330kg referido anteriormente, seja corrigido a massa por m3 em 3kg no sentido correto. Na
massa específica dos agregados, para as diferenças de 0,1 que o valor se desvie em 2,7, a massa
deve ser corrigida em 60 kg no sentido correto, foram considerados e registados ajustes no
Quadro 69 de forma a obter um cálculo da percentagem de agregado mais precisa.
Como se viu em 6.2.2, o ACI 211.1-91 [32] sugere dois métodos para a estimativa da
quantidade de agregado fino, no caso do estudo presente, a estimativa foi calculada pelo
método do peso.
A quantidade de agregado fino é calculada pela diferença sugerida na Equação 6.8, isto é,
subtraindo à primeira estimativa para a massa do betão fresco o somatório do peso de todos os
seus constituintes com a exceção da parcela correspondente ao agregado fino, ou seja, o
somatório da quantidade de cimento, quantidade de agregado grosso e quantidade de água
calculadas anteriormente.
𝐸 = 𝐴 − ∑(B + C + D) (6.8)
Onde:
Utilizando assim para primeira estimativa da massa do betão fresco os valores expressos no
Quadro 70, foi calculada a percentagem de agregado fino para cada uma das amassaduras
experimentais em função da dimensão máxima do agregado de cada uma das misturas.
Quando se efetua a pesagem do agregado definitivo a ser usado, deve-se considerar o teor de
humidade que estes contêm, estes normalmente estão húmidos e daí ser necessário contabilizar
o peso da humidade. Este peso deverá ser corrigido na percentagem de água, tanto absorvida
como presente na sua superfície.
No caso deste estudo os agregados foram previamente secos em estufa, daí o ajuste efetuar-se
na água de amassadura calculada para a realização das amassaduras (Quadro 71). A
percentagem de água que será absorvida pelos agregados aquando da amassadura contabilizada
com base no coeficiente de absorção fornecido nas fichas técnicas.
Após os cálculos anteriores de todas as fases, as composições estudadas devem ser testadas de
acordo com o documento ACI. Estas composições de betão devem ser confirmadas com
ensaios laboratoriais de forma a comprovar se os resultados obtidos são os supostos, no caso
contrário será fundamental um ajuste das composições e rever as suas quantidades.
Após o dimensionamento geral dos betões do estudo, foi efetuado algumas alterações a um dos
dois betões convencionais, no qual um deles se fez incorporação de cinzas volantes, as restantes
características foram todas fixadas.
No estudo dos betões convencionais foi introduzido as cinzas volantes, no qual foi substituído
pelo cimento em 40 % com objetivo de estudar e poder comparar resultados do betão
convencional de referência com o betão com cinzas volantes. Esta substituição vai permitir um
betão mais sustentável e com as mesmas propriedades de certificação.
A utilização das cinzas volantes minimiza o problema de impacto ambiental utilizando-as como
um subproduto industrial e otimizando para a diminuição do consumo de cimento, contribuindo
assim na redução de emissões de CO2 para a atmosfera.
Utilização deste subproduto (cinzas volantes) nos betões torna o produto final viavelmente
económico que os restantes no mercado e comas mesmas características.
A introdução das cinzas volantes no BED foi pelas mesmas razões referidas no subcapítulo
6.3.3.1.
O estudo das misturas de betão consiste na produção de provetes cúbicos com as dimensões de
150mm de aresta, de acordo com a norma NP EN 12390-3:2009 [41], na produção recorreu-se
a moldes em ferro fundido, que previamente são retificados e calibrados.
Na realização das amassaduras foi essencial produzir cerca de 0.035 m3 de betão que foram
justificados pela necessidade de enchimento de 9 moldes, 0.030 m3, além desta quantidade foi
necessário betão para realizar o ensaio de abaixamento, cerca de 0.0045 m3, finalizando uma
quantidade total igual a 0.0345 m3 que continuamente foi arredondada de forma a compensar
todas as perdas de betão, assim como garantir o enchimento homogéneo dos moldes.
De maneira a garantir que a quantidade de água que foi utilizada nas misturas de betões era
exatamente aquela que foi dimensionada anteriormente, foi impreterível aplicar agregados
devidamente secos. Foi necessário proceder ao ajustamento da água desses agregados secos de
maneira que estes não absorvessem parte da água necessária, e que garantisse uma correta
reação com os ligantes, tendo em consideração o coeficiente de absorção de água, indicado na
ficha técnica do material.
Em que:
B1 31.57
98,47
B1 + 40% CV 18,94 12,63
21,31 17,05
B2+1,7% SP 47,03
83,03
B2 + 40%CV + 1,7% SP 28,22 18,81
Na execução das misturas de betão optou-se por uma betoneira de eixo vertical, constituída por
três pás rasantes com diferentes dimensões tal como se verifica na Figura 22, a betoneira em
causa tem uma capacidade 90 lt por mistura de betão.
O processo de amassadura foi efetuado com o objetivo de assegurar uma distribuição uniforme
dos materiais constituintes e uma consistência uniforme do betão dentro do tempo de
amassadura e para a capacidade de mistura em causa.
As amassaduras foram realizadas com agregados secos, não foi necessário determinar o teor de
humidade.
A secagem dos agregados foi realizada num período mínimo de 24h, utilizou-se uma
temperatura constante de 105 °C, após este ciclo os agregados foram retirados e mantidos num
local com baixa humidade até estabilizarem á temperatura ambiental. Estes foram mantidos nas
condições descritas anteriormente com objetivo de se manterem secos e a uma temperatura
ambiente.
Este processo da secagem dos agregados foi efetuado com algum cuidado e tratado com
extrema importância, uma vez que se as amassaduras ocorressem com os agregados a
temperaturas muito elevadas estes absorviam uma maior quantidade de água.
Após todo este processo descrito no 6.3.5 procedeu-se á moldagem do betão nos respetivos
moldes metálicos como se visualiza na Figura 23 e aos ensaios do betão fresco.
a) b)
c) d)
Figura 23 – Diferentes tipos de moldes metálicos usados na moldagem para o fabrico dos
diversos provetes de betão
As dimensões desses moldes seguem toda uma referência normativa para cada tipo de ensaio
que se pretende efetuar.
Na realização do programa experimental, foi necessário para cada uma das amostras moldes
metálicos tal como referido anteriormente e visualizado na Figura 23. Para a moldagem do
betão foi necessário diferentes moldes: provetes cúbicos com 150 mm e 100 mm de aresta em
moldes fabricados em ferro fundido, provetes cilíndricos com 100 mm de diâmetro e 200 mm
de altura, provetes prismáticos (de base retangular) com 100 mm de largura e 850 mm de
comprimento, todos os moldes são estanques e não absorventes.
A execução e cura dos provetes foram realizadas de acordo com a norma NP EN 12390-2:2009
[42]. Para a realização dos provetes foi necessário: os moldes, um recipiente com produto
descofrante, um dispositivo de compactação do betão (mesa vibratória), uma colher com
aproximadamente 100 mm de largura, uma pá com secção quadrada.
Para evitar a aderência do betão ao molde, cobriu-se as faces interiores do molde com uma fina
camada de óleo descofrante.
Encheu-se cada molde em duas camadas e compactou-se através de vibração mecânica, para
esse fim foi utilizado uma mesa vibratória com uma determinada frequência. O betão foi
compactado logo após a colocação no molde de forma a obter uma total compactação, sem que
produzisse segregação ou exsudação. Após a compactação realizou-se cuidadosamente o
nivelamento da superfície. Depois marcaram-se os provetes sem os danificar.
Os restantes moldes foram removidos após a sua desmontagem, utilizando-se para o efeito
chaves de bocas adequadas. Após a remoção dos moldes, os provetes foram colocados em
água, à temperatura de 20 ± 2 °C nas instalações adequadas (tanque de cura) do laboratório.
Neste capítulo descreve todos os ensaios ao betão realizados no estado fresco, como também no
seu estado endurecido, resultando para ambos estados uma análise de resultados.
Resistência á compressão;
Resistência á flexão
Resistência á compressão diametral;
Absorção por capilaridade;
Absorção por imersão;
Resistividade elétrica;
Difusão de cloretos;
Ataque de sulfato de Sódio.
Com estes ensaios foi possível verificar a conformidade do betão produzido segundo o método
ACI.
Neste ensaio foi utilizada uma mesa de espalhamento numa superfície horizontal plana, não
sujeita a vibrações externas ou choques, esta composta com dobradiças articuladas no tabuleiro
da mesa no que permitem levantar esta até ao limite correto de trabalho e cair então para
paragem inferior. A mesa deve ficar de modo a que quando a parte superior cair sobre o batente
inferior, a tendência do topo para ressaltar seja mínima.
Encher o molde com betão em duas camadas iguais, usando a colher, compactando cada
camada com 10 pancadas, com a barra de compactação. Se for necessário adicionar mais betão
à segunda camada, para manter um excedente acima do topo do molde. Usando a barra de
compactação, rasar a parte superior do molde e limpar o tabuleiro da mesa do betão em
excesso.
Após 30 s de se ter compactado o betão, levantar o molde devagar na vertical com as duas
mãos, durante um período de 3 a 6 s. Estabilizar a mesa de espalhamento, colocando os pés na
prancha de pé, à frente da mesa, e levantar devagar o tabuleiro até este atingir o batente
superior para que o topo da mesa não tenha um forte impacto contra o batente superior.
Permitir a queda livre do tabuleiro sobre o batente inferior. Repetir este ciclo até atingir um
total de 15 quedas, demorando cada uma não menos que 2 s nem mais que 5 s. Medir com a
régua a dimensão máxima do espalhamento do betão segundo duas direções d1 e d2 (Figura
24), paralelos às arestas da mesa e registar as duas medições com aproximação aos 10 mm.
Padrão 395 F2
Padrão_40% CV 422 F3
BED _1,7% SP 385 F2
BED _40% CV_1,7% SP 387 F2
Como conclusão deste parâmetro verificou-se que o betão padrão com 40 % de cinzas volantes
destacou-se dos restantes betão do estudo quanto a sua classe de espalhamento, obtendo para
este uma classe F3 sendo este o mais fluido que os outros betões do estudo, os outros todos
obtiveram uma classe de espalhamento F2.
Abaixamento (mm)
Tipo de construção
Máximo Mínimo
Fundações e muros de suporte reforçados 75 25
Fundações planas, caixotes e paredes estruturam 75 25
Vigas paredes reforçadas 100 25
Pilares de edifícios 100 25
Pavimentos e lajes 75 25
Betão em massa 75 25
Para cada amassadura foi realizado o ensaio de abaixamento, para validar o método ACI
(Quadro 63) pois este método inicia-se prevendo um abaixamento, caso este valor não for o
esperado ter-se-á de realizar novo cálculo da composição.
Os valores obtidos foram os inicialmente previstos pelo método ACI, verificou-se que nas
composições padrão apresentavam um menor abaixamento. Esse fenómeno deve-se ao facto de
as amassaduras padrão serem um betão corrente sem superplastificante.
Padrão 80 S2
Padrão_40% CV 75 S2
Existem determinados fatores físicos que influenciam a massa volúmica e que se relacionam
diretamente, tal como a densidade dos agregados utilizados nas composições e das proporções
da mistura.
Recipiente;
Varão de compactação;
Balança;
Colher;
Maço.
Procedimento:
1. Calibrar e pesar o recipiente de modo a determinar o seu volume (V) e a massa (m1)
2. Encher o recipiente em 2 ou mais camadas, dependendo da consistência do betão, até
completa compactação.
3. No âmbito da dissertação, o recipiente encheu-se em duas camadas de volume
aproximadamente igual. Cada camada foi sujeita a uma distribuição uniforme de 25
pancadas efetuadas com o varão. Após a compactação de cada uma das camadas bate-se
levemente com o maço de borracha de forma a libertar as bolsas de ar contidas na
amostra.
4. Prodede-se ao nivelamente da superficie com auxilio da colher e seguidamente pesa-se
o recipiente (m2).
𝑚2 − 𝑚1 (7.1)
𝐷=
𝑉
Em que:
Após os ensaios de massa volúmica todos os valores das misturas foram compilados no Quadro
79 no qual se pode observar os valores reais das misturas de betão.
Os betões BED têm valores da massa volúmica elevados devido ao volume de vazios baixo em
relação aos betões correntes e por sua vez com uma maior quantidade cimento por m3.
2360
2340
2320 2303
2300
2300 2280
2280 2280 2280
2280
2260
2240
2220
Padrão Padrão_40% CV BED _1,7% SP BED _40%
CV_1,7% SP
Tipos de Composições de betões
Figura 26 – Variação dos valores da massa volúmica de betão para diferentes tipos de
misturas
F (7.2)
Fc =
Ac
Onde:
A resistência à compressão deve ser expressa com aproximação aos 0,5 MPa.
a) b) c)
Figura 27 – a) Execução do ensaio da resistência á compressa; b) fim de ensaio; c) tipo de
rotura
Na realização deste ensaio a primeira ação executada foi a pesagem de cada um dos provetes a
ensaiar, como também registo das dimensões do provete a ser ensaiado e o valor da velocidade
de ensaio, registando no fim de ensaio a carga de rotura de cada um dos provetes e avaliação do
tipo de rotura tal como é mostrado na Figura 27.
Os resultados dos ensaios estão agrupados no Quadro 80 e o modo de rotura do provete pode
ser visualizado na Figura 27, as roturas foram consideradas satisfatórias (normal) para os
ensaios realizados.
Com os resultados todos compilados foram possível visualiza-los com o objetivo de uma
análise mais simples e critica como verifica na Figura 27.
90 Padrão 84,27
Padrão_40% CV
Tensão de Compressão (MPa)
80
BED _1,7% SP 70,64
70 BED _40% CV_1,7% SP
62,22
60 54,52
50,33
50
41,33 39,16 41,50
40
29,25
30 26,62
21,20
20 13,37
10
0
3… 14 28
Idade do Betão (d)
7.2.1.1 Critérios
- Grupos de “n” resultados de ensaios consecutivos, com ou sem sobreposição, fcm (critério 1);
Nos Quadro 80 Quadro 84 são apresentados classes de resistência dos betões estudados. Os
betões com CV apresentam classes de resistência à compressão inferiores ao especificado
C25/30 e C50/60.
C8/10 8 10
C12/15 12 15
Padrão_40% CV C16/20 16 20
C20/25 20 25
C25/30 25 30
Padrão C30/37 30 37
C35/45 35 45
C40/50 40 50
BED_40% CV_1,7% SP C45/55 45 55
C50/60 50 60
C55/67 55 67
BED_1,7% SP C60/75 60 75
C70/85 70 85
C80/95 80 95
C90/105 90 105
C100/115 100 115
50
45
40
Tensão de rotura (MPa)
35
30
25
20
15
0,35 0,45 0,55 0,65 0,75
Razão - A/C
Na análise direta do gráfico da Figura 28 pode observar-se que os menores valores de a/c se
verificam para o betão BED_1.7%SP e o BED_40%Cv_1.7%SP, o que justifica o valor elevado
de resistência à compressão obtido quando comparado com as restantes composições estudadas
uma vez que quanto menor for a razão a/c maior é a resistência à compressão do betão.
0,5
0,4
0,29 0,29
0,3
0,2
0,1
0
Padrão Padrão_40%CV BED_1,7%SP BED_1,7%SP_40%CV
Figura 31 – Comparação dos valores de razão A/C previstos pelo American Concrete
Institute (ACI) e obtidos no estudo em laboratorial
Apesar de ter sido necessário adicionar água à mistura como se verifica na Figura 31 foram
obtidos valores de resistência à compressão acima do previsto exceto para os betões com cinzas
Comparando os resultados obtidos com o valor mínimo a ser cumprido para pertencer à
respetiva classe de resistência à compressão (Quadro 85), podemos assumir que o método
aplicado conduz a valores de resistência à compressão conservativos para os betões sem cinzas
volantes.
Tal como se pode ver nos Quadro 86 a obtenção da classe C30/37 para o betão 1 fez com que se
atingisse o valor máximo para as classes de exposição definidas na especificação LNEC E 464
[20].
Os requisitos para o betão resistir às ações ambientais são dados em termos de valor limite para
a composição e propriedades estabelecidas para o betão.
Deve limitar-se ao mínimo a quantidade de água na produção do betão, pois a água em excesso
evapora-se criando no betão uma rede de poros capilares que afetam a sua resistência e
durabilidade. É de referir no entanto que com o desenvolvimento dos adjuvantes plastificantes
com elevado desempenho é atualmente possível utilizar quantidades muito pequenas de água
no fabrico do betão sem afetar a trabalhabilidade [47].
Classe de
XC1 XC2 XC3 XC4 XC1 XC2 XC3 XC4
exposição
Mínimo
recobrimento 25 35 35 40 25 35 35 40
nominal (mm) *
Máxima razão
0,65 0,60 0,65 0,55
água/cimento
Mínima
dosagem de
240 280 260 300
cimento, C
3
(kg/m )
Mínima classe
C25/30 LC25/28 C30/37 LC30/33 C25/30 LC25/28 C30/37 LC30/33
de resistência
(1) Não aplicável aos cimentos II/A-T e II/A-w e aos cimentos II/B-w, respetivamente.
(2) Não aplicável aos cimentos com percentagem inferior a 50% de clínquer Portland, em massa
Dosagem de
Classe de Classe de
Composição Razão a/c cimento
resistência exposição
(kg/m3)
Padrão 0,54 428 C30/37 XC1,2,3,4
Padrão_40% CV 0,54 428 C16/20 -
BED_1,7% SP C60/75 XC1,2,3,4
0.29 637
BED_40% CV_1,7% SP C45/55 XC1,2,3,4
0,29 637
Face às exigências preconizadas na legislação em vigor, percebe-se que estes betões podem ser
aplicados em locais expostos a condições ambientais diferentes (químicas e biológicas) sem
que o procedimento e durabilidade do betão sejam postos em causa Quadro 88.
O facto de ter sido necessário acrescentar água à mistura para obter o abaixamento desejado
implica um ajuste nas quantidades finais dos constituintes de forma a obter valores por metro
cúbico de betão - Composição final para 1m3 de betão causa Quadro 88.
O ensaio de capilaridade do betão foi efetuado no sentido de avaliar como uma composição de
betão condiciona a ascensão capilar de água através dos seus poros, sendo um requisito técnico
atual para a sua utilização.
Na realização deste ensaio seguiu-se a especificação do LNEC E 393 [48]. Para o ensaio da
capilaridade foi utilizado diversos equipamentos tais como:
Para realização do ensaio foi necessário três provetes cúbicos 100x100x100 (mm) por cada
uma das quatro misturas de betão do estudo. Estes foram recolhidos de cada mistura, após os 28
dias de cura foram submetidos a ensaio.
O ensaio de absorção de água por capilaridade foi efetuado por diversas etapas:
Mi − M0 (7.3)
Aci =
AP
Mi - massa do provete após i horas em contato com a lâmina de água (g); M0 - massa inicial do
provete de ensaio seco em estufa (g);
2,50E+00
y = 0,9172x - 0,1553
Absorçãp de água por capilaridade 2,00E+00 R² = 0,9981
1,50E+00
Padrão
(g/mm2)
y = 0,0892x + 0,1439
1,00E+00
R² = 0,9771 Padrão_40%CV
5,00E-01
0,00E+00
2 2 3 3
Tempo (√min.)
1,40E+00
Absorçãp de água por capilaridade
y = 0,5429x - 0,1372
1,20E+00 R² = 0,9902
1,00E+00
BED_1,7%SP
(g/mm2)
8,00E-01
BED_1,7%SP_40%CV
y = 0,1139x + 0,0904
6,00E-01 R² = 0,9808
4,00E-01
2,00E-01
1,50 1,70 1,90 2,10 2,30 2,50 2,70
Tempo (√min.)
Padrão 9,17E-01
Padrão_40%CV 8,92E-02
BED_1,7%SP 5,43E-01
BED_1,7%SP_40%CV 1,14E-01
1,0E+00 9,17E-01
9,0E-01
Coeficiente de Capilaridade
8,0E-01
[ kg /(m².h0,5)]
7,0E-01
6,0E-01 5,43E-01
5,0E-01
4,0E-01
3,0E-01
2,0E-01 1,14E-01
8,92E-02
1,0E-01
0,0E+00
Padrão Padrão_40%CV BED_1,7%SP BED_1,7%SP_40%CV
Observando o gráfico anterior é possível verificar, os betões que tiveram menor absorção de
água por capilaridade foram os betões com adição de cinzas volantes relativamente às
composições estudadas, este fator é justificado no subcapítulo seguinte.
Uma outra forma de absorção de água no betão deriva da sua imersão, esta tem influencia
diretamente na sua durabilidade. O ensaio em causa permite a quantificação do volume de
vazios acessíveis na massa de betão quando submetido a este ensaio.
Tal como no ensaio anterior da capilaridade a determinação das amostras seguiu a mesma base
que o anterior, a geometria dos provetes escolhidos para analisar a absorção de água por
imersão no betão produzido foi o cubo com a dimensão de 100x100x100 mm.
O procedimento de ensaio foi segundo a norma LNEC E-394 [49] seguindo todas as fases do
ensaio cuidadosamente.
Colocou-se os provetes no recipiente com água tal que estes ficassem imersos em 1/3 da sua
altura, durante o período de uma hora;
Repetiu-se o processo, adicionando água ao recipiente até perfazer 2/3 e a totalidade da altura
dos provetes, ambos em períodos de uma hora.
a) b)
Figura 35 – a) Pesagem dos provetes imersos em água; b) Pesagem dos provetes saturados
com superfície seca na balança hidrostática
Após todas as tarefas efetuadas procedeu ao tratamento dos valores como é indicado no Quadro
90, foi possível analisar os resultados obtidos da absorção de água por imersão dos provetes do
betão determinados a partir da equação calculada em função da massa seca do provete (M1),
massa hidrostática do provete depois de saturado em água à pressão atmosférica (M2) e massa
do provete saturado em água à pressão atmosférica (mm).
M1 − M3 (7.4)
Ai (%) = ∗ 100
M1 − M2
As variáveis representam:
Por fim, a absorção de água por imersão obteve-se por percentagem de massa, tal como
indicado no Quadro 90.
1,8E+01
16,61
1,6E+01
1,4E+01
Absorção de água por imersão(%)
1,2E+01
1,0E+01 9,37
8,0E+00
6,0E+00
4,0E+00 3,09
2,0E+00 1,40
0,0E+00
Padrão Padrão_40%CV BED_1,7%SP BED_1,7%SP_40%CV
Figura 36 – Valores da absorção por imersão das diversas composições de betão do estudo
Através da Figura 36 pode-se analisar de uma forma compreensível a absorção de água por
imersão dos diferentes provetes dos betões.
Nos betões analisados verifica-se que o betão padrão obteve uma absorção de água por imersão
superior aos restantes. Os betões com cinzas volantes foram aqueles que apresentaram os
valores mais baixos de absorção.
Verifica que os betões de referência, tanto o betão padrão como o betão de elevado
desempenho possuem valores superiores de absorção quando comparados com os betões que
contém cinzas volantes, este aspeto poderá ser contabilizado devido adição da cinza volante nos
betões.
A substituição de 40% de cimento pela cinza volante incitou a uma diminuição da absorção das
composições Padrão_40% CV e da BED_1.7%SP_40%CV.
A redução do valor da absorção nas composições com cinzas volantes poderá estar associada à
densificação da matriz ligante e consequente redução de vazios resultantes da interação de
vários efeitos [50]:
A caracterização da resistência ao ataque dos sulfatos foi levada a cabo através da adaptação da
norma NP EN 1378 [51] aplicável para agregados.
Existe um grupo de fatores que influenciam o ataque dos sulfatos às estruturas de betão, estes
agentes depende em:
O desenvolvimento do ataque dos sulfatos está descrito na Figura 37 tal como aconteceu no
estudo em causa.
No caso das diferentes misturas de betão foram utilizados provetes com dimensões de
100x100x100 mm no qual foram submetidos à imersão numa solução saturada de sulfato de
sódio anidro (Na2SO4).
Figura 37 – Processamento do ataque dos sulfatos numa estrutura (Skalny et al, 1996)
A solução de sulfato sódio anidro tem as características químicas e físicas que estão descritas
no Quadro 91.
Os provetes utilizados no ensaio de ataque aos sulfatos foram sujeitos a 8 ciclos com um total
de 72 dias.
Antes de iniciar o ensaio os provetes foram colocados numa estufa ventilada à temperatura de
105±5oC durante o tempo necessário para remover qualquer humidade residual que existisse.
Todos os provetes foram devidamente escovados, lixados e limpos.
Para realizar o ensaio foi necessário efetuar a preparação da solução de (Na2 SO4), no qual foi
necessário proceder a diversas operações, tais como:
Com a água previamente aquecida e fixada num intervalo de temperatura de 250 a 300C foi-
se adicionando e agitando o sulfato de sódio vigorosamente até esta ficar saturada, de acordo
com os dados do fabricante: 40.8g/100g de água a 300C;
Após 48 horas de agitação, com a solução à temperatura ambiente, mediu-se a densidade
pesando uma proveta de 1000 ml, com o objetivo de conseguir uma densidade média, dentro
dos valores normativos 1.151 – 1.174 g/l, o valor obtido na solução para o ensaio foi de
1.162 g/l verificando intervalo da norma. O pH da mistura foi determinado pH médio de 8.7;
O volume de solução utilizado foi 2.5 vezes superior ao volume dos provetes imersos e
quando imersos cobertos pela solução de pelo menos 1,5 cm. O recipiente esteve sempre
tapado para evitar a evaporação da solução e a entrada de impurezas.
A temperatura do ensaio foi conservada a cerca de 300C, para evitar a cristalização do sulfato
de sódio que ocorre à temperatura ambiente.
O ensaio ocorreu em duas fases dado o elevado número de provetes por mistura, em cada fase
foi utilizada uma nova solução de sulfato e verificada a sua densidade.
Apos a preparação da solução para o ensaio procedeu-se ao início do mesmo. Foram colocados
os provetes dentro de um recipiente com a solução preparada, esta ficou condicionada 24 horas
de maneira a não haver qualquer troca de matérias (poeiras, outras) a norma prevê 16 a 18
horas, mas com objetivo de acelerar a degradação optou-se por deixar as 24 horas tendo em
conta que se trata de um betão corrente e outro de elevado desempenho.
Após todas as operações anteriores efetuadas compilou-se todos os resultados de forma a reunir
os dados das diferentes misturas de betão no Quadro 92.
6% 5,46%
5%
V ariação da massa(%)
4% 3,70%
3%
2,14%
1,81%
2%
1%
0%
Padrão Padrão_40%CV BED_1,7%SP BED_1,7%SP_40%CV
Figura 38 – Variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de resistência aos
sulfatos
Na Figura 38 verifica-se que os diferentes betões do estudo têm comportamentos diferentes, tal
como era de esperar, uma vez que os betões padrão são considerados betões correntes e os
restantes são betões de elevado desempenho.
7%
6% Padrão
Padrão_40%CV
V ariação da massa(%)
5%
BED_1,7%SP
4%
BED_1,7%SP_40%CV
3%
2%
1%
0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8
-1%
Número de ciclos (nº)
-2%
Figura 39 – Variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de resistência aos
sulfatos ao longo do número de ciclos
8%
Linear (Padrão)
7%
Linear (Padrão_40%CV)
6% Linear (BED_1,7%SP)
V ariação da massa(%)
5% Linear (BED_1,7%SP_40%CV)
4%
3%
2%
1%
0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8
-1%
Número de ciclos (nº)
-2%
Figura 40 – Tendência da variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de
resistência aos sulfatos ao longo do número de ciclos
Os betões sem cinzas volantes tiveram valores mais elevados que os betões com cinzas volantes
como se observa na Figura 39. Comparando os valores no betão corrente o betão com cinza
volante apresenta um valor inferior de ataque aos sulfatos que o betão padrão, da mesma forma
o BED e BED com cinza volante seguiu a mesma tendência que os betões correntes como se
verifica na Figura 40. Estes resultados devem-se à menor porosidade dos betões com Cinzas
Volantes.
Numa estrutura de betão a penetração de cloretos ocorre por difusão através da rede de poros
existente no seu interior, o processo é fortemente condicionado pelo teor de água no betão.
Observando a penetração dos cloretos sob potenciais químicos e elétricos como unidirecional e
assumido que o fluxo o iões que transita o material é o resultado da soma dos dois processos, é
possível recorrer a uma Lei de Fick transformada para caracterizar o fenómeno através da
equação simplificada (7.5).
Em que:
De acordo com a norma do ensaio o esquema observado na Figura 41 foi adotado e elaborado
um esquema parecido no Laboratório de Materiais de Construção no Departamento de
Engenharia Civil, na Universidade do Minho, tal como se pode verificar na Figura 42
I0 <5 168
5 ≤ I0 <10 96
10 ≤ I0 <30 48
30 ≤ I0 <60 24
60 ≤ I0 <120 8
120 ≤ I0 <240 4
I0> 240 2
a) b)
Após todo procedimento concluído procedeu-se às leituras dos perfis dos provetes
correspondente á penetração dos cloretos, tal como se indica na Figura 44. A profundidade de
penetração dos cloretos determina-se pulverizando a espessura dos provetes com uma solução
de nitrato de prata (AgNO3).
a) b)
Dnsm (10-12 m2 / s)
25,0
20,0 17,46
13,05
15,0
10,0
5,0
0,0
Verificou-se tal como nos casos dos ensaios da absorção de água por imersão ou capilaridade, a
migração dos iões de cloreto foi condicionada pela porosidade das respetivas matrizes das
composições de betão.
Nas composições estudadas parece que a presença de Cinzas Volantes é suficiente para o
preenchimento dos poros tal já não se verifica nas dosagens sem Cinzas Volantes.
Tal como outros autores referidos a introdução de CV nas misturas beneficiou claramente a
resistência à migração de cloretos, devido à diminuição da quantidade de hidróxido de cálcio
que provocaram, resultante das reações pozolânicas das CV [50]. Este fator poder ser
considerado preponderante, o aumento continuado da quantidade de CV deveria levar a uma
progressiva diminuição do Dnsm.
Assim, os resultados obtidos a principal diferença a registar está associada à introdução ou não
de CV nas composições.
Coeficiente de difusão em estado não estacionário, Dns Classe de resistência à penetração de cloretos
Assim para os betões sem cinzas volantes a classe de resistência à penetração de cloretos
resultante é reduzida, já nos betões com CV foi possível obter uma classe de resistência
moderada.
A ilha de Timor situa‐se no Arquipélago de Sonda, sendo esta a maior das Pequenas Ilhas de
Sonda. Timor é constituído pela parte oriental da ilha, o ilhéu de Jaco, a ilha de Ataúro e o
enclave de Oécussi, na costa norte do Timor ocidental. A parte oriental da ilha é percorrida
horizontalmente pela cordilheira de Ramelau. A leste da ilha destaca‐se o monte Matebian.
No contexto geológico, Timor Leste expõe uma grande diversidade litológica. Esta está
associada a francas potencialidades em rochas ornamentais e rochas e minerais industriais, fator
que vem de encontro às necessidades básicas imediatas para a reconstrução do território no qual
se destacam as potencialidades em matéria-prima para a construção civil e obras públicas.
Neste cenário é importante a abundância em calcários para fins ornamentais e para a indústria
do cimento e/ou da cal e as potencialidades em argilas para a cerâmica estrutural, em relação á
parte de agregados destaca-se as rochas ígneas intrusivas e as areias e cascalheiras fluviais o
qual constituirão a principal fonte de agregados para usar na construção civil, nomeadamente
no fabrico do betão.
a) b)
O povo timorense utilizava a construção tradicional sem betão, utilizando o bambu como
material de referência de construção, como se observa na Figura 48. O uso do betão para a
construção de qualquer infra estruturas da parte dos timorenses foi após a sua independência
como se visualiza na Figura 49.
A construção comparada antes da sua autonomia mudou bastante como se verifica na Figura
49.
Os betões foram fabricados com agregados de Timor Leste e com cimento indonésio Tonasa.
Também se usaram adjuvantes da Sika. Nas Figura 50 e 51 podemos ver como exemplo a
aplicação de um betão da classe C 25/30 em fundações, pilares e vigas na ponte Comoro.
Figura 50 – Fundações da Ponte Comoro II com uma classe de betão na ordem do C25/30
[55]
Figura 51 – Exemplo do uso duma classe de betão C 50/60 nos pilares da Ponte Comoro II
[55]
O betão destes elementos que se observam nas Figura 50 e Figura 51 pode-se constatar que
existe uma elaboração detalhada da parte da equipa técnica sobre as características do betão da
Ponte Comoro II usado ao longo da sua construção como se observa na Figura 52.
Figura 52 – Fundações da Ponte Comoro II com uma classe de betão na ordem do C25/30 [55]
Atualmente a construção da nova fábrica de cimento que iniciar-se-á em Janeiro de 2015, visto
que os depósitos de calcários existentes na região de Baucau deverão garantir o abastecimento
de matéria-prima durante 100 anos e possibilitando produzir novos cimentos. Este facto terá um
impacto enorme na indústria da construção civil com utilização da tecnologia do betão, fazendo
chegar este produto a pequenos empresários de construção assim como também possibilitando
a concretização de grandes projetos a Timor Leste.
Alguns projetos já estão em fase final tal como a ponte Comoro (Figura 53) e outros a iniciar.
9 CONCLUSÕES
O objetivo do estudo passou pela construção de tabelas, à semelhança do que se efetua método
ACI 211.1-91 de forma a facilitar/agilizar o processo de composição de betões através de uma
metodologia de fácil compreensão para que possa ser utilizado por profissionais experientes
assim como por pequenos empreiteiros ou outros profissionais com pouca experiência na área.
O estudo concebido para definir a formulação dos betões no enquadramento referido, permitiu
a obtenção de betões com a resistência à compressão pretendida, capazes de ser formulados
com recurso a tabelas e que cumprem as exigências relacionadas com as classes de exposição
ambiental referidas na especificação LNEC E 464, podendo assim ser aplicados em diversas
obras de construção civil garantindo um tempo de vida útil de projeto em diversas condições de
exposição ambiental.
Este método é um dos poucos que permite enfatizar a arrumação do agregado por frações, é
uma pena que esta abordagem (medida da densidade do agregado grosso por frações) não seja
estendida ao agregado fino.
O aspeto frágil deste sistema são os valores de água requeridos para a amassadura. Os
agregados não são considerados para a previsão da resistência à compressão, a mesma depende
exclusivamente da razão a/c.
Este trabalho é portanto um fundamental passo para a aprovação do método proposto pelo ACI
uma vez que permitiu obter composições que encontram-se do lado da segurança, atingindo
assim os objetivos a que nos propusemos.
É notável nos betões estudados que a introdução da cinza volante aumenta a durabilidade dos
betões, a tendência dos resultados é verificada ao longo dos ensaios realizados para avaliação
da durabilidade dos betões.
Verifica-se que os betões sem CV têm índices de durabilidades inferiores aos que contém este
material.
Após o estudo concluído em Portugal é importante averiguar a sua utilização em Timor Leste,
este deverá ter uma vertente prática em estruturas de construção (Pontes, Edifícios, Barragens,
outros). Todo conteúdo de informação da dissertação deve ser aplicado num estudo real sobre o
controlo de qualidade do betão, assim como a sua conformidade, aplicado a estudo pratico e
real em causa.
Este estudo poderá ser reproduzido e complementado com novos materiais presentes em Timor
Leste, adaptando o aos recursos de materiais existentes no país.
A substituição parcial ou total ou adição dos novos materiais ao estudo poderá ser uma
alternativa ao estudo em causa, assim como a introdução do metacaulino ou outros, pelo
mesmo método de dimensionamento de betão, o ACI. No estudo novo poderá utilizar-se novos
aditivos e averiguar qual a sua influência no desempenho á durabilidade dos betões.
O estudo poderá ser complementado com ensaios relacionados com a durabilidade de betões,
nomeadamente os ensaios de carbonatação, resistividade elétrica e ultrassons, estes poderão ser
realizados para os betões estudados assim como os propostos com os novos materiais.
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