MCRS - Raimundo Pereira

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 193

Universidade do Minho

Escola de Engenharia

Raimundo Pereira

CONTROLO DA QUALIDADE DE BETÕES

Raimundo Pereira CONTROLO DA QUALIDADE DE BETÕES


UMinho | 2014

dezembro de 2014
Universidade do Minho
Escola de Engenharia

Raimundo Pereira

CONTROLO DA QUALIDADE DE BETÕES

Dissertação de Mestrado
Construção e Reabilitação Sustentáveis

Trabalho efetuado sob a orientação do


Professor Doutor José Luís Barroso de Aguiar

dezembro de 2014
Dedicatória

DEDICATÓRIA
Algum carinho, atenção e delicadeza fazem-nos compreender o quanto algumas pessoas são
peculiares e como são bem-vindas as suas ações.

Este meu trabalho dedico a todos os meus filhos especial e a meus familiares que muito em
mim aguardam esperança, é Luís Pereira Monteiro, Marta Pereira Monteiro, Lelyana
Monteiro, a minha esposa, o meu pai, a minha mãe as minhas irmãs Josefina Monteiro,
Roberto Rabby Robby Monteiro, Manuel Monteiro (Falecido), Anita Monteiro, Juanita
Monteiro Couili (Falecida), José Monteiro, Clarina Monteiro, Tomas Monteiro, Dulce
Monteiro e o seu marido Jejuino Neto, Ermelinda da Costa e o seu marido Manuel, a minha
esposa Marciana Pereira e os meus filhos Luís Pereira Monteiro, Marta Pereira Monteiro e
Lelyana Pereira Monteiro, os meus sobrinhos é Jaret da Conceição Savio, Jenita da Conceição
Monteiro, Jenito da Conceição Savio Monteiro, Madre Juvita da Costa, Arsénio da Costa
Monteiro entre outras, e particularmente para Carlos Jesus Manuel Goncalves, Rui Cunha
Reis com sua namorada Sónia, Jorge Mendes, Marisa Teixeira, Margarida Vieira, Tiago
Martins, Pedro Gaspar, e entre outros colegas do grupo de estudo Joana Azevedo, Pedro
Vasconcelos, Filipe Veloso, José da Silva, Elisabete Cardoso e Professor Doutor José Luís
Barroso Aguiar (Orientador), Professor Aires Fernando Fernandes Camões, Professora
Brígida Pires e professor Doutor António Correia, Professora Graça Vasconcelos Curso de
Mestrado em Construção e Reabilitação Sustentáveis (MCRS), Professor Doutor Luís
Bragança que apoiaram o meu estudo pelo amor de Deus.
Para os professores/as, do Mestrado em Construção e Reabilitação Sustentáveis (MCRS), para
os funcionários da Secretária da CRS Carina e para as estruturas da Universidade do Minho,
Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) lidera pela Reitor Dr. Aurélio Guterres e
cooperação pela Ministério da Educação de Timor Leste, os meus sinceros agradecimentos.
Dedico este meu trabalho para todos os estudantes Timorenses que caminham no mesmo
rumo mas especialmente Casimiro Alves da Cruz, Celestino Correia e Lito Varela, Aníbal da
Costa Sousa, Lucas Sousa.
“O nosso compromisso é a vitória”
Obrigado a todos!

Raimundo Pereira iii


Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

A realização neste trabalho resulta dum percurso cheio de empenho, e sobretudo de bem-estar
dos mais próximos a mim, que me muito sofrem e alcançam. Dedico os novamente profundos
e sentidos agradecimentos àqueles que cooperaram com carinho e voluntariedade de
colaboração comigo. Os meus agradecimentos até à data atual à organização Universidade do
Minho e às pessoas que a formam.

Para o meu orientador Professor Doutor José Luís Barroso Aguiar pela oportunidade
oferecida que fez toda diferenciação no meu estudo científico, pela oportunidade transmitir
nas minhas competências e pela paciência de me orientar durante o meu estudo no
Departamento de Engenharia Civil em nível Mestrado em Construção e Reabilitação
Sustentáveis (MCRS), na especialização de Conservação dos edifícios.

Para Professor Doutor Aires Fernando Fernandes gostaria de expressar e agrado pela sua
colaboração e dedicação, pela partilha de todo o conhecimento científico e experiência, pela
possibilidade dada de concretizar este trabalho, pela minha evolução científica, e sobretudo
pelos seus conselhos e amizade.

Para grupo das Construções da Universidade do Minho, em especial ao Professor Doutor Luís
Bragança pela ajuda no decorrer da dissertação e ao Engenheiro Carlos Jesus Manuel
Gonçalves pela ajuda dedicada nos trabalhos práticos de Laboratório Materiais de Construção
(LMC).

Para os meus colegas de trabalho, sobretudo no Laboratório de Engenharia Civil, apresentado


o meu profundo agradecimento pela cooperação para o longo desta caminhada, a todos vocês,
Rui Cunha Reis, Jorge Mendes, Margarida Viera, Marisa Teixeira, Tiago Martins, Walid
Tahri, Daniel Pinheiro, Marcus, Dr. Afonso, Fernando Pokee, José Gonçalves, Rui Oliveira,
Marco Jorge

Para os meus amigos e amigas por tudo, sobretudo pelas forças dadas em alturas difíceis, onde
elaborei este trabalho.

Raimundo Pereira v
A minha família pela ajuda nos momentos difíceis desta longa caminhada, pelo
encorajamento, pela motivação e dedicação, sacrifício e acima de tudo pelo vosso amor e
compreensão. Sem vocês não seria possível. A minha avó pelo amor notável.
Para a iluminação do sol, pelo seu auxílio infindável e dedicação, pelo seu entendimento,
sobretudo pelo seu amor e afeto que me ajudou a superar batalhas. Para o rebento que me
inspirou e encheu de alegria.
A todos os que me ajudaram a finalizar este trabalho, os meus profundos agradecimentos.
Resumo

CONTROLO DA QUALIDADE DE BETÕES

RESUMO
O presente trabalho de investigação aborda o estudo de composição do betão através de um
método baseado em tabelas e a comprovação da sua validade.

O betão é um material constituído pela mistura, devidamente proporcionada, de ligantes,


agregados, água, adjuvantes, e um certo volume de ar.

A sua constituição (composição) é determinada de acordo com o desempenho ou


características necessárias às exigências especificadas, em função do tipo de construção onde
vai ser aplicado e pela norma que regulamenta este produto, ou seja, a norma NP EN 206-
1:2007: Especificação, desempenho, produção e conformidade.

A marcação CE nos produtos de construção, o fabrico em Portugal de cimentos e agregados


de qualidade, e a facilidade de utilização de um método baseado em tabelas são razões para se
investigar a validade do método proposto pelo ACI 211 aplicado à realidade da portuguesa.

O estudo de composição partiu das características inicialmente especificadas para o betão,


obtenção de classes de resistência à compressão C25/30 e C50/60, e classe de Consistência
S2.

Definiu-se um programa experimental compreendendo a formulação de diferentes


composições e a respetiva caracterização dos betões produzidos avaliando a sua
trabalhabilidade e resistência à compressão.

Através dos ensaios realizados, concluiu-se que é possível produzir betões com consistência e
resistência à compressão de acordo com os valores inicialmente especificados, recorrendo à
metodologia descrita no ACI 211 e utilizando constituintes correntes na indústria da
construção, obtendo composições do lado da segurança dando assim um primeiro passo para a
validação do método estudado.

PALAVRAS-CHAVE:

Marcação CE; Cimento Portland; Normalização, Metodologia ACI

Raimundo Pereira vii


Abstract

QUALITY CONTROL OF CONCRETE

ABSTRACT
The present research work deals with the study of the composition of concrete composition by
a method based on tables and proof its validity.

Concrete is a material constituted by mixing, properly proportioned, binders, aggregates,


water, admixtures and a certain volume of air.

Its constitution (composition) is determined according to the performance or characteristics


necessary to specified requirements, depending on the type of construction, which will be
applied and the standard that governs this product , i.e. , the NP EN 206-1:2007 :
Specification , performance , production and conformity .

The CE marking of construction products, the manufacture of cement and aggregates in


Portugal with quality and the easy to use a table-based method are reasons to investigate the
validity of the method proposed by ACI 211 applied to the construction reality in Portugal.

The composition study departed from features originally specified for concrete, obtaining
compressive strength classes C25/30 and C50/60 and, consistency class S2.

An experimental program comprising the formulation of different compositions and the


determination of the respective characteristics of the produced concrete by evaluating the
workability and the compressive strength was defined.

Based on the results of the tests, it was found that it is possible to produce concrete with
compressive strength and consistency according to the values specified initially, using the
methodology described in ACI 211 and using standard constituents in the construction
industry, achieving compositions on the side of safety giving just a first step for validation of
the studied method.

KEYWORDS:

CE Standard; Portland cement; Standardization; ACI Methodology

Raimundo Pereira ix
Índices

ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1 Enquadramento Temático ............................................................................................... 1
1.2 Objetivos ......................................................................................................................... 2
1.3 Descrição da Dissertação ................................................................................................ 2
2 CONSTITUINTES DO BETÃO......................................................................................... 5
2.1 Cimentos ......................................................................................................................... 5
2.1.1 Tipos de Cimentos ..................................................................................................... 6
2.1.2 Processo de Fabrico do Cimento................................................................................ 8
2.1.3 Características do cimento ......................................................................................... 9
2.2 Agregados ..................................................................................................................... 10
2.3 Água .............................................................................................................................. 16
2.4 Adjuvantes .................................................................................................................... 18
2.5 Adições.......................................................................................................................... 20
3 COMPOSIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO BETÃO ...................................................... 23
3.1 Classificação ................................................................................................................. 23
3.2 Requisito para a composição do betão .......................................................................... 33
3.3 Especificação do betão .................................................................................................. 45
4 CONTROLO DA PRODUÇÃO DO BETÃO ................................................................. 51
4.1 Generalidades ................................................................................................................ 51
4.2 Sistema de controlo de produção .................................................................................. 51
4.3 Entrega do betão fresco ................................................................................................. 59
4.3.1 Informação do utilizador do betão para o produtor.................................................. 59
4.4 Informação do produtor do betão para o utilizador....................................................... 60
4.5 Avaliação da Conformidade.......................................................................................... 63
4.5.1 Controlo da Conformidade do Betão da Comportamento Especifico...................... 64
5 EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE BETÃO............................................................... 73
5.1 Introdução ..................................................................................................................... 73
5.2 Inspeção ........................................................................................................................ 74
5.3 Betonagem .................................................................................................................... 75
6 ESTUDO EXPERIMENTAL ........................................................................................... 87
6.1 Propriedades e Conformidades dos Materiais Constituintes das Composições ............ 87

Raimundo Pereira xi
Controlo Da Qualidade De Betões

6.1.1 Cimentos ...................................................................................................................88


6.1.2 Agregados .................................................................................................................90
6.1.3 Água .........................................................................................................................92
6.1.4 Adjuvantes ................................................................................................................92
6.1.5 Adições .....................................................................................................................94
6.2 Metodologia das Composições ......................................................................................95
6.2.1 Introdução .................................................................................................................95
6.2.2 Método ACI ..............................................................................................................96
6.3 Estudo Da Composição Dos Betões Com Agregados Normalizados .........................103
6.3.1 Cálculo Do Módulo De Finura ...............................................................................103
6.3.2 Baridade ..................................................................................................................104
6.3.3 Dimensionamento Pelo Método ACI Das Misturas de Betão do Estudo ...............107
6.3.4 Composições estudadas ..........................................................................................116
6.3.5 Realização da amassadura ......................................................................................118
6.3.6 Execução e cura de provetes...................................................................................119
7 Ensaios e análises de resultados ......................................................................................121
7.1 Ensaios no estado fresco do betão ...............................................................................121
7.1.1 Ensaio de espalhamento .........................................................................................121
7.1.2 Ensaio de abaixamento ...........................................................................................123
7.1.3 Ensaio da determinação da massa volúmica ..........................................................125
7.2 Ensaios no estado endurecido do betão .......................................................................127
7.2.1 Ensaio de resistência à compressão ........................................................................127
7.3 Ensaios e análise resultados de durabilidade ...............................................................136
7.3.1 Absorção de água por capilaridade.........................................................................136
7.3.2 Absorção de água por imersão ...............................................................................140
7.3.3 Resistências aos sulfatos.........................................................................................143
7.3.4 Penetração de cloretos ............................................................................................148
8 BETÕES EM TIMOR – LESTE.....................................................................................155
9 CONCLUSÕES ................................................................................................................161
9.1 Estudo Futuro ..............................................................................................................162
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................165

xii Raimundo Pereira


Índices

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Em 1756 início da obra contemporânea do farol na Eddystone Smeaton, J. [3]. ..... 5

Figura 2 - Processo de fabricação de cimento ............................................................................ 9

Figura 3 – Máxima dimensão do material agregado [11] ......................................................... 12

Figura 4 – Metodologia para avaliação da reatividade dos agregados ..................................... 14

Figura 5 – Classes de exposição de acordo com as zonas em que se aplica determinado tipo de
betão [20] .................................................................................................................................. 23

Figura 6 – Classes de exposição para habitações e serviços [20] ............................................. 24

Figura 7 – Tipos de classes de exposição para edifícios comerciais e industriais [20] ............ 24

Figura 8 – Tipos de classes de exposição para obras de arte e infraestruturas [20] ................. 25

Figura 9 – Classes de exposição correntes para obras marítimas [20] ..................................... 26

Figura 10 – Cimento Portland CEM I 42,5R – Secil [30] ........................................................ 88

Figura 11 – Valores médios indicativos da resistência à compressão de betão fabricado com


350 Kg/m3 de cimento CEM II/A-L 42,5R [30] ...................................................................... 90

Figura 12 – a) Areia 0/4 mm; b) Brita 4/8 mm......................................................................... 91

Figura 13 – Curva granulométrica dos agregados, grosso e fino ............................................. 92

Figura 14 – Superplastificante da Basf - Glenium Sky 617 ..................................................... 93

Figura 15 – Aspeto da cinza volante ........................................................................................ 94

Figura 16 – Visualização ao microscópio de uma amostra de cinzas volantes [2] .................. 95

Figura 17 – Esquema do fabrico de betões no estudo desenvolvido ........................................ 96

Figura 18 – a)Relação entre a altura e o diâmetro do recipiente do ensaio da baridade; b)


Varão de compactação ............................................................................................................ 104

Raimundo Pereira xiii


Controlo Da Qualidade De Betões

Figura 19 – Alteração da quantidade de água indispensável para a amassadura com a


dimensão máxima do agregado .............................................................................................. 108

Figura 20 – Volume de agregado grosso em função da dimensão máxima do agregado para o


módulo de finura do agregado fino. ....................................................................................... 110

Figura 21 – Variação da massa unitária do betão com dimensão máxima do agregado ........ 112

Figura 22 – Betoneira da amassadura com capacidade de 90 lt............................................. 118

Figura 23 – Diferentes tipos de moldes metálicos usados na moldagem para o fabrico dos
diversos provetes de betão ..................................................................................................... 119

Figura 24 – Medição da dimensão máxima do espalhamento do betão segundo duas direções


d1 e d2 (mm) .......................................................................................................................... 122

Figura 25 – Realização do ensaio de abaixamento com o cone de Abrams .......................... 124

Figura 26 – Variação dos valores da massa volúmica de betão para diferentes tipos de
misturas .................................................................................................................................. 127

Figura 27 – a) Execução do ensaio da resistência á compressa; b) fim de ensaio; c) tipo de


rotura ...................................................................................................................................... 128

Figura 28 – Variação da tensão de compressão com a idade do betão em conformidade de


resistência à compressão ........................................................................................................ 130

Figura 29 – Influência da água A/C na resistência á compressão [47] .................................. 132

Figura 30 – Valor característico da resistência (fck) [47] ...................................................... 133

Figura 31 – Comparação dos valores de razão A/C previstos pelo American Concrete Institute
(ACI) e obtidos no estudo em laboratorial ............................................................................. 133

Figura 32 – Valores calculados dos coeficientes de absorção por capilaridade relativamente às


misturas do betão Padrão ....................................................................................................... 138

Figura 33 – Valores calculados dos coeficientes de absorção por capilaridade relativamente às


misturas do betão de elevado desempenho (BED)................................................................. 138

xiv Raimundo Pereira


Índices

Figura 34 – Valores da absorção por capilaridade das diversas composições de betão


submetidas a ensaios laboratoriais .......................................................................................... 139

Figura 35 – a) Pesagem dos provetes imersos em água; b) Pesagem dos provetes saturados
com superfície seca na balança hidrostática ........................................................................... 141

Figura 36 – Valores da absorção por imersão das diversas composições de betão do estudo 142

Figura 37 – Processamento do ataque dos sulfatos numa estrutura (Skalny et al, 1996) ....... 144

Figura 38 – Variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de resistência aos
sulfatos .................................................................................................................................... 147

Figura 39 – Variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de resistência aos
sulfatos ao longo do número de ciclos.................................................................................... 147

Figura 40 – Tendência da variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de
resistência aos sulfatos ao longo do número de ciclos ........................................................... 148

Figura 41 – Esquema do equipamento de indução de corrente elétrica no qual se visualiza a


posição correta do betão no interior da manga isoladora juntamente com os diferentes tipos de
soluções .................................................................................................................................. 150

Figura 42 – Esquema de ensaio penetração de cloretos usado no laboratório materiais de


construção da Universidade do Minho ................................................................................... 150

Figura 43 – a) Ensaio de compressão diametral dos provetes b) Verificação da camada


penetrada pelos cloretos.......................................................................................................... 151

Figura 44 – a) Perfil da medição da profundidade de penetração (mm) dos cloretos; b)


Medição da penetração dos cloretos nas composições estudadas .......................................... 152

Figura 45 – Variação do coeficiente de difusão de cloretos dos betões ................................. 153

Figura 46 – Carta geológica simplificada de Timor Leste [54].............................................. 155

Figura 47 – a) Antigo Mercado em Bacau feito parcialmente em betão por portugueses; b) Em


remodelação atualmente ......................................................................................................... 156

Raimundo Pereira xv
Controlo Da Qualidade De Betões

Figura 48 – Casa tradicionais construídas com materiais correntes e acessíveis á população


................................................................................................................................................ 157

Figura 49 – Tipo de construção de casa atual em Timor Leste.............................................. 157

Figura 50 – Fundações da Ponte Comoro II com uma classe de betão na ordem do C25/30
[55] ......................................................................................................................................... 158

Figura 51 – Exemplo do uso duma classe de betão C 50/60 nos pilares da Ponte Comoro II
[55] ......................................................................................................................................... 158

Figura 52 – Fundações da Ponte Comoro II com uma classe de betão na ordem do C25/30
[55] ......................................................................................................................................... 159

Figura 53 – Ponte Comoro quase finalizada com partes em betão [55] ................................ 160

Figura 54 – Ponte Comoro esta finalizada com partes em betão [55] ................................... 160

xvi Raimundo Pereira


Índices

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Principais cimentos utilizados na atividade da construção civil .............................. 6

Quadro 2 – Características adicionais dos agregados para certas utilizações; Características


não estabelecidas na NP EN 12620:2002 [11] ......................................................................... 13

Quadro 3 – Tipo de rochas e minerais potencialmente reativos aos álcalis [3]........................ 15

Quadro 4 – Tipo de rochas e minerais potencialmente fornecedores de álcalis [3] ................. 15

Quadro 5 – Classes de exposição ............................................................................................. 27

Quadro 6 - Combinações de classes de exposição ................................................................... 29

Quadro 7 - Valores limite das classes de exposição para o ataque químico proveniente de
solos naturais e de águas neles contidos ................................................................................... 30

Quadro 8 - Classes de abaixamento .......................................................................................... 30

Quadro 9 - Classes Vêbê .......................................................................................................... 31

Quadro 10 - Classes de compactação ....................................................................................... 31

Quadro 11 - Classes de espelhamento ...................................................................................... 31

Quadro 12 - Classes de resistência à compressão para betão de massa volúmica normal e para
betão pesado ............................................................................................................................. 32

Quadro 13 - Classes de resistência à compressão para betão leve ........................................... 32

Quadro 14 - Classes de massa volúmica do betão leve ............................................................ 33

Quadro 15 - Categorias de vida útil .......................................................................................... 36

Quadro 16 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob Acão do dióxido


de carbono, para uma vida útil de 50 anos ............................................................................... 37

Quadro 17 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação dos cloretos,
para uma vida útil de 50 anos ................................................................................................... 37

Raimundo Pereira xvii


Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 18 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação do


gelo/degelo, para uma vida útil de 50 anos .............................................................................. 38

Quadro 19 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ataque químico,


para uma vida útil de 50 anos................................................................................................... 39

Quadro 20 - Composição do clinquer de cimentos resistentes aos sulfatos ............................. 40

Quadro 21 - Propriedades, métodos e provetes de ensaio........................................................ 42

Quadro 22 - Máximo teor de cloretos do betão ....................................................................... 45

Quadro 23 - Classes de teor de cloretos do betão .................................................................... 45

Quadro 24 - Desenvolvimento da resistência do betão a 20ºC ................................................ 47

Quadro 25 – Controlo dos materiais constituintes ................................................................... 52

Quadro 26 – Controlo do equipamento .................................................................................... 53

Quadro 27 – Controlo dos procedimentos de produção e das propriedades do betão ............. 54

Quadro 28 – Registos e outros documentos, se relevantes ...................................................... 56

Quadro 29 – Tolerâncias para o doseamento dos materiais constituintes ................................ 58

Quadro 30 – Exatidão do equipamento de pesagem ................................................................ 58

Quadro 31 – Controlo dos materiais constituintes (betão de alta resistência) ......................... 59

Quadro 32 – Controlo do equipamento (betão de alta resistência) .......................................... 60

Quadro 33 - Controlo dos procedimentos de produção e das propriedades do betão de alta


resistência ................................................................................................................................. 61

Quadro 34 – Desenvolvimento da resistência do betão a 200C ............................................... 62

Quadro 35 – Frequência mínima de amostragem para avaliação da conformidade ................ 66

Quadro 36 – Critérios de conformidade para a resistência à compressão ............................... 67

Quadro 37 – Critérios de conformidade para os membros da família ..................................... 68

xviii Raimundo Pereira


Índices

Quadro 38 – Critérios de identidade para a resistência à compressão...................................... 70

Quadro 39 – Guia para a seleção das classes de inspeção ........................................................ 75

Quadro 40 – Requisitos da inspeção de materiais e produtos .................................................. 76

Quadro 41 – Âmbito da inspeção ............................................................................................. 76

Quadro 42 – Requisitos do planeamento, exame e documentação........................................... 77

Quadro 43 – Inspeção das operações anteriores à betonagem e a produção ............................ 77

Quadro 44 – Inspeção do betão fresco...................................................................................... 78

Quadro 45 – Inspeção das operações anteriores à betonagem.................................................. 79

Quadro 46 – Inspeção da colocação e da compactação ............................................................ 80

Quadro 47 – Inspeção da proteção e cura ................................................................................. 81

Quadro 48 – Inspeção das operações pós betonagem .............................................................. 81

Quadro 49 – Períodos de cura mínimos para as classes de exposição da norma ..................... 84

Quadro 50 – Características Químicas ..................................................................................... 89

Quadro 51 – Características Físicas ......................................................................................... 89

Quadro 52 – Características Mecânicas.................................................................................... 89

Quadro 53 – Análise granulométrica dos agregados selecionados........................................... 91

Quadro 54 – Informação das características técnicas do adjuvante no estudo ......................... 94

Quadro 55 – Abaixamento recomendado em função do tipo de construção. ........................... 98

Quadro 56-Requisitos aproximados de água de amassadura e quantidade de ar em função da


dimensão máxima dos agregados e do abaixamento. ............................................................... 99

Quadro 57 - Relação entre razão a/c e a resistência à compressão do betão. ......................... 100

Quadro 58 - Volume de agregado grosso por unidade de volume de betão. .......................... 101

Raimundo Pereira xix


Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 59 - Primeira estimativa para massa do betão fresco. ............................................... 102

Quadro 60 – Módulo de finura – Agregado Fino................................................................... 104

Quadro 61 - Capacidade do recipiente usado no ensaio da baridade segundo a norma ASTM


C29/C29M:2009 [38] ............................................................................................................. 105

Quadro 62 – Cálculo da baridade do agregado máximo usado no estudo. ............................ 106

Quadro 63 - Principais elementos de dimensionamento para as composições do estudo...... 107

Quadro 64 - Requisitos aproximados de água de amassadura e quantidade de ar em função da


dimensão máxima dos agregados e do abaixamento (Adaptada do ACI 211.1-91 [32])....... 108

Quadro 65 - Relação entre razão a/c e a resistência à compressão do betão (Adaptada do ACI
211.1-91 [32]) ........................................................................................................................ 109

Quadro 66 - Quantidade de cimento no qual a aplicar em cada amassadura ......................... 109

Quadro 67 - Volume de agregado grosso por unidade de volume de betão (Adaptado ACI) 111

Quadro 68 - Quantidade de agregado grosso utilizado na amassadura.................................. 111

Quadro 69 - Primeira estimativa para massa do betão fresco (Adaptado do ACI) ................ 113

Quadro 70 - indica as quantidades de cada constituinte utilizada para a realização de cada


amassadura. ............................................................................................................................ 114

Quadro 71 - Ajuste da quantidade de água de amassadura .................................................... 114

Quadro 72 - Ajustes da quantidade do cimento e cinza volante ............................................ 115

Quadro 73 - Resumo das quantidades necessárias para realizar 1m3 de betão ...................... 116

Quadro 74 - Resumo das quantidades necessárias para realizar 1m3de betão ....................... 116

Quadro 75 - Quantidade de material necessário para a realização de 0.035 m3 de betão ...... 117

Quadro 76 – Valores do ensaio de espalhamento para as diferentes misturas de betão ........ 123

Quadro 77 – Abaixamento recomendado em função do tipo de construção ......................... 123

xx Raimundo Pereira
Índices

Quadro 78 – Valores obtidos do ensaio de abaixamento para as diferentes misturas de betão


................................................................................................................................................ 125

Quadro 79 – Valores da massa volúmica de betão para as diferentes misturas ..................... 127

Quadro 80 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão ......................................... 129

Quadro 81 – Critérios de conformidade para resistência à compressão do betão .................. 130

Quadro 82 – Verificação dos critérios de conformidade ........................................................ 131

Quadro 83 – Classe de resistência à compressão do betão ................................................... 131

Quadro 84 - Classes de resistência à compressão para betão normal e o betão pesado ......... 132

Quadro 85 - Valores de resistência à compressão dos provetes ensaiados ............................ 134

Quadro 86 - Valores limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação do


dióxido de carbono, para uma vida útil de 50 anos, [20]........................................................ 135

Quadro 87 – Classes de exposição ambiental on as composições estudadas podem ser


aplicadas ................................................................................................................................. 135

Quadro 88 - Composição final para 1m3 de betão .................................................................. 136

Quadro 89 – Coeficientes de capilaridade dos betões ............................................................ 139

Quadro 90 – Valores de absorção de imersão para as composições estudadas ...................... 142

Quadro 91 - Ficha técnica do sulfato de sódio anidro (Quimidois, 2005).............................. 145

Quadro 92 – Valores da variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de
resistência aos sulfatos............................................................................................................ 146

Quadro 93 – Duração do ensaio CTH [52] ............................................................................. 151

Quadro 94 – Valores dos coeficientes de difusão de cloretos nos betões .............................. 152

Quadro 95 – Valores do coefecientes de difusão em estado não estacionário (Dns)


correspondente a uma classe de resistencia à penetração de cloretos [52] ............................. 153

Raimundo Pereira xxi


Capítulo 2 – Constituintes do betão

ÍNDICE DE SÍMBOLOS

BED – Betão Elevado de Desempenho (Superplastificastes)


Dmáx – Dimensão máxima do agregado
EN – Norma Europeia; Estrada Nacional
NP – Norma Portuguesa
ITS – Resistência à tração indireta (Indirect Tensile Strenght)
LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil
ITSR – Índice de resistência à tração indireta (Indiretas Tensile Strenght Ratio)
NP – Norma Portuguesa

Raimundo Pereira xxiii


Capítulo 1 – Introdução

1 INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento Temático

O material estudado na tese de investigação, designa-se por betão, este material é uma pedra
artificial, é uma mistura de cimento com agregados, água, podendo a estes materiais
aglomerar como opção o uso á incorporação de adjuvantes e adições. A junção de todos estes
componentes desenvolve as suas propriedades por hidratação do cimento, originando a pedra
artificial, designada de betão.

Os betões são utilizados como materiais de construção há milhares de anos, há apontamentos


de que os materiais eram, quando necessário, transportados a distâncias de centenas de
quilómetros, como é o exemplo de um pavimento de betão simples datado de 5600 AC em
Lepenskivin, segundo Stanley [1].

Nas antigas civilizações o betão era utilizado essencialmente em pavimentos, paredes e suas
fundações, não existindo na altura uma preocupação dos utilizadores na parte do controlo da
qualidade desse material.

O primeiro povo a pensar na utilização do betão como uso mais corrente foram os romanos.
Estes exploraram as hipóteses deste material em diversas obras, tais como em casas, templos,
pontes e aquedutos, muitas destas ainda estão presentes nos dias de hoje e são como exemplos
do elevado nível atingido pelos construtores Romanos. Pode se verificar exemplos como o
Aqueduto da Pont du Gard em Nimes (realizado em 150 DC no qual se utilizou o betão no
canal de água e no interior do forro das cantarias), também as pontes de alvenaria e betão
ainda existentes em diversos países, tal como a Ponte de Vila Formosa na N369 e a Ponte de
Trajano sobre o Rio Tâmega em Chaves, em Portugal e outras pela Europa .

Nos dias de hoje o consumo de betão aumentou exponencial com o crescimento da população
mundial, surgiu assim ao longo do tempo uma sociedade consumidora e mais exigente no
controlo da qualidade deste material artificial. A complexidade destes fatores conduzira a um
aumento do controlo de qualidade do betão, tanto no seu estado fresco e endurecido.

O controlo da qualidade do betão foi apoiado num sistema de normalização estudado por
entidades científicas e implementado por técnicos especializados, estas condicionantes
conduziram a um maior rigor no fabrico e na qualidade do betão a empregar na construção

Raimundo Pereira 1
Controlo Da Qualidade De Betões

nos dias de hoje.

De acordo com a normalização europeia, a norma NP EN 206-1:2007 [2] estabelece que todo
o betão deve ser sujeito ao controlo da produção sob a responsabilidade do produtor. O
controlo da produção compreende todas as medidas necessárias para manter as propriedades
do betão em conformidade com os requisitos especificados.

Neste estudo em causa pretende-se verificar o controlo da qualidade betão seguindo a norma
NP EN 206-1:2007 [2] para os betões estudados, atendendo a todos os requisitos e condições
descritos na norma.

1.2 Objetivos

O objetivo primordial desta tese é efetuar um estudo de betões no estado fresco e endurecido
sobre um plano de controlo de qualidade, apoiado na normalização do controlo e qualidade do
betão, seguindo especificamente norma NP EN 206-1:2007 [2]. Este estudo é fundamentado
na fabricação de dois grupos de betões, um de elevado desempenho e outro convencional.

Dentro destes dois grupos foram utilizadas adições e adjuvantes no fabrico dos betões, tendo
como objetivo a verificação do controlo e da qualidade desse betões em estudo.

Todo este controlo dos betões fabricados em laboratório foi executado com base em ensaios
para verificação dos requisitos na norma NP EN 206-1:2007 [2].

Este trabalho tem como objetivo fundamental adquirir conhecimento sobre controlo e
qualidade dos diferentes betões diversos tipos de classes de resistência. Assim desta forma
será enriquecido o conhecimento sobre este tema em Timor Leste permitindo obter betões
com um grau de qualidade elevado e com o devido controlo superior aos existentes.

1.3 Descrição da Dissertação

Na fase inicial deste trabalho realizou-se uma pesquisa bibliográfica extensa sobre o tema da
tese, frisando como objetivo a investigação sobre o controlo da qualidade de betões.

Numa segunda fase do estudo, foi evidenciado os aspetos dos constituintes do betão, assim
como os tipos de cimentos existentes em Portugal relacionando com os existentes em Timor
Leste, ainda sobre este tema, analisou-se o processo de fabrico do cimento e sua
caracterização.

2 Raimundo Pereira
Capítulo 1 – Introdução

Nesta fase procurou-se também pesquisar sobre os agregados a utilizar no fabrico dos betões,
tais como a sua dimensão, a sua natureza do tipo natural ou artificial, ainda podendo ser de
origem reciclados. Além dos aspetos anteriores estudados, foram abordados outros como a
água, adjuvantes e o tipo de adições utilizadas no fabrico dos betões.

A terceira fase baseia-se na pesquisa sobre a composição e especificação do betão, no qual foi
referenciado aspetos tais como a classificação, os requisitos para a composição do betão e a
especificação do betão. Sobre a classificação do betão foi evidenciado o tipo de classes de
exposição relacionadas com as ações ambientais, procurou-se relacionar os diferentes tipos de
ações para cada tipo de betão, classe de resistência e a que requisitos obedecer, tais como
consistência, abaixamento e resistência à compressão.

Ainda neste tema procurou-se investigar os requisitos especificados do betão de forma que a
composição de betão e os materiais constituintes obedeçam a todos esses requisitos
estipulados. Procurou se na especificação do betão entender de que forma é desenvolvida todo
o processo em causa entre o especificador e o produtor, referenciando todos aspetos
relacionados.

Na quarta fase avaliam-se as condições de controlo de produção do betão referenciando


aspetos do sistema de controlo como também a entrega do betão fresco incluindo a
informação do utilizador do betão para o produtor. É relevante nesta fase indicar a informação
do produto do betão para o utilizador, não deixando de referenciar a importância deste especto
do controlo.

Neste capítulo foi referenciado a avaliação da conformidade do betão, destacando o controlo


da conformidade da resistência á compressão.

No capítulo seis é mencionado a execução de estruturas do betão e os aspetos mais


importantes a incluir, tais como a inspeção, a betonagem e os requisitos normativos do betão.

No capítulo sete é descrito o estudo experimental, onde são referidos alguns aspetos das
propriedades dos materiais utilizados na metodologia usada. Nesta fase é descrito o método de
composição proposto pelo ACI que está no suporte de toda a investigação realizada, assim
como o estudo da composição de betões com agregados normalizados, são descritos os
materiais constituintes utilizados e definidas as suas quantidades através de um estudo da
composição.

Raimundo Pereira 3
Controlo Da Qualidade De Betões

Neste capítulo é descrita a campanha experimental realizada e apresentados os resultados


obtidos nos ensaios realizados para as diferentes composições em estudo.

Numa fase posterior foram analisados todos os resultados obtidos, sendo estes os principais
indicadores das conclusões sobre os fatores de controlo da qualidade de betão que mais
condicionaram no desempenho das diferentes composições realizadas.

Com os trabalhos de laboratório concluídos foi redigida a dissertação de Mestrado que colige
e divulga todo o trabalho desenvolvido neste projeto de investigação sobre o controlo da
qualidade dos betões.

4 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

2 CONSTITUINTES DO BETÃO

2.1 Cimentos

O cimento é, sem dúvida, o constituinte mais importante do betão [8]. A palavra cimento tem
origem no latim “caementu” que designava na antiga Roma uma espécie natural de rochedos.
Este é um material que na presença de água produz uma reação exotérmica de cristalização de
produtos, ganhando resistência mecânica.

A utilização de aglomerantes na construção desde muito cedo se mostrou uma necessidade e


já no antigo Egito se utilizava um aglomerante de gesso calcinado, assim como os gregos e
romanos utilizavam solos vulcânicos, cujas características permitiam o seu endurecimento
depois de misturados com água e cal.

No ano 1756 Jonh Smeaton, consegui produzir um producto de alta de resistencia através da
calcinação de calcarios moles e argilosos, desenvolvendo nos anos seguintes este aglomerado.

Em 1758 o engenheiro inglês John Smeaton, procedeu a uma construção de um farol próximo
de Plymouth tal como na Figura 1, no decorrer dessa construção procedeu á utilização de
materiais aglomerantes, no qual já tinha concluido anteriormente que a mistura de calcário e
argilas era muito superior ao calcário puro, Smeaton, J. [3].

Figura 1 – Em 1756 início da obra contemporânea do farol na Eddystone Smeaton, J. [3].

Raimundo Pereira 5
Controlo Da Qualidade De Betões

Em 1824, Aspdin, J. [4] a partir de pedras calcárias e argilas, produziu um pó bastante fino
que quando combinado com água e posteriormente seco originava um material, que foi
batizado como cimento Portland em homenagem à ilha de Portland, uma vez que possuía
rochas muito semelhantes às originadas por este material. Atualmente este é um aglomerante
hidráulico largamente utilizado para a produção de determinados produtos e também de
argamassas prontas.

Com o passar dos anos, várias foram as pessoas que dedicaram a sua vida a estudar o cimento
e como seria de esperar muitas foram as combinações criadas, cujas características se
mostraram convenientes às necessidades que se faziam sentir. Portanto, atualmente, são vários
os tipos de cimentos comercializados.

2.1.1 Tipos de Cimentos

São vários os cimentos produzidos e comercializados em Portugal. Para além do clínquer do


cimento Portland, sempre que um cimento possua na sua composição outros tipos de
materiais, os quais são principalmente resíduos industriais, surge a necessidade de se
denominar esse novo produto. A norma NP EN 197-1:2001/A 1:2005 [5] presenta a relação
de cimentos utilizados na atividade da construção civil Quadro 1.

São vários os cimentos produzidos e comercializados em Portugal. Para além do clínquer do


cimento Portland, sempre que um cimento possua na sua composição outros tipos de
materiais, os quais são principalmente resíduos industriais, surge a necessidade de se
denominar esse novo produto. A norma NP EN 197-1:2012 [6] presenta a relação de cimentos
utilizados na atividade da construção civil Quadro 1.

Quadro 1 - Principais cimentos utilizados na atividade da construção civil


Designação Tipo
Cimento Portland CEM I
Cimento Portland composto CEM II
Cimento Portland de escória CEM II – S
Cimento Portland de pozolana natural CEM II – P
Cimento Portland de pozolana natural calcinada CEM II – Q
Cimento Portland de cinza volante siliciosa CEM II – V
Cimento Portland de cinza volante calcária CEM II – W
Cimento Portland composto CEM II – M
Cimento de alto-forno CEM III
Cimento pozolânico CEM IV
Cimento composto CEM V

6 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

2.1.1.1 Cimento Portland

O cimento Portland foi o pioneiro neste assunto, sendo portanto extremamente importante e
servindo de base a todo o tipo de comparações que possam ser efetuadas.

Atualmente é o ligante hidráulico mais utilizado na confeção de betões e argamassas. Este é


obtido através de uma mistura devidamente proporcionada de calcário e argila e/ou
eventualmente de outras substâncias apropriadas ricas em sílica, que quando atingem
aproximadamente 1500 ⁰C constituem o clínquer. Este, por sua vez, é o principal componente
do cimento Portland e também o responsável pelas suas características de ligante hidráulico e
resistência mecânica após a hidratação. O clínquer é constituído por silicato tricálcico (45 –
75%) sendo este o responsável pelas propriedades hidráulicas e rápida reação com a água,
silicato dicálcico (7 – 35%) que proporciona o aumento gradual da resistência mecânica da
mistura, aluminato tricálcico (0-13%) responsável pela elevada libertação de calor de
hidratação, aluminato tetracíclico (0-18%) que proporciona uma presa rápida e ainda em
quantidades pouco significativas óxido de cálcio livre, periclásio, etc. O processo de fabrico
do cimento Portland é composto por vários etapas: extração da matéria-prima, britagem,
moagem da mistura, homogeneização da mistura, calcinação da matéria-prima e adição com
gesso. Na Figura 2 é apresentado o processo de fabricação do cimento.

2.1.1.2 Cimento de Escórias

As escórias são um subproduto de alto-forno constituído por impurezas. Mesmo sendo


rejeitadas em vários tipos de indústrias conferem as características de ligantes hidráulicos.
Permitem elevar a durabilidade do cimento principalmente em ambientes com a presença de
sulfatos. Trata-se de um subproduto que possui um custo reduzido.

No que diz respeito ao cimento de escórias, sempre que a percentagem deste subproduto é
inferior a 35%, a aplicação do cimento em causa é a mesma que o cimento Portland.

Existem várias classificações de acordo com a percentagem de escórias. O cimento CEM


II/A-S possui cerca de 6 a 20% de escórias, CEM II/B-S contém 21 a 35%, os restantes, CEM
III/A, CEM III/B e CEM III/C são constituídos com cerca de 36 a 95% de escórias.

Pode ainda referir-se o facto da resistência aos meios agressivos oferecidos por este tipo de
cimento ser superior à do cimento Portland.

Raimundo Pereira 7
Controlo Da Qualidade De Betões

2.1.1.3 Cimento Pozolânico

Podem definir-se como pozolanas argilas cozidas a pelo menos 7500C. Existem pozolanas
naturais e artificiais, sendo que as naturais foram cozidas naturalmente pelo calor de um
vulcão e as artificiais são sílicas hidratadas moídas e cozidas a cerca de 8000C. Tal como
qualquer outro subproduto, também as pozolanas apresentam um custo menor quando
comparado ao clínquer, no entanto deve-se ter em atenção o facto destas apenas o poderem
substituir até um determinado ponto.

O cimento pozolânico (CEM IV/A e CEM IV/B) obtém-se adicionando ao clínquer Portland
uma pozolana natural, natural calcinada ou cinzas volantes em quantidades compreendidas
entre 11% a 55%. Como características deste produto podem enunciar-se o baixo calor de
hidratação e elevada resistência a águas sulfatadas e ambientes industriais comparativamente
com o cimento Portland como referenciado por Aguiar [7]

2.1.1.4 Cimento de Cinzas Volantes

As cinzas volantes possuem a aparência de uma areia cinzenta de finura média e uma vez que
se encontram nos fumos das centrais que queimam carvão são apreendidas em instalações
apropriadas, de modo a evitar a sua fuga para a atmosfera.

Sempre que se adicionam ao clínquer Portland em percentagens inferiores a 35% adquire-se o


cimento Portland de cinzas volantes (CEM II-V e CEM II-W). Este apresenta maior
resistência a meios agressivos e endurecimento mais lento de acordo com Aguiar [7].

2.1.2 Processo de Fabrico do Cimento

A matéria-prima necessária ao fabrico do cimento é maioritariamente proveniente de


pedreiras e portanto a localização de unidades fabris deste produto está inteiramente
relacionada com a proximidade destas.

O cimento pode ser fabricado por duas vias, uma em que a matéria-prima é moída e
homogeneizada dentro de água, a qual se designa de via húmida, e uma outra em que a
moagem e homogeneização se realizam a seco e portanto como seria de esperar se denomina
de via seca. A via húmida é um processo muito antigo atualmente a cair em desuso pois
necessita de um maior consumo de energia.

8 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

Descrevendo o processo da via seca, a primeira etapa é a extração da matéria-prima que será
posteriormente enviada para o triturador de forma a reduzir o tamanho dos fragmentos para
apenas alguns centímetros, estando assim concluída a primeira fase de moagem. De seguida,
efetua-se a pré homogeneização dos vários materiais; no final desta operação a granulometria
dos agregados é inferior a 50 mm e a humidade máxima é de 8%. Posteriormente efetua-se a
cozedura no forno e novamente se procede a uma redução granulométrica de forma a obter-se
um material muito fino, o clínquer, principal constituinte do cimento. Alguns cimentos podem
ainda conter aditivos e adjuvantes de acordo com as propriedades que se desejam para o
produto. Por último, efetua-se a embalagem e transporte do mesmo para os vários locais de
venda. Na Figura 2 apresenta-se o fluxograma do fabrico de cimento na qual se verifica todas
as fases de produção.

Figura 2 - Processo de fabricação de cimento

2.1.3 Características do cimento

Como propriedades do cimento Portland podem referir-se a finura, a presa, a expansibilidade,


o endurecimento e o calor de hidratação.

A finura está relacionada com a área de contacto dos grãos de cimento com a água e conclui-
se que quanto mais fino for o cimento mais resistente e compacto este se torna. A velocidade

Raimundo Pereira 9
Controlo Da Qualidade De Betões

de presa aumenta com a finura, bem como o calor de hidratação, o que se pode referir como
um inconveniente.

Por sua vez, presa é o termo utilizado para descrever a solidificação da pasta de cimento, em
que o início de presa marca o ponto em que a pasta começa a tornar-se não trabalhável e o fim
de presa é o instante em que a pasta de cimento se encontra totalmente rígida. Facilmente se
pode perceber a importância deste parâmetro, uma vez que este determina o intervalo de
tempo em que a pasta de cimento permite que seja trabalhada. O processo em questão pode
ser acelerado ou retardado adicionando substâncias, tais como adjuvantes ou até mesmo
aumentando a quantidade de água na amassadura. Pode ainda referir-se que elevadas
temperaturas aceleram a presa, enquanto baixas temperaturas a retardam.

2.2 Agregados

Os agregados constituem o esqueleto granular do betão e podem ser usados sob a forma de
britas, godos e areias [8]. Os agregados para betão devem ser escolhidos de forma criteriosa e
depois proporcionados e misturados, em quantidades a calcular, de forma a obter um produto
com as características desejadas .

Os agregados podem ser considerados finos, quando apresentam dimensão superior das
partículas menor ou igual a 4 mm, ou grossos, quando apresentam dimensão superior das
partículas maior ou igual a 4 mm e dimensão inferior das partículas maior ou igual a 2 mm.

Os agregados usados para betão podem ser de origens naturais, artificiais ou reciclados. Os
agregados naturais a mãe natureza encarregou-se de os produzir, produzidos por um
processamento mecânico natural, mantendo as superficies não rugosa. Temos como materiais
naturais os godos, as areias do mar, do rio, , de dunas, de depósitos sedimentares ou areeiros.
Em relação aos agregados artificiais, todos passam por um processo industrial
compreendendo modificações mecânicas e térmicas, como exemplo resultantes da
fragmentação mecanica de rochas, a brita, areias ou pó de pedreira.

Outro tipo de agregado utilizado no fabrico de betão são os agregados reciclados, estes
resultam do um processamento de materiais inorgânicos anteriormente utilizados na
construção ou em outras aplicações.

Os agregados normais têm massa volúmica compreendida entre 2000 e 3000 kg/m3.

10 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

Os agregados leves apresentam massa volúmica menor ou igual que 2000 kg/m3 ou uma
baridade menor ou igual que 1200 kg/m3. Os agregados pesados têm massa volúmica maior
ou igual que 3000 kg/m3.

As areias, principalmente as de origem natural, podem conter impurezas em quantidades que


recomendam a sua não utilização como agregado para argamassas e betões.

Os diferentes constituintes do betão têm realmente coeficientes de dilatação desiguais,


resultando fraca resistência às elevações de temperaturas quando os agregados têm
coeficientes mais elevados do que a pasta de cimento

A Norma geral do betão NP EN 206-1:2007 [2] remete para as normas NP EN 12620:2002


[9], no caso dos agregados normais e pesados, em relação aos agregados leves despacha para
a NP EN 13055-1:2010 [10].

Para a obtenção de um betão com as características desejadas, deve se ter em conta


determinados aspetos, os agregados devem ser escolhidos de forma sensata e depois
proporcioná-los e misturá-los em quantidades a determinar, de modo a obter o betão desejado.

No que se refere ao agregado com dimensões grandes, este pode ter dificuldades em passar
nas armaduras e assim sendo, pode ocorrer que o betão não preencha totalmente o molde,
ocasionando a formação de ninhos de brita, logo a dimensão do material agregado não é
indiferente Figura 3. A dimensão máxima do agregado deve ser controlada em função da
aplicação que o betão vai ter, de maneira que o betão possa ser colocado e compactado à volta
das armaduras, sem que ocorra qualquer risco de segregação.

No caso dos agregados preferidos para a produção de betão, a granulometria deve ser de
preferência contínua, devendo-se evitar descontinuidade de agregados.

Em regra o Dmáx deve ser inferior a 1,2 vezes no recobrimento nominal ou o espaçamento
entre armaduras, tomando-se o valor que for inferior.

Raimundo Pereira 11
Controlo Da Qualidade De Betões

Figura 3 – Máxima dimensão do material agregado [11]

Para além de requisitos relativos à dimensão máxima dos materiais agregados, outras
características terão de ser analisadas, tais como a sua forma. Partículas com formas
alongadas vão ter tendência a partir sob ação de esforços concentrados. Relativamente à
natureza da superfície, o material agregado pode ser rolado ou britado. Se, por um lado, a
utilização de materiais rolados, naturais, implica uma aderência menor, face aos materiais
britados, por outro, os primeiros exigem uma menor quantidade de água na amassadura.
Assim sendo, tendo em consideração estes dois parâmetros (volume de água e aderência), em
geral, chega-se à conclusão que é praticamente indiferente utilizar materiais rolados ou
artificiais britados porque, não intervindo outros fatores, as resistências do betão não variam
muito. No entanto, há que referir que os materiais naturais, como oferecem menor resistência
ao atrito, favorecem a trabalhabilidade, mas têm o inconveniente de poderem contribuir para a
segregação [11].

É recomendado o uso de rochas sãs e duras, estas não se devem encontrar alteradas pela
intempérie, deve ter-se a preocupação de evitar as rochas muito brandas ou porosas, ou com
xistosidade elevada, assim como xistos, arenitos pouco duros, rochas com argila ou ricas em
mica. Todos estes materiais mencionados a empregar devem ser limpos, com ausência de pó
ou de argila pois caso contrario, a resistência à compressão e especialmente à tração e flexão,
diminuem de resistência [11].

A presença de pó nos agregados gasta mais água e a ligação da pasta de cimento ao material
agregado pode ser obstruída. Na realidade o uso de agregados correntes tem uma pequena
percentagem de finos, embora não excessiva, caso contrario se proceda à lavagem do
material, poderá ocorrer um decrescimento da compacidade e naturalmente a resistência à
compressão também diminuir, isto porque se verifica um aumento do número de vazios no
agregado.

12 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

As partículas finas são sempre prejudiciais, no que se refere à resistência à tração [3].

Na região do Norte de Portugal, os agregados são normalmente são de origem granítica.


Relativamente ao teor de finos, a especificação LNEC E 467:2006 [12] de 2006 estabelece os
requisitos de conformidade para agregados grossos, agregados naturais 0/8, agregados de
granulometria extensa e agregados finos.

O requisito de conformidade é indicado através da categoria f. Por exemplo, para agregados


grossos exige-se categoria f4 (percentagem de passados no peneiro 0,063 mm, em massa, não
superior a 4 %). A qualidade dos finos tem que ser verificada. As resistências mecânicas das
rochas donde são extraídos os agregados, são necessariamente maiores que a resistência que o
betão pode oferecer. Por este motivo, a especificação LNEC E 467:2006 [12]apenas apresenta
a resistência à compressão da rocha como requisito para betão de alta resistência (Quadro 2).

Quadro 2 – Características adicionais dos agregados para certas utilizações; Características


não estabelecidas na NP EN 12620:2002 [11]

Propriedades Norma de ensaio Requisito Âmbito Aplicações


Resistência à compressão da
NP EN 1926 ≥50MPa Agregados grossos Betão de alta resistência
rocha (1)
Resistência ao esmagamento
NP EN 1039 ≤45% Agregados grossos Betão de alta resistência
(1)
Agregados finos e
≤1,0%
naturais 0/8
Teor de partículas friáveis NP EN 1380 Betão de alta resistência
≤0,25% Agregados grossos

Teor de partículas moles NP EN E 222 ≤5% Agregados grossos Betão de alta resistência
Valor a Betão agregados
Teor de álcalis NP EN 1382 Todos os agregados
determinar reativos
Bom Betão em contacto com
Reatividades aos sulfatos LNEC E 251 Agregados contendo
Comportamento sulfatos
1
Ambas as determinações avaliar a resistência mecânica dos agregados

Estes materiais britados deverão ser ensaiados ao esmagamento e a fragmentação, estes


ensaios indicam a qualidade da pedra qual o seu uso mediante a sua classe.

A norma LNEC E 467:2006 [12] indica que a percentagem da fração fina não deve superar
45% no ensaio de esmagamento, nem 50% no ensaio de fragmentação de Los Angeles
(categoria LA50).

A origem dos agregados deve ser tomado em conta para o fabrico do betão, no caso de
agregados provenientes do mar teremos de verificar a presença do cloreto de sódio junto com
o sulfato de magnésio, estes poderão originar o aparecimento de eflorescências o que provoca

Raimundo Pereira 13
Controlo Da Qualidade De Betões

as manchas salinas, também estes agentes presentes nos agregados diminuem a velocidade de
presa do cimento.

No caso do betão pré-esforçado, os cabos de pré-esforço em contato com o betão sofrem a


corrosão nos varões de aço com a presença do ião cloro, esta corrosão aumenta gradualmente
quanto mais elevadas tensões a que os varões estão submetidos.

No caso de obras com um volume elevado de betão pré esforçado, os varões que estão
submetidos a elevados esforços de tração, poderão neste caso por em causa a segurança das
estruturas, logo as areias, inclusivamente com pequenas quantidades de sais, é de rejeitar.

Outro aspeto a considerar dos materiais com estes tipos de substâncias é a durabilidade dos
materiais agregados, estas poderão comprometer por reação química com os constituintes do
cimento ou com a água quando em contacto, dando origem a expansões que podem levar á
ruína do betão e consequentemente da estrutura em causa. A norma do LNEC E 461:2007
[13] apresenta uma metodologia para avaliação da reatividade dos agregados para betão à
reação álcalis-sílica Figura 4.

Figura 4 – Metodologia para avaliação da reatividade dos agregados

No caso da produção dos materiais o produtor deve declarar a classe de reatividade dos
agregados e escolher a classificação adequável, tal como a seguir se indica:

14 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

Classe I – agregado não reativo

Classe II – agregado potencialmente reativo

Classe III – agregado reativo

Alguns tipos de agregados que são utilizados no fabrico de betão já estão identificados como
potencialmente reativos aos álcalis, isto é, existe na norma NP EN 12620:2002 [9] a
identificação em que engloba os tipos de minerais e de rochas com esse tipo de causa, essa
informação está contida no Quadro 3 e Quadro 4 com as rochas e minerais potencialmente
fornecedores de álcalis.

Quadro 3 – Tipo de rochas e minerais potencialmente reativos aos álcalis [3]

Quadro 4 – Tipo de rochas e minerais potencialmente fornecedores de álcalis [3]

Raimundo Pereira 15
Controlo Da Qualidade De Betões

Outro fator a ter em conta na utilização dos agregados é esforços provocados pela congelação
da água. Neste grupo de materiais incluímos todos os agregados de origem das rochas
geladiças, como o calcário e o grés.

A normalização sobre este tema prevê dois métodos de ensaio alternativos: a resistência ao
gelo-degelo e resistência ao sulfato de magnésio. Os requisitos normalizados são expressos
em perdas, em massa, no caso do gelo-degelo não superior a 4% (F4) e para o sulfato de
magnésio não superior a 35% (MS35).

Os sistemas de certificação da conformidade para os agregados e fíleres para betão, argamassa


e caldas de injeção, previstos na NP EN 12620:2002 [9], mudam de acordo com os requisitos
de segurança. Foi estabelecido o sistema de certificação da conformidade 2+ para utilizações
com requisitos de segurança elevados e o sistema 4 para utilizações sem requisitos de
segurança elevados.

O sistema de certificação da conformidade 2+ elucida, como critério para a marcação CE, a


declaração de conformidade pelo fabricante, com base num certificado de conformidade do
controlo interno de produção. O fabricante terá de realizar o controlo interno da produção e o
ensaio de amostras, segundo um programa prescrito pela normalização. A certificação do
controlo interno de produção terá que ser executada com base numa inspeção inicial e no
acompanhamento permanente desse controlo, por parte do Organismo Notificado. O sistema
de certificação da conformidade 4 define como base para a marcação CE a declaração de
conformidade pelo fabricante, o produtor terá de realizar o controlo interno da produção e
ensaios iniciais de tipo.

2.3 Água

As funções da água no betão prendem-se com a reação química com o cimento, hidratando-o,
endurecendo, aglomerando os agregados, assegurando a trabalhabilidade do betão, isto é,
assegurar que a mistura seja amassada facilmente e colocada em obra sem eminência de
segregação.

Nos betões, a água de amassadura é a porção presente durante a amassadura do betão,


incluindo humidade natural dos próprios agregados. No fabrico de betões a água de
amassadura deve satisfazer as exigências das normas nacionais, caso contrario as
regulamentações em vigor no local de aplicação do betão.

16 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

Em termos normativos, no que concerne à água de amassadura, a NP EN 206:2007 [2] expede


para a NP EN 1008:2003 [14]. A norma NP EN 1008:2003 [14] apresenta a classificação dos
tipos de água e a sua aptidão para o fabrico do betão. A água potável, ou a água da rede, é
suposto satisfazer os requisitos desta norma, não sendo necessário realizar ensaios. As águas
do mar ou as águas salobras normalmente são adequadas para o fabrico de betão simples, mas
em geral não são aptas para o fabrico de betão armado ou pré-esforçado.

Esta é apresentada em três condições diferentes no betão:

- Água ligada quimicamente, que realizou a hidratação dos constituintes anidros do cimento;

- Água ligada fisicamente, adsorvida, também designada por água zeolítica ou água de
canalização;

- Água no estado livre, que ocupa mais ou menos parcialmente os poros por capilaridade e
porosidade [8].

Quando a temperatura alcança pouco além de 1000C, ocorre a evaporação da água livre e de
uma parte da água ligada fisicamente.

A água não deve conter constituintes prejudiciais, de um modo geral, será a água potável das
redes de abastecimento público, esta poderá ser utilizada na amassadura do betão. Outras
fontes de fornecimento de água, nomeadamente as águas do mar, águas superficiais,
subterrâneas e as águas residuais industriais são consideradas adequadas, no entanto deverá
ser efetuado análises antes da sua utilização para a sua validação.

As restantes origens possíveis de fornecimento de água, tais como as de resíduos industriais e


domésticos, águas ácidas com pH abaixo de quatro, são de recusar, por possuírem matérias
dissolvidas ou em suspensão.

No caso de suscitar dúvidas do estado da água para o fabrico de betões, deverá proceder se
uma série de ensaios comparativos, semelhantes aos desenvolvidos nos agregados que têm por
base uma análise comparativa com valores padrão pré-estabelecidos.

A água deve ser rejeitada para o fabrico de betões sempre que tenha a presença de óleos e
gorduras, resíduos em suspensão, ácidos com pH inferior a 4 e matéria orgânica, detergentes,
uma cor mais escura do que o amarelo pálido, cheiro forte diferente do da água potável, que
leva a uma cor mais escura do que castanho amarelado.

Raimundo Pereira 17
Controlo Da Qualidade De Betões

Na execução dos ensaios químicos, nomeadamente no processo de filtração, devem usar-se


filtros de porosidade 0,45 μm. Se o resíduo dissolvido for inferior a 100 mg/l, aceita-se a
água. Existem diversos resíduos dissolvidos na água, no qual poderá ser: o NaCl, o Na2CO3, o
Na2SO4 os açúcares, os fosfatos, os nitratos, o zinco e o chumbo. Se os valores dos sulfatos
forem maiores que 2.000 mg/l então rejeita-se a água para o fabrico do betão.

Uma das formas usadas para validar a utilização da água, é efetuar uma serie de ensaios
comparativos, produzindo provetes de betão ou argamassa, uns com a água de que
suspeitamos e outros com água destilada. A resistência média à compressão dos provetes
fabricados, aos 7 dias, confecionados com a água em estudo de que duvidamos deverá ser
pelo menos 90% da resistência média à compressão dos provetes idênticos preparados com
água destilada.

Em relação ao tempo de início de presa, adquirido em provetes fabricados com a água em


estudo, não deve ser inferior a 1 hora e não deve diferir mais do que 25 % do tempo de início
de presa, obtido em provetes fabricados com água destilada, quanto ao tempo de fim de presa
este não deve exceder 12 horas e não deve aumentar mais do que 25 % do tempo de fim de
presa alcançado em provetes produzidos com água destilada.

No geral a água de amassadura influência nas propriedades do betão através das substâncias
dissolvidas e em suspensão. As substâncias dissolvidas, possivelmente afetam as resistências
mecânicas e químicas do betão e das armaduras, em relação às substâncias em suspensão,
assim como argila e o silte, podem facilitar o crescimento cristalino dos produtos da
hidratação do cimento.

2.4 Adjuvantes

No fabrico de betão é corrente a utilização de adjuvantes, estes tem como finalidade obter
uma modificação ou conferir ao betão uma qualidade específica, têm assim como objetivo
alterarem o comportamento do betão como também as suas propriedades.

Os adjuvantes são materiais que se adicionam ao fabrico do betão, em pequenas quantidades


relativamente com a massa do cimento, estas quantidades a utilizar nunca devem exceder 5%
da massa do cimento, estas podem ser adicionadas antes e durante a amassadura do betão com
o objetivo de poder alterar as propriedades do betão, tanto no estado fresco como no estado
endurecido.

18 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

Os adjuvantes são classificados consoante a sua função, existindo uma grande variedade no
mercado para tal fim (Basf, sika ou outros).

O uso dos adjuvantes no fabrico tem como pricipais objectivos:

 Aperfeiçoar a trabalhabilidade;
 Retardar o tempo de início de presa;
 Acelerar o tempo de início de presa;
 Acelerar o endurecimento nas primeiras idades;
 Aumentar a resistência aos ciclos gelo/degelo;
 Diminuir a permeabilidade;
 Ajudar a bombagem;
 Inibir a corrosão das armaduras;
 Melhorar o acabamento superficial;
 Elevar a compacidade.

A utilização de um ou mais de que um adjuvante ao mesmo tempo no fabrico de um betão


requer efetuar a verificação da compatibilidade dos adjuvantes, com a realização de ensaios
iniciais.

A utilização corrente de adjuvantes no fabrico do betão deverá ter se o cuidado das dosagens a
empregar, quando utilizadas em dosagens erradas poderá provocar efeitos contrários aos
pretendidos, podendo diminuir muito a resistência do betão. A mistura de betão no qual será
utilizado a pequena quantidade adjuvante, deverá ser homogénea, caso contrario ficamos com
uma zona que contém todo o adjuvante e outra sem qualquer adjuvante, originando assim a
uma mistura de betão com propriedades heterogéneas

Alguns exemplos adjuvantes:

- Redutor de água/plastificante;

- Redutor de água de alta gama/superplastificastes;

- Retentor de água;

- Introdutor de ar;

- Acelerador de presa;

- Acelerador de endurecimento;

Raimundo Pereira 19
Controlo Da Qualidade De Betões

- Retardador de presa;

- Hidrófugo.

A utilização dos adjuvantes na tecnologia do betão é segundo a NP EN 206-1 [2], a aptidão


destes produtos é verificada conforme com a NP EN 934-2 [15].

Os adjuvantes devem conter uma marcação e rotulagem, quando embalados devem ser
claramente marcadas com a informação que for relevante, tal como a data do seu fabrico e o
prazo de validade do produto recomendado pelo produtor.

Estes produtos tem como requisitos uma mão de obra qualificada, tem de verificar uma
compatibilidade química com a mistura, a sua diluição na água deve ser tal como [1/2 água +
(1/2 água e adjuvante dissolvido)], quando são adjuvantes líquidos não devem contactar
diretamente com o cimento.

2.5 Adições

O objetivo das adições no betão é o de melhorar o seu desempenho, aperfeiçoando certas


características, por exemplo, aumentando a resistência, dando cor ao betão, diminuindo o
calor de hidratação, reduzindo fissuras, entre outros. Assim, podemos chamar adição a tudo o
que no betão não seja cimento, agregado, água ou adjuvante.

Material finamente dividido (moído ou não) que pode ser usado no betão com o objetivo de
melhorar certas propriedades ou mesmo alcançar propriedades especiais. Estes materiais
podem ser classificados como:

Tipo I – Adições quase agregados, p.e. fíller calcário;

Tipo II – Adições pozolânicas ou hidráulicas latentes, p.e. cinzas volantes, pozolanas,


sílica de fumo, escória de alto-forno.

As adições tipo II são produtos inorgânicos que apesar de não terem por si só propriedades
aglomerantes e hidráulicas, contêm constituintes que às temperaturas ordinárias se combinam,
em presença de água, com hidróxido de cálcio e com os diferentes componentes do cimento
originando compostos de grande estabilidade na água e com propriedades pozolânicas.

Como exemplos de adições temos a sílica ativa e o metacaulino que aumentam a resistência e
diminuem a permeabilidade, entre outros. Estes quando adicionados ao cimento originam uma

20 Raimundo Pereira
Capítulo 2 – Constituintes do betão

diminuição da permeabilidade e da porosidade capilar, aumentando a resistência a sulfatos e


reduzindo o calor de hidratação.

As cinzas volantes e as escórias de alto-forno [16] são considerados produtos poluidores, logo
a sua utilização na produção do betão como uma adição traz o benefício ambiental, tendo
como aplicação um destino para estes resíduos. As adições têm uma vertente económica, uma
poupança na matéria-prima que dá origem ao cimento, entre elas o calcário.

A compatibilidade das adições como outros componentes é importante no fabrico do betão,


quando se verifique tal situação deverá ser realizado ensaios experimentais, de forma a
conferir a sua aplicação.

Neste campo das adições são considerados dois tipos de adições inorgânicas. As adições com
características de agregados, tipo I, os fíleres devem estar conformes com a NP EN
12620:2002 [9] e os pigmentos conformes com a NP EN 12878:2005 [17]. Nas adições
pozolânicas ou hidráulicas latentes, tipo II, as cinzas volantes devem estar conformes com a
NP EN 450-1:2012 [18] e a sílica de fumo conforme com a NP EN 13263:2009 [19].

Raimundo Pereira 21
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

3 COMPOSIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DO BETÃO

3.1 Classificação

O betão pode ser especificado de duas formas o comportamento especificado ou composição


prescrita. Para definir um betão de comportamento especificado é necessário ter como
referência a classificação e os requisitos que constam no documento NP EN 206-1:2007 [2].

Quanto à classificação podemos começar pelas classes de exposição relacionadas com ações
ambientais como se exemplifica no Quadro 5.

Os exemplos seguintes são unicamente informativos, podendo a seleção das classes de


exposição depender das disposições do local de utilização do betão. Na Figura 5 é mostrado
as diferentes classes de betão para as diversas zonas interiores e costeiras, exemplificando
todos os tipos de betão.

Figura 5 – Classes de exposição de acordo com as zonas em que se aplica


determinado tipo de betão [20]

De acordo com normalização das classes de exposição dos betões, esta designa classes para
habitação e serviços, como exemplo dessas apresenta-se na Figura 6 os exemplos.

Raimundo Pereira 23
Controlo Da Qualidade De Betões

Figura 6 – Classes de exposição para habitações e serviços [20]

Tais como as classes referenciadas anteriormente também classes estipuladas para edifícios
comerciais e industriais são semelhantes, embora apresentando algumas variações ás
anteriores, no qual é exemplificado na Figura 7.

Figura 7 – Tipos de classes de exposição para edifícios comerciais e industriais [20]

As exposição definidas para as obras consideradas especiais, relativamente obras de arte e


infraestruturas, são apresentadas na Figura 8.

24 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Figura 8 – Tipos de classes de exposição para obras de arte e infraestruturas [20]

Tais como todas as classes apresentadas anteriormente, também foram definidas classes de
exposição para obras marítimas. Estas classes são mais específicas, isto devido ao seu grau de
exposição perto das costa marítima, isto do que em relação às anteriores.

O betão pode encontrar-se sujeito a mais que uma das ações descritas Quadro 5 ou como se
verifica nas figuras anteriores, pelo que as condições ambientais às quais está sujeito podem
assim ter que ser expressas como uma combinação de classes de exposição.

Para um dado componente estrutural, diferentes superfícies do betão podem estar sujeitas a
ações ambientais diferentes.

Raimundo Pereira 25
Controlo Da Qualidade De Betões

Figura 9 – Classes de exposição correntes para obras marítimas [20]

Relativamente a combinação de classes de exposição a LNEC E 462 [21] refere para ter em
conta:

- A classe X0 e, em geral, a classe XC1 se aplicam isoladas;

- A carbonatação é um processo comum a todas as estruturas de betão e a ação dos cloretos ou


os ataques químico e por gelo/degelo são específicos de certos ambientes;

- Na orla marítima (classes XS) o número de dias com temperaturas negativas (onde se
poderiam aplicar as classes XF) é despiciendo--, enquanto no interior, nomeadamente nas
zonas com um total de 30 ou mais dias com temperaturas negativas pode haver combinação
das classes XF2 com a XD (embora esta classe seja pouco frequente em Portugal);

- O ataque químico ao betão de fundações, obras de suporte de terras ou pavimentos em


contacto com solos dá-se em solos agressivos ou em águas agressivas com nível freático
atingindo as fundações e o betão de superestruturas de reservatórios ou condutas por ação de
águas agressivas.

26 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quadro 5 – Classes de exposição


Designação das Exemplos informativo onde podem ocorrer
Descrição do ambiente
classes as classes de exposição

1 - Sem risco de corrosão ou ataque

 Para betão não armado e sem metais embebidos:


 Betão no interior de edifícios com
todas as exposições, exceto ao gelo/degelo, à
muita baixa humidade do ar.
X0 abrasão ou ao ataque químico.
 Para betão armado ou com metais embebidos:
-
ambiente muito seco.

Quadro 5 – Classes de exposição (Continuação)

Designação Exemplos informativos onde podem ocorrer as classes de


Descrição do ambiente
das classes exposição

2 - Corrosão induzida por carbonatarão

Quando o betão, armado ou contendo outros metais embebidos, se encontrar exposto ao ar e à humidade, a exposição
ambiental deve ser classificada como se segue:
Nota: as condições de humidade são as do betão de recobrimento das armaduras ou de outros metais embebidos, mas, em
muitos casos, as condições deste betão podem considerar-se semelhantes às condições de humidade do ambiente
circunvizinho. Nestes casos, pode ser adequada a classificação do ambiente circunvizinho. Tal pode não ser aplicável, caso
exista uma barreira entre o betão e o seu ambiente.
 Betão no interior de edifícios com baixa humidade
XC1  Seco ou permanentemente húmido do ar;
 Betão permanentemente submerso em água.
 Superfícies de betão sujeitam a longos períodos de
XC2  Húmido, raramente seco contacto com água;
 Muitas fundações.
 Betão no interior de edifícios com moderada ou
XC3  Moderadamente húmido elevada humidade do ar;
 Betão no exterior protegido da chuva.
 Superfícies de betão sujeitadas ao contacto com a
XC4  Ciclicamente húmido e seco
água, fora do âmbito da classe XC2.

Quadro 5 – Classes de exposição (Continuação)

Designação das Exemplos informativos onde podem


Descrição do ambiente
classes ocorrer as classes de exposição

3 - Corrosão induzida por cloretos não provenientes da água do mar

Quando o betão armado ou contendo outros materiais embebidos se encontrar em contacto com a água, que não água do mar,
contendo cloretos, incluindo sais descongelantes, a exposição ambiental deve ser classificada como se segue:
NOTA: No que respeita às condições de humidade ver também a secção 2 deste Quadro
 Superfícies de betão expostas a
XD1  Moderadamente húmido
cloretos transportados pelo ar
 Piscinas;
XD2  Húmido, raramente seca  Betão exposto a águas
industriais contendo cloretos
 Partes de pontes expostas a
salpicos de água contendo
XD3  Ciclicamente húmido e seco cloretos; Pavimentos; Lajes de
parques de estacionamento de
automóveis

Raimundo Pereira 27
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 5 – Classes de exposição (Continuação)

Designação das Exemplos informativos onde podem ocorrer


Descrição do ambiente
classes as classes de exposição

4 - Corrosão induzida por cloretos da água do mar

Quando o betão, armado ou contendo outros materiais embebidos, se encontrar em contacto com cloretos provenientes da água
do mar ou exposto ao ar transportando sais marinhos, a exposição ambiental deve ser classificada como se segue:

 Ar transportando sais marinhos mas sem  Estruturas na zona costeira ou


XS1 na sua proximidade
contacto direto com a água do mar
 Partes de estruturas marítimas
XS2  Submerso permanente

 Partes de estruturas marítimas


XS3  Zonas de marés, de rebentação ou de salpicos

Quadro 5 – Classes de exposição (Continuação)

Designação das Exemplos informativos onde podem ocorrer


Descrição do ambiente
classes as classes de exposição

5 - Ataque pelo gelo/degelo com ou sem produtos descongelastes

Quando o betão, enquanto húmido, se encontrar exposto a um significativo ataque por ciclos de gelo/degelo, a exposição
ambiental deve ser classificada como se segue:
 Moderadamente saturado de  Superfícies verticais de betão expostas à chuva
XF1 água, sem produtos e ao gelo
descongelastes
 Moderadamente saturado de  Superfícies verticais de betão de estruturas
XF2 água, com produtos rodoviárias expostas ao gelo e a produtos
descongelastes descongelados transportados pelo ar
 Fortemente saturado, sem  Superfícies horizontais de betão expostas à
XF3 chuva e ao gelo
produtos descongelastes

 Fortemente saturado, com  Estradas e tabuleiros de pontes expostos a


XF4 produtos descongelastes;
produtos descongelastes

Quadro 5 – Classes de exposição (Continuação)

Designação das Exemplos informativos onde podem


Descrição do ambiente
classes ocorrer as classes de exposição
6 - Ataque químico
Quando o betão se encontrar exposto ao ataque químico proveniente dos solos naturais e de águas subterrâneas, conforme
indicado no Quadro 20, a exposição ambiental deve ser classificada como estabelecido abaixo. A classificação da água do
mar depende da localização geográfica, aplicando-se assim a classificação válida no local de utilização do betão.
NOTA: Pode ser necessário um estudo especial para estabelecer as condições de exposição relevantes quando há:
-valores fora de limite do Quadro 20;
-outros agentes químicos agressivos;
-água ou solos poluídos quimicamente;
-grande velocidade de água em conjunto com os agentes químicos do Quadro 20.
 Ligeiramente agressivo, de acordo com -
XA1
a Quadro 20

 Moderamente agressivo, de acordo com -


XA2
a Quadro 20

 Fortemente agressivo, de acordo com a -


XA3
Quadro 20

28 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quadro 6 - Combinações de classes de exposição

 XD2
 XS2 + ataque da água do mar (XA1)
XC2
 XF1
 XA1, XA2 ou XA3
 XF1
 XD1 + XF2
XC3 ou XC4  XS1
 XD3
 XS3 + ataque da água do mar (XA1)
 XA1
XC4  XA2
 XA3

Assim, as combinações de classes de exposição mais frequentes são as do Quadro 6. Em cada


combinação de classes de exposição ambiental devem ser satisfeitas, para o cimento (ou para
a correspondente mistura) a utilizar e como requisitos da combinação, os valores prescritivos
mais exigentes da mínima dosagem de cimento, da máxima razão água/cimento (e do teor de
ar se for o caso) e da classe de resistência entre os valores de cada uma das classes de
exposição ambiental da combinação. No caso de o cimento não ser comum às diferentes
classes de exposição prevalece aquele que satisfizer a classe com os requisitos mais exigentes.

Quando a consistência do betão for classificada, aplicam-se os Quadro 8, Quadro 9, Quadro


10 ou Quadro 11. As classes de consistência dos Quadro 8 a Quadro 11 não são diretamente
relacionáveis.

Raimundo Pereira 29
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 7 - Valores limite das classes de exposição para o ataque químico proveniente de
solos naturais e de águas neles contidos
Os ambientes com agressividade química, abaixo classificados, têm como base o solo e a água contida, com temperaturas
do solo ou da água entre os 5ºC e os 25ºC e com velocidades da água suficientemente lentas que possam ser consideradas
próximas das condições estáticas. A classe é determinada pelo valor mais elevado para qualquer característica química.
Quando duas ou mais características agressivas conduzirem à mesma classe, o ambiente deve ser classificado na classe
imediatamente superior, a menos que um estudo especial para este caso específico prove que não é necessário.

Águas

Característica Método de ensaio de


XA1 XA2 XA3
química referência
SO42- mg/l EN 196-2 ≥ 200 e ≤ 600 > 600 e ≤ 3000 > 3000 e ≤ 6000
pH ISO 4316 ≥ 5,5 e ≤ 6,5 ≥ 4,5 e < 5,5 ≥ 4,0 e < 4,5
CO2 agressivo
EN 13577:1999 ≥ 15 e ≤ 40 > 40 e ≤ 100 > 100 Até à saturação
mg/l
ISO 7150-1 ou ISO
NH+4 mg/l ≥ 15 e ≤ 30 > 30 e ≤ 60 > 60 e ≤ 100
7150-2
Mg2+ mg/l ISO 7980 ≥300 e ≤1000 >1000 e ≤3000 >3000 Até à saturação

Solos

Característica Método de ensaio de


XA1 XA2 XA3
química referência
SO42- total a)
EN 196-2 b) ≥2000 e ≤3000 c) >3000 c) e ≤12000 >12000 e ≤24000
mg/kg

>200 Não encontrado na


Acidez ml/kg DIN 4030-2
Baumann Gully prática

a) Os solos argilosos com uma permeabilidade abaixo de 10 -5 m/s podem ser colocados numa classe mais baixa.
b) O método de ensaio prescreve a extração do SO42- através de ácido clorídrico; em alternativa, pode usar-se a extração
aquosa, se houver experiência no local de utilização do betão.
c) O limite de 3000 mg/kg deve ser reduzido para 2000 mg/kg, caso exista de acumulação de iões sulfato no betão devido a
ciclos de secagem e molhagem ou à absorção capilar.

Quadro 8 - Classes de abaixamento

Classe Abaixamento em mm

S1 10 a 40
S2 50 a 90
S3 100 a 150
S4 160 a 210
S5 ≥ 220

30 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quadro 9 - Classes Vêbê

Classe Tempo ensaio do Vêbê teste (s)

V0 ≥ 31
V1 30 a 21
V2 20 a 11
V3 10 a 6
V4 5a3

Quadro 10 - Classes de compactação

Classe Grau de compatibilidade

C0 ≥ 1,46
C1 1,45 a 1,26
C2 1,25 a 1,11
C3 1,10 a 1,04
C4 < 1,04
a) Aplica-se somente ao betão leve

Quadro 11 - Classes de espelhamento

Classe Diâmetro de espalhamento em mm

F1 ≤ 340
F2 350 a 410
F3 420 a 480
F4 490 a 550
F5 560 a 620
F6 ≥ 630

Quando o betão for classificado em relação à máxima dimensão do agregado, deve usar-se
para a classificação a máxima dimensão do agregado mais grosso (Dmax) do betão.

Quando o betão for classificado em relação à sua resistência à compressão, aplica-se o Quadro
12 para betão de massa volúmica normal e betão pesado ou o Quadro 13 para o betão leve.
Para a classificação utiliza-se a resistência característica aos 28 dias obtida a partir de
provetes cilíndricos de 150 mm de diâmetro por 300 mm de altura (fck,cyl) ou a partir de
provetes cúbicos de 150 mm de aresta (fck,cube). O valor característico é o valor que é
alcançado com 95% de probabilidade.

Raimundo Pereira 31
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 12 - Classes de resistência à compressão para betão de massa volúmica normal e para
betão pesado
Resistência característica Resistência característica
Classe de resistência à compressão mínima em cilindros fck,cyl mínima em cubos fck,cube
(N/mm2) (N/mm2)
C8/10 8 10
C12/15 12 15
C16/20 16 20
C20/25 20 25
C25/30 25 30
C30/37 30 37
C35/45 35 45
C40/50 40 50
C45/55 45 55
C50/60 50 60
C55/67 55 67
C60/75 60 75
C70/85 70 85
C80/95 80 95
C90/105 90 105
C100/115 100 115

Quadro 13 - Classes de resistência à compressão para betão leve

Resistência característica mínima em Resistência característica mínima em


Classe de resistência à compressão
cilindros fck,cyl (N/mm2) cubos a) fck,cube (N/mm2)
LC8/9 8 9
LC12/13 12 13
LC16/18 16 18
LC20/22 20 22
LC25/28 25 28
LC30/33 30 33
LC35/38 35 38
LC40/44 40 44
LC45/50 45 50
LC50/55 50 55
LC55/60 55 60
LC60/66 60 66
LC70/77 70 77
LC80/88 80 88
a)
Podem ser usados outros valores, desde que a relação entre estes e a resistência dos cilindros de referência esteja
estabelecida com suficiente exatidão e esteja documentada.

Quando o betão leve for classificado em relação à sua massa volúmica, aplica-se o Quadro 14.
A massa volúmica do betão pode também ser especificada através de um valor pretendido

32 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quadro 14 - Classes de massa volúmica do betão leve


Classe de massa
D1,0 D1,2 D1,4 D1,6 D1,8 D2,0
volúmica

Massa volúmica ≥ 800 e ≤ > 1000 e ≤ > 1200 e ≤ > 1400 e ≤ > 1600 e ≤
> 1800 e ≤ 2000
(kg/m3) 1000 1200 1400 1600 1800

NOTA: A massa volúmica do betão leve pode também ser especificada através de um valor pretendido.

3.2 Requisito para a composição do betão

A composição do betão e os materiais constituintes para betões de comportamento


especificado ou de composição prescrita devem ser escolhidos de forma a satisfazer os
requisitos especificados para o betão fresco e endurecido, incluindo a consistência, massa
volúmica, resistência, durabilidade, proteção contra a corrosão do aço embebido, tendo em
conta o processo de produção e o método previsto para a execução das obras em betão.

O betão deve ser formulado de forma a minimizar a segregação e a exsudação do betão fresco,
a menos que seja especificado o contrário. As propriedades requeridas ao betão na estrutura
são geralmente alcançadas se no local de utilização forem cumpridos certos procedimentos na
aplicação do betão fresco. Assim, para além dos requisitos NP EN 206-1:2007 [2],os
requisitos para o transporte, colocação, compactação, cura e qualquer outro tratamento
adicional deverão ser levados em conta antes do betão ser especificado a norma NP EN
13670-1:2011 [22]. Muitos destes requisitos são com frequência interdependentes. Se todos
estes requisitos forem satisfeitos, qualquer diferença na qualidade do betão, entre o betão da
estrutura e o dos provetes de ensaio normalizados, será adequadamente coberta pelo fator de
segurança parcial do material.

O cimento deve ser selecionado entre os que têm aptidão estabelecida, tendo em conta:

- A execução da obra;

- A utilização final do betão;

- As condições de cura (p.e., tratamento com calor);

- As dimensões da estrutura (desenvolvimento de calor);

- As condições ambientais às quais a estrutura ficará exposta;

- A reatividade potencial dos agregados com os álcalis dos constituintes.

Raimundo Pereira 33
Controlo Da Qualidade De Betões

O tipo de agregado, a granulometria e as categorias, p. e. achatamento, resistência ao


gelo/degelo, resistência à abrasão, teor de finos, devem ser selecionados tendo em conta:

- A execução da obra;

- A utilização final do betão;

- As condições ambientais às quais o betão ficará exposto;

- Quaisquer requisitos para agregados à vista ou para agregados em betão com acabamento
especial.

A máxima dimensão do agregado mais grosso (Dmax) deve ser escolhida tendo em conta a
espessura de recobrimento das armaduras e a largura mínima da secção. Os agregados de
granulometria extensa só devem ser usados em betões com classes de resistência à
compressão ≤ C12/15.

Os agregados recuperados da água de lavagem ou do betão fresco podem ser usados como
agregados para betão. Os agregados recuperados não separados em frações não devem ser
utilizados em quantidades superiores a 5 % do total dos agregados. Quando a quantidade dos
agregados recuperados for superior a 5 %, eles devem ser do mesmo tipo do agregado
principal, ser separados numa fração grossa e numa fração fina e conformes com a NP EN
12620:2002 [9].

A água recuperada da produção do betão deve ser utilizada de acordo com as condições
especificadas na NP EN 1008:2003 [14].

As quantidades das adições do tipo I e do tipo II a utilizar no betão devem ser objeto de
ensaios iniciais. Os ensaios iniciais devem demonstrar que um betão satisfaz todos os
requisitos especificados para o betão fresco e endurecido. Quando o produtor ou o
especificador puder demonstrar que uma composição é adequada com base em resultados de
ensaios prévios ou experiência de longa duração, tal pode ser considerado como uma
alternativa aos ensaios iniciais.

Os ensaios iniciais devem ser da responsabilidade do produtor no caso do betão de


comportamento especificado, do especificador no caso do betão de composição prescrita e do
organismo de normalização no caso do betão de composição prescrita em norma. Os ensaios

34 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

iniciais devem ser executados antes da utilização de um novo betão ou de uma nova família
de betões. Os ensaios iniciais devem ser repetidos se houver uma alteração significativa nos
materiais constituintes ou nos requisitos especificados nos quais se basearam os ensaios
prévios.

Em geral, os ensaios iniciais devem ser executados sobre betão fresco com uma temperatura
entre 15 °C e 22 °C. Para os ensaios iniciais de um dado betão, devem ser feitas pelo menos
três amassaduras e ensaiados pelo menos três provetes de cada uma delas. Quando forem
efetuados ensaios iniciais para uma família de betões, o número de betões a amostrar deve
abranger a gama de composições da família. Neste caso, pode efetuar-se apenas uma
amassadura por betão.

A resistência de uma amassadura ou carga deve ser a média dos resultados dos ensaios dos
respetivos provetes. O resultado do ensaio inicial do betão é a média das resistências das
amassaduras ou cargas.

A aptidão de uma dada mistura para ser constituinte do betão ficou estabelecida na
especificação LNEC E 462 [21],desde que sejam satisfeitas simultaneamente as seguintes
condições:

 O cimento seja do tipo CEM I ou CEM II/A e da classe de resistência 42,5 ou superior;

 As adições sejam do tipo I de origem calcária e satisfazendo a especificação LNEC E


466:2005 [12] ou do tipo II;

 A composição da mistura satisfaça os limites estabelecidos para a composição de um dos


cimentos definidos na NP EN 197-1:2001 [5];

 A proporção de sílica de fumo em relação ao clínquer (se ela existir na composição da


mistura) seja igual ou inferior a 11 %.

Os cimentos e as misturas constituem ligantes hidráulicos que se designam apenas por


ligantes. Se na composição do betão for utilizada uma mistura com aptidão para constituinte
do betão, os termos “dosagem de cimento” e “razão água/cimento” devem ser substituídos
pelos termos “dosagem de ligante” e “razão água/ligante”.

O conceito do fator-k permite ter em conta as adições do tipo II:

Raimundo Pereira 35
Controlo Da Qualidade De Betões

- Na substituição do termo “razão água/cimento” por “razão água/ (cimento + adição) ”;

- No requisito da dosagem mínima de cimento.

A aptidão do conceito do fator-k encontra-se estabelecida na NP EN 206-1:2007 [2] para as


cinzas volantes e para a sílica de fumo.

Para o projetista duma obra de betão poder estabelecer as disposições relativas à resistência às
ações ambientais exigidas nos requisitos fundamentais da especificação do betão, este deve
primeiro fixar a vida útil da obra de acordo com o estabelecido no Quadro 15, se o dono de
obra o não tiver já feito.

Quadro 15 - Categorias de vida útil


Vida útil das obras
Exemplos
Categoria Anos
1 10 Estruturas temporárias
2 10 a 25 Partes estruturais substituíveis, por exemplo, apoios
3 15 a 30 Estruturas para a agricultura e semelhantes
Edifícios e outras estruturas comuns (, por exemplo,
4 50
hospitais, escolas)
Edifícios monumentais, pontes e outras estruturas de
5 100
engenharia civil

A especificação estabelece prescrições específicas para que as estruturas de betão tenham uma
vida útil de projeto de 50 ou de 100 anos e prescrições gerais, qualquer que seja a vida útil.
Em substituição dos valores limites para a composição e resistência do betão indicados no
Anexo F da NP EN 206-1:2007 [2] com carácter informativo, estabelecem-se nos quando há
risco de corrosão das armaduras e nos Quadro 18 e 19 quando há gelo / degelo ou ataque
químico, respetivamente, os valores da máxima razão água/cimento, da mínima dosagem de
cimento e da mínima classe de resistência à compressão simples que o betão deve satisfazer
para que o tempo de vida útil das estruturas de betão, sob as ações ambientais, seja de 50
anos.

36 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quadro 16 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob Acão do dióxido de


carbono, para uma vida útil de 50 anos

CEM I (r CEM II/B (1); CEM III/A (2); CEM IV (2); CEM
Tipo de cimento
referência); CEM II/A(1) V/A (2)

Classe de exposição XC1 XC2 XC3 XC4 XC1 XC2 XC3 XC4

Mínimo recobrimento nominal


25 35 35 40 25 35 35 40
(mm)

Máxima razão água/cimento 0,65 0,65 0,6 0,6 0,65 0,65 0,55 0,55

Mínima dosagem de cimento C


240 240 280 280 260 260 300 300
(kg/m3)

C25/30 C25/30 C30/37 C30/37 C25/30 C25/30 C30/37 C30/37


Mínima classe de resistência
LC25/28 LC25/28 LC30/33 LC30/33 LC25/28 LC25/28 LC30/33 LC30/33

(1) Não aplicável aos cimentos II-T, II-W, II/B-L, II/B-LL.

Quadro 17 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação dos cloretos, para
uma vida útil de 50 anos

CEM IV/A (referência); CEM IV/B; CEM III/A;


Tipo de cimento CEM I; CEM II/A (1)
CEM III/B; CEM V; CEM II/B(1); CEM II/A-D

Classe de exposição XS1/XD1 XS2/XD2 XS3/XD3 XS1/XD1 XS2/XD2 XS3/XD3


Mínimo recobrimento
45 50 55 45 50 55
nominal (mm)
Máxima razão
0,55 0,55 0,45 0,45 0,45 0,4
água/cimento
Mínima dosagem de
320 320 340 360 360 380
cimento (kg/m3)
Mínima classe de C30/37 C30/37 C35/45 C40/50 C40/50 C50/60
resistência LC30/33 LC30/33 LC35/38 LC40/44 LC40/44 LC50/55
(1) Não aplicável aos cimentos II-T, II-W, II/B-L, II/B-LL.

Raimundo Pereira 37
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 18 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação do


gelo/degelo, para uma vida útil de 50 anos

CEM II/B (1); CEM III/A (2);


Tipo de cimento CEM I (referência); CEM II/A (1)
CEM IV (2); CEM V/A (2)

Classe de exposição XF1 XF2 XF1 XF2

Máxima razão
0,6 0,55 0,55 0,5
água/cimento
Mínima dosagem de
280 280 300 300
cimento C (kg/m3)
Mínima classe de C30/37 C30/37 C30/37 C30/37
resistência LC30/33 LC30/33 LC30/33 LC30/33
Teor mínimo de ar (%) - 4 - 4
(1)-Não aplicável aos cimentos II/A-T e II/A-W e aos cimentos II/B-T e II/B-W, respetivamente.
(2)-Não aplicável aos cimentos com percentagem inferior a 50% de clínquer Portland, em massa.

Indicam-se também nos Quadro 16 a Quadro 19 os tipos de cimento que se podem utilizar e,
nos casos das classes de exposição XC e XS,Quadro 16 e respetivamente, os valores mínimos
do recobrimento nominal (a especificar no projeto e a garantir na obra pelo utilizador do
betão) que, conjuntamente com os requisitos do betão, permitem esperar que, em cada classe
de exposição XC ou XS, fique garantida a vida útil de projeto de 50 anos. O Anexo B da
especificação LNEC E 462:2004 [21] apresenta os requisitos que possibilitam a redução dos
recobrimentos fixados. Está prevista a redução no caso de utilização de aços inox, certas
classes de resistência do betão, revestimento do aço com resinas epoxídicas e revestimento
por pintura do betão.

Para um tempo de vida útil de 100 anos, os requisitos dos Quadro 16 e Quadro 19 devem ter
as seguintes alterações:

 Os betões armados ou pré-esforçados sujeitos à ação do dióxido de carbono ou dos


cloretos, o valor do recobrimento nominal dos Quadro 16 e

 Quadro 17 é aumentado de 10 mm, mantendo-se os requisitos exigidos ao betão nestes


Quadros;

Nos betões sujeitos à Acão do gelo-degelo ou ao ataque químico,

38 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quadro 18 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação do


gelo/degelo, para uma vida útil de 50 anos

 e Quadro 19, a máxima razão água/cimento é diminuída de 0,05, a mínima dosagem de


cimento é aumentada de 20 kg/m3 e a classe de resistência à compressão simples é
aumentada de 2 classes.

Quadro 19 - Limites da composição e da classe de resistência do betão sob ataque químico,


para uma vida útil de 50 anos
CEM IV/A (referência); CEM
Tipo de cimento IV/B; CEM III/A; CEM III/B; CEM I; CEM II/A (1)
CEM V; CEM II/B(1); CEM II/A-D
Classe de exposição XA1 XA2(2) XA3(2) XA1 XA2 (2) XA3(2)
Máxima razão água/cimento 0,55 0,55 0,45 0,45 0,45 0,45
3
Mínima dosagem de cimento C (kg/m ) 320 340 360 340 360 380
C30/37 C35/45 C35/45 C35/45 C40/50 C40/50
Mínima classe de resistência
LC30/33 LC35/38 LC35/38 LC35/38 LC40/44 LC40/44
 Não aplicável aos cimentos II-T, II-W, II/B-L e II/B-LL.
 Quando a agressividade resultar da presença de sulfatos, os cimentos devem satisfazer os requisitos mencionados na
secção 5.3 da especificação LNEC 464 de 2005, nomeadamente no Quadro 16 aplicando-se ao betão as exigências
estabelecidas neste quadro para o CEM IV.

Para a classe X0 deve aplicar-se o estabelecido no Anexo F da norma NP EN 197-1:2001 [5]


mínima classe de resistência C12/15, independentemente da vida útil da estrutura, podendo
usar-se qualquer cimento (expecto CEM II/T e CEM II/W) ou mistura.

As dosagens de cimento (ou da correspondente mistura), C, indicadas nos Quadro 16 a 21


respeitam a betões com máxima dimensão do agregado mais grosso, Dmax, igual ou maior que
20 mm. Para betões com menores valores de Dmax as dosagens devem ser as seguintes:

para 20 mm > Dmax ≥ 12,5 mm: C20/12,5 = 1,10 C

para 12,5 mm > Dmax > 4 mm: C12,5/4 = 1,23 C

Quando a agressividade química provier da ação dos sulfatos, presentes na água ou nos solos
em contacto com o betão, a composição do clínquer dos cimentos ou das correspondentes
misturas deve satisfazer os limites indicados no Quadro 21.

Raimundo Pereira 39
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 20 - Composição do clinquer de cimentos resistentes aos sulfatos


Tipo de cimento CEM I (1) CEM II (2) CEM III, IV, V (3)
XA2 ≤ 5% ≤ 8% ≤ 10%
Teor de C3A
XA3 ≤ 5% ≤ 6% ≤ 8%
Teor de (C3A+C4AF) ≤ 20% ≤ 25%
(1)Aplicável também aos cimentos CEM II/A-L, II/A-LL e II/A-M.
(2)Só aplicável aos cimentos CEM II/S, II/D, II/P e II/V.
(3)Só exigível aos cimentos CEM III/A, IV/A e V/A.

Poderão utilizar-se cimentos (ou misturas) não respeitando os valores Quadro 20 se os


cimentos (ou as misturas) satisfizerem o estabelecido na especificação LNEC E 462:2004
[21]após a realização do ensaio de resistência aos sulfatos nela prevista.

Os cimentos Portland não resistem a meios ácidos cujo pH seja inferior a 4, pelo que têm que
ser protegidos do contacto com estes meios através dum revestimento por pintura satisfazendo
os requisitos previstos na NP EN 1504-2:2006 [24] para o princípio P6 – Resistência aos
produtos químicos. Esta proteção deve também existir sempre que o teor de qualquer dos
elementos agressivos referidos no Quadro 7 seja superior ao limite indicado para a classe
XA3.

Quando for utilizada uma combinação de uma adição específica com um cimento específico,
para os quais a origem de produção e as suas características se encontram claramente
definidas e documentadas, o conceito de desempenho equivalente do betão permite alterações
aos requisitos da NP EN 206-1:2007 [2] e da especificação LNEC E 464:2005 [25]. Deve ser
demonstrado que, especialmente no que respeita à sua reação às ações ambientais e à sua
durabilidade, o betão tem um desempenho equivalente ao de um betão de referência que
satisfaça os requisitos para a classe de exposição relevante. Quando o betão é produzido de
acordo com estes procedimentos, deve ser sujeito a uma avaliação contínua que tenha em
conta as variações no cimento e na adição.

Os ensaios deverão evidenciar que o desempenho do betão que contém a adição seja, pelo
menos, equivalente ao do betão de referência. Este deverá:

Conter um cimento conforme com a NP EN 197-1:2001/A 1:2005 [5] o mesmo tipo e tendo
os constituintes correspondentes à combinação do cimento e da adição; estar conforme com os
requisitos para a classe de exposição relevante.

40 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quando não existir nenhum cimento correspondente disponível, deverá ser utilizado um
cimento CEM I.

A aptidão do conceito de desempenho equivalente dum betão em relação à resistência à


carbonatação ou à penetração dos cloretos é estabelecida na especificação LNEC E 464:2005
[25]. Sobre uma composição de referência que satisfaça as exigências limite de composição e
de resistência mecânica estabelecidas nos Quadro 16 e para a classe de exposição objeto do
estudo de equivalência, e com o cimento de referência indicado para esta classe nestes
Quadros, são determinadas as propriedades referidas no Quadro 21 para esta classe de
exposição.

Procede-se de igual modo com a composição de estudo, ou seja com a formulação cujo
desempenho se pretende avaliar. Os resultados obtidos na composição de referência são
depois comparados com os correspondentes valores da composição de estudo e extraídas
conclusões sobre a equivalência de comportamento das duas composições no que respeita à
resistência à penetração do dióxido de carbono ou dos cloretos no betão.

Pode-se também concluir sobre a equivalência da dosagem do ligante específico e da razão


água/cimento usadas na composição de estudo, relativamente ao correspondente par de
valores usado para o betão de referência. Neste caso, e se os resultados concluírem sobre a
equivalência da composição de estudo, o fabricante de betão fica autorizado a usar o novo
valor mínimo da dosagem de ligante e o novo valor máximo da razão água/cimento, como
limites de composição para satisfazer as exigências da classe de exposição considerada, desde
que os constituintes do ligante não se alterem, tanto no que se refere à sua origem como às
suas características relevantes.

Raimundo Pereira 41
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 21 - Propriedades, métodos e provetes de ensaio


Classe de
Propriedades a determinar Método de ensaio Número e tipo de provetes (mm)
exposição
1 Provete
XC1 Carbonatação acelerada LNEC E 391
150 x 150 x 600
XC2 3 Provetes
Permeabilidade ao oxigénio LNEC E 392
XC3 Φ 150; h=50
3 Provetes de
XC4 Resistência à compressão NP EN 12390-3
150 x 150 x 150
Coeficiente de difusão dos 2 Provetes
LNEC E 463
XS1/XD1 cloretos Φ 100; h=50
3 Provetes
XS2/XD2 Absorção capilar LNEC E 393
Φ 150; h=50
XS3/XD3 3 Provetes de
Resistência à compressão NP EN 12390-3
150 x 150 x 150

Como os provetes de betão são ensaiados em condições higrométricas normalizadas, não


coincidentes, em geral, com as condições de humidade relativa implícitas nas classes de
exposição, admite-se que a equivalência de comportamento das duas composições se mantém
em outras condições higrométricas.

Para cada propriedade determinada, deve ser calculada a média dos valores obtidos nos
provetes de cada composição principal ou secundária, bem como a média global das
diferentes de referência e das diferentes composições de estudo. Cada propriedade das
composições de estudo deve apresentar uma média global igual ou inferior à média global das
composições de referência, com exceção da resistência à compressão, em que a média global
das composições de estudo deve ser igual ou superior à média global das composições de
referência.

Em simultâneo, entre cada composição de estudo, principal ou secundária, e a correspondente


composição de referência devem verificar-se, quando aplicáveis, as seguintes relações:

 Profundidade de carbonatação acelerada, PCA:

PCAestudo (3.1)
≤ 1,3
PCAreferência

42 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

 Absorção capilar, AC:

ACestudo (3.2)
≤ 1,3
ACreferência

 Permeabilidade ao oxigénio, K:

K estudo (3.3)
≤ 2,0
K referência

 Coeficiente de difusão dos cloretos, D:

Destudo (3.4)
≤ 2,0
Dreferência

 Resistência à compressão, fc:

fc,referência (3.5)
≤ 1,1
fc,estudo

No relatório final devem apresentar-se as composições ensaiadas, os ensaios realizados e os


resultados obtidos. A análise dos resultados deve concluir sobre a equivalência do
desempenho da composição de estudo relativamente à composição de referência.

Os requisitos relacionados com as classes de exposição podem ser estabelecidos utilizando


métodos de especificação do betão baseados no desempenho que considerem a durabilidade e
ser especificados em termos de parâmetros relacionados com o desempenho, p.e., degradação
do betão num ensaio ao gelo-degelo.

O método baseado no desempenho considera, de forma quantitativa, cada mecanismo de


degradação relevante, o tempo de vida útil do elemento ou da estrutura e os critérios que
definem o fim deste tempo de vida útil. Tal método pode basear-se em experiências bem-
sucedidas com práticas locais em ambientes locais, em resultados obtidos com um método de
ensaio de desempenho que se encontre estabelecido para o mecanismo de degradação
relevante ou na utilização de modelos de previsão comprovados.

A metodologia para determinação das propriedades de desempenho do betão que permitam


satisfazer a vida útil pretendida de estruturas de betão armado e pré-esforçado sob ações

Raimundo Pereira 43
Controlo Da Qualidade De Betões

ambientais que provocam a corrosão das armaduras é apresentada na especificação LNEC E


465:2007 [21].

A quantidade total de adjuvantes, se utilizados, não deve exceder a dosagem máxima


recomendada pelo produtor nem ultrapassar 50 g de adjuvantes (como fornecidos) por kg de
cimento, a menos que a influência de uma maior dosagem no desempenho e na durabilidade
do betão se encontre estabelecida. O uso de adjuvantes em quantidades inferiores a 2 g/kg de
cimento só é permitido se estes forem dispersos numa parte da água de amassadura.

Se a quantidade total de adjuvantes líquidos exceder 3 l/m3 de betão, o seu teor de água deve
ser considerado no cálculo da razão água/cimento. Quando for usado mais do que um
adjuvante, a sua compatibilidade deve ser verificada quando da realização dos ensaios
iniciais. Os betões com consistência ≥ S4, V4, C3 ou F4 deverão ser fabricados com recurso a
adjuvantes superplastificantes.

O teor de cloretos de um betão expresso em percentagem de iões cloreto por massa de


cimento, não deve exceder o valor dado no Quadro 22 para a classe selecionada. O cloreto de
cálcio e os adjuvantes à base de cloretos não devem ser adicionados ao betão com armaduras
de aço, aço de pré-esforço ou com qualquer tipo de metal embebido.

As classes de teor de cloretos do betão aplicáveis em Portugal são definidas no Quadro 23 em


função da classe de exposição ambiental.

Para a determinação do teor de cloretos de um betão deve calcular-se a soma das


contribuições dos materiais constituintes, usando um, ou uma combinação, dos seguintes
métodos:

 Cálculo baseado, para cada um dos materiais constituintes, no teor máximo de cloretos
permitido na respetiva norma ou no teor declarado pelo produtor;
 Cálculo baseado, para cada um dos materiais constituintes, no teor de cloretos
calculado mensalmente a partir das últimas 25 determinações mais 1,64 vezes o respetivo
desvio-padrão.

44 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quadro 22 - Máximo teor de cloretos do betão


Classe de teor de cloretos Máximo teor de CL- por massa de cimento
Utilização do betão a) b)

Sem armaduras de aço ou outros materiais


embebidos, com exceção de dispositivos de C1 1,0 1,00%
elevação resistentes à corrosão
Com armaduras de aço ou outros metais C1 0,20 0,20%
embebidos C1 0,40 0,40%
C1 0,10 0,10%
Com aço de pré-esforço
C1 0,20 0,20%

Quadro 23 - Classes de teor de cloretos do betão


Classes de exposição ambiental
Utilização do betão
XC, XF, XA XS, XD
Betão sem armaduras de aço ou outros
materiais embebidos, com exceção de
C1 1,0 C1 1,0
dispositivos de elevação resistentes à
corrosão
Betão com armaduras de aço ou outros
C1 0,4 (1) C1 0,2 (1)
materiais embebidos
Betão com armaduras pré-esforçadas C1 0,2 (1) C1 0,1 (1)
(1) Estas classes podem deixar de se aplicar se forem tomadas medidas especiais de proteção contra a
corrosão, como proteção do betão ou recobrimentos, devidamente justificados, ou utilização de aço inox.

Este último método é particularmente aplicável a agregados dragados do mar e para aqueles
casos onde não existe um valor máximo declarado ou normalizado.

A temperatura do betão fresco não deve ser inferior a 5 °C na altura da entrega. Qualquer
requisito relativo ao arrefecimento ou ao aquecimento artificial do betão antes da entrega deve
ser acordado entre o produtor e o utilizador.

3.3 Especificação do betão

O especificador do betão deve assegurar que todos os requisitos relevantes, referentes às


propriedades do betão, se encontram na especificação fornecida ao produtor. O especificador
deve também especificar todo e qualquer requisito para as propriedades do betão que sejam
necessárias para o transporte após entrega, para a colocação, compactação, cura ou outro
tratamento adicional. Quando necessário, a especificação deve incluir qualquer requisito
especial (p. e., para a obtenção de um acabamento arquitetónico).

O especificador deve ter em consideração o seguinte:

 A utilização do betão fresco e endurecido;

 As condições de cura;

Raimundo Pereira 45
Controlo Da Qualidade De Betões

 As dimensões da estrutura (desenvolvimento de calor);

 As ações ambientais às quais a estrutura ficará exposta;

 Qualquer requisito para agregados expostos ou acabamento superficial;

 Qualquer requisito relacionado com o recobrimento das armaduras ou com a largura


mínima da secção, p. e. máxima dimensão do agregado mais grosso;

 Quaisquer restrições à utilização de materiais constituintes com aptidão estabelecida, p.


e., resultante das classes de exposição.

A especificação do betão de comportamento especificado deve ser feita por intermédio dos
requisitos fundamentais, a indicar em todos os casos e dos requisitos adicionais, a indicar
quando requeridos.

Como requisitos fundamentais a especificação deve incluir:

 Um requisito de conformidade com a NP EN 206-1:2007 [2];

 Classe de resistência à compressão;

 Classes de exposição;

 Máxima dimensão do agregado mais grosso;

 Classe de teor de cloretos de acordo com Quadro 22;

Adicionalmente, para betão leve:

 Classe de massa volúmica ou massa volúmica pretendida.

Adicionalmente, para betão pesado:

 Massa volúmica pretendida.

 Adicionalmente, para betão pronto e betão fabricado no local:

 Classe de consistência ou, em casos especiais, valor pretendido para a consistência.

46 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

Quadro 24 - Desenvolvimento da resistência do betão a 20ºC

Desenvolvimento da resistência Estimativa da razão de resistências fcm,2 / fcm,28

Rápido ≥ 0,5
Médio ≥ 0,3 a < 0,5
Lento ≥ 0,15 a < 0,3
Muito lento < 0,15

Como requisitos adicionais os seguintes aspetos podem ser especificados através de requisitos
de desempenho e de métodos de ensaio, quando apropriados:

 Tipos ou classes especiais de cimento (p.e., cimento com baixo calor de hidratação);

 Tipos ou classes especiais de agregados;

 Características requeridas para a resistência ao ataque pelo gelo/degelo (p.e., teor de ar);

 Requisito para a temperatura do betão fresco;

 Desenvolvimento da resistência (Quadro 24);

 Desenvolvimento de calor durante a hidratação;

 Endurecimento retardado;

 Resistência à penetração de água;

 Resistência à abrasão;

 Resistência à tração por compressão diametral;

 Outros requisitos técnicos (por ex. requisitos relacionados com a obtenção de um


acabamento particular ou com um método especial de colocação).

A especificação do betão de composição prescrita deve ser feita por intermédio dos requisitos
fundamentais, a indicar em todos os casos e dos requisitos adicionais, a indicar quando
requeridos.

Como requisitos fundamentais a especificação deve incluir:

 Requisito de conformidade com a NP EN 206-1:2007 [2];

Raimundo Pereira 47
Controlo Da Qualidade De Betões

 Dosagem de cimento;

 Tipo e classe de resistência do cimento;

 Razão água/cimento ou consistência, através de uma classe ou, em casos especiais, de um


valor pretendido (este deverá ser inferior em 0,02 a qualquer valor limite requerido);

 Tipo, categorias e teor máximo de cloretos dos agregados; no caso de betão leve ou
pesado, a massa volúmica máxima ou mínima dos agregados, conforme o caso;

 Máxima dimensão do agregado mais grosso e quaisquer limitações para a granulometria;

 Tipo e quantidade de adjuvantes ou adições, se utilizados;

 As origens dos adjuvantes ou adições, se utilizados, e do cimento, em substituição das


características impossíveis de definir por outros meios.

 Como requisitos adicionais os seguintes aspetos podem ser especificados através de


requisitos de desempenho e de métodos de ensaio, quando apropriados:

 As origens de alguns, ou de todo os constituintes do betão, em substituição das


características impossíveis de definir por outros meios;

 Requisitos adicionais para agregados;

 Requisito para a temperatura do betão fresco;

 Outros requisitos técnicos.

O betão de composição prescrita em norma deve ser especificado citando:

 A norma válida no local de utilização do betão, indicando os requisitos relevantes;

 A designação do betão naquela norma;

 O betão de composição prescrita em norma deve ser utilizado apenas para:

 Betão normal para estruturas em betão simples ou armado;

48 Raimundo Pereira
Capítulo 3 – Composição e especificação do betão

 Classes de resistência à compressão especificadas no projeto ≤ C 16/20, a menos que as


disposições válidas no local de utilização do betão permitam a classe C20/25;

 Classes de exposição X0 e XC1, a menos que as disposições válidas no local de utilização


permitam outras classes de exposição.

 Para betão de composição prescrita em norma, a composição é limitada a:

 Agregados naturais de massa volúmica normal;

 Adição em pó desde que não sejam levadas em conta para a determinação da dosagem de
cimento e da razão água/cimento;

 Adjuvantes com exceção de adjuvantes introdutores de ar;


Composições que cumpram o critério de aceitação para os ensaios iniciais.

Raimundo Pereira 49
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

4 CONTROLO DA PRODUÇÃO DO BETÃO

4.1 Generalidades

Todo o betão deve ser sujeito ao controlo da produção sob responsabilidade do produtor. O
controlo da produção compreende todas as medidas necessárias para manter as propriedades
do betão em conformidade com os requisitos especificados.

Inclui:

 Seleção de materiais;

 Formulação do betão;

 Produção do betão;

 Inspeções e ensaios;

 Utilização dos resultados dos ensaios efetuados sobre os materiais constituintes, o betão
fresco e endurecido e o equipamento;

 Controlo da conformidade;

Os requisitos para o controlo da produção indicados na NP EN 206-1:2007 [2] têm em conta


os princípios da NP EN ISO 9001:2008/AC :2010 [27]. A responsabilidade, a autoridade e a
relação entre todo o pessoal que dirige, efetua e verifica o trabalho que influi na qualidade do
betão devem ser definidas num sistema de controlo da produção documentado (manual do
controlo da produção), particularmente no que diz respeito pessoal que precisa de
dependência e autoridade dentro da organização para minimizar o risco de betão não
conforme e para identificar e mencionar qualquer problema de qualidade.

4.2 Sistema de controlo de produção

Deve ser revisto pela direção do produtor, pelo menos de dois em dois anos, para assegurar a
aptidão e eficácia do sistema. Os registos de tais revisões devem ser conservados, pelo menos,
durante 3 anos, a não ser que obrigações legais exigem um período mais longo.

Raimundo Pereira 51
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 25 – Controlo dos materiais constituintes


Material
Numeração Inspeção / Ensaio Objetivo Frequência mínima
Constituinte
Inspeção da guia de Assegurar que o fornecimento está
1 Cimentos a remessa d antes da conforme o pedido e é da origem Cada Entrega
descarga correta
Inspeção da guiada e Assegurar que o fornecimento está
2 remessa b, d antes daconforme o pedido e é da origem Cada Entrega
descarga correta
Cada Entrega;
Comparar com a aparência normal Se a entrega é por correia
Inspeção do agregado
3 no que respeita à granulometria, transportadora, periodicamente em
antes da descarga
forma e impurezas função das condições locais ou de
entrega
Primeira entrega de nova origem
quando o fornecedor não disponibiliza
Análise
Avaliar a conformidade com a esta informação;
granulométrica de
4 norma ou outra granulometria Em caso de dúvida, após a inspeção
acordo com a EN
acordada visual;
Agregados 933-1*
Periodicamente, em função das
condições locais ou de entrega e
Primeira entrega de nova origem
quando o fornecedor não disponibiliza
esta informação;
Determinação de Avaliar a presença e a quantidade
5 Em caso de dúvida, após a inspeção
impurezas de impurezas
visual;
Periodicamente, em função das
condições locais ou de entrega e
Determinação da Primeira entrega de nova origem
absorção de água, Avaliar a dosagem efetiva de água quando o fornecedor não disponibiliza
6
segundo a EN 1097-6 do betão, ver 5.4.2 esta informação;
* Em caso de dúvida
Controlo Primeira entrega de nova origem quando o
adicional dos fornecedor não disponibiliza esta informação;
Ensaio segundo a EN
7 agregados Medir a Baridade Em caso de dúvida, após a inspeção visual;
1097-3 *
leves ou Periodicamente, em função das condições locais
pesados ou de entrega e
Inspeção da guia de
Assegurar que o fornecimento está
remessa e da etiqueta
8 conforme o pedido e está Cada entrega
do contentor d antes
adequadamente marcado
da d antes da descarga
Adjuvantes C
Identificação segundo
a EN 934-2*, p.e., Comparar com os dados do
9 Em caso de dúvida
massa volúmica, fabricante
infravermelhos
Inspeção da guia de Assegurar que o fornecimento está
10 remessa d antes da conforme o pedido e é da origem Cada entrega
Adições em Pó descarga correta
C
Determinação da Identificar alterações no teor de Cada entrega para ser utilizada em betão com ar
11 perda ao fogo das carbono que possam afetar o betão introduzido quando o produtor não disponibiliza
cinzas volantes com ar introduzido esta informação
a
Recomenda-se que sejam colhidas e armazenadas amostras, uma vez por semana e de cada tipo de cimento, para ensaio em
caso de dúvida.
b
A guia de remessa ou a ficha técnica do produto devem também conter informação sobre o teor máximo de cloretos e devem
possuir uma classificação respeitante às reações álcalis-sílica de acordo com as disposições válidas no local de utilização do
betão**.
c
Recomenda-se que sejam colhidas e armazenadas amostras de cada entrega.
d
A guia de remessa deve conter ou ser acompanhada de uma declaração ou certificado de conformidade como requerido na
norma ou especificação relevante.
e
Não é necessário quando o controlo da produção do agregado está certificado

52 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

Quadro 26 – Controlo do equipamento

Equipamento Inspeção / Ensaio Objetivo Frequência mínima

Pilhas de armazenamento, Assegurar conformidade


1 Inspeção visual Uma vez por semana
contentores, Etc. com os requisitos
Assegurar que o
Inspeção visual do equipamento de pesagem
2 Diariamente
funcionamento está limpo e funciona
corretamente
Equipamento de Pesagem
Quando da instalação;
Verificação da exatidão Assegurar com exatidão periodicamente a em função das
3
da pesagem está de acordo com 9,6,2,2 disposições nacionais; Em caso
de dúvida
Assegurar que o
Inspeção visual do Primeira utilização do dia para
4 Doseadores de adjuvantes equipamento está limpo e
funcionamento cada adjuvante
(incluindo os montados nos funciona corretamente
camiões betoneira) Quando da instalação;
Verificação da exatidão
5 Evitar dosagens erradas periodicamente a após instalação;
dosagem
Em caso de dúvida
Quando da instalação;
Verificação da exatidão Assegurar com exatidão
6 Contador de Água periodicamente a após instalação;
da medição está de acordo com 9,6,2,2
Em caso de dúvida
Equipamento para medição
Comparação da Quando da instalação;
contínua do teor de a
7 quantidade real com a Assegurar exatidão Periodicamente após a
humidade dos agregados
leitura do aparelho instalação; Em caso de dúvida
finos
Assegurar o funcionamento
8 Sistema de dosagem Inspeção Visual correto do equipamento de Diariamente
dosagem
Comparação (por método
adequado em função do
sistema de dosagem) da
massa real dos Assegurar a exatidão do Quando da instalação;
9 Sistema de dosagem constituintes com a sistema de dosagem de periodicamente a após instalação;
massa pretendida, no acordo com o Quadro 21 Em caso de dúvida
caso da dosagem
automática, com a massa
registada
Calibração segundo as
10 Equipamento de ensaio normas nacionais ou EN Verificar a conformidade Periodicamente a)
relevantes
Verificar o desgaste do
Betoneiras (incluindo Inspeção visual do
11 equipamento de Periodicamente a
autobetoneiras) funcionamento
amassadura
a)
A frequência depende do tipo de equipamento, da sua sensibilidade durante o uso e das condições de produção da central

O sistema de controlo da produção deve incluir procedimentos e instruções que devem ser
estabelecidos respeitando os requisitos de controlo estabelecidos nos Quadro 25, Quadro 26 e
Quadro 27.

Raimundo Pereira 53
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 27 – Controlo dos procedimentos de produção e das propriedades do betão

Nú Tipo de ensaio Inspeção / Ensaio Objetivo Frequência mínima


Provar que as
propriedades
Propriedades do betão Antes do uso de uma
Ensaios iniciais (ver especificadas são
1 de comportamento nova composição de
anexo A) satisfeitas com uma
especificado betão
margem adequada pela
composição proposta
Se não for contínua,
diariamente, podendo
Sistema de medição Determinar a massa seca ser necessária uma
Teor de humidade dos
2 contínua, ensaio de do agregado e a água a frequência maior ou
agregados finos
secagem ou equivalente adicionar menor dependendo das
condições locais e
atmosféricas
Determinar a massa seca Dependendo das
Teor de humidade dos Ensaio de secagem ou
3 do agregado e a água a condições locais e
agregados grossos equivalente
adicionar atmosféricas
Dosagem de água do Verificar a quantidade de Fornecer o valor para a
4 Cada amassadura
betão fresco água adicionada a razão água/cimento
Quando se realizam
Assegurar que o máximo ensaios iniciais; No
Teor de cloretos Determinação inicial por
5 teor de cloretos não é caso dum aumento no
do betão cálculo
excedido teor de cloretos dos
constituintes
Comparar com
6 Inspeção visual Cada amassadura
aparência normal
Quando a consistência
for especificada,
Avaliar o cumprimento
frequência igual à do
Determinação da dos valores especificados
Consistência Quadro 13 para a
consistência segundo a da consistência e
7 Resistência à
EN 12350-2*, -3*, -4* ou verificar possíveis
compressão; Quando se
– 5* variações da dosagem de
determina o teor de ar;
água
Em caso de dúvida após
inspeção visual
Supervisionar a
Determinação da massa amassadura do betão
Massa volúmica do
8 volúmica segundo a EN leve e do betão pesado e Diariamente
betão fresco
12350-6* controlar a massa
volúmica
Dosagem de cimento Verificar a massa de Verificar a massa de
9 Cada amassadura
do betão fresco cimento da amassadura a) cimento da amassadura a)
Verificar a dosagem de
Dosagem de adições do Verificar a massa de adições e fornecer o
10 Cada amassadura
betão fresco cimento da amassadura a) valor para a razão
água/cimento (ver 5.4.2)
Verificar a massa ou
Dosagem de adjuvantes Verificar a dosagem de
11 volume e adjuvantes da Cada amassadura
do betão fresco adjuvantes
amassadura a)
Avaliar o cumprimento
Razão água/cimento do Por cálculo ou por ensaio, Diariamente, quando
12 da razão agua / cimento
betão fresco ver 5.4.2 especificado
especificada
Para betões com ar
Ensaio segundo a EN
introduzido: primeiras
Teor de ar do betão 12350-7* para o betão Avaliar o cumprimento
amassaduras ou cargas
13 fresco, quando normal e para o betão do teor de ar
de cada dia de
especificado pesado; ASTM C 173 especificado
produção até que os
para o betão leve
valores estabilizem

54 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

Quadro 27 (Continuação) – Controlo dos procedimentos de produção e das propriedades do


betão

Em caso de dúvida;
Quando a temperatura
for especificada: -
Avaliar cumprimento da
periodicamente,
Temperatura do betão temperatura mínima de 5
14 Medir Temperatura dependendo da
fresco ºC ou do limite
situação; - cada
especificado
amassadura ou carga
quando a temperatura
está perto do limite
Quando a massa
volúmica for
Massa volúmica do Avaliar o cumprimento
Ensaio segundo a EN especificada,
15 betão leve ou do betão da massa Volúmica
12390- 7 * b) frequência igual à da
pesado Endurecido especificada
resistência à
compressão
Quando a resistência
for especificada,
Ensaio de resistência à
Ensaio segundo a EN Avaliar o cumprimento da frequência igual à do
16 compressão em provetes
12390- 3 * b) resistência especificada controlo da
de betão moldados
conformidade, ver 8.1
e 8.2.1
a)
Quando não é usado equipamento de registo e as tolerâncias da dosagem são excedidas para a amassadura ou carga, registar
a quantidade doseada no registo da produção.
b)
Pode também ser ensaiado em condições saturadas, desde que esteja estabelecida uma relação segura com a massa
volúmica seca.

As frequências pretendidas para os ensaios e inspeções efetuadas pelo produtor devem ser
encontrar-se escritos. Os resultados dos ensaios e das inspeções devem ser registados. Todos
os dados significativos do controlo da produção devem ser registrados (Quadro 28). Estes
registos devem ser conservados, mais ou menos durante 3 anos, a não ser que obrigações
legais exigem um período mais longo.

Raimundo Pereira 55
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 28 – Registos e outros documentos, se relevantes


Assunto Registos e outros documentos

Requisitos especificados Especificação contratual ou resumo dos requisitos

Cimentos, Agregados, adjuvantes adições Nome dos fornecedores e da origem

Ensaios da água de amassadura (não requeridos para a agua


Data e local da amostragem resultados dos ensaios
potável)

Ensaios dos materiais constituintes Data e resultados dos ensaios

Descrição do betão
Registos das pesagens dos constituintes por amassadura
ou carga ( p.e., dosagem de cimento )
Composição do betão
Razão água/cimento
Teor de cloretos
Código do membro da família
Data e local da amostragem Localização na estrutura, se
conhecida Consistência (método usado e resultados )
Massa volúmica, se requerida
Temperatura do betão, se requerida
Ensaios do betão fresco
Teor de ar, se requerido
volume da amassadura ou da carga ensaiada
Números e códigos dos provetes a ensaiar
Razão água / Cimentos, se requerida
Data dos Ensaios
Códigos e idades dos provestes
Resultados dos ensaios da massa volúmica e da
Ensaios do Betão Endurecido
resistência
Notas especiais ( Por exemplo - Padrão de rotura
anormal do provete)
Conformidade / Não. Conformidade com as
Avaliação da conformidade
especificações
Nome do Cliente
Local da Obra, P.E. Local da Construção
Adicionalmente para o betão pronto Números e datas das guias de remessas relativas aos
ensaios
Guias de Remessa
Podem ser requeridos dados adicionais ou diferentes
Adicionalmente para o betão pré-fabricado
pela norma de produto relevante

No caso duma nova composição de betão, devem ser executados ensaios iniciais para verificar
se o betão tem as propriedades especificadas ou o desempenho pretendido com uma margem
adequada (Anexo A da NP EN 206-1:2007 [2]). Quando houver experiência de longa duração
com um betão ou uma família de betões semelhantes, os ensaios iniciais não são requeridos.

Todas as composições de betão devem ser revistas periodicamente para garantir que ainda
estão conformes com os requisitos, tendo em conta as alterações nas propriedades dos
materiais constituintes e os resultados dos ensaios de conformidade das composições de betão.

Os conhecimentos, a formação e a experiência do pessoal envolvido na produção e no


controlo da produção devem ser adequados ao tipo de betão, p.e., betão de elevada resistência,

56 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

betão leve. Devem ser mantidos registos apropriados da formação e da experiência do pessoal
envolvido na produção e no controlo da produção. Em alguns países, há requisitos especiais
relativos ao nível de conhecimentos, de formação e de experiência para diferentes tarefas.

Os materiais constituintes devem ser armazenados e manuseados de forma que as suas


propriedades não se alterem significativamente, p.e. por ação do clima, por mistura ou
contaminação, e que a conformidade com a norma respetiva se mantenha. Os compartimentos
de armazenamento devem ser claramente identificados de modo a evitar erros na utilização
dos materiais constituintes. Devem ser tidas em conta as instruções especiais dos fornecedores
dos materiais constituintes. Devem existir equipamentos para a recolha de amostras
representativas, p.e. em pilhas, silos e contentores.

No doseamento do betão deve estar documentada e disponível uma instrução de doseamento,


pormenorizando o tipo e quantidade dos materiais constituintes. A tolerância de doseamento
dos materiais constituintes não deve exceder os limites estabelecidos no Quadro 29 para
quantidades de betão iguais ou superiores a 1 m3. Quando certo número de amassaduras são
misturadas ou voltadas a misturar num camião betoneira, as tolerâncias do Quadro 29
aplicam-se à carga. Os cimentos, os agregados e as adições em pó devem ser doseados em
massa; são permitidos outros métodos se a tolerância do doseamento requerida puder ser
obtida e se tal facto estiver documentado. A água de amassadura, os agregados leves, os
adjuvantes e as adições líquidas podem ser doseados em massa ou em volume. A exatidão do
equipamento de pesagem deve ser no mínimo a apresentada no Quadro 30.

A amassadura do betão deve ser feita numa betoneira capaz de assegurar uma distribuição
uniforme dos materiais constituintes e uma consistência uniforme do betão dentro do tempo
de amassadura e para a capacidade de mistura. A mistura dos materiais constituintes deve
continuar até o betão ter uma aparência uniforme.

Raimundo Pereira 57
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 29 – Tolerâncias para o doseamento dos materiais constituintes

Material constituinte Tolerância


Cimento
Água
+/- 3% da quantidade requerida
Total dos Agregados
Adições, quando> 5 % da massa do cimento
Adjuvantes e adições quando <ou = 5% da massa do cimento +/- 5% da quantidade requerida

As betoneiras não devem ser carregadas para além da sua capacidade nominal de amassadura.
Os adjuvantes, quando utilizados, devem ser adicionados durante o processo de amassadura,
com exceção dos superplastificantes ou dos redutores de água, que podem ser adicionados
após esse processo. Neste último caso, o betão deve voltar a ser amassado até que o adjuvante
fique completamente disperso na amassadura ou na carga e se tenha tornado totalmente
eficaz. Numa autobetoneira, a duração da re-amassadura após o processo principal de
amassadura e após a adição do adjuvante não deverá ser inferior a 1 min/m 3, com o mínimo
de 5 min.

Para betão leve com agregados não saturados, o período desde a amassadura inicial até ao fim
da última amassadura (p.e. re-amassadura numa autobetoneira) deve ser prolongado até que a
absorção de água dos agregados e subsequente expulsão do ar dos agregados leves, não tenha
qualquer impacto negativo significativo nas propriedades do betão endurecido. A composição
do betão fresco não deve ser alterada depois de sair da betoneira.

Quadro 30 – Exatidão do equipamento de pesagem

Posição no campo de medida da escala ou Exatidão


do indicador digital na instalação em operação
De 0 a 1/4 do valor máximo da escala ou 0,5% 1,0%
do indicador digital
De 1/4 do valor máximo da escala ou do indicador digital
De 1/4 do valor máximo da escala ou do 0,5% 1,0%
indicador digital
Da leitura feita

Os tipos e a frequência das inspeções e dos ensaios dos materiais constituintes devem ser os
estabelecidos no Quadro 25. O controlo do equipamento deve assegurar que as instalações de
armazenamento, o equipamento de pesagem e de medição volumétrica, a betoneira e os
dispositivos de controlo (p.e., a medição do teor de água dos agregados) estão em boas
condições de funcionamento e satisfazem os requisitos da NP EN 206-1:2007 [2]. A
frequência das inspeções e dos ensaios do equipamento (enquanto em utilização) é dada no
Quadro 26.

58 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

Quadro 31 – Controlo dos materiais constituintes (betão de alta resistência)


Material
Numeração Inspeção / Ensaio Objetivo Frequência mínima
Constituinte
Análise granulométrica Verificar o Cada fornecimento, a não ser que os
de acordo com a EN 933- cumprimento da agregados sejam fornecidos com
4 Agregados
1* ou informação do granulometria tolerâncias apertadas e com um
fornecedor dos agregados acordada certificado do controlo da produção
Cada fornecimento, a não ser que os
Comparar com o
Determinação do teor de resultados dos ensaios do
9a valor declarado na
resíduo seco fornecimento sejam facultados pelo
ficha técnica
fornecedor; Em caso de dúvida.
Adjuvantes a)
Comparar com o
Determinação da massa
9b valor da massa Cada fornecimento
volúmica
volúmica declarada
Identificar alterações
Cada fornecimento, a não ser que os
no teor de carbono
Determinação perda ao resultados dos ensaios do
11 Adições em pó que podem afetar as
fogo fornecimento sejam facultados pelo
propriedades do
fornecedor
betão fresco
a) Recomenda-se a colheita e conservação de amostras de cada fornecimento.

A central, o equipamento e os meios de transporte devem estar sujeitos a um plano de


manutenção e devem ser mantidos em condições de funcionamento eficiente para que as
propriedades e a quantidade de betão não sejam afetadas. As propriedades do betão de
comportamento especificado devem ser controladas em relação aos requisitos especificados
no Quadro 27.

Podem ser necessários requisitos adicionais para o controlo da produção de alguns betões.
Para a produção de betão de alta resistência, requerem-se conhecimentos e experiência
especiais. O Anexo H (informativo) da NP EN 206-1:2007 [2] dá alguma orientação relativa a
disposições adicionais para betão de alta resistência (Quadro 31 a Quadro 33).

4.3 Entrega do betão fresco

4.3.1 Informação do utilizador do betão para o produtor


O utilizador deve acordar com o produtor:

- A data, a hora e a cadência da entrega;

e, quando apropriado, informar o produtor acerca de:

- Transporte especial no local;

Raimundo Pereira 59
Controlo Da Qualidade De Betões

- Métodos especiais de colocação;

- Limitações dos veículos de entrega, p.e., tipo (equipamento agitador/não agitador), tamanho,
altura ou peso bruto.

Quadro 32 – Controlo do equipamento (betão de alta resistência)


Numeração Equipamento Inspeção / Ensaio Objetivo Frequência mínima

Verificar a
Pilhas de
1 Inspeção visual conformidade com os Diária
armazenamento,
requisitos
silos, etc.

Equipamento de Determinação da exatidão da Confirmar a exatidão


3a Semanal
pesagem pesagem num ponto da escala

Doseadores de
Quando a instalação;
adjuvantes
Semanalmente; após a
5 (incluindo os Determinação da exatidão Obter dosagens
instalação; Em caso de
montados em
dúvida.
camiões betoneira)
Quando da instalação;
Verificar a exatidão
Comparação do valor real Semanalmente, após a
6a Contador de água de acordo com a
com a leitura do aparelho instalação; Em caso de
seção 9.7
dúvida.
Equipamento de Quando da instalação;
medição contínua do Comparação do teor real Semanalmente, após a
7 Verificar a exatidão
teor de humidade com a leitura do aparelho instalação; Em caso de
dos agregados finos dúvida.
Comparação (por um método
adequado em função do Quando da primeira
Verificar a exatidão
sistema de dosagem) da instalação; Em caso de
do doseamento de
9 Sistema de dosagem massa real dos constituintes dúvida em instalações
acordo com o Quadro
com a massa pretendida e no posteriores; Mensalmente,
21
caso de dosagem automática após a instalação.
com a massa registada

A norma NP EN 206-1 de 2007 não requer que a informação seja dada num formato
específico, pois este dependerá da relação entre o produtor e o utilizador, p.e., no caso de
betão fabricado no local ou de produtos prefabricados de betão, o produtor e o utilizador do
betão podem ser a mesma entidade.

4.4 Informação do produtor do betão para o utilizador

O utilizador pode requerer informação sobre a composição do betão, para permitir uma
colocação e cura apropriadas do betão fresco, assim como para estimar o desenvolvimento da
resistência. Tal informação deve ser dada pelo produtor, se solicitada antes da entrega. Para o
betão de comportamento especificado, deve ser dada, quando solicitada, a seguinte
informação:

60 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

- Tipo de adjuvantes, tipo e dosagem aproximada de adições, se utilizados;

- Razão água/cimento pretendida;

- Resultados dos ensaios anteriores do betão, p.e., resultantes do controlo de produção ou de


ensaios iniciais;

- Desenvolvimento da resistência;

- Origens dos materiais constituintes.

Quadro 33 - Controlo dos procedimentos de produção e das propriedades do betão de alta


resistência
Inspeção /
Numeração Tipo de ensaio Objetivo Frequência mínima
Ensaio
Diariamente; Dependendo
Teor de humidade Ensaio de Determinar a massa dos das condições atmosféricas
3 dos agregados secagem ou agregados e a água a locais podem ser requeridos
grossos equivalente adicionar ensaios mais ou menos
frequentes.
Dosagem da água Registo a) da
Fornecer informação para a
4 adicionada do betão quantidade de Cada amassadura
razão água/cimento
fresco água adicionada

Registo a) da Verificar dosagem de


Dosagem de
quantidade de cimento e fornecer
9 cimento do betão Cada amassadura
cimento informação para a razão
fresco
adicionado água/cimento

Registo a) da
quantidade de Verificar a dosagem de
10 Dosagem de adições Cada amassadura
adições adições
adicionadas

a)Para a produção de betao de alta resistencia, recomenda a utilização de equipamento de pesagem com registo
automatico.

No caso do betão pronto, a informação, quando solicitada, pode também ser facultada por
referência ao catálogo das composições do betão do produtor, no qual são dados pormenores
acerca das classes de resistência, classes de consistência, dosagens e outra informação
relevante.

Para a determinação da duração da cura, a informação sobre o desenvolvimento da resistência


do betão pode ser dada sob a forma indicada no Quadro 34 ou por uma curva de
desenvolvimento da resistência a 20 ºC entre os 2 e os 28 dias.

Raimundo Pereira 61
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 34 – Desenvolvimento da resistência do betão a 200C

Desenvolvimento da resistência Estimativa da razão de resistência fcm,2/fcm,28


Rápido ≥0,5
Médio ≥0,30< 0,5
Lento ≥0,15va < 0,3
Muito Lento < 0,15

A razão de resistências, indicador do desenvolvimento da resistência, é a razão entre a


resistência à compressão média aos 2 dias (fcm,2) e a resistência à compressão média aos 28
dias (fcm,28), determinada a partir de ensaios iniciais ou baseada no desempenho conhecido
de um betão com uma composição comparável.

O produtor deve informar o utilizador relativamente aos riscos de saúde que podem ocorrer
durante o manuseamento do betão fresco, de acordo com as disposições válidas no local de
utilização do betão fresco.

Quando o cimento é misturado com a água, libertam-se álcalis. Deste modo, as disposições
nacionais quanto à segurança no manuseamento do betão fresco, nomeadamente no que
respeita aos riscos de saúde, são as seguintes:

- Devem tomar-se precauções para evitar que o betão fresco entre em contacto com os olhos,
boca e nariz. Se o betão fresco entrar em contacto com um destes órgãos, eles devem ser
lavados imediatamente com água limpa e deve procurar-se imediatamente tratamento médico;

- Deve evitar-se o contacto da pele com o betão fresco, recorrendo a vestuário de proteção
adequado; se o betão fresco entrar em contacto com a pele, esta deve ser lavada
imediatamente com água limpa.

No momento da entrega, o produtor de betão pronto deve entregar ao utilizador uma guia de
remessa por cada carga de betão. A informação que deve constar nesta guia de remessa está
indicada na NP EN 206-1:2007 [2]. Esta informação também é importante para o betão
fabricado no local, nos casos de grandes estaleiros, quando existirem vários tipos de betão ou
quando a entidade responsável pela produção do betão for diferente da entidade responsável
pela sua colocação.

62 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

Em geral, não é permitida qualquer adição de água ou de adjuvantes na entrega. Em casos


especiais, podem ser adicionados água ou adjuvantes sob a responsabilidade do produtor, com
o objetivo de atingir a consistência pretendida, desde que os limites permitidos pela
especificação não sejam excedidos e que a adição de adjuvantes esteja incluída na formulação
do betão. A quantidade suplementar de água ou de adjuvantes adicionados na autobetoneira
deve ser, em todos os casos, registada na guia de remessa.

Se no local forem adicionados ao betão numa autobetoneira mais água ou adjuvantes do que é
permitido pela especificação, a amassadura ou carga deverá ser registada como “não-
conforme” na guia de remessa. A entidade que autorizou a adição é responsável pelas
consequências daí decorrentes e deverá ser identificada na guia de remessa.

4.5 Avaliação da Conformidade

O produtor é responsável pela avaliação da conformidade dos requisitos especificados para o


betão. Com esta finalidade, o produtor deve executar as seguintes tarefas:

- Ensaios iniciais, quando requeridos;

- Controlo da produção, incluindo o controlo da conformidade.

A recomendação para inspecionar o controlo da produção e certificar a sua conformidade, por


organismos de inspeção e de certificação reconhecidos, depende do nível dos requisitos de
desempenho para o betão, da sua utilização pretendida, do tipo de produção e da margem de
segurança da composição do betão. Em geral, é recomendável a inspeção e a certificação do
controlo da produção por organismos de inspeção e de certificação reconhecidos. Tal não é
considerado necessário para o betão de composição prescrita em norma com uma elevada
margem de segurança na composição (ver anexo A.5 da NP EN 206-1:2007 [2]), utilização
limitada e classe de resistência baixa (em geral ≤ C16/20).

Para produtos prefabricados de betão, os requisitos e as disposições para a avaliação de


conformidade são dadas nas especificações técnicas relevantes (normas de produto e
aprovações técnicas).

O Anexo C (normativo) da NP EN 206-1:2007 [2] contém as disposições para a avaliação,


fiscalização e certificação do controlo da produção por um organismo reconhecido, quando tal
for requerido para o controlo da produção. Indicam-se as atribuições do organismo de

Raimundo Pereira 63
Controlo Da Qualidade De Betões

inspeção e do organismo de certificação, como avaliação inicial do controlo da produção,


fiscalização contínua do controlo da produção, certificação do controlo da produção e
medidas em caso de não-conformidade.

4.5.1 Controlo da Conformidade do Betão da Comportamento Especifico


O controlo da conformidade inclui o conjunto de ações e verificações a implementar de
acordo com as regras de conformidade previamente adotadas para verificar a conformidade do
betão com as especificações. O controlo da conformidade é uma parte integrante do controlo
da produção.

As propriedades do betão utilizadas para o controlo da conformidade são as que são medidas
por meio de ensaios apropriados usando procedimentos normalizados. Os valores reais das
propriedades do betão na estrutura podem diferir dos determinados pelos ensaios,
dependendo, p. e., das dimensões da estrutura, da colocação, da cura e das condições
climatéricas.

O local de amostragem para os ensaios de conformidade deve ser escolhido de modo que as
propriedades relevantes e a composição do betão não variem significativamente entre o local
da amostragem e o local da entrega. No caso do betão leve produzido com agregados não
saturados, as amostras devem ser colhidas no local da entrega.

4.5.1.1 Controlo da Conformidade de Resistência á Compressão

Para o betão normal e o betão pesado das classes de resistência C8/10 a C55/67 ou para o
betão leve das classes LC8/9 a LC55/60, a amostragem e os ensaios devem ser efetuados
sobre as composições individuais do betão ou sobre famílias de betões adequadamente
estabelecidas, como determinado pelo produtor, a menos que tenha sido acordado de outro
modo. Considera-se uma família de betões como sendo um grupo de composições de betão,
para as quais se encontra estabelecida e documentada uma correlação fiável entre as
propriedades relevantes. O conceito de família de betões não deve ser aplicado a betões de
classes de resistência superiores. Os betões leves não devem ser incluídos nas famílias de
betões normais. Os betões leves com agregados de semelhança comprovada podem ser
agrupados na sua própria família.

64 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

Quando se procede à escolha da família para o controlo da produção e da conformidade, o


produtor deverá ter controlo sobre todos os elementos da família e a amostragem deve ser
efetuada sobre todas as composições dos betões produzidos no seio da família. Quando
houver pouca experiência na utilização do conceito de família de betões recomenda-se para a
constituição de uma família o seguinte:

- Cimento de um tipo, classe de resistência e origem;

- Agregados de semelhança demonstrável e adições do tipo I;

- Betões com ou sem plastificantes/redutores de água;

- Gama completa de classes de consistência;

- Betões de uma gama limitada de classes de resistência.

Os betões com adições do tipo II, ou seja, adições pozolânicas ou com propriedades
hidráulicas latentes, deverão ser colocados numa família à parte. Os betões com adjuvantes
que possam ter uma influência importante na resistência à compressão, p. e.,
superplastificantes, aceleradores, retardadores de presa ou introdutores de ar, deverão ser
tratados como betões individuais ou como famílias diferenciadas.

Os agregados deverão ter a mesma origem geológica, sejam do mesmo tipo, p.e., britados, e
tenham um desempenho semelhante no betão, para que a sua semelhança seja demonstrável.

Antes da utilização do conceito de família ou da extensão das famílias acima indicadas, as


correlações deverão ser validadas com dados anteriores da produção para provar que
proporcionam um adequado e efetivo controlo da produção e da conformidade.

Quando os ensaios de conformidade forem aplicados a uma família de betões, seleciona-se


um betão de referência que pode ser o betão mais produzido ou um betão a meio da família.
Estabelecem-se correlações entre cada composição individual e o betão de referência da
família, para que seja possível a transposição dos resultados dos ensaios de resistência à
compressão de cada betão da família para o betão de referência. As correlações devem ser
verificadas em cada período de avaliação e quando existam variações significativas nas
condições de produção, com base nos resultados originais (não transpostos) dos ensaios da

Raimundo Pereira 65
Controlo Da Qualidade De Betões

resistência à compressão. Adicionalmente, quando da avaliação da conformidade da família,


tem que se confirmar que cada elemento pertence à família.

No plano de amostragem e de ensaio e nos critérios de conformidade para composição


individuais de betão ou para as famílias de betões, faz-se distinção entre a produção inicial e a
produção contínua. A produção inicial cobre o período da produção até que estejam
disponíveis os primeiros 35 resultados de ensaios. A produção contínua é atingida quando são
obtidos, pelo menos, 35 resultados de ensaios num período que não exceda os 12 meses.

Se tiver sido suspensa a produção de uma composição individual de betão, ou de uma família
de betões, durante um período superior a 12 meses, o produtor deve adotar os critérios e o
plano de amostragem e de ensaio estabelecidos para a produção inicial. O produtor pode
adotar, para a produção contínua, os critérios e o plano de amostragem e de ensaio
estabelecidos para a produção inicial.

Se a resistência é especificada para uma idade diferente, a conformidade será avaliada em


provetes ensaiados na idade especificada.

As amostras de betão devem ser selecionadas aleatoriamente e colhidas de acordo com a NP


EN 12350-1:2009 (ed.2) [28]. A amostragem deve incidir sobre cada família de betões
produzida sob condições consideradas uniformes. A frequência mínima de amostragem e de
ensaio do betão deve estar de acordo com o Quadro 35, tomando-se o valor que conduza a um
maior número de amostras para produção inicial ou contínua, conforme o caso.

Quadro 35 – Frequência mínima de amostragem para avaliação da conformidade


Frequência mínima de amostragem
3
Produção subsequente aos primeiros 50 m
Produção Primeiros 50 Betão sem controlo
3
m de produção Betão com controlo da
da produção
produção certificado
certificado
3
Inicial (até se obterem, pelo menos, 1/200 m ou 2/semana de
3 Amostras
35 resultados) produção 3
1/150 m ou 1/dia de
Continua b) (quando estiverem 3
1/400 m ou 1/semana de produção
disponíveis, pelo menos, 35
resultados) produção
3
a) A amostragem deve ser distribuída pela produção e não deve ser mais de 1 amostra por cada 25 m .
b) Quando o desvio padrão dos últimos 15 resultados for superior a 1,37 Ϭ, a frequência de amostragem
deve ser incrementada para a requerida para a produção inicial nos próximos 35 resultados de ensaio.

As amostras devem ser colhidas após qualquer adição de água ou de adjuvantes ao betão sob a
responsabilidade do produtor, sendo permitida a amostragem antes da adição de plastificantes

66 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

ou de superplastificantes para ajuste da consistência desde que tenha sido provado, através de
ensaios iniciais, que o plastificante ou superplastificantes a adicionar, na quantidade a utilizar,
não tem qualquer efeito negativo na resistência do betão.

O resultado do ensaio deve ser obtido a partir de um provete individual ou da média dos
resultados de ensaio de dois ou mais provetes fabricados de uma amostra e ensaiados com a
mesma idade. Quando de uma amostra são fabricados dois ou mais provetes e o intervalo de
variação dos resultados individuais do ensaio é maior que 15 % da média, estes resultados
devem ser desprezados a menos que uma investigação revele que existe uma razão aceitável
que justifique a eliminação de um valor de ensaio individual.

A avaliação da conformidade deve basear-se nos resultados dos ensaios obtidos durante um
período de avaliação que não deve exceder os últimos doze meses. A conformidade da
resistência à compressão do betão é avaliada em provetes ensaiados aos 28 dias (pode ser
avaliada a uma idade diferente se especificado), para:

- Grupos de “n” resultados de ensaios consecutivos, com ou sem sobreposição, fcm (critério
1);

- Cada resultado individual de ensaio fci (critério 2).

Os critérios de conformidade foram desenvolvidos com base em resultados sem sobreposição.


A aplicação dos critérios aos resultados dos ensaios com sobreposição aumenta o risco de
rejeição. A conformidade é confirmada se forem satisfeitos ambos os critérios do Quadro 36
tanto para a produção inicial como para a produção contínua

Quadro 36 – Critérios de conformidade para a resistência à compressão

Número "n" de resultados de Critério 1 Critério 2


Produção ensaios da resistência à Qualquer resultado
compressão no grupo Média dos"n" resultados (fcm) individual de ensaio (fci)
N/mm2
Inicial 3 ≥fck + 4 ≥fck - 4
Continua ≥5 ≥fck + 1,48Ϭ ≥fck - 4

Quando a conformidade for avaliada tendo como base uma família de betões, o critério 1
aplica-se ao betão de referência, tendo em conta todos os resultados transpostos dos ensaios
da família; o critério 2 aplica-se aos resultados originais dos ensaios. Para confirmar que cada
membro individual pertence à família, deve verificar-se se a média de todos os resultados não
transpostos (fcm) de um membro da família satisfaz o critério 3, apresentado no Quadro 37.

Raimundo Pereira 67
Controlo Da Qualidade De Betões

Qualquer betão que falhe este critério deve ser retirado da família e a sua conformidade
avaliada individualmente.

Quadro 37 – Critérios de conformidade para os membros da família

Critério 3
Número "n” de resultados de ensaio da
resistência à compressão de um dado betão da
família Média dos "n" resultados (fcm) de um dado betão da família N/mm2

2 ≥fck - 1,0
3 ≥fck + 1,0
4 ≥fck + 2,0
5 ≥fck +2,5
6 ≥fck +3,0

Inicialmente, o desvio padrão deve ser calculado a partir de, pelo menos, 35 resultados
consecutivos obtidos num período superior a 3 meses e que anteceda o período de produção
em que se pretende verificar a conformidade. Este valor deve ser considerado como a
estimativa do desvio padrão (σ) da população. A validade do valor adotado tem que ser
verificada durante a produção subsequente.

São permitidos dois métodos para a verificação da estimativa do valor de σ, devendo ser
previamente escolhido o método a utilizar:

- Método 1

O valor inicial do desvio padrão pode ser aplicado no período subsequente durante o qual se
pretende verificar a conformidade, desde que o desvio padrão dos últimos 15 resultados (s15)
não divirja significativamente do desvio padrão adotado. Isto é considerado válido desde que:

0,63 σ ≤ s15 ≤ 1,37 σ (4.1)

Quando o valor de s15 estiver fora destes limites, deve determinar-se uma nova estimativa de
σ a partir dos últimos 35 resultados de ensaio disponíveis.

 Método 2

O novo valor de σ pode ser estimado a partir de um sistema contínuo, adotando-se este valor.
A sensibilidade do sistema deve ser, pelo menos, igual à do método 1. A nova estimativa de σ
deve ser aplicada no período de avaliação seguinte.

68 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

Quando for necessário verificar se um determinado volume de betão pertence a uma


população avaliada como conforme quanto aos requisitos da resistência característica, p.e., se
existirem dúvidas acerca da qualidade de uma amassadura ou de uma carga ou em casos
especiais requeridos pelas especificações de projeto, esta verificação deve ser efetuada de
acordo com o Anexo B da NP EN 206-1:2007 [2].

Os ensaios de identidade indicam, através da avaliação da conformidade, feita pelo produtor


se um determinado volume de betão pertence à mesma população que foi verificada como
conforme em relação à resistência característica.

Quando se pretender efetuar ensaios de identidade, deve ser definido o volume de betão em
causa, p.e.:

 Amassadura ou carga em caso de dúvida quanto à sua qualidade;


 Betão fornecido para cada piso dum edifício ou grupo de vigas / lajes ou pilares / paredes
de um piso ou de um edifício ou partes semelhantes de outras estruturas;
 Betão entregue num local durante uma semana, mas não mais de 400 m3.

Deve ser definido o número de amostras a retirar do volume de betão em causa. O resultado
dos ensaios deve ser a média dos resultados de dois ou mais provetes duma amostra e
ensaiados à mesma idade. Se o intervalo de variação dos resultados individuais de ensaio for
superior a 15 % da sua média, os resultados não devem ser considerados, a menos que um
estudo revele uma razão aceitável que justifique a eliminação de um determinado resultado
individual de ensaio.

Para betão com certificação do controlo da produção, a identidade do betão é avaliada com
base em cada resultado individual de ensaio da resistência à compressão e na média de “n”
resultados discretos sem sobreposição, como se apresenta no Quadro 38.

Presume-se que o betão pertence à população conforme se ambos os critérios do Quadro 38


forem satisfeitos pelos “n” resultados dos ensaios de resistência de amostras colhidas do
volume de betão em causa.

Para betão sem certificação do controlo da produção, devem extrair-se pelo menos 3 amostras
do volume de betão em causa. Presume-se que o betão pertence a uma população conforme se

Raimundo Pereira 69
Controlo Da Qualidade De Betões

os critérios de conformidade estabelecidos anteriormente (Quadro 36) para a produção inicial


forem satisfeitos.

Quadro 38 – Critérios de identidade para a resistência à compressão


Número" de resultados de Critério 1 Critério 2
ensaio da resistência à
compressão de volume do betão Média dos "n" resultados (fcm) Qualquer resultado individual (fci)
em causa N/mm2 N/mm2

1 Não aplicável ≥fck - 4


2-4 ≥fck + 1 ≥fck - 4
5-6 ≥fck + 2 ≥fck - 4

A NP EN 206-1:2007 [2] apresenta ainda os planos de amostragem e os critérios de


conformidade para outras propriedades que não a resistência à compressão.

Relativamente ao controlo da conformidade do betão de composição prescrita, incluindo de


composição prescrita em norma, cada amassadura deve ser avaliada quanto à conformidade da
dosagem de cimento, máxima dimensão e proporções dos agregados, se especificadas, e,
quando relevante, da razão água/cimento, da dosagem dos adjuvantes ou de adições. Quando
for necessário avaliar a conformidade da composição através da análise do betão fresco, os
métodos de ensaio e os limites de conformidade devem ser previamente acordados entre o
utilizador e o produtor, tendo em conta os limites exigidos na NP EN 206-1:2007 [2] e a
exatidão dos métodos de ensaio.

Em caso de não-conformidade, o produtor deve executar as seguintes ações:

- Conferir os resultados dos ensaios e, se inválidos, agir de forma a eliminar os erros;

- Se se confirmar a não-conformidade, p.e., através da repetição dos ensaios, implementar


ações corretivas incluindo um revisão, pela direção, dos procedimentos de controlo de
produção relevantes;

- Se existir a confirmação de uma não-conformidade com a especificação que não foi óbvia na
altura da entrega, notificar o especificador e o utilizador para evitar quaisquer danos
subsequentes;

- Registar as ações relativas aos pontos acima referidos.

Se o produtor tomou conhecimento da não-conformidade do betão ou se os resultados dos


ensaios de conformidade não cumprirem os requisitos, podem ser requeridos ensaios

70 Raimundo Pereira
Capítulo 4 – Controlo da produção do betão

adicionais sobre carotes extraídas da estrutura ou dos elementos estruturais ou uma


combinação de ensaios sobre carotes com ensaios não destrutivos na estrutura ou nos
elementos estruturais.

Raimundo Pereira 71
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
5 EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE BETÃO

5.1 Introdução

Relativamente à execução de estruturas de betão a norma NP EN 13670:2011 [10] estabelece o


nível de execução requerido quando se ligam materiais tais como betão fresco, armaduras,
elementos prefabricados de betão, etc. numa estrutura que atinge o nível de resistência
mecânica e estabilidade pretendido. Esta pré-norma tem três funções:

 Veicular para o construtor o conjunto dos requisitos estabelecidos pelo projetista e


assegurar a ligação entre o projeto e a execução;
 Disponibilizar um conjunto de requisitos técnicos normalizados para a execução quando
da contratação de uma estrutura de betão;
 Servir de lista de verificação ao projetista para que este se possa assegurar de que
fornece ao construtor toda a informação técnica necessária para a execução da estrutura
(ver Anexo A).

A norma NP EN 13670:2011 [22] pressupõe:

 A disponibilidade de um projeto completo da estrutura;


 Uma gestão do projeto encarregada da supervisão das obras que assegurará a execução
de uma estrutura conforme;
 Uma gestão do estaleiro que se encarregará da organização das obras e assegurará a
utilização correta e segura do equipamento e maquinaria, a qualidade dos materiais, a
execução de uma estrutura conforme e a sua utilização segura até à entrega das obras.

Quando forem utilizados elementos prefabricados, pressupõe ainda:

 A disponibilidade de um projeto específico dos elementos prefabricados em


conformidade com as normas correspondentes;
 A disponibilidade de uma coordenação entre o projeto dos elementos prefabricados fora
do local da obra e o dos fabricados no local da obra;
 A existência duma especificação técnica da estrutura prefabricada e das instruções para
a sua montagem;
 A existência de um responsável pela montagem e pelo pessoal que a faz.

Raimundo Pereira 73
Controlo Da Qualidade De Betões
A pré-norma NP EN 13670:2011 [22] aplica-se tanto a estruturas provisórias como definitivas.
Não se enquadram no âmbito desta pré-norma pequenas obras simples em betão e estruturas
secundárias de importância menor, definidas como tais em disposições válidas no local da
construção.

5.2 Inspeção

A supervisão e a inspeção devem assegurar que as obras são executadas em conformidade com
a NP EN 13670:2011 [22] e com as disposições das especificações de projeto. A inspeção,
neste contexto, refere-se à verificação da conformidade dos produtos e dos materiais a usar,
bem como da execução dos trabalhos.

Os requisitos de inspeção devem ser estabelecidos usando uma das seguintes 3 classes:

 Classe de inspeção 1;
 Classe de inspeção 2;
 Classe de inspeção 3.

A classe de inspeção pode dizer respeito à estrutura no seu todo, a componentes ou elementos
da estrutura ou a certos materiais/tecnologias usados na construção. As três classes de inspeção
permitem especificar a inspeção com base na importância do componente/estrutura e da
complexidade da sua execução tendo em vista a sua capacidade para desempenhar a função. A
classe de inspeção a utilizar deve ser fixada nas especificações de projeto.

O Quadro 39 fornece orientações para a escolha das classes de inspeção. As classes de inspeção
a empregar deverão estar de acordo com disposições válidas no local da construção.

A inspeção dos materiais e produtos a usar na construção são apresentados no Quadro 40.Se for
utilizado betão de composição prescrita, as propriedades relevantes devem ser avaliadas por
intermédio de ensaios. O Quadro 40 remete em parte para algumas secções da NP EN
13670:2011 [22]. O âmbito da inspeção a efetuar é apresentado no Quadro 41, exceto se
estabelecido de outro modo nas especificações de projeto. O Quadro 41 remete em parte para
algumas secções da NP EN 13670:2011 [17].

74 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
5.3 Betonagem

O betão deve ser inspecionado no local da sua colocação. Quando as especificações de projeto
requererem um programa de inspeção detalhado, este deverá identificar toda a inspeção,
monitorização e ensaios necessários para provar que a qualidade pretendida foi atingida.

Quadro 39 – Guia para a seleção das classes de inspeção

Item Classes de inspeção 1 Classes de inspeção 2 Classes de inspeção 3


Tipo de construção -Pontes correntes -Pontes especiais
Edifícios ≤ 2 andares -Edifícios> 2 andares -Edifícios de grande altura
-Grandes barragens
-Edifícios para centrais
nucleares
-Reservatórios
Tipo de elementos estruturais -Lajes e vigas em betão -Lajes e vigas em betão -Arcos e abóbadas em betão
armado com vãos < 10 m armado com vãos > 10 m armado
- Pilares e paredes simples
- Estruturas de funções -Pilares e paredes esbeltos -Elementos fortemente
simples comprimidos
-Maciços de encabeçamento -Fundações delicadas e
de estacas complicadas
-Arcos <10 m -Arcos> 10 m
Tipo de -Estruturas com elementos -Estruturas com elementos -Estruturas com elementos
construção/tecnologias prefabricados prefabricados prefabricadas
usados -Tolerâncias especiais
Tipo de materiais em obra:
Betão conforme o prEN
206:1997*):
- Classe de resistência Até C25/30 inclusive Qualquer classe de esistência Qualquer classe de esistência
- Classe de exposição X0, XC1, XC2, XA1, XF1 Qualquer classe de exposição Qualquer classe de exposição
- Armaduras Passivas Passivas e de pré-esforço Passivas e de pré-esforço

Para cada ponto a inspecionar o plano deverá estabelecer:

 Os requisitos;
 As referências normativas e as especificações de projeto;
 O método de inspeção, monitorização ou ensaio;
 A definição da secção a inspecionar;
 A frequência da inspeção, monitorização ou ensaio;
 Os critérios de aceitação;
 A documentação;
 O inspetor responsável;
 As intervenções dos representantes do dono da obra, se as houver.

Raimundo Pereira 75
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 40 – Requisitos da inspeção de materiais e produtos

Item Classes de inspeção 1 Classes de inspeção 2 Classes de inspeção 3


Material para cofragens Inspeção visual De acordo com as especificações de projeto 3)
Aço para armaduras passivas De acordo com a ENV 10080 e disposições validas no local da construção, ver 11.5.1 (1) 3)
Aço para armaduras pré- Não aplicável De acordo com a ENV 10138boubcom disposições validas
esforço no local da construção 3)
Betão fresco 1), pronto ou De acordo com o prEN 206:1997*) e com as especificações de projeto.
fabricado no estaleiro Deve ser apresentada uma guia de remessa na ocasião da entrega.3)
Outro items 2) De acordo com as especificações de projeto 3)
Produtos pré-fabricados De acordo com 11.8.2
Relatório de inspeção Não requerido Requerido
1) Os componentes moldados em obra são considerados como elementos produzidos com "betão fresco, pronto ou fabricado no
estaleiro" exceto se forem produzidos de acordo com uma norma de produto.
2) Por exemplo, elementos metálicos, etc.
3) Produtos portadores da marcação CE ou certificados por entidade independente devem ser controlados confrontando a guia de
remessa e por inspeção visual. Em caso de dúvida, deve ser levado a cabo uma inspeção ulterior para verificar a conformidade
do produto com a sua especificação**). Outros produtos deve ser submetidos a inspeção e ensaio de receção conforme definido
nas especificações de projeto**).

O plano de inspeção pode ter a forma de um quadro resumo com referências aos procedimentos
e instruções de inspeção, fornecendo os detalhes acerca da inspeção, monitorização e ensaios.

A inspeção e os ensaios relativos às operações de betonagem devem ser planeados, executados


e documentados de acordo com a classe de inspeção Quadro 39. A inspeção de base consiste
numa verificação contínua da conformidade e das regras de boa execução.

Quadro 41 – Âmbito da inspeção

Item Classes de inspeção 1 Classes de inspeção 2 Classes de inspeção 3


Andaimes, cofragens e Inspeção visual Inspeção dos andaimes, Inspeção de todos os
cimbres cofragens principais antes da andaimes, cofragens
betonagem, ver 11.4 principais antes da
betonagem, ver 11.4
Armaduras passivas Inspeção visual e medições Inspeção das armaduras Inspeção de todas as
aleatórias principais antes da armaduras principais antes
betonagem, ver 11.5.1 (2) e da betonagem, ver 11.5.1 (2)
11.5.2 e 11.5.2
Items embebidos Inspeção visual De acordo com as especificações de projeto
Aço para armaduras pré- Não aplicável Inspeção dos componentes pré-esforçados antes da
esforço betonagem, ver 11.6.2 e 11.6.3
Montagem de produtos De acordo com as especificações de projeto de montagem
prefabricados
Transporte dentro do De acordo com 11.7
estaleiro e betonagem
Cura e acabamento do betão Nenhum De acordo com 11.7

Pré-esforço das armaduras Não aplicável De acordo com 11.6.3 e 11.6.4


ativas e injeção de calda

Geometria final Não requerido De acordo com as especificações de projeto


Documentação de inspeção Não requerido Conforme requerido pela presente Pré-Norma Europeia

76 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
Quadro 42 – Requisitos do planeamento, exame e documentação

Item Classe de inspeção 1 Classe de inspeção 2 Classe de inspeção 3


Planeamento da inspeção Plano de inspeção, Plano de inspeção,
procedimentos e instruções procedimentos e instruções
conformem especificados. conforme especificados.

Ações a empreender no caso Ações a empreender no caso


duma não conformidade duma não conformidade

Inspeção Inspeção de base Inspeção de base e inspeção Inspeção pormenorizada de


aleatória pormenorizada. cada betonagem.
Documentação Registos de qualquer Todos os documentos de Todos os documentos de
acontecimento pouco usual. planeamento. planeamento.

Relatórios de todas as não Registos de todas as Registos de todas as


conformidade e das ações inspeções. inspeções.
corretivas.
Relatórios de todas as não Relatórios de todas as não
conformidades e das ações conformidades e das ações
corretivas corretivas

Os Quadro 43 a Quadro 48, contidos no Anexo G (informativo) da NP EN 13670:2011 [22],


fornecem orientações para a inspeção das operações de betonagem.

Quadro 43 – Inspeção das operações anteriores à betonagem e a produção


Item Método Requisito Classe de Classe de Classe de
inspeção 1 inspeção 2 inspeção 3
Especificação Visual prEN 26-1: 1997*) Antes do ensaio Antes do ensaio Antes do ensaio
do betão da produção da produção da produção
Inspeção da Exame dos Certificado de controlo da Novo Novo Novo
produção do certificados quando produção emitido por um fornecedor e fornecedor e fornecedor e
betão disponíveis organismo de certificação em caso dúvida em caso dúvida em caso dúvida
reconhecido (de acordo
com o prEN 206:1997*)

Inspeção visual Em alternativa, inspeção Novo Novo Novo


quando não houver da central de produção fornecedor e fornecedor e fornecedor e
inspeção por (de acordo com o prEN em caso dúvida em caso dúvida em caso dúvida
entidade 206:1997*)
independente
Planeamento da Inspeção visual Informação dizendo Informação Informação
produção respeito à produção escrita escrita

O betão deve ser especificado e produzido de acordo com a NP EN 206-1:2007 [2]. É


necessário verificar que a especificação do betão inclui todos os requisitos para execução. O
betão deve ser inspecionado no local da sua colocação. O Quadro 48 fornece indicações acerca
do nível mínimo de inspeção.

Raimundo Pereira 77
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 44 – Inspeção do betão fresco


Classes de inspeção Classes de inspeção Classes de inspeção
Assunto Método Requisito
1 2 3
Guia de remessa Inspeção Conformidade com
A cada entrega A cada entrega A cada entrega
quando aplicável Visual a especificação
A cada entrega
Inspeção A cada entrega
Quando se
Visual Consistência
Aleatória colherem
conforme exido Quando se colherem
Consistência do amostras para
Usando um Conformidade com amostras para
betão Só em caso de ensaios de
ensaio de a classe de ensaios de betão
dúvida betão
consistência consistência endurecido e em caso
endurecido e
adequado 1) de dúvida
em caso de
dúvida
Inspeção
Visual

Ensaio por "Especto


comparação de homogéneo
"A cada entrega
propriedades "A cada entrega
Homogeneidade de
de amostras As mostras Em caso de dúvida
betão Em caso de
individuais individuais devem Em caso de dúvida"
dúvida"
colhidas de ser as mesmas
partes propriedades 4)"
Diferentes de
uma mesma
amassadura 3)"
Para betão sem
Marcação CE
Para betão sem
ou qualquer
Para betão sem Marcação CE ou
outra
Ensaios de Conformidade com Marcação CE ou outra qualquer
Ensaio de identidade certificação por
acordo Com o a Classe de qualquer outra certificação por
para à resistência à entidade
prEN 206: resistência à certificação por entidade
compressão independente
1997*2) compressão entidade independente
independente
De acordo com
De acordo com as
as
especificações de
especificações
projeto
de projeto
Em caso de dúvida Em caso de dúvida
Em caso de
dúvida
Aleatória De acordo com
Aleatória
as
Ensaio no Especificação
De acordo com as
estaleiro de Conformidade com De acordo com as de projeto
Teor de ar Especificação de
acordo com o a especificação Especificação de
projeto
PrEN: 1997*1) projeto
Em caso de
Em caso de dúvida
Em caso de dúvida dúvida
3)
Outras Carat. 3)
Dosagem tipo de
Doseamento Registo A cada entrega
agente A cada entrega A cada entrega
Quando requerido
5) Quando requerido Quando requerido
Hora de chegada de Registo Quando requerido
5) Quando requerido Quando requerido
colocação Registo Quando requerido
5) Quando requerido Quando requerido
Temperatura Registo
NOTA:
1-O critério do ensaio de identidade deve ser o estabelecido no prEN 206: 1997*) para uma amostra individual.
2-Ensaios de identidade de resistência, quando requerido, por exemplo betões sem marcação CE ou sem certificação por
entidade independente
3-De acordo com normas especificadas ou acordadas.
4-Dentro da exatidão do ensaio e variabilidade acordada das tolerâncias.
5-De acordo com o prEN 206: 1997*) e as especificações de projeto.

78 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão

Quadro 45 – Inspeção das operações anteriores à betonagem


Item classe de inspeção 1 classe de inspeção 2 classe de inspeção 3
Planeamento Resultados de betonagens de ensaio Resultados de betonagens de ensaio se
da inspeção seexistem. existem
Acordo acerca de Controlo da Qualidade Acordo acerca de Controlo da Qualidade
Plano de inspeção Plano de inspeção
Lista de equipamento Lista de equipamento
Lista de operadores
Inspeção Inspeção corrente Inspeção corrente e aleatória Exame antes de cada betonagem
inspeção em caso de
dúvida Estabilidade dos cimbres e das cofragens Estabilidade dos cimbres e das cofragens

Exame visual de : Exame visual de :


-esticadores -esticadores
-estanquidade do mode -estanquidade do mode
-limpeza do molde -limpeza do molde
-quantidade de agente descofrante quantidade de agente descofrante
-saturação do molde -saturação do molde
-junta de construção junta de construção
-sequência de betonagem planeada -sequência de betonagem planeada
-acesso -acesso
-fornecimento planeado -fornecimento planeado
-recobrimento -recobrimento
Dimensões das medidas Dimensões das medidas

Devem ser minimizadas durante a carga, transporte e descarga, do mesmo modo que durante o
transporte no estaleiro, quaisquer alterações prejudiciais do betão fresco, tais como segregação,
exsudação, perda de pasta ou quaisquer outras alterações. Quando requerido, devem ser
colhidas amostras para ensaios de identidade no local de colocação ou, no caso de betão pronto,
no local de entrega.

Deve ser estabelecido nas classes de inspeção 2 e 3 um plano de betonagem e inspeção para a
execução, incluindo todas as ações importantes para a execução referidas na NP EN
13670:2011 [22]. Quando requerido no projeto, antes do início da execução deve ser feito e
documentado um ensaio inicial. Todos os trabalhos preparatórios devem estar concluídos,
inspecionados e documentados conforme requerido pela classe de inspeção antes do início da
betonagem.

Se o betão for aplicado diretamente contra o terreno ou rocha, o betão deve ser protegido de
contaminação e da perda de água. O terreno, a rocha, as cofragens ou os elementos estruturais
em contacto com a secção a betonar devem estar a uma temperatura que não origine a
congelação do betão antes de ter resistência suficiente para suportar os efeitos da congelação.

Raimundo Pereira 79
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 46 – Inspeção da colocação e da compactação


Item classe de inspeção 1 classe de inspeção 2 classe de inspeção 3
Planeamento Instruções para os operadores Instruções para os operadores
da inspeção Cadência de colocação Cadência de colocação
Sequência de colocação Sequência de colocação
Espessura da camada Espessura da camada

Desenho ou diagrama de processo


Inspeção das Inspeção de base Inspeção de base e aleatória: Inspeção da totalidade da betonagem:
superfícies
moldardes -condições atmosféricas -Condições atmosféricas
-cadência de colocação -cadência de colocação
-Sequência de colocação -Sequência de colocação
-Espessura da camada -Espessura da camada
-segregação -segregação
-consistência -consistência
-número de vibradores de agulha -número de vibradores de agulha
-diâmetro dos vibradores de agulha -diâmetro dos vibradores de agulha
-distância de penetração -distância de penetração
-profundidade de penetração -profundidade de penetração
-revibração -revibração
-vibradores aplicados a cofragens -vibradores aplicados a cofragens
-vibradores de superfície -vibradores de superfície
-movimentos do betão -movimentos do betão
-deformação do molde -deformação do molde
-fixação de peças embebidas -fixação de peças embebidas
Inspeção das Inspeção de base Inspeção de base e aleatória: Inspeção de base e aleatória:
superfícies -leitada superficial -leitada superficial
livres -uniformidade da superfície -uniformidade da superfície
-formação de crosta -formação de crosta
-momento do fim da compactação -momento do fim da compactação
-momento do acabamento -momento do acabamento
-proteção da superfície -proteção da superfície

Medição dos desvios da superfície de Medição dos desvios da superfície de


acordo com as especificações de projeto acordo com as especificações de projeto

As juntas de betonagem deverão estar limpas, isentas de leitada e convenientemente


humedecidas. Os moldes deverão estar limpos de detritos, neve, gelo e água acumulada. Os
elementos estruturais do solo deverão estar isolados com uma camada de betão de limpeza de
pelo menos 50 mm, exceto se o recobrimento das armaduras for com isso diminuído.

Se for previsível a ocorrência de temperatura ambiente inferior a 0 ºC no momento da


betonagem ou durante o período de cura, devem ser tomadas precauções para proteger o betão
contra os danos resultantes da congelação. Se for previsível a ocorrência de temperatura
ambiente elevada no momento da betonagem ou durante o período de cura, devem ser tomadas
precauções para proteger o betão contra efeitos prejudiciais.

O betão deve ser colocado e compactado de modo a assegurar que todas as armaduras e
elementos a integrar no betão ficam adequadamente embebidos de acordo com as tolerâncias
do recobrimento e que se obtém a resistência e durabilidade pretendidas. É necessário assegurar

80 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
uma compactação adequada nas mudanças de secção, em zonas apertadas, saliências, zonas de
elevada densidade de armadura e juntas de construção.

Quadro 47 – Inspeção da proteção e cura


Item classe de inspeção 1 classe de inspeção 2 classe de inspeção 3
Planeamento Procedimento de base a proteção contra a Procedimento de base a proteção contra a
da inspeção secagem prematura e a congelação secagem prematura e a congelação

Procedimento para o controlo da Procedimento para o controlo da


temperatura temperatura

Sistema de monitorização da temperatura Sistema de monitorização da temperatura


e registo da maturidade e Registo da maturidade

Cálculo do desenvolvimento e
Distribuição
da temperatura de acordo com as
especificações de projeto
Inspeção Inspeção de base Inspeção de base e aleatória: Inspeção de base e aleatória:
-Proteção contra a secagem prematura, -Proteção contra a secagem prematura,
maturidade maturidade
-Proteção contra a congelação -Proteção contra a congelação
-Tempo de descofrarem, maturidade -Tempo de descofrarem, maturidade
-Diferentes de temperatura -Diferentes de temperatura

Quadro 48 – Inspeção das operações pós betonagem


Item classe de inspeção 1 classe de inspeção 2 classe de inspeção 3
Planeamento da Instrução para inspeção de acordo com as especificações de projeto
inspeção
Inspeção Verificação geométrica Verificação das geometrias
Inspeção de base
Resistência e maturidade na idade de descofragem

Aspeto da superfície:
-Buracos
-Ninhos de brita
-Perda de leitada
-Bolhas
-Fissuras
-Abertura de fissuras

Ligações:
-Varões de espera
-Parafusos ou varões roscados
-Inserções
-Acessórios

Recobrimento:
-Verificação com medidor de recobrimento se requerido pelas
especificações de projeto

O ritmo de colocação e compactação deve ser suficientemente elevado para evitar juntas frias e
suficientemente baixo para evitar assentamentos excessivos ou sobrecarga nos cimbres e nas
cofragens. Pode formar-se uma junta fria durante a aplicação do betão se o betão da frente de
betonagem fizer presa antes da aplicação e compactação da camada seguinte. Podem ser

Raimundo Pereira 81
Controlo Da Qualidade De Betões
necessários requisitos adicionais quanto ao processo de colocação em zonas em que forem
estabelecidos requisitos especiais a respeito do acabamento da superfície.

A segregação deve ser minimizada tanto quanto possível durante a colocação e compactação. O
betão deve ser protegido contra a radiação solar, vento forte, congelação, água, chuva e neve
durante a colocação e compactação. O betão leve não deve ser bombado a não ser que,
comprovadamente, a bombagem não afete significativamente a resistência do betão endurecido.

O anexo E (informativo) da NP EN 13670-1:2011 [22] intitula-se “Guia sobre betonagem”.


Contém indicações sobre:

 Entrega, receção e transporte no estaleiro do betão fresco;


 Operações antes da betonagem;
 Colocação e compactação;
 Proteção e cura.

No que diz respeito à colocação e compactação são apresentadas regras complementares às que
incluídas no corpo principal da pré-norma. A seguir mencionam-se algumas dessas regras:

 A compactação deverá ser efetuada por vibração interna, a não ser que seja acordado de
outro modo;
 O betão deverá ser colocado tanto quanto possível perto da sua posição final;
 A vibração deve ser utilizada para compactar o betão e não como meio de
movimentação do betão a distâncias apreciáveis;
 A vibração com agulha ou com vibradores acoplados aos moldes deverá ser aplicada
sistematicamente após a colocação e até que a expulsão do ar seja completa e tenha
praticamente cessado;
 Deverá ser evitado um excesso de vibração que possa provocar o enfraquecimento das
camadas superficiais ou a segregação;
 A espessura da camada de betão colocada deverá ser normalmente inferior ao
comprimento da agulha do vibrador;
 A vibração deverá ser sistemática e incluir a revibração da faixa superior da camada
anterior;
 Quando se utilizarem cofragens perdidas, deverá ser levada em conta a energia que elas
absorvem na escolha do método de compactação e na consistência do betão;

82 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
 Em secções de grande altura, recomenda-se voltar a compactar a camada superficial
para compensar o assentamento plástico por baixo da armadura superior;
 Não deverá ser adicionada água, cimento, endurecedores de superfície ou outros
materiais durante as operações de acabamento, a não ser que tal esteja especificado ou
acordado.

O betão nas idades jovens deve ser objeto de cura e proteção:

 Para minimizar a retração plástica;


 Para assegurar uma resistência superficial adequada;
 Para assegurar uma durabilidade adequada na zona superficial;
 Para assegurar resistência à congelação;
 Para o proteger contra vibrações prejudiciais, impacto ou danos.

Se for utilizado betão de alta resistência, deverá ser prestada especial atenção à prevenção da
fissuração por retração plástica. Os métodos de cura devem permitir obter baixas taxas de
evaporação da superfície do betão ou manter esta permanentemente húmida. A cura natural é
suficiente quando as condições atmosféricas durante o período de cura requerido forem tais que
a taxa de evaporação da superfície do betão seja baixa, por exemplo, em clima húmido,
chuvoso ou enevoado.

Para betões submetidos a ambientes correspondentes às classes de exposição ambiental X0 e


XC1, e só para estes, a duração mínima de cura deve ser de 12 h, desde que o início de presa
não exceda 5 h, e a temperatura da superfície do betão seja igual ou superior a 5 ºC.

A não ser que esteja especificado de outro modo em disposições válidas no local da construção,
devem aplicar-se as seguintes regras:

 O betão utilizado em ambientes correspondentes às classes de exposição diferentes de


X0 e XC1 deve ser curado até que a resistência da superfície tenha atingido, no mínimo,
50 % da resistência característica à compressão;
 Este requisito pode ser transformado em períodos de cura nas normas nacionais ou em
disposições válidas no local da construção ou pode considerar-se satisfeito se forem
cumpridos os períodos estabelecidos no Quadro 49.

Relativamente ao Quadro 49, o Documento Nacional de Aplicação da NP EN 13670-1:2008


[17] refere que o desenvolvimento da resistência do betão é o seguinte:

Raimundo Pereira 83
Controlo Da Qualidade De Betões
 Médio: 0,5 <r ≤ 0,3
 Lento: 0,3 <r ≤ 0,15.

Não se aplica portanto a Nota 2 do Quadro 49 que permite interpolação linear entre os valores
das linhas. Os períodos de cura indicados no Quadro 49 devem ser duplicados, pelo menos, no
caso de superfícies de betão sujeitas à abrasão.

Quadro 49 – Períodos de cura mínimos para as classes de exposição da norma


NP EN 206-1:2007 [2] diferentes de X0 e XC1
1) 2)
Período mínimo de cura em dias
4)
Desenvolvimento da resistência do betão
Temperatura da superfície
do betão (t) em °C
(fcm2/fcm28) =r
Rápido Médio Lento Muito
r ≥ 0,50 r=0,30 r=0,15 r<0,15
t ≥ 15 1,0 1,5 2,0 3,0
25>t≥ 15 1,0 2,0 3,0 5,0
15>t≥ 10 2,0 4,0 7,0 10,0
3)
10>t≥5 3,0 6,0 10,0 15,0
NOTA:
1) Mais o período de presa que exceda 5 h.

2) É aceitável a interpolação linear entre os valores nas linhas**)

3) Para temperaturas inferiores a 50C, a duração deve ser prolongada por um período igual ao tempo em que a
temperatura foi inferior a 50C.

4) O desenvolvimento de resistência do betão, r, é a razão entre a resistência média à composição aos 2 d e a


resistência média à compressão aos 28 d determinados por ensaios prévios ou baseados em comportamento
conhecido de betões de composição comparável (ver prEN 206: 1997*).

Para a cura são adequados os seguintes métodos, usados separadamente ou em sequência:

 Manutenção das cofragens no seu lugar;


 Cobertura do betão com capas impermeáveis ao vapor fixadas nos extremos e nas juntas
para evitar dissecação por correntes de ar;
 Colocação de coberturas húmidas sobre a superfície e manutenção do seu estado de
humidade;
 Manutenção da superfície do betão visivelmente húmida com água adequada;
 Aplicação de uma membrana de cura de aptidão estabelecida.

Podem ser utilizados outros métodos de cura de igual eficácia. Não é permitida a utilização de
membranas de cura em juntas de construção, em superfícies a tratar ou superfícies em que seja

84 Raimundo Pereira
Capítulo 5 – Execução de estruturas de betão
pretendida a aderência a outros materiais, exceto se estas forem totalmente removidas antes da
operação subsequente ou se provar que não têm efeitos prejudiciais nas operações
subsequentes.

Exceto se for permitido nas especificações de projeto, as membranas de cura não devem ser
utilizadas em superfícies especiais de acabamento.

Se o desenvolvimento das propriedades do betão for medido pela evolução da temperatura, a


relação entre a resistência e a temperatura deverá ser estabelecida pelo organismo nacional de
normalização. As estimativas de desenvolvimento das propriedades do betão podem basear-se
num dos seguintes métodos:

 Cálculo da maturidade a partir de medições da temperatura efetuadas a uma


profundidade máxima de 10 mm abaixo da superfície;
 Cálculo da maturidade baseada na média diária de temperatura do ar;
 Cura de provetes seguindo a temperatura da obra;
 Outros métodos, de aptidão estabelecida.

Exceto se for especificado de outro modo nas disposições válidas no local da construção, a
temperatura máxima do betão num elemento não deve exceder 65 ºC, a não ser que exista
informação que prove que, com a combinação dos materiais que foi usada, temperaturas mais
elevadas não terão efeitos adversos significativos no comportamento em serviço do betão. Os
possíveis efeitos adversos de altas temperaturas no betão durante a cura incluem:

 Redução significativa de resistência;


 Aumento significativo da porosidade;
 Formação de etringite retardada;
 Aumento da diferença de temperatura entre o elemento betonado e o elemento
previamente betonado.

Os requisitos para cura acelerada por aplicação interior ou exterior de calor e para o
arrefecimento de secções com tubagens de arrefecimento embebidas não são apresentados na
NP EN 13670-1:2011 [22].

Após a descofragem, todas as superfícies devem ser inspecionadas de acordo com a classe de
inspeção, para avaliar a sua conformidade com os requisitos. A superfície deve ser protegida
contra todos os danos e deteriorações durante a construção. Qualquer requisito respeitante aos

Raimundo Pereira 85
Controlo Da Qualidade De Betões
ensaios “in situ” do betão endurecido, à sua frequência e aos critérios de conformidade deve
estar de acordo com as especificações de projeto.

A execução com betão especial, tal como betão de agregados leves, betão de resistência
elevada, betão de agregados pesados, betão submerso, etc., deve estar conforme com as
disposições válidas no local da construção, procedimentos acordados ou métodos conhecidos
ou comprovados.

O betão para cofragens deslizantes deve ter uma presa adequada. O deslizamento das cofragens
deve ser efetuado com equipamento adequado e de acordo com métodos que garantam a
obtenção do recobrimento das armaduras especificado, da qualidade do betão e do acabamento
da superfície. A utilização de cofragens deslizantes deverá ser controlada por um especialista.
Deverá ser prestada especial atenção para controlar a velocidade de deslize das cofragens tendo
em conta o tempo real de endurecimento do betão.

86 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental

6 ESTUDO EXPERIMENTAL

Com apoio na pesquisa bibliográfica que foi efetuada, desenvolveu-se uma metodologia de
trabalhos a realizar e a testar com diferentes composições de betão.

Neste capítulo foi descrito todas as fases da investigação experimental, salientando


essencialmente a produção das composições e os seus requisitos segunda a normalização, além
disso dentro deste é referido todos os ensaios e condições de cura do betão produzido.

Para a realização dos ensaios na parte experimental foi adotado diferentes tipos de provetes
cúbicos, estes foram escolhidos de acordo com a normalização dos referidos ensaios a realizar,
os moldes utilizados foram em ferro fundido, devidamente retificados e calibrados.

Na realização dos ensaios de resistência de betão utilizou-se moldes cúbicos com as dimensões
150 x 150 x 150 mm de acordo com a norma NP EN 12390-3:2011 [29].

6.1 Propriedades e Conformidades dos Materiais Constituintes das


Composições

Neste subcapítulo são analisados todas as propriedades dos materiais que se utilizaram no
fabrico das composições dos betões como também todas as suas conformidades. É descrito os
ensaios para os referidos constituintes das composições com base nas respetivas normas.

No estudo de betões em causa, foram utilizado agregados normalizados produzidos em


Portugal, tendo em vista betões com classes de resistência à compressão C 25/30 e C50/60,
com uma classe de consistência S2.

Os materiais constituintes utilizados no fabrico do betão, nomeadamente os agregados e o


cimento, estão de acordo com as normas em vigor e dispõem de marcação CE, tal como é
exigido por norma.

Raimundo Pereira 87
Controlo Da Qualidade De Betões

6.1.1 Cimentos

No fabrico de betão, os cimentos mais utilizados correntemente são o cimento Portland (CEM
I) e o cimento Portland composto (CEM II). O cimento Portland CEM I 42,5R apresenta uma
excelente trabalhabilidade e um baixo calor de hidratação o que tornam especialmente adaptado
a todos os trabalhos de construção e um excelente ligante para o estudo em causa.

No estudo em questão foi selecionado o cimenta Portland CEM I 42,5R Figura 10 produzido
pela Secil Companhia Geral de Cal e Cimentos, S.A., este é distribuído em sacos estanques de
40 kg de modo a minimizar a deterioração no tempo, com a devida certificação segundo a NP
EN 197-1:2001 [5] e o certificado de conformidade 0856-CPD-0118 e 0856-CPD-0124, tendo
como constituintes na generalidade 95% a 100% de clínquer Portland e 0% a 5% outros
constituintes.

Figura 10 – Cimento Portland CEM I 42,5R – Secil [30]

A NP EN 197-1:2001 [5] contém para os cimentos, as exigências mecânicas e físicas, químicos


e de durabilidade. Para os diferentes tipos de cimentos comercializados existe uma resistência
de referência, para resistência à compressão aos 28 dias, determinada de acordo com a NP EN
196-1:2006 [31].

O cimento em causa tem um calor de hidratação baixo e uma melhor trabalhabilidade que um
cimento CEM I da mesma classe de resistência, este tem um desenvolvimento rápido de
resistências (resistência inicial elevada).

88 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental

O tipo de cimento tem resistências últimas dentro dos valores da classe indicada tal como no
Quadro 52 (resistências aos 28 dias), o seu desenvolvimento da resistência é sensível ao
processo de cura tal como os outros cimentos.

A caracterização específica do cimento referente às propriedades químicas, físicas e mecânicas,


é indicado nos quadros 49 a 51:

Quadro 50 – Características Químicas


Propriedades Método de Ensaio Valor Especificado (1)
Teor de Sulfatos (em SO3) NP EN 196-2 ≤ 4,0 %
Teor de Cloretos NP EN 196-21 ≤ 0,10 %

(1) As percentagens são referidas à massa de cimento.

Quadro 51 – Características Físicas


Propriedades Método de Ensaios Valor Especificado
Princípio de Presa NP EN 196-3 ≥ 60 Min
Expansibilidade NP EN 196-3 ≤ 10 Min

Quadro 52 – Características Mecânicas


Resistência à compressão (MPa)
Resistência aos primeiros dias Resistência de referência
2 Dias 7dias 28 Dias NP EN 196-1
≥ 20 - ≥ 42,5 E ≤ 62,5

Além, dos valores da resistência de compressão para as idades referidas no Quadro 52,
realizou-se também para este tipo de cimento o comportamento das resistências ao longo do
tempo, demonstrado na Figura 11.

Raimundo Pereira 89
Controlo Da Qualidade De Betões

Figura 11 – Valores médios indicativos da resistência à compressão de betão fabricado com


350 Kg/m3 de cimento CEM II/A-L 42,5R [30]

6.1.2 Agregados
Os agregados utilizados para o estudo no fabrico do betão, foram fornecidos por uma empresa
de exploração certificada, designada por Britaminho.

Os agregados são de origem granítica, uma brita e uma areia, todos extraídos na pedreira “Sorte
do Mato das Lagedas” localizada em Guimarães, distrito de Braga.

Foi utilizado um agregado grosso com intervalo de dimensões 4 / 8 mm, 8 mm é a dimensão


máxima do agregado do intervalo mencionado, como indicado na Figura 12 b).

Como agregado fino foi utilizado um de natureza granítica, tal como agregado grosso, também
proveniente da mesma empresa, sendo designado por uma areia 0/4mm como se visualiza na
Figura 12 a), referido nas fichas técnicas como Pó, este foi o mesmo para todas as composições
estudadas.

Ambos agregados (fino e grosso) de natureza granítica são certificados pela própria empresa
(Britaminho), a empresa emite regularmente uma ficha técnica de certificação, em que engloba
todos os parâmetros físicos necessários ao dimensionamento das composições e por sua vez
utilizados no método ACI 211.1-91 (Reapproved 2002) [32].

90 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental

a) b)

Figura 12 – a) Areia 0/4 mm; b) Brita 4/8 mm.

No Quadro 53 apresentam-se os resultados da análise granulométrica dos agregados


selecionados segundo a NP EN 933-2:1999 [26].

Quadro 53 – Análise granulométrica dos agregados selecionados


Dimensão dos Brita 4/8 Areia 0/4
Peneiros (mm) (% Acumulados passados)
25,0 - -
22,4 - -
20,0 - -
16,0 100 -
14,0 100 -
12,5 95 -
11,2 79 -
10,0 46 100
8,0 14 -
6,3 6 100
5,6 - -
5,0 - 99
4,0 1 84
2,0 1 63
1,0 1 45
0,5 1 29
0,25 1 19
0,125 1 11

O ensaio permitiu a elaboração do gráfico presente na Figura 13 relativo às suas curvas


granulométricas.

Raimundo Pereira 91
Controlo Da Qualidade De Betões

100
90
80
% Passados acumulados

70 Brita 4/8
60 Areira 0/4
50
40
30
20
10
0
0,1 0,6 6,3 63,0
Abertura do peneiro [mm]

Figura 13 – Curva granulométrica dos agregados, grosso e fino

6.1.3 Água

No fabrico do betão do estudo em causa em laboratório, foi utilizado a água potável da rede de
abastecimento público da cidade de Guimarães, esta por sua vez satisfaz as condições
normativas especificadas no capítulo 2.3.

No dimensionamento da quantidade de água para o fabrico dos betões do estudo, teve se a


preocupação de contabilizar a capacidade de absorção dos agregados para cada amassadura,
acrescentando-se assim a água necessária de forma a obter o valor considerado ótimo para se
obter a trabalhabilidade pretendida e desejada.

6.1.4 Adjuvantes
No estudo em causa foi utilizado um adjuvante superplastificante comercial (Basf – Glenium
Sky 617) tal como Figura 14 se indica, tendo como base de éter policarboxílico, indicado para a
produção de betão com elevada manutenção de trabalhabilidade e durabilidade tal como
indicado na sua ficha técnica.

Este produto utilizado teve como fim neste estudo reduzir o conteúdo de água
comparativamente aos superplastificantes tradicionais, permitindo manter um maior tempo de
trabalhabilidade; obter maiores resistências mecânicas às primeiras idades, relativamente aos

92 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental

superplastificantes retardadores tradicionais e reduzir o conteúdo de água comparativamente


aos superplastificantes tradicionais.

Figura 14 – Superplastificante da Basf - Glenium Sky 617

As suas vantagens são as diversas, tais como:

Permitir a produção de betão com elevada classe de trabalhabilidade (sem segregação), de


baixíssima relação A/C, e fluido, durante o tempo necessário ao transporte e colocação em
obra;

Melhorar o acabamento superficial,

A elevada compacidade obtida no betão produzido;

Comparativamente a um superplastificante tradicional retardador (de anteriores gerações),


permite aumentar a durabilidade da obra e melhorar sensivelmente os valores de resistências
iniciais e finais, retração, aderência às armaduras e impermeabilidade à água;

Obtenção de uma redução de água superior, relativamente aos superplastificantes


tradicionais.

Este adjuvante utilizado no estudo é um produto certificado pela marcação CE, no qual
poderemos verificar no Quadro 54 seguinte as suas caraterísticas técnicas.

Raimundo Pereira 93
Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 54 – Informação das características técnicas do adjuvante no estudo

Caraterísticas técnicas do Glenium Sky 617

Função principal Superplastificante / forte redutor de água

Marcação CE NP EN 934-2:2009 como T11.1, T11.2

Aspeto Líquido castanho

Densidade relativa (20 ⁰C) 1,05 ± 0,02g/cm3

pH 7,3 ± 1,5

Teor em iões cloreto <0,1 %


Os dados técnicos aqui apresentados são fruto de resultados estatísticos. Caso se
pretendam valores de controlo, podem ser solicitados ao nosso Departamento Técnico.

6.1.5 Adições

A cinza volante como se observa na Figura 15 foi utilizada neste estudo como uma adição na
produção das misturas, estas cinzas tiveram proveniência na central termoelétrica em Abrantes,
Portugal. Este tipo de adição teve como objetivo reduzir a quantidade de cimento presente na
mistura, melhorando a mistura em diversos fatores devidos às suas propriedades, uma das
particularidades é a sua forma esférica como se verifica na Figura 16. A utilização deste
material teve como objetivo a redução do consumo de energia, diminuição de emissões de CO2
e redução da quantidade de cimento na mistura.

Figura 15 – Aspeto da cinza volante

94 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental

Figura 16 – Visualização ao microscópio de uma amostra de cinzas volantes [2]

6.2 Metodologia das Composições

6.2.1 Introdução
Neste subcapítulo é abordado o tipo de metodologia utilizada no fabrico dos betões, assim
como método optado, também nesta fase é explicado toda a campanha experimental que resulta
do estudo bibliográfico efetuado

Optou-se na investigação pelo método de composição de betões ACI 211.1-91 [32], este é
provavelmente o método mais notável a nível mundial, tendo como base determinados aspetos
positivos e boas características.

Os métodos de dimensionamento de betão fornecem uma aproximação de proporções a ser


confirmadas em ensaios experimentais no laboratório ou campo, após esta verificação é
necessário proceder aos ajustes das proporções e caso necessário de forma a produzir um betão
com as características desejadas.

A seleção de proporções para o fabrico de betão é um compromisso de um equilíbrio entre a


economia e a sua colocação em obra, tendo como base as suas características, resistência,
durabilidade, densidade e aparência, estas são pretendidas em função da utilização que o betão
vai ter e das condições de colocação em obra.

Raimundo Pereira 95
Controlo Da Qualidade De Betões

A disposição das diversas tabelas no método ACI, resultará as quantidades dos constituintes
dos betões para cada caso em estudo, com objetivo de obter uma determinada resistência. O
método é prática corrente em países onde os agregados são normalizados, tal como aqueles que
foram utilizados no estudo em causa. Desde 2004 a marcação CE nos agregados é de carácter
obrigatório em Portugal, surge assim a importância em aprofundar o estudo deste método de
composição e adaptá-lo à realidade de Portugal, como também em Timor Leste.

Nesta fase foi planeado o fabrico de dois tipos de betões no estudo, nomeadamente um betão
convencional, com e sem adições, o segundo tipo de betão designado por betão de elevado
desempenho (BED) este também com e sem adições e adjuvantes, tal como se indica na Figura
17, ambos os tipos foram formulados segundo o método ACI 211.1-91 [32].

Figura 17 – Esquema do fabrico de betões no estudo desenvolvido

O estudo ilustrado na figura 6.4 Figura 17 foi efetuado no laboratório materiais de construção
no qual foram produzidos todos os tipos de betões, tendo como objetivo a sua caracterização no
estado fresco e no estado endurecido, através dos ensaios correntes dos betões como também
efetuar a sua classificação.

6.2.2 Método ACI

O método ACI de composição de betões é o método mais conceituado no fabrico de betões, o


mais utilizado mundialmente. Este método é baseado nos investigadores americanos (Abrams e
Powers), sendo um documento que fornece uma metodologia para a seleção de proporções para
a produção de betão com cimento, com ou sem adições ou adjuvantes ACI 211.1-91 [32], como
já se tinha referenciado anteriormente.

96 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental

Quando possível a seleção das proporções do betão, deve ser baseada em dados de ensaios ou
experiências que foram efetuadas anteriormente, que envolvam os materiais que serão
efetivamente utilizados. Quando esses dados são limitados ou inexistentes, as estimativas dadas
posteriormente no decorrer do método devem ser utilizadas para uma primeira aproximação.

A informação que se segue dos materiais disponíveis pode ser vantajosa para a determinação da
primeira aproximação:

 Análise granulométrica dos agregados;


 Densidade do agregado grosso;
 Massa específica e coeficiente de absorção dos agregados
 Requisitos de água de amassadura de composições de betões desenvolvidas;
 Experiência utilizando os agregados disponíveis;
 Relações entre a resistência à compressão e a razão a/c para as combinações
 Disponíveis de cimento e agregados;
 Massa específica do cimento Portland.

6.2.2.1 . Procedimento de Cálculo do Método ACI

Na execução deste procedimento ACI é exigido uma sequência lógica de dimensionamento,


nomeadamente para determinar as quantidades para ensaios laboratoriais. Esta sequência
envolve vários passos de cálculo relacionados, em que são contempladas as características dos
materiais disponíveis numa mistura adequada para o trabalho em causa.

As especificações da obra podem requerer ACI 211.1-91 [32]:

 Máxima razão água/cimento;


 Quantidade mínima de cimento;
 Quantidade de ar presente no betão;
 Abaixamento;
 Dimensão máxima dos agregados;
 Resistência;
 Outros requisitos relacionados com resistência; adjuvantes, tipos de cimento ou agregados
especiais.

Raimundo Pereira 97
Controlo Da Qualidade De Betões

As quantidades de materiais para os provetes a ser ensaiados são adquiridas através de uma
sequência de cálculo referida anteriormente, esta é divida pelas seguintes fases:

Fase 1- Escolha do abaixamento (consistência)

Nesta etapa o valor em causa (abaixamento) da consistência é especificado na NP EN 206-


1:2007 [2] no Quadro 8, caso este valor não for especificado, um valor apropriado para o tipo
de construção pode ser selecionado no Quadro 55, que relaciona diferentes trabalhos com o
abaixamento máximo e mínimo recomendado para esse efeito.

Quadro 55 – Abaixamento recomendado em função do tipo de construção.


Abaixamento (mm)
Tipo de Construção
Máximo Mínimo
Fundações e muros de suporte
75 25
reforçados
Fundações planas, caixotes, e paredes
75 25
estruturais
Vigas e paredes reforçadas 100 25
Pilares de edifícios 75 25
Pavimentos e lajes 75 25
Betão em massa 75 25

Fase 2- Seleção da dimensão máxima do agregado

Os agregados com dimensões máximas nominais bem graduados têm menos vazios do que os
tamanhos menores, isso tem influência nos betões compostos por agregados de maior dimensão
que requerem menos argamassa por unidade de volume de betão. Geralmente, a dimensão
máxima do agregado deve ser a mais económica e a mais consistente em função das dimensões
da estrutura.

Fase 3- Estimativa da quantidade de água de amassadura e ar contidos na mistura.

Os diversos fatores tais como a dimensão máxima do agregado, forma das partículas,
graduação dos agregados, temperatura do betão, quantidade de ar e a utilização de adjuvantes
influencia a quantidade necessária de água por unidade de volume de betão a produzir, já em
relação á quantidade de cimento ou materiais comentícios em valores normais o abaixamento
não é afetado com tanta importância.

98 Raimundo Pereira
Capítulo 6 – Estudo experimental

Relativamente ao tipo de textura e forma dos agregados, os requisitos da água de amassadura


podem ser superiores ou inferiores aos do

Quadro 56, independentemente dessa razão os valores mencionados acima são o desejável para
uma primeira estimativa das proporções.

Caso o abaixamento do ensaio inicial da mistura não for o pretendido, deve-se consoante o
resultado aumentar-se ou diminuir a água aquela que foi estimada e adicionar mais ou menos 2
3
kg/m do betão para cada aumento ou decréscimo de 10 mm de abaixamento.

Quadro 56-Requisitos aproximados de água de amassadura e quantidade de ar em função da


dimensão máxima dos agregados e do abaixamento.
Água, kg/m3 por betão para as dimensões máximas nominais dos agregados
Abaixamento
9,5 12 19 25 37,5 (8) 50 75 150
Betão sem introdutores de ar
25 a 50 207 199 190 179 166 154 130 113
75 a 100 228 216 205 193 181 169 145 124
100 a 175 243 228 216 202 190 178 160 -

Percentagem aproximada de
ar preso em betão em sem 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0,3 0,2
introdutores de ar (%)

Betão com ar introduzido


25 a 50 181 175 168 160 150 142 122 107
75 a 100 202 193 184 175 165 157 133 119
100 a 175 216 205 197 184 174 166 154 -
Valor recomendado de
quantidade de ar,
Percentagem por nível de
exposição (%)
Exposição Baixa 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1
Exposição Moderada 6 5,5 5 4,5 4,5 4 3,5 3
Exposição Extrema 7,5 7 6 6 5,5 5 4,5 4
8
Até à dimensão máxima do agregado de 37,5mm, agregados grossos arredondados geralmente requerem menos 18 kg/m3 de

água de amassadura para betões sem ar incorporado

Raimundo Pereira 99
Controlo Da Qualidade De Betões

Fase 4- Seleção da razão água/cimento

Quando é determinada a razão água/cimento é necessário considerar como requisito a


resistência, esta variável isolada não é decisiva, terá de se contabilizar outros fatores adjacentes
tais como os fatores de durabilidade.

Quadro 57 - Relação entre razão a/c e a resistência à compressão do betão.


Resistência à Razão água / cimento, por massa
compressão aos 28
dias, MPa
9 Betão sem ar introduzido Betão com ar introduzido
40 0,42 -
35 0,47 0,39
30 0,54 0,45
25 0,61 0,52
20 0,69 0,6
15 0,79 0,7
9
Estes valores são estimados para a resistência média de betões que não contêm mais de 2% de ar introduzido. A resistência é
baseada em cilindros com 150x300 mm curados em câmara húmida por 28 dias a uma temperatura de 23 ± 1,7 ºC. Esta relação
de resistência assume uma dimensão máxima do agregado de 19 a 25mm e o cimento utilizado é o CEM I 42,5.

Diferentes agregados, cimentos e material cimentício originam diferentes resistências para a


mesma razão a/c. Estes fatores obrigam a uma relação estudada entre a resistência e razão
água/cimento para materiais usados na mistura.

Na falta de dados na relação entre razão a/c e a resistência à compressão do betão,


relativamente ao uso do cimento tipo I nas misturas, poderemos recorrer aos valores do Quadro
57, estes serão valores aproximados e conservativos para os betões.

Os valores tabelados de a/c e a/ (c+ad), o “ad” corresponde às adições, devem obter as


resistências previstas aos 28 dias para usos de materiais correntes.

A resistência média à compressão deverá exceder o valor característico (fck), isto é, numa
margem suficiente de forma a manter o número de ensaios dentro dos limites expressos no ACI
214R-2:2002 [34] e no ACI, 318:2008 [35].

A resistência do betão é considerada suficiente desde que o valor médio de três ensaios
consecutivos de resistência à compressão seja superior ao fck. Nenhum valor individual deve
ser inferior ao fck em mais de 3,4 MPa para resistências inferiores a 35 MPa ou inferior em
10% para resistências superiores a 35 MPa.

100 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Fase 5- Cálculo da quantidade de cimento

A quantidade de cimento por unidade de volume de betão é fixada pela fase 3 e 4. O cimento
requerido é igual à água de amassadura estimada na fase 3 e dividida pela razão a/c definida na
fase 4.

Fase 6- Estimativa da quantidade de agregado grosso

Os agregados com a mesma granulometria e dimensão máxima vão produzir betões com uma
trabalhabilidade satisfatória, isto é quando um determinado valor do agregado grosso em
determinadas condições (completamente seco), é utilizado por unidade de volume de betão.

Quadro 58 - Volume de agregado grosso por unidade de volume de betão.


10
Dimensão Volume de agregado grosso por unidade de volume de betão
11
máxima nominal para diferentes módulos de finura de agregado fino
do agregado (mm) 2,4 2,6 2,8 3
9,5 0,5 0,48 0,46 0,44
12,5 0,59 0,57 0,55 0,53
19 0,66 0,64 0,62 0,6
25 0,71 0,69 0,67 0,65
37,5 0,75 0,73 0,71 0,69
50 0,78 0,76 0,74 0,72
75 0,82 0,8 0,78 0,76
150 0,87 0,85 0,83 0,81
10
Os volumes são baseados em agregados em condições descritas no ASTM C 29 [38] Estes volumes são selecionados através
de relações empíricas para produzir betões com um grau de trabalhabilidade adequado ao tipo de construção usual.

11 O cálculo do módulo de finura foi baseado no método ASTM 136 [39]

O volume de agregado é dado no Quadro 58 para um determinado valor desejável. Pode


verificar-se que no Quadro 58 para uma igual trabalhabilidade da mistura, o volume de
agregado grosso por unidade de volume de betão depende apenas da dimensão máxima do
agregado e do módulo de finura do agregado fino.

A massa de agregado grosso seco requerida para um metro cúbico de betão é igual ao valor
3
retirado do quadro 12 multiplicado pela baridade do agregado em kg/m .

Raimundo Pereira 101


Controlo Da Qualidade De Betões

Fase 7- Estimativa da quantidade de agregado fino

Finalizada a fase 6 todos os constituintes do betão fora estimada à exceção do agregado fino. A
sua quantidade é determinada pela diferença. Existem dois procedimentos o “método do peso”
ou o “método do volume absoluto”

O seguinte Quadro 59 pode ser utilizado para uma primeira estimativa caso não haja
informação anterior.

Quadro 59 - Primeira estimativa para massa do betão fresco.

Dimensão máxima 3 12
Primeira estimativa de massa unitária de betão, Kg/m
nominal do agregado,
mm Betão sem ar introduzido Betão com ar introduzido
9,5 2280 2200
12,5 2310 2230
19 2345 2275
25 2380 2290
37,5 2410 2350
50 2445 2345
75 2490 2405
150 2530 2435
12
Estes valores são calculados pela equação (4) para betões de riqueza em cimento média (330kg de cimento por
3 3
m ) e abaixamento médio para agregados com 2,7 kg/dm de massa específica.

É desejado que para diferenças de 20kg na quantidade de cimento tendo como referência 330kg, seja corrigido a
3
massa por m em 3kg na direção correta. O mesmo acontece com massa específica dos agregados, para
diferenças de 0,1 que se desviem de 2,7, a massa deve ser corrigida em 60kg na direção correta.

Fase 8- Ajustes das quantidades de agregados finos e grossos

A quantidade de agregado efetivamente a ser pesada deve considerar o teor de humidade que
estes apresentam, normalmente estes contém uma determinada percentagem de humidade
natural. O peso deve ser aumentado na percentagem de água em relação á humidade que os
agregados contêm, tanto absorvida como presente na sua superfície.

A fórmula para calcular a massa do betão fresco por m3 é:

1 − 𝐺𝑎
𝑈𝑀 = 100𝐺𝑎 (100 − 𝐴)𝐶𝑀 𝑥 − 𝑊𝑀 (𝐺𝑎 − 1) (6.1)
𝐺𝑐

102 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Definindo as variáveis como:

M U – Massa unitária do betão fresco, kg/m3

a G – Média ponderada da massa específica do combinado agregado grosso/fino

c G – Massa específica do cimento (geralmente 3,15)

A – Quantidade de ar, em percentagem

M W – Requisito de água de amassadura, kg/m3

M C – Requisito de cimento, kg/m3

A água de amassadura adicionada para o provete a ensaiar deve ser reduzida numa quantidade
igual à humidade livre presente nos agregados.

Fase 9- Ensaios e ajustes das quantidades

As proporções da mistura calculada devem ser verificadas através de ensaios laboratoriais e


ensaiados de acordo com o ASTM C192:2007 [36]ou em ensaios de campo.

Caso os resultados obtidos nos ensaios realizados não sejam os atendidos, é necessários
verificar e recalcular as quantidades de modo a obter as características desejadas.

6.3 Estudo Da Composição Dos Betões Com Agregados Normalizados

6.3.1 Cálculo Do Módulo De Finura


A determinação do módulo de finura dos agregados é fundamental na formulação do betão a
fabricar, este parâmetro é calculado com base na fórmula 6.1 exemplificado no Quadro 60. Este
critério é determinado como o total das percentagens totais que ficam retidas em cada peneiro
da série normal, compreende-se como a série normal, o conjunto de peneiros com abertura de
malha correspondente à progressão geométrica de razão 2 iniciada no peneiro de abertura
0,125mm e alongada até à máxima dimensão do agregado [32].

O módulo de finura foi calculado para o agregado 0/4, obtendo-se um valor de módulo de
finura de 3,29 como demonstrado na fórmula 6.2.

Raimundo Pereira 103


Controlo Da Qualidade De Betões

∑[(100 − 0) + (100 − 1) + (100 − 8) + (100 − 32) + (100 − 53) + (100 − 68) + (100 − 78) + (100 − 89) + (100 − 97)]
𝑀. 𝐹. =
100
= 3,29 (6.2)

Quadro 60 – Módulo de finura – Agregado Fino

Agregados Módulo de Finura µ [kg/dm3]


0/4 3,29 2,67
4/8 5,88 2,66

6.3.2 Baridade

A determinação do parâmetro da baridade dos agregados foi efetuado segundo a norma ASTM
C29/C29M:2009 [38], esta norma descreve um método para a determinação da baridade dos
agregados em condições compactadas ou não compactadas.

O cálculo da baridade em Portugal é determinado pela norma NP EN 1097-3:2002 [38],contudo


neste estudo foi optado pelo método americano, uma vez que é o utilizado no método ACI
211.1-91:2002 [32].

A baridade é relação entre a massa de uma quantidade de agregado e a unidade de volume


incluindo os vazios, denominada como densidade aparente.

Para a realização do ensaio deve ser conhecido o volume do recipiente a usar no ensaio, tal
como este verificar as dimensões mínimas adequadas ao agregado a ensaiar. Este deverá ter
uma forma cilíndrica em metal e inoxidável, quanto á relação entre a altura interior (hi) e o
diâmetro interior (di) devem estar compreendidos num intervalo de 0,5 a 0,8, tal como indicado
na Figura 18.

a) b)

Figura 18 – a)Relação entre a altura e o diâmetro do recipiente do ensaio da baridade; b)


Varão de compactação

104 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Para efetuar este ensaio deve-se usar um varão de compactação de secção transversal circular e
desempenado, com diâmetro de D (16 ± 1) mm e comprimento de H (600 ± 5) mm e com as
extremidades arredondadas.

O recipiente deve conter uma superfície interna lisa e munida de alguma rigidez, isto para não
se deformar com os diversos materiais a ensaiar, mesmo em caso de choques na execução da
compactação dos agregados. A parte superior do recipiente deve ter o bordo liso, plano e
paralelo ao fundo do mesmo.

Quadro 61 - Capacidade do recipiente usado no ensaio da baridade segundo a norma ASTM


C29/C29M:2009 [38]

Dimensão máxima do Capacidade do recipiente


Capacidade do recipiente (lt)
agregado (mm) utilizado no estudo (L)
4 - 3,4
8 - 3,4
12,5 2,80 -
25 9,30 -
37,5 14,00 -
75 28,00 -
100 70,00 -
125 100,00 -

De acordo com a dimensão máxima do agregado deve-se também usar uma balança com
capacidade adequada, com erro máximo admissível de 0,1% da massa do provete elementar.

A preparação dos provetes a ensaiar devem ser secos a (110±5) ºC até massa constante e cada
provete elementar deve estar compreendida entre 125 a 200% da massa necessária para
preencher o recipiente.

No início do ensaio deverá ser verificado se o recipiente se encontra vazio, seco e limpo,
posteriormente á sua verificação pesar a sua massa (T) e determinar o seu volume (V).

O procedimento do ensaio consiste em encher três camadas iguais no recipiente com o


agregado a ensaiar, cada uma das camadas deve ser apiloada com 25 pancadas uniformemente
repartidas pela camada usando o varão de compactação.

Raimundo Pereira 105


Controlo Da Qualidade De Betões

A última camada deve ser alisada de forma a preencher os vazios na superfície, após esta
operação deve-se efetuar a pesagem do recipiente cheio e registar a massa com a precisão de
0,1% (G).

Após a execução dos procedimentos anteriores deverá efetuar-se o cálculo da baridade (M),
como demonstrado na fórmula 6.3e repetir o ensaio para três provetes elementares.

𝐺−𝑇 (6.3)
𝑀𝑖 =
𝑉

Variáveis do calcula da baridade:

Mi – Baridade [kg/m3];

G – Massa do recipiente e do provete elementar [kg];

T – Massa do recipiente vazio [kg];

V – Volume do recipiente [m3].

No estudo em causa foram ensaiados três provetes por dimensão máxima do agregado, de
acordo com os procedimentos na norma e de forma a adquirir maior exatidão no ensaio. Os
valores da baridade para a dimensão máxima do agregado foram calculados e apresentados no
quadro 17, expondo assim os diferentes valores de ensaio.

Quadro 62 – Cálculo da baridade do agregado máximo usado no estudo.

DMáx. Agregado (mm) Amostra G (kg) T (kg) V (m3) Mi (kg/m3) M (kg/m3)


A 27,362 1375,99
8 B 27,101 8,8233 0,013473 1356,62 1365,92
C 27,216 1365,15

Para o agregado com a Dmáx. 8 mm, foi verificado uma baridade de 1365 kg/m3, sendo este um
valor corrente comparado com outros da mesma natureza.

106 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

6.3.3 Dimensionamento Pelo Método ACI Das Misturas de Betão do Estudo

Nos capítulos 6.2.2 e 6.2.2.1 foram apresentadas as expressões e a metodologia do ACI, no


qual resultaram as diferentes composições com as dosagens por metro cúbico, com objetivo de
obter um betão com um determinado comportamento e propriedades e características desejadas.

A campanha experimental dos betões estudados foi dimensionada de acordo com as normas NP
EN 206-1:2007 [2] e LNEC E 464:2007 [25], resumidamente é apresentado no Quadro 63 os
principais dados do dimensionamento, que permitiram a realização do método ACI para as
quatro composições efetuadas.

Quadro 63 - Principais elementos de dimensionamento para as composições do estudo

Classe de resistência Dimensão máxima Abaixamento (14) Razão A/C


Composições
pretendida (MPa) do agregado (mm) (mm) fixada (15)

B1 8
C25/30 0,54
B1_CV 8
75-100
B2_1,7%SP 8
C50/60 0,29
B2_40%CV_1,7%SP 8
14
Valor retirado do

Quadro 56 – Capitulo 6.2.2


15
Valor retirado do Quadro 58 – Capitulo 6.2.2

O método ACI 211.1-91 [32] utilizado no estudo propõe uma razão A/C ótima para várias
classes de resistência à compressão, desta forma fixa-se a variável da razão A/C e altera-se a
dimensão máxima dos agregados, isto para o mesmo abaixamento pretende-se verificar
validade do método quando são mais usados os constituintes produzidos em Portugal,
sobretudo o cimento e os agregados.

Fase 1 - Seleção do abaixamento pretendido – 75 a 100 mm

Fase 2 - Dimensão máxima do agregado – 8 mm

Fase 3 - Cálculo da quantidade de água da mistura e do ar contido na mistura

Raimundo Pereira 107


Controlo Da Qualidade De Betões

Com o auxílio da informação do Quadro 56 designado no Capitulo 6.2.2 foi realizado um


gráfico da Figura 19, o Quadro 64 engloba as dimensões máximas dos agregados utilizados no
estudo da mistura.

250
Água Aprox. - 1ª Estimativa

200

150 y = 0,0421x2 - 3,6016x + 256,95

100
Água Aprox,p/1ª estimativa
50

0
0 10 20 30 40
Dimensão máxima do agregado (mm)

Figura 19 – Alteração da quantidade de água indispensável para a amassadura com a


dimensão máxima do agregado

Com recurso á ferramenta do Excel, foi retirada a linha de tendência polinomial da Figura 19,
na qual sobre esta se efetuou a estimativa da quantidade de água essencial para as seguintes
dimensões máximas do agregado.

𝑦 = 0,0421𝑥 2 − 3,6016𝑥 + 256,95... ………… (6.4)

A estimativa de água calculada com o recurso da linha de tendência polinomial relativamente á


dimensão máximas dos agregado foi de 231 kg/m3 por betão.

Quadro 64 - Requisitos aproximados de água de amassadura e quantidade de ar em função


da dimensão máxima dos agregados e do abaixamento (Adaptada do ACI 211.1-91 [32])
3
Água, kg/m por betão para as dimensões máximas nominais dos
Abaixamento agregados
(mm)
8 9,5 12,5 19 25
Betão sem introdutores de ar
75 a 100 231 228 216 205 193

108 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Fase 4 - Escolha da razão água/cimento

Neste item o método já determina valores fixados para a razão A/C para diferentes resistências
média à compressão usando provetes cilíndricos.

Segundo as resistências médias dos provetes cilíndricos de 34MPa e 64MPa para um betão
C30/37 e um C60/75 respetivamente, o valor correspondente da razão A/C foi obtido por
interpolação Quadro 65.

Quadro 65 - Relação entre razão a/c e a resistência à compressão do betão (Adaptada do


ACI 211.1-91 [32])

Razão A/C por massa


Resistência média á compressão
aos 28 dias (MPa) (16) Betão sem ar
Classe do betão
introduzido
60 0,29 C 50 / 60
40 0,42 -
35 0,47 -
30 0,54 -
25 0,61 C 20 / 25
20 0,69 -
15 0,79 -
16
Cálculo baseado em provetes cilindros de secção 150x300mm

Fase 5 – Dimensionamento da quantidade de cimento

Após fixada a quantidade de água a usar na primeira estimativa (Fase 3) e a razão A/C fixada
(Fase 4) realizou-se o dimensionamento da quantidade de cimento como se verifica no Quadro
66 e no qual a aplicar em cada amassadura.

Quadro 66 - Quantidade de cimento no qual a aplicar em cada amassadura

Quantidades de Materiais
Classe
Misturas Resistência R=A/C % SP Dmáx. Cinza
Água (kg/m3) - Cimento (kg) -
(MPa) Volante
D B
(kg)
B1 - 8 231 428 -
C 25 / 30 0,54
B1_CV - 8 231 257 171

B2_1,7%SP 1,7 8 185 637 -


C 50 / 60 0,29
B2_40%CV_1,7%SP 1,7 8 185 382 255

Raimundo Pereira 109


Controlo Da Qualidade De Betões

Fase 6 – Dimensionamento da quantidade do agregado grosso

No Quadro 67 é facultado o valor apropriado para o volume de agregado grosso, no qual este
depende do módulo de finura, calculado em 6.3.1 e da dimensão máxima do agregado.

No Quadro 58 proposto na secção 6.2.2 foi construído um gráfico no qual visualizamos na


Figura 20 o volume de agregado grosso por unidade de volume de betão para o módulo de
finura de 2,61.

Módulo de Finura vs D max


0,8

0,7
Volume de agregado grosso por unidade
de volume de betão para diferentes

0,6
modulos de finura (kg/m^3)

0,5
y = -0,0002x2 + 0,0192x + 0,2625
0,4 R² = 0,97

0,3

0,2

0,1

0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

Dimensão maxima do agregado (mm)

Figura 20 – Volume de agregado grosso em função da dimensão máxima do agregado para o


módulo de finura do agregado fino.

Na Figura 20 foi calculado uma linha de tendência polinomial na qual se efetuou o cálculo do
valor apropriado de volume de agregado grosso para as dimensões máximas de agregados
presentes no estudo.

𝑦 = 0,0002𝑥 2 − 0,0192𝑥 + 0,2625 (6.5)

110 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Quadro 67 - Volume de agregado grosso por unidade de volume de betão (Adaptado ACI)

Dmáx. Nom.do agregado Volume de Agregado Grosso por unidade de volume de betão para diferentes módulos (kg/m3)
(mm) 3,00 3,30 3,80
4,0 0,260
8,0 0,377
9,5 0,440 0,400 0,360
12,5 0,530 0,490 0,450
19,0 0,600 0,560 0,520
25,0 0,650 0,610 0,570
37,5 0,690 0,650 0,610
50,0 0,720 0,680 0,640

A massa de agregado grosso seco requerida para um metro cúbico de betão (Quadro 68) é igual
ao valor retirado do Quadro 68 multiplicado pela baridade do agregado em kg/m3.

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐴𝑔. = Vol. Ag. x Baridade (6.6)

Quadro 68 - Quantidade de agregado grosso utilizado na amassadura.

Dmax. do Volume de Baridade Quantidade de


Mistura Agregado 3
agregado grosso Aparente (kg/m ) agregado grosso (kg)
(mm)
Padrão - B1

B1 + 40% CV
8 0,377 1366 514,31
BED - B2 + 1,7% SP

BED - B2 + 40% CV + 1,7% SP

Fase 7 – Estimativa da quantidade de agregado fino

Até á fase anterior (Fase 6) todos os componentes do betão foram estimados à exceção do
agregado fino, este é determinado pela diferença entre o valor sugerido no Quadro 69 e o
somatório da quantidade dos materiais constituintes, obtendo assim a sua quantidade para o
fabrico do betão.

Raimundo Pereira 111


Controlo Da Qualidade De Betões

Foi elaborado um gráfico representado na Figura 21 do qual se retirou a linha de tendência


polinomial (equação 6.7) através da qual se calculou o valor da massa unitária de betão para a
1º estimativa.

2460
y = -0,0732x2 + 8,1985x + 2214,6
Massa unitária do betão(kg/m3)

2440
R² = 0,9902
2420
2400
2380
2360
2340
2320 Betão sem ar introduzido
2300
2280
2260
0 10 20 30 40 50 60

Dimensão maxima do agregado (mm)

Figura 21 – Variação da massa unitária do betão com dimensão máxima do agregado

𝑦 = 0,0732𝑥 2 + 8,1985𝑥 + 2214,6 (6.7)

Os valores indicados no ACI 211.1-91 [32] são calculados para betões com elevada
percentagem em cimento, que no geral é de 330kg de cimento por m3, abaixamento médio (75 a
100mm) para agregados com 2,7 kg/dm3 de massa específica.

É pretendido que para as diferenças de 20kg na quantidade de cimento, tendo como referência
os 330kg referido anteriormente, seja corrigido a massa por m3 em 3kg no sentido correto. Na
massa específica dos agregados, para as diferenças de 0,1 que o valor se desvie em 2,7, a massa
deve ser corrigida em 60 kg no sentido correto, foram considerados e registados ajustes no
Quadro 69 de forma a obter um cálculo da percentagem de agregado mais precisa.

112 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Quadro 69 - Primeira estimativa para massa do betão fresco (Adaptado do ACI)

1ª Estimativa de massa unitária de betão (kg/m3)


Dmáx agregado (mm)
Betão sem ar introduzido
8 2280
9,5 2280
12,5 2310
19 2345
25 2380
37,5 2410
50 2445

Como se viu em 6.2.2, o ACI 211.1-91 [32] sugere dois métodos para a estimativa da
quantidade de agregado fino, no caso do estudo presente, a estimativa foi calculada pelo
método do peso.

A quantidade de agregado fino é calculada pela diferença sugerida na Equação 6.8, isto é,
subtraindo à primeira estimativa para a massa do betão fresco o somatório do peso de todos os
seus constituintes com a exceção da parcela correspondente ao agregado fino, ou seja, o
somatório da quantidade de cimento, quantidade de agregado grosso e quantidade de água
calculadas anteriormente.

𝐸 = 𝐴 − ∑(B + C + D) (6.8)

Onde:

A – Primeira estimativa para a massa do betão fresco [kg/m3]

B – Quantidade de cimento [kg/m3]

C – Quantidade de agregado grosso [kg/m3]

D – Quantidade de água [kg/m3]

Raimundo Pereira 113


Controlo Da Qualidade De Betões

E – Quantidade de agregado fino [kg/m3]

Utilizando assim para primeira estimativa da massa do betão fresco os valores expressos no
Quadro 70, foi calculada a percentagem de agregado fino para cada uma das amassaduras
experimentais em função da dimensão máxima do agregado de cada uma das misturas.

Quadro 70 - indica as quantidades de cada constituinte utilizada para a realização de cada


amassadura.
Ajustes dos

Valores da 1ª
Dmáx. Estimativa Quantidad Quantidad Quantidad
Estimativa de
Compo Razão Agrega de massa e de e de Ag. e de Água Quantidade de Ag. Fino
massa
sição (a/c) do unitária de Cimento Grosso (kg/m3) - (kg) - E
unitária de
(mm) betão (kg) - B (kg) - C D
betão fresco
(kg/m3)
(kg/m3) (A)
B1 0,54 2280 427 288,46 231 1333,43
8
B2 0,29 2280 796 288,46 231 964,92

Fase 8 – Ajuste das quantidades de agregados finos e grossos

Quando se efetua a pesagem do agregado definitivo a ser usado, deve-se considerar o teor de
humidade que estes contêm, estes normalmente estão húmidos e daí ser necessário contabilizar
o peso da humidade. Este peso deverá ser corrigido na percentagem de água, tanto absorvida
como presente na sua superfície.

No caso deste estudo os agregados foram previamente secos em estufa, daí o ajuste efetuar-se
na água de amassadura calculada para a realização das amassaduras (Quadro 71). A
percentagem de água que será absorvida pelos agregados aquando da amassadura contabilizada
com base no coeficiente de absorção fornecido nas fichas técnicas.

Quadro 71 - Ajuste da quantidade de água de amassadura


Dimensão dos Coeficiente de Absorção de água Quantidade de água
Agregados (W) (kg/m3)
Composição Agregado Agregado Calcula no
Agregado Agregado
Fino Grosso 3° Fase Ajuste
Fino (mm) Grosso (mm)
(mm) (mm) (kg/m3)
Padrão - B1 0/4 4/8
B1 + 40% CV 0/4 4/8
0,2 0,6 231 0
BED - B2 + 1,7% SP 0/4 4/8
BED - B2 + 40% CV + 1,7% SP 0/4 4/8

114 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Fase 9 – Ensaios e ajustes das quantidades

Após os cálculos anteriores de todas as fases, as composições estudadas devem ser testadas de
acordo com o documento ACI. Estas composições de betão devem ser confirmadas com
ensaios laboratoriais de forma a comprovar se os resultados obtidos são os supostos, no caso
contrário será fundamental um ajuste das composições e rever as suas quantidades.

6.3.3.1 Betão Convencional

Após o dimensionamento geral dos betões do estudo, foi efetuado algumas alterações a um dos
dois betões convencionais, no qual um deles se fez incorporação de cinzas volantes, as restantes
características foram todas fixadas.

Quadro 72 - Ajustes da quantidade do cimento e cinza volante

Quantidade dos agregados Quantidade de Ligante


Cinzas
Agregados Agregados Cimento Quantidade de
Designação da composição Volantes
grossos 4/8 finos 0/4 CEM I 42,5 água (kg/m3)
Sines
(mm) (mm) (kg/m3)
(kg/m3)
B1 427,47
288,46 1333,43 231
B1 + 40% CV 256 171

No estudo dos betões convencionais foi introduzido as cinzas volantes, no qual foi substituído
pelo cimento em 40 % com objetivo de estudar e poder comparar resultados do betão
convencional de referência com o betão com cinzas volantes. Esta substituição vai permitir um
betão mais sustentável e com as mesmas propriedades de certificação.

A utilização das cinzas volantes minimiza o problema de impacto ambiental utilizando-as como
um subproduto industrial e otimizando para a diminuição do consumo de cimento, contribuindo
assim na redução de emissões de CO2 para a atmosfera.

Utilização deste subproduto (cinzas volantes) nos betões torna o produto final viavelmente
económico que os restantes no mercado e comas mesmas características.

Raimundo Pereira 115


Controlo Da Qualidade De Betões

6.3.3.2 Betão de Elevado Desempenho - BED

Tal como no subcapítulo 6.3.3.1 foi efetuado o mesmo procedimento de substituição do


cimento pelo material subproduto, a cinza volante, neste caso num betão de elevado
desempenho (BED).

Quadro 73 - Resumo das quantidades necessárias para realizar 1m3 de betão

Quantidade dos agregados Quantidade de Ligante


Cinzas
Agregados Agregados Cimento Quantidade de
Designação da composição Volantes
grossos 4/8 finos 0/4 CEM I 42,5 água (kg/m3)
Sines
(mm) (mm) (kg/m3)
(kg/m3)
B2+1,7% SP 636,78
288,46 1124,12 231
B2 + 40%CV + 1,7% SP 382 255

A introdução das cinzas volantes no BED foi pelas mesmas razões referidas no subcapítulo
6.3.3.1.

6.3.4 Composições estudadas


No Quadro 74 são apresentadas resumidamente as diferentes misturas de betões e as
quantidades de materiais fundamentais para a execução de 1m3 de betão.

Quadro 74 - Resumo das quantidades necessárias para realizar 1m3de betão

Quantidade dos agregados Quantidade de Ligante


Cinzas
Agregados Agregados Cimento Quantidade de
Designação da composição Volantes
grossos 4/8 finos 0/4 CEM I 42,5 água (kg/m3)
Sines
(mm) (mm) (kg/m3)
(kg/m3)
Padrão 427,47
1333,43
Padrão_40% CV 256 171
288,46 231
BED_1,7% SP 636,78
1124,12
BED_40%CV_1,7% SP 382 255

O estudo das misturas de betão consiste na produção de provetes cúbicos com as dimensões de
150mm de aresta, de acordo com a norma NP EN 12390-3:2009 [41], na produção recorreu-se
a moldes em ferro fundido, que previamente são retificados e calibrados.

116 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Na realização das amassaduras foi essencial produzir cerca de 0.035 m3 de betão que foram
justificados pela necessidade de enchimento de 9 moldes, 0.030 m3, além desta quantidade foi
necessário betão para realizar o ensaio de abaixamento, cerca de 0.0045 m3, finalizando uma
quantidade total igual a 0.0345 m3 que continuamente foi arredondada de forma a compensar
todas as perdas de betão, assim como garantir o enchimento homogéneo dos moldes.

De maneira a garantir que a quantidade de água que foi utilizada nas misturas de betões era
exatamente aquela que foi dimensionada anteriormente, foi impreterível aplicar agregados
devidamente secos. Foi necessário proceder ao ajustamento da água desses agregados secos de
maneira que estes não absorvessem parte da água necessária, e que garantisse uma correta
reação com os ligantes, tendo em consideração o coeficiente de absorção de água, indicado na
ficha técnica do material.

Desta forma a quantidade de água necessária é contabilizada através da seguinte expressão:

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 = 𝑤 + 𝑤0.4 ∗ 𝑄. 𝐴𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑜𝑠𝑠𝑜𝑠 + 𝑤0.1 ∗ 𝑄. 𝐴𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑜𝑠 (9)

Em que:

W – Quantidade de água necessária para a amassadura calculada pelo método ACI

W0,4 – Coeficiente de absorção de água do agregado grosso, %;

W0,1 – Coeficiente de absorção de água do agregado fino, %;

No Quadro 75 encontram-se as quantidades de materiais para cada amassadura, tendo em


ponderação a adição de água descrita anteriormente.

Quadro 75 - Quantidade de material necessário para a realização de 0.035 m3 de betão

Quantidade dos agregados Quantidade de Ligante

Designação da Cimento Cinzas Quantidade de


Agregados Agregados
composição CEM I Volantes água (kg/m3)
grossos 4/8 finos 0/4
42,5 Sines
(mm) (mm)
(kg/m3) (kg/m3)

B1 31.57
98,47
B1 + 40% CV 18,94 12,63
21,31 17,05
B2+1,7% SP 47,03
83,03
B2 + 40%CV + 1,7% SP 28,22 18,81

Raimundo Pereira 117


Controlo Da Qualidade De Betões

Após a conclusão do dimensionamento global das quantidades de materiais a utilizar nas


misturas, procedeu-se á realização do trabalho em laboratório.

6.3.5 Realização da amassadura

Na execução das misturas de betão optou-se por uma betoneira de eixo vertical, constituída por
três pás rasantes com diferentes dimensões tal como se verifica na Figura 22, a betoneira em
causa tem uma capacidade 90 lt por mistura de betão.

Figura 22 – Betoneira da amassadura com capacidade de 90 lt

O processo de amassadura foi efetuado com o objetivo de assegurar uma distribuição uniforme
dos materiais constituintes e uma consistência uniforme do betão dentro do tempo de
amassadura e para a capacidade de mistura em causa.

O processo de amassadura consistiu em colocar por ordem os seus constituintes,


nomeadamente a brita com a areia, em seguida adicionou-se o cimento e após as cinzas
volantes, por último, adicionou-se a água. Após todo este procedimento deixou-se a betoneira
(Figura 22) em funcionamento cerca de 5 minutos.

As amassaduras foram realizadas com agregados secos, não foi necessário determinar o teor de
humidade.

A secagem dos agregados foi realizada num período mínimo de 24h, utilizou-se uma
temperatura constante de 105 °C, após este ciclo os agregados foram retirados e mantidos num
local com baixa humidade até estabilizarem á temperatura ambiental. Estes foram mantidos nas
condições descritas anteriormente com objetivo de se manterem secos e a uma temperatura
ambiente.

118 Raimundo Pereira


Capítulo 6 – Estudo experimental

Este processo da secagem dos agregados foi efetuado com algum cuidado e tratado com
extrema importância, uma vez que se as amassaduras ocorressem com os agregados a
temperaturas muito elevadas estes absorviam uma maior quantidade de água.

6.3.6 Execução e cura de provetes

Após todo este processo descrito no 6.3.5 procedeu-se á moldagem do betão nos respetivos
moldes metálicos como se visualiza na Figura 23 e aos ensaios do betão fresco.

a) b)

c) d)

Figura 23 – Diferentes tipos de moldes metálicos usados na moldagem para o fabrico dos
diversos provetes de betão

As dimensões desses moldes seguem toda uma referência normativa para cada tipo de ensaio
que se pretende efetuar.

Raimundo Pereira 119


Controlo Da Qualidade De Betões

Na realização do programa experimental, foi necessário para cada uma das amostras moldes
metálicos tal como referido anteriormente e visualizado na Figura 23. Para a moldagem do
betão foi necessário diferentes moldes: provetes cúbicos com 150 mm e 100 mm de aresta em
moldes fabricados em ferro fundido, provetes cilíndricos com 100 mm de diâmetro e 200 mm
de altura, provetes prismáticos (de base retangular) com 100 mm de largura e 850 mm de
comprimento, todos os moldes são estanques e não absorventes.

A execução e cura dos provetes foram realizadas de acordo com a norma NP EN 12390-2:2009
[42]. Para a realização dos provetes foi necessário: os moldes, um recipiente com produto
descofrante, um dispositivo de compactação do betão (mesa vibratória), uma colher com
aproximadamente 100 mm de largura, uma pá com secção quadrada.

Para evitar a aderência do betão ao molde, cobriu-se as faces interiores do molde com uma fina
camada de óleo descofrante.

Encheu-se cada molde em duas camadas e compactou-se através de vibração mecânica, para
esse fim foi utilizado uma mesa vibratória com uma determinada frequência. O betão foi
compactado logo após a colocação no molde de forma a obter uma total compactação, sem que
produzisse segregação ou exsudação. Após a compactação realizou-se cuidadosamente o
nivelamento da superfície. Depois marcaram-se os provetes sem os danificar.

A norma NP EN 12390-2:2009 [42] sugere deixar-se o provete dentro do molde entre 16 e 72


horas, protegido contra choques, vibrações excessivas e desidratação à temperatura de 20 ± 5
°C. Todos os provetes ficaram dentro dos moldes até á idade de 24 horas.

Os restantes moldes foram removidos após a sua desmontagem, utilizando-se para o efeito
chaves de bocas adequadas. Após a remoção dos moldes, os provetes foram colocados em
água, à temperatura de 20 ± 2 °C nas instalações adequadas (tanque de cura) do laboratório.

120 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

7 ENSAIOS E ANÁLISES DE RESULTADOS

Neste capítulo descreve todos os ensaios ao betão realizados no estado fresco, como também no
seu estado endurecido, resultando para ambos estados uma análise de resultados.

No estado fresco do betão foram realizados o ensaio de abaixamento e o espalhamento do


betão, determinando para ambos os ensaios as suas classes, foi ainda determinada a massa
volúmica fresca do betão para todas as composições em estudo.

Na caracterização do betão no estado endurecido foram realizados um maior número de


ensaios, nomeadamente:

 Resistência á compressão;
 Resistência á flexão
 Resistência á compressão diametral;
 Absorção por capilaridade;
 Absorção por imersão;
 Resistividade elétrica;
 Difusão de cloretos;
 Ataque de sulfato de Sódio.

Com estes ensaios foi possível verificar a conformidade do betão produzido segundo o método
ACI.

7.1 Ensaios no estado fresco do betão

7.1.1 Ensaio de espalhamento


Com a realização do ensaio de espalhamento obtém-se um valor que é considerado um
parâmetro reológico nos betões relacionado com a fluidez desse material.

Este método permite determinar a consistência do betão fresco através do espalhamento do


betão numa mesa plana sujeita a um determinado número de pancadas.

Neste ensaio foi utilizada uma mesa de espalhamento numa superfície horizontal plana, não
sujeita a vibrações externas ou choques, esta composta com dobradiças articuladas no tabuleiro
da mesa no que permitem levantar esta até ao limite correto de trabalho e cair então para

Raimundo Pereira 121


Controlo Da Qualidade De Betões

paragem inferior. A mesa deve ficar de modo a que quando a parte superior cair sobre o batente
inferior, a tendência do topo para ressaltar seja mínima.

Antes de efetuar o ensaio deve-se proceder á limpeza da mesa e do molde, humedecendo-os


sem os molhar excessivamente. Colocar o molde, centrado, na parte superior da mesa e fixá-lo
com os pés sobre as abas ou recorrendo a ímanes.

Encher o molde com betão em duas camadas iguais, usando a colher, compactando cada
camada com 10 pancadas, com a barra de compactação. Se for necessário adicionar mais betão
à segunda camada, para manter um excedente acima do topo do molde. Usando a barra de
compactação, rasar a parte superior do molde e limpar o tabuleiro da mesa do betão em
excesso.

Após 30 s de se ter compactado o betão, levantar o molde devagar na vertical com as duas
mãos, durante um período de 3 a 6 s. Estabilizar a mesa de espalhamento, colocando os pés na
prancha de pé, à frente da mesa, e levantar devagar o tabuleiro até este atingir o batente
superior para que o topo da mesa não tenha um forte impacto contra o batente superior.
Permitir a queda livre do tabuleiro sobre o batente inferior. Repetir este ciclo até atingir um
total de 15 quedas, demorando cada uma não menos que 2 s nem mais que 5 s. Medir com a
régua a dimensão máxima do espalhamento do betão segundo duas direções d1 e d2 (Figura
24), paralelos às arestas da mesa e registar as duas medições com aproximação aos 10 mm.

Figura 24 – Medição da dimensão máxima do espalhamento do betão segundo duas


direções d1 e d2 (mm)

A partir do diâmetro de espalhamento calcula-se a media do espalhamento.

Após efetuar os ensaios como descrito anteriormente obteve-se os valores mencionados no


Quadro 76.

122 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Quadro 76 – Valores do ensaio de espalhamento para as diferentes misturas de betão

Composições Espalhamento (mm) Classe

Padrão 395 F2
Padrão_40% CV 422 F3
BED _1,7% SP 385 F2
BED _40% CV_1,7% SP 387 F2

O espalhamento é de extrema importância no momento da colocação do betão, visto que, essas


operações podem influenciar substancialmente os requisitos de durabilidade, permeabilidade e
a resistência mecânica do betão endurecido.

Como conclusão deste parâmetro verificou-se que o betão padrão com 40 % de cinzas volantes
destacou-se dos restantes betão do estudo quanto a sua classe de espalhamento, obtendo para
este uma classe F3 sendo este o mais fluido que os outros betões do estudo, os outros todos
obtiveram uma classe de espalhamento F2.

7.1.2 Ensaio de abaixamento


A consistência do betão está muito relacionada com a capacidade de movimentação deste, isto
é, está ligada com a aptidão que o betão tem de se espalhar e a sua plasticidade delimita a
facilidade de o moldar, esta mobilidade relativa está relacionada com o abaixamento que a
mistura apresenta. Este ensaio está relacionado com o tipo de estrutura a construir como se
verifica no Quadro 77.

Quadro 77 – Abaixamento recomendado em função do tipo de construção

Abaixamento (mm)
Tipo de construção
Máximo Mínimo
Fundações e muros de suporte reforçados 75 25
Fundações planas, caixotes e paredes estruturam 75 25
Vigas paredes reforçadas 100 25
Pilares de edifícios 100 25
Pavimentos e lajes 75 25
Betão em massa 75 25

O abaixamento consiste em encher um cone com o betão por camadas devidamente


compactadas e posteriormente retirar o cone e medir a diferença entre a altura do cone e a face
superior da mistura.

Raimundo Pereira 123


Controlo Da Qualidade De Betões

Para cada amassadura foi realizado o ensaio de abaixamento, para validar o método ACI
(Quadro 63) pois este método inicia-se prevendo um abaixamento, caso este valor não for o
esperado ter-se-á de realizar novo cálculo da composição.

Figura 25 – Realização do ensaio de abaixamento com o cone de Abrams

Após a realização da amassadura e antes de encher os moldes, foi efetuado o ensaio de


abaixamento segundo a norma NP EN 12350-2:2009 [43] por cada mistura, este foi executado
com o auxílio do cone de Abrams tal como se observa na Figura 25 e que forneceram os dados
no Quadro 78.

O ensaio de abaixamento é válido no caso de se verificar um abaixamento real, no qual o betão


permaneça intacto e simétrico. O abaixamento medido não for o pretendido, a dosagem de água
pode ser corrigida por tentativas experimentais e a composição é recalculada para uma nova
dosagem de água.

Os valores obtidos foram os inicialmente previstos pelo método ACI, verificou-se que nas
composições padrão apresentavam um menor abaixamento. Esse fenómeno deve-se ao facto de
as amassaduras padrão serem um betão corrente sem superplastificante.

124 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Quadro 78 – Valores obtidos do ensaio de abaixamento para as diferentes misturas de betão

Composições Abaixamento (mm) Classe

Padrão 80 S2

Padrão_40% CV 75 S2

BED _1,7% SP 115 S3

BED _40% CV_1,7% SP 100 S3

7.1.3 Ensaio da determinação da massa volúmica

Existem determinados fatores físicos que influenciam a massa volúmica e que se relacionam
diretamente, tal como a densidade dos agregados utilizados nas composições e das proporções
da mistura.

Outros como a densidade dos agregados utilizados na composição e também o teor de


humidade inicial e final dos agregados podem levar à formação de vazios no betão, reduzindo a
sua densidade, isto quando é utilizado uma quantidade de água acima da saturação na mistura
[44].

A massa volúmica é determinada segundo a norma NP EN 12350-2:2009 [43] que especifica


um método para a determinação da massa de um betão, o princípio é compactar dentro de um
recipiente rígido e estanque a mistura de betão, de volume e massa conhecidos, e então pesá-lo.

Na realização do ensaio são utilizados diversos equipamentos apropriados para o ensaio em


causa, tal como:

 Recipiente;
 Varão de compactação;
 Balança;
 Colher;
 Maço.

Raimundo Pereira 125


Controlo Da Qualidade De Betões

Procedimento:

1. Calibrar e pesar o recipiente de modo a determinar o seu volume (V) e a massa (m1)
2. Encher o recipiente em 2 ou mais camadas, dependendo da consistência do betão, até
completa compactação.
3. No âmbito da dissertação, o recipiente encheu-se em duas camadas de volume
aproximadamente igual. Cada camada foi sujeita a uma distribuição uniforme de 25
pancadas efetuadas com o varão. Após a compactação de cada uma das camadas bate-se
levemente com o maço de borracha de forma a libertar as bolsas de ar contidas na
amostra.
4. Prodede-se ao nivelamente da superficie com auxilio da colher e seguidamente pesa-se
o recipiente (m2).

A massa volúmica é calculada através da fórmula:

𝑚2 − 𝑚1 (7.1)
𝐷=
𝑉

Em que:

D - é a massa volúmica do betão fresco, em kg/ m3;

m1 – é a massa do recipiente vazio, em kg;

m2 – é a massa do recipiente completamente cheio do betão compactado, em kg;

V – é o volume do recipiente em m3.

A massa volúmica do betão fresco é arredondada ao 10 kg/m3 mais próximos.

Após os ensaios de massa volúmica todos os valores das misturas foram compilados no Quadro
79 no qual se pode observar os valores reais das misturas de betão.

Os valores calculados anteriormente no Quadro 79 foram comparados com os valores previstos


pelo método ACI 211-91:2002 [32], para a massa do betão fresco no caso das misturas
correntes obtiveram valores bastantes semelhantes, no caso dos betão de elevado desempenho
os valores reais obtidos foram muito diferentes dos valores previstos tal como se verifica Figura
26.

126 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Quadro 79 – Valores da massa volúmica de betão para as diferentes misturas

Massa Volúmica do Betão

Peso (kg) Massa


3 Volúmica
Composição Volume (m3) ƴ(kg/m )
do Betão
M1 M2 Prevista

Padrão 23,26 2300 2280

Padrão_40% CV 23,27 2303 2280


0,003375 15,50
BED _1,7% SP 23,57 2391 2280

BED _40% CV_1,7% SP 23,55 2385 2280

Os betões BED têm valores da massa volúmica elevados devido ao volume de vazios baixo em
relação aos betões correntes e por sua vez com uma maior quantidade cimento por m3.

Massa Volúmica do Betão


2400 2391
Prevista 2385
2380
Massa volúmica (kg/m3)

2360
2340
2320 2303
2300
2300 2280
2280 2280 2280
2280
2260
2240
2220
Padrão Padrão_40% CV BED _1,7% SP BED _40%
CV_1,7% SP
Tipos de Composições de betões

Figura 26 – Variação dos valores da massa volúmica de betão para diferentes tipos de
misturas

7.2 Ensaios no estado endurecido do betão

7.2.1 Ensaio de resistência à compressão


Uma das propriedades com mais importância atribuída ao betão endurecido é em geral, a
resistência à compressão [39].

Raimundo Pereira 127


Controlo Da Qualidade De Betões

Na determinação da tensão de rotura à compressão do betão foi utilizada um equipamento


hidráulico de compressão. Esta prensa hidráulica tem capacidade de aplicação de forças
gradualmente crescentes, de forma contínua e sem choques, no caso deste ensaio foi aplicada
uma velocidade de 13,5 kN/s de acordo com a dimensão do provete e perpendicularmente às
faces do provete.

O ensaio da resistência à compressão é calculado com base na equação:

F (7.2)
Fc =
Ac

Onde:

Fc - é a resistência à compressão, em MPa;

F – é a carga máxima à rotura, em N;

Ac – é a área da secção transversal do provete na qual a força de compressão foi aplicada, em


mm2;

A resistência à compressão deve ser expressa com aproximação aos 0,5 MPa.

A amostra total de caracterização do betão produzido em laboratório foi constituída por um de


36 provetes, 3 provetes de cada série e a sua avaliação foi realizada aos 3, 14 e 28 dias para
todas as composições estudadas.

a) b) c)
Figura 27 – a) Execução do ensaio da resistência á compressa; b) fim de ensaio; c) tipo de
rotura

128 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Na realização deste ensaio a primeira ação executada foi a pesagem de cada um dos provetes a
ensaiar, como também registo das dimensões do provete a ser ensaiado e o valor da velocidade
de ensaio, registando no fim de ensaio a carga de rotura de cada um dos provetes e avaliação do
tipo de rotura tal como é mostrado na Figura 27.

Os resultados dos ensaios estão agrupados no Quadro 80 e o modo de rotura do provete pode
ser visualizado na Figura 27, as roturas foram consideradas satisfatórias (normal) para os
ensaios realizados.

Quadro 80 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão


Tensão de
Idade Peso Força Dif (MED- Desvio
Mistura Provetes Compressão Média CV (%)
(d) (kg) (KN) AMOSTRA) Padrão
(MPa)
a 7,69 466,60 20,74 0,94
3 b 7,68 509,20 22,63 21,68 0,95 0,77 3,57%
c 7,60 487,40 21,66 0,01
a 7,68 823,00 36,58 0,25
Padrão 14 b 7,81 823,00 36,58 36,83 0,25 0,36 0,97%
c 7,75 840,00 37,33 0,50
a 7,80 928,00 41,24 0,25
28 b 7,78 943,00 41,91 41,50 0,41 0,30 0,71%
c 7,79 930,00 41,33 0,16
a 7,39 313,10 13,92 7,76
3 b 7,55 293,20 13,03 13,37 8,65 0,39 2,91%
c 7,64 296,20 13,16 8,51
a 7,64 485,80 21,59 15,24
Padrão_40%
14 b 7,68 479,60 21,32 21,20 15,51 0,38 1,79%
CV
c 7,66 465,40 20,68 16,15
a 7,71 610,50 27,13 14,36
28 b 7,58 601,00 26,71 26,62 14,79 0,46 1,72%
c 7,66 585,50 26,02 15,47
a 7,87 1165,00 51,78 30,10
3 b 7,82 1194,00 53,07 54,52 31,39 0,78 1,43%
c 7,92 1152,00 51,20 29,52
a 8,05 1236,00 54,93 18,10
BED _1,7% SP 14 b 7,92 1330,00 59,11 70,64 22,28 1,71 2,41%
c 7,86 1283,00 57,02 20,19
a 7,90 1943,00 86,36 44,86
28 b 7,86 1817,00 80,76 84,27 39,26 2,50 2,96%
c 7,94 1928,00 85,69 44,19
a 7,60 703,00 31,24 9,57
3 b 7,42 739,00 32,84 32,34 11,17 0,78 2,40%
c 7,50 741,00 32,93 11,26
a 7,73 1158,00 51,47 14,64
BED _40%
14 b 7,63 1115,00 49,56 50,33 12,73 0,82 1,64%
CV_1,7% SP
c 7,59 1124,00 49,96 13,13
a 7,52 1409,00 62,62 21,13
28 b 7,64 1494,00 66,40 62,22 24,90 3,59 5,76%
c 7,60 1297,00 57,64 16,15

Com os resultados todos compilados foram possível visualiza-los com o objetivo de uma
análise mais simples e critica como verifica na Figura 27.

Raimundo Pereira 129


Controlo Da Qualidade De Betões

90 Padrão 84,27
Padrão_40% CV
Tensão de Compressão (MPa)

80
BED _1,7% SP 70,64
70 BED _40% CV_1,7% SP
62,22
60 54,52
50,33
50
41,33 39,16 41,50
40
29,25
30 26,62
21,20
20 13,37
10
0
3… 14 28
Idade do Betão (d)

Figura 28 – Variação da tensão de compressão com a idade do betão em conformidade de


resistência à compressão

7.2.1.1 Critérios

De acordo com a norma a conformidade da resistência à compressão do betão esta é avaliada


em provetes ensaiados aos 28 dias, para:

- Grupos de “n” resultados de ensaios consecutivos, com ou sem sobreposição, fcm (critério 1);

- Cada resultado individual de ensaio fci (critério 2).

A conformidade é confirmada se forem satisfeitos ambos os critérios do Quadro 81 tanto para a


produção inicial como para a produção contínua, embora no âmbito da dissertação apenas tenha
importância a produção inicial.

Quadro 81 – Critérios de conformidade para resistência à compressão do betão


Número "n" de resultados Critério 1 Critério 2
de ensaios da resistência à
Produção Media dos "n" resultados Qualquer resultado individual de
compressão no grupo (fcm)
(fcm) N/mm2 ensaio (fci) N/mm2
N/mm2

Inicial 3 ≥fck+4 ≥fck-4

Continua ≥15 ≥fck+1,48Ϭ ≥fck-4

130 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

7.2.1.2 Verificação dos critérios de conformidade

O controlo da conformidade é uma parte integrante do controlo da produção. No Quadro 82


verifica-se os requisitos de conformidade do betão produzido, a conformidade é verificada
quando os dois critérios forem satisfeitos.

Quadro 82 – Verificação dos critérios de conformidade


Critério 1 Critério 2
Valor Tensão
Qualquer resultado
Característico média Média dos "n" resultados
Composição individual de ensaio (fci)
especificado, fck, fcm, (fcm) N/mm2
N/mm2
cubo (MPa)
≥ fck+4 ≥ fck-4
Padrão 30 41,5 41,50≥34 V 41,24≥26 V

Padrão + 40% CV 30 26,62 22.62≥34 NV 26,02≥26 V

BED _1,7% SP 60 84,27 84,27≥64 V 80,76≥56 V

BED _40% CV_1,7% SP 60 62,22 62,22≥64 NV 57,64≥56 V

7.2.1.3 Determinação da classe do betão

Nos Quadro 80 Quadro 84 são apresentados classes de resistência dos betões estudados. Os
betões com CV apresentam classes de resistência à compressão inferiores ao especificado
C25/30 e C50/60.

Quadro 83 – Classe de resistência à compressão do betão


Classe de resistência à
Compressão fck ≤ fcm-4 fck ≤ fci+4 fck,cubo N/mm2
compressão
Padrão ≤ 37,5 ≤ 45,24 ≤ 37,5 C30/37
Padrão_40% CV ≤ 22,62 ≤ 30,02 ≤ 22,62 C16/20
BED_ 1,7% SP ≤ 80,27 ≤ 88,27 ≤ 80,76 C60/75
BED_40% CV_1,7% SP ≤ 57,64 ≤ 64,22 ≤ 58,13 C45/55

O gráfico da Figura 29 ilustra a influência da razão a/c na resistência à compressão do betão.


Os resultados indicados mostram que quanto menor for a razão a/c maior é a tensão de rotura
do betão.

A Figura 30 apresenta o significado de resistência característica do betão.

Raimundo Pereira 131


Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 84 - Classes de resistência à compressão para betão normal e o betão pesado

Resistência característica Resistência característica


Classe de resistência
Mistura mínima em cilindros fck,cy1 mínima em cubos fck,cy1
à compressão 2
(N/mm ) (N/mm2)

C8/10 8 10
C12/15 12 15
Padrão_40% CV C16/20 16 20
C20/25 20 25
C25/30 25 30
Padrão C30/37 30 37
C35/45 35 45
C40/50 40 50
BED_40% CV_1,7% SP C45/55 45 55
C50/60 50 60
C55/67 55 67
BED_1,7% SP C60/75 60 75
C70/85 70 85
C80/95 80 95
C90/105 90 105
C100/115 100 115

50

45

40
Tensão de rotura (MPa)

35

30

25

20

15
0,35 0,45 0,55 0,65 0,75

Razão - A/C

Figura 29 – Influência da água A/C na resistência á compressão [47]

132 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Figura 30 – Valor característico da resistência (fck) [47]

Na análise direta do gráfico da Figura 28 pode observar-se que os menores valores de a/c se
verificam para o betão BED_1.7%SP e o BED_40%Cv_1.7%SP, o que justifica o valor elevado
de resistência à compressão obtido quando comparado com as restantes composições estudadas
uma vez que quanto menor for a razão a/c maior é a resistência à compressão do betão.

0,6 0,54 0,54


Valores em Laboratório - A\C

0,5

0,4
0,29 0,29
0,3

0,2

0,1

0
Padrão Padrão_40%CV BED_1,7%SP BED_1,7%SP_40%CV

Figura 31 – Comparação dos valores de razão A/C previstos pelo American Concrete
Institute (ACI) e obtidos no estudo em laboratorial

Apesar de ter sido necessário adicionar água à mistura como se verifica na Figura 31 foram
obtidos valores de resistência à compressão acima do previsto exceto para os betões com cinzas

Raimundo Pereira 133


Controlo Da Qualidade De Betões

volantes obtendo assim composições do lado da segurança, tema de reconhecida importância


no setor da construção.

Quadro 85 - Valores de resistência à compressão dos provetes ensaiados

fck, cubo fck,cubo


Diferença
Composição (Experimental) (Classe Pretendida) 2
2 2 (N/mm )
N/mm N/mm
Padrão 37,50 30,00 7,50
Padrão _ 40% CV 22,62 30,00 -7,38
BED _ 1,7% SP 80,27 60,00 20,27
BED _40% CV_1,7% SP 58,22 60,00 -1,78

Comparando os resultados obtidos com o valor mínimo a ser cumprido para pertencer à
respetiva classe de resistência à compressão (Quadro 85), podemos assumir que o método
aplicado conduz a valores de resistência à compressão conservativos para os betões sem cinzas
volantes.

Tal como se pode ver nos Quadro 86 a obtenção da classe C30/37 para o betão 1 fez com que se
atingisse o valor máximo para as classes de exposição definidas na especificação LNEC E 464
[20].

No Quadro 87 pode ver se as classes de exposição ambiental onde as composições estudadas


podem ser aplicadas.

Os requisitos para o betão resistir às ações ambientais são dados em termos de valor limite para
a composição e propriedades estabelecidas para o betão.

Deve limitar-se ao mínimo a quantidade de água na produção do betão, pois a água em excesso
evapora-se criando no betão uma rede de poros capilares que afetam a sua resistência e
durabilidade. É de referir no entanto que com o desenvolvimento dos adjuvantes plastificantes
com elevado desempenho é atualmente possível utilizar quantidades muito pequenas de água
no fabrico do betão sem afetar a trabalhabilidade [47].

134 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Quadro 86 - Valores limites da composição e da classe de resistência do betão sob ação do


dióxido de carbono, para uma vida útil de 50 anos, [20]

Tipo de CEM II/b(1); CEM II/A(2);CEM IV(2);CEM


CEM I (Resistência); CEM II/A(1)
cimento V/A(2)

Classe de
XC1 XC2 XC3 XC4 XC1 XC2 XC3 XC4
exposição
Mínimo
recobrimento 25 35 35 40 25 35 35 40
nominal (mm) *
Máxima razão
0,65 0,60 0,65 0,55
água/cimento
Mínima
dosagem de
240 280 260 300
cimento, C
3
(kg/m )
Mínima classe
C25/30 LC25/28 C30/37 LC30/33 C25/30 LC25/28 C30/37 LC30/33
de resistência
(1) Não aplicável aos cimentos II/A-T e II/A-w e aos cimentos II/B-w, respetivamente.
(2) Não aplicável aos cimentos com percentagem inferior a 50% de clínquer Portland, em massa

Quadro 87 – Classes de exposição ambiental on as composições estudadas podem ser aplicadas

Dosagem de
Classe de Classe de
Composição Razão a/c cimento
resistência exposição
(kg/m3)
Padrão 0,54 428 C30/37 XC1,2,3,4
Padrão_40% CV 0,54 428 C16/20 -
BED_1,7% SP C60/75 XC1,2,3,4
0.29 637
BED_40% CV_1,7% SP C45/55 XC1,2,3,4
0,29 637

Face às exigências preconizadas na legislação em vigor, percebe-se que estes betões podem ser
aplicados em locais expostos a condições ambientais diferentes (químicas e biológicas) sem
que o procedimento e durabilidade do betão sejam postos em causa Quadro 88.

O facto de ter sido necessário acrescentar água à mistura para obter o abaixamento desejado
implica um ajuste nas quantidades finais dos constituintes de forma a obter valores por metro
cúbico de betão - Composição final para 1m3 de betão causa Quadro 88.

Raimundo Pereira 135


Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 88 - Composição final para 1m3 de betão


Quantidade de Quantidade Quantidade de Quantidade de
Quantidade de Quantidade de
Composição Agregado grosso de Água17 Agregado Fino Cinzas volantes
cimento (kg/m3) SP (kg/m3)
(kg/m3) (kg/m3) (kg/m3) (kg/m3)
Padrão - B1 428 288,46 231 1333,46 -
B1 + 40% CV 256,8 288,46 231 1333,46 171,2
BED - B2 + 1,7% SP 637 288,46 231 1124,12 - 0,8
BED - B2 + 40% CV +
382,2 288,46 231 1124,12 0,48
1,7% SP 254,8

7.3 Ensaios e análise resultados de durabilidade

7.3.1 Absorção de água por capilaridade


O fenómeno de absorção por capilaridade acontece sempre que existem diferenças de pressão
entre a superfície livre de um fluido e a sua superfície livre em vasos capilares. O equilíbrio do
sistema é restituído pela ascensão do fluido através desses poros, como referem o Coutinho e
Gonçalves (1973) [47]. Este fenómeno pode ser representado através de curvas que apresentam
a variação da quantidade de água absorvida por unidade de superfície em contato com à água,
em função do tempo.

O ensaio de capilaridade do betão foi efetuado no sentido de avaliar como uma composição de
betão condiciona a ascensão capilar de água através dos seus poros, sendo um requisito técnico
atual para a sua utilização.

Na realização deste ensaio seguiu-se a especificação do LNEC E 393 [48]. Para o ensaio da
capilaridade foi utilizado diversos equipamentos tais como:

 Balança de precisão de ± 0,05% da massa a utilizar;


 Bandeja metálica;
 Campânula;
 Estufa ventilada a 40 ± 5 °C;
 Suportes plásticos.

Para realização do ensaio foi necessário três provetes cúbicos 100x100x100 (mm) por cada
uma das quatro misturas de betão do estudo. Estes foram recolhidos de cada mistura, após os 28
dias de cura foram submetidos a ensaio.

O ensaio de absorção de água por capilaridade foi efetuado por diversas etapas:

136 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

1. Registou-se a massa do provete de ensaio, seco em estufa ventilada a 40 ± 5 °C durante 14


dias - M0;
2. Nivelou-se uma bandeja e colocou-se o provete sobre a mesma, apoiado em suportes
plásticos nos cantos para permitir a exposição da face cortada à água;
3. Adicionou-se uma lâmina de água à bandeja de forma a imergir a face do provete cortado
em 5 ± 1 mm, tapando-se posteriormente a bandeja com uma campânula de forma a evitar
evaporação;
4. No final de cada tempo estipulado pela norma registou-se a massa de cada provete ao fim de
3, 6, 24 e 72 horas, num processo de 60 ± 5 segundos. Nesta operação, foi necessário retirar
o provete da bandeja e colocá-lo sobre uma base não absorvente.

Todos os resultados experimentais obtidos da capilaridade foram calculados pela expressão


(7.3) que traduz a absorção de água por ascensão.

Mi − M0 (7.3)
Aci =
AP

Aci - absorção de água por ascensão capital no instante i (g/mm2);

Mi - massa do provete após i horas em contato com a lâmina de água (g); M0 - massa inicial do
provete de ensaio seco em estufa (g);

Ap - área da superfície do provete em contacto com a água (mm2).

Os coeficientes de capilaridade foram calculados com base na construção dos gráficos de


absorção por capilaridade de todas as composições, tal como se pode observar nas Figura 33
Figura 34.

Raimundo Pereira 137


Controlo Da Qualidade De Betões

2,50E+00
y = 0,9172x - 0,1553
Absorçãp de água por capilaridade 2,00E+00 R² = 0,9981

1,50E+00
Padrão
(g/mm2)

y = 0,0892x + 0,1439
1,00E+00
R² = 0,9771 Padrão_40%CV

5,00E-01

0,00E+00
2 2 3 3
Tempo (√min.)

Figura 32 – Valores calculados dos coeficientes de absorção por capilaridade relativamente


às misturas do betão Padrão

1,40E+00
Absorçãp de água por capilaridade

y = 0,5429x - 0,1372
1,20E+00 R² = 0,9902
1,00E+00
BED_1,7%SP
(g/mm2)

8,00E-01
BED_1,7%SP_40%CV
y = 0,1139x + 0,0904
6,00E-01 R² = 0,9808

4,00E-01

2,00E-01
1,50 1,70 1,90 2,10 2,30 2,50 2,70
Tempo (√min.)

Figura 33 – Valores calculados dos coeficientes de absorção por capilaridade relativamente


às misturas do betão de elevado desempenho (BED)

Os resultados dos coeficientes dos ensaios de capilaridade foram compilados no Quadro 89 no


qual se visualiza a diferença de valores nas diversas composições dos betões estudados.

138 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Quadro 89 – Coeficientes de capilaridade dos betões

Composições de Betão Coeficiente de capilaridade kg / (m².h0,5)

Padrão 9,17E-01
Padrão_40%CV 8,92E-02
BED_1,7%SP 5,43E-01
BED_1,7%SP_40%CV 1,14E-01

Através do gráfico apresentando na Figura 34 foi possível analisar a evolução da absorção


capilar de cada provete das diferentes misturas do betão.

1,0E+00 9,17E-01
9,0E-01
Coeficiente de Capilaridade

8,0E-01
[ kg /(m².h0,5)]

7,0E-01
6,0E-01 5,43E-01
5,0E-01
4,0E-01
3,0E-01
2,0E-01 1,14E-01
8,92E-02
1,0E-01
0,0E+00
Padrão Padrão_40%CV BED_1,7%SP BED_1,7%SP_40%CV

Figura 34 – Valores da absorção por capilaridade das diversas composições de betão


submetidas a ensaios laboratoriais

Observando o gráfico anterior é possível verificar, os betões que tiveram menor absorção de
água por capilaridade foram os betões com adição de cinzas volantes relativamente às
composições estudadas, este fator é justificado no subcapítulo seguinte.

Relativamente ao grupo das composições de betões verifica-se que a composição padrão é


aquela que apresenta um valor superior a todas as outras, este fator e devido á razão A/L e
adição das cinzas volantes.

Dentro do grupo de cada composição, nomeadamente o padrão, e as BED, verifica-se que o


comportamento apresenta a mesma tendência decrescente para ambos casos, adição da CV é
um fator predominante no comportamento da absorção por capilaridade para as composições de
betão.

Raimundo Pereira 139


Controlo Da Qualidade De Betões

7.3.2 Absorção de água por imersão

Uma outra forma de absorção de água no betão deriva da sua imersão, esta tem influencia
diretamente na sua durabilidade. O ensaio em causa permite a quantificação do volume de
vazios acessíveis na massa de betão quando submetido a este ensaio.

A metodologia deste ensaio laboratorial seguiu a especificação do LNEC E-394 [49].

Na realização do ensaio foi necessário recorrer ao equipamento descrito posteriormente.

 Balança de precisão de ± 0,05% da massa a utilizar;


 Balança hidrostática (Figura 35);
 Estufa ventilada a 110 ± 5 °C;
 Recipiente com água.

Tal como no ensaio anterior da capilaridade a determinação das amostras seguiu a mesma base
que o anterior, a geometria dos provetes escolhidos para analisar a absorção de água por
imersão no betão produzido foi o cubo com a dimensão de 100x100x100 mm.

O procedimento de ensaio foi segundo a norma LNEC E-394 [49] seguindo todas as fases do
ensaio cuidadosamente.

Colocou-se os provetes no recipiente com água tal que estes ficassem imersos em 1/3 da sua
altura, durante o período de uma hora;

Repetiu-se o processo, adicionando água ao recipiente até perfazer 2/3 e a totalidade da altura
dos provetes, ambos em períodos de uma hora.

Aguardou-se até os provetes atingirem massa constante, e posteriormente registaram-se as suas


massas com superfície seca - M1 - e hidrostática após saturação - M2;

Secou-se os provetes na estufa ventilada à temperatura de 110 ± 5 °C até massa constante e


registaram-se as massas - M3.

140 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

a) b)

Figura 35 – a) Pesagem dos provetes imersos em água; b) Pesagem dos provetes saturados
com superfície seca na balança hidrostática

Após todas as tarefas efetuadas procedeu ao tratamento dos valores como é indicado no Quadro
90, foi possível analisar os resultados obtidos da absorção de água por imersão dos provetes do
betão determinados a partir da equação calculada em função da massa seca do provete (M1),
massa hidrostática do provete depois de saturado em água à pressão atmosférica (M2) e massa
do provete saturado em água à pressão atmosférica (mm).

M1 − M3 (7.4)
Ai (%) = ∗ 100
M1 − M2

As variáveis representam:

Ai - absorção de água por imersão (%);

M1 - massa do provete saturado com superfície seca (g);

M2 - massa hidrostática do provete saturado (g);

M3 - massa do provete seco em estufa (g).

Por fim, a absorção de água por imersão obteve-se por percentagem de massa, tal como
indicado no Quadro 90.

Raimundo Pereira 141


Controlo Da Qualidade De Betões

Quadro 90 – Valores de absorção de imersão para as composições estudadas


Composições de Betão Absorção de água por imersão (%)
Padrão 16,61
Padrão_40%CV 3,09
BED_1,7%SP 9,37
BED_1,7%SP_40%CV 1,40

Após os valores adquiridos no Quadro 90 procedeu-se a construção da variação desses valores


ilustrados na Figura 36.

1,8E+01
16,61
1,6E+01

1,4E+01
Absorção de água por imersão(%)

1,2E+01

1,0E+01 9,37

8,0E+00

6,0E+00

4,0E+00 3,09

2,0E+00 1,40

0,0E+00
Padrão Padrão_40%CV BED_1,7%SP BED_1,7%SP_40%CV

Figura 36 – Valores da absorção por imersão das diversas composições de betão do estudo

Através da Figura 36 pode-se analisar de uma forma compreensível a absorção de água por
imersão dos diferentes provetes dos betões.

Nos betões analisados verifica-se que o betão padrão obteve uma absorção de água por imersão
superior aos restantes. Os betões com cinzas volantes foram aqueles que apresentaram os
valores mais baixos de absorção.

Verifica que os betões de referência, tanto o betão padrão como o betão de elevado
desempenho possuem valores superiores de absorção quando comparados com os betões que

142 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

contém cinzas volantes, este aspeto poderá ser contabilizado devido adição da cinza volante nos
betões.

O ensaio demonstrou alguma sensibilidade relativamente á quantidade de ligante


nomeadamente o acréscimo de 428 kg/m3 para 637 kg/m3, esta adição provocou uma
diminuição destacada do valor da absorção das composições.

A substituição de 40% de cimento pela cinza volante incitou a uma diminuição da absorção das
composições Padrão_40% CV e da BED_1.7%SP_40%CV.

A redução do valor da absorção nas composições com cinzas volantes poderá estar associada à
densificação da matriz ligante e consequente redução de vazios resultantes da interação de
vários efeitos [50]:

 O emprego de CV induz um aumento do volume de ligante, uma vez que a substituição de


cimento por CV foi feita em massa e as CV são dotadas de uma menor massa volúmica;
 O efeito fíller conferido pela forma e dimensão das partículas de CV, que garante uma
maior compacidade e densidade à mistura;
 A redução da quantidade de hidróxido de cálcio na pasta endurecida, proporcionada pelas
reações pozolânicas das CV, o que torna os betões menos permeáveis, pois passam a conter
menor quantidade de um composto que, apesar de pouco, é solúvel na água.

7.3.3 Resistências aos sulfatos

A caracterização da resistência ao ataque dos sulfatos foi levada a cabo através da adaptação da
norma NP EN 1378 [51] aplicável para agregados.

O principal objetivo da norma é:

 Apreciação quantitativa (perdas de massa);


 Qualitativa (observação visual).

O agregado ou o material quando submetido alternadamente a imersões numa solução saturada


de sulfato de sódio (Na2 SO4) ou sulfato de magnésio (Mg2SO4) e a secagens na estufa, sofre
alterações modificando as suas propriedades químicas, físicas e mecânicas.

Existe um grupo de fatores que influenciam o ataque dos sulfatos às estruturas de betão, estes
agentes depende em:

Raimundo Pereira 143


Controlo Da Qualidade De Betões

 Concentração e natureza do ião sulfato;


 Concentração de catiões presentes na solução de sulfatos (sódio, potássio, magnésio,
amoníaco);
 Do teor de C3A do cimento;
 Densidade, permeabilidade (qualidade do betão);
 Nível do lençol freático e sua variação sazonal;
 Fluxo da água no solo e porosidade do solo;
 Forma da construção e qualidade do betão.

Os fatores referidos anteriormente danificam gravemente todas as estruturas de betão expostas


ao ataque de sulfatos.

O desenvolvimento do ataque dos sulfatos está descrito na Figura 37 tal como aconteceu no
estudo em causa.

No caso das diferentes misturas de betão foram utilizados provetes com dimensões de
100x100x100 mm no qual foram submetidos à imersão numa solução saturada de sulfato de
sódio anidro (Na2SO4).

Figura 37 – Processamento do ataque dos sulfatos numa estrutura (Skalny et al, 1996)

144 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

A solução de sulfato sódio anidro tem as características químicas e físicas que estão descritas
no Quadro 91.

Quadro 91 - Ficha técnica do sulfato de sódio anidro (Quimidois, 2005)


Composição química
Sulfato de sódio (%Na2SO4) Min. 99.5
Percentagem de Água (H2O) Max. 0.05
Cloreto de sódio (%NaCl) Max. 0.30
Resíduo insolúvel em ácido (%) Max. 0.01
ρH solução aquosa 1% 7±0.5
Caraterísticas físicas
Aspeto Pó branco, fluido
Cheiro Inodoro
Temperatura de fusão (°C) 884
Massa volúmica aparente (g/cm3) 1.4±0.1
19.4 g/100g de água
Solubilidade em água à temperatura de 20 °C
(20 °C)

Os provetes utilizados no ensaio de ataque aos sulfatos foram sujeitos a 8 ciclos com um total
de 72 dias.

Antes de iniciar o ensaio os provetes foram colocados numa estufa ventilada à temperatura de
105±5oC durante o tempo necessário para remover qualquer humidade residual que existisse.
Todos os provetes foram devidamente escovados, lixados e limpos.

Para realizar o ensaio foi necessário efetuar a preparação da solução de (Na2 SO4), no qual foi
necessário proceder a diversas operações, tais como:

 Com a água previamente aquecida e fixada num intervalo de temperatura de 250 a 300C foi-
se adicionando e agitando o sulfato de sódio vigorosamente até esta ficar saturada, de acordo
com os dados do fabricante: 40.8g/100g de água a 300C;
 Após 48 horas de agitação, com a solução à temperatura ambiente, mediu-se a densidade
pesando uma proveta de 1000 ml, com o objetivo de conseguir uma densidade média, dentro
dos valores normativos 1.151 – 1.174 g/l, o valor obtido na solução para o ensaio foi de
1.162 g/l verificando intervalo da norma. O pH da mistura foi determinado pH médio de 8.7;
 O volume de solução utilizado foi 2.5 vezes superior ao volume dos provetes imersos e
quando imersos cobertos pela solução de pelo menos 1,5 cm. O recipiente esteve sempre
tapado para evitar a evaporação da solução e a entrada de impurezas.

Raimundo Pereira 145


Controlo Da Qualidade De Betões

A temperatura do ensaio foi conservada a cerca de 300C, para evitar a cristalização do sulfato
de sódio que ocorre à temperatura ambiente.

O ensaio ocorreu em duas fases dado o elevado número de provetes por mistura, em cada fase
foi utilizada uma nova solução de sulfato e verificada a sua densidade.

Apos a preparação da solução para o ensaio procedeu-se ao início do mesmo. Foram colocados
os provetes dentro de um recipiente com a solução preparada, esta ficou condicionada 24 horas
de maneira a não haver qualquer troca de matérias (poeiras, outras) a norma prevê 16 a 18
horas, mas com objetivo de acelerar a degradação optou-se por deixar as 24 horas tendo em
conta que se trata de um betão corrente e outro de elevado desempenho.

Após as 24 horas de exposição à solução os provetes foram retirados do recipiente. Estes


ficaram em repouso durante 20 minutos com objetivo de escorrimento, após este tempo foram
colocados em estufas ventiladas a 105±50C. Os provetes permaneceram na estufa pelo menos
uma semana para garantir que atingissem uma massa constante, facto confirmado com
pesagens sequenciais após o arrefecimento dos provetes à temperatura ambiente para confirmar
a massa constante.

Após todas as operações anteriores efetuadas compilou-se todos os resultados de forma a reunir
os dados das diferentes misturas de betão no Quadro 92.

Quadro 92 – Valores da variação da massa para cada mistura de betão para


ensaio de resistência aos sulfatos
Tempo de ensaio Número Massa Do Variação da
Misturas Data
(d) de Ciclos Provete (g) Massa (g)
07/01/2014 2121,18
Padrão 5,46%
20/03/2014 2236,95
07/01/2014 2122,03
Padrão_40%CV 2,14%
20/03/2014 2167,45
72 8
07/01/2014 2096,55
BED_1,7%SP 3,70%
20/03/2014 2174,05
07/01/2014 2119,73
BED_1,7%SP_40%CV 1,81%
20/03/2014 2158,15

No Quadro 92 estão representados os dados de variação da massa dos provetes no ensaio de


resistência aos sulfatos para cada mistura, no quadro é referido o valor do início do ciclo e o
final de todos os ciclos, apresentando na totalidade a variação da massa para cada mistura de
betão submetida ao ensaio.

146 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Os valores no Quadro 92 foram formulados graficamente como se observa na Figura 38.

6% 5,46%

5%
V ariação da massa(%)

4% 3,70%

3%
2,14%
1,81%
2%

1%

0%
Padrão Padrão_40%CV BED_1,7%SP BED_1,7%SP_40%CV

Figura 38 – Variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de resistência aos
sulfatos

Na Figura 38 verifica-se que os diferentes betões do estudo têm comportamentos diferentes, tal
como era de esperar, uma vez que os betões padrão são considerados betões correntes e os
restantes são betões de elevado desempenho.

7%

6% Padrão

Padrão_40%CV
V ariação da massa(%)

5%
BED_1,7%SP
4%
BED_1,7%SP_40%CV
3%

2%

1%

0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8
-1%
Número de ciclos (nº)
-2%

Figura 39 – Variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de resistência aos
sulfatos ao longo do número de ciclos

Raimundo Pereira 147


Controlo Da Qualidade De Betões

8%
Linear (Padrão)
7%
Linear (Padrão_40%CV)
6% Linear (BED_1,7%SP)
V ariação da massa(%)

5% Linear (BED_1,7%SP_40%CV)
4%
3%
2%
1%
0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8
-1%
Número de ciclos (nº)
-2%

Figura 40 – Tendência da variação da massa para cada mistura de betão para ensaio de
resistência aos sulfatos ao longo do número de ciclos

Os betões sem cinzas volantes tiveram valores mais elevados que os betões com cinzas volantes
como se observa na Figura 39. Comparando os valores no betão corrente o betão com cinza
volante apresenta um valor inferior de ataque aos sulfatos que o betão padrão, da mesma forma
o BED e BED com cinza volante seguiu a mesma tendência que os betões correntes como se
verifica na Figura 40. Estes resultados devem-se à menor porosidade dos betões com Cinzas
Volantes.

7.3.4 Penetração de cloretos

Numa estrutura de betão a penetração de cloretos ocorre por difusão através da rede de poros
existente no seu interior, o processo é fortemente condicionado pelo teor de água no betão.

Devido à penetração de cloretos a despassivação das armaduras que, juntamente com a


diferença de potencial elétrico instalada no aço, provoca uma corrosão prematura e acentuada.
O objetivo do ensaio é quantificar a resistência do betão à penetração de cloretos, parâmetro
que é fundamental na durabilidade dos betões. A migração de cloretos foi realizada através de
um ensaio no procedimento CTH, rápido método e desenvolvido por Luping [52].

Em termos normativos, o ensaio de cloretos seguiu a especificação LNEC E-463 [53].

148 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Observando a penetração dos cloretos sob potenciais químicos e elétricos como unidirecional e
assumido que o fluxo o iões que transita o material é o resultado da soma dos dois processos, é
possível recorrer a uma Lei de Fick transformada para caracterizar o fenómeno através da
equação simplificada (7.5).

(0.0239(273 + T)L (273 + T)Lxd (7.5)


DNE = (xd − 0.0238√ )
(U − 2)t U−2

Em que:

DNE: coeficiente de difusão x10-12 m2/s;

U: valor absoluto da voltagem aplicada, V;

T: valor médio das temperaturas inicial e final na solução anódica, 0C;

L: espessura do provete, mm;

Xd: valor médio da profundidade de penetração, mm;

T: duração do ensaio, horas

Para efetuar o ensaio de penetração de cloretos seguiu-se o procedimento que se apresenta:

1. Após terminado o período de cura, colocou-se os provetes de ensaio numa câmara de


vácuo por 3 horas à pressão aproximada de 20 mbar, valor compreendido no intervalo
entre 10 e 50 mbar definido pela especificação do ensaio;
2. Após 3 horas de vácuo, foi adicionada a solução de hidróxido de cálcio na câmara para
que os provetes ficassem imersos por 1 hora;
3. Desligou-se a bomba de vácuo deixando permanecer os provetes imersos em hidróxido
de cálcio por 18 ± 2 horas sob pressão atmosférica;
4. Colocou-se os provetes no interior das mangas de borracha e ajustou-se os mesmos com
o auxílio das braçadeiras;
5. Posicionou-se os provetes no equipamento de indução de corrente elétrica e aplicou-se
as soluções de cloreto de sódio e hidróxido de sódio, desempenhando funções de
solução catódica e anódica respetivamente;

Raimundo Pereira 149


Controlo Da Qualidade De Betões

Figura 41 – Esquema do equipamento de indução de corrente elétrica no qual se visualiza a


posição correta do betão no interior da manga isoladora juntamente com os diferentes tipos
de soluções

De acordo com a norma do ensaio o esquema observado na Figura 41 foi adotado e elaborado
um esquema parecido no Laboratório de Materiais de Construção no Departamento de
Engenharia Civil, na Universidade do Minho, tal como se pode verificar na Figura 42

Figura 42 – Esquema de ensaio penetração de cloretos usado no laboratório materiais de


construção da Universidade do Minho

150 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

6. Instalou-se uma corrente elétrica de 30 volts e calibrou-se a mesma através do valor


resultante de amperagem, num processo iterativo;

Quadro 93 – Duração do ensaio CTH [52]

Intensidade de corrente inicial, I0 (mA) Duração do ensaio, tCTH (horas)

I0 <5 168
5 ≤ I0 <10 96
10 ≤ I0 <30 48
30 ≤ I0 <60 24
60 ≤ I0 <120 8
120 ≤ I0 <240 4
I0> 240 2

7. Fixada a corrente elétrica de ensaio, registou-se a temperatura inicial da solução anódica - Ti


- e definiu-se o tempo de ensaio - t;
8. Decorrido o tempo de ensaio, registou-se novamente a temperatura da solução anódica – Tf;
9. Retirou-se os provetes das mangas de borracha, partindo-os em metades e aplicando-lhes a
solução de nitrato de prata (Figura 43);

a) b)

Figura 43 – a) Ensaio de compressão diametral dos provetes b) Verificação da camada


penetrada pelos cloretos

Após todo procedimento concluído procedeu-se às leituras dos perfis dos provetes
correspondente á penetração dos cloretos, tal como se indica na Figura 44. A profundidade de
penetração dos cloretos determina-se pulverizando a espessura dos provetes com uma solução
de nitrato de prata (AgNO3).

Raimundo Pereira 151


Controlo Da Qualidade De Betões

a) b)

Figura 44 – a) Perfil da medição da profundidade de penetração (mm) dos cloretos; b)


Medição da penetração dos cloretos nas composições estudadas

Após a realização das medições dos provetes de todas as composições, procedeu-se á


compilação dos dados e ao cálculo da difusão de cloretos de acordo com a equação 7.5, no qual
resultou no Quadro 94 os valores finais dos coeficientes de difusão de cloretos para cada uma
das composições.

Quadro 94 – Valores dos coeficientes de difusão de cloretos nos betões

Coeficiente de difusão de cloretos


Composições de Betão
Dnsm (10-12 m2 / s)
Padrão 33,64
Padrão_40% CV 13,05
BED _1,7% SP 29,26
BED _40% CV_1,7% SP 17,46

Com estes valores do coeficiente de difusão de cloretos visualizados no Quadro 94 construiu-se


um gráfico no qual se pode verificar todas a variação das composições do estudo em causa
relativamente á penetração dos cloretos, como se observa na Figura 45.

152 Raimundo Pereira


Capítulo 7 – Ensaios e Análise de Resultados

Coeficiente difusão de cloretos


40,0 33,64
35,0 29,26
30,0

Dnsm (10-12 m2 / s)
25,0
20,0 17,46
13,05
15,0
10,0
5,0
0,0

Figura 45 – Variação do coeficiente de difusão de cloretos dos betões

Nas composições ensaiadas, os resultados obtidos mostraram que a introdução de CV foi


especialmente benéfica, isto porque possibilitou o aumento significativo da resistência dos
betões à migração de iões de cloreto.

Verificou-se tal como nos casos dos ensaios da absorção de água por imersão ou capilaridade, a
migração dos iões de cloreto foi condicionada pela porosidade das respetivas matrizes das
composições de betão.

Nas composições estudadas parece que a presença de Cinzas Volantes é suficiente para o
preenchimento dos poros tal já não se verifica nas dosagens sem Cinzas Volantes.

Tal como outros autores referidos a introdução de CV nas misturas beneficiou claramente a
resistência à migração de cloretos, devido à diminuição da quantidade de hidróxido de cálcio
que provocaram, resultante das reações pozolânicas das CV [50]. Este fator poder ser
considerado preponderante, o aumento continuado da quantidade de CV deveria levar a uma
progressiva diminuição do Dnsm.

Assim, os resultados obtidos a principal diferença a registar está associada à introdução ou não
de CV nas composições.

No Quadro 95 apresentam-se os valores do coefeciente de difusão em estado não estacionário


(Dns) correspondente a uma classe de resistência à penetração de cloretos, no qual nos
baseamos para classificar as nossas composições de estudo.

Quadro 95 – Valores do coefecientes de difusão em estado não estacionário (Dns)


correspondente a uma classe de resistencia à penetração de cloretos [52]

Raimundo Pereira 153


Controlo Da Qualidade De Betões

Coeficiente de difusão em estado não estacionário, Dns Classe de resistência à penetração de cloretos

Dns ≥ 15 x 10-12 m2/s Reduzida


-12 2 -12 2
I0x10 m /s <Dns <15x10 m /s Moderada
-12 2 -12 2
5 <10 M /s <Dns≤10x10 m /s Elevada
-12 -12 2
2. 5 X 10 m2/s <Dns ≤ 10x10 m /s Muito elevada
-12 2
Dns <2. 5 X 10 m Ultra elevada

Assim para os betões sem cinzas volantes a classe de resistência à penetração de cloretos
resultante é reduzida, já nos betões com CV foi possível obter uma classe de resistência
moderada.

154 Raimundo Pereira


Capítulo 8 – Betão em Timor – Leste

8 BETÕES EM TIMOR – LESTE

A ilha de Timor situa‐se no Arquipélago de Sonda, sendo esta a maior das Pequenas Ilhas de
Sonda. Timor é constituído pela parte oriental da ilha, o ilhéu de Jaco, a ilha de Ataúro e o
enclave de Oécussi, na costa norte do Timor ocidental. A parte oriental da ilha é percorrida
horizontalmente pela cordilheira de Ramelau. A leste da ilha destaca‐se o monte Matebian.

No contexto geológico, Timor Leste expõe uma grande diversidade litológica. Esta está
associada a francas potencialidades em rochas ornamentais e rochas e minerais industriais, fator
que vem de encontro às necessidades básicas imediatas para a reconstrução do território no qual
se destacam as potencialidades em matéria-prima para a construção civil e obras públicas.

Num trabalho efetuado anteriormente por Audley-Charles et M. G. na constituição de uma


carta geológica simplificada como se visualiza na Figura 46, pode se observar uma grande
diversidade litológica e distribuição temporal das unidades geológicas que ocorrem em Timor
Leste, mesmo assim com o avanço tecnológico na área da geologia poderá fazer novas
pesquisas e sabe-se que muitos outros recursos existirão forçosamente, tal como referido
anteriormente, a sua divulgação dependerá da execução de trabalhos de prospeção a grande
escala.

Figura 46 – Carta geológica simplificada de Timor Leste [54]

Raimundo Pereira 155


Controlo Da Qualidade De Betões

Os trabalhos futuros passarão pela cooperação de entidades estrangeiras, nomeadamente países


CPLP, munidas de conhecimento e capacidade técnica.

Neste cenário é importante a abundância em calcários para fins ornamentais e para a indústria
do cimento e/ou da cal e as potencialidades em argilas para a cerâmica estrutural, em relação á
parte de agregados destaca-se as rochas ígneas intrusivas e as areias e cascalheiras fluviais o
qual constituirão a principal fonte de agregados para usar na construção civil, nomeadamente
no fabrico do betão.

Na generalidade, em Timor a tecnologia do betão era pouco frequente na construção civil do


país, esta apenas era utilizada com alguma frequência pelos portugueses, tal como se
exemplifica (Figura 47 a).

a) b)

Figura 47 – a) Antigo Mercado em Bacau feito parcialmente em betão por portugueses; b)


Em remodelação atualmente

O povo timorense utilizava a construção tradicional sem betão, utilizando o bambu como
material de referência de construção, como se observa na Figura 48. O uso do betão para a
construção de qualquer infra estruturas da parte dos timorenses foi após a sua independência
como se visualiza na Figura 49.

156 Raimundo Pereira


Capítulo 8 – Betão em Timor – Leste

Figura 48 – Casa tradicionais construídas com materiais correntes e acessíveis á população

A construção comparada antes da sua autonomia mudou bastante como se verifica na Figura
49.

Figura 49 – Tipo de construção de casa atual em Timor Leste

O facto de descoberta de novos recursos minerais e petrolíferos levou á modificação da


situação económica do país, com mais recurso económico, tal como se vive atualmente. Este
facto permitiu captar empresas especializadas na construção civil, nomeadamente na tecnologia
do betão possibilitando a construção de novos edifícios, infraestruturas rodoviárias e pontes,
assim como outros equipamentos.

Raimundo Pereira 157


Controlo Da Qualidade De Betões

Um dos grandes exemplos de construção em Timor Leste é atualmente a construção da ponte


de Comoro II a qual se encontra numa fase final com a implementação da tecnologia de betão.
Neste projeto da Ponte Comoro I e II foi aplicado betões nos vários elementos (Pilares, Vigas,
Lajes) com classes de betão na ordem C25/30 e C50/60, havendo já uma necessidade de
controlo do betão e de fiscalização por parte de entidades governamentais, Agência De
Desenvolvimento Nacional (ADN) e Ministério as Obras Públicas República Democrática
Timor Leste.

Os betões foram fabricados com agregados de Timor Leste e com cimento indonésio Tonasa.
Também se usaram adjuvantes da Sika. Nas Figura 50 e 51 podemos ver como exemplo a
aplicação de um betão da classe C 25/30 em fundações, pilares e vigas na ponte Comoro.

Figura 50 – Fundações da Ponte Comoro II com uma classe de betão na ordem do C25/30
[55]

Figura 51 – Exemplo do uso duma classe de betão C 50/60 nos pilares da Ponte Comoro II

158 Raimundo Pereira


Capítulo 8 – Betão em Timor – Leste

[55]

O betão destes elementos que se observam nas Figura 50 e Figura 51 pode-se constatar que
existe uma elaboração detalhada da parte da equipa técnica sobre as características do betão da
Ponte Comoro II usado ao longo da sua construção como se observa na Figura 52.

Figura 52 – Fundações da Ponte Comoro II com uma classe de betão na ordem do C25/30 [55]

Atualmente a construção da nova fábrica de cimento que iniciar-se-á em Janeiro de 2015, visto
que os depósitos de calcários existentes na região de Baucau deverão garantir o abastecimento
de matéria-prima durante 100 anos e possibilitando produzir novos cimentos. Este facto terá um
impacto enorme na indústria da construção civil com utilização da tecnologia do betão, fazendo
chegar este produto a pequenos empresários de construção assim como também possibilitando
a concretização de grandes projetos a Timor Leste.

Raimundo Pereira 159


Controlo Da Qualidade De Betões

Alguns projetos já estão em fase final tal como a ponte Comoro (Figura 53) e outros a iniciar.

Figura 53 – Ponte Comoro quase finalizada com partes em betão [55]

Figura 54 – Ponte Comoro esta finalizada com partes em betão [55]

160 Raimundo Pereira


Capítulo 9 – Conclusões

9 CONCLUSÕES

A dissertação pretendeu apurar a viabilidade da aceitação do sistema de composição de betões


proposto pelo American Concrete Institute à realidade da construção executada no país em
Timor Leste.

Como aproximadamente todos os métodos de composição disponíveis, o método ACI 211.1-91


foi desenvolvido na altura em que o betão era essencialmente produzido por agregados,
cimento e água. Devido a esse motivo, a sua aplicação não é fácil ou direta quando adjuvantes
minerais ou orgânicos são considerados na mistura e além disso não há forma de conciliar mais
de dois tipos de agregados.

O objetivo do estudo passou pela construção de tabelas, à semelhança do que se efetua método
ACI 211.1-91 de forma a facilitar/agilizar o processo de composição de betões através de uma
metodologia de fácil compreensão para que possa ser utilizado por profissionais experientes
assim como por pequenos empreiteiros ou outros profissionais com pouca experiência na área.

Para esta finalidade, definiu-se um programa experimental compreendendo a formulação de


diferentes composições de betão utilizando constituintes correntes no nosso país e a
caracterização mecânica desses betões.

O estudo concebido para definir a formulação dos betões no enquadramento referido, permitiu
a obtenção de betões com a resistência à compressão pretendida, capazes de ser formulados
com recurso a tabelas e que cumprem as exigências relacionadas com as classes de exposição
ambiental referidas na especificação LNEC E 464, podendo assim ser aplicados em diversas
obras de construção civil garantindo um tempo de vida útil de projeto em diversas condições de
exposição ambiental.

Este método é um dos poucos que permite enfatizar a arrumação do agregado por frações, é
uma pena que esta abordagem (medida da densidade do agregado grosso por frações) não seja
estendida ao agregado fino.

O aspeto frágil deste sistema são os valores de água requeridos para a amassadura. Os
agregados não são considerados para a previsão da resistência à compressão, a mesma depende
exclusivamente da razão a/c.

Raimundo Pereira 161


Controlo Da Qualidade De Betões

Portanto, se há diferenças nos agregados e na resistência do cimento, a resistência à compressão


obtida para determinada razão a/c varia.

Em súmula, o estudo desenvolvido mostra viabilidade prática no emprego do método descrito


no ACI 211.1-91, na produção de betões com qualidade e que podem perfeitamente ser
aplicados em diversas obras de construção civil, demonstrando-se eficaz quando utilizados
constituintes produzidos e largamente utilizados na indústria da construção em Portugal.

Este trabalho é portanto um fundamental passo para a aprovação do método proposto pelo ACI
uma vez que permitiu obter composições que encontram-se do lado da segurança, atingindo
assim os objetivos a que nos propusemos.

Verificou-se que em todos os ensaios efetuados no estudo em causa, segundo os requisitos


exigidos pela normalização NP-EN 206-1 para a durabilidade dos betões, observou-se a
existência de alguma dispersão nos resultados de ensaios mas não significativa. Esta diferença é
notável nos betões das diferentes composições, nomeadamente nos betões correntes em relação
aos BED.

É notável nos betões estudados que a introdução da cinza volante aumenta a durabilidade dos
betões, a tendência dos resultados é verificada ao longo dos ensaios realizados para avaliação
da durabilidade dos betões.

Verifica-se que os betões sem CV têm índices de durabilidades inferiores aos que contém este
material.

9.1 Estudo Futuro

Após o estudo concluído em Portugal é importante averiguar a sua utilização em Timor Leste,
este deverá ter uma vertente prática em estruturas de construção (Pontes, Edifícios, Barragens,
outros). Todo conteúdo de informação da dissertação deve ser aplicado num estudo real sobre o
controlo de qualidade do betão, assim como a sua conformidade, aplicado a estudo pratico e
real em causa.

Este estudo poderá ser reproduzido e complementado com novos materiais presentes em Timor
Leste, adaptando o aos recursos de materiais existentes no país.

162 Raimundo Pereira


Capítulo 9 – Conclusões

A substituição parcial ou total ou adição dos novos materiais ao estudo poderá ser uma
alternativa ao estudo em causa, assim como a introdução do metacaulino ou outros, pelo
mesmo método de dimensionamento de betão, o ACI. No estudo novo poderá utilizar-se novos
aditivos e averiguar qual a sua influência no desempenho á durabilidade dos betões.

O estudo poderá ser complementado com ensaios relacionados com a durabilidade de betões,
nomeadamente os ensaios de carbonatação, resistividade elétrica e ultrassons, estes poderão ser
realizados para os betões estudados assim como os propostos com os novos materiais.

Raimundo Pereira 163


Capítulo 10 – Referências Bibliográficas

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] C. Stanley, Highlights in the History of Concrete. 1982.

[2] NP EN 206:2007 - Betão Parte 1: Especificação, desempenho, produção e


conformidade. IPQ, 2007.

[3] J. Smeaton, “Smeaton’s Tower,” 2014. [Online]. Available:


http://en.wikipedia.org/wiki/Smeaton’s_Tower.

[4] J. Aspdin, “The Journal of the Society of Estate Clerks of Works,” J. Soc. Estate Clerks
Work., vol. 3, no. 29, p. 196, 1890.

[5] NP EN 197-1:2001/A 1:2005 (Ed. 1) - Cimento. Parte 1: Composição, especificações e


critérios de conformidade para cimentos correntes. Portugal, 2001.

[6] NP EN 197-1:2012 - Cimento Parte 1: Composição, especificações e critérios de


conformidade para cimentos correntes. Portugal: IPQ, 2012.

[7] J. L. Barroso De Aguiar, Controlo Da Qualidade do Betão. Universidade do Minho,


Guimarães, 2008, p. 26.

[8] P. Cunha, P., J., Tese de Doutoramento - Conformidade da Resistência à Compressão


do Betão. Universidade do Minho, Guimarães, Portugal, 2011.

[9] NP EN 12620:2002 - Agregados para betão. Portugal: IPQ, 2002.

[10] NP EN 13055-1:2005/AC :2010 - Agregados leves. Parte 1: Agregados leves para


betão, argamassas e caldas de injeção. Portugal: IPQ, 2010.

[11] J. B. Aguiar, “Materiais de construção I. ”Guimarães, Portugal, 2005.

[12] LNEC E 467:2006 - Guia para a utilização de agregados em betões de ligantes


hidráulicos. Portugal: LNEC, 2006.

[13] LNEC E 461:2007 - Betões. Metodologias para prevenir reações expansivas internas.
Portugal: LNEC, 2007.

Raimundo Pereira 165


Controlo Da Qualidade De Betões

[14] NP EN 1008:2003 - Água de amassadura para betão. Especificações para a amostragem,


ensaio e avaliação da aptidão da água, incluindo água recuperada nos processos da indústria de
betão, para o fabrico de betão. Portugal, 2003.

[15] NP EN 934-2:2009 -Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injeção Parte 2:


Adjuvantes para betão Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem. Portugal:
IPQ, 2009.

[16] I. Bauer, F, L, A;Olivan, L, “Accelerated Tests for Concrete Made with Slag Cement,”
A.S. Testing, Ed., 1978.

[17] EN 12878:2005 (Ed. 2) - Pigmentos para a coloração de materiais de construção à base


de cimento e/ou cal. Especificações e métodos de ensaio. Portugal: IPQ, 2005.

[18] NP EN 450-1:2012 (Ed. 3) - Cinzas volantes para betão. Parte 1: Definição,


especificações e critérios de conformidade. Portugal: IPQ, 2012.

[19] NP EN 13263-1:2005+A1:2009 (Ed. 1) - Sílica de fumo para betão. Parte 1: Definições,


requisitos e critérios de conformidade. Portugal: IPQ, 2009.

[20] P. Cachim, A especificação do betão segundo a NP EN 206-1. Portugal: Universidade


de Aveiro, p. 39.

[21] LNEC E 462 - 2004 - Betão. Determinação do coeficiente de difusão dos cloretos por
migração em regime não estacionário. LNEC, Lisboa, Portugal, 2004.

[22] NP EN 13670-1:2011 - Execução de estruturas em betão. Portugal.

[23] LNEC E 466 - Fíleres calcários para ligantes hidráulicos. Lisboa, Portugal: Laboratório
Nacional Engenharia Civil, 2005.

[24] NP EN 1504-2:2006 - Produtos e sistemas para a proteção e reparação de estruturas de


betão. Definições, requisitos, controlo da qualidade e avaliação da conformidade. Parte 2:
Sistemas de proteção superficial do betão. Portugal: IPQ, 2006.

[25] LNEC E 464:2007 Betões. Metodologia prescritiva para uma vida útil de projeto de 50
e de 100 anos face às ações ambientais. Lisboa, Portugal: Laboratório Nacional Engenharia
Civil, 2007.

166 Raimundo Pereira


Capítulo 10 – Referências Bibliográficas

[26] LNEC E 465 - Betões. Metodologia para estimar as propriedades de desempenho do


betão que permitem satisfazer a vida útil de projeto de estruturas de betão armado ou pré-
esforçado sob as exposições ambientais XC e XS. Lisboa , Portugal: Laboratório Nacional
Engenharia Civil, 2007.

[27] NP EN ISO 9001:2008 - Sistemas de gestão da qualidade. Requisitos (ISO


9001:2008/Cor 1:2009). Portugal: IPQ, 2008.

[28] NP EN 12350-1:2009 (Ed. 2) - Ensaios do betão fresco. Parte 1: Amostragem. Portugal:


IPQ, 2009.

[29] NP EN 12390-3:2011 - Ensaios do betão endurecido. Parte 3: Resistência à compressão


de provetes. Portugal: IPQ, 2011.

[30] “SECIL - Cimento Portland, CEM I 42,5R,” 2014.

[31] NP EN 196-1:2006 (Ed. 3) - Métodos de ensaio de cimentos. Parte 1: Determinação das


resistências mecânicas. Portugal: IPQ, 2006.

[32] ACI Committee 211, “ACI 211.1-91 (Reapproved 2002), Standard Practice For
Selecting Proportions For Normal, Heavyweight, and Mass Concrete,” 2002.

[33] NP EN 933-2:1999 (Ed. 1) - Ensaios para determinação das características geométricas


dos agregados. Parte 2: Determinação da distribuição granulométrica. Peneiros de ensaio,
dimensão nominal das aberturas. Portugal: IPQ, 1999.

[34] American Concrete Institute, Ed., ACI 214R-2 - Evolution of strength test results of
concrete, ACI Commit. Detroit, 2002.

[35] American Concrete Institute, Ed., ACI, 318 - Building Code Requirement for Structural
Concrete, ACI Commit. Detroit, 2008.

[36] ASTM International, ASTM, C192/C192M - Standard Practice for Making and Curing
Concrete Test Specimens in the Laboratory. American: ASTM, 2007.

[37] A. S. Coutinho, Fabrico e Propriedades do betão, Volume 1. Lisboa, Portugal, 1988.

[38] ASTM International, ASTM C29 / C29M:2009 - Standard Test Method for Bulk
Density (“Unit Weight”) and Voids in Aggregate. ASTM, 2009.

Raimundo Pereira 167


Controlo Da Qualidade De Betões

[39] ASTM C 136-90 - Method for Sieve Analysis of Fine and Coarse Aggregates.
American United States: ASTM.

[40] NP EN 1097-3:2002 (Ed. 2) - Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos


agregados. Parte 3: Determinação da baridade e do volume de vazios. Portugal: IPQ, 2002.

[41] NP EN 12390-3:2009 (Ed. 2) - Ensaios do betão endurecido. Parte 3: Resistência à


compressão dos provetes. Portugal: IPQ, 2009.

[42] NP EN 12390-2:2009 (Ed. 2) - Ensaios do betão endurecido. Parte 2: Execução e cura


dos provetes para ensaios de resistência mecânica. Portugal: IPQ, 2009.

[43] NP EN 12350-2:2009 (Ed. 2) - Ensaios do betão fresco. Parte 2: Ensaio de


abaixamento. Portugal: IPQ, 2009.

[44] B. M. M. Silva, Betão leve estrutural com agregados de argila. FEUP, Porto, 2007.

[45] Instituto Português da Qualidade, Ensaios de betão endurecido – Parte 3: Resistência à


compressão dos provetes. - Norma Portuguesa NP EN 12390-3. Caparica: IPQ, 2009.

[46] J. Costa, A.; Appleton, “ESTRUTURAS DE BETÃO I,” Instituto Superior Técnico,
2002.

[47] A. Coutinho, A. S.; Gonçalves, Fabrico e propriedades do betão - Volume II, Volume
II. Lisboa, Portugal, 2006.

[48] LNEC E 393 - Betões. Determinação da absorção de água por capilaridade. Lisboa,
Portugal: LNEC, 1993, p. 2.

[49] LNEC E 394 - Betões. Determinação da absorção de água por imersão. Ensaio à pressão
atmosférica. Lisboa, Portugal: LNEC, 1993, p. 2.

[50] A. Azevedo, “Betões De Elevado Desempenho Com Incorporação De Cinzas


Volantes,” Universidade do Minho, 2002.

[51] IPQ, NP 1378:1976 – Agregados. Ensaio de alteração pelo sulfato de sódio ou pelo
sulfato de magnésio. Lisboa, Portugal: IPQ, 1976.

168 Raimundo Pereira


Capítulo 10 – Referências Bibliográficas

[52] T. Luping, “Chloride transport in Concrete – Measurement and Prediction,” Chalmers


university of Technology, 1996.

[53] LNEC E 463 Betões. Determinação do coeficiente de difusão dos cloretos por ensaio de
migração em regime não estacionário. Lisboa, Portugal: LNEC, 2004, p. 8 P.

[54] M. G. Audley-Charles, “The geology of Portuguese Timor,” Mem. Geol. Soc. London,
p. n.o 4, 76 p., 13, 1968.

[55] “Agência De Desenvolvimento Nacional E Agência De Planeamento Económico E


Investimento,” Díli, 2012.

Raimundo Pereira 169

Você também pode gostar