Resumo Aula2

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O QUE É MODERNIDADE?

A palavra moderno vem do latim e significa algo que é novo, recente, atual.

A Modernidade pode ser definida como um período que vai de meados do século 18 até
fins do século 20, caracterizado por profundas transformações no mundo ocidental.
São importantes marcos dessas transformações: o pensamento iluminista, a Revolução
Francesa, a Revolução Industrial e a independência das colônias na América.

No século 19, muitos artistas passaram a questionar a tradição artística acadêmica. Os


impressionistas, por exemplo, abandonaram os temas bíblicos, mitológicos e históricos,
além das figuras idealizadas da pintura tradicional.

O desenvolvimento da fotografia foi essencial para eles. Ao defenderem a pintura ao ar


livre, os impressionistas registravam apenas o que presenciavam, tal como uma
máquina fotográfica.

Além disso, eles se sentiram mais livres para desenvolver uma nova forma de pintar,
com pinceladas visíveis de cores puras. Para isso, foram beneficiados pelas novas
tintas prontas para uso, comercializadas em tubos.
Na obra “Impressão Sol Nascente”, de
Claude Monet, é possível observar as
pinceladas curtas e distintas do pintor, que
busca captar as sensações imediatas
daquela cena. Essa forma de pintar rompe
com as técnicas acadêmicas de pintura,
como a tradicional forma de representar a
luz e a sombra, o claro-escuro.

Além de Monet, outros artistas como Renoir


e Cézanne tiveram suas obras recusadas
pelo júri do Salão Oficial de Paris. Essa
recusa fez com que eles promovessem a sua
própria exposição de pintura, no ateliê do
fotógrafo Nadar. Uma revolução estava em
curso!

IMPRESSÃO, SOL NASCENTE


Claude Monet, 1872
Museu Marmottan Monet, Paris, França
Berthe Morisot foi uma pintora francesa muito
atuante dentre os impressionistas, participando de
sete das oito exposições organizadas pelo grupo.

A pintura O berço, foi exibida na pioneira exposição


impressionista, em 1874. Uma jovem mãe observa
uma criança dormindo num berço protegido por um
mosquiteiro. Ela parece cansada, o que dá a entender
que estaria ali, observando a criança, há um bom
tempo. Trata-se da irmã mais nova da pintora, Edma,
com a sua filha.

Em certos lugares, a pintura está mais detalhada,


como no rosto da mulher. Porém, o véu do
mosquiteiro e a cortina que está atrás, têm uma
pincelada mais fluida, mais solta, típica dos
impressionistas.

O BERÇO
Berthe Morisot, 1872
Museu de Orsay, Paris, França
A partir da década de 1880, houve uma grande
diversidade artística na Europa. Os pintores que
buscavam uma visão mais pessoal ou espiritual
nas suas obras foram chamados de pós-
impressionistas.

Um dos maiores exemplos é o holandês Vincent


van Gogh. Ele veio de uma família muito religiosa
e, antes de ser pintor, chegou a ser um pregador
evangélico.

No entanto, quando se mudou para Paris, Van


Gogh conheceu o trabalho dos impressionistas,
além das gravuras japonesas. Desde então, a sua
obra se encheu de cor e de expressividade, tal
como podemos ver neste belíssimo autorretrato.

AUTORRETRATO COM CHAPÉU DE PALHA


Vincent Van Gogh, 1887
Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA
Apesar de ter participado do grupo dos impressionistas,
Paul Cézanne pintava de uma forma muito própria,
geometrizando as formas representadas. Por isso, foi
classificado com um Pós-impressionista.

Na obra “Castelo Negro e Santa Vitória”, vemos uma


construção em tons alaranjados, em primeiro plano,
com uma elevação ao fundo, o monte Santa Vitória.
O Castelo Negro é uma construção medieval próxima a
Aix-en-Provence, na França.

Porém, o que mais chama a atenção é a forma como


esse castelo é representado, como se fossem cubos
empilhados.

Para Cézanne, uma pintura não poderia imitar a


natureza, apenas transformá-la. Ele exerceu grande
influência sobre muitas vanguardas artísticas, sendo
considerado um dos pais da Arte Moderna.
CASTELO NEGRO E SANTA VITÓRIA
Paul Cézanne, 1904
Museu Bridgestone, Tóquio, Japão
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS
As chamadas vanguardas modernistas determinaram a arte
ocidental na primeira metade do século 20. O sentido de vanguarda
na arte refere-se aos artistas que estariam à frente do seu tempo,
rompendo com os padrões artísticos vigentes.

Fauvismo, Cubismo, Expressionismo e Surrealismo são algumas


das mais importantes.

No início do século 20, em vez de um código visual universal, como


foi determinado pela perspectiva renascentista e institucionalizado
pelas academias, as vanguardas criaram códigos visuais
específicos, daí a dificuldade de entendimento do grande público.
O Fauvismo foi uma das primeiras vanguardas
artísticas. Em 1905, aconteceu o Salão de
Outono, em Paris, com obras de novos
pintores, como Henri Matisse e André Derain.
As pinturas do Salão foram consideradas
estranhas, bizarras, por conta do uso
exorbitante e aparentemente aleatório das
cores. De uma crítica feita às obras expostas
neste salão, surgiu o nome Fauvismo. Fauve,
em francês, significa besta, fera.

Matisse foi o principal nome do Fauvismo e é


marcante em sua obra, além do uso intenso
de cores, a liberdade na representação da
figura humana, livre do cânone clássico.

A DANÇA Nesta pintura, vemos pessoas vermelhas de


Henri Matisse, 1909-1910 mãos dadas, criando um intenso ritmo visual.
Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia
O fundo é azul e o chão é verde. A obra teria
sido inspirada numa dança de pescadores do
sul da França.
O Cubismo deve a sua origem principalmente a
obra de Paul Cézanne, para quem o corpo
humano e a natureza deveriam ser representados
como formas geométricas.

O Cubismo teve duas fases marcantes: a


analítica e a sintética. A fase analítica é
caracterizada pela representação de figuras em
blocos, ou cubos, ou as figuras eram
representadas de forma fragmentada.

Dessa fase analítica é a obra “Mulher com


Bandolim'', de Pablo Picasso. Na tela, a figura
humana e o instrumento estão representados por
formas geométricas volumosas. A pintura tem
cores sóbrias e, através de um leve sombreado, a
mulher parece estar separada do fundo.

MULHER COM BANDOLIM


Pablo Picasso, 1910
Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA
Nesta outra obra de Picasso, o artista
mescla a pintura com objetos reais,
como parte de uma cadeira de palha
e uma corda, que serve como uma
moldura.

Esse trabalho faz parte da segunda


fase do Cubismo, a fase sintética,
cujas colagens utilizavam papéis,
areia, estopa, pregos, dentre outros
materiais.

É interessante observar aqui o uso de


objetos cotidianos ressignificados
como obra de arte, uma prática que
se tornará comum na Arte
Contemporânea.

NATUREZA-MORTA COM CADEIRA DE PALHA


Pablo Picasso, 1912
Museu Picasso, Paris, França
O Expressionismo foi influenciado por artistas como
Vincent van Gogh e Paul Gauguin.

Antes de se tornar pintor, Ernst Ludwig Kirchner se formou


arquiteto. Juntamente com outros artistas, fundou o grupo
A Ponte, na cidade de Dresden, Alemanha.

Para o artista, a realidade não estaria mais na aparência


visual das coisas, mas sim na expressão artística dos seus
próprios sentimentos.

Nesta pintura, vemos as características típicas do


Expressionismo: a figura humana está representada com
cores fortes, além de serem antinaturais, como o rosto
pintado de verde. As pinceladas do pintor são vigorosas e
marcantes, o que escandalizou muitas pessoas na época.

Nos anos 1930, já no final de sua vida, Kirchner foi


acusado pelos nazistas de ser um artista degenerado e
suas obras foram retiradas de locais públicos.
FRÄNZI EM FRENTE A UMA CADEIRA
ENTALHADA
Ernst Ludwig Kirchner, 1910
Museu Thyssen-Bornemisza, Madri, Espanha
No âmbito do Expressionismo alemão, outro
movimento que se destacou foi o Cavaleiro Azul,
do qual participou Wassily Kandinsky.

O pintor russo se tornou um dos mais importantes


artistas modernistas. Partindo da forma de pintar
expressionista, ele acabou por abandonar
completamente a figuração.

Como exemplo das suas telas abstratas, vemos


agora a Composição VII, de 1913. Kandinsky
procurou estabelecer correspondências entre a
espiritualidade e a linguagem das formas e das
cores.

Ele se inspirou também pela música, que


COMPOSIÇÃO VII
Wassily Kandinsky, 1913
conseguia ser abstrata, porém com emoção e
Galeria Tretyakov, Moscou, Rússia ordem. Inclusive, o pintor foi amigo do músico
alemão Arnold Schönberg.
Outro grande nome do Abstracionismo foi a pintora
sueca Hilma Af Klint, que até pouco tempo atrás,
era praticamente desconhecida. Por considerar que
o seu trabalho não seria bem aceito pelo público,
raramente o expôs em vida. Para se ter uma ideia, a
primeira grande exposição de suas pinturas só
aconteceu bem depois da sua morte, em 1986.

Hilma acreditava que seus quadros não


expressavam a ausência de formas existentes, mas
sim, um mundo de formas invisíveis aos olhos.

Ela integrou o grupo artístico As Cinco, formado por


mulheres que acreditavam ser conduzidas por
espíritos elevados e que desejavam se comunicar
por meio das imagens.

AS DEZ MAIORES NÚMERO 3, JUVENTUDE


Hilma af Klint, 1907
Museu de Arte Moderna, Estocolmo, Suécia
No Surrealismo, as obras podem apresentar tanto
formas abstratas quanto figurativas, mas sempre
com uma grande carga simbólica.

Para os surrealistas, a arte deve se libertar da


razão e da lógica, buscando expressar o mundo
dos sonhos e do inconsciente.

Nesta obra, há um contraste entre a representação


realista e uma atmosfera irreal. Na parte superior
da pintura, há um brilhante céu azul, ou seja,
imaginamos que seja uma cena diurna. Porém, na
parte inferior da imagem, vemos a fachada de uma
casa, iluminada pela fraca luz de um poste. Enfim,
seria dia ou noite? Dessa forma, Magritte faz
provocações ao público espectador, colocando em
dúvida a sua própria percepção e razão.

IMPÉRIO DAS LUZES


René Magritte, 1953-1954
Museu Guggenheim, Nova York, EUA
O artista surrealista mais conhecido foi, sem
dúvida, o espanhol Salvador Dalí. Uma de suas
mais importantes pinturas é A Persistência da
Memória, de 1931.

Vemos uma paisagem deserta e desolada,


inspirada na terra natal do artista. Em primeiro
plano, vemos uma árvore seca, uma figura no
chão que parece uma cabeça (ou pedras) e
diversos relógios. No entanto, eles estão
derretendo, o que gerou diversas interpretações.

Em sua autobiografia, Dalí disse que, após uma


refeição, ficou pensando no queijo camembert
que havia comido e na natureza das coisas
amolecidas. Ao representar os relógios moles,
sendo que um deles é atacado por formigas,
podemos pensar na fragilidade e na brevidade
A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA da vida. Essa é uma possível interpretação, você
Salvador Dalí, 1931
teria outra?
Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA
Depois de vermos todos esses exemplos, pode-se começar a
entender o porquê da arte desse período ser chamada de moderna.
Pois ela desconstrói a tradição artística europeia acadêmica através
de diversas inovações estéticas.

No entanto, justamente nesse momento, quando existem diversos


movimentos de arte concomitantes, é que os alunos relatam maior
dificuldade para entender os estilos artísticos. Na minha opinião,
inclusive, a Arte Moderna ainda é um grande mistério para boa parte
das pessoas. E isso acontece, justamente, por ela ir de encontro à
Arte da Tradição e à visão, construída por ela, de que a “verdadeira
arte” seria aquela que representa as cenas da forma mais fidedigna a
nossa forma de enxergar, tendo a perspectiva linear como a melhor
maneira de alcançar este objetivo.
Independente de gosto pessoal, se você é uma destas pessoas que
não entendem a Arte Moderna, ou mesmo a Contemporânea, eu quero
te mostrar que o seu olhar, o nosso olhar ocidental, mesmo tendo se
passado tanto tempo, foi construído pela tradição europeia que se
construiu desde o Renascimento. Portanto, é necessário desconstruí-la
para enxergar estes novos tipos de arte de outra maneira.

Na próxima aula, eu vou falar sobre a arte de mais um período


histórico, talvez o mais difícil de ser compreendido por nós, por ser
exatamente aquele em que vivemos.

Como ver e compreender a Arte Contemporânea?

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