Apostila 2023 Direito Constitucional Professor Gustavo Americano
Apostila 2023 Direito Constitucional Professor Gustavo Americano
Apostila 2023 Direito Constitucional Professor Gustavo Americano
CONSTITUCIONAL
Prof. Gustavo Americano
SUMÁRIO
1 ESTADO: ELEMENTOS, FORMA DE ESTADO, FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO ............... 5
1.1 ESTADO: CONCEITO E ELEMENTOS INTEGRANTES ....................................................... 5
1.2 SISTEMAS E FORMAS DE GOVERNO E FORMAS DE ESTADO......................................... 6
2 DIREITO CONSTITUCIONAL: ORIGEM, FONTES E OBJETO ................................................... 12
2.1 CONCEITO DE DIREITO CONSTITUCIONAL................................................................... 12
2.2 NATUREZA DO DIREITO CONTITUCIONAL ................................................................... 12
2.3 OBJETO DO DIREITO CONSTITUCIONAL ...................................................................... 12
2.4 ESPÉCIE OU DIVISÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL.................................................. 13
2.5 FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL ...................................................................... 13
3 CONSTITUCIONALISMO ....................................................................................................... 14
3.1 IDEIA ............................................................................................................................ 14
3.2 MOVIMENTOS ............................................................................................................. 14
4 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ................................................................................. 18
4.1 ORIGEM ....................................................................................................................... 18
4.2 FORMA ........................................................................................................................ 18
4.3 MODODE ELABORAÇÃO .............................................................................................. 19
4.4 ESTABILIDADE .............................................................................................................. 19
4.5 CONTEÚDO .................................................................................................................. 20
4.6 EXTENSÃO ................................................................................................................... 21
4.7 CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE POLÍTICA E SOCIAL ...................................... 22
4.8 FINALIDADE OU FUNÇÃO ............................................................................................ 22
4.9 IDEOLOGIA................................................................................................................... 23
5 PODER CONSTITUINTE ........................................................................................................ 24
5.1 IDEIA INICIAL, TITULARIDADE E CLASSIFICAÇÃO ......................................................... 24
5.2 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ............................................................................ 24
5.3 PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU INSTITUÍDO OU DE 2º GRAU .......................... 26
5.4 PDER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL OU TRANSNACIONAL ................................... 31
5.5 PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL OU TRANSNACIONAL ................................ 32
6 APLICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS NO TEMPO ................................................. 34
7 APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ............................................................ 36
7.1 DOUTRINA NORTE-AMERICANA.................................................................................. 36
7.2 DOUTRINA DE JOSÉ AFONSO DA SILVA ....................................................................... 36
8 INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO .................................................................................. 40
8.1 CLASSIFICAÇÕES DA INTERPRETAÇÃO ........................................................................ 40
8.2 CORRENTES INTERPRETATIVAS NORTE AMERICANAS ................................................ 41
8.3 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL ..................................................... 41
8.4 METODO CLÁSSICO ..................................................................................................... 41
8.5 MÉTODOS PRÓPRIOS .................................................................................................. 42
8.6 PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL ................................................... 43
9 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIÇÃO: SENTIDOS, CONSTITUCINALISMO, NORMAS
CONSTITUCIONAIS INCONSTITUCIONAIS, ESTRUTURA E ELEMENTOS ....................................... 46
9.1 SENTIDOS CLÁSSICOS E MODERNOS DE CONSTITUIÇÃO ............................................ 46
9.2 TEORIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS INCONSTITUCIONAIS ................................ 47
9.3 ESTRUTURA ................................................................................................................. 48
9.4 ELEMENTOS ................................................................................................................. 49
10 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................... 51
10.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 51
10.2 FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ........................................... 51
10.3 OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ........................ 54
10.4 PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL NAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS ..................................................................................................................... 54
10.5 MODELO DE DEMOCRACIA ......................................................................................... 55
10.6 SEPARAÇÃO DE PODERES ............................................................................................ 56
11 TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .............................................................. 58
11.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS x DIREITOS HUMANOS ..................................................... 58
11.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS x GARANTIAS FUNDAMENTAIS ........................................ 58
11.3 CLÁUSULA GERAL DE COMPLEMENTARIEDADE .......................................................... 58
11.4 DIIREITOS FUNDAMENTAIS E TRATADOS INTERNACIONAIS ....................................... 59
11.5 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDMENTIS EM GERAÇÕES OU DIMENSÕES .......... 60
11.6 TITULARIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .......................................................... 61
11.7 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................... 62
11.8 EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................... 63
12 DIREITOS FUNDAMENTAIS .............................................................................................. 65
12.1 DIREITO À VIDA ........................................................................................................... 65
12.2 DIREITOS RELACIONADOS ÀS LIBERDADES ................................................................. 67
12.3 DIREITO À IGUALDADE ................................................................................................ 79
12.4 DIEITOS RELACIONADOS À SEGURANÇA JURÍDICA ..................................................... 82
12.5 DIREITOS RELACIONADOS À PRIVACIDADE ................................................................. 90
12.6 DIREITOS RELACIONADOS AO DIREITO PENAL ............................................................ 96
13 DIREITOS SOCIAIS .......................................................................................................... 103
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13.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 103
13.2 TEORIAS ..................................................................................................................... 104
13.3 TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL ........................................................................... 104
13.4 TEORIA DO MÍNIMO EXISTENCIAL............................................................................. 105
13.5 PROIBIÇÃO DO RETROCESSO .................................................................................... 105
14 DIREITOS DA NACIONALIDADE ...................................................................................... 106
14.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 106
14.2 ESPÉCIES E CRITÉRIOS DA NACIONALIDADE.............................................................. 106
14.3 BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS .................................................................. 107
14.4 QUASE NACIONAIS .................................................................................................... 110
14.5 DISTINÇÃO ENTRE BRAZILEIROS NATOS E NATURALIZADOS E ESTRANGEIROS ........ 110
14.6 PERDA NA NACIONALIDADE ...................................................................................... 111
15 DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS ................................................................ 114
15.1 DIREITO AO SUFRÁGIO .............................................................................................. 114
15.2 ELEGIBILIDADE ........................................................................................................... 114
15.3 VOTO ......................................................................................................................... 120
15.4 PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITS POLÍTICOS ...................................................... 122
15.5 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO...................................................... 123
15.6 PRINCÍPIO DA ANUALIDADE ...................................................................................... 124
15.7 PARTIDOS POLÍTICOS................................................................................................. 125
16 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA................................................................. 127
16.1 FEDERALISMO............................................................................................................ 127
16.2 SOBERANIA E AUTONOMIA ....................................................................................... 129
16.3 UNIÃO ........................................................................................................................ 131
16.4 ESTADOS-MEMBROS ................................................................................................. 132
16.5 MUNICÍPIOS............................................................................................................... 134
16.6 DISTRITO FEDERAL..................................................................................................... 137
16.7 TERRITÓRIOS FEDERAIS ............................................................................................. 137
16.8 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS .............................................................................. 137
16.9 JULGADOS IMPORTANTES SOBRE O TEMA ............................................................... 139
17 PODER LEGISLATIVO ...................................................................................................... 143
17.1 ESTRUTURA ............................................................................................................... 143
17.2 ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL ................................................................ 143
17.3 ATRIBUIÇÕES DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ........................................................... 144
17.4 ATRIBUIÇÕES DO SENADO FEDERAL ......................................................................... 145
17.5 PODER DE CONVOCAÇÃO.......................................................................................... 145
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17.6 ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS .............................................................................. 146
17.7 PERDA DO MANDATO PARLAMENTAR...................................................................... 150
17.8 REUNIÕES .................................................................................................................. 152
17.9 COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO ......................................................... 155
18 PODER EXECUTIVO ........................................................................................................ 159
18.1 ESTRUTURA ............................................................................................................... 159
18.2 AUSÊNCIA DO CHEFE DO EXECUTIVO........................................................................ 160
18.3 LICENÇA PARA VIAGEM AO EXTERIOR ...................................................................... 161
18.4 ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA .......................................................... 161
18.5 RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ............................................... 164
19 PODER JUDICIÁRIO ........................................................................................................ 170
19.1 ESTATUTO DA MAGISTRATURA ................................................................................. 170
19.2 GARATIAS DO PODER JUDICIÁRIO: INSTITUCIONAIS E FUNCIONAIS ........................ 174
19.3 QUINTO CONSTITUCIONAL........................................................................................ 178
19.4 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL .................................................................................. 179
19.5 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA .............................................................................. 183
20 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ........................................................................ 186
20.1 REQUISITOS PARA INSTITUIÇÃODO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EM UM
ORDENAMENTO JURÍDICO .................................................................................................... 186
20.2 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS APLICADOS AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE .. 186
20.3 NORMAS PRAMÉTRICAS ............................................................................................ 187
20.4 BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE .......................................................................... 191
20.5 OBJETO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................. 191
20.6 ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ............................................... 193
20.7 CONTROLE REPRESSIVO DE CONSTITUIONALIDADE ................................................. 194
20.8 CONTROLE JURÍDICO DE CONSTITUCIONALIDADE .................................................... 195
20.9 ABSTRATIVAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO .................................................................. 197
20.10 TERIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES ............................ 197
20.11 CLAÚSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO .................................................................. 198
20.12 TIPO DE INCONSTITUCIONLIDADE......................................................................... 199
20.13 AÇÕES EM ESPÉCIE ................................................................................................ 201
Atualizada em Abril/2023
DIREITO CONSTITUCIONAL | 4
1 ESTADO: ELEMENTOS, FORMA DE ESTADO,
FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO
De acordo com Dalmo Dalari de Abreu, Estado deve ser entendido como “A ordem
jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em
determinado território.”
• Povo;
• Território;
• Soberania e;
• Governo.
Sobre o elemento Território, esse deve ser entendido como o espaço geográfico
dentro do qual o Estado exercita seu poder de mando, sua soberania.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 5
• Efeito interno: É compreendido como aquele poder superior a todos os
demais.
SISTEMAS DE GOVERNO
DIREITO CONSTITUCIONAL | 6
propõe um voto de desconfiança. Se este for aprovado pela maioria parlamentar,
isso revela que o Chefe de Governo está contrariando a vontade da maioria do povo,
de quem os parlamentares são representantes. Assim sendo, deve demitir-se”.
Presidencialismo Parlamentarismo
O Presidente é o Chefe de Estado e o O Primeiro-Ministro é apenas chefe de
Chefe de Governo governo
O presidente é escolhido pelo povo O Primeiro-Ministro é escolhido pelo
Parlamento
O Presidente tem mandato determinado O Primeiro-Ministro não tem mandato
determinado
O Legislativo não pode tirar o Presidente, O Primeiro-Ministro deve se demitir
salvo por crime de responsabilidade quando perde a maioria do Parlamento
O Presidente da República não pode O Primeiro-Ministro pode dissolver o
dissolver o Legislativo Parlamento e convocar novas eleições
DIREITO CONSTITUCIONAL | 7
FORMAS DE GOVERNO
DIREITO CONSTITUCIONAL | 8
1) Responsabilidade política do governante, pelos seus
atos de governo e gestão;
FORMAS DE ESTADO
O que ocorre após a tomada de decisões é que irá determinar a espécie do Estado
Unitário, sendo elas:
Segundo Darcy Azambuja, “o tipo puro do Estado simples é aquele em que somente
existe um Poder Legislativo, um Poder Executivo e um Poder Judiciário, todos
centrais, com sede na capital. Todas as autoridades executivas ou judiciárias que
existem no território, são delegações do Poder central, tiram dele sua força; é ele que
as nomeia e lhes fixa as atribuições. O Poder Legislativo de um Estado simples é único,
nenhum outro órgão existindo com atribuições de fazer leis nesta ou naquela parte
do território”
Confederação Federação
É uma pessoa de Direito Público É mais que uma pessoa de Direito Público
Seus membros são soberanos Seus membros são autônomos
DIREITO CONSTITUCIONAL | 10
Os entes estão ligados por um Tratado ou Os entes estão ligados por uma
Convenção Internacional Constituição
É permitido o direito de secessão Não é permitido o direito de secessão
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
Saliente-se que a forma federativa de estado, nos termos do art. 60, §4º da
Constituição é considerada cláusula pétrea, não podendo ser objeto de deliberação
de proposta de Emenda à Constituição, ou seja, uma cláusula granítica, imutável, em
nosso ordenamento jurídico.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 11
2 DIREITO CONSTITUCIONAL: ORIGEM, FONTES E OBJETO
Pensamento de Canotilho:
•conceitua Direito Constitucional como sendo “o ramo do Direito Público que investiga e
sistematiza as instituições fundamentais do Estado, bem como estabelece a origem, a forma, o
desenvolvimento e os limites da aquisição e do exercício do poder, tendo como elemento central
a Constituição. Em outras palavras, Meirelles Teixeira definiu o Direito Constitucional como sendo
“o conjunto de princípios e normas que regulam a própria existência do Estado moderno, na sua
estrutura e no seu funcionamento, o modo de exercício e os limites de sua soberania, seus fins e
interesses fundamentais” [Curso de direito constitucional - 6ª edição 2022 (pp. 317-318). Saraiva
Jur.]
DIREITO CONSTITUCIONAL | 12
fundamentais”. [Martins, Flávio. Curso de direito constitucional - 6ª edição 2022 (p.
319). Saraiva Jur.]
O estudo das fontes de determinada disciplina análise as suas origens, os meios pelos
quais essa disciplina se exterioriza.
As fontes são classificadas em fontes materiais, que são os fatos e elementos pelos
quais se fazem nascer o instituto, bem como em fontes formais, que correspondem
à forma de elaboração técnica do material.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 13
3 CONSTITUCIONALISMO
3.1 IDEIA
3.2 MOVIMENTOS
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO
CONSTITUCIONALISMO MODERNO
DIREITO CONSTITUCIONAL | 15
Assim, o Neoconstitucionalismo ou Constitucionalismo contemporâneo,
Constitucionalismo avançado ou Constitucionalismo de direitos pode ser assim
sistematizado:
Necessário se faz elencar as principais consequências que foram geradas por esse
movimento constitucionalista, na práxis do Direito Constitucional, podendo elencar
as seguintes:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 16
3º) Surgimento de uma hermenêutica constitucional, tendo em vista que os
métodos e princípios de interpretação de uma Constituição não são idênticos
ao de interpretação de uma lei, apesar de existir pontos de contato entre eles.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 17
4 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
4.1 ORIGEM
4.2 FORMA
DIREITO CONSTITUCIONAL | 18
Codificadas ou unitárias, as matérias eleitas se encontram
sistematizadas em um único texto, podendo ser citado como exemplo
a Constituição Federal de 1988 e;
4.4 ESTABILIDADE
DIREITO CONSTITUCIONAL | 19
Alexandre de Moraes entende que a Constituição Federal de 1988 é do tipo
superrígida. Porém, essa é uma posição minoritária e o Supremo Tribunal
Federal não a adota pois entende que as matérias previstas em cláusulas
pétreas podem ser alteradas, o que não se permite é a supressão do núcleo
duro do objeto de tutela, isto é, não se permite uma abolição e aniquilação
dos preceitos petrificados.
• Rígida: São as Constituições cujo texto apenas pode ser alterado por um
procedimento legislativo mais dificultoso do que aquele de alteração da
legislação infraconstitucional. A posição majoritária é a de que a Constituição
de 1988 é do tipo rígida.
4.5 CONTEÚDO
DIREITO CONSTITUCIONAL | 20
Frise que as normas de uma Constituição do tipo material não precisam estar
positivadas em um texto constitucional, podendo estarem em um esparso de
normas, tendo em vista que o que importa aqui é o conteúdo, a essência.
E essa crítica é bem sintetizada pela doutrina, especialmente, ante a redação do art.
5º, §3º, da Constituição Federal de 1988: “cada vez mais se chega à conclusão de que
a Constituição brasileira não se resume ao texto constitucional aprovado em 1988,
com as supervenientes emendas. Destarte, a Constituição brasileira, que sempre foi
formal, circunscrita ao texto constitucional, está “se materializando”, motivo pelo
qual parte da doutrina entende que, em vez de material ou formal, a Constituição de
1988 passou a ser mista. [Martins, Flávio. Curso de direito constitucional - 6ª edição
2022 (p. 423). Saraiva Jur.]
4.6 EXTENSÃO
DIREITO CONSTITUCIONAL | 21
4.7 CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE POLÍTICA E SOCIAL
DIREITO CONSTITUCIONAL | 22
4.9 IDEOLOGIA
DIREITO CONSTITUCIONAL | 23
5 PODER CONSTITUINTE
Segundo José Afonso da Silva, Poder Constituinte “é o poder que cabe ao povo de
dar-se uma constituição. É a mais alta expressão do poder político, porque é aquela
energia capaz de organizar política e juridicamente a Nação”. [Poder Constituinte e
Poder Popular, p. 67.]
Tratando o Poder Constituinte como gênero, a doutrina moderna, entende que a sua
titularidade pertence ao povo e tal entendimento é extraído do parágrafo único do
art. 1º da Constituição Federal, que assim dispõe: “Todo o poder emana do povo, que
o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.”.
Natureza Jurídica: Existem duas correntes que divergem sobre a natureza jurídica
do Poder Constituinte Originário, a saber: A) Corrente Positivista e B) Corrente
Jusnaturalista, com as seguintes ideias: Corrente Positivista: Defende que o Poder
Constituinte Originário é um Poder Político, por não ser criado pelo ordenamento
DIREITO CONSTITUCIONAL | 24
jurídico e por ser, então, um poder de fato ou político, que retira seu fundamento
de validade da força social. É a corrente adotada por nosso ordenamento jurídico.
Corrente Jusnaturalista: Defende que o Poder Constituinte Originário é um Poder
Jurídico, haja vista que sua manifestação está subordinada, condicionada às normas
de Direito Natural, um direito que se encontra acima do direito positivo.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 25
B) Assembleia Nacional Constituinte, também, conhecida por Convenção,
em que existe um processo democrático, plural, para a inauguração da nova
ordem constitucional.
Ideia: É o poder jurídico responsável por alterar o texto da Constituição Federal, por
meio de um procedimento formal, decorrente do devido processo legislativo
constitucional, situação que é materializada por meio das Emendas à Constituição.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 26
• Limitado: Encontrando-se limites na própria Constituição, conforme será
detalhado no capítulo abaixo.
Art. 60º, §1º, CF: A Constituição não poderá ser emendada na vigência
de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 27
Art. 60, CF: A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I. de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados
ou do Senado Federal; II. do Presidente da República; III. de mais da
metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros.
Art. 60, §2º, CF: A proposta será discutida e votada em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se
obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 28
originário e o titular do poder constituinte derivado reformador, B) de
se violar as próprias limitações expressadas, bem como; C) de se
alterar o Sistema Presidencialista e a Forma Republicana de Governo
são cláusulas pétreas implícitas.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 29
• Condicionado: Como ensina Flávio Martins, “Ao contrário do poder originário,
que não possui formas preestabelecidas de manifestação, o poder decorrente
possui formas já determinadas na Constituição: em se tratando dos Estados,
trata-se das constituições estaduais (art. 25, caput, CF), e, em se tratando do
Distrito Federal, trata-se da Lei Orgânica do Distrito Federal (art. 32, caput,
CF).” [Curso de direito constitucional - 6ª edição 2022 (p. 634). Saraiva Jur.]
Conforme visto, o art. 25 da Constituição Federal dispõe que “Os Estados organizam-
se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição.”
DIREITO CONSTITUCIONAL | 30
Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: I. estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
forma da lei, a colaboração de interesse público; II. recusar fé aos
documentos públicos; III. criar distinções entre brasileiros ou
preferências entre si.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 31
A mutação constitucional pode ocorrer de três formas, a saber:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 32
E, assim, baseado, na ideia de uma cidadania universal, fala-se em um Poder
Constituinte Supranacional, que transcende os limites geográficos de um Estado,
regendo diversas nações.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 33
6 APLICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS NO TEMPO
Nesse momento, com o surgimento de uma nova ordem constitucional, três efeitos
se estabelecem, a saber:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 34
Interessante pontuar que Jorge Miranda ensina sobre o fenômeno da “recepção
material de norma constitucional”, em que uma nova Constituição pode determinar
que parte da Constituição pretérita permaneça em vigor, ainda que por pouco
tempo, com status constitucional.
Ressalte-se que, com apego ao tecnicismo, necessário destacar que esse fenômeno
não se trata de uma revogação de normas, haja vista que a revogação apenas ocorre
com atos da mesma hierarquia e natureza, ou seja, apenas uma lei ordinária revoga
uma lei ordinária.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 35
7 APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
E feito esse alerta, podemos então passar a análise das principais classificações sobre
a aplicabilidade das normas constitucionais.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 36
• Autoaplicabilidade: Não dependem de legislação infraconstitucional
posterior regulamentadora para que seus efeitos sejam alcançados;
• Não restringíveis: Por mais que venha a ser elaborada uma legislação
abordando o assunto tratado pela norma constitucional, esta jamais poderá
restringir a aplicação de seus efeitos;
DIREITO CONSTITUCIONAL | 37
• Aplicabilidade direta, imediata e, possivelmente, não integral,
respectivamente, não dependem de norma regulamentadora para produzir
seus efeitos, sendo aplicada ao caso concreto sem intermediação legislativa;
estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é
promulgada a Constituição Federal e; estão sujeitas a limitações ou
restrições.
A) Não pode aniquilar o direito, ou seja, seu núcleo essencial deve ser
preservado;
Com a entrada em vigor do Texto Constitucional, essa norma não tem a possibilidade
de produzir os seus efeitos, necessitando, para tanto, de regulamentação futura por
legislação infraconstitucional, citando, como exemplo, a seguinte norma
constitucional: Art. 37, VIII, CF: “o direito de greve será exercido nos termos e nos
limites definidos em lei específica”.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 38
• Normas declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: São as
normas constitucionais que dependem da regulamentação por legislação
infraconstitucional para que instituições e órgãos previstos na Constituição
Federal venham a ser estruturados e organizados, citando, como exemplo, a
seguinte norma constitucional: Art. 88: “A lei disporá sobre a criação e
extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.”.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 39
8 INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
QUANTO AO SUJEITO
DIREITO CONSTITUCIONAL | 40
• Extensiva: A interpretação elastece o sentido da norma constitucional, haja
vista que o legislador disse menos do que pretendia.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 41
• Teleológico: Interpretação que objetiva extrair os fins, os escopos, os
propósitos da norma.
MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR
Método de interpretação desenvolvido por Rudolf Smend que ensina que se deve
buscar valores implícitos existentes na Constituição. E J. J. Gomes Canotilho ensina
que “o recurso à ordem de valores obriga a uma ‘captação espiritual’ do conteúdo
axiológico último da ordem constitucional. A ideia de que a interpretação visa não
tanto dar resposta ao sentido dos conceitos do texto constitucional, mas
fundamentalmente compreender o sentido e realidade de uma lei constitucional,
conduz à articulação desta lei com a integração espiritual real da comunidade (com
os seus valores, com a realidade existencial do Estado).” [Op. cit., p. 1196.]
Método de interpretação desenvolvido Friedrich Muller que ensina que a norma não
se confunde com o texto, sendo esse apenas a ponta do iceberg, devendo, portanto,
DIREITO CONSTITUCIONAL | 42
o intérprete buscar compreender todo o domínio normativo, conhecendo a
realidade social.
Para promover uma interpretação do texto constitucional, além dos métodos acima
mencionados, princípios próprios e específicos devem ser aplicados, a saber:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 43
• Princípio da Força Normativa: De acordo com Konrad Hesse, toda norma
Constitucional é revestida de real eficácia jurídica e não poderia ser diferente,
caso contrário, figuraria apenas como “letra morta em papel”.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 44
B) Com exclusão da interpretação inconstitucional, em que o Poder Judiciário
entende que a norma é constitucional desde que não interpretada de certa
maneira.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 45
9 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIÇÃO: SENTIDOS,
CONSTITUCIONALISMO, NORMAS CONSTITUCIONAIS
INCONSTITUCIONAIS, ESTRUTURA E ELEMENTOS
DIREITO CONSTITUCIONAL | 46
constitucional, mas classificaria o art. 5º como Constituição, propriamente
dita. Art. 242, §2º, CF. O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de
Janeiro, será mantido na órbita federal.
• Sentido jurídico: Ideia: A Constituição deve ser entendida como uma norma
jurídica pura, que não sofre influência de qualquer consideração de cunho
social, cultural, político, ideológico, apenas caráter normativo, um dever-ser.
O intérprete não deve analisar a qualidade da norma [boa ou má, moral ou
imoral] porque tal análise estaria fora do Direito. E, para tanto, Kelsen
promoveu a distinção entre Constituição no sentido lógico-jurídico x
Constituição no sentido jurídico-positivo. A Constituição no sentido lógico-
jurídico seria a norma hipotética fundamental, que estaria no mundo do
pressuposto e que serviria de fundamento lógico transcendental para a
Constituição no sentido jurídico-positivo. E essa seria a norma suprema,
localizada no ápice da pirâmide normativa. Todas as normas que lhe estão
abaixo lhe devem obediência, devendo harmonizar com seus ditames, sob
pena de serem consideradas inconstitucionais. A Constituição no sentido
lógico-jurídico não encontra fundamento de validade no direito posto, mas,
sim, no plano do pressuposto lógico, em valores metajuridicos. Seria algo no
seguinte sentido: “cumpra-se a Constituição e as leis”. Assim, resultou a
criação da Teoria da Construção Escalonada do Ordenamento Jurídico.
Porém, merece destaque a teoria elaborada pelo alemão Otto Bachof, denominada
Normas constitucionais inconstitucionais, em que é feita a defesa da possibilidade
de existir normas constitucionais originárias inconstitucionais.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 47
E com base nessa distinção, Bachof defende que as cláusulas pétreas seriam
superiores às demais normas constitucionais e que, portanto, poderiam servir de
parâmetro de constitucionalidade para as normas constitucionais originárias.
9.3 ESTRUTURA
DIREITO CONSTITUCIONAL | 48
Das três teorias acima, que discutem sobre a natureza jurídica do Preâmbulo da
Constituição, a doutrina majoritária, bem como o Supremo Tribunal Federal
adoraram a Teoria da irrelevância jurídica.
9.4 ELEMENTOS
Art. 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal,
exceto para: [...];
Art. 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 50
10 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
10.1 INTRODUÇÃO
• Forma de Governo e;
• Forma de Estado.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 51
• Monarquia: Em uma Monarquia temos o governo de “um só”, em que o
poder é concentrado na figura do Rei. Essa forma de governo apresenta as
seguintes características: 1) Irresponsabilidade política do governante; 2)
Transmissão do poder pelo vínculo de hereditariedade e; 3) Permanência no
poder de maneira vitalícia.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 52
vista viger em um Estado Federal o Princípio da Indissociabilidade,
também conhecido como Princípio da Indissolubilidade.
Dessa forma, analisando a norma acima destacada, podemos afirmar que A) a nossa
forma de governo é uma República e; B) a nossa forma de estado é uma Federação,
inexistindo, portanto, a possibilidade de as unidades parciais [União, Estados-
membros, Distrito Federal e Municípios], pretenderem se desvencilhar da nossa
República Federativa do Brasil, haja vista que a eles não é dado o direito de secessão.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 53
10.3 OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
DIREITO CONSTITUCIONAL | 54
Saliente-se que o parágrafo único do art. 4º prevê que “A República Federativa do
Brasil buscará a integração Econômica, Política, Social e Cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.”.
E essa integração deve ser buscada entre os povos da América Latina, com um
objetivo comum: formar uma comunidade latino-americana de nações.
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
Sobre esse dispositivo, necessário sabermos que o regime democrático pode ser
classificado da seguinte forma:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 55
institutos da democracia participativa [plebiscito, referendo e iniciativa
popular de lei]. [Jaime Barreiros Neto, 2022, p. 24]
Saliente-se que, como regra, temos representantes eleitos que adotam as decisões
políticas que irão reger a República Federativa do Brasil. Porém, temos instrumentos
da democracia direta em nosso ordenamento jurídico-constitucional, a saber:
Em sua obra “O Espírito das Leis”, Montesquieu ensina que cada Poder deveria
desempenhar uma função específica prioritariamente, podendo, também, exercer
funções de outros poderes.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 56
A título exemplificativo, o Poder Legislativo desempenha funções típicas de legislar,
quando elabora atos normativos, bem como de fiscalizar, quando, por meio de
Comissões Parlamentares de Inquérito, fiscaliza atos de interesse público. Mas,
também, desempenha funções atípicas, de natureza administrativo-executivo,
quando promove a organização de seus serviços internos, bem como de natureza
julgadora, quando o Senado Federal julga o Presidente da República por crimes de
responsabilidade.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 57
11 TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A Constituição Federal, em seu art. 5º, §2º, dispõe que “Os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte”.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 58
Sobre o Duplo Grau de Jurisdição, a doutrina ensina, “Todavia, a jurisprudência
majoritária do Supremo Tribunal Federal reconhece-o como direito fundamental,
embora não previsto expressamente na Constituição. Primeiramente, decorreria do
devido processo legal (art. 5º, LIV, CF). Outrossim, aplicado à seara penal, decorreria
do art. 8º, do Pacto de São José da Costa Rica, que o assegura expressamente.”
[Martins, Flávio. Curso de direito constitucional - 6ª edição 2022 (p. 1109). Saraiva
Jur.]
O art. 5º, §3º, da Constituição Federal dispõe que “Os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.”.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 59
O tratado internacional tem que preencher um requisito material, qual seja:
dizer respeito a Direitos Humanos, bem como preencher um requisito
Hierarquia equivalente a de uma
material, qual seja, ser aprovado pelo mesmo rito de uma emenda à
Emenda à Constituição:
Constituição [aprovação em 2 turnos de votação + votação das duas Casas
Legislativas + Quórum qualificado de 3/5 dos membros.]
DIREITO CONSTITUCIONAL | 60
pela conquista do respeito às liberdades individuais, marcado por um absenteísmo
estatal, ou seja, um não fazer do Estado, uma liberdade negativa, referente a uma
não ingerência indevida do Estado no domínio privado.
5ª Dimensão: Da mesma forma que na geração anterior, aqui, também, não existe
um consenso doutrinário. Paulo Bonavides sustenta que a 5ª Dimensão estaria
compreendida pelo Direito à Paz Universal, um direito supremo da humanidade.
Outra parte da doutrina defende, ainda, que a 5ª dimensão, abarcaria “o dever de
cuidado, amor e respeito para com todas as formas de vida, bem como direitos de
defesa contra as formas de dominação biofísica geradores de toda sorte de
preconceitos.” [Ingo Wolfgang Sarlet, op. cit., p. 313.]
Dispõe o art. 5º da Constituição Federal que “todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade”.
Por uma interpretação literal do texto, pode-se afirmar que os titulares dos Direitos
Fundamentais são apenas os brasileiros e estrangeiros residentes no país.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 61
Porém, a doutrina majoritária, bem como a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, são adeptos à corrente ampliativa sobre o tema. E, assim, com base na
característica da Universalidade dos Direitos Fundamentais, os brasileiros, sejam
natos ou naturalizados; os estrangeiros, de passagem, de passeio; as pessoas
jurídicas, sejam elas de direito público ou privado, podem ser, sim, titulares de
Direitos Fundamentais.
Porém, sempre tenham em mente que cada o exercício dos Direitos Fundamentais
deve ser feito de acordo com a compatibilidade da natureza jurídica, isso porque,
por exemplo, uma pessoa jurídica não é titular do direito fundamental à liberdade
de locomoção.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 62
• Irrenunciabilidade: Embora possa deixar de exercer, o titular de um Direito
Fundamental não pode dele dispor.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 63
• Teoria da Eficácia Horizontal Indireta: Com origem na Alemanha, defende
que os Direitos Fundamentais não permeiam no cenário privado de maneira
direta, sendo necessário intermediação legislativa para que seja viabilizada a
sua aplicação.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 64
12 DIREITOS FUNDAMENTAIS
O Direito à Vida é tutelado pelo art. 5º, caput, da Constituição Federal, nos seguintes
termos: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: [...].”
4.1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve
ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém
pode ser privado da vida arbitrariamente.
4.2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá
ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de
tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena,
promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá
sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.
4.3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam
abolido.
4.4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos,
nem por delitos comuns conexos com delitos políticos.
4.6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não
se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de
decisão ante a autoridade competente.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 65
No momento que o inc. LXVII, do art. 5º da Constituição, veda, como regra geral, a
adoção de penas de morte em nosso ordenamento jurídico, tem-se, mais uma vez,
uma demonstração de tutela do direito à vida:
Art. 5º, XLVII. não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra
declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de
trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;
Código Penal: Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário: I. se não há outro meio de salvar a vida da
gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: II. se a
gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Por fim, necessário se faz destacar que o Supremo Tribunal Federal, quando do
julgamento da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamenta n. 54, permitiu,
da mesma forma, a relativização do direito à vida, ao permitir o abortamento de
DIREITO CONSTITUCIONAL | 66
fetos anencefálicos, merecendo destaque a transcrição abaixo com o seguinte
julgado em frase:
Deve-se ter atenção a forma como esse julgado pode ser cobrando em prova, haja
vista que não se trata de uma decisão com eficácia erga omnes, muito menos
oriunda do Plenário da Suprema Corte. Porém, seu conhecimento é importante,
oportunidade em que foi firmada a seguinte ideia:
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
DIREITO CONSTITUCIONAL | 67
A liberdade de locomoção é um direito fundamental previsto no art. 5º, incs. XV e
LXI, da Constituição Federal, com as seguintes redações:
Art. 5º, LXI, CF: Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei.
Caso esse direito fundamental seja ameaçado ou seja efetivamente violado, para
evitar tal lesão ou reparar a lesão perpetrada, surge a possibilidade de utilização da
garantia fundamental do Habeas Corpus, prevista no art. 5º, LVIII, da Constituição
Federal, com a seguinte redação:
Art. 5º, LXVIII: Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Como visto, essa garantia pode ser usada tanto de maneira preventiva, oportunidade
em que o Poder Judiciário emitirá um Salvo-Conduto ao Impetrante, ou de maneira
repressiva, oportunidade em que será concedida uma Ordem de Habeas Corpus,
instrumentalizada com a expedição do pertinente Alvará de Soltura.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 68
Mas, atenção, haja vista que apesar de a pessoa jurídica ser legitimada a impetrar o
Habeas Corpus, ela apenas o poderá fazer na qualidade de Impetrante, visando
beneficiar terceira pessoa, jamais na condição de Paciente, tendo em vista uma
incompatibilidade lógica na sua utilização, vez que, por se tratar de uma ficção
jurídica, jamais terá comprometido eventual tutela de sua liberdade de locomoção.
Foque no fato de que o Habeas Corpus apenas pode ser manejado quando a
liberdade de locomoção estiver ameaçada ou tiver sido violada, não sendo possível,
portanto, seu manejo, em face de decisões condenatórias cuja pena de multa seja a
única cominada; decisões que decretam perda de função pública; com o objetivo de
trancar procedimentos referentes à crimes de responsabilidade ou; quando já
extinta a pena privativa de liberdade.
Art. 580. CPP: No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25),
a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em
motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos outros.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 69
E, por fim, saliente-se que, diante da inexistência de regramento legal sobre a
debatida impetração coletiva, o Supremo Tribunal Federal entendeu que, utilizando-
se a técnica da analogia, no que diz respeito aos legitimados, deve-se aplicar o art.
12 da Lei 13.300/2016, que traz os legitimados para a propositura do Mandado de
Injunção Coletivo, a saber:
• Ministério Público;
• Defensoria Pública;
DIREITO CONSTITUCIONAL | 70
questionamento que é feito é se essa forma de manifestação estaria tutelada pela
liberdade de manifestação de pensamento.
Interessante pontuar alguns julgados proferidos pelo Supremo Tribunal Federal que
estão diretamente relacionados com a liberdade de manifestação de pensamento,
que trazem as seguintes ideias:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 71
Julgado em Frase: Não é necessária autorização do biografado, de eventuais
coadjuvantes ou de seus familiares a fim de que seja publicada uma obra
biográfica. (ADI 4815, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno,
julgado em 10/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-018 DIVULG 29-01-
2016 PUBLIC 01-02-2016)
DIREITO CONSTITUCIONAL | 72
Sobre os dois últimos julgados [Marcha da Maconha e Tatuagem e Concurso
Público], apontamentos devem ser feitos.
Um exemplo seria um candidato que tivesse tatuado a foto do terrorista Osama Bin
Laden, em total afronta a um dos princípios que regem a República Federativa do
Brasil nas suas relações internacionais, qual seja: repúdio ao terrorismo [art 4º, VIII,
Constituição Federal].
LIBERDADE RELIGIOSA
Esse direito fundamental goza de uma ampla tutela em nosso ordenamento jurídico,
abrangendo a liberdade de escolha da religião, de aderir a qualquer seita religiosa,
de mudar de religião, de não aderir a religião alguma [direito de apostasia], de ser
ateu, dentre outras formas de manifestações religiosas.
Nesse ponto, merece ser salientado o enunciado 403 do Conselho da Justiça Federal,
que aborda a temática da liberdade religiosa e possui a seguinte redação:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 73
Enunciado 403, CJF: O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença,
previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa
que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou
sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde que
observados os seguintes critérios: A) capacidade civil plena, excluído o
suprimento pelo representante ou assistente; B) manifestação de vontade
livre, consciente e informada; e C) oposição que diga respeito exclusivamente
à própria pessoa do declarante.
E, aliado à 1ª parte do art. 19, I, da Constituição Federal, que assim dispõe “É vedado
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: estabelecer cultos
religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança”, permite-se
afirmar que: A República Federativa do Brasil é um Estado: -leigo, -laico, -não
confessional, não adotando, portanto, nenhum vínculo oficial com nenhuma forma
religiosa.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 74
Já a Teoria da Plena Eficácia Jurídica defende que o Preâmbulo possui a mesma
eficácia jurídica, a mesma densidade normativa que as demais normas que compõe
a parte dogmática da Constituição Federal [arts. 1º a 250], bem como a parte
Transitória do Texto Magno [arts. 1º a 144].
Por fim, a Teoria da Relevância Jurídica Indireta defende que o Preâmbulo faz parte
das características jurídicas da Constituição Federal, entretanto, não deve ser
confundido com as demais normas jurídicas desta.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 75
Julgado em Frase: É permitido a alteração de data e horário de
concurso público para candidato que invoque escusa de consciência
religiosa, desde que presente a razoabilidade da alteração, a
preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não
acarrete ônus desproporcional à Administração pública, que deverá
decidir de maneira fundamentada. (RE 611874, Relator(a): DIAS
TOFFOLI, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal Pleno,
julgado em 26/11/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO DJe-068 DIVULG 09-04-2021 PUBLIC 12-04-2021)
Como regra, a Constituição prevê que nenhuma pessoa sofrerá privação de seus
direitos em virtude de sua crença religiosa, filosófica ou política. Porém, caso essa
pessoa invoque sua(s) crença(s) para se eximir de obrigação legal a todos imposta e
recusar a cumprir prestação alternativa fixada em lei, poderá vir a sofrer sanções
políticas, com a suspensão de seus direitos políticos.
Para compreensão desse cenário, deve ser feita a leitura conjunta do art. 5º, VIII, e
art. 15, IV, ambos da Constituição Federal:
Art. 5º, VIII, CF: Ninguém será privado de direitos por motivo de crença
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
Saliente-se que, apesar do art. 15 da Constituição Federal, em seu rol, não especificar
quais hipóteses dizem respeito a casos de perda e quais dizem respeito a casos de
suspensão dos direitos políticos, apesar de termos conhecimento de posição
doutrinária em sentido contrário, entendemos ser mais prudente levar para a prova
que a recusa de cumprimento de obrigação legal a todos imposta e prestação
alternativa é uma hipótese de suspensão dos direitos políticos, tendo em vista a
dicção do art. 438 do Código de Processo Penal:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 76
Art. 438, CPP: A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa,
filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob
pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço
imposto.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 77
LIBERDADE PROFISSIONAL
O art. 5º, XIII, da Constituição Federal garante o direito à liberdade profissional, nos
seguintes termos: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.”.
Saliente-se que não são todas as atividades profissionais que podem ser restringidas
pelo legislador infraconstitucional, mas, tão somente, aquelas que apresentem um
potencial lesivo; motivo pelo qual a profissão de Delegado de Polícia, Promotor de
Justiça, Magistrado, cujos profissionais lidam diariamente com restrições a direitos
fundamentais, foram regulamentadas; e as profissões de fotógrafo e músicos não
foram regulamentadas, merecendo destaque o seguinte julgado com sua ideia
basilar:
LIBERDADE DE REUNIÃO
Art. 5º, XVI, CF: todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
em locais abertos ao público, independentemente de autorização,
desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 78
José Afonso da Silva entende que o direito à liberdade de reunião é uma verdadeira
“liberdade-condição”, porque, sendo um direito em si, constitui também condição
para o exercício de outras liberdades: de manifestação do pensamento, de expressão
de convicção filosófica, religiosa, científica e política e de locomoção. Exige,
portanto, para seu exercício, os seguintes requisitos:
Reunião pacífica:
O direito à igualdade é previsto na Constituição Federal, no art. 5º, caput, bem como
no seu inc. I, com a seguinte redação:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 79
Art. 5º, CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I. homens e mulheres
são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.
Porém, tratar todos de maneira igual, sem levar em consideração eventual diferença
existente, apesar de ter sido uma grande conquista para a época, com a evolução da
sociedade, se mostrou insuficiente.
E, assim, surge a igualdade real ou substancial ou material que garante e tutela que
pessoas em situação de igualdade devem receber tratamento igualitário; mas
quando estiverem em situação de desequilíbrio, isso deve ser considerado e essa
diferença levada em consideração na concretização da situação. E, na nossa
Constituição Federal, a igualdade real ou substancial ou material está prevista no art.
3º, IV, que assim dispõe:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 80
O princípio da igualdade material permite levar bens jurídicos a indivíduos que não
possuem acesso, promovendo uma participação equitativa nos bens sociais,
efetivando uma inclusão social de pessoas que estavam às margens da sociedade, o
que somente pode ser alcançado com a efetivação de uma “justiça distributiva”
[John Rawls].
Atente-se para o fato de que toda e qualquer política, referente a uma ação
afirmativa, direta ou indiretamente, discrimina o segmento que não foi tutelado pela
medida, o que pode gerar uma discriminação inversa ou reversa. Assim, para que a
ação afirmativa não padeça de inconstitucionalidade, ela deve observar os critérios
de proporcionalidade.
Por fim, a igualdade como reconhecimento decorre do respeito que se deve ter para
com as minorias, sua identidade e suas diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais
ou quaisquer outras, retirando fundamento do retromencionado art. 3º IV, da
Constituição Federal.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 81
Julgado em Frase: É constitucional a ação afirmativa de cota racial.
(ADC 41, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
08/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-08-2017
PUBLIC 17-08-2017)
Art. 5º, CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
1ª) Para o Direito Público: O Poder Público apenas pode atuar e cumprir
dentro dos limites que é determinado ou autorizado pelo ordenamento
jurídico, incorrendo em um critério conhecido como critério da subordinação
à lei.
2ª) Para o Direito Privado: Ao passo que o Particular pode fazer tudo aquilo
que não seja proibido, vedado, pelo ordenamento jurídico, incorrendo em um
critério conhecido como critério de não contradição à lei.
O art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, tutela 3 [três] institutos jurídicos, quais
sejam: A) direito adquirido, B) ato jurídico perfeito e; C) coisa julgada ou caso
julgado, nos seguintes termos: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada.”
• Direito Adquirido: São os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
• Coisa Julgada ou Caso Julgado: A decisão judicial de que já não caiba recurso.
O esgotamento de todos os módulos processuais capazes de influir na decisão
judicial. Revestida dessa eficácia, a decisão judicial não pode mais ser alvo de
alteração.
Saliente-se que existem três situações em que não se é possível alegar o instituto do
Direito Adquirido, a saber: A) Em face de uma nova Constituição; B) Em face de
DIREITO CONSTITUCIONAL | 83
mudança de padrão monetário (mudança de moeda); C) Em face de mudança de
regime jurídico estatutário.
O art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, dispõe que “A lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”, o que configura o Princípio da
Inafastabilidade da Jurisdição.
E, assim, é permitido acionar o Poder Judiciário sempre que se estiver presente uma
ameaça ou uma lesão a um direito, o que demonstra a possibilidade de uma atuação
tanto preventiva quanto repressiva, excluindo e demonstrando a inexistência do
Princípio da Jurisdição Condicionada ou Instância Administrativa de Curso Forçado,
que se exige, antes de acionar o Poder Judiciário, o exaurimento das instâncias
administrativas.
Art. 217, CF: É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-
formais, como direito de cada um, observados: §1º O Poder Judiciário só
admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
Sum. 02, STJ: Não cabe o habeas data se não houve recusa de informações
por parte da autoridade administrativa.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 84
decisão perante o Poder Judiciário, o que violaria o princípio da inafastabilidade da
jurisdição.
Porém, tal entendimento não prospera, haja vista que a legislação, em nenhum
momento, impõe a utilização da arbitragem, que apenas é instaurada caso o
interessado manifeste sua vontade nesse sentindo, inexistindo imposição para
tanto.
Lei de Assistência
Entrave: Custos de
Judiciária Gratuita,
1ª Onda Renovatória acesso ao Poder
Defensoria Pública e
Judiciário.
Advogados Dativos.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 85
Art. 5º, LIV, CF: Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
Devido Processo Legal: O devido processo legal impede que um indivíduo seja
privado de seus bens ou de sua liberdade sem que antes tenha sido observado uma
sequência concatenada e sucessiva de atos processuais e procedimentos
previamente dispostos em lei, oportunidade em que ao final deverá ser proferida
uma decisão proporcional, razoável, justa.
O devido processo legal nem sempre teve essa definição, isso porque na época da 1ª
Dimensão dos Direitos Fundamentais, vigorava a dimensão formal ou processual do
instituto e, com o surgimento de novos anseios sociais, passou-se a se exigir uma
dimensão material ou substancial do instituto.
Para aperfeiçoar tal situação, surgiu, então, a segunda dimensão do Devido Processo
Legal, qual seja, a Material ou Substancial, que entende que os direitos
fundamentais devem ser tutelados com base nos critérios da razoabilidade e
proporcionalidade.
Sobre o devido processo legal, necessário a colação do julgado abaixo com a seguinte
ideia prévia:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 86
Contraditório: A ideia do contraditório é a de assegurar às partes o direito de serem
cientificadas de todos os atos e fatos havidos no curso do processo, podendo
manifestar-se e produzir as provas necessárias antes de ser proferida a decisão
jurisdicional, sendo composto, portanto, de 3 [três] elementos, a saber: Direito à
cientificação: A parte adversa deve estar ciente da existência da demanda ou dos
argumentos da parte contrária. Direito de participação: Possibilidade de a parte
oferecer reação, manifestação ou contrariedade à pretensão da parte contrária.
Possibilidade real de influenciar na decisão.
Importante pontuar que, apesar de um dos elementos da ampla defesa ser a defesa
técnica, o Supremo Tribunal Federal editou enunciado de Súmula Vinculante,
chancelado pelo n. 05, com a seguinte redação:
Hoje, o instituto encontra-se previsto no Código de Processo Penal, no art. 3º, §1º,
com a seguinte redação:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 87
Art. 3º-B, §1º, CPP: O preso em flagrante ou por força de mandado de
prisão provisória será encaminhado à presença do juiz de garantias no
prazo de 24 horas, momento em que se realizará audiência com a presença
do Ministério Público e da Defensoria Pública ou de advogado constituído,
vedado o emprego de videoconferência. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
O art. 5º, LIII, da Constituição Federal dispõe que “Ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente.”, apresentando, portanto, os
Princípios do Juiz e do Promotor Natural.
Durante algum tempo houve discussão acerca do fato de o art. 5º, LIII, da
Constituição Federal realmente agasalhar o Princípio do Promotor Natural, o que foi
pacificado no Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do PP 13142,
merecendo destaque, também, a síntese abaixo:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 88
Julgado em Frase: O Princípio do Promotor Natural, previsto no art. 5º,
LIII, da Constituição Federal, apresenta uma dupla garantia. Uma para a
coletividade que tem certeza de que somente será processada por um
membro do Ministério Público prevista investido em suas atribuições.
Outra para o próprio membro do Ministério Público que sabe que não
sofrerá designações casuísticas para atuações. (HC 67759, Relator(a):
CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 06/08/1992, DJ 01-07-
1993 PP-13142 EMENT VOL-01710-01 PP-00121)
E, umbilicalmente ligado a norma existente no inc. LIII, tem-se o inc. XXXVII que
dispõe que “não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
Saliente-se que o que a Constituição Federal garante é um processo que tenha uma
duração razoável, de acordo com a complexidade do objetivo envolvido no litígio.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 89
A celeridade deve ser garantida e observada na tramitação de seu procedimento,
com a implementação do processo judicial eletrônico, malotes digitais para
comunicação entre Juízos, realização de audiência via sistema audiovisual, dentre
outros.
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR
Como regra, a casa é asilo inviolável do indivíduo. Mas, como todo direito
fundamental pode ser objeto de relativização, essa inviolabilidade pode ser afastada
em situações constitucionalmente previstas, merecendo destaque a transcrição da
disposição constitucional que trata sobre instituto:
Art. 5º, XI, CF: A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial.
Casa: Para fins de Direito Constitucional, “casa” deve ser compreendido como todo
e qualquer compartimento habitável, desde que ocupado, abrangendo escritórios,
oficinas, garagens, quartos de hotéis, trailers, etc.
E o fato do local ser habitado é importante para a definição do instituto, haja vista
que o Superior Tribunal de Justiça entende que a “falta de mandado não invalida
busca e apreensão em apartamento desabitado”: (HC 588.445/SC, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 25/08/2020, DJe
31/08/2020)
DIREITO CONSTITUCIONAL | 90
Porém, tal situação não se confunde com a situação em que um determinado
indivíduo habita um prédio público abandonado, bem de uso especial. Aqui, incide a
proteção constitucional, dando-se destaque à interpretação extensiva que é dada ao
instituto jurídico-constitucional “casa”:
Dia e noite: Para a definição do deve ser considerado dia ou noite, necessário se faz
a combinação de dois critérios, a saber:
• Critério temporal, que entende dia como aquele período compreendido das
06h00min até as 18h00min e noite todo o período subsequente e;
Para as Cortes Superiores, uma mera intuição policial não é capaz de permitir a
relativização da inviolabilidade domiciliar; é necessário que estejam presentes
fundadas razões, devidamente justificadas, de que no interior da residência esteja,
DIREITO CONSTITUCIONAL | 91
realmente, ocorrendo a prática de um injusto penal, sob pena de responsabilização
administrativa, civil e criminal do agente, bem como nulidade dos atos praticados.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 92
Julgado em Frase: Para ingresso em domicílio, em hipótese de flagrante
delito, exige-se justa causa, fundadas razoes, aferidas de modo objetivo e
devidamente justificadas, não servindo mera intuição policial. (HC
616.584/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
30/03/2021, DJe 06/04/2021)
O art. 5º, X, da Constituição Federal dispõe que “São invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação”. A Norma Constitucional tutela
os institutos da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, que podem
ser assim definidos: Intimidade: É o direito que o indivíduo tem de estar só, em seu
momento de preservação. Vida privada: É o direito que o indivíduo tem se ver
respeitado no seu seio privado, sem a intervenção de outrem. Honra: Se apresenta
em duas espécies, honra objetiva, que é a visão da sociedade sobre o indivíduo,
como ele qualificado no meio social, bem como honra subjetiva, que é a visão do
próprio indivíduo sobre sua pessoa, como ele se autoqualifica. Imagem das pessoas:
É a representação da pessoa, por meio de desenhos, fotografias e outros, podendo
ser apresentada como imagem-retrato, que é o conceito de imagem visualmente
perceptível, abrangendo tudo que puder ser concretamente individualizado, com
todos os aspectos que individualizam a pessoa: corpo, voz, etc.; bem como imagem-
atributo, que são as qualidades intrínsecas da pessoa: prestigio, reputação no meio
social, etc.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 93
No que diz respeito ao direito à imagem, necessário colacionar o enunciado da
Súmula 403 do Superior Tribunal de Justiça, que incorpora regra de responsabilidade
civil objetiva, nos seguintes termos:
DIREITO CONSTITUCIONAL | 94
STJ: Não é possível a quebra de sigilo de dados informáticos estáticos
(registros de geolocalização) nos casos em que haja a possibilidade de violação
da intimidade e vida privada de pessoas não diretamente relacionadas à
investigação criminal. (Desembargador convocado do TJDFT), Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 15/03/2022, DJe 28/03/2022.
STJ: Não há ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados bancários, em
razão do compartilhamento de dados de movimentações financeiras da
própria instituição bancária ao Ministério Público. Isso porque não se trata de
informações bancárias sigilosas relativas à pessoa do investigado, senão de
movimentações financeiras da própria instituição. RHC 147.307-PE, Rel. Min.
Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma,
por unanimidade, julgado em 29/03/2022.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 95
Julgado em Frase: O Corregedor Nacional de Justiça pode requisitar
diretamente dados sigilos em processos ou procedimentos
administrativos de sua competência. (ADI 4709, Relator(a): ROSA WEBER,
Tribunal Pleno, julgado em 30/05/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-112
DIVULG 08-06-2022 PUBLIC 09-06-2022)
Por fim, destaque que os dados obtidos de maneira sigilosa, por algum legitimado
para tanto, devem permanecer em sigilo, não sendo possível a sua publicização,
conforme decidido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, quando do
julgamento do MS 25940: “Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário,
telefônico e fiscal devem ser mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado
Federal na internet não pode divulgar os dados obtidos por meio da quebra de sigilo
determinada por comissão parlamentar de inquérito (CPI)”.
TRIBUNAL DO JÚRI
Os crimes que são submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri são os dolosos
contra a vida que se resumem a: Homicídio, Induzimento, instigação ou auxílio a
suicídio ou a automutilação, Infanticídio e Aborto.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 96
Art. 125, Código Penal: Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Art. 5º, XXXIX: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
Art. 5º, XL: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Por fim, o Princípio da Irretroatividade da Lei Penal estabelece que uma lei penal
que estabelece uma situação mais severa, mais restritiva, não pode retroagir para
DIREITO CONSTITUCIONAL | 97
prejudicar a situação do Réu. Porém, ressalte-se que existe possibilidade de a lei
penal retroagir para alcançar situações pretéritas desde que, de alguma forma,
venha a beneficiar a situação Réu.
Racismo: Previsto no art. 5º, XLII, da Constituição Federal, com a seguinte redação:
“a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;”
Ação de grupos armados: Previsto no art. 5º, XLIV, da Constituição Federal, com a
seguinte redação: “constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;”
Em reforço questão atinente a tortura, ressalte-se que o inc. III, do art. 5º, da
Constituição Federal, dispõe que “ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante;”.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 98
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA
Princípio previsto no art. 5º, XLV, da Constituição Federal, com a seguinte redação:
“nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.”
Prevê que a pena não pode ultrapassar a pessoa do condenado. Porém, é possível
que a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens sejam
executadas contra os sucessores, pois seriam efeitos da condenação diversos da
pena. Já a multa, por ser uma pena, não pode ser cobrada dos sucessores.
A Constituição Federal, em seu art. 5º, XLVI e XLVII, traz um rol de penalidades que
podem ser adotadas em nosso ordenamento e penalidades que não podem ser
adotadas, com a seguinte redação:
Art. 5º, XLVII, CF. não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de
guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c)
de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;
O art. 5º, XLVIII, da Constituição Federal dispõe que “a pena será cumprida em
estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
DIREITO CONSTITUCIONAL | 99
apenado”. E, na mesma linha, seu inc. L assim dispõe “às presidiárias serão
asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o
período de amamentação”.
Ressalte-se que é com base nesse princípio, que o Superior Tribunal de Justiça
entende que inquéritos policiais e ações penais em curso não podem ser utilizadas
para prejudicar o Acusado, agravando sua pena base:
O art. 5º, LXI, da Constituição Federal, dispõe que “ninguém será preso senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei;”.
Art. 5º, XLIX. é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Art. 5º, LXIII. o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;
Art. 5º, LXIV. o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua
prisão ou por seu interrogatório policial;
Caso a prisão seja considerada ilegal, por não obedecer ao que prevê a legislação de
regência, será ele relaxada conforme prevê o art. 5º, LXV, da Constituição Federal,
que assim dispõe “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária”.
Caso a prisão seja considerada legal, será ela homologada pelo Juiz, passando-se a
análise da possibilidade de concessão de liberdade provisória ao Apresentado,
conforme prevê o art. 5º, LXVI, da Carta Magna, que tem a seguinte redação
“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;”.
DIREITO CONSTITUCIONAL | 101
DIREITO DE QUEIXA SUBSIDIÁRIA
O art. 5º, LIX, da Constituição Federal, dispõe que “será admitida ação privada nos
crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”.
13.1 INTRODUÇÃO
Os ideais liberais fracassaram, isso porque um absenteísmo estatal não era mais
suficiente, surgiu-se a necessidade de exigir do Estado uma postura ativa, com o
escopo de promover o Princípio da Igualdade, levando bens jurídicos a quem não
tinha acesso. E, diante disso, surge o Constitucionalismo Social, que é um segundo
momento do Constitucionalismo Moderno.
13.2 TEORIAS
Apesar de recepcionada essa Teoria por nossa doutrina e jurisprudência, ela sofreu
adaptações em relação aos termos originais [alemã], haja vista que em sua
concepção original essa teoria era utilizada para se referir aquilo que era
razoavelmente concebido como devido em âmbito social, afastando pretensões
desproporcionais e irrazoáveis.
Quem, pela primeira vez, em nosso ordenamento jurídico, trabalhou com essa teoria
foi o professor Ricardo Lobo Torres, em artigo intitulado “O Mínimo Existencial e os
Direitos Fundamentais”.
Ressalte-se que não existe consenso sobre os direitos que compõe o Mínimo
Existencial, merecendo destaque o pensamento da professora Ana Paula de Barcelos
que defende que direitos relacionados à educação, saúde, assistência em caso de
necessidade e acesso ao Poder Judiciário compõe o mínimo existencial.
Por fim, saliente-se que o Mínimo Existencial, que é o mínimo necessário para que
uma pessoa tenha uma coexistência digna, não se confunde com Mínimo Vital que
se reduz a questão da sobrevivência física, sendo aquele muito mais amplo que este,
tendo o Superior Tribunal de Justiça já enfrentado a questão:
Essa teoria, de origem alemã, remonta ao ano de 1970, também é apresentada com
as seguintes denominações “vedação do retrocesso”, “prohibición de regresividad”,
“ratchet effect”, “efeito cliquet”, e guarda relação direta com o Princípio da
Segurança Jurídica.
Essa teoria entende que os Direitos Sociais devem ser trabalhados com a ideia de
cumulação sucessiva no ordenamento jurídico e não uma retrocessão ou ausência
de progressividade. Deve-se ter em mente que é vedado a redução do nível dos
direitos sociais dos cidadãos.
14.1 INTRODUÇÃO
Saliente-se que ambos os critérios não precisam ser utilizados isoladamente, sendo
permitida a aplicação conjunta dos critérios, conforme ficará demonstrado.
I. natos:
II. naturalizados:
Veja que, como regra, o nosso ordenamento jurídico não admite a dupla
nacionalidade, salivo nas hipóteses previstas nos incisos I e II acima transcritos.
Com o cancelamento da naturalização do estrangeiro ele não poderá, mais uma vez,
se naturalizar brasileiro, sendo-lhe franqueado como única alternativa a propositura
de Ação Rescisória em face da sentença judicial transitada em julgado que decretou
a perda de sua nacionalidade.
A doutrina ensina que “Essa hipótese se aplica tanto aos brasileiros natos como os
brasileiros naturalizados. Assim, se um brasileiro nato se naturaliza americano,
português, argentino etc., perderá a nacionalidade brasileira, em regra. Trata-se de
um resquício no direito brasileiro do “princípio da aligeância”. [Martins, Flávio. Curso
de direito constitucional - 6ª edição 2022 (p. 1857). Saraiva Jur.]
Por fim, merece destaque o seguinte julgado do Supremo Tribunal Federal sobre
perda de nacionalidade:
A Constituição Federal, em seu art. 14, caput, dispõe que a soberania popular será
exercida pelo sufrágio universal, destacando que existem dois aspectos compõe o
direito de sufrágio, a saber: Alistabilidade: É o direito de votar, também conhecido
como capacidade eleitoral ativa. Elegibilidade: É o direito de ser votado, também
conhecido como capacidade eleitoral passiva.
ALISTABILIDADE
Ressalte-se que o alistamento eleitoral e o voto são proibidos, nos termos do art. 14,
§2º, para os estrangeiros e para os militares conscritos, durante o serviço militar
obrigatório.
15.2 ELEGIBILIDADE
CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE
CONDIÇÕES DE INELEGIBILIDADE
• Estrangeiros [inalistáveis];
• Durante o serviço militar obrigatório, os conscritos [inalistáveis];
• Analfabetos.
Art. 14, §6º, CF: Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República,
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
Por fim, destaque-se que Lei Complementar poderá estabelecer outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa
do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta, conforme dicção da norma prevista no art. 14, §9º,
da Constituição Federal.
15.3 VOTO
De acordo com o art. 60, §4º, II, da Constituição Federal, o voto, em nosso
ordenamento jurídico, apresenta as seguintes características:
• Direto: O voto é direto, haja vista que somente o eleitor pode exercê-lo, ou
seja, não pode se valer de mandatário ou interposta pessoa para o exercício
do ato. A doutrina ensina que “Voto direto é aquele em que o eleitor escolhe
diretamente seu representante (presidente, governador, deputado, senador,
vereador etc.), sem intermediários. O povo vai diretamente às urnas e escolhe
seus representantes. Importante frisar que há uma exceção prevista na
Constituição, de voto indireto: ocorrendo a vacância dos cargos de presidente
e vice-presidente da República nos dois últimos anos do mandato, “a eleição
para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo
Congresso Nacional, na forma da lei” (art. 81, § 1º, CF).” [Martins, Flávio.
Curso de direito constitucional - 6ª edição 2022 (p. 1954). Saraiva Jur.]
Dentro dessa temática, a primeira informação que deve ser apresentada é a de que
é vedada a cassação de direitos políticos, ou seja, a retirada arbitrária dos direitos
políticos.
O grande problema que gravita em torno desse dispositivo constitucional é que ele
não estabelece qual(is) é(são) a(s) hipótese(s) de perda e de suspensão dos direitos
políticos.
E a grande divergência gira em torno do inciso IV, haja vista que parte da doutrina
entende tratar-se de hipótese de perda e outra parte entende tratar-se de hipótese
de suspensão.
Assim, em conclusão, defende-se que a única hipótese de perda dos direitos políticos
é a prevista no inciso I, qual seja, cancelamento da naturalização por sentença
transitada em julgado; sendo todas as demais hipóteses de suspensão dos Direitos
Políticos.
Por fim, no que tange à situação posta no inciso III, necessário destacar que a
suspensão de Direitos Políticos será aplicada mesmo nos casos de substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos:
A) Partidos Políticos,
B) Coligações,
C) Candidatos e
D) Ministério Público Eleitoral.
Por fim, destaque que a presente demanda não admite desistência ou composição
entre as partes.
Segundo art. 16 da Constituição Federal, a lei que alterar o processo eleitoral entrará
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 ano
da data de sua vigência.
Destaque que o Supremo Tribunal Federal entende que a aplicação retroativa da Lei
Complementar 64/1990 [Lei da Ficha Limpa] não fere o princípio em questão,
ressaltando que esse já era o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral:
I. caráter nacional;
É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes
e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de
escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua
celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
Ao eleito por partido que não preencher os requisitos acima previstos é assegurado
o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os
tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.
Sobre os Partidos Políticos, destaque que o Supremo Tribunal Federal entende que
as contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais e partidos políticos
são inconstitucionais, lado outro as contribuições feitas por pessoas físicas são
consideradas válidas:
STF: [...] A preliminar de inadequação da via eleita não merece acolhida, visto
que todas as impugnações veiculadas pelo Requerente (i.e., autorização por
doações por pessoas jurídicas ou fixação de limites às doações por pessoas
naturais) evidenciam que o ultraje à Lei Fundamental é comissivo, e não
omissivo. [...]. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente
procedente para assentar apenas e tão somente a inconstitucionalidade
parcial sem redução de texto do art. 31 da Lei nº 9.096/95, na parte em que
autoriza, a contrario sensu, a realização de doações por pessoas jurídicas a
partidos políticos, e pela declaração de inconstitucionalidade das expressões
“ou pessoa jurídica”, constante no art. 38, inciso III, e “e jurídicas”, inserta no
art. 39, caput e § 5º, todos os preceitos da Lei nº 9.096/95. (ADI 4650,
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/09/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-034 DIVULG 23-02-2016 PUBLIC 24-02-2016)
16.1 FEDERALISMO
IDEIA INICIAL
MOVIMENTOS DE FORMAÇÃO
A forma federativa de Estado foi incluída pelo Poder Constituinte Originário, no art.
60, §4º, da Constituição Federal, como cláusula pétrea, o que implica em afirmar
que tal instituto não pode ser objeto de supressão do nosso ordenamento jurídico:
Lado outro, quem possui autonomia são os entes políticos União, Estados-Membros,
Distrito Federal e Municípios. E essa autonomia consiste nas seguintes capacidades:
O art. 19 do Texto Magno traz três condutas vedadas aos Entes Políticos, a saber:
16.3 UNIÃO
16.4 ESTADOS-MEMBROS
Incorporação ocorre uma fusão entre dois ou mais estados, dando origem à
formação de um novo estado ou território federal.
Para que qualquer desses processos seja realizado, é necessário que três requisitos
sejam preenchidos, a saber:
E tais pontos estão previstos no art. 18, §3º, da Constituição Federal, que possui a
seguinte redação:
Para uma melhor compreensão da norma, melhor se faz a análise dos requisitos na
seguinte ordem sequencial:
C) Plebiscito;
No julgamento da ADI 3756, o STF decidiu que o DF não é estado e nem Município,
mas sim uma unidade federada com competência parcialmente tutelada pela União.
Os Territórios Federais não mais existem em nosso ordenamento jurídico, mas são
considerados autarquias territoriais que integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em
Lei Complementar.
COMPETÊNCIA CONCORRENTE
II. orçamento;
V. produção e consumo;
COMPETÊNCIA DA UNIÃO
Julgado em Frase: Lei estadual não pode fixar prazos para as empresas de
planos de saúde. (ADI 4701, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal
Pleno, julgado em 13/08/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-163 DIVULG 22-
08-2014 PUBLIC 25-08-2014)
17.1 ESTRUTURA
No Senado Federal, cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 [três] Senadores, com
2 [dois] suplementes e mandato de 8 [oito] anos, ressaltando que a representação
de cada ente político será renovada de 4 [quatro] em 4 [quatro] anos,
alternadamente, por 1/3 [um terço] e 2/3 [dois terços].
IX. Escolher 2/3 [dois terços] dos membros do Tribunal de Contas da União;
III. aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha
de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros
do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c)
Governador de Território; d) Presidente e diretores do banco central; e)
Procurador-Geral da República;
IV. aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta,
a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
VI. aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício,
do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;
Assim, os membros do Congresso Nacional, em regra, não podem ser presos antes
de uma condenação definitiva. Apenas excepcionalmente poderão ser presos, caso
estejam em flagrante delito de um crime inafiançável, que, de acordo com o art. 5º,
incisos XLII, XLIII e XLIV, da Constituição Federal e o art. 323 do Código de Processo
Penal, são os seguintes:
A) Racismo;
B) Tortura;
C) Tráfico de drogas;
D) Terrorismo;
E) Crimes hediondos;
F) Crimes cometidos por ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático.
Porém, atenção ao fato de que os Vereadores gozam, nos termos do art. 29, VIII, da
Constituição Federal, de inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos no
exercício do mandato e na circunscrição do Município, possuindo, portanto,
imunidade material, sem, contudo, possuírem imunidade formal em qualquer uma
de suas espécies.
Por fim, dentro do Estatuto dos Congressistas, necessário fazer menção a 3 [três]
institutos, a saber:
Atente-se para que caso um Parlamentar venha a perder seu mandato parlamentar,
o procedimento deve ser remetido para o Juízo competente, deixando Supremo
Tribunal Federal de ter jurisdição sobre o caso, tendo em vista a regra da atualidade
do mandato.
Art. 55, CF: Perderá o mandato o Deputado ou Senador: [...]; III - que deixar
de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões
ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta
autorizada;
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa
da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus
membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada ampla defesa.
Por fim, saliente-se que caso o Parlamentar se ausente de suas funções por período
superior a 120 [cento e vinte] dias, o suplente será convocado e, vagando o mandato
parlamentar e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem
mais de 15 [quinze] meses para o término do mandato.
17.8 REUNIÕES
Anote que o Supremo Tribunal Federal, diante do art. acima apontado, entende que
os Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal não podem ser
reconduzidos para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
Porém, faz uma importante distinção, qual seja: a recondução não pode se dar
dentro da mesma legislatura, ou seja, dentro do período compreendido de 4
[quatro] anos. Por outro lado, é possível a reeleição dos Presidentes da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal em caso de nova legislatura, merecendo ser
anotado o seguinte entendimento:
Atenção ao fato de que o Supremo Tribunal Federal entende que essa norma não é
de reprodução obrigatória pelos estados-membros, especialmente no que diz
respeito a seguinte parte: “vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subsequente”, merecendo ser anotado o seguinte entendimento:
1ª) A eleição dos membros das mesas das assembleias legislativas estaduais
deve observar o limite de uma única reeleição ou recondução, limite cuja
observância independe de os mandatos consecutivos referirem-se à mesma
legislatura;
• Ouvir os investigados;
No que tange a temática da “quebra de sigilos”, deve ser feita uma distinção se a
quebra é pretendida por uma Comissão em âmbito federal, estadual ou distrital ou
se em âmbito municipal, devendo assim ser esquematizado:
Por fim, atente-se ao que não é permitido a uma Comissão Parlamentar de Inquérito:
18.1 ESTRUTURA
Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político,
obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
Caso o cargo presidencial fique acéfalo, ou seja, sem qualquer representante, com
uma ausência definitiva tanto do Presidente quanto do Vice-Presidente da
República, necessário se faz o seu preenchimento, porém, deve-se atentar ao
seguinte detalhe:
Mas, deve ser destacado que a norma acima colacionada não se trata de norma de
reprodução obrigatória pelos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, ou
seja, os entes políticos não precisam seguir o modelo de vacância traçado ela
Constituição Federal, devendo ser anotado o seguinte:
IV. sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos
e regulamentos para sua fiel execução;
XXVI. editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
CRIME DE RESPONSABILIDADE
E, dessa forma, Constituições Estaduais que disponham sobre o instituto devem ter
tais disposições declaradas inconstitucionais, merecendo destaque o seguinte
julgado:
I. a existência da União
Art. 78, §3º, Lei 1.079/1950: Nos Estados, onde as Constituições não
determinarem o processo nos crimes de responsabilidade dos
Governadores, aplicar-se-á o disposto nesta lei, devendo, porém, o
julgamento ser proferido por um tribunal composto de cinco membros do
Legislativo e de cinco desembargadores, sob a presidência do Presidente do
Tribunal de Justiça local, que terá direito de voto no caso de empate. A
escolha desse Tribunal será feita - a dos membros do legislativo, mediante
eleição pela Assembléia: a dos desembargadores, mediante sorteio.
Por fim, o julgamento de crime de responsabilidade cometido por Prefeito será feito
pela Câmara dos Vereadores, nos termos do art. 4º do Decreto Lei 201/1967:
Art. 86, CF. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois
terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante
o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o
Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
Porém, o Supremo Tribunal Federal, entende que a Câmara dos Deputados não faz
um verdadeiro juízo técnico de admissibilidade da peça acusatória, mas apenas
implementar uma condição de procedibilidade do procedimento, a fim de que este
seja enviado para o Senado Federal, órgão responsável para realizar o verdadeiro
CRIME COMUM
Art. 86, §4º, CF: O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não
pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
Como garantias funcionais deve ser ressaltado que os Magistrados gozam de 3 [três]
garantias constitucionais, a saber: A) vitaliciedade, B) inamovibilidade e; C)
irredutibilidade de subsídios, podendo ser assim esquematizadas:
Art. 94, CF: Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de
membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos
de representação das respectivas classes.
Vejam que 1/5 dos lugares do 2º Grau de Jurisdição será composto de profissionais
oriundos tanto da Advocacia quanto do Ministério Público, que, além de possuírem
notável saber jurídico e reputação ilibada, devem ter mais de 10 [dez] anos de
exercício de atividade profissional.
Para que esses agentes, oriundos da Advocacia e do Ministério Público, façam parte
da composição dos Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais Federais, um
procedimento específico deve ser observado, que pode ser assim sistematizado:
• Lista sêxtupla e tríplice: Esses nomes são enviados aos Tribunais de Justiça
ou Tribunais Regionais Federais em uma lista, conhecida como lista sêxtupla.
Ao receberem a lista sêxtupla, os Tribunais reduzem os 6 [seis] nomes
recebidos para apenas 3 [três] nomes.
Para que o recurso Extraordinário seja admitido e o mérito recursal seja enfrentado,
como preliminar recursal, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, demonstrando que a
demanda tem uma repercussão que transcende aos limites do conflito
intersubjetivo, com importância do ponto de vista econômico, social, político ou
jurídico, sendo que o reconhecimento de inexistência de repercussão geral apenas
E, por ser um processo objetivo e não subjetivo, disposições especiais são aplicáveis,
como, por exemplo, a impossibilidade: De propositura de Ação Rescisória; De
desistência da ação proposta; De se alegar a suspeição do Julgador.
E, com base nessa ideia, alguns questionamentos precisam ser elucidados, a saber:
1º) Toda a Constituição Federal pode ser considerada como parâmetro para fins de
• Preâmbulo;
• Parte dogmática [Arts. 1º a 250];
• Disposições transitórias [Arts. 1º a 144 do ADCT].
Das três partes acima mencionados, o Preâmbulo é a parte da Constituição que não
se encontra no domínio do Direito, que se encontra no domínio da política, sendo
apenas uma consagração da ideologia que marcava o pensamento do Poder
Constituinte Originário no momento da promulgação do texto constitucional,
podendo ser utilizado, no máximo, como vetor interpretativo das demais normas
constitucionais, nada mais por não estar, como dito, no âmbito do Direito, tendo
nosso ordenamento jurídico adotado a Teoria da irrelevância jurídica, no que diz
respeito a natureza jurídica do preâmbulo constitucional.
Assim, o preâmbulo é a única parte da Constituição Federal que não serve como
parâmetro para o controle de constitucionalidade, já que, segundo entendimento do
Supremo Tribunal Federal, ele não tem caráter normativo.
Todas as demais partes [dogmática e transitória] podem ser utilizados como normas
paramétricas, normas modelos, em sede de controle de constitucionalidade.
Ainda dentro dessa temática, outra pergunta deve ser respondida, que gira em torno
da modificação da norma paramétrica no curso de uma ação em controle
concentrado de constitucionalidade. E duas situações podem ocorrer:
Veja que esse entendimento foi firmado pelo Supremo Tribunal Federal na ADI
145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).
Nesse ponto do estudo, dois questionamentos devem ser enfrentados: 1º) O que
pode ser objeto em controle de constitucionalidade? 2º) O que acontece quando
esse objeto é revogado ou alterado no curso de uma ação de controle de
constitucionalidade?
Porém, lado outro, a Corte Suprema entende que não é cabível a propositura de
ações em controle de constitucionalidade em face de decreto regulamentar, por não
retirar seu fundamento de validade diretamente da Constituição Federal. STF.
Plenário ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info
905).
• Regra: Caso o ato normativo seja revogado no curso de uma ação de controle
de constitucionalidade haverá perda superveniente do objeto e a ação será
extinta, sem resolução do mérito. E, caso um ato normativo seja alterado no
curso de uma ação de controle de constitucionalidade, será necessário
realizar o aditamento da Petição Inicial e caso não seja realizado o
procedimento será, também, extinto sem resolução do mérito:
Ainda sobre a temática do objeto, necessário destacar que, como regra, o Supremo
Tribunal Federal apenas poderá manifestar e, eventualmente, declarar a
constitucionalidade ou inconstitucionalidade dos atos normativos apontados na
Petição Inicial.
Sobre o controle parcial, necessário destacar que o Supremo Tribunal Federal pode
declarar a inconstitucionalidade de apenas uma palavra ou expressão de um ato
normativo, desde que sejam autônomas e não alterem o sentido da norma, por
incidir aqui o Princípio da Parcelaridade.
Atenção ao fato de que tal princípio não é aplicável a questão referente ao veto
presidencial, que, se parcial, deve abranger o texto integral de artigo, parágrafo,
inciso ou alínea, nos termos do artigo 66, §2º, da CF:
Art. 66, §2º, CF: O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de
parágrafo, de inciso ou de alínea.
Veja que nessa situação, o Poder Legislativo realizou um controle formal repressivo
de constitucionalidade da norma. Formal porque o Presidente da República não
observou a forma determinada pela Constituição Federal, qual seja, observância do
binômio relevância e urgência. Repressivo porque, desde a edição do ato pelo
Presidente da República, a Medida Provisória já estava produzindo efeitos no
ordenamento jurídico, tendo sido dele extirpado.
No que diz respeito às Leis Delegadas, o art. 68 da Constituição Federal reza que as
leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional. No momento em que o Poder Legislativo delega
poderes ao Presidente da República para exercer uma função atípica legislativa, é
feita uma delimitação dos poderes. E, caso o Chefe do Poder Executivo exorbite dos
limites da delegação legislativa, o Congresso Nacional, nos termos do art. 49, V, da
Constituição Federal, poderá sustar o referido ato.
Ex tunc;
Erga omnes;
Vinculantes.
Ex tunc;
Inter partes;
Não Vinculantes.
Ex tunc;
Erga omnes;
Vinculantes.
Ex tunc;
Inter partes;
Não Vinculantes.
Para essa última teoria, a eficácia vinculativa não se limita à parte dispositiva da
decisão, de modo a se aplicar às razões determinantes da decisão; os fundamentos
da decisão, ou seja, a ratio decidendi, também, vincularam o Poder Judiciário e
Administração Pública à sua observância.
A cláusula de reserva de plenário, também conhecida como regra do full bench, full
court ou julgamento en banc, está prevista no art. 97 da CF/88 e nos art. 948 e 949
do Código de Processo Civil de 2015, tem incidência no âmbito do controle difuso de
constitucionalidade realizados pelos Tribunais.
Art. 97, CF. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
Existem 4 [quatro] formas pelas quais um ato normativo pode restar maculado pela
eiva da inconstitucionalidade, sendo elas: Inconstitucionalidade Formal ou
Nomodinâmica: É o vício que incide no processo de elaboração do ato normativo,
ou seja, o objeto não observa o que é ditado pelo devido processo legislativo
constitucional Inconstitucionalidade Material ou Nomoestática: É o vício que está
relacionado ao conteúdo do ato, ou seja, a matéria do ato normativo viola os
preceitos constitucionais. Inconstitucionalidade por Ação: É o vício que decorre de
uma conduta positiva que é incompatível com os ditames constitucionais.
Inconstitucionalidade por Omissão ou Negativa: É o vício que decorre de uma
abstenção em cumprir com o dever constitucional dirigido à produção de medidas
para tornarem efetiva determinada norma constitucional
Art. 61, CF. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal
Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. §1º São de
iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I. fixem ou
modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
Art. 69, CF. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.
• A norma impugnada ofenda aos interesses da União, haja vista que nesse
caso haveria um conflito entre as funções do AGU.
Sobre o amicus curiae, necessário salientar que o Supremo Tribunal Federal entende
que a decisão que admite o ingresso do amicus curiae no feito é irrecorrível, porém,
a que inadmite é recorrível via recurso de Agravo Interno:
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