Praenutricao Prae 1quarentenacarregamento Boletins Setan 2021boletim No 06 2021

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Nutrição e

saúde da
mulher
1,2,3,4
Introdução

As mulheres possuem peculiaridades, construídas ao longo


da história, as quais tornam necessária atenção diferenciada no
cuidado com a saúde.
Em geral, o público feminino se preocupa em maior propor-
ção com a saúde, quando comparado ao masculino, e sua busca
por serviços de atenção primária é maior.
Com o aumento da expectativa de vida das brasileiras, es-
timada em 80 anos, cada vez mais mulheres apresentarão mu-
danças neurobiológicas que podem comprometer seu bem estar.
Este fato leva à necessidade de acompanhamento, para que suas
necessidades sejam manejadas de forma correta e segura.
A promoção da alimentação saudável e a manutenção do pe-
so adequado são fundamentais para promover saúde e bem-estar
durante toda a vida da mulher. A alimentação equilibrada é impor-
tante para manter todas as funções do organismo em boas condi-
ções.
Dentre as condições que afetam a saúde da mulher e que exi-
gem uma mudança de estilo de vida preventiva, onde a alimenta-
ção pode auxiliar, destacam-se a tensão pré-menstrual (TPM), sín-
drome do ovário policístico (SOP), além do climatério, no qual
ocorrem alterações hormonais, que podem resultar na maior vul-
nerabilidade aos agravos à saúde, inclusive às doenças cardiovas-
culares, cada vez mais prevalentes.
Aproveitando que no dia 08 de março comemora-se o Dia In-
ternacional da Mulher, nesta edição serão abordados alguns dos
aspectos que envolvem a saúde da mulher e como a alimentação
pode auxiliar na melhoria dos desconfortos consequentes destas
condições clínicas.

Setor de Alimentação e Nutrição/ Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis/ UNIRIO. Boletim nº6. Março/2021.
Tensão
Tensão pré-menstrual (TPM)
pré-menstrual5, 6

É um conjunto de sensações que


ocorre cerca de 10 dias antes do início do
próximo ciclo menstrual. De acordo com
dados do Ministério da Saúde, atinge
mais de 70% das mulheres brasileiras.

SINTOMAS EMOCIONAIS: choro fácil, nervo-


sismo, irritação sem motivos, depressão,
sensibilidade, ansiedade, mudança rápida de
humor, tensão, dificuldade de concentração,
agitação, insônia, letargia, sensação de can-
saço, baixa autoestima e desejo por alguns
alimentos, como chocolate e carboidratos.

SINTOMAS FÍSICOS: dores nas mamas, in-


chaços, dores de cabeça, dores musculares,
aparecimento de acnes, prisão de ventre ou
diarreia, náusea, tonturas, cólicas, mudanças
no apetite, ondas de calor, diminuição do de-
sejo sexual, entre outros.

Os sintomas e a intensidade deles variam muito


de uma mulher para outra, mas com algumas medi-
das, é possível amenizar esses sintomas atribuindo
Não existem uma melhora a eles.
tratamentos específicos Alguns exemplos são: mudança no estilo de
5, 6 vida, principalmente nos hábitos alimentares, práti-
para a TPM ca de atividade física e diminuição do estresse diá-
rio.

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TPM e alimentação equilibrada

CÁLCIO: alivia dores da cólica menstrual


As mudanças na dieta vão aju-
e irritabilidade. Fontes: vege-
dar as mulheres por conta das alte-
rações hormonais características do tais de folhas verde-escuras -
período menstrual. couve e brócolis -, leite e deri-
A regulação dos neurotransmis- vados.
sores no cérebro é afetada e alimen-
tos ricos em determinadas vitaminas MAGNÉSIO: melhora as alterações de
e minerais podem colaborar para es-
humor e irritabilidade. Prefi-
tabilizar as membranas neuronais e
criar neurotransmissores. ra os cereais integrais, folho-
sos verde-escuros, grão-de-
bico e brotos germinados.

ÔMEGA 3 : reduzem o inchaço, a perda ós-


sea e a irritabilidade. Fontes:
óleo de peixe do mar, salmão,
atum, linhaça e oleaginosas.

VITAMINA C: melhora o sono e a ansie-


dade. Fontes: kiwi, caju, ace-
rola, abacaxi, limão, moran-
go, laranja e goiaba.

ALIMENTOS REFINADOS E RICOS EM VITAMINA B6: melhora dor de cabeça, ir-


AÇÚCAR: como farinhas, pão e arroz ritação e produção de serotonina. Fontes:
branco e doces em geral. Favorecem a cereais integrais, nozes, amen-
secreção de insulina no sangue, propici-
doim, fígado de boi, banana,
ando a compulsão alimentar.
folhas verdes e leguminosas.
CAFEÍNA E ÁLCOOL: café, alguns tipos
de chá e bebidas alcoólicas em geral.
Têm efeito irritantes. VITAMINA B12: sua carência pode causar
SAL: alimentos ricos em sódio como os fraqueza e desânimo. Fontes:
ultraprocessados, já que contribuem carnes vermelhas, frango,
para a retenção de líquido (inchaço). peixe e frutos do mar.

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Síndrome dos

ovários policísticos (SOP)9

A Síndrome dos ovários policísti-


cos é uma das condições clínicas mais
comuns dentre as disfunções endócri-
Diagnóstico
nas que afetam mulheres em idade re- Presença de pelo menos dois dos
três critérios diagnósticos: oligoamenor-
produtiva. Sua prevalência varia de 6 a reia, hiperandrogenismo clínico e/ou la-
16% e as principais características clíni- boratorial e morfologia ultrassonográfi-
ca de policistose ovariana, desde que se-
cas são a presença de hiperandrogenis- jam excluídas outras doenças que tam-
bém cursam com hiperandrogenismo.
mo, com diferentes graus de manifesta-
ção clínica e a anovulação crônica.
A sua etiologia ainda permanece Oligoamenorreia
uma incógnita, tendo em vista que vá- É caracterizada como a ausência
rios fatores podem estar envolvidos. A de menstruação por 90 dias ou mais
ou a ocorrência de menos de nove ci-
sua relação com os desvios do metabo- clos menstruais em um ano.

lismo lipídico e glicídico tem sido alvo


Hiperandrogenismo
de muitos estudos, pois hoje a SOP é
Está relacionado com altera-
vista como uma doença metabólica,
ções na programação da regulação
com todas as suas implicações. Dessa do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano.
A sua caracterização pode ser clínica
forma, o foco deixou de ser exclusiva- ou laboratorial. Clinicamente, mani-
festa-se como hirsutismo (aumento de
mente o sistema reprodutor, mas sim o pelos), acne, alopecia (queda de ca-
organismo como um todo. belo).

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Conduta nos distúrbios metabólicos

Portadoras de SOP têm maior risco para


O maior risco de DM2 e DCV está associ-
desenvolver:
ado ao IMC (índice de massa corporal). E ain-
 obesidade
da, deve-se investigar a presença da síndro-
 doenças cardiovasculares (DCV)
me metabólica (SM) no momento do diag-
 infertilidade
nóstico nessa mulheres.
 diabetes mellitus tipo 2 (DM2)
A SM se relaciona com gordura abdomi-
 esteatose hepática
nal, triglicerídeos, pressão arterial e glicose
 apneia do sono,
sanguínea eleva-
 depressão e
das e o bom coles-
 câncer de endométrio.
terol (HDL) baixo.

O principal objetivo do tratamento não está relacionado apenas aos


fatores reprodutivos, mas à mudança de estilo de vida com aumento
da atividade física e adequação da dieta. Dessa forma além da re-
dução do peso corporal serão controlados outros fatores de risco para
as comorbidades associadas.

Recomendações para alimentação na


SOP: ÔMEGA 3: melhora a ação da insulina e o
perfil inflamatório.
 rica em carboidratos com baixo índi-
ce glicêmico e fibras (grãos, cereais
integrais, hortaliças dos grupos A e B
- Boletim nº 21 e Boletim nº22/2020), VITAMINA D: sua deficiência pode se relaci-
onar ao DM2, obesidade, dislipidemia, menor
 rica em alimentos com efeitos antio-
xidantes (frutas e vegetais são fontes sucesso gestacional, hirsutismo, hiperandro-
naturais) e antinflamatórios (ômega genismo e exacerbação da SOP. Há evidên-
3), cias da relação entre vitamina D e a melhora
dos sintomas da SOP.
 controlada em calorias, associada a
um padrão alimentar saudável. A exposição solar é a melhor
forma de obter vitamina D ativa
Fontes alimentares: ovo, óleo de fígado de
Dietas ricas em gorduras saturadas e
açúcar podem exacerbar o perfil me- bacalhau, peixes gordurosos (atum e sal-
tabólico e hormonal, bem como o es- mão), leite e derivados, alimentos fortifica-
tresse oxidativo na SOP. dos e shitake.

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Climatério/
menopausa1, 12

Segundo a Organização Mundial da Esse período ocorre habitualmente


Saúde (OMS), o climatério é uma fase bioló- entre os 40 e 65 anos de idade e, a meno-
gica da vida da mulher, que compreen- pausa está intrinsecamente ligada ao clima-
de a passagem entre o período reproduti- tério, que convém a ser o marco desta fase,
vo para o não reprodutivo e está ligado a correspondendo ao último ciclo menstru-
uma representação social muito forte, por al, com seu diagnóstico estabeleci-
ser considerado um período de intensas mo- do após passados 12 meses de amenorreia.
dificações.

SINTOMAS
Ondas de calor / suores noturnos

Nesta fase ocorrem alte- Osteoporose / lesões na pele


rações no sistema repro-
Distúrbios metabólicos / obesidade
dutor que diminuem a
produção dos hormô-
Atrofia urogenital / disfunção sexual
nios sexuais pelos ová-
rios. A queda dos níveis
Câncer / problemas cardiovasculares
de estrogênios, ocasiona
diversos sintomas. Alterações de humor/cansaço

Alterações na pele (acne, pelos faciais)/queda de cabelo

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Após os 50 anos, as mulheres apresentam
uma tendência ao aumento de peso. As necessida-
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des energéticas em repouso diminuem cerca de 2% Alterações de peso
a cada década, portanto este aumento se deve à
diminuição do metabolismo e da atividade física
comumente observada.

4
Risco cardiovascular

A maior chance de desenvolver DCV em mulheres após a me-


nopausa se deve à maior suscetibilidade aos fatores de ris-
co, com destaque para a dislipidemia, alterações no metabo-
lismo da glicose e hipertensão arterial, decorrente da diminui-
ção abrupta dos níveis de estrógenos.

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Menopausa e Alimentação equilibrada ,

A alimentação é de grande importância


nessa fase da vida, para a manutenção da saú-
de, do peso adequado, da massa óssea e para CÁLCIO
proteção cardiovascular, devendo proporcio-
Apesar das vantagens da ingestão de cálcio
nar às mulheres ingestão adequada de: através de fontes alimentares, por vezes é neces-
 calorias  cálcio sário fazer suplementação. A ingestão de cálcio
 proteínas  vitaminas deve ser feita durante as refeições, porque o
 carboidratos  sais minerais meio ácido facilita sua absorção. O sódio aumenta
 gorduras a excreção urinária de cálcio, e a cafeína incre-
menta as perdas fecais e urinárias do cálcio, por
isso as mulheres no climatério devem usar o sal e
PREFERIR ALIMENTOS RICOS EM:
o café com moderação.

 Vitamina E: gérmen de trigo, aveia,


carnes, feijão, ervilha e cereais inte- Priorizar o consumo de grãos, frutas, le-
grais. gumes e verduras e alimentos ricos nas gordu-
Ajudam na hidratação e evitam resseca- ras saudáveis (Boletim SETAN nº 11/2020).
mento vaginal e da pele. Ingerir fibras vegetais é importantes para
o funcionamento do intestino, além disso, elas
 Triptofano: leite e derivados, banana. contribuem para o controle da glicemia e dimi-
nuição dos níveis de colesterol.
Diminuem a sensação de depressão de-
corrente a esta nova fase.
Beber bastante água
 Vitamina C: frutas cítricas. ajuda a eliminar as toxinas e
substituir os fluídos perdidos
Pela ação antioxidante.
nas ondas de calor.

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Menopausa e Fitoestrógenos

Devido à semelhança de sua estru-


tura química como também o seu meca- Mesmo havendo muito a ser pesqui-
nismo de ação, comparado ao hormônio sado quanto às propriedades e efeitos,
feminino estrógeno, os fitoestrógenos grande parte dos estudos indica que o con-
passaram a ser utilizados como alterna- sumo de soja e das isoflavonas nela conti-
tiva às terapias de reposição hormonal das tem apresentado alguns efeitos benéfi-
convencionais por reduzirem os sinto- cos na prevenção e alternativa terapêutica
mas indesejáveis ocasionados na meno- dos sintomas do climatério.
pausa, com menos efeitos adversos.
A soja pode ser incluída na alimenta-
ção das mulheres de diversas formas sabo-
Existem três principais classes de rosas e criativas, junto aos alimentos tradi-
fitoestrógenos: cionais, e preferencialmente na versão or-
gânica. Uma conjuntura que inclua dieta
• Isoflavonas
balanceada e adequada, atividade física e
• Coumestanos o consumo destes alimentos funcionais,
comprovadamente testados, elevarão o
• Lignanos
nível de saúde e qualidade de vida da mu-
A mais conhecida é a das isoflavo- lher.
nas (genisteína, daidzeína e gliciteí-
na, e seus precursores), encontra- Apostar em determinados ali-
das em um grande número de vege- mentos pode ajudar a mulher
a ter mais controle hormonal
tais, principalmente na soja. após a menopausa, sem desen-
cadear efeitos colaterais.
Os fitoestrógenos são encontrados
Mas é importante re-
em grãos, frutas, legumes entre ou- forçar que em alguns
tros. Além da soja, deve ser dado casos, a Terapia de
Reposição Hormonal
atenção a alimentos como: tofu, (TRH) é considerada
missô e sementes de linhaça. o modo mais eficaz
de tratamento para
essa fase.

O ideal é consultar um profissional


especializado para orientações, de acordo
com a avaliação do quadro clínico de cada
paciente.

Setor de Alimentação e Nutrição/ Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis/ UNIRIO. Boletim nº6. Março/2021.
Até o próximo!

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO


Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis - PRAE
Setor de Alimentação e Nutrição - SETAN

Equipe organizadora: Nutricionistas


Lidia Araújo
Lidiane Pessoa
Luciana Cardoso
Priscila Maia

Contato: [email protected]

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