Desafios e Contribuicoes 1

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REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO

CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959

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O TRABALHO DO PEDAGOGO: DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES

ARTIGO ORIGINAL

PEREIRA, Elizabete Rodrigues 1, OLIVEIRA, Lilian Pittol Firme de 2

PEREIRA, Elizabete Rodrigues. OLIVEIRA, Lilian Pittol Firme de. O trabalho


do pedagogo: desafios e contribuições. Revista Científica Multidisciplinar
Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 07, Vol. 06, pp. 14-31. Julho de 2021.
ISSN: 2448-0959, Link de
acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/desafios-e-
contribuicoes

RESUMO

Este artigo objetiva analisar quais são os desafios e as possibilidades de


contribuição do pedagogo na aprendizagem dos alunos e consequentemente
nos resultados da Escola. Na bibliografia consultada foi possível constatar a
opinião de vários autores acerca da importância deste profissional tanto para o
trabalho dos professores como para uma escola com melhorias significativas no
desempenho dos alunos. As análises realizadas neste texto partem
principalmente das contribuições de Aranha, Franco, Freire e Mariani, entre
outros. Discorremos sobre o trabalho do pedagogo no dia a dia do contexto
escolar levando em conta mecanismos imprescindíveis para a aprendizagem,
como o suporte aos professores, ações pedagógicas para minimizar alguns
problemas que atrapalham a aprendizagem, entre eles o desinteresse dos
alunos, a ausência das famílias e as dificuldades de aprendizagem.

Palavras-chave: Pedagogo, Acompanhamento, Aprendizagem, Resultados.

1
Mestrado pela Faculdade Vale do Cricaré, Pós-graduação em Coordenação Escolar, Graduação
em Pedagogia.
2
Orientadora. Doutorado em Engenharia Agronômica.
RC: 91263
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1. INTRODUÇÃO

Há algum tempo a função de pedagogo tornou-se objeto de estudos de muitos


pesquisadores. É vasta a literatura descrevendo quem é este profissional, qual
é o seu papel e a importância dele na escola ou na empresa que atua.

Desde a criação do curso de Pedagogia no Brasil em 1939, algumas questões


que envolvem o pedagogo parecem ainda não serem muito definidas como, por
exemplo, quais são as atribuições que o pedagogo desempenha na escola, lócus
mais comum de atuação deste profissional.

A definição de qual é o papel do pedagogo no contexto escolar constitui-se em


um dos desafios a ser encarado por este profissional até mesmo para que ele
não tenha uma visão equivocada de quais são as atribuições dentro da
instituição que trabalha. É comum mesmo nos dias atuais, pedagogos realizando
diversas funções que fogem da sua alçada. Referimo-nos às questões de
indisciplina e administrativas.

O conflito de identidade é apenas um dos vários desafios que se apresentam ao


pedagogo. Mas não é somente este. Ser reconhecido dentro do próprio ambiente
que atua, isto é, pelos colegas de trabalho como alguém que faz diferença na
vida dos alunos é outro. É este reconhecimento que pode surgir através de ações
simples mais eficazes provenientes do trabalho do pedagogo. Ações estas que
não precisam ser mirabolantes para alcançarem o que se deseja numa escola
que é a aprendizagem dos alunos e, é claro, resultados positivos como um todo.

Este artigo tem por objetivo delinear os diversos desafios enfrentados por este
profissional em sua rotina, bem como destacar as diversas contribuições que
podem surgir no âmbito escolar por meio do seu trabalho.

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2. A EVOLUÇÃO DA PEDAGOGIA

A Pedagogia vem passando por mudanças profundas desde o seu surgimento


na antiguidade até os dias atuais. Também tem se expandido o sentido da
palavra pedagogo. Esse profissional, como na Grécia Antiga, é aquele que na
escola deve ser o condutor de crianças. Aranha (2006, p. 67), afirma que “a
palavra paidagogos nomeava inicialmente o escravo que conduzia a criança,
com o tempo o sentido do conceito ampliou-se para designar toda teoria sobre a
educação [...]”.

Pesquisas retratam a criação do curso de pedagogia no Brasil em 1939 que


buscou formar bacharéis para várias áreas de atuação, incluindo o setor
pedagógico.

Sendo assim, a habilitação para o bacharelado tinha a duração de três anos,


“após os quais, adicionando-se um ano de curso de didática, formar-se-iam os
licenciados, num esquema que passou a ser conhecido como 3 + 1” (SILVA,
2003, p. 12).

Apesar das evoluções no campo educacional, algumas indefinições acerca da


função de pedagogo permanecem, como por exemplo, as atribuições deste
profissional da escola. Segundo Saviani (2012), no período que o Curso de
Pedagogia é implementado no ano de 1939, até 1961 quando é publicada a Lei
de Diretrizes e Bases, a luta da classe foi pela identidade e profissionalização do
Pedagogo.

Coadunando-se a este pensamento, Brzezinski (2012, p. 45), afirma que, “[o]


bacharel em Pedagogia se formava técnico em educação, cuja função no
mercado de trabalho nunca foi precisamente definida. A falta de identidade do
curso de Pedagogia refletia-se no exercício profissional do pedagogo”.

Nesta hipótese, faz necessário que o pedagogo enfrente os vários desafios no


cotidiano escolar, começando pela definição e afirmação do papel que

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desempenha em todo o contexto a que esta função esteja envolvida. Para


Franco (2008), a ideia defendida por muitos pesquisadores brasileiros de que a
Pedagogia esteja fundamentada na prática da docência, é exatamente o
contrário. Para a autora, a ciência pedagógica é que deve fundamentar a prática
docente.

Segundo Aranha (2006), a pedagogia passou por mudanças profundas. Sendo


assim, as universidades devem ser pensadas como um espaço de formação bem
além de preparação do aluno para a pesquisa ou para a busca de empregos com
mais qualificação, visto que o próprio sentido da palavra pedagogo evoluiu.
Assim, esse profissional, como na Grécia Antiga, é aquele que na escola pode e
deve ser o condutor de crianças. Aranha (2006, p. 67) afirma que “a palavra
paidagogos nomeava inicialmente o escravo que conduzia a criança, com o
tempo o sentido do conceito ampliou-se e designa toda teoria sobre a educação
[...]”.

Nesta direção, o passar dos anos serviu para situar o curso de Pedagogia como
algo imprescindível na formação e emancipação humana; um curso que vá mais
além das didáticas, seja como ciência da educação, e que reconheça na função
do pedagogo uma atuação mais ampla.

3. OS DESAFIOS DA FUNÇÃO DO PEDAGOGO

Um dos motivos preocupantes em relação à função de pedagogo de forma geral,


e com certeza um dos seus maiores desafios, diz respeito ao conflito de
identidade, haja vista que o próprio profissional, muitas vezes, tem uma visão
equivocada de quais são suas atribuições. De acordo com Lage (2016), a
identidade do pedagogo está diretamente relacionada ao seu itinerário formativo
e pessoal. Para esta autora, as transformações no curso de pedagogia, criado
no Brasil no ano de 1939, estão diretamente vinculadas à identidade do
pedagogo, consequência da quantidade de leis que causaram impacto na
maneira de ser deste profissional.

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É aconselhável que o Pedagogo tenha clareza da sua função para não se


acomodar em “apagar incêndios”, pois muitas vezes acaba não exercendo sua
principal atividade, que consiste em apoiar o professor na melhoria do processo
ensino aprendizagem. Segundo Mariani (2015), devido a essa falta de apoio,
aparecem fatores como frustração e desmotivação ao pedagogo. Para essa
autora há uma modificação na maneira como a sociedade passou a tratar o
pedagogo, parecendo não existir mais um acolhimento a este profissional.

Entendemos que um dos caminhos para uma educação de qualidade pode ser
a valorização dos profissionais. Por isso, é necessário que o discurso deixe de
ser somente em palavras e torne-se eminentemente real, pois os pedagogos que
desempenham com responsabilidade sua função, de fato tornam-se
“profissionais de referência” na escola.

Não são poucas as vezes em que o pedagogo é requisitado para ajudar na


resolução de problemas. Estas situações, entretanto, devem ser filtradas pelo
próprio pedagogo, para que as questões indisciplinares, por exemplo, não se
sobreponham às demais atribuições pedagógicas.

Sintetizando a atuação do pedagogo, Franco (2012, p. 31) afirma que todo


professor deveria ser pedagogo no sentido extenso do termo, organizando a sua
prática de acordo com conhecimentos pedagógicos. No entanto, segundo a
autora, nem todo pedagogo tem que necessariamente ser professor. “Essa é
uma questão muito complexa; mas tenho a convicção de que, sem os pedagogos
na escola, esta fica sem condições de organizar o espaço pedagógico escolar”.

A rotina da escola é algo bem dinâmico e acontece em ritmo frenético em todos


os aspectos: pedagógico, administrativo, rotatividade de pessoas, enfim, não
existe uma diminuição do fluxo de demandas no dia a dia. Pelo contrário, do
início ao final do ano letivo, há prazos que devem ser cumpridos, projetos que
têm de ser desenvolvidos, cronogramas de provas e trabalhos, reuniões diversas
a serem organizadas, professores que precisam ser acompanhados, questões

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peculiares aos alunos que também exigem atenção e disponibilidade, sem falar
de várias outras ações.

Por este e por outros motivos, o pedagogo precisa estar bem ciente diante da
função que desempenha. Se observada a Constituição Federal (1988), segundo
a qual a educação é “direito de todos e dever do Estado e da família [...]’, que
em seu Art. 205 estabelece como princípio: “I – igualdade de condições para o
acesso e permanência na escola”, percebe-se que a permanência do aluno na
instituição escolar também cabe ao pedagogo. O desânimo do aluno e,
consequentemente, a sua desistência pode ser ocasionada pela ausência de
aulas bem planejadas de forma que se tornem significativas e atraentes ao
discente. Assim, cabe ao pedagogo mais esta responsabilidade, e porque não
dizer, este desafio.

Assim, o Pedagogo tem a possibilidade de implementar através da função por


ele desempenhada, o caráter humanizador da educação, sua responsabilidade
transcende a busca pela permanência do aluno, e vai ao encontro também do
acesso, já que o pedagogo desempenha a função de gestor da escola.

Mesmo com todos os avanços diante da democratização do ensino, é sabido


que a escola está longe de atingir seu ideal: pleno ensino e aprendizagem. Para
Coménio (1992, p. 33):

[...] temos a audácia de prometer uma Grande Didática; quero dizer, um


tratado complexo da arte de ensinar tudo a todos. E de ensinar de tal
modo, que o resultado seja infalível. E de ensinar depressa, isto é, sem
nenhum problema e sem nenhuma dificuldade para os alunos e para os
mestres, mas, antes, com um extremo prazer para ambos [...]

Portanto, um outro grande desafio do pedagogo é buscar estabelecer um


ambiente onde os professores consigam desenvolver suas atividades, primando
para que a aprendizagem ocorra de forma prazerosa. Sabe-se que não é algo
fácil, comum e simples em meio a tantas tarefas que já cabem a este profissional.
No entanto, acredita-se que o que acaba de ser mencionado não pode ser visto

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como um desafio inatingível, visto que muitas experiências ocorridas no interior


da escola comprovam o quanto a satisfação possibilita a melhor fruição do
aprender, bem como de tudo na vida que é feito com prazer. Paín (2000) fala da
importância que tem o prazer para a aprendizagem. Para ela é importante que o
prazer em aprender tenha o sentido de prazer olímpico, aquele em que se ganha
de algo, neste caso, do problema, dos desafios diante das dificuldades em
aprender. Este deve ser o objetivo da escola que é conseguir proporcionar à
criança o prazer em aprender.

Para tanto, o pedagogo deve subsidiar o professor com informações e reflexões


que o levem a conscientizar-se da importância do ensinar através de práticas
prazerosas. Talvez seja este o caminho para buscar uma organização na
educação brasileira. Para Franco (2012), a Pedagogia no Brasil passa por um
grande mal-estar. Para a autora, a escola não tem conseguido produzir as
aprendizagens previstas. Os docentes têm dificuldade para ensinar, as leis não
são claras, os currículos também não são definidos e a sociedade como um todo
fica em dúvida ao para que estudar.

Essa desorganização e crise de sentido na educação, afeta sem dúvidas o aluno,


e consequentemente todo o processo ensino aprendizagem. Mariani (2015, p.
46) corrobora com este pensamento quando diz que a relação professor-aluno
se encontra desgastada devido a esta confusão que estabeleceu-se na
educação brasileira, onde muitas vezes nem mesmo os professores sabem com
clareza o seu papel. Tornando a educação sem perspectivas para eles.

Os alunos não sabem por que estudar, há falta de significação do que é


estudar, há evasão, reprovação, indisciplina das mais diferentes formas
que acabam por transformar a relação professor-aluno ainda mais
conflitante e difícil de ser trabalhada. Os professores não sabem por que
ensinar, o que é mais grave, estão sem perspectivas, que dirá pensar a
educação quanto aos seus fins, aos seus meios e as articulações entre
estes. (MARIANI, 2015, p. 46)

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Em meio às tarefas que realiza, o pedagogo também lida com outros entraves.
Alguns professores têm extrema dificuldade para cumprir os prazos e as
solicitações feitas pelo pedagogo. Não entendem que este profissional não
trabalha sozinho e, muitas vezes, para finalizar algo, como por exemplo,
relatórios e análise de diários, necessita que o professor tenha feito a parte que
lhe foi designada. Com isso, há o atraso, ou a não realização de algum trabalho
estabelecido ao pedagogo em um prazo para a conclusão.

Só há perda de tempo em se parar a engrenagem quando todas as atenções e


tempo estiverem voltados para o que há de mais precioso na escola que é o
processo ensino e aprendizagem. Não aquele meramente transmissor de
conhecimentos, mas o processo pautado no diálogo e na valorização da cultura
do aluno, em que o sujeito vai paulatinamente adquirindo capacidade para ouvir,
falar e argumentar.

É atento nesse foco do diálogo, de perceber e realçar a presença do outro dotado


de sentimentos, afetos, e emoções que todos os sujeitos integrantes da escola
– incluindo o pedagogo - devem almejar. Mariani (2015), corrobora com este
pensamento, ressaltando a importância de repensar as atitudes nas relações
interpessoais, no que diz respeito às práticas pedagógicas. Para a autora, para
reconhecer o outro é preciso buscar este encontro atento às escutas para
compreender o outro. Assim, a ação pedagógica muito pode contribuir para a
construção das relações entre os pares, importando-se com as necessidades do
outro.

É necessário que os gestores, incluindo o pedagogo, atentem-se para as


relações interpessoais de todos aqueles que convivem no ambiente escolar. A
partir da Base Nacional Comum Curricular as competências socioemocionais
dos alunos estão sendo trabalhadas com maior ênfase na escola. É importante
se preocupar também com o convívio entre os profissionais, afinal, a falta de
harmonia entre aqueles que convivem diariamente pode atrapalhar o trabalho e
interferir nos resultados dos alunos e da escola.

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A interação entre os indivíduos torna-se cada dia mais importante em qualquer


espaço. As empresas buscam funcionários que saibam trabalhar em equipe e
consigam resolver os problemas que acabam surgindo, muitas vezes,
consequência das diferenças naturais de cada indivíduo. Neste contexto, o
pedagogo acaba sendo uma das pessoas que no ambiente educacional, deve
primar além da aprendizagem dos alunos, por um ambiente que favoreça as
relações, a convivência entre os pares. Costa e Pinheiro (2016), reforçam esta
ideia, quando evidenciam a importância dos cursos superiores incluírem na
formação acadêmica o debate para a humanização deste profissional. Para eles,
essa vertente possibilitará que o pedagogo possa sim ser reconhecido por suas
capacidades e afinidades de sua profissão.

É importante trazer aqui o desafio que é para o pedagogo, a formação


continuada para a sua prática. A pesquisa aos saberes científicos e a implicação
destes nos problemas do cotidiano devem ser uma constante se este é o desejo
deste profissional por uma educação de qualidade.

Costa e Pinheiro (2016), ratificam que ser Pedagogo na sociedade


contemporânea é de fato um grande desafio. “[...] é ser um pesquisador contínuo
da educação, é vencer as adversidades na atual conjuntura política, social,
econômica, etc. Enfim, é trazer mais humanidade nos contextos nos quais irá
atuar”.

Vivemos na era do conhecimento e as questões pertinentes à própria formação


do Pedagogo não podem passar despercebidas a ele ou acabar não tendo
prioridade. A pesquisa possibilita que a prática pedagógica seja redescoberta, e
que a partir dela novas ideias surjam para agregar o trabalho. É assim que o
pedagogo poderá ser visto. Considerado também como um pesquisador dos
fenômenos que orienta os processos e as ações educativas e sociais.

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3.1 ACOMPANHAMENTO DO PLANEJAMENTO ESCOLAR: MAIS


UM GRANDE DESAFIO

É válido considerar a importância do planejamento para qualquer circunstância


da vida, seja pessoal ou profissional. Para Luckesi (2003), o planejamento
primeiramente “implica o estabelecimento de metas, ações e recursos
necessários à produção de resultados que sejam satisfatórios à vida pessoal e
social, ou seja, a consecução dos nossos desejos”.

O pedagogo é o profissional que, no cotidiano escolar, deve favorecer momentos


aos professores para que estes possam refletir acerca da sua prática e,
concomitantemente, pensar em ações didáticas que tornem a aprendizagem dos
estudantes mais efetiva. Quando escrevemos a palavra “refletir” estamos
usando-a no sentido de analisar o próprio desempenho, isto é, estar disposto a
uma autoavaliação, para que a partir dela, dependendo dos resultados, possa
ser dada sequência ao que foi ou que está sendo desenvolvido ou ainda fazer
alterações e mudanças de acordo com a necessidade. Ou seja, pensar-se, em
outros meios para se alcançar o objetivo, cujo anseio é sempre a aprendizagem
do aluno. Para Volpin (2017), o planejamento está intrinsecamente ligado a todas
as atividades que o homem se apropria do seu universo histórico e social. A
autora ressalta que o planejamento é imprescindível para que as ações do
homem tenham eficácia.

Franco (2012, p. 32) salienta que a ausência de um espaço de reflexão e crítica,


marca definitiva do espaço pedagógico, compromete as relações democráticas
na escola, o que impede o exercício crítico da educabilidade. Na fala da autora,
“talvez essa ausência explique, em parte, por que nossas escolas têm tido tanta
dificuldade em cumprir sua função social de educar e ensinar”.

Por meio do pensar e repensar diariamente é da prática docente que podem


surgir os processos de significação que visam ampliar a compreensão e a
atuação frente ao ato complexo da docência. Aveledo (2018) afirma que o

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Pedagogo assume papel determinante para o desenvolvimento das propostas


de formação continuada, centradas na própria escola, pois ele é o profissional
imprescindível para a efetivação e o desenvolvimento dos processos formativos.

A escola é composta por um aglomerado de sujeitos que formam vários grupos


de acordo com funções e interesses: alunos, professores e demais funcionários
da instituição. No que se refere ao grupo formado pelos professores, seria até
natural pensar que essa reflexão do ato de ensinar ocorre não somente de forma
individual, mas coletiva, visando à troca de informações, práticas e ideias que
podem ser compartilhadas.

No entanto, muitas vezes, o que se observa em relação a alguns docentes, é a


recusa em analisar de maneira conjunta as várias situações existentes na escola
e fazê-lo de maneira global. Parece-nos que há uma preferência em manter as
atenções voltadas somente para as próprias turmas, principalmente no que diz
respeito aos planejamentos. Nessa contextualização, é válido trazer os estudos
de Franco (2012, p. 24) que diz: “Constatei que os docentes procuram blindar-
se contra essas armadilhas do contexto escolar, calam-se e distanciam-se,
evitando dialogar com as circunstâncias de seu espaço de trabalho”.

Neste sentido, Perrenoud (1994 p. 33) salienta que [...] “os professores
demonstram muita resistência em falar de suas práticas aos colegas. É preciso
que haja relações de confiança que pressuponham ligações de amizade ou a
sensação de fazer parte integrante de uma equipe pedagógica”.

Planejar de forma individual ainda é uma cultura existente na escola e não


podemos deixar de reconhecer que também há necessidade desta forma de
planejamento. No entanto, por mais difícil que seja reunir o grupo de professores
mesmo que por áreas de planejamento, é nas reuniões coletivas que a maioria
das decisões de caráter mais abrangentes da escola devem ser analisadas, pois
ao mesmo tempo que se fortalece a gestão democrática, há a riqueza da troca
e do compartilhamento de ideias e práticas. Por este motivo é que o pedagogo

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não pode deixar que elas não aconteçam e ainda, precisa dar-lhes o
direcionamento.

Nesta direção, Franco (2012, p. 33), argumenta:

Se não houver a direção de sentido, estabelecida pelo coletivo e


significada pela Pedagogia, quem vai educar a criança? O acaso? Ou a
influência mais forte? De alguma forma, é o que temos visto nas escolas:
sem direção de sentido; os professores soltos, isolados, perdidos. Se há
uma situação em que “uma andorinha não faz verão”, é na escola. O
coletivo é o motor da educação, e quem pode coletivizar a ação e dar-lhe
direção de sentido, é a Pedagogia.

No planejamento coletivo é possível analisar bem como discutir a situação


peculiar dos alunos, seus modos e tempos de aprendizagem, facilidades ou
dificuldades de aprender, e até mesmo o contexto em que estão inseridos.
Segundo Aranha (2003), o currículo deverá ser pautado na ideia da diferença,
isto é, não é o aluno que se ajusta, que deve adequar-se às condições de ensino.
Mas de forma contrária é a escola que deve incumbir-se de fazer as mudanças
necessárias que possibilitem o desenvolvimento acadêmico de todos os alunos,
considerando inclusive as características individuais de desenvolvimento e de
aprendizagem.

Outro momento importante que acontece periodicamente nas escolas é o


Conselho de Classe. Seria adequado defini-lo como uma reunião avaliativa,
onde todos os envolvidos no processo fazem uma reflexão acerca da
aprendizagem dos alunos, o desempenho dos docentes, os resultados das
estratégias de ensino utilizadas, a adequação da organização curricular e outros
aspectos referentes a esse processo, a fim de avaliá-lo coletivamente, mediante
diversos pontos de vistas. Segundo Libâneo (2004), o Conselho de Classe é o
local onde é possível analisar não somente o aluno e as turmas de maneira geral,
mas também o rendimento do professor a partir dos resultados alcançados. Daí
a importância de no Conselho de Classe a articulação de ideias relacionadas à

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prática dos docentes, as relações da comunidade escolar, além do incentivo às


ações voltadas para a melhoria dos resultados como um todo.

Desta forma, a importância do pedagogo no Conselho de Classe, inicia-se muito


antes do momento em que a reunião acontece. O papel deste profissional no
início de cada trimestre é imprescindível, quando ele é o principal articulador das
ações que conectam os professores, as aulas e a aprendizagem em uma só
direção. Pois todos os resultados – isso inclui alunos e professores – vão
culminar no Conselho de Classe que evoluiu ao longo dos anos quando deixa de
ser um momento de punição e passa a ser uma reunião formativa pautada na
análise de toda a equipe do que deu certo e no que deve haver um
replanejamento de rotas.

4. DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES DO PEDAGOGO FRENTE A


PROBLEMAS QUE DIFICULTAM A APRENDIZAGEM

A educação vive nos dias atuais uma contradição. Ao mesmo tempo em que é
valorizada por determinados setores da sociedade, não é considerada para
outros uma ciência de valor. Nas palavras de Libâneo (2001), a pedagogia vive
atualmente uma enorme contradição. Se por um lado está em alta, em uma parte
da sociedade como por exemplo, entre meios profissionais, políticos,
universitários, sindicais, empresariais, nos meios de comunicação, nos
movimentos da sociedade civil onde parece haver uma redescoberta da
pedagogia. No entanto, existe uma baixa desta ciência entre intelectuais e
profissionais do meio educacional, identificando-a apenas com a docência, ou
ainda com um campo de saberes específicos.

De igual maneira, muitos alunos veem a educação como algo sem importância,
por isso não dão a ela prioridade em suas vidas. Assim, o fracasso ocorrido no
rendimento escolar neste caso é provocado pelo desinteresse e/ou falta de foco.

Há também no interior da escola as dificuldades de aprendizagem. Podemos


refletir acerca de alguns motivos. Um deles é o fato daqueles alunos que vêm da

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série anterior sem os requisitos básicos de aprendizagem. Tomamos como


exemplo, os alunos que ao ingressarem na fase 2 do Ensino Fundamental (6º
ano), não adquiriram as competências básicas em leitura, interpretação e
resolução de problemas.

As dificuldades de aprendizagem fazem parte do contexto das escolas em geral


e essa questão tem gerado debates na busca da resolução ou ao menos,
amenização do problema.

É válido destacar as diferenças entre problemas de aprendizado e de transtorno


de aprendizado, já que as duas questões integram as dificuldades de
aprendizagem. Copetti (2012, p. 23, grifo nosso), cita exemplos de problemas de
aprendizado:

Uma criança com problemas no aprendizado pode não ter um transtorno


de aprendizado. Por exemplo, uma criança que sempre foi bem nos
estudos começa a apresentar, após a separação dos pais, sintomas
depressivos [...] e seu rendimento escolar cai muito. Esta criança não
possui um transtorno de aprendizado, pois sua queda no rendimento é
situacional e secundária [...]. Uma criança pode ir mal nos estudos ao
trocar de escola e não se adaptar ao novo ambiente, ou uma classe toda
pode ter problemas na alfabetização por inexperiência da nova
professora em alfabetizar.

Para o autor, estes são exemplos de problemas no aprendizado, e que,


corrigidas as circunstâncias que levaram a isso, a criança retorna à capacidade
plena de aprender. Diferente do transtorno do aprendizado, que Copetti (2012,
p. 23) define sendo uma doença, cujos critérios diagnosticados estão definidos
no DSM-IV-TR, que é o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos
Mentais, 4ª edição revisada, da Associação Americana de Psiquiatria.

As dificuldades de aprendizagem não se resumem aos problemas e transtornos


de aprendizado. Os motivos que podem ocasionar no impedimento do aluno
aprender vão muito mais além. Trata-se de um universo bem mais abrangente.

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Tendo por base que cada aluno é único, há que se considerar também que os
modos e tempos de aprendizagem são diferentes. Sendo assim, a forma como
o sistema educacional está organizado, não favorece o rendimento dos alunos.

Por exemplo, com a quantidade de estudantes nas salas de aula atualmente, o


professor não consegue oferecer um atendimento individualizado, muitas vezes
tão necessário aos alunos, cujo tempo de aprendizagem ocorre de forma mais
lenta que as dos demais.

Outro fator que também prejudica a aquisição de conhecimentos dos discentes


com dificuldades de aprender, são as metodologias usadas em sala de aula que
geralmente são as mesmas utilizadas pelos professores. Ora se a forma de
aprendizagem é peculiar a cada sujeito, não deveriam as metodologias ser
diferenciadas? Ou seja, se parte da turma não aprende determinado conteúdo
da forma como foi exposto, o professor deveria trazer o tema sobre nova
abordagem. Sabemos que não é isso que ocorre na maioria das vezes. No
entanto, os professores devem estar atentos, pois é muito comum as salas
heterogêneas e, como salienta Vygotsky (1996), o educador deve ter
metodologias de ensino diferenciadas para atender aos estudantes, visto que
estes não detêm conhecimentos idênticos, nem aprendem de igual forma e no
mesmo espaço de tempo.

Neste sentido, Soares (2011) afirma que cada aluno tem o seu modo e tempo de
aprender sendo necessário que os professores façam readequações nas suas
maneiras de trabalhar a fim de chegar ao objetivo da educação que é fazer com
que os alunos aprendam, independente do seu ritmo. É necessário que os
professores sejam encorajados a isso, afinal, muitos rótulos relacionados a
alunos surgem dentro da escola. Nas palavras de Pinho e Souza (2015, p. 676),
“Isso significa o enfrentamento do reconhecimento distorcido do outro, lento,
lerdo, atrasado, indisciplinado, desinteressado, desatento, com idade avançada,
que tem problema em acompanhar o tempo escolar”.

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O pedagogo deve ser o verdadeiro parceiro no que diz respeito à reflexão e


construção de novos caminhos em busca do objetivo principal que é a
concretização da aprendizagem. Para isso, este profissional não pode ser
apenas expectador do processo. Ele deve “colocar a mão na massa”, isto é,
envolver-se de maneira plena na prática cotidiana dos professores. Pois é
fazendo parte do contexto que poderá dar maior apoio e seguir dia a dia
subsidiando não somente o trabalho do professor, mas também a aprendizagem
dos alunos.

Entende-se que agindo assim o pedagogo será mais um profissional acessível


aos educandos, em suas dificuldades, ou seja, o pedagogo torna-se para eles,
alguém próximo a que podem recorrer e contar, tornando-se aliado do professor
no sentido de irmanar as pessoas em torno de projetos sociais comuns. Para
Morais (1986, p. 10) só há ensino quando há companheirismo entre ensinante e
ensinado, educador e educando, pois o que caracteriza o ensinar é a
ultrapassagem da coexistência para a convivência.

O acompanhamento da vida escolar dos filhos, por parte das famílias, abre a
possibilidade de o aluno encontrar em seu lar o auxílio necessário para amenizar
as suas dificuldades, uma vez que a família é considerada uma instituição com
a responsabilidade de promover a educação dos filhos e influenciar o
comportamento das crianças na sociedade. Mas a falta desse acompanhamento
pode ser um agravante para que as dificuldades de aprendizagem aumentem e
perpetuem-se cada vez mais nessa criança.

Todavia, se a família coloca-a na escola, mas não a acompanha pode


gerar na criança um sentimento de negligência e abandono em relação
ao seu desenvolvimento. Por falta de um contato mais próximo e
afetuoso, surgem as condutas caóticas e desordenadas, que se refletem
em casa e quase sempre, também na escola em termo de indisciplina e
de baixo rendimento escolar (MALDONADO, 2002 Apud JARDIM, 2006,
p. 20).

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Os alunos em sua maioria precisam de orientação. Sendo assim, os que têm


horários de estudo em casa, em que os pais cumprem a função de
acompanhamento da rotina de estudos e de execução das tarefas propostas
pelos professores, terão muito mais chances de entender um determinado
conteúdo que na escola não ficou claro o suficiente. Ao contrário daqueles que
os pais não estão lado a lado na vida escolar do filho. Pode-se dizer que isto faz
toda a diferença para amenizar ou aumentar possíveis dificuldades. Netzel
(2016), afirma que a escola e a família devem caminhar na mesma direção no
que diz respeito aos objetivos que se quer atingir. Segundo a autora, o aluno terá
mais segurança para aprender e desenvolver criticidade e resiliência diante dos
problemas, se cada instituição fizer a sua parte.

Mais uma vez reiteramos o papel do pedagogo que é o de estar em contato e


sintonia constante com as famílias dos educandos, não somente para apontar
erros, mas para estreitar a presença dos pais e tê-los como parceiros e
corresponsáveis pelo sucesso dos filhos e consequentemente da escola. Nesta
direção, Mariani (2015) ressalta a importância dessa relação quando diz que
para o bom funcionamento da escola, ela não pode ficar isolada e que é
necessário que todos os profissionais primem pela coletividade junto às famílias
em prol da melhoria da aprendizagem.

Além de ser um dos principais elos da escola com a família, de forma geral, o
pedagogo é o profissional que deve acompanhar todo o processo educacional
desde as metodologias utilizadas pelos professores, planejamentos,
mecanismos de avaliação e é claro, os resultados. Sendo assim, precisa estar
atento no indivíduo enquanto sujeito e suas peculiaridades, nas turmas, e na
escola como um todo.

Pensar junto aos professores em estratégias para melhorar os resultados pode


e deve ser uma preocupação do pedagogo. Da mesma forma que auxiliá-los na
implementação de aulas extremamente significativas para o aluno e para a
aprendizagem de maneira geral. Mariane (2015) ressalta a importância deste
profissional. Para ela, a função requer além de comprometimento, competência

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e dedicação. Nas palavras da autora, o pedagogo auxilia no desenvolvimento de


métodos para melhoria no processo de aprendizagem dos educandos e para que
estes possam utilizá-los não somente para a sala de aula, mas para suas vidas.

5. CONCLUSÃO

No contexto escolar muitos são os desafios, porém, em proporção bem maior,


muitas podem ser as contribuições do pedagogo para a concretização da
aprendizagem como um todo. Permeiam os principais desafios, a questão da
indefinição das atribuições deste profissional no ambiente escolar, causando até
mesmo ao pedagogo falta de clareza a ele no seu dia a dia. Questões como
estas carecem de ser desmanteladas pois acompanham o curso de pedagogia
desde a sua criação no Brasil em 1939 e permanece nos dias atuais.

Este artigo possibilitou refletir acerca de outros desafios não menos importantes
a este profissional como a necessidade de suporte aos professores em seus
planejamentos, a fim de que possam refletir e melhorar as suas práticas
docentes como as metodologias utilizadas e o olhar atento no modo e tempos
diferenciados de cada aluno aprender. Também enfocou a importância de o
pedagogo atentar-se para o debate acerca das relações interpessoais, da
formação continuada do próprio Pedagogo e da interação com as famílias para
que elas cumpram o verdadeiro papel desta instituição que é o de acompanhar
a vida escolar dos filhos.

Acreditamos que os desafios e as contribuições do pedagogo são em quantidade


bem superior aos que foram citados neste artigo, afinal de contas o pedagogo
não tem como única atribuição a de ser professor, mas sim múltiplas funções
dentro do contexto escolar.

Assim como na Grécia Antiga, o pedagogo deve ser o condutor de crianças. E


de uma forma mais ampla, ele é o responsável pelo acompanhamento dos
alunos, pelo suporte aos professores desde o planejamento à execução das

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metodologias de trabalho, nos resultados e em tantas outras tarefas pertinentes


à aprendizagem que juntas formam a engrenagem escolar.

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