Os Maias - Capítulo XI
Os Maias - Capítulo XI
Os Maias - Capítulo XI
Carlos realiza, finalmente, o sonho de se encontrar com a Sr.ª Castro Gomes, que
vem a saber chamar-se Maria Eduarda, e fica profundamente encantado ao vê-la.
“Maria Eduarda! Era a primeira vez que Carlos ouvia o nome dela; e pareceu-lhe
perfeito, condizendo bem com a sua beleza serena. ” Pág.249, ll. 6 e 7
É neste momento que se encontra um presságio, indício de que algo está prestes a
acontecer, que é a semelhança de nomes entre Carlos e a Sr.ª Castro Gomes.
“ Maria Eduarda, Carlos Eduardo... Havia uma similitude nos seus nomes. Quem
sabe se não pressagiava a concordância dos seus destinos!” Pág.249, ll. 8 e 9
Carlos vai lá para atender Miss Sara, a governanta inglesa, que se encontra doente.
Carlos observa-a e diagnostica-a com uma bronquite ligeira, que exigirá, no entanto,
pelo menos quinze dias de cama. O passar da receita é um pretexto para Carlos e
Maria Eduarda terem uma primeira conversa em que aquele fica a conhecer alguns
pormenores da vida desta. Carlos descobre que Maria Eduarda é portuguesa e não
brasileira.
No entanto, Carlos ainda tem que lidar com a condessa de Gouvarinho e aparecer
na estação com uma desculpa para não ir para Santarém com ela. Carlos começara
a ganhar um grande desinteresse e repulsa pela condessa.
Na estação, encontra Dâmaso que sai, também ele, de Lisboa para ir ao funeral de
um tio em Penafiel. Ao avistar os Gouvarinhos, Carlos sente-se livre daquele
incómodo compromisso de dar uma desculpa à condessa, já que esta está
acompanhada pelo Sr. Gouvarinho.
“- Que ferro!
- Este maldito homem! exclamou ela, entre dentes, com um olhar que fuzilou através
do véu. Tudo tão bem arranjado, e à ultima hora teima em vir!...” Pág.261, ll. 17-20
Carlos passa a ir a casa de Maria Eduarda todos os dias para ver o estado de saúde
de Miss Sara e os encontros entre Carlos e Maria Eduarda sucedem-se diariamente,
e ele tem oportunidade de a conhecer melhor.
Num desses encontros, o criado anuncia a chegada de Dâmaso, que Maria Eduarda
manda entrar. Carlos apercebe-se da frieza com que Dâmaso é tratado por Maria
Eduarda, uma vez que Maria Eduarda não o suporta.
“Uma tarde falaram do Dâmaso. Ela achava-o insuportável, com a sua petulância,
os olhos bugalhudos, as perguntas néscias.” Pág.265 ll.4 e 5
➔ Ramalhete: conversa entre Carlos e Dâmaso
Dâmaso manifesta a sua inveja e ciúmes por encontrar Carlos na casa de Maria
Eduarda.
“- Então dize-me cá! Como diabo te vou eu encontrar hoje com a brasileira?... Como
a conheceste tu? Como foi isso?” Pág.271 ll.19 e 20
“...E então o Ega de volta?... Pois, menino, ainda temos escândalo!” Pág.273, ll. 11
e 12
“Pontes” de ligação
No capítulo antecedente, X:
➢ No dia da corrida:
➢ Depois da corrida, Carlos volta para o Ramalhete, onde recebe uma carta de
Maria Eduarda, pedindo que a visitasse.
➢ Toda esta situação leva Carlos confessar o seu amor por Maria, o qual é
correspondido;
➢ Por fim, Carlos acaba por contar toda a história ao seu velho amigo, João da
Ega.
Caraterização de 4 personagens presentes no
capítulo XI
Carlos da Maia
Tem o seu desejo de conhecer Maria Eduarda concretizado e fica cada vez mais
fascinado com a mulher consoante a vai conhecendo.
“E Carlos sentia, sem saber porque, uma doçura nova penetrar-lhe no coração.”
Pág.255, l.16
“ O seu sorriso ao dar-lhe os bons dias, a sua voz de ouro tinham cada dia para
Carlos um encanto novo e mais penetrante.” Pág.262, ll.26 e 37
Maria Eduarda
É alta, loira, bem feita, sensual mas delicada. A sua dignidade, a sensatez, o
equilíbrio e a santidade são características fundamentais da sua personagem.
Ao longo das suas conversas com Carlos, Maria apresenta ainda a sua faceta
humanitária e a sua compaixão pelos socialmente favorecidos.
Dâmaso está sempre atrás de Carlos e tenta imitá-lo em tudo, sendo capaz de
mentir só para se sentir melhor.
“ - Pois então tu vais expor a uma senhora as tuas opiniões lúbricos sobre as
lavradeiras de Penafiel!” Pág.171, ll. 24 e 25
Após ver Carlos e Maria Eduarda juntos, Dâmaso exibe o seu lado ciumento e
invejoso, dado que o mesmo também estava de olho em Maria Eduarda.
Miss Sarah
“-...porque ela é tão tímida, tem tanto escrúpulo em incomodar, que diante de mim é
capaz de negar tudo, dizer que não tem nada...” Pág.251, ll. 30-32
“-...Acha muito calor, por toda a parte maus cheiros, a gente hedionda... Tem medo
de ser insultada na rua...” Pág.255, ll.4-6
É a razão das idas de Carlos à casa dos Castro Gomes, uma vez que a mesma
encontra-se doente.
Temáticas abordadas e contributo para a atualidade
Uma das críticas feitas neste capítulo é a maneira como as mulheres são julgadas.
A obra retrata a sociedade portuguesa do século XIX, onde as mulheres muitas
vezes eram submetidas a um rigoroso julgamento moral e social, enquanto os
homens frequentemente escapavam impunes de comportamentos similares. Além
disso, a forma como os personagens femininos são retratados e tratados ao longo
da narrativa também reflete as atitudes da sociedade em relação às mulheres.
Durante uma conversa entre Carlos, Dâmaso e Maria Eduarda, Dâmaso fala sobre
como foi aborrecido estar em Penafiel uma vez que, segundo ele, as mulheres de lá
são uns “monstros”.
“-Uma maçada! Ainda se houvesse ali umas mulheres para ir dar um bocado de
cavaco... Mas qual! Uns monstros. E eu, lavradeiras, raparigas de pé descalço, não
tolero... Há gente que gosta... Mas eu, acredite V. Exc.ª não tolero...” Pág.270, ll.
15-18
Na atualidade
“-...Em Londres, as vezes, por aquelas grandes neves, há criancinhas pelos portais
a tiritar, a gemer de fome... É um horror! E em Paris então!” Pág.264, ll. 23-25
Na atualidade
Nos Maias o narrador apresenta uma focalização interna e uma ciência omnisciente,
o narrador possui um conhecimento ilimitado de toda a história, bem como o íntimo
das personagens. Ele sabe tudo, assumindo uma posição de transcendência no
relato dos acontecimentos. Como se pode observar na maneira em que Eça de
Queirós descreve Carlos mirando Maria Eduarda, como ela está vestida e suas
ações.
“Ela, com um vestido simples e justo de sarja preta, um colarinho direito de homem,
um botão de rosa e duas folhas verdes no peito, alta e branca, sentou-se logo junto
da mesa oval, acabando de desdobrar um pequeno lenço de renda.” Pág.250, ll.
23-26
2 marcas da linguagem de Eça de Queirós
“Os cabelos não eram louros, como julgara de longe à claridade do sol, mas de dois
tons, castanho-claro e castanho-escuro, espessos e ondeando ligeiramente sobre a
testa.” Pág.250, ll.33-35
Uso do diminutivo
Eça de Queirós recorre ao diminutivo com diversas intenções como, por exemplo,
demonstrar pequenez e carinho ou até mesmo ridicularizar.
Hipálage-
“Isto pareceu adorável a Carlos, todo o seu coração fugiu para ela.” Pág.256, l.5
Sinestesia-
“...ele sentia a beleza, a brancura, o macio, quasi o calor dos seus braços.” Pág.250,
ll. 38 e 39
Anáfora-
“Maria Eduarda queixava-se sobretudo das casas, tão faltas de comodidade, tão
despidas de gosto, tão desleixadas.” Pág.256, ll. 6 e 7
Hipérbole-
“...e, de cada vez que o seu olhar se demorava nela um instante mais, descobria
logo um encanto novo e outra forma da sua perfeição.” Pág.250, ll. 31-33
e) 1 complemento direto
f) 1 complemento indireto
g) 1 complemento oblíquo
h) 1 modificador
j) 1 complemento do nome
k) 1 modificador do nome
m) 2 atos ilocutórios
n) 2 deíticos pessoais
o) 2 deíticos temporais
p) 2 deíticos espaciais
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maias.html
● https://pt.wikipedia.org/wiki/E%C3%A7a_de_Queiroz#Obras
● https://www.ebiografia.com/eca_queiroz/
● https://brasilescola.uol.com.br/literatura/eca-queiros.htm
● https://pt.slideshare.net/anjoferdes/os-maias-personagens-31489033
● https://modulo8linguaportuguesa.blogspot.com/2012/04/as-personagens-em-
os-maias.html
● https://memoriaglobo.globo.com/entretenimento/minisseries/os-maias/noticia/
personagens-1.ghtml