MD - Saneamento I

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 30

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

DEPARTAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS, GEOTECNIA E SANEAMENTO


AMBIENTAL
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

Caio Rafael Carvalho de Aguiar


Dávilla Granjeiro Soares
Felipe dos Santos Rodrigues
Maria Clara Oliveira Leite
Nilson Lima Lopes Buenos Aires Filho
Ramon Macêdo de Moura
Rony Gabriel Franco Cordeiro
Sonnyard Levy Silva Araújo

MEMORIAL DESCRITIVO

SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Teresina - PI
Agosto - 2023
Caio Rafael Carvalho de Aguiar
Dávilla Granjeiro Soares
Felipe dos Santos Rodrigues
Maria Clara Oliveira Leite
Nilson Lima Lopes Buenos Aires Filho
Ramon Macêdo de Moura
Rony Gabriel Franco Cordeiro
Sonnyard Levy Silva Araújo

MEMORIAL DESCRITIVO

SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Trabalho apresentado como a


segunda avaliação à disciplina de
Saneamento I EC, ministrada pelos
professores Dr. Jean Prost Moscardi
e Dr. Carlos Ernando da Silva, no
Curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Piauí.

Teresina - PI
Agosto - 2023
SUMÁRIO

1.0 APRESENTAÇÃO 3
2.0 VAZÕES DE PROJETO, CONSUMO PER CAPITA E COEFICIENTE
ADOTADOS 3
3.0 CAPTAÇÃO 5
3.1 Determinação do local de captação 5
3.2 Sistema de captação 5
4.0 BOMBAS 6
4.1 Processo de cavitação 6
5.0 ADUTORAS 7
5.1 Parâmetros de cálculo 8
5.1.1 Material utilizado 8
5.1.2 Concepção do sistema 8
5.1.3 Diâmetros das adutoras 8
5.1.4 Perda de carga 9
5.1.5 Cálculo do Extravasor: 12
5.1.6 Verificação da adutora para o Golpe de Aríete: 13
5.1.7 Pressões de serviço 15
5.2 Ventosas 15
6.0 RESERVATÓRIOS 16
6.1 Locação do reservatório 17
7.0 REDES DE DISTRIBUIÇÃO 17
7.1 Tipos de Rede 17
7.2 Softwares usados para os projetos 18
7.3 Rede Malhada 18
7.3.1 Vazão do reservatório 18
7.3.2 Áreas de Influência 18
7.3.4 Locação do reservatório 20
7.3.5 Cota do nó 21
7.3.6 Parâmetros da Rede Malhada 21
7.4 Rede Ramificada 22
7.4.1 Vazão de Distribuição 22
7.4.2 Perda de Carga 23
7.4.3 Requisitos mínimos 23
7.4.4 Rede Ramificada - Representação 24
8.0 Considerações Finais 26
9.0 REFERÊNCIAS 27
3

1.0 APRESENTAÇÃO

Primeiramente, um sistema de abastecimento de água é uma infraestrutura


criada para fornecer água potável de forma contínua e segura para uso doméstico,
industrial, comercial e público. Esse sistema envolve a captação, tratamento,
armazenamento, distribuição e monitoramento da água, garantindo que ela atenda
aos padrões de qualidade exigidos para consumo humano e outros fins.
Com isso, esse sistema engloba uma variedade de elementos, os quais são
cuidadosamente projetados para se adaptarem às exigências particulares do
contexto em que serão aplicados. Nesse sentido, o processo de estabelecer um
sistema de abastecimento de água tem como ponto de partida a identificação
precisa da localização para sua implementação, juntamente com a definição da
população que se beneficiará do serviço. Com base nesse planejamento, é possível
dimensionar o sistema de maneira a atender de forma eficaz às necessidades da
comunidade em questão.
O presente memorial descritivo tem como propósito detalhar os critérios,
objetivos e diretrizes utilizados no processo de dimensionamento do sistema de
fornecimento de água para o condomínio fechado "Saara", cuja comunidade abrange
8512 habitantes. Consequentemente, a finalidade subjacente do sistema de
abastecimento consiste em assegurar o suprimento adequado de água à população
do condomínio, de forma que tenha quantidade e qualidade suficiente para atender a
população do condomínio.

2.0 VAZÕES DE PROJETO, CONSUMO PER CAPITA E COEFICIENTE


ADOTADOS

O consumo per capita é a média de consumo diário de água por pessoa. Esse
cálculo considera toda a população a ser beneficiada na área determinada e
desempenha um papel essencial na adequada concepção do sistema de
abastecimento. Ao utilizar essa métrica, é possível calcular com precisão a
quantidade de água requerida para suprir de forma apropriada o sistema em
questão, contemplando todas as suas exigências.
4

O consumo per capita foi avaliado de acordo com os critérios estabelecidos


previamente no processo licitatório do condomínio “Saara” para o Grupo 03, sendo
fixado em 300 L/hab.dia.
Para a licitação apresentada, as vazões de projeto levaram em conta os
seguintes critérios:

TABELA 1 - Parâmetros de cálculo

Perda de carga na ETA (%) 3,0

Coeficiente do dia de maior consumo (K1) 1,4

Coeficiente da hora de maior consumo (K2) 1,8

Fonte: Autores - adaptado de Texto do trabalho prático de Saneamento I (2023)

Para o cálculo das vazões de projeto foram considerados as seguintes


fórmulas:
➔ Vazão da captação até a ETA

𝐾1𝑥𝑃𝑥𝑞
𝑄1 = ( 86400
)𝑥𝐶𝐸𝑇𝐴

➔ Vazão da ETA até o reservatório:


𝐾1𝑥𝑃𝑥𝑞
𝑄2 = 86400

➔ Vazão do reservatório até a rede:


𝐾1𝑥𝐾2𝑥𝑃𝑥𝑞
𝑄3 = 86400

Onde:
➢ P: População da área do condomínio;
➢ q: Consumo per capita de água;
➢ K1: Coeficiente do dia de maior consumo;
➢ K2: Coeficiente da hora de maior consumo
➢ CETA : Consumo da ETA.
5

3.0 CAPTAÇÃO

Conforme M. T. Tsutiya Tsutiya (2006), a captação de água é definida como o


conjunto de estruturas e dispositivos, construídos ou montados juntos ao manancial,
para a retirada de água destinada a um sistema de abastecimento. Dessa forma,
esse sistema tem como objetivo funcionar ininterruptamente em qualquer época do
ano, como também, permitir que seja feita a retirada de água para o sistema de
abastecimento em quantidade suficiente e com a melhor qualidade possível.
Nesse âmbito, existem duas formas de captação: captação superficial e
captação subterrânea.
Nesse sistema de distribuição que será projetado a forma de captação
escolhida foi a captação superficial através de um sistema de bombeamento.

3.1 Determinação do local de captação

O local selecionado para a captação de água neste sistema foi um açude


dentro das áreas do condomínio. Na decisão por esse manancial, considerou-se
diversos fatores, tais como sua conveniente localização, proporcionando facilidade
no estabelecimento, cuidado e operação da captação, além de uma cota topográfica
vantajosa que reduz o risco de inundações.

3.2 Sistema de captação

O número total de habitantes atendidos corresponde a 8512, conforme


evidenciado na seção 2.1 do memorial de cálculo. De acordo com a abordagem de
Tsutiya, quando a população fica abaixo de 10.000 habitantes, é viável empregar o
sistema de captação por meio de bombas no projeto.
6

4.0 BOMBAS

Bombas são equipamentos hidráulicos muito utilizados no âmbito da


engenharia. Sua principal função é fornecer energia a um sistema que em suas
condições iniciais não é capaz de realizar determinada atividade. No que tange ao
abastecimento de água, as bombas hidráulicas são bastante empregadas como
componentes de sistemas elevatórios para fornecer energia a água e fazer com que
essa alcance os pontos desejados.
No presente trabalho foi feito o dimensionamento de três bombas, ambas
situadas em locais diferentes do perímetro do condomínio. A primeira delas é
responsável pela captação da água do manancial que, neste caso, é do tipo
superficial. A segunda bomba calculada neste trabalho diz respeito à bomba que se
situa entre a Estação de Tratamento de Água (ETA) e o reservatório inferior, esta
bomba é a responsável por conduzir o líquido da água da ETA ao reservatório
inferior. A última bomba a ser considerada neste trabalho é responsável pelo
transporte de água do reservatório inferior para o superior que faz a distribuição para
rede. Para cada uma das bombas dimensionadas neste projeto foi-se adotada
outras bombas para ficarem em standy-by, ou seja, para atuarem em situações em
que a bomba principal não pode ser usada como questões de emergência,
manutenções e/ou mau funcionamento. Para o dimensionamento de uma bomba é
necessário o conhecimento de alguns parâmetros de projeto, como vazão, diâmetro
das tubulações de sucção/recalque e altura total de elevação necessária para
vencer o desnível do local. De posse dessas informações, utiliza-se o site da
fabricante de bombas KSB, que dispõe de uma ferramenta online conhecida como
busca hidráulica e que fornece, a partir de dados de entrada fornecidos pelos
usuários, a família de bomba mais adequada para aquelas características.

4.1 Processo de cavitação

A cavitação é um fenômeno físico que ocorre no interior de sistemas


hidráulicos, sendo descrito pelo Porto da seguinte maneira:

Quando um líquido em movimento atinge uma região de baixa pressão em


uma determinada temperatura, chegando ao ponto em que sua pressão de vapor é
7

igual à pressão reinante nessa temperatura, bolhas de vapor se formam em líquido,


causando imediatamente a diminuição da massa específica do mesmo. Essas
bolhas, ao serem transportadas pelo fluxo do líquido, alcançam áreas onde a
pressão é maior do que aquela em que foram geradas. Essa súbita mudança de
pressão leva ao colapso das bolhas por meio de um processo de implosão. Esse
ciclo de formação e colapso das bolhas é conhecido como cavitação e ocorre em
uma escala extremamente rápida, na ordem de centésimos de segundo. Quando
essas bolhas desaparecem próximo a superfícies sólidas, como as paredes de
tubulações ou as partes rotativas de bombas, o resultado é um processo de erosão
prejudicial ao material (PORTO, 2006). Portanto, em casos de ocorrência de
cavitação, é necessário avaliar o NPSH (Net Positive Suction Head).

5.0 ADUTORAS

As adutoras são canalizações dos sistemas de abastecimento de água que


conduzem a água para as unidades que precedem a rede de distribuição. Desse
modo, elas interligam a captação, estação de tratamento e reservatórios.
No projeto elaborado, incluem-se duas adutoras essenciais: a primeira
conecta o sistema de captação à Estação de Tratamento de Água (ETA), enquanto a
segunda liga a ETA a um reservatório inferior que integra o sistema de distribuição.
É relevante destacar que, em cada uma das adutoras 1 e 2, bem como na estação
elevatória, está prevista a instalação de duas bombas adicionais em modo de espera
(standby). Essa configuração visa evitar sobrecargas na bomba principal em
operação e prevenir eventuais problemas futuros, como falhas na bomba principal
ou necessidades de manutenção. Assim, essa estratégia assegura que a
comunidade não será impactada por interrupções no abastecimento de água.
8

5.1 Parâmetros de cálculo

5.1.1 Material utilizado

Optou-se por utilizar tubulações de Ferro Fundido Novo para as adutoras,


com um coeficiente de rugosidade C = 130, conforme especificado na tabela 2.4 do
livro do Porto.

5.1.2 Concepção do sistema

Para a realização dos cálculos, primeiramente foram determinadas as


posições de cada elemento do sistema. A partir dessas definições, as tubulações
das adutoras foram projetadas e os comprimentos foram mensurados utilizando o
software AutoCAD. Assim, foi feito um estudo para que o sistema fosse
dimensionado da forma mais cabível economicamente.

5.1.3 Diâmetros das adutoras

Os diâmetros das adutoras foram determinados seguindo a fórmula de


Bresse, que está apresentada de forma detalhada a seguir:

𝐷=𝐾 𝑄

Onde:
➢ D: Diâmetro (m);
➢ K: coeficiente de Bresse;
➢ Q: Vazão (m³/s).

O coeficiente de Bresse (K), um fator variável baseado nos custos de


investimento e operacionais, desempenha um papel fundamental na determinação
do diâmetro mais econômico para diferentes cenários operacionais. Com base na
9

vazão e na velocidade fornecidas, o coeficiente K pode ser calculado utilizando a


seguinte fórmula:

4
𝐾= π𝑥𝑉

Projeto de rede de distribuição de água


Portanto, conforme estabelecido pela norma NBR 12218 - 1994, os valores
limites para a velocidade em tubulações pressurizadas em sistemas de distribuição
de água são de 0,6 m/s e 3,5 m/s, para as velocidades mínima e máxima,
respectivamente. Com base nisso, foi adotada uma velocidade de fluxo econômica
de 1,5 m/s no projeto.

5.1.4 Perda de carga

No cálculo das perdas, adotou-se o método dos comprimentos equivalentes,


conforme descrito pelo livro do Porto (2006), seguindo as diretrizes da tabela 3.6 que
apresenta os comprimentos equivalentes em termos de diâmetros de tubulação para
componentes de peças metálicas, como ferro galvanizado e ferro fundido. Isso
permitiu a determinação das perdas de carga na tubulação de sucção. O livro
forneceu os coeficientes (Le/D) para cada componente metálico, o que possibilitou o
cálculo do comprimento equivalente correspondente e, consequentemente, a
avaliação da perda de carga total no sistema. A fórmula adotada para calcular as
perdas de carga foi a equação de Hazen-Williams:

1,85
𝑄
𝐽 = 10, 65𝑥 1,85 4,87
𝐶 𝑥𝐷

Onde:
➢ D: Diâmetro adotado da tubulação (m);
➢ J: Perda de carga unitária (m/m)
➢ C: Coeficiente de rugosidade que depende da natureza do material;
➢ Q: Vazão (m³/s);
10

A perda de carga unitária máxima adotada para o projeto foi de 10m/km para
cada trecho de tubulação.
A perda de carga localizada foi calculada de acordo com a tabela 3.6 do livro
do Porto para a maioria das bombas.
TABELA 2 - Comprimentos equivalentes em número de diâmetros de canalização para peças
metálicas, ferro galvanizado e ferro fundido (tabela 3.6 do livro do Porto).

Fonte: (Porto,2006).
Nas bombas há uma mudança de diâmetro que é considerada como
mudança brusca de seção, nestes caso a sua perda de carga localizada é calculada
de forma diferente, segundo a seguinte fórmula:

● Para a redução excêntrica (sucção):


2
𝐾𝑥𝑄
∆𝐻𝑠 = 2
2𝑥𝑔𝑥𝐴2

Sendo,
➢ g: Gravidade (m/s²)
➢ K: coeficiente de perda de carga localizada em uma contração brusca;
➢ Q: Vazão (m³/s)
➢ ΔHs: Perda de carga na sucção (m);
11

➢ A2: Área de entrada da bomba

O valor de K é determinado através de um processo de interpolação (ou


aproximação), utilizando os dados listados na tabela 3.1 no livro de Porto. O ponto
de partida para acessar a tabela é a relação entre a área do tubo de entrada da
bomba e a área do tubo de sucção.
:
𝐴2
𝐷𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝐴1

TABELA 3 - Comprimentos equivalentes

Fonte: (Porto, 2006)

● Para a redução concêntrica:


2
𝐾𝑥𝑄
∆𝐻𝑟 = 2
2𝑥𝑔𝑥𝐴3

Sendo,
● K: coeficiente de perda de carga localizada em uma ampliação brusca;
● g: Gravidade (m/s²)
● A3: Área de saída da bomba
● ΔH: Perda de carga na ampliação (m);
● Q: Vazão (m³/s)

Sendo k:
𝐴1 2
𝐾 = (1 − 𝐴2
)
Fazendo a substituição dos valores é possível determinar as perdas de carga.
Sendo que a perda total de uma tubulação é a perda distribuída somada à
localizada.

∆𝐻 = 𝐽𝑥𝐿 + ℎ
Sendo:
12

➢ L: Comprimento total da tubulação (m)


➢ h: soma de todas as perdas de cargas localizadas (m).
➢ J: Perda de carga unitária (m/m);

5.1.5 Cálculo do Extravasor:

Extravasor é uma canalização destinada a escoar eventuais excessos de


água dos reservatórios.

O diâmetro do extravasor deverá ser igual, no mínimo, ao da bitola comercial


imediatamente superior ao do diâmetro do encanamento de entrada do reservatório
e nunca inferior a 1”.

Os reservatórios deverão ter o extravasor disposto de maneira que a


extremidade superior do tubo do reservatório fique, pelo menos, a 0,50 m acima da
extremidade livre inferior da descarga do mesmo tubo.

É comum recomendar-se, para o extravasor do reservatório superior, o uso de


um tubo com um diâmetro, uma bitola acima da do tubo de recalque da bomba. É
preciso que esta regra seja tolerada, considerando a altura “h” na lâmina de água
necessária para imprimir velocidade à água no tubo do extravasor e vencer as
perdas de carga no mesmo.

Conforme o livro Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais 4ª edição, de A.J.


Macintyre, temos:
Figura 1 - Dimensões do extravasor

Fonte: (Mancintyre,2017)
13

5.1.6 Verificação da adutora para o Golpe de Aríete:

O golpe de Aríete é o choque violento que se produz sobre as paredes de um


conduto forçado quando o movimento do líquido é modificado bruscamente. Dessa
forma, serão verificadas as adutoras em relação ao golpe de aríete, sendo elas: a
adutora entre a captação e a ETA, entre a ETA e o reservatório inferior e, também,
entre o reservatório inferior e o superior.

A seguinte fórmula foi utilizada para calcular o golpe de aríete nas adutoras.
Cálculo da Celeridade:
9900
𝐶= 𝐷
48,3+𝑘*( 𝑒 )

Sendo:
➢ e = espessura da tubulação (m)
➢ C = Celeridade (m/s)
➢ D = diâmetro da tubulação (m)
➢ k = coeficiente ligado a rugosidade

Após isto, pode ser calculada a fase para assim então ser definido o tempo de
parada e o tipo da manobra.

Cálculo da Fase:
2*𝐿
τ= 𝐶

Onde,
➢ C = Celeridade (m/s)
➢ τ = fase (s)
➢ L = comprimento da tubulação (m)

Tempo de parada do escoamento:


𝑘*𝐿*𝑉
∆𝑡 = 1 + 𝑔*𝐻𝑚𝑎𝑛

Onde,
𝑚
➢ g = 9, 81 2 (gravidade)
𝑠
14

➢ ∆𝑡 = tempo de parada do escoamento (s)


➢ 𝐻𝑚𝑎𝑛 = altura manométrica (m)

➢ k = coeficiente, tal que:


○ = 2, 0 → 𝐿 < 500𝑚
○ = 1, 5 → 500𝑚 < 𝐿 < 1500𝑚
○ = 1, 0 → 𝐿 > 1500𝑚
➢ V = velocidade (m/s)

É então feita a verificação do tipo de manobra a ser executada, assim como a


equação que governa a sobrepressão .
Para ∆𝑡 < τ será uma manobra rápida:
𝐶*𝑉
ℎ𝑎 = 𝑔

tal que,
➢ V = velocidade (m/s)
➢ ha = sobrepressão (mca)
𝑚
➢ g = 9, 81 2
𝑠

➢ C = celeridade (m/s)
Para ∆𝑡 > τ será uma manobra lenta:
2*𝐿*𝑉
ℎ𝑎 = 𝑔*∆𝑡

tal que,
➢ V = velocidade (m/s)
➢ ha = sobrepressão (mca)
➢ ∆𝑡 = tempo de manobra (s)
➢ L = comprimento (m)
𝑚
➢ g = 9, 81 2
𝑠

Utilizando a formulação para qualquer uma das operações, é possível calcular


tanto a pressão máxima quanto a pressão mínima resultante do efeito do golpe de
ariete.
ℎ𝑡 = 𝐻𝑔 ± ℎ𝑎
Onde,
➢ ht = pressão total (mca)
15

➢ ha = sobrepressão
➢ Hg = altura geométrica

É importante considerar que em qualquer ponto da adutora o golpe não deve


gerar pressões menores que 0,24 m.c.a.

5.1.7 Pressões de serviço

As pressões de serviço refletem as cargas aplicadas em cada elemento do


sistema de análise. Segundo a ABNT 12218:2017, seção 5.3.1, a pressão máxima
estática em cada trecho da tubulação de distribuição deve ser no máximo 400 kPa
para terrenos planos, chegando a 500 kPa no caso de terrenos montanhosos. Para
este projeto foi considerado a área de estudo como plana, logo a pressão máxima
adotada foi de 40 m.c.a e a mínima de 10 m.c.a

5.2 Ventosas

As ventosas são dispositivos automatizados especialmente concebidos para


expelir o ar do sistema, ao mesmo tempo em que permitem a entrada controlada de
ar quando necessário. O processo de enchimento representa uma das fases de
maior importância para o funcionamento otimizado do sistema de tubulações. Isto
ocorre devido ao impacto abrangente que uma instalação adequada pode ter em
todo o sistema. A presença de ar na tubulação pode levar a perdas de carga
suplementares, que têm o potencial de interromper o fluxo na tubulação e prejudicar
o abastecimento, tanto da rede quanto dos reservatórios e estações de tratamento
de água.

Em grande parte das situações, a ocorrência de ar na tubulação é


consequência de interrupções no fornecimento ou bloqueios resultantes do
fechamento de válvulas, podendo também derivar da entrada de ar devido à sucção
em uma bomba, originando bolsas de ar e provocando danos à estrutura da
tubulação. Essa movimentação de ar no interior da tubulação gera impulsos e
turbulências abruptas na água.
16

As ventosas são então instaladas para expulsar esse ar, colocadas nos
pontos mais altos das tubulações e onde ocorrem mudanças de declividade, locais
em que há a maior acumulação de ar. Essa propriedade das mesmas as tornam
essenciais para o funcionamento de condutos forçados. Melhorando a eficiência
energética do sistema e o abastecimento de água. Além de impedir que a tubulação
venha a estourar, se tornando ainda mais essencial de acordo com que o número de
declividades no terreno aumentam.

6.0 RESERVATÓRIOS

Os reservatórios de distribuição de água constituem um dos elementos mais


importantes nos sistemas de abastecimento de água. Assim, dentre as principais
finalidades dos reservatórios estão a regularização da vazão e da pressão.
Nesse cenário, para determinar o volume dos reservatórios, empregou-se o
requisitado na licitação do condomínio, o qual determina que deve ser usada a regra
do 1/3 e a proporção de 1/10 para os volumes armazenados nos reservatórios
superior e inferior. Portanto, será utilizado a fórmula seguir:
𝐾1𝑥𝐾2𝑥𝑃𝑥𝑞
𝑉= 3

Onde:
➢ P: População da área abastecida;
➢ V: Volume no dia de maior consumo;
➢ K2:Coeficiente da hora de maior consumo;
➢ q: Consumo per capita de água;
➢ K1: Coeficiente do dia de maior consumo;

Após a implementação da regra do 1/3, o processo de dimensionamento dos


reservatórios é iniciado. Assim, será utilizado 10% do volume para o reservatório
superior e 90% do volume para o reservatório inferior. As dimensões dos
reservatórios foram determinadas considerando uma forma retangular, com alturas
de lâmina d’água de 2,5m para o reservatório superior e de 5,0m para o reservatório
inferior, conforme especificado.
17

6.1 Locação do reservatório

A locação do reservatório superior foi feita na cota 134 do condomínio


“Saara”, pois é a cota mais alta presente no projeto e, assim, terá maior economia
no dimensionamento da rede e na construção do reservatório. Desse modo, as
redes, ramificada e malhada, foram dimensionadas a partir dessa cota, buscando
encontrar com o cálculo o nível d’água final das redes.
Além disso, os reservatórios inferiores foram alocados à esquerda e à direita
do reservatório superior.

7.0 REDES DE DISTRIBUIÇÃO

Um sistema de distribuição de água consiste em uma rede formada por um


conjunto de tubulações, conexões, reservatório e bombas hidráulicas. Sua função é
atender os pontos de consumo de uma cidade ou setor dentro das condições de
demanda da vazão, pressão exigidas e qualidade da água fornecida.
O presente estudo detalha o processo de cálculo para o sistema de
abastecimento do condomínio fechado “Saara” conforme solicitado. A próxima seção
abordará o dimensionamento da rede de distribuição para o referido condomínio.

7.1 Tipos de Rede

Uma rede de distribuição de água é normalmente constituída por dois tipos de


canalizações: principal e secundária. Assim, as redes são classificadas em três
tipos:
Ramificada: O abastecimento se faz a partir de uma tubulação tronco,
alimentada por um reservatório ou através de uma estação elevatória, e a
distribuição da água é feita diretamente para os condutos secundários, sendo
conhecido o sentido da vazão em qualquer trecho.
Malhada: É constituída por tubulações principais que formam anéis ou
blocos, de modo que, pode-se abastecer qualquer ponto do sistema por mais de um
caminho, permitindo uma maior flexibilidade em satisfazer a demanda e a
18

manutenção da rede, com o mínimo de interrupção no fornecimento de água. A rede


malhada pode ser em forma de anéis ou blocos.
Mista: Nesse modelo de rede de distribuição, ocorre uma correlação entre os
dois tipos de redes mencionados anteriormente. Isso implica que tanto o fluxo
unidirecional quanto o bidirecional podem acontecer simultaneamente.

7.2 Softwares usados para os projetos

Epanet: É um software elaborado na Universidade Federal da Paraíba


(UFPB) que viabiliza a condução de simulações estáticas e dinâmicas, visando
entender o desempenho hidráulico e a qualidade da água nas redes de distribuição.
Através dessas simulações, é possível obter informações sobre vazão, velocidade,
perda de carga, pressão e nível d'água em cada segmento do sistema em análise.
Excel: Um componente do pacote Office, este software permite a realização
automatizada de cálculos matemáticos, facilitando a execução de operações e
assegurando a precisão de um adequado número de casas decimais para alcançar
resultados mais precisos.
AutoCAD: Software da AutoDESK para obtenção dos quantitativos dos
trechos, área dos lotes, e produzir o layout final das pranchas.

7.3 Rede Malhada

7.3.1 Vazão do reservatório

Neste projeto em específico o reservatório não atende consumidor especial,


logo a vazão do reservatório até a rede é feita conforme a equação abaixo, de
Tsutiya:
𝐾1*𝐾2*𝑃*𝑞
𝑄= 86400

7.3.2 Áreas de Influência

O cálculo da área de influência foi realizado por meio do Autocad, traçando


uma reta para a divisão de cada quarteirão, gerando seções ao redor de cada nó.
19

Pela área de influência de cada nó foi possível determinar a população


atendida por ele, a partir da densidade habitacional da região de projeto. Além disso,
houve a necessidade de remanejamento de pessoas de um nó para outro de forma
a garantir que a razão habitante/nó fosse um número inteiro, buscando ser feito o
remanejamento das pessoas em áreas de influência que fossem próximas. Esse
cálculo é visto visto no item 8.1.4 do memorial de cálculo, o qual foi feito pelas
seguintes fórmulas:
𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 = Á𝑅𝐸𝐴 * 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙

𝐾1*𝐾2*𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑛ó*𝑞
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑜 𝑛ó = 86400

Figura 2 - Áreas de Influência.

Fonte: Autores, 2023

A rede malhada, assim como a ramificada, foi calculada pelo Epanet. As


coordenadas dos pontos foi obtida de acordo com o software Autocad, gerando o
traçado da figura abaixo:
20

Figura 3 - Traçado da rede no Epanet com a locação do reservatório.

Fonte: Autores, 2023.

7.3.4 Locação do reservatório

A locação do reservatório foi feita no ponto abaixo do ponto 0. O ponto 0 não


possui consumo, e o mesmo foi acrescentado apenas para ligar o reservatório à
rede. No total a rede possui 44 nós com consumo e um nó de consumo igual a 0,
sendo a nomenclatura feita na ordem crescente, da direita para a esquerda e de
cima para baixo. A cota do reservatório foi definida de acordo com as pressões do
ponto mais baixo e do ponto 0, imediatamente após o mesmo. Logo sua altura foi
definida somente após a realização do cálculo pelo programa, adotando o valor mais
econômico possível e executável.
21

7.3.5 Cota do nó

A cota de cada nó foi definida de acordo com a sua distância até a linha de
cota menor, dividido pela distância entre as duas cotas que se encontram ele,
cálculo feito no item

𝑑
𝐶𝑜𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑛ó = 𝐷
+ 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑡𝑎

Como demonstrado na figura a seguir:

Figura 4 - Determinação das cotas de nós.

Fonte: Autores, 2023

7.3.6 Parâmetros da Rede Malhada

O software Epanet permite obter, por meio das iterações, os valores da vazão
em cada tubulação, da pressão em cada nó, dos diâmetros, das velocidades e das
22

perdas de carga na rede. Para que seja possível realizar as iterações, é necessário
inserir valores iniciais. Esses valores são:

➢ As estimativas dos diâmetros dos trechos (respeitando o mínimo de


50mm para condutos secundários);
➢ Consumo-base do nó;

➢ Rugosidade do material utilizado em cada trecho, que no caso foi de


150 para todos (PVC);
➢ A cota de cada nó;
➢ O comprimento do trecho;
➢ Locação do reservatório;

Foram estabelecidas as configurações pré-definidas seguintes: a utilização da


fórmula de Hazen-Williams para calcular as perdas de carga, com um limite máximo
de 40 iterações, critério de convergência definido como 0,001, medição de vazão em
litros por segundo e o coeficiente de Hazen-Williams mantido constante em 150.
Com base nestes dados, é possível identificar o nó crítico dinâmico e estático
na rede, onde a pressão dinâmica mínima requerida é de 10 metros de coluna
d'água e a pressão máxima estática é de 40 metros de coluna d’água.
Posteriormente, determina-se a elevação mínima do nível no reservatório, assim
como a altitude correspondente.

7.4 Rede Ramificada

7.4.1 Vazão de Distribuição

Por meio da equação a seguir, torna-se viável determinar a vazão de


distribuição, que representa um dos primeiros critérios indispensáveis na elaboração
do dimensionamento da rede.
𝐾1*𝐾2*𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜*𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜
Q= 86400

Onde as incógnitas utilizadas são as mesmas do item 2.0 do memorial


descritivo.
23

7.4.2 Perda de Carga

Para o cálculo da perda de carga, foi utilizada a fórmula de Hazen-Williams:

Onde:
➢ Q= Vazão em metros cúbicos por segundo (m³/s);
➢ C= Rugosidade do material PVC, adotada 150 (Porto 2006);
➢ D= Diâmetro da tubulação em metros, obtidos pela tabela do Manual
de Hidráulica básica (Porto 2006)

TABELA 4 - Diâmetros

Fonte: (Porto, 2006)


Cabe ressaltar que os diâmetros de 60 e 125 mm não serão considerados por
estar em desuso comercialmente.

7.4.3 Requisitos mínimos

➢ Perda de carga máxima nos trechos: 10 m/km (metros por quilômetro).


➢ Diâmetro mínimo de 50 mm;
➢ Velocidades entre 0,6 e 3,5 metros por segundo (m/s);
➢ Pressão estática nos nós: máxima = 400 kPa (40 mca); mínima = 100 kPa (10
mca);
24

7.4.4 Rede Ramificada - Representação

Com base no projeto fornecido no software AutoCad, foi executada a seguinte


representação para a rede, tendo todos os comprimentos especificados no memorial
de cálculo.

Figura 5 - Rede Ramificada

Fonte: Autores, 2023

Para implementar a rede no EPANET, é essencial inserir certos dados iniciais,


como diâmetros, comprimentos dos trechos, coeficiente de rugosidade, direção do
fluxo hidráulico, cotas dos nós e seus respectivos consumos. Quanto a este último
dado, a distribuição da vazão ao longo dos segmentos foi calculada por meio do
Excel, considerando a progressão do fluxo ao longo dos trechos. É importante
destacar que a distribuição é feita apenas na testada de cada lote. Partindo dessa
informação, a representação da rede é obtida, o que permite a determinação dos
comprimentos de cada trecho, possibilitando assim a inserção precisa no epanet. A
seguir, apresenta-se o mapeamento no software:
25

Figura 6 - Traçado da Rede Ramificada

Fonte: Autores, 2023.

Os comprimento dos trechos foram definidos considerando a distribuição aos


lotes ocorrendo por meio das testadas, à frente do lote. Para o posicionamento dos
trechos definiu-se a utilização do eixo da via pública. Além disso, não foi
considerada a distribuição na lateral dos lotes. Desse modo, definiu-se a área de
influência dos trechos do projeto, esquema simplificado é apresentado a seguir:
26

Figura 7 - Áreas de influência

Fonte: (Autores, 2023)

8.0 Considerações Finais

Tanto no dimensionamento da rede malhada como ramificada o nó de entrada


apresenta a maior cota dentre todos da rede em relação ao reservatório, logo este
será o caso mais crítico dinâmico para ambas, como é comprovado pelo memorial
de cálculo das redes. Assim, o nível d’água apresentou resultado de 144,04m,
porém foi usado 144,5m para fins de execução do projeto.
27

9.0 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12209: Projeto


de estações de tratamento de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1992. 12 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12213:Projeto


de captação de água de superfície para abastecimento público. Rio de Janeiro,1992.
5 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12214:Projeto


de sistema de bombeamento de água para abastecimento público. Rio de Janeiro,
1992. 15 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12217:Projeto


de reservatório de distribuição de água para abastecimento público. Rio de Janeiro,
1994. 4 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724:


Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação. Rio de
Janeiro,2002. 7 p.

AZEVEDO NETTO, José Martiniano et al. Manual de hidráulica. 8. ed. São


Paulo: Edgard Blücher, 1998. 102.
Catálogo tigre tubo PVC - Série reforçada

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:


Informação e documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 24 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12218: Projeto


de rede de distribuição de água para abastecimento público. Rio de Janeiro, 1994. 4
p.
28

PORTO, Rodrigo de Melo. Hidráulica básica. São Carlos: EESC – USP, 2006.

ROSSMAN, A. Lewis et. Al. Manual do utilizador – EPANET 2. Laboratório


Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, Portugal, 2000.

TSUTIYA, Milton e ALEM SOBRINHO, Pedro. Coleta e Transporte de Esgoto


Sanitário. São Paulo, Escola Politécnica da USP. 2a Edição. 1999.

TSUTIYA, Milton T. Abastecimento de Água. São Paulo, Escola Politécnica da


USP. 3a Edição, 2006

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12211: Estudos


de concepção de sistemas públicos de abastecimento de água. Rio de Janeiro,
1992. 14 p.
29

Você também pode gostar