Coletânea Poetas Marginais
Coletânea Poetas Marginais
Coletânea Poetas Marginais
Cacaso
Logia e mitologia
Meu coração
e que sangra e ri
e que sangra e ri
centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.
Aquarela
O corpo no cavalete
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
O que é o que é
a outra, tagarela,
levantava leviana
a saia das moças,
uivando intempestiva.
se alguém
encontrar uma delas,
avise a outra.
eu vou ver
se estou na esquina.
Rápido e rasteiro
vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.
aí eu paro, tiro o sapato
e danço o resto da vida
Bermuda larga
Estou atrás
do despojamento mais inteiro
da simplicidade mais erma
da palavra mais recém-nascida
do inteiro mais despojado
do ermo mais simples
do nascimento a mais da palavra.
Ciúmes
Travelling
a fotografia
é um tempo morto
fictício retorno à simetria
Psicografia
Sem título
Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão
Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração
Não discuto
não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Dor elegante
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante