Inovação Educacional

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INOVAÇÃO EDUCACIONAL

Cw1

Mas por que será que são essas imagens que vêm imediatamente à cabeça e não out
inovações educacionais só existem com esses recursos e artefatos tecnológicos? Nesta
webaula, vamos refletir sobre o que significa inovar em educação. Saviani (1991)
afirma que a “educação contemporânea” tem estreita relação com a humano tem de si
mesmo, e que essa consciência se modifica em função da época o modelo que se tem
de sociedade. É importante perceber o quanto a educação influencia e é, ao mesmo
tempo, influenc isso está sempre em constante mudança. Para compreender o que é
inovação educacional, primeiramente se faz necessário ten “educação” e “inovação”
separadamente, para depois pensar os sentidos possíveis de Acompanhe:

Educação pode ser entendida como o conjunto de ações tomadas pelo ser
humano para a constante construção dos conhecimentos, visando sua
integração na sociedade e relação com a natureza.

Inovação é colocar em uso algum conceito ou artefato tecnológico para


resolver algum problema ou aprimorar algum processo ou produto.

Juntando essas duas definições, finalmente podemos propor que inovação


educacional é a implementação de um conceito, procedimentos ou objeto,
que leva ao cumprimento de algum novo objetivo educacional.

Desse entendimento deve estar claro que:

A inovação significa implementação ou a colocação em uso de algo.

Aquilo que é colocado em uso na inovação pode ser um conceito, um


procedimento ou um objeto. Esses três itens podem ser novos (uma
invenção) ou não.

Será o novo objetivo educacional que definirá a finalidade e o impacto da


inovação.

Com esse entendimento, fica claro que as inovações educacionais estão a


serviço da melhoria da qualidade educacional oferecida pelo sistema
educacional, que ocorre por meio da escola e do professor.
Inovação incremental, semirradical e radical

Jannuzzi, Falsarella e Sugahara (2016), em suas pesquisas, sugerem que, em


função do impacto que provocam, uma inovação pode ser incremental,
semirradical e radical. Segundo esses autores,

A primeira, denominada incremental, se caracteriza pela variação de um


produto e/ou serviço já existente, no qual novos atributos são adicionados
a este. A segunda, designada como inovação semirradical, se caracteriza
pela modificação nos produtos e/ou serviços, porém mantendo a
continuidade dos padrões já existentes. Por fim, a inovação radical que se
distingue das demais pela proposição de produtos e/ou serviços totalmente
novos, incidindo na construção de uma nova infraestrutura. Toda inovação,
independente da classificação, traz em sua essência a geração, uso e
assimilação de conhecimentos.

Fonte: Jannuzzi, Falsarella e Sugahara (2016, p. 104).

Inspirados nessa classificação, podemos arriscar a dizer que inovação


educacional pode ser classificada em:

INCREMENTAL

Caracteriza-se apenas pelo aprimoramento do processo com a inclusão de


algum novo recurso tecnológico ou mudança de procedimentos.

SEMIRRADICAL

Caracteriza-se pela mudança do processo com a inclusão de algum novo


recurso tecnológico ou mudança de procedimentos.
RADICAL

Propõe uma nova infraestrutura e uma nova lógica, quebrando paradigmas


e estabelecendo novas relações (inclusive de poder) no processo
educacional.

Fonte: Shutterstock.

Inovação, qualidade educacional e Tecnologias de Informação e


Comunicação

A qualidade educacional é um dos fatores que determinam a inovação. Para


Moran (2018), para ensinar e aprender em uma sociedade interconectada
exige superar muitos desafios:

Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às


necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o
inesperado, se transformarmos a sala de aula em uma comunidade de
investigação. Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade,
espaço temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos
mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é
conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com
o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos
engessados.

Fonte: Moran (2018, p. 1).

Com as Tecnologias da Informação e Comunicação – conhecidas como TICs


– muitas informações são produzidas de maneira formal ou informal. Nessa
produção e consumo de informações, nós nos tornamos ativos no processo
de construção de conhecimento. Nosso desafio e nossa responsabilidade
estão em colocar esses recursos tecnológicos e essas habilidades já
disponíveis a serviço da educação, ou seja, nos ambientes escolares.
Esses recursos tecnológicos permitem uma maior interação entre todos em
uma comunidade de aprendizagem, colocando os alunos como
protagonistas na produção dessas informações e, consequentemente, na
construção de conhecimentos. Esses recursos, com as plataformas
adaptativas, podem também resolver o problema do desempenho dos
alunos que têm ritmos diferentes de aprendizagem e, por isso, requerem
formas particulares de ensino.

Os recursos tecnológicos aumentam as potencialidades formativas do


ensino, mas requerem que o professor e a escola, profissional e instituição
responsáveis pela educação, sejam mediadores profissionais nesse
processo.

Esse tipo de mediação não é algo simples de ser realizado porque requer
uma nova forma de relação entre professor, aluno e conhecimentos. Isso
implica mudar nossa forma de ver o mundo e rever nossos valores e alterar
nossas crenças, isto é, requer outra mentalidade (mindset) sobre a
educação. Nossa mentalidade sobre a educação é que orienta os nossos
passos futuros.

As pessoas com pensamento de crescimento sabem que diante de algo


novo erros são cometidos, mas que eles são importantes para aprender
cada vez mais. Essa mentalidade de crescimento é importante para aqueles
que acreditam nas inovações educacionais!

Para saber mais!

O texto indicado, a seguir, é importante para perceber que uma inovação


educacional pode ser definida no âmbito da Política Pública. Nele, é
analisada a avaliação em larga escala, explicitando como se tornaram
recurso central ações políticas em educação. A autora mostra que, apesar
de toda a novidade e restruturação, estas não podem ser entendidas como
uma inovação.

GATTI, B. A. Políticas de avaliação em larga escala e a questão da inovação


educacional. Série-Estudos-Periódico do Programa de Pós-Graduação em
Educação da UCDB, Campo Grande, n. 33, p. 29-37, jan./jul. 2012.

No artigo, a seguir, são apresentados alguns fatores críticos para o sucesso


e fracasso de iniciativas de E-learning, considerada uma inovação
educacional usando recursos tecnológicos digitais. Este artigo foi escolhido
para mostrar que uma inovação educacional depende também de outros
fatores além da disponibilização de recursos.

ROMISZOWSKI, A. O futuro de e-learning como inovação educacional:


fatores influenciando o sucesso ou fracasso de projetos. Rev. Bras.
Aprendizagem Aberta Distância, [periódico on-line], São Paulo, nov. 2003.

Bons estudos!

Cw2- Inovação Educacional

As tendências na área educacional


Nesta disciplina, já estudamos o que são inovações educacionais e como elas podem
ter diferentes tipos de impacto na sala de aula, na escola e no sistema educacional.
Muitas vezes, elas são induzidas pelas demandas existentes na sociedade e sempre
vêm com determinado propósito de aprimoramento ou resolução de problema.

O objetivo desta webaula é evidenciar que a Constituição de 1988, a LDB e a BNCC


possibilitam inovações educacionais que estimulam outras inovações nos ambientes
escolares e que dependem da prática docente que o professor desenvolve.

Relações entre as inovações educacionais, as demandas sociais e a legislação


As demandas sociais de universalização do ensino e avanço e acesso a recursos digitais
estão diretamente relacionadas ao surgimento de documentos oficiais e inovações
educacionais. Se, por um lado, a Constituição Federal de 1988 destacou que a
educação é um direito, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, conhecida
como LDB, defende a flexibilização daquilo que deve ser ensinado e da forma pela qual
deve ser ensinado, respeitando os contextos socioeconômicos e culturais nos quais os
alunos estão inseridos. Porém, mesmo considerando essa diversidade de contextos, há
competências e habilidades que precisam ser minimamente cumpridas e avaliadas. Por
essa razão, toma forma a implementação da BNCC, a qual orienta a elaboração de
currículos e define a aprendizagem por meio da especificação de competências e
habilidades. Em termos de inovações educacionais, além de flexibilização,
aprendizagem como um direito e aprendizagem por meio do desenvolvimento de
competências e habilidades, também houve mudança da prática docente, redefinição
do papel de alunos e professores, uso de novos recursos didáticos e mudança na
organização escolar.

Fonte: elaborada pelo autor.


Práticas docentes
O direito à aprendizagem será efetivamente garantido se as práticas docentes se
modificarem em relação àquelas classificadas como tradicionais, as quais os alunos são
passivos no processo de ensino, isto é, são receptores e reprodutores de um
conhecimento pronto e absoluto transmitido pelo professor e registrado nos livros. Ou
seja, permite a aderência a diferentes tendências pedagógicas para o distanciamento
de outras.

Tendências pedagógicas
O conhecimento das tendências pedagógicas é importante por permitir maior
consciência do professor sobre sua prática e seus propósitos. Quando o professor
reconhece a tendência pedagógica que efetivamente segue, mesmo que seja uma
mistura delas, consegue dar maior sentido ao que faz e se sente mais seguro para
implementar as inovações pedagógicas que convergem para o seu propósito.

Para reconhecer uma tendência pedagógica, cinco perguntas clássicas precisam ser
respondidas:

O que ensinar?
Para quem?
Como?
Para quê?
Por quê?
Saiba mais!

Libâneo (2001) propõe a classificação das tendências pedagógicas em dois grupos, que
se subdividem em subgrupos:

Pedagogia Liberal: que se subdivide em Tradicional, Renovada progressivista,


Renovada não diretiva e Tecnicista.
Pedagogia Progressista: que se subdivide em Libertadora, Libertária e Crítico-social dos
conteúdos.
Práticas docentes: redefinição de papéis
As práticas docentes desejadas são aquelas que redefinem os papéis do professor e do
aluno na sala de aula, modificando os tempos e espaços escolares, os quais se utilizam
de metodologias de ensino que incorporam os recursos didáticos explorando suas
potencialidades.

Fonte: Shutterstock.
Nessa redefinição de papéis, os alunos passam a ser leitores críticos das informações
encontradas e a produzir e compartilhar novas informações, construindo, assim, seu
próprio conhecimento. Diante desse novo papel, os recursos digitais disponíveis têm
grande potencialidade e, por isso, devem ser devidamente utilizados, o que não
significa que os recursos não digitais devam ser descartados. Todo recurso didático
tem suas potencialidades e limitações, as quais devem ser consideradas em função do
objetivo pedagógico definido pelos professores.

Como você sabe, cada aluno aprende em tempos diferentes e todos aprenderão aquilo
que é desejado se tiverem o tempo adequado e estiverem inseridos em um contexto
de aprendizagem igualmente adequado. Mas, o que é esperado que os alunos
aprendam? Com a LDB/96, isso passou a ser especificado por meio da descrição das
competências e habilidades que eles precisam desenvolver no processo de
escolarização. A presença das competências e habilidades pode ser percebida
claramente nas diretrizes educacionais e os documentos que orientam a elaboração
dos currículos escolares, como a BNCC.

É importante que as competências sejam reveladas em nossas ações e que mobilizem


os recursos e conhecimentos que temos em situações específicas diante de um
fenômeno da vida. Já as habilidades estão mais no âmbito do saber fazer
eminentemente imediato e prático. Diferentes habilidades, quando articuladas,
decorrem de competências ou constituem competências, mas sempre envolvendo
algum conhecimento aplicável a algum contexto.

Na BNCC, a competência é definida como a “mobilização de conhecimentos (conceitos


e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e
valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da
cidadania e do mundo do trabalho” (BRASIL, 2016, p. 8). Por outro lado, na BNCC as
“habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos
alunos nos diferentes contextos escolares” (BRASIL, 2016, p. 29).

O propósito dos espaços escolares é a construção de conhecimentos, e a proposta da


organização curricular por competências e habilidades tem por finalidade atribuir
significado aos conteúdos. Com essa proposta, esse conhecimento é aplicável e
problematizado para a construção de outro conhecimento.

Logo, pensar em uma escola com uma organização curricular que considera o
desenvolvimento de competências e habilidades implica o abandono da crença de que
conhecimentos podem ser transmitidos, e a substituição desse conhecimento é
construído e aplicado pelos próprios alunos em seu processo de aprendizagem.
Pensar em tudo o que precisa ser ensinado, definir objetivos pedagógicos e escolher as
estratégias que serão propostas para que esses objetivos sejam cumpridos são ações
inerentes à prática docente. No entanto, adequar-se a essas novas demandas que
colocam o desenvolvimento de competências e habilidades nos alunos se consolida
como a mais recente tendência pedagógica. Essa adequação é um novo desafio para
você e seus colegas. Trata-se de uma inovação educacional!

Esperamos que nesta webaula tenha ficado claro para você que a LDB/96 é um
dispositivo legal que possibilita a implementação de inovações pedagógicas. É na sala
de aula que seus propósitos se materializam, mas isso só ocorre se o foco do professor
for a aprendizagem dos alunos. A opção por uma organização curricular que expressa
as aprendizagens por meio da descrição das competências e habilidades a serem
desenvolvidas nesse processo é uma oportunidade de atribuir significado a essas
aprendizagens, e ela será aproveitada por todos se os papéis ocupados por alunos e
professores, assim como a organização curricular, forem redefinidos.

Cw3- Inovação Educacional

As inovações na educação

Em nosso percurso nesta disciplina, compreendemos que as propostas de inovações


educacionais sempre são ações tomadas que aprimoram o processo de ensino para
atender determinados propósitos. Às vezes elas são induzidas por demandas sociais
(universalização do ensino) e por avanços tecnológicos (tecnologia digital) e outras
vezes podem induzir mudanças desejadas (LDB/96). De qualquer forma, essas
propostas só podem ser consideradas inovações quando efetivamente mudam uma
realidade anterior resolvendo problemas identificados ou cumprindo objetivos
preestabelecidos. Tais mudanças podem ocorrer desde o nível da política educacional
até o do trabalho em sala de aula.

Nesta webaula, vamos focar as inovações educacionais do ponto de vista de sala de


aula, lugar onde de fato as inovações ocorrem concretamente.

Fonte: Shutterstock.

É impossível falar em inovação educacional sem que ela esteja atrelada à noção
de melhoria da qualidade educacional. Mas a qualidade toma forma com base em
valores e em determinados padrões. Algo que é bom em um momento talvez não o seja
depois; o que é bom para alguns talvez não o seja para outros. Falar em inovação
educacional é, portanto, pensar em que qualidade de ensino e aprendizagem se deseja
oferecer.

No Brasil, houve uma época em que melhorar a qualidade educacional significava


oferecer vagas para todos em idade escolar, pois poucos tinham acesso à educação.
Resolvido esse problema do acesso, o problema passou a ser a evasão. Nessa fase, a
escola era boa para poucos; aqueles que tinham condições permaneciam, os demais
evadiam, eram excluídos da escola. Novas ações foram tomadas, o cenário melhorou,
mas o problema passou a ser a qualidade da permanência. Nessa fase, os alunos
continuam matriculados, mas as dúvidas passaram para o que os alunos estão
aprendendo e se estão aprendendo. Em todas essas fases, os principais beneficiados nos
sistemas educacionais foram os alunos com melhor nível socioeconômico-cultural.

Hoje, os alunos com menor nível socioeconômico-cultural são os que mais precisam
dela para terem acesso a conhecimentos construídos pela sociedade ao longo da história.
Deixar os alunos passarem por todo o processo de escolarização sem a devida
construção do conhecimento é promover a “exclusão branda”, descrita por Bourdieu e
Champagne (2001), ou como uma forma de “eliminação adiada”, esclarecida por Freitas
(1991), quando diz que os alunos que mais precisam das escolas permanecem nela por
algum tempo, mas são excluídos em outros momentos da vida, sobretudo quando vão
disputar as vagas no mercado de trabalho. Por isso, as inovações a serem
implementadas nas salas de aula devem ter como objetivo maior a busca pela
equidade na educação.

Isso significa que, com a universalização do acesso ao ensino e com a permanência dos
alunos de diferentes níveis socioeconômico-culturais, a equidade deve ser um atributo
do ensino das escolas, isto é, alunos com diferentes necessidades educacionais requerem
intervenções pedagógicas personalizadas para que sua forma e seu ritmo de aprender
sejam contemplados e, assim, todos os alunos cheguem a um mesmo patamar de
aprendizagem desejado.

Os alunos aprendem de variadas maneiras e ritmos. Diante de uma proposta de ensino,


temos os seguintes cenários:
Para atuar em relação a essas discrepâncias, as metodologias ativas oferecem recursos
para que rotas personalizadas de aprendizagem sejam possíveis, com intervenções
pedagógicas com tempo e recursos individualizados.

A atribuição de significados ao que se aprende requer que os alunos sejam produtores


do próprio conhecimento e, portanto, protagonistas no processo de aprendizagem, tendo
de assumir um papel ativo. Nesse processo, os conhecimentos acumulados na sociedade
não mais devem ser transmitidos, mas, sim, problematizados, para que sua aplicação
contemporânea ganhe novos contornos. Esse novo papel do aluno implica a redefinição
do papel do professor e da escola, que devem sustentar uma reorganização curricular,
assim como os tempos e espaços da escola.

Atualmente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), assim como as diretrizes


curriculares vigentes, dão o suporte normativo e jurídico para essas inovações, que
devem ser caracterizadas pela adoção de metodologias ativas e pelo uso dos recursos
digitais, desde que adequadamente empregados, favorecendo tantas redefinições. Esses
recursos digitais já estão disponíveis nos ambientes fora da escola e são usados com
muita frequência, fazendo que o desafio do professor seja implementá-los de maneira a
tornar o ensino híbrido.

 Pesquise mais!

A obra indicada a seguir, disponível na Biblioteca Virtual, abre o campo do


ensino híbrido no Brasil. Nela é feita uma explanação sobre as potencialidades
de diferentes modelos híbridos nos quais a metodologia ativa está presente. É
uma leitura obrigatória para quem quer inovar sua ação pedagógica.

BACICH, L.; TANZI NETO; A., TREVISANI, F. M. Ensino híbrido:


personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.

Igualdade versus equidade


Para que todos os alunos aprendam e atinjam os mesmos objetivos educacionais, a
escola precisa de equidade, e não apenas de igualdade. Quando o ensino é caracterizado
pela igualdade, todos os alunos são submetidos aos mesmos tempos de ensino e com os
mesmos recursos didáticos. Em contrapartida, um ensino com equidade é aquele em que
cada aluno aprende com ritmo e formas diferentes, tem acesso a oportunidades
particulares de aprender, com tempos e recursos distintos, mais adequados à sua forma
individual de aprender.

Um ensino equânime é aquele que personaliza o ensino permitindo que os alunos criem
sua rota alternativa de aprendizagem (DEMO, 2014). Por isso, um ensino equânime
requer a flexibilização curricular (de conteúdos e de tempos e espaços escolares) e a
personalização do ensino (rotas individuais de aprendizagem).

Quando associados às metodologias ativas, os recursos digitais disponíveis


se tornam muito potentes e auxiliam nessa flexibilização e personalização
(BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015). Propostas metodológicas que
exploram adequadamente o ensino com recursos digitais e aqueles do
ensino presencial caracterizam o chamado ensino híbrido e melhoram a
eficiência e a eficácia de outras propostas de metodologias ativas,
propiciando, assim, a implementação de inovações educacionais que
atendam às demandas contemporâneas.
Inovação Educacional

Modelos centrados na aprendizagem ativa


Tornar a escola interessante para os alunos é, certamente, um dos
principais desafios atuais, e por isso deve ser tema motivador para as
atuais inovações educacionais.

A implementação das metodologias ativas no ensino é uma prática que trás


uma nova proposta redefinido o papel do aluno em sala de aula, tornando
esse um protagonista da sua aprendizagem. Por outro lado redefini o papel
do professor que passa a despertar o interesse dos alunos por meio de
propostas que conciliem as competências a serem desenvolvidas ao projeto
de vida dos alunos.

A centralidade do aluno no processo de ensino e aprendizagem


O propósito para o uso de metodologias ativas no ensino é fazer com que
os alunos assumam a responsabilidade da construção de seu
conhecimento. Para que isso ocorra o aluno passa a ocupar a centralidade
no processo de ensino e aprendizagem, no lugar que é ocupado pelo
professor nos modelos de aulas tradicionais. Nesse sentido o aluno deverá:

Ter iniciativa e perseverança para que os objetivos pedagógicos sejam


atingidos.
Cumpram as tarefas a que se propuseram fazer.

As metodologias ativas trazem problemas reais para os momentos de


escolarização para que, durante a busca da solução, os conhecimentos
sejam construídos e reconstruídos. Ou seja, a solução do problema e a
construção do conhecimento são processos desenvolvidos ao mesmo
tempo, constantemente diante do desenvolvimento das tarefas que têm
como propósito resolver os problemas.

Uma metodologia ativa começa a partir de uma tarefa que o aluno


efetivamente queira cumprir. A sua motivação interna está no fato de ele se
sentir realizado em cumprir aquela tarefa.
Tarefas pertencentes às metodologias ativas pressupõem que os alunos
também decidam sobre os caminhos que trilharão para resolver os
problemas e que, de forma paralela, construam seus conhecimentos.

É importante destacar que as tarefas são associadas à resolução de


problemas reais que são usados no início do trabalho para buscar o
interesse e comprometimento dos alunos. Diante desse papel, o aluno tem
a oportunidade de participar de forma autônoma, crítica e ética.

Para construir as competências, a incorporação das metodologias ativas


deve permitir que os alunos se apropriem dos dados e os transforme em
conhecimentos durante o processo.

Fonte: Shutterstock.

O papel do professor na metodologia ativa


Diante desse novo papel do aluno, o papel do professor é obrigatoriamente
redefinido.

No trabalho com metodologias ativas o aluno precisa fazer pesquisas,


levantar hipóteses, testar essas hipóteses para verificar se são válidas,
argumentar e ouvir, debater para defender sua ideia e ver aplicação dela. O
professor, por sua vez, precisa inicialmente propor tarefas que permitam
aos alunos fazerem tais atividades e, depois disso, ele precisa monitorar o
desenvolvimento para que possa fazer as intervenções adequadas.
Fonte: Shutterstock.

Essas intervenções tem por objetivo fazer os apontamentos necessários


para que os alunos elenquem quais são os possíveis caminhos e os critérios
que deverão ser usados usar para escolher, dentre eles, qual será aquele
que ele escolherá. Nesse contexto fica bem exemplificado o real papel do
professor, que não deixa de ter a responsabilidade sobre o processo de
ensino, mas também não se torna aquele que decide ou julga pelos alunos
o que é a melhor opção.
No processo de identificar os possíveis caminhos e os critérios as serem
usados para a escolha, um debate consistente precisa ser estabelecido
entre os alunos. O professor precisa estar muito atento tanto à forma
quanto ao conteúdo dos debates para que possa manter os alunos
motivados e apresentar suas ideias, hipóteses argumentações. E é nesses
momentos que surgem os conflitos.

 Ser um mediador de conflitos é outro papel importante do professor


no desenvolvimento do trabalho com as metodologias ativas.

O professor, para que as metodologias ativas efetivamente levem ao


cumprimento dos objetivos, deve:

Adotar uma postura de provocador


Ter postura de provocador de desafios, orientador de caminhos, facilitador
dos processos e mediador de conflitos.
Propor tarefas interessantes para os alunos

Ter atenção à aprendizagem do aluno


Ter postura de provocador de desafios, orientador de caminhos, facilitador
dos processos e mediador de conflitos.

O arco de Maguerez é uma representação gráfica que pode ser usada para
ilustrar as etapas de uma metodologia ativa (BERBEL, 2011).
Fonte: Prado et al. (2012, p. 176)

 Assimile:

Nenhum aluno aprende de uma única forma, por isso o professor


não deve se limitar a propor uma única das diversas metodologias
ativas. Cada metodologia tem sua potencialidade e limitação, e em
função dessas características devem ser escolhidas para melhor
adequação aos objetivos pedagógicos e ao contexto em que serão
aplicadas.

Será adequada a escolha da metodologia se ela levar ao


cumprimento dos objetivos, de maneira que os alunos desenvolvam
diferentes habilidades e competências, com autonomia, criticidade e
ética.

A reconfiguração dos tempos e espaços escolares,


Com essa mudança, os papéis do aluno, do professor e da escola são
redefinidos. Também se faz necessária a reconfiguração dos tempos e
espaços escolares, assim como também o são os objetos de conhecimento
trabalhados na escola.
As escolas têm uma organização marcada por tempos de forma
correspondente à fragmentação historicamente construída dos
conhecimentos. Há um tempo reservado para as Linguagens, outra para a
Matemática e um outro para cada um dos demais componentes
curriculares ou áreas de conhecimento. Com as metodologias ativas, a
depender dos projetos educacionais em que forem envolvidos, esses
tempos e essa divisão dos tempos se tornam inadequados e podem
requerer uma reorganização.

Fonte: Shutterstock.

A reorganização dos tempos e espaços escolares, assim como o redesenho


dos conteúdos a serem trabalhados, atualmente são possíveis de serem
implementados graças à flexibilização curricular presentes na legislação
educacional vigente. Nesse sentido, o uso das metodologias ativas para
desenvolver as habilidades especificadas na BNCC garantirão ao mesmo
tempo o desenvolvimento das competências.

Os recursos tecnológicos digitais disponíveis colaboram significativamente


para o cumprimento desses objetivos e na exploração dessa flexibilização
curricular, promovendo a integração do mundo digital, cheiro de
informações, e o mundo real, cheio de significados. Esse é um dos
conceitos de ensino híbrido.
Trabalhar com metodologias ativas se configura em mais um desafio para o
professor, pois esse modelo implica em mudanças de paradigmas e requer
muito conhecimento. Por outro lado tornar a escola um local onde
aprendizagem e trocas de experiências entre aluno/professor devem ser a
força motivadora para atuais inovações educacionais.

 Saiba mais

John Dewey foi o filósofo norte-americano mais importante da


primeira metade do século XX. Sua carreira cobre a vida de três
gerações e sua voz pôde ser ouvida no meio das controvérsias
culturais dos Estados Unidos (e fora desse país) desde a década de
1890, até sua morte em 1952, quando completara 92 anos de idade.

Ao longo de sua carreira, Dewey desenvolveu uma filosofia que


advogava a unidade entre teoria e prática, unidade de que dava
exemplo em sua própria ação como intelectual e militante político. O
pensamento dele baseava-se na convicção moral de que “democracia
é liberdade”, ao qual dedicou toda sua vida, elaborando uma
argumentação filosófica para fundamentar essa convicção e
militando para levá-la à prática. O compromisso de Dewey com a
democracia e com a integração entre teoria e prática foi, sobretudo,
evidente em sua carreira de reformador da educação.

Quando tomou posse na Universidade de Chicago, no outono de


1894, Dewey escreveu à esposa, Alice: “Às vezes penso que deixarei
de ensinar Filosofia diretamente, para ensiná-la por meio da
pedagogia”, ainda que, na realidade, jamais tenha deixado de ensinar
Filosofia. As opiniões filosóficas de Dewey provavelmente chegaram
a um maior número de leitores por meio das obras destinadas aos
educadores, como The school and society (1899), How we think (1910),
Democracy and education (1916) e Experience and education (1938), do
que por intermédio daquelas destinadas a seus colegas filósofos. A
penúltima foi, como ele mesmo disse, a que mais parecia um resumo
de “toda sua postura filosófica”. Não é por mera casualidade que ele
observava que, como ele, muitos grandes filósofos interessaram-se
pelos problemas da educação, já que existe “estreita e essencial
relação entre a necessidade de filosofar e a necessidade de educar”.

Se filosofia fosse sabedoria – a visão de uma “maneira melhor de


viver” –, a educação orientada conscientemente constituiria a práxis
do filósofo.

A configuração da disposição humana pode ser conseguida mediante


diversos agentes; mas, nas sociedades modernas, a escola é um dos
mais importante e, como tal, constitui lugar indispensável para que
uma filosofia se concretize como “realidade viva”.

Os esforços de Dewey para dar vida à sua própria filosofia nas


escolas foram acompanhados de controvérsias e, até hoje,
continuam sendo ponto de referência nos debates acerca das falhas
do sistema escolar americano: o inimigo encarniçado dos
conservadores fundamentalistas é considerado como o precursor
inspirador dos reformadores partidários de um ensino “centrado na
criança”.

Nos debates, ambos os lados tendem a ler Dewey erroneamente,


superestimando sua influência e subestimando os ideais
democráticos que animam sua pedagogia.

WESTBROOK, R. B.; TEIXEIRA, A. John Dewey. Recife: Fundação


Joaquim Nabuco – Editora Massangana, 2010.

 Pesquise mais

Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos as seguintes


leituras:

BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação


inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso,
2018.

BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. Ensino híbrido:


personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso , 2015.

BENDER, W. N. Aprendizagem baseada em projetos: educação


diferenciada para o século XXI. Porto Alegre: Penso , 2015.
BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-
aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1982.

BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em


projetos: guia para professores de ensino fundamental e médio.
Artmed, 2008.

MAZUR, E. Peer instruction: a revolução da aprendizagem ativa.


Porto Alegre: Penso, 2015.

NETO, O. M.; SOSTER, T. S. Inovação acadêmica e aprendizagem


ativa. Penso Editora, 2017.

VICKERY, A. Aprendizagem ativa nos anos iniciais do ensino


fundamental. Porto Alegre: Penso, 2016.

Inovação Educacional

Alguns modelos de metodologias ativas


Ao observando as mudanças na sociedade percebemos o ritmo acelerado com que tais
mudanças ocorrem e como se fazem presentes no dia a dia dos alunos. Os professores
devem estar atentos pois essas alterações na sociedade podem estimular a participação
dos alunos no envolvimento do processo de construção de conhecimento.

Vamos a partir de agora conhecer os principais conceitos de alguns modelos de


metodologias ativas que valorizam o uso de recursos virtuais com o potencial de inovar
o ensino nas salas de aula.

Modelos de ensino híbrido


Na educação, o ensino híbrido (Blended Learning) é aquele que explora adequadamente
os potenciais do ensino presencial e do ensino on-line, em que os alunos podem acessar
os recursos digitais como computadores, tablets ou os próprios celulares, extrapolando
os tempos e espaços da sala de aula.

O objetivo dessa metodologia é despertar o interesse do aluno, colocando-o como


agente principal de sua aprendizagem diante de uma proposta que permite resolver
coletivamente um problema real. Ou seja, escolas que buscavam uma forma de
metodologia ativa.
Fonte. Shutterstock.

Sua taxonomia, difundida no Brasil por Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), mostra
que os modelos de ensino híbrido podem ser classificados em:

Modelos de Rotação
Modelos Flex
Modelos à La Carte
Virtuais Enriquecidos
Modelos de Rotação
Os Modelos de Rotação são aqueles em que os alunos alternam entre diferentes tarefas,
sendo que em pelo menos uma delas são envolvidos recursos digitais e que levem à
aprendizagem on-line. Essas alternâncias ocorrem em momentos previamente fixados
ou determinados pelo professor. Acompanhe a segui um mapa mental com as
subdivisões que podem ocorrer em modelos de rotação.


Modelos Flex
Os Modelos Flex são aqueles que as atividades educacionais são feitas
predominantemente por meio dos recursos digitais. Nesse modelo de ensino,
destacamos as seguintes características:

 Os alunos recebem um roteiro de estudo com ou sem propostas de tarefas


para realizar, preparado pelo professor.
 O roteiro é personalizado e cada aluno tem a sua trajetória de aprendizagem,
podendo esta ser adaptada com o seu desenvolvimento.
 Os horários de estudo dos alunos são flexíveis e acompanhados remotamente.
 Outros professores e tutores ficam à disposição dos alunos para as devidas
assessorias.

Modelos à LaCarte (Self-Blend model)


Nesse modelo os alunos selecionam cursos totalmente on-line para a devida
complementação de seu curso tradicional.

Escolas que disponibilizam cursos organizados dessa maneira permitem que seus alunos
desfrutem de cursos que elas não oferecem.
Fonte: Shutterstock.

Modelo Virtual Enriquecido


Consiste em um curso integralmente virtual, em que todas as interações burocráticas e
pedagógicas são feitas por meio dos recursos digitais, mas que disponibilizam tarefas
que podem ser complementadas em cursos ou vivências de maneira presencial.

Design Thinking
Esta é uma metodologia que veio da área de Design e consiste em uma abordagem
coletiva e colaborativa para solucionar algum problema real. Essa metodologia é
implementada nas aulas nas aulas com maior aproximação à tendência cognitivista,
propondo as Seguintes etapas:
Descoberta
Aqui o foco está ne observação, descrição do problema e no levantamento de dados.
Interpretação
Ideação
Experimentação
Evolução
Metodologia STEAM
A metodologia permite uma abordagem interdisciplinar ou intradisciplinar de Ciência,
Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática. Sua aplicação pressupõe a busca de
soluções reais para problemas também reais, requerendo deles pensamento crítico e
criativo, com atitudes científicas. Nessa busca é que os conhecimentos são construídos.
Fonte: Shutterstock.

Enquanto metodologia, suas fases também, assim como deve ser em todas as
metodologias ativas, colocam os alunos como os principais agentes de todo o processo e
o professor assume os papéis de:

Mediador
Organizador
Planejador
Consultor
Suas etapas, também comuns a metodologias ativas, são:

A identificação de problemas reais


Proposição de diferentes formas de solução
Escolha da solução
Construção e aplicação da solução
Cultura Maker
O desenvolvimento da Cultura Maker como uma metodologia ativa consiste na
valorização da aprendizagem por meio da experimentação bastante concreta. Os
projetos nessa perspectiva de trabalho caracterizam pela presença de oficinas repletas de
ferramentas para que os alunos efetivamente construam objetos e equipamentos.

A cultura maker permite o desenvolvimento de tarefas nas quais os erros podem ser
percebidos imediatamente pelos próprios alunos, uma ideia presente no construcionismo
defendida por Papert (1986). Segundo esse autor, à medida que os alunos experimentam
e constroem, se deparam com erros que os levam imediatamente a buscar novos
caminhos.
Fonte: Shutterstock.

Gamificação na Educação e Jogos Digitais


A abordagem metodológica com jogos estimula os alunos a compreenderem e
memorizarem os conceitos e procedimentos, desenvolvem as competências e
habilidades socioemocionais e estimulam a criação de diferentes estratégias. Trazem
uma dinâmica para as aulas que tornam os alunos plenamente ativos. Gamificar o ensino
implica definir uma trajetória de aprendizagem, por desafios, em que os alunos se
sintam desafiados a vencê-los cada vez.
Fonte: Shutterstock

Sua aplicação na educação tem a mesma lógica usada em práticas sociais de outras
áreas, requerendo apenas a bonificação quando determinadas etapas de uma trajetória
previamente estabelecida são cumpridas.

 Atenção:

A gamificação não deve ser confundida com o uso de jogos. A gamificação é o


uso de elementos e técnicas de projeto do jogo para estimular as pessoas a
permanecerem em um determinado contexto (ZICHERMANN;
CUNNINGHAM, 2011).

As inovação aqui apresentadas presume a flexibilização dos tempos e espaços escolares


e a possibilidade do estabelecimento de rotas individuais de aprendizagem. No entanto
não é o uso de recursos digitais que torna a metodologia ativa, apesar de eles
colaborarem bastante para isso.

 Saiba mais

É adequado que as metodologias ativas envolvam a resolução de problemas


existentes no cotidiano, sejam eles associados a fenômenos naturais ou sociais.
Dificilmente a resolução dos problemas requerem apenas conhecimentos de uma
área, apesar de ser possível a predominância de uma delas. Nas escolas,
geralmente as propostas de ensino que buscam resolver problemas se distanciam
daqueles que envolvem a Matemática e as Ciências. Por isso, os projetos com
metodologia STEAM também precisam ser valorizados para que alguns mitos
como “meninas têm mais dificuldades em matemática que meninos” sejam
eliminados. As pesquisas de dempenho e avaliações externas mostram isso, mas
de fato tem sido uma construção social. Esse mito que se estende por gerações
precisa ser quebrado.
Observe esses dados, presentes no relatório da Unesco:

Fatores nos âmbitos individuais, familiares, institucionais e sociais que


influenciam a participação, o desempenho e o avanço de meninas em projetos
que envolvem o STEAM.

o Âmbito individual – fatores biológicos que podem influenciar as


habilidades, as capacidades e o comportamento de um indivíduo, tais
como a estrutura e as funções cerebrais, os hormônios, a genética, e os
aspectos cognitivos, como as habilidades espaciais e linguísticas. Aqui,
também são considerados os fatores psicológicos, incluindo a
autoeficácia, o interesse e a motivação;
o Âmbitos familiar e de pares – crenças e expectativas dos pais, nível de
instrução dos pais, seu status socioeconômico e outros fatores
domésticos, assim como a influência dos pares;
o Âmbito escolar – fatores inerentes ao ambiente de aprendizagem,
incluindo o perfil dos docentes, suas experiências, crenças e expectativas,
os currículos, os materiais e recursos de aprendizagem, as estratégias de
ensino, as interações estudante-docente, as práticas avaliativas e o
ambiente escolar em geral;
o Âmbito social – normas sociais e culturais relacionadas à igualdade de
gênero, e os estereótipos de gênero presentes na mídia. (UNESCO, 2018,
p. 40)

Ações que ajudam a mudar esse quadro:

o Âmbito individual – intervenções para construir habilidades espaciais nas


crianças, e autoeficácia, interesse e motivação entre meninas para seguir
estudos e carreiras em STEM;
o Âmbito familiar e de pares – intervenções para envolver pais e famílias
para abordar falsas concepções sobre as habilidades inatas com base em
gênero, de forma a expandir a compreensão sobre oportunidades
educacionais e profissionais nas áreas de STEM, além de conectar
famílias a conselheiros educacionais para construir caminhos para o
ingresso nas áreas de STEM, bem como o apoio por pares;
o Âmbito escolar – intervenções para tratar de percepções e a capacidade
dos docentes para desenvolver e oferecer currículos sensíveis a gênero,
bem como para implementar avaliações neutras quanto ao gênero;
o Âmbito social – intervenções nas normas sociais e culturais relacionadas
à igualdade de gênero, estereótipos de gênero na mídia, bem como
políticas e legislação. (UNESCO, 2018, p. 60)

 Pesquise mais

Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos as seguintes leituras:

BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação


inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. Ensino híbrido:
personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso , 2015.

BENDER, W. N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada


para o século XXI. Porto Alegre: Penso , 2015.

BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem.


Petrópolis: Vozes, 1982.

BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em


projetos: guia para professores de ensino fundamental e médio. Artmed, 2008.

MAZUR, E. Peer instruction: a revolução da aprendizagem ativa. Porto Alegre:


Penso, 2015.

NETO, O. M.; SOSTER, T. S. Inovação acadêmica e aprendizagem ativa.


Penso Editora, 2017.

VICKERY, A. Aprendizagem ativa nos anos iniciais do ensino fundamental.


Porto Alegre: Penso, 2016.

Saiba mais: Comunidades virtuais de aprendizagem


As metodologias ativas têm em comum o protagonismo do estudante. Para
isso, comunidades de aprendizagem podem ser criadas. A criação de
comunidades está no cerne da missão do Facebook. Conheça os elementos
básicos necessários para definir a estratégia para sua comunidade e
começar a desenvolver sua comunidade online no curso Definir e
Estabelecer uma Comunidade, que ajudará você a identificar sua missão,
metas e critérios de sucesso e a desenvolver os princípios norteadores para
dar melhor apoio à comunidade.

Inovação Educacional

Aprendizagem ativa e protagonismo


Na área educacional, quando se diz que o aluno deve ser o protagonista em seu processo
de aprendizagem, significa que deve ser dele o papel principal. Porem no âmbito das
inovações educacionais que incorporam os princípios das metodologias ativas e o uso
dos recursos digitais disponíveis, demanda uma visão um pouco mais abrangente e
detalhada, sobretudo na forma como esse protagonismo deve ser exercido.

Nessa Webaula vamos analisar como se desenvolve as competência e habilidades que


levam ao empreendedorismo e boa qualidade comunicacional.
O protagonismo dos alunos
Nos processos escolares as informações produzidas necessariamente terão que ser
validadas cientificamente, sejam elas de natureza técnica ou política. Os conhecimentos
são construídos de forma crítica e ética.

São processos escolares que colocam o aluno como o agente central e responsável pela
solução ou proposição de soluções de problemas que identifica no contexto real no qual
ele está inserido. Essa centralidade do aluno e enraizamento na realidade é que
caracterizam o protagonismo dos alunos no contexto das metodologias ativas.

Fonte: Shutterstock.
O papel do professor nesse contexto seria de planejar ações que constituiriam um
ambiente de aprendizagem criativo, crítico e colaborativo na sala de aula, na escola e
possivelmente fora dela, que torne o aluno em um protagonista.

Vamos agora analisar os elementos que permitirão incorporar nas práticas escolares o
protagonismo do aluno com o uso das metodologias ativas, trazendo para dentro da
escola a produção de informações já existente fora dela, propiciando que ela cumpra sua
finalidade.

Nessas práticas escolares devemos incorporar os conhecimentos que os alunos


precisam desenvolver e que minimamente estão expressos na Base Nacional Comum
Curricular na forma de competências e habilidades.
Na especificação dessas competências e habilidades estão inseridos os propósitos da
formação necessária para o exercício da cidadania e de atender às demandas do mercado
de trabalho.

Competências e habilidades que levem ao empreendedorismo


Para falarmos de formas específicas de inovação na educação, mesmo no âmbito das
salas de aula, não podemos esquecer que elas se inserem em um contexto bastante
abrangente, resultante de uma evolução histórica.

O estudo dessa história nos permite reconhecer as movimentações e as mudanças de


valores, sempre provocadas por necessidades localizadas. Nosso foco aqui tem sido
reconstruir as práticas escolares para que os alunos possam atribuir significado ao que
aprendem e ao que fazem na escola. Por isso, a inovação defendida é a de uso de
metodologias ativas associadas ao adequado uso dos recursos tecnológicos.

Atualmente, temos dois aspectos que elegemos como preponderantes no âmbito da


sociedade:

A universalização ao acesso
A permanência dos alunos nas escolas de Educação Básica e/ou avanços tecnológicos
Há também todo um aparato normativo jurídico que propicia novas propostas de ensino
que, a depender de como são implementadas, podem ser consideradas inovadoras ou
apenas novas versões de ações conservadores.

O esquema representa a relações entre as Inovações Educacionais, demandas sociais e


legislação, vamos especificamente olhar possíveis propostas que consideram as relações
diretas entre as Mudança na organização escolar, Redefinição do papel de alunos e
professores e o Avanço e acesso aos recursos digitais.

Relações entre as Inovações Educacionais, demandas sociais e legislação


No âmbito da sala de aula, as metodologias ativas podem ser um dos caminhos
necessário para que as inovações sejam relevantes. Vamos olhar de uma maneira mais
específica para uma das possibilidades de agregar os recursos digitais em propostas com
metodologias ativas, incorporando o Empreendedorismo e a Educomunicação.
Empreendedorismo
O tema empreendedorismo nas escolas não deve se limitar à perspectiva de mero
combate ao desemprego e à criação de formas alternativas de trabalho e geração de
renda. Mas sim, deve tornar o aluno empreendedor para que ele seja capaz, da maneira
mais profissional possível, de combater as injustiças sociais e os problemas ambientais.
Fonte: Shutterstock.

Preparar o aluno apenas para sobreviver profissionalmente sem que todos possam ter as
mesmas condições de acessar essas oportunidades não quer dizer que o
empreendedorismo está para uma inovação, mas sim apenas para uma nova forma
conservadora de formação dos alunos para o mesmo mercado de trabalho. Dessa forma
podemos dividir o empreendedorismo educacional em:

Empreendedorismo educacional conservador


Empreendedorismo educacional inovador
Educomunicação

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A Educomunicação é importante para que os recursos digitais sejam tão bem


aproveitados na Educação, assim como o fizeram as áreas de jornalismo e do comércio
para a divulgação de seus produtos e serviços.
Nesses meios de comunicação, devido à alta capacidade e velocidade de processamento
e transmissão de dados, imagens fixas (fotografias), imagens dinâmicas e vídeos têm
sido mais usados em detrimento dos textos escritos. A linguagem iconográfica tem sido
mais utilizada. É um espaço em que somos reconhecidos
como creators, Edutubers ou Youtubers.

Fonte: Shutterstock

Como podemos observar o desenvolvimento das competências e habilidades que levem


ao empreendedorismo e à boa qualidade comunicacional, as metodologias ativas
também ganharão potencialidades.
Trata-se de uma oportunidade para que a escola seja um espaço de convivência social,
onde os alunos constroem os conhecimentos para o exercício de sua cidadania e
desenvolvam as habilidades para o exercício profissional e político.

É assim que a escola se torna um ambiente de aprendizagem criativo e colaborativo,


onde todos são aprendentes e coaprendentes.

 Saiba mais

Youtubers já são mais influentes do que jornalistas

O recente relatório Creators Connect: o poder dos YouTubers, produzido a partir


de uma pesquisa do Google, revela um conjunto de dados que nos ajuda a
compreender a dimensão dos desafios do jornalismo na era das redes sociais,
sobretudo no que diz respeito à credibilidade profissional e à consequente
relação de confiança do público na qualidade das informações veiculadas pela
imprensa. Segundo a gigante de tecnologia, que estudou o comportamento dos
brasileiros com acesso à Internet. […]

A pesquisa revela que 76% dos brasileiros conectados à Internet conhecem o


termo youtuber. E dentre eles, 77% acompanham pelo menos um canal. “No
mundo dos vídeos on-line, os YouTubers estão no comando.” Como podemos
observar […], entre as pessoas que consomem a plataforma, youtubers (20%) só
perdem para familiares (43,1%) e amigos (34,8%) no ranking dos formadores de
opinião, sendo mais influentes do que jornalistas (19,1%), influenciadores do
Instagram (9,6%) e celebridades da televisão (6,8%). “Além de populares, os
YouTubers influenciam bastante as decisões de quem está conectado”,
comemora o relatório.

A fórmula do sucesso

Segundo o Creators Connect, o diferencial do YouTube em relação à televisão e


às mídias tradicionais é o deslocamento entre o que o relatório chama de
audiência transferida, quando os comunicadores falam a partir de um veículo
que já controla as rotinas de atenção do público; e audiência construída, quando
os próprios criadores desenvolvem seu público a partir do zero, fortalecendo
gradualmente a sua influência através de um crescimento orgânico. Isso ocorre à
medida em que uma comunidade crescente é estimulada a se identificar não só
com o conteúdo, mas com as narrativas – ou, no jargão publicitário, com o
storytelling fabulado pelo youtuber para atribuir à sua imagem uma marca de
identidade e, acima de tudo, de autenticidade. A “fórmula do sucesso” dos
youtubers, portanto, implica a intensificação dos vínculos afetivos entre
seguidores e criador, de modo que a comunidade virtual que orbita em torno do
astro evolui da “admiração” para uma sensação de “proximidade” e
“identificação”. Daí a relação passional de muitos seguidores com seus ídolos. O
próprio Google admite: “Os YouTubers são quase deuses no universo digital
brasileiro”.

FONSECA, A. A. Youtubers já são mais influentes do que


jornalistas. Observatório da Imprensa, São Paulo, 16 abr. 2019.
 Pesquise mais

o THE CREATORS shift. São Paulo, 14 dez. 2015. (9 min 42 seg).


Publicado pelo canal YOUPIX. Estamos vivendo a maior revolução
cultural, criativa e comportamental da história da humanidade. E
os creators estão no centro dessa revolução, quebrando paradigmas da
comunicação e da sociedade.
o GUIA sobre equipamentos de vídeo para iniciantes. [S.l.], 15 maio 2018.
(7 min 41 seg). Publicado pelo canal YouTube Creators. Você já sentiu
desespero ao pensar no equipamento de vídeo? Qual câmera usar? E a
iluminação? Som? Edição? São opções demais! Se você está pronto para
começar a criar vídeos, mas ainda perde o sono com essas perguntas, nós
temos a solução. Neste vídeo, a criadora de conteúdo do YouTube, Maya
Washington, do canal , oferece um guia para iniciantes sobre os
equipamentos de vídeo. Confira as dicas de Maya sobre as opções de
câmera, som, iluminação e edição.
o ENQUADRAMENTO e movimento, com Squaresville. [S.l.], 15 maio
2018. (7 min 54 seg). Publicado pelo canal YouTube Creator Academy.
Matt, do canal Squaresville, que compartilha dicas sobre composição da
filmagem, enquadramento da câmera e mais. São dicas de um diretor de
vídeo, que permitem transmitir emoções e orientar a atenção com as
tomadas de cena.
o GUIA de edição de vídeo para iniciantes. [S.l.], 11 set. 2018. (6 min 20
seg). Publicado pelo canal YouTube Creators. Sua primeira gravação
está pronta, mas como transformar esse conteúdo em um bom vídeo?
Você tem tudo ao seu alcance com o poder da edição! Neste vídeo, a
criadora de conteúdo do YouTube Kia (do canal TheNotoriousKIA)
apresenta um guia de edição de vídeo para iniciantes. Confira as dicas de
Kia sobre as 12 etapas básicas de edição para transformar sua ideia em
realidade.

Saiba mais: Gestão de comunidades virtuais de aprendizagem


Os professores podem utilizar as comunidades do Facebook para
compartilharem informações com os estudantes. Na condição de criadores
e gestores da comunidade, eles têm o poder de cultivar uma cultura
acolhedora. Saiba como engajar e moderar sua comunidade online
integrando novos membros, incentivando conexões entre os membros e
usando os Padrões da Comunidade do Facebook para mantê-la segura, no
curso Engajar e moderar uma comunidade.

Inovação Educacional

O ensino adaptado aos ritmos e necessidades de cada aluno


Nesta webaula, exploraremos a personalização do ensino, cuja efetiva
implementação representa uma inovação educacional.
Personalização do ensino
A adoção da personalização do ensino deve ser usada para que o ensino
seja equânime, ou seja, que os alunos tenham acesso a um ensino que os
ofereça recursos pedagógicos e o tempo necessário, que respeite seus
diferentes e particulares perfis, que os leve a aprender de formas
diferentes.

A personalização do ensino é o meio para que a equidade no ensino seja


atendida. Esse parece ser algo óbvio e existente, no entanto, na verdade, o
que existe é um ensino igualitário, como mostra o gráfico a seguir. Nele, os
mesmos alunos tiveram, ao longo dos quatro primeiros anos de
escolarização, suas proficiências medidas por meio da aplicação de cinco
testes (a primeira no início do primeiro ano e as demais ao final dos quatro
anos de escolarização).
Média de proficiência de alunos nos quatro primeiros anos de escolarização

Fonte: Dalben (2014, p. 29).

Cada linha desses gráficos representa evolução da média da proficiência de


um dos dez grupos (decis) em que os alunos foram colocados, em função
de seu nível socioeconômico. As dez linhas mostram que as diferenças
entre os alunos definidas no início do processo de escolarização são
mantidas ao longo deles, evidenciando que, em média, o ensino igualitário
leva à mesma aprendizagem dos alunos. Mas essas linhas mostram o valor
médio, não significando, portanto, que todas as escolas tenham o mesmo
resultado.

Algumas linhas, com o seu trabalho, conseguem ser equânimes, fazendo


com que o aumento da proficiência média de seus alunos seja maior em
relação a outras, indicando que seu ensino tenha mais equidade. Isso pode
ser observado na mesma pesquisa desenvolvida por Dalben (2014), que
mostra a distribuição do tempo que essas escolas levam para conseguir
agregar a proficiência de seus alunos (Valor agregado), em função da sua
proficiência inicial.
Valor agregado versus Proficiência em leitura
Valor agregado versus Proficiência em matemática

Fonte: Dalben (2014, p. 282).

Nesses dois gráficos pode ser observado que há escolas que recebem
alunos com um baixo nível de proficiência e agregam um bom valor
durante o período de escolarização. Porém, há também aquelas que não
fazem o mesmo. Em síntese, essa distribuição permite o agrupamento em
quatro diferentes tipos de escolas.
Desempenho médio (proficiência) versus valor agregado médio

Fon
te: National Research Council and National Academy of Education (2010, p. 7).

Ensino equitativo
O ensino equitativo que requer a personalização do ensino é outra
inovação educacional a estar associada ao uso das metodologias ativas que
incorporam os recursos digitais. Para que elas ocorram, é importante
flexibilizar o tempo disponível à aprendizagem dos alunos, que nesse
tempo devem ter acesso a recursos pedagógicos e propostas de tarefas
que os ajudem a superar suas dificuldades e, consequentemente, melhorar
sua aprendizagem.
Demonstração do aprendizado personalizado

Fonte: elaborada pelo autor.

Esse cuidado em personalizar o ensino permite que todos aos alunos


aprendam mais, evitando aquela situação notada em sala de aula em que
alguns alunos se desinteressem pelo ensino uma vez que não estão
desafiados, ao mesmo tempo em que outros se desestimulam por acharem
que o processo está difícil demais.
Porém, no processo de ensino em que se busca a sua personalização, uma
atenção especial deve ser colocada na avaliação. Ela deve ter outra lógica.
Os resultados da avaliação devem ser usados constantemente para a
melhor orientação dos caminhos a serem adotados pelo aluno em busca de
sua aprendizagem, e não para a atribuição de notas e conceitos. Nessa
outra lógica de avaliação, as devolutivas (feedback) devem ser bastante
diferenciadas em conteúdo e forma, para que cumpram essa finalidade.

Ensino e feedback

Fonte: elaborada pelo autor.

Finalizando esta webaula, em síntese, podemos entender que a


personalização do ensino tem por finalidade identificar os limites e as
possibilidades dos alunos por meio de um processo avaliativo, que permita
tanto professor quanto aluno definirem as melhores rotas de
aprendizagem, planejando o uso de recursos, digitais ou não, dentro do
tempo necessário.

Inovação Educacional

Possibilidade de aprendizagem individualiza


Nesta webaula, veremos dois conceitos importantes, que permitem a
operacionalização da personalização do ensino no âmbito dos recursos
digitais e a exploração do ensino on-line, que são a aprendizagem
adaptativa e o design de aprendizagem. Além disso, teremos uma breve
contextualização sobre o letramento digital.

Letramento digital
Segundo Freitas (2010), o letramento digital pode ser visto sob uma
perspectiva restrita, a partir da qual ele é percebido de maneira mais
instrumental, desconsiderando o contexto sociocultural, histórico e político
inerente ao conceito e ao processo; ou sob uma perspectiva mais ampla,
quando, além da apropriação das técnicas de uso dos recursos digitais,
abrange o pensamento crítico sobre essa apropriação e uso, tornando-o
semelhante ao desenvolvimento da aprendizagem sobre o discurso ou uma
nova língua.
Rotas personalizadas de aprendizagem

Design de aprendizagem
O design de aprendizagem é importante para aqueles que desejam
projetos de ensino personalizados, com ou sem sistemas adaptativos,
porque fornece uma estrutura para o seu planejamento. Em geral,
possuem técnicas de elaboração muito semelhantes, pois consideram,
durante a elaboração das propostas didáticas (ou soluções de
aprendizagem, no jargão usado nessa área), o objetivo pedagógico a ser
atingido (performance desejada), a experiência e o conhecimento do aluno.
Estrutura – design de aprendizagem

Fonte: elaborada pelo autor.

Basicamente, o design de aprendizagem pode ser considerado um roteiro


para a elaboração de cursos que requerem uma predefinição de
sequências de ensino, e ele consiste em:

Diagnóstico
Permite analisar as características do aluno, o que ocorre pela definição de
indicadores de performance que se desejam alcançar, também usados para
orientar a avaliação inicial. Outros indicadores são definidos para obter as
características dos alunos. Nessa fase, é importante conhecer o que os
alunos pensam e sentem em relação ao projeto que estão envolvidos.
Definição do objetivo de aprendizagem
Definição das tarefas
Essa estrutura pode ser usada em cursos presenciais, semipresenciais
(ensino híbrido) ou puramente virtuais, em sistemas adaptativos ou não.

Plataforma adaptativa
A plataforma adaptativa surgiu para oferecer o conteúdo necessário para
cada aluno, mas eliminando aquilo que é desnecessário para ela. Assim,
possui uma oferta de conteúdos e informações muito mais flexível do que,
por exemplo, um livro didático ou um documentário em vídeo, cujos
conteúdos são fixos e iguais para todos os alunos. Logo, são sistemas
adaptativos, também conhecidos, que tornam possível a aprendizagem
adaptativa.

Quando os alunos entram em plataformas desse tipo, tudo aquilo que por
ele é feito, assim como a forma pela qual eles progridem nos cursos que
estão acessando, elas rastreiam e armazenam todas as informações,
permitindo identificar suas características. Essas características serão
usadas pela equipe do design da aprendizagem, para que ela possa
elaborar, propor e produzir as tarefas mais adequadas a eles em função de
suas necessidades e metas pedagógicas. Portanto, torna possível um
ensino personalizado ou a elaboração de uma rota personalizada de
aprendizagem.
Plataformas adaptativas e rotas personalizadas de aprendizagem

Fonte: elaborada pelo autor.

Big Data e a educação


Você certamente já percebeu que, após fazer uma consulta de preços de
algum objeto que pretende comprar, propagandas desse material e de
outros similares a ele começam a aparecer constantemente nas demais
pesquisas que faz. Provavelmente, também, já se inscreveu em programas
de fidelidade de uma determinada compra e recebeu promoções mais
adequadas ao seu perfil.
Como você também já sabe, isso tudo não é uma coincidência. Na verdade,
tratam-se de programas computacionais com uma extraordinária
capacidade de armazenamento e processamento, que permite o
relacionamento de um número quase imensurável de informações colhidas
a cada acesso ou envio de informações que você faz de seu computador ou
celular. Esse sistema constituído do programa e do banco de dados é
chamado de Big Data.
Atualmente, associado a sistemas de inteligência artificial, ele tem
permitido até mesmo analisar e prever o comportamento de uma pessoa
diante de uma determinada situação. Quando aplicado à educação, esse
sistema permite o cruzamento de informações sobre o aluno, suas
características e necessidades pedagógicas, e indica quais seriam as
melhores opções de tarefas ou sequências didáticas para que ele cumpra
um objetivo didático e até dar algum feedback sobre sua produção ou seu
desenvolvimento.

Para finalizarmos esta webaula, o livro “Letramento Digital”, que mostra a


necessidade de que todos os agentes do letramento, incluindo os
professores, estejam aptos a trabalhar com os recursos digitais, sobretudo
porque os alunos precisam também estar aptos, para que não se tornem
“excluídos digitais”, melhorando, assim, a qualidade social oferecida pelas
escolas.

COSCARELLI, C. V; RIBEIRO, A. E. Letramento digital: aspectos sociais e


possibilidades pedagógicas. São Paulo: Autêntica, 2017.

Inovação Educacional

Projetos educativos personalizados

Nesta webaula, o nosso objetivo de estudo é compreender o que é o UX, e,


também, os conceitos ligados aos gêneros textuais sendo digitais ou não.

User Experience (UX)


A experiência do usuário, ou user experience (UX), é uma expressão criada
por Donald Norman, em 1993, para revelar uma área que se preocupa em
melhorar cada vez mais a utilidade, a facilidade e o prazer na interação do
usuário com um produto ou serviço. Na linguagem usada na área, a UX
serve para tornar a experiência agradável. Ela pode ser compreendida
como uma área resultante do aprimoramento das técnicas de melhoria do
que há tempos é conhecido como o setor que busca melhorar o
atendimento ao cliente.

Conseguir a satisfação do cliente com o serviço ou o produto é uma forma


de agregar valor a ele, além de aumentar a fidelidade. Apesar de esse
conceito existir há muito tempo, a UX tem ganhado relevância graças ao
fato de que essas interações têm sido cada vez mais mediadas por meios
virtuais, facilmente acessados por celulares ou computadores, trazendo
uma grande volatilidade a elas. Essa volatilidade acontece porque, diante
de alguma insatisfação qualquer, basta um clique sobre um ícone para
interromper a interação.
As etapas de uso da UX podem ser descritas da seguinte forma:

Pesquisa
Identificar e descrever o problema que se deseja resolver após uma
detalhada análise do contexto em que ele está inserido.
Ideação
Definir alternativas para resolver o problema selecionado.
Prototipação
Desenvolver um modelo para a resolução do problema.
Validação
Verificar se o modelo desenvolvido é eficiente e eficaz a ponto de gerar uma
experiência agradável aos que se beneficiaram com a solução proposta.
Gênero textual
Para entender os conceitos ligados a um gênero textual, não importando se
é digital ou não, é importante ir além do conceito de texto. Faz-se
necessário entender os estilos e as retóricas, assim como as estruturas, que
podem variar de autor para autor.

De acordo com Swales (1990), para uma caracterização de gênero textual, é


necessário:

a. Reconhecer que gênero tem na linguagem sua categoria central, que


se constitui a partir de um conjunto de elementos comunicativos.

b. Esse conjunto de elementos comunicativos tem um propósito


específico em coerência com cada um desses elementos.

c. Há, portanto, diversos espectros de gêneros, que podem ser


agrupados em função de suas características semelhantes.

d. Cada agrupamento de gêneros tem seu contorno próprio em função


de seu conteúdo, estilo, estrutura, recursos semióticos e propósitos.
Para finalizarmos esta webaula, cabe ressaltar que quando se fala do
conceito de imagem, estamos projetando um vasto universo que contém
uma série de elementos, na qual incluímos o tempo real da vida cotidiana,
as pinturas e ilustrações abstratas e literais, a fotografia, o cinema, a
televisão, o meio onde estão inseridos os moldes da publicidade e da
propaganda, entre outros. Com o advento da internet, a acessibilidade de
câmeras audiovisuais e a criação de editores e aplicativos para os
computadores pessoais com maior capacidade de armazenamento,
criaram-se novas possibilidades de interação. O livro Poéticas, tecnologias e
multimídia, de Fábio Metzer, ajudará você a mergulhar nesse mundo.
Acesse-o pela Biblioteca Virtual.

METZER, F. Poéticas, tecnologias e multimídia. Londrina: Editora e


Distribuidora Educacional S.A., 2016.

Inovação Educacional –
Inovação, tecnologia e realidade
PESQUISE MAIS
POR DENTRO DA BNCC

A linguagem de programação é um conjunto de símbolos que, obedecendo a uma


sintaxe preestabelecida em função do hardware, descreve um conjunto de
procedimentos devidamente ordenados a serem executados pelo computador, com
a finalidade de cumprir uma tarefa ou um conjunto de tarefas.

A inteligência artificial é um recurso computacional que pretende emular a


inteligência humana, capaz de ler e processar símbolos e encontrar padrões de
regularidade com maior eficiência e celeridade que uma pessoa conseguiria fazer.
Desenvolve-se em uma área que busca encontrar métodos para automatizar o
cumprimento de tarefas que envolvem a percepção, a cognição e as ações.

A realidade virtual é um recurso que permite, em tempo real, a visualização, a


movimentação e a interação de uma pessoa em ambientes tridimensionais gerados
virtualmente com tecnologias digitais. Em geral, a visão é um dos sentidos mais
explorados por esse recurso, mas os outros também podem ser envolvidos no
processo. Esse recurso permite a imersão total ou parcial da pessoa nesse mundo
virtual.

A realidade aumentada é um recurso que, em tempo real e por meio de um recurso


digital, usa imagens, sons e textos para aumentar a quantidade de informações de
um determinado objeto. Esse recurso complementa o mundo real com informações
do mundo digital, podendo explorar os diversos sentidos.
Pensamento computacional é a habilidade cognitiva que permite resolver um
problema complexo e difícil por meio de um planejamento que permite transformá-
lo em um ou mais problemas menores, prevendo possíveis erros e prevenindo-os.
Está associado à capacidade de generalizar e abstrair para elaboração de modelos
que permitem uma melhor intepretação e simulação.

POR DENTRO DA BNCC A BNCC considera muito importante o uso das tecnologias na
educação, como mostram os seguintes excertos: As experiências das crianças em seu
contexto familiar, social e cultural, suas memórias, seu pertencimento a um grupo e
sua interação com as mais diversas tecnologias de informação e comunicação são
fontes que estimulam sua curiosidade e a formulação de perguntas. O estímulo ao
pensamento criativo, lógico e crítico, por meio da construção e do fortalecimento da
capacidade de fazer perguntas e de avaliar respostas, de argumentar, de interagir com
diversas produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação e
comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua compreensão de si mesmos, do
mundo natural e social, das relações dos seres humanos entre si e com a natureza.
(BRASIL, 2017, p. 56) Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão do
conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela ampliação
das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças,
considerando tanto seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam
aprender. Ampliam-se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os
interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com sistemas mais amplos, que
dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a
cultura, com as tecnologias e com o ambiente. (BRASIL, 2017, p. 57) PESQUISE MAIS
Superlogo: Na página do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED, 2000), da
Unicamp, você pode fazer o download gratuito do software SuperLogo, a fim de
desenvolver projetos que envolvem geometria e linguagem de programação. Nele
você encontrará muitas dicas de como usá-lo. Scratch: Acesse gratuitamente o
aplicativo web Scratch (2020), que permite a construção de uma história usando uma
linguagem de programação iconográfica. Nele você encontrará também muitas dicas
de como usá-lo. Inteligência Artificial: No livro Inteligência artificial, de Ruy F. Oliveira,
são apresentados alguns fundamentos da inteligência artificial necessários à resolução
de problemas por meio dessa tecnologia. OLIVEIRA, R. F. Intelig

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APRENDIZAGEM UBINGUA
E
Recursos_Educacionais_Digitais

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