Livro - Edu Martins
Livro - Edu Martins
Livro - Edu Martins
apresenta
EDU MARTINS
EDU MARTINS
Oficina de Choro
apresenta
EDU MARTINS
1ª edição
Vice-Governador
GIVALDO VIEIRA
Composições
Edu Martins
Revisão musical
Edu Martins, Alexandre Araújo
Impressão e Acabamento
DIO - DEPARTAMENTO DE IMPRENSA OFICIAL - ES
Catalogação na fonte
Biblioteca da Faculdade de Música do Espírito Santo
No ano de 2008 tivemos a oportunidade de dar início a um projeto acalentado por muitos anos. Inicia-
mos a Oficina de choro, depois de me transferir para Vitória nos inícios dos anos 90(século passado)
e estar embrenhado na questão do choro, desde sempre. Neste transcurso, foi de extrema importância
- do ponto de vista de sentir-me recebido numa nova realidade, da qual o sentimento de estrangeiro
foi-se aquietando - conhecer o Edu Martins, através do amigo César Távora (o ultra – super gaitista),
e então iniciamos as parcerias musicais, e que muitos anos depois desaguariam neste Songbook, ou
álbum de canções, que inclusive me parece uma maneira bem mais poética de se denominar este
livro. Voltando ao início da conversa, as circunstâncias que desde o início da oficina, onde alunos de
cursos diversos tiveram a oportunidade de participar, e, que, em minha nada modesta opinião, favo-
receram a ampliação, a compreensão do choro em nosso ambiente institucional. Hoje temos a grata
satisfação de perceber os clássicos do gênero perpassando pelas mais diversas formações instrumen-
tais, e, que neste ano de 2012 D.C. culminaram neste livro e no programa de choro Alma Brasileira,
programa que veicula informações relacionadas ao amplo universo do choro e suas conexões; e que
conexões seriam essas? Respondo brevemente, toda a música popular brasileira e grande parte da
música de concerto. Segue esta tradição a música de Edu Martins que reitero ser o clássico presente
a partir do momento desta publicação. Agora só um pouco do relato de como as coisas vivas se mani-
festam. Sim, vivíssimas, pulsantes e orgânicas. Esta realidade de concretizar uma idéia, como a deste
livro, iniciou- se numa destas tardes morosas e abafadas de verão. Um telefonema do amigo Edu
Martins, me retirando da pachorra da tarde e me solicitando conhecer algumas de suas composições
recentes. E, naquela preguiça de verão, respondi: Falou bicho, quando voltar a Vitória marcamos. E
assim foi. Só que as tais músicas estavam em número de, aproximadamente, apenas cento e cinqüen-
ta músicas... , extremamente bem construídas, de melodias complexas, mas extremamente palatáveis.
Seguiu-se a inevitável pergunta: estavam guardadas no colchão, meu caro??? Seguiram-se as etapas
de selecionar, inseri-las na Oficina de 2011 para verificar como soariam nas formações que viessem a
surgir, e, a partir daí, perceber quais instrumentos e em que músicas poderiam ser aproveitadas. Esta
idéia foi o que acabou determinando a escolha de apresentar os temas em três registros complemen-
tares: Claves de sol, em Si bemol e Mi bemol, visando a maior amplitude de execução destes. Nesta
altura do campeonato, foi de fundamental importância o apoio da FAMES, da qual ressaltamos o papel
do Sr. Diretor Edilson Barboza que encampou o projeto, assim como os colegas do departamento de
Marketing da instituição, que nos apontaram a direção a ser tomada, e, de maneira inequívoca, a par-
ticipação dos alunos da Oficina de 2011 que acataram satisfeitos a proposta de conhecer as estruturas
presentes na música de choro, sobre temas inéditos. Então nosso muito obrigado a esta geração de
jovens músicos pela sua sensibilidade e entusiasmo. Este trabalho é dedicado a eles.
Alexandre Araújo
Professor da Fames
Parte em C 07
Choro 08
Personalidade da Música (Maurício de Oliveira)
09
10
Personalidade da Música (Waldir Azevedo) 11
1Texto/Foto (Alexandre Araújo)
12
13
Redondo 1 14
Redondo 2
15
16
Sururu 1 17
Sururu 2
18
19
Serelepe 1 20
Serelepe 2
21
22
Choro a Vera 1 23
Choro a Vera 2 24
24
Texto gênero Tango Brasileiro 24
Personalidade da Música (Ernesto Nazareth) 24
24
Personalidade da Música (Chiquinha Gonzaga) 24
Texto/Foto (Alexandre Araújo) 24
24
Petisco 1 24
Petisco 2 24
24
Tolinho 1 24
Tolinho 2 32
32
Torta de Bacalhau 1 32
Torta de Bacalhau 2 32
32
Cafuné 1 32
Cafuné 2 23
23
Texto gênero Samba 23
Personalidade da Música (Donga) 23
23
Personalidade da Música (Noel Rosa) 23
Texto/Foto (Alexandre Araújo) 23
40- Beco do Rato 1
66- Petisco 1
67- Petisco 2
68- Tolinho 1
69- Tolinho 2
72- Cafuné 1
73- Cafuné 2
78- Sambora 1
79- Sambora 2
80- Trompete 1
81- Trompete 2
88- Redondo 1
89- Redondo 2
90- Sururu 1
91- Sururu 2
92- Serelepe 1
93- Serelepe 2
98- Petisco 1
99- Petisco 2
100- Tolinho 1
101- Tolinho 2
104- Cafuné 1
105- Cafuné 2
110- Sambora 1
111- Sambora 2
112- Trompete 1
113- Trompete 2
114- Madeira de Lei 1
115- Madeira de Lei 2
Parte em C
19 Oficina de Choro apresenta EDU MARTINS
Oficina de choro
Choro
Gênero de música urbana do Rio de Janeiro, que teve início por volta de 1870, cujos instrumentistas,
chamados de chorões, cedo conquistaram a cidade, através de suas longas serenatas, usando em
seus conjuntos, sobretudo flauta, clarinete, oficleide, bandolim, trombone, cavaquinho, violão e per-
cussão, com um repertório apoiado nas danças da época, de origem européia, como polcas, valsas,
sholtisches, etc. Com a nacionalização desses gêneros, começou a surgir o repertório próprio do cho-
ro, marcado, desde o início, pela improvisação e pela virtuosidade instrumental, mas também pelas
inflexões melancólicas que justificam o seu nome. Sua modulação sempre foi curiosa, passando de
um tom maior a menor e vice-versa, sem canto; algum tempo depois começaram a aparecer as letras
para os choros, divididos em duas partes apenas. Aparentados a outras formas, como o maxixe, o
samba e o tango brasileiro, todas elas formas binárias de ritmo sincopado, nada têm em comum com
os choros de Vila Lobos, que preferiu dar as suas peças monumentais, as denominações brasileiras
e não as européias.
Oficina de Choro apresenta EDU MARTINS 20 21 Oficina de Choro apresenta EDU MARTINS
O compositor, arranjador e violonista Maurício de Oliveira (19-07-1925, 01-09-2009, Vitória), filho de Nasceu no Rio de Janeiro, no bairro Piedade, em 27-01-1923 e faleceu em São Paulo, em 20-09-
pescador, passou a infância na Praia do Suá, começando a aprender violão com José, seu irmão mais 1980. Músico compositor brasileiro, mestre do cavaquinho, foi um pioneiro que retirou seu instrumento
velho, que o levou, aos 14 anos, para tocar violão e cavaquinho, na Rádio Clube do Espírito Santo, do papel de acompanhante no choro e o colocou em destaque como instrumento de solo, explorando,
conhecida como “A Voz de Canaã”, mais tarde Rádio Espírito Santo. Considerado mestre de vários de forma inédita, as potencialidades do instrumento, sendo, assim, considerado um marco na histó-
chorões da cidade de Vitória, recebeu um prêmio da Fundação Cultural do Espírito Santo, por sua con- ria da execução do cavaquinho. Em 1933, aos dez anos de idade, apresentou-se em público, pela
tribuição ao desenvolvimento da música capixaba. Em 1955, em Varsóvia, conquistou o segundo lugar primeira vez, como flautista, tocando “Trem Blindado”, de João de Barro, no Jardim do Méier. Além
no “Festival Internacional de Violão”. No ano de 1964, no Rio de Janeiro, recebeu, no Teatro Munici- de flauta, tocou, também, bandolim, cavaquinho e violão. Iniciou a carreira artística em 1940, quando
pal, o “Troféu Euterpe”, apontado pelo jornal “O Correio da Manhã”, como o “Melhor Solista Popular”. montou um conjunto regional e passou a se apresentar em programas de calouros, na Rádio Cruzeiro
Além disso, ganhou o prêmio “Troféu Villa-Lobos”, pela interpretação da obra violonística do maestro do Sul e na Rádio Guanabara, onde recebeu nota máxima pela interpretação, como violonista, do
Villa-Lobos. Professor de violão e diretor da Escola de Música do Espírito Santo, foi considerado uma choro “Camburá”, de Pascoal de Barros, sendo contratado, em seguida. Em 1943, passou a atuar,
das grandes personalidades musicais do Estado. Em 2006, foi exibido o curta-metragem “O Pescador profissionalmente, no conjunto regional de César Moreno. Em 1945, ocupou a vaga de cavaquinista no
de Sons”, sobre sua vida e obra, dirigido por Cloves Mendes. Após seu falecimento, a Faculdade de regional de Dilermando Reis, em um programa da Rádio Clube do Brasil. No final da década de 40,
Música do Espírito Santo passou a se chamar Faculdade de Música do Espírito Santo “Maurício de compôs o choro “Brasileirinho”, um dos clássicos da música brasileira, gravado, com letra de Pereira
Oliveira” (FAMES Maurício de Oliveira). Neste mesmo ano, também foi instituído que “O Dia do Músico Costa, pela cantora Ademilde Fonseca, e incluído, também, no seu primeiro disco, com seu regional,
em Vitória”, passou a ser 19 de julho, data de seu nascimento. Foi criada uma comenda de “Mérito” gravado pela Continental, onde, em 1950, gravou, também, o seu primeiro disco solo. No mesmo pe-
pela Assembléia Legislativa do Espírito Santo, com o nome – “Comenda Maurício de Oliveira”, dirigida ríodo, registrou, com seu regional, o baião “Delicado”, outro clássico da música brasileira, tornando-se
a personalidades importantes nas artes do Estado, entregue no “Dia do Músico”, sendo ele, o primeiro um recordista de vendagens e entrando para o hit parade da revista americana Cash Box, como uma
a receber, “In Memoriam”, a comenda. das composições mais vendidas em todos os tempos. A partir daí, até 1967, gravou quase todos os
anos, e, de 1976 a 1979, passou a gravar anualmente. Em 1955, excursionou pela América do Sul,
pela Europa e, com o multiinstrumentista Poly, pelo Oriente Médio, com o qual gravou o LP “Dois
Bicudos não se Beijam”. Gravou músicas principalmente no Japão, na Alemanha e Estados Unidos,
onde o baião “Delicado” foi gravado por Percy Faith e sua orquestra, vendendo mais de um milhão
de cópias. Participou de um programa na BBC de Londres, na Inglaterra, transmitido para 52 países.
Gravou 38 discos na Continental, deixou mais de 70 obras de sua autoria e mais de 200 músicas,
incluindo composições de grandes músicos, como: Pixinguinha, Dilermando Reis, Benedito Lacerda,
Ernesto Nazareth, Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga, Ary Barroso, Tom Jobim, Vinícius de Moraes,
Bach e Gounod e muitos outros, destacando, também, o trabalho dos parceiros, como: Risadinha do
Pandeiro e Jorge Santos. Em 1999, foi homenageado pelo cinqüentenário de seu choro “Brasileirinho”,
com o lançamento de um songbook com sua obra, lançado pela Todamérica e com um show no Rio
de Janeiro, com Henrique Cazes, Omar Cavalheiro, Marcelo Gonçalves e Beto Cazes. Em 2000, foi
lançada sua biografia assinada pelos jornalistas Sergio Cabral e Eulícia Esteves. Em 2003 e 2004, o
choro “Brasileirinho” foi executado durante as apresentações da ginasta Daiane dos Santos, inclusive,
na Olimpíada de Atenas, Grécia. Outras obras: os choros “Pedacinhos do Céu”, “Vê se Gostas”; os
sambas “Amigos do Samba” e “Para Dançar”; as valsas “Chiquita” e “Você, Carinho e Amor”; o frevo
“Cachopa no Frevo” etc.
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A dança Tango, considerada de origem argentina, alcançou os salões europeus antes da Primeira Nascido no Rio de Janeiro (1863-1934), compositor e pianista brasileiro, fortemente influenciado pela
Guerra Mundial, mantendo a popularidade até o final da Segunda Grande Guerra. Na Argentina, é música de Chopin que estudou com os professores Eduardo Madeira e Lucien Lambert, em grande
música característica de Buenos Aires, com seu ritmo binário inconfundível: colcheia pontuada e semi- parte autodidata, tornou-se um profissional de piano e, em determinada fase, passou a dar aulas des-
colcheia e duas colcheias. No Brasil, porém, ele tomou um caminho bem diferente do tango argentino, se instrumento a particulares. Nos últimos anos, aparece como figura essencial de nossa música, de
transformando-se no resultado da combinação do ritmo habanera e o andamento da polca, ou, às genialidade reconhecida. Restrito, por muito tempo, à categoria de músico popular, foi redescoberto
vezes, do maxixe. Na história de nossa música, é o Tango Brejeiro (1893), de Ernesto Nazareth, um pelo grande público e por compositores, como: Francisco Mignone e Radamés Gnatalli que passaram
dos muitos exemplos característicos desse gênero importante de nossa música. a executá-lo e a enfatizar sua importância como cristalizador de um “estilo brasileiro” que é anterior,
cronologicamente, a grande síntese de Villa-Lobos. Segundo o crítico Eurico Nogueira França, deixou,
“em estilo pessoal, melodias ao mesmo tempo picantes e dotadas de força lírica, harmonias coloridas e
modulações sempre felizes”. Para Mário de Andrade, Ernesto Nazareth é “o fixador do maxixe”, e, para
Brasílio Itiberê, é “o expoente máximo da música brasileira e um autêntico precursor da nossa música
erudita”. Sua primeira composição, a polca “Você bem Sabe”, foi publicada, em 1877, por Artur Na-
poleão. Compôs quase duzentas e vinte composições, incluindo tangos brasileiros, quadrilhas, polcas,
valsas, choros etc. Como pianista de cinema, realizou expressiva fusão entre gêneros originalmente
europeus e a abundante musicalidade do Rio de Janeiro, em uma obra essencialmente pianística,
onde tanto se utiliza da síncope brasileira, como de atmosferas e inflexões melódicas que revelam seu
minucioso conhecimento da tradição Chopiniana. Em 1879, escreveu “Cruz, Perigo!”, considerado, por
alguns estudiosos, o seu primeiro tango brasileiro. Em 1893, teve editado, pela casa Vieira Machado,
o seu famoso “Brejeiro”, de imediato sucesso, que daria a Ernani Braga a matéria musical de suas
“Variações sobre o Brejeiro”. O primeiro concerto do pianista Ernesto Nazareth teve lugar no salão
nobre da Intendência da Guerra, com Ernani Braga, no segundo piano. Trabalhou como pianista da
casa Gomes (1921 em diante), no cinema Odeon (1920 a 1924). Em 1922, a convite de Luciano
Gallet, apresentou, no Instituto Nacional de Música, quatro dos seus tangos brasileiros mais famosos:
“Brejeiro”, “Nenê”, “Bambino” e “Turuna”. Foi um dos primeiros artistas da Rádio Sociedade do Rio
de Janeiro, fundada por Roquete Pinto. Em 1932, no Estúdio Nicholas, deu, pela primeira vez, um
recital só de músicas suas. Outras obras: “Apanhei-te, Cavaquinho”, “Atrevido”, “Escovado”, “Odeon”,
“Travesso”, “Ouro sobre Azul”, “Elegantíssima”, “Ameno Resedá”, “Ton-Ton”, “Epomina”, “Turbilhão de
Beijos” e muitas outras.
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Personalidade da Música
Chiquinha Gonzaga
Francisca Edwiges Neves Gonzaga, compositora e pianista (Rio de Janeiro 1847-1935), é conside-
rada o maior vulto feminino da música brasileira. Filha do militar José Basileu Neves Gonzaga e da
mulata Maria de Lima, aos 9 anos, ganhou um piano e aos 11 já escrevia sua primeira composição,
a “Canção dos Pastores”. Para sustentar os filhos, deu aulas de piano e graças ao auxílio do flautista
Silva Calado que a introduziu nas rodas dos chorões, conseguiu participar de conjuntos orquestrais
que animavam as festas da época. Logo a seguir, compunha a polca “Atraente”, de enorme sucesso.
Aperfeiçoou seus estudos de piano com Artur Napoleão, tocando com ele em vários concertos. Por
esse tempo, começou a manifestar interesse pelo teatro. Musicou, então, um libreto de Artur Azevedo,
“Viagem ao Parnaso”, recusado pelos diretores teatrais da época. Chiquinha não desanimou, escreveu
e musicou em 1883, uma peça em um ato, “Festa de São João”. Somente em 1885, conseguiu romper
a barreira da época, musicando, a convite de Palhares Ribeiro, “A Corte na Roça”. Ficou famoso dessa
peça o cateretê “Menina Faceira”. A relação de suas obras é vasta, incluindo oitenta e sete partituras
de peças teatrais, entre operetas, burletas e revistas, cinco das quais ficaram inéditas, e cerca de duas
mil composições (polcas, choros, canções, modinhas). Em 1885, apresentou-se regendo uma Banda
da Polícia Militar. Participou ativamente da campanha abolicionista, vendendo partituras, de porta em
porta, para angariar fundos; com o dinheiro da venda da partitura de sua música “Caramuru”, Chiqui-
nha Gonzaga comprou, em 1888, a alforria do escravo e músico José Flauta, tendo, também, lutado
pela implantação da República. Em 1897, compôs o famoso “Corta-Jaca” (“Gaúcho”) e, em 1899,
quando procurada por uma comissão do cordão “Rosa de Ouro”, escreveu o famoso “Abre Alas”. Em
1902, visitou a Europa, tornando-se mais tarde muito querida do público português. Musicou, então,
vários libretos para peças portuguesas (“As Três Graças”, “A Bota do Diabo”). Em 1911, compôs a
modinha “Lua Branca”, conquistando novos triunfos, em 1915, com “Sertaneja”, peça de Viriato Correa,
por ela musicada. Participou da fundação da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), em
1917. Seu último trabalho teatral (música para “Maria”, peça de Viriato Correa) data de 1933.
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Samba Donga
Cada uma das danças nacionais derivadas do batuque africano. Essas danças foram trazidas de Ernesto Joaquim Maria dos Santos nasceu em 05-04-1889, no Rio de Janeiro, e faleceu em 25-09-
Angola e do Congo para a América, e distinguem-se, umas das outras, na sua movimentação, como 1974, também no Rio de Janeiro. Passou a infância entre ex-escravos e negros baianos. Aprendeu
dança de umbigo, dança de pares, dança de roda e dança em fileiras. o jongo, o afoxé e outras danças. Começou a tocar cavaquinho de ouvido e passou para o violão
nas aulas do grande Quincas Laranjeiras. Iniciou-se, na composição, com “Olhar de Santa” e “Teus
O samba tornou-se gradualmente urbano no final do século XIX, e já tinha como marca registrada: Olhos Dizem Tudo” (que mais tarde receberam as letras do jornalista David Nasser). Participava das
o compasso binário e os ritmos altamente sincopados. São encontradas variantes do samba por todo reuniões na casa da lendária Tia Ciata, junto com João da Baiana e Pixinguinha. Em 1917, gravou o
o Brasil. No Rio de Janeiro, surgiu a forma musical padronizada, por volta da década de 1920, cujo primeiro disco de samba da história: “Pelo Telefone”, registrado em nome de Donga e Mário de Al-
primeiro exemplo histórico foi o samba “Telefone” de Ernesto dos Santos (Donga). Várias formas de meida. Em 1919, ao lado de Pixinguinha e outros seis músicos, integrou o grupo Os Oito Batutas, que
samba foram desenvolvidas, como: o samba de breque, o samba de partido alto, o samba canção, o excursionou pela Europa, em 1922. Da França, Donga traz um violão-banjo e, em 1926, integra o gru-
samba choro, o samba funk, o samba reggae e o samba enredo. A partir de 1958, o movimento de- po Carlito Jazz, para acompanhar a companhia Francesa de revistas Bata-Clan, que se apresentava
nominado bossa nova, trazendo profundas modificações pela influência do jazz, marcou o afastamento no Rio de Janeiro. Com esse conjunto, viaja outra vez para a Europa. Volta em 1928, quando forma
do samba de suas origens populares. a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que gravou, para o selo Parlophon, nos anos 20 e 30. Neste
mesmo período, participa de duas outras bandas: Guarda Velha e Diabos do Céu, ambas formadas por
Pixinguinha, para gravações. Em 1940, a bordo do navio Uruguai, Donga gravou nove composições
(entre sambas, toadas, macumbas e lundus) do disco “Native Braziliam Music”, organizado por dois
maestros: o norte-americano Stokowski e o brasileiro Heitor Villa-Lobos, lançado nos Estados Uni-
dos pela Columbia. No final da década de 1950, voltou a se apresentar com o grupo Velha Guarda,
em shows produzidos por Almirante. As criações mais conhecidas de Donga são: “Passarinho Bateu
Asas”, “Bambo-Bamba”, “Cantiga de Festa”, “Macumba de Oxossi”, “Macumba de Iansã”, “Seu Mané
Luís” e “Ranchinho Desfeito”.
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Personalidade da Música
Noel Rosa
Noel de Medeiros Rosa (Rio de Janeiro 11-12 1910, Rio de Janeiro 04-05-1937), filho do comercian-
te Manuel Garcia de Medeiros Rosa e da professora Martha de Medeiros Rosa, foi sambista, cantor,
compositor, bandolinista, violonista brasileiro e um dos maiores e mais importantes artistas da música
do Brasil. Criado no bairro carioca de Vila Isabel, Noel, de família de classe média, aprendeu, ainda
adolescente, a tocar bandolim de ouvido e tomou gosto pela música, passando logo ao violão e cedo
tornou-se figura conhecida da boemia carioca. Entrou para a Faculdade de Medicina, mas logo o pro-
jeto de estudar mostrou-se pouco atraente diante da vida de artista, em meio ao samba e noitadas
regadas à cerveja. Colaborou para transformar o bairro de Vila Isabel em ponto-chave no mapa do
samba brasileiro. Criou fama de bom violonista e, em 1929, foi chamado para integrar o Bando dos
Tangarás, ao lado de João de Barro, Almirante, Alvinho e Henrique Brito. Suas primeiras composições
foram gravadas por ele mesmo em 1930: “Minha Viola” e “Festa no Céu”. Desde cedo Noel mostrou
grande aptidão para o humor, para o relato do cotidiano urbano, do amor nem sempre idílico, da re-
alidade nua e crua e, dependendo do ponto de vista, muito engraçada. Exemplos de seu bom humor
são: “Coração” (samba “anatômico”, lembranças do curso de medicina), “Mulher Indigesta”, “Com
que Roupa?”, “Tarzan, o Filho do Alfaiate” (com Vadico), “Gago Apaixonado”, “Cem mil réis” (com
Vadico) e muitas outras. Já sua faceta cronista do Rio de Janeiro, dos anos 20, 30, se revela em
“Conversa de Botequim” (com Vadico), “Coisas Nossas”, “O Orvalho Vem Caindo” (com kid Pepe), “O
X do Problema”, “Três Apitos”. Noel vendeu alguns sambas a cantores e teve outros gravados, sendo
conhecido no rádio. Mário Reis, Francisco Alves e principalmente Aracy de Almeida foram alguns dos
intérpretes mais notórios de seus sambas. Com Mário Reis, chegou a excursionar pelo sul do país,
atuando como violonista. No ano de 1933, depois de gravar sucessos como: “Até Amanhã”, “Fita
Amarela” e “Onde Está a Honestidade”, aconteceu o primeiro “round” de seu desentendimento com o
sambista Wilson Batista. Da rixa saíram as músicas: “Lenço no Pescoço”(Wilson), “Rapaz Folgado”
(Noel), “Mocinho da Vila” (Wilson). O segundo “round” deu-se em 1934, com “Feitiço da Vila” (Noel),
“Conversa Fiada” (Wilson), “Palpite Infeliz” (Noel) e “Frankenstein da Vila” (Wilson). Nesse mesmo
ano, de 1934, casou-se com Lindaura, apesar de sua notória paixão pela dançarina de cabaré Ceci,
para quem compôs suas músicas mais líricas, como: “Ultimo Desejo”, “Dama do Cabaré”, “Pra que
Mentir” (com Vadico) e “Quantos Beijos” (com Vadico).
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Sob a influência do jazz e do bebop que se caracterizavam pela improvisação do solo, surgiu, a partir Filho de Jorge Jobim e Nilza Brasileiro de Almeida, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio
de 1958, um movimento na música brasileira, sobretudo entre músicos da classe média, que revolu- de Janeiro 25-01-1927, New York 08-12-1994) é um dos nomes que melhor representam a música
cionou a nossa música, trazendo grande renovação harmônica, melódica e rítmica, tendo os versos de brasileira na segunda metade do século XX. Pianista, compositor, cantor, arranjador, violonista, é pra-
Desafinado (música de Tom Jobim e Newton Mendonça), na batida do violão de João Gilberto, trans- ticamente, uma unanimidade, quando se pensa em inovação, qualidade e sofisticação musical. Apren-
formado-se no hino do movimento, ocasião em que predominavam os boleros e os samba-canções. deu a tocar violão e piano, tendo aulas, entre outros, com o professor alemão Koelireuter, introdutor da
técnica dodecafônica no Brasil. Em 1952, foi contratado como arranjador pela gravadora Continental.
João Gilberto era o menestrel desse canto intimista e bem trabalhado, fora dos padrões da época. Seu primeiro sucesso – “Tereza da Praia”, em parceria com Billy Blanco, foi gravado por Lucio Alves e
Tom Jobim e Vinicius de Moraes encabeçavam a linha de frente, ao lado de Johnny Alf, Dick Farney, Dick Farney, pela Continental, em 1954. Dois anos depois, musicou a peça “Orfeu da Conceição”, com
Lúcio Alves e Garoto. Mas foram alguns universitários que carregavam a bandeira do movimento. Em Vinicius de Moraes, que se tornou um de seus parceiros mais constantes. Dessa peça, fez bastante
1959, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, os irmãos Castro Neves, Carlos Lyra e Silvi- sucesso a música “Se Todos Fossem Iguais a Você”. Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da
nha Telles juntaram-se aos mestres no lançamento do Festival de Samba Moderno, na Faculdade de bossa nova, com o disco “Canção do Amor Demais” (1958) de composições em parceria com Vinicius
Arquitetura do Rio de Janeiro. de Moraes, cantadas por Elizeth Cardoso e acompanhadas pelo violão de João Gilberto e orquestra,
incluindo: “Chega de Saudade”, “Canção do Amor Demais” e “Eu Não Existo Sem Você”, entre outras.
O movimento cresceu com a viagem, em novembro de 1962, de um grupo de compositores, músicos
No ano seguinte, o LP Chega de Saudade de João Gilberto, com arranjos e direção musical de Tom,
e cantores aos EUA para se apresentar no Carnegie Hall, em New York. Garota de Ipanema, de Tom
consolidou os rumos que a música brasileira tomaria dali para frente. Ainda em 1959, compôs, com
Jobim e Vinicius de Moraes, foi praticamente incorporada ao repertório da música pop americana. No
Vinicius, um de seus maiores sucessos, possivelmente, o mais executado no exterior – “A Garota de
começo da repressão política, depois de 1964, a bossa nova serviu de instrumento na resistência dos
Ipanema”. Em 1962, Tom foi um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em New
intelectuais brasileiros.
York. Nessa mesma época, gravou um grande número de clássicos brasileiros de sua autoria, alguns
Assim, a bossa nova, após receber adesão de vários músicos renomados, como Chico Buarque, con- em parceria com Vinicius de Moraes e Aloysio de Oliveira: “Samba do Avião”, “Só Danço Samba”, “Ela
tinuou renovando-se e permanece até hoje sendo muito apreciada pelo público. é Carioca”, “Inútil Paisagem”, “Vivo Sonhando”. Nos Estados Unidos, gravou os discos: The Composer
of Desafinado Plays (1965) e Francis Albert Sinatra e Antonio Carlos Jobim (1967) com as versões:
“The Girl From Ipanema”, How Insensitive”, entre outras. No final dos anos 60, depois de lançar o
disco Wave, ganhou, no Brasil, em parceria com Chico Buarque, o III Festival Internacional da Canção,
da TV Globo, com a música “Sabiá”. Sob a influência de Villa-Lobos e Debussy, entre outros, compôs
músicas ligando a harmonia do jazz (“Stone Flower”) e os elementos brasileiros (“Matita Perê” e “Uru-
bu”), o que marcou, em 1970, a aliança da sofisticação harmônica e sua qualidade de letrista. Nessa
mesma época, gravou, também, com outros artistas, como: Elis Regina, Miúcha e Edu Lobo. Fazem
parte dos seus mais de 50 discos os grandes clássicos: “Passaim”, “Luiza”, “Fotografia”, “Triste”, “Fa-
lando de Amor”, “Ligia”, “Este seu Olhar”, “Borzeguim”, “Bebel”, “Chansong”, “Gabriela” etc., além de
outros clássicos em parceria com Newton Mendonça (“Samba de uma Nota Só”, “Discussão”), Dolores
Duran (“Se é Por Falta de Adeus”, “Por Causa de Você”) etc.
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Personalidade da Música
Nara Leão
Nara Lofego Leão Diegues (Vitória 19-01-1942, Rio de Janeiro 07-06-1989), filha caçula do casal
capixaba Jairo Leão e Altína Lofego, mudou-se para o Rio de Janeiro aos dois anos de idade. Na
adolescência, começou a ter aulas de violão com Solon Ayala e Patrício Teixeira. Segundo alguns
críticos, em reuniões de música de seu apartamento, em Copacabana, nasceu a bossa nova. No final
dos anos 50, trabalhava como repórter em um jornal e participava de shows de bossa nova, cantando
e acompanhando-se ao violão. Em 1963, estreou profissionalmente no musical “Pobre Menina Rica”,
de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra. No ano seguinte, gravou seu primeiro LP – “Nara”, que incluía,
além de bossa nova, sambas de diversos compositores. Ao final de 1964, participou, ao lado de Zé
Kéti e João do Vale, do espetáculo Opinião, um dos mais importantes do período. Em 1965, lança a
estrela Maria Bethânia, que a substituiu, no espetáculo, a seu convite, sendo, também, responsável
pelo resgate de autores como João do Vale e Zé Kéti. Em 1966, foi a intérprete de “A Banda” de Chico
Buarque, que dividiu o primeiro prêmio do Festival da TV Record, com “Disparada”, interpretada por
Jair Rodrigues. Dois anos depois, integrou o movimento tropicalista participando do emblemático disco
Tropicália ou Panis et Circensis. Nos anos seguintes, passou uma temporada na França, onde reatou
laços com a bossa nova, gravando dois LPs. Participou de vários shows sozinha e ao lado de outros
artistas, gravando até mesmo no Japão. Cantora com visão de produtora, Nara Lançou vários compo-
sitores e inúmeras músicas ganharam fama em sua voz como: “Pedro Pedreiro”, “Olê Olá” (ambas de
Chico Buarque), “Maria Moita” (Carlos Lyra e Vinicius), “Corisco” (Sergio Ricardo e Glauber Rocha),
“Esse Mundo é Meu” (Sergio Ricardo), “Maria Joana”, “Pede Passagem” (Sidney Miller), “Recado”
(Casquinha e Paulinho da Viola), “Coisas do Mundo, Minha Nega” (Paulinho da Viola), “João e Maria”
(Sivuca e Chico Buarque), “Com Açúcar, com Afeto” (Chico Buarque), “Apanhei-te Cavaquinho” (Er-
nesto Nazareth e Nara Leão), além de praticamente todos os clássicos da bossa nova. Outras obras:
“É Tão Triste Dizer Adeus” e “Promessas de Você” do disco Depois do Carnaval de Carlos Lyra, “Diz
que Fui por Aí” (Zé Kéti e Hortênsio Rocha), “Luz Negra” (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso),
“O Sol Nascerá” (Cartola e Elton Medeiros), “Opinião” e “Ascender as Velas” (Zé Kéti), “Sina de Ca-
boclo” (João do Vale) e “Chegança” (Edu Lobo e Vianinha).
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Alfredo da Rocha Viana Jr., (Rio de Janeiro 1898-1973), compositor e instrumentista brasileiro, filho Jacob Pick Bittencourt (Rio de Janeiro 14-02-1918, Rio de Janeiro 13-08-1969) músico compositor e
de Alfredo da Rocha Vianna e Raimunda da Rocha Vianna, começou a tocar cavaquinho aos 9 anos bandolinista brasileiro do choro, filho do capixaba Francisco Gomes Bittencourt e da polonesa Raquel
de idade e estreou como músico profissional aos 14 anos. É de 1915, a sua primeira gravação, um Pick, morou, durante a infância, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Maior referência brasileira no
tango brasileiro: “São João debaixo d’Água” e as primeiras orquestrações para cinemas, teatros, circos instrumento que virou parte de seu nome, Jacob alçou o bandolim a um lugar de honra na música
etc. Cultivou os mais variados gêneros, mas é especialmente lembrado por sua contribuição ao choro, brasileira. Esse trabalho vinha sendo desenvolvido por outros instrumentistas, como Luperce Miranda,
caracterizada por riquíssima invenção melódica e por uma ciência da composição que chega a trans- mas foi Jacob quem colocou, definitivamente, o bandolim como instrumento solista por excelência.
cender o gênero em seu uso eventual do contraponto. Foi aluno dos padres beneditinos e iniciou-se Figura rígida e disciplinada, tanto na personalidade quanto na música, pesquisou e resgatou parte do
na flauta com o pai, tornando-se virtuose no instrumento, trocando-a, definitivamente, pelo sax-tenor, repertório tradicional do choro, repertório este que passou a incluir várias de suas composições, como:
anos depois. Professor de música e canto orfeônico, considerado um dos maiores compositores brasi- “Noites Cariocas”, “Receita de Samba”, “A ginga do Mané”, “Doce de Coco”, “Assanhado”, “Treme-
leiros de todos os tempos, atuou também como orquestrador e arranjador. Integrou grupos de choro, -Treme”, “Vibrações” e “O Vôo da Mosca”. Depois de montar o grupo Jacob e sua Gente, integrar o
organizou o conjunto Oito Batutas que excursionou à Europa, em 1922, onde se apresentou em um Conjunto da Rádio Ipanema e o Regional de César Faria e de participar de gravações históricas, como
Dancing de Paris, seguindo-se as viagens à América do Sul. Em 1928, foi organizada a Orquestra a de Ataulfo Alves para “Ai que Saudade da Amélia” (Ataulfo, Mário Lago) e a de Nelson Gonçalves
Típica Pixinguinha-Donga que gravou vários discos. Compôs choros, sambas, valsas, marchas, pol- para “Marina” (Dorival Caymmi), gravou, em 1947, o primeiro disco solo, seguido por outros dois, nos
cas, tangos, maxixes etc. Alguns de seus arranjos foram gravados por Carmem Miranda, Francisco anos seguintes, pela Continental. Na década de 50, transferiu-se para a Victor, onde gravou seis LPs.
Alves, Mário Reis etc. Em 1937, foi feita a primeira gravação de uma de suas peças mais conhecidas: Montou o conjunto “Época de Ouro”, em 1966, com grandes nomes do choro, como: Dino Sete Cor-
“Carinhoso”, escrita em 1924 e que recebeu letra de João de Barro. Gravou, em dueto com Benedito das, Cesar Faria, Jonas, Carlinhos, Gilberto e Jorginho. Alcançando expressiva popularidade, Jacob
Lacerda, alguns discos memoráveis: “1x0”, “Sofres porque Queres”, “O Gato e o Canário”, “Sedutor” e Época de Ouro ajudaram a divulgar o choro tradicional, por meio de shows e LPs, como o consa-
etc. Compôs o samba “Ai Eu Queria!”, com letra de Vidraça, a valsa “Página de Dor”, em parceria com grado “Vibrações” (1967). Uma das últimas apresentações de Jacob, um show com Elizeth Cardoso
Cândido das Neves. Outras obras: “Rosa”, “Mentirosa”, “Por Quem Sofres?”, “Nostalgia ao Luar”, “Alma e o Zimbo Trio, em 1968, foi gravado e lançado em LP duplo. Outras antologias foram produzidas,
que Sofre”, os sambas: “Pé de Mulata”, “Mulher Boêmia”, “Teus Ciúmes”. De 1929, são os choros: da mesma forma, exclusivamente para o mercado externo, onde a arte de Jacob é muito apreciada.
“Vem Cá! Não Vou!” e “Urubatã”. De 1930, a canção “Rancho Abandonado”. Em 1954, é reorganiza- Seu filho, o compositor Sergio Bittencourt, homenageou-o no samba “Naquela Mesa”, sucesso na voz
da a Velha Guarda, integrada por Pixinguinha, João da Baiana, Donga, Alfredinho e outros. No início de Elizeth Cardoso, cantora que ele descobriu. Em 1997, a professora Ermelinda Paz lançou o livro
de 1957, formou uma orquestra de estúdio que gravou uma série de álbuns. Em 1962, escreveu as “Jacob do Bandolim”, pela editora Funarte.
músicas para o filme “Sol sobre a Lama” com letras de Vinícius de Moraes.
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João Teixeira Guimarães (Jatobá, atual Petrolândia, 02 de novembro de 1883, Rio de Janeiro 16 de Aníbal Augusto Sardinha nasceu em 28 de junho de 1915, em São Paulo, e faleceu em 03 de maio
outubro de 1947) compositor e violonista brasileiro, filho de índia caeté e de português, com o fale- de 1955. Filho de Antonio Augusto Sardinha e Adosinda dos Anjos Sardinha, considerado um dos
cimento do pai, em 1891, sua família transferiu-se para Recife, onde, ainda na infância, começou a mais expressivos nomes do violão brasileiro, cuja influência se faz sentir até hoje. Aos 11 anos, come-
tocar viola, por influência dos cantadores e violeiros locais e violão, com cantadores sertanejos, como: çou a tocar banjo por conta própria, fez um teste para a rádio com o violonista Serelepe, com o qual
Bem-te-vi, Mandapolão, Manoel Cabeceira, Sinfrônio, Fabião das Queimadas e Cirino Guajurana. Em gravou um compacto de banjo e violão. A partir, de então, integrou diversos conjuntos instrumentais
1902, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde teve contato com violonistas populares. Para os seus e orquestras, tocando, além de banjo, cavaquinho e bandolim. Em meado dos anos 30, mudou seu
amigos e admiradores, em número sempre crescente, contava e cantava coisas de sua terra, daí o nome artístico de “Moleque do Banjo”, para “Garoto”. Tocou em cassinos, em São Paulo, Rio Grande
apelido de João Pernambuco. Já em 1908, era considerado um dos bambas do choro, ao lado de no- do Sul e Argentina, onde acompanhou Carlos Gardel. Por essa época, já compunha e gravou algumas
mes, como: Quincas Laranjeiras, Ernani Figueiredo, Zé Cavaquinho e Satyro Billar. Compunha músicas músicas suas, em que solava também com violão tenor e guitarra havaiana, além de violão tradicional.
de inspiração nordestina, baseadas em cantigas folclóricas; é o caso do hino “Luar do Sertão”, seu Por volta de 1939, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a tocar com o violonista Laurindo de
maior sucesso, composto em 1911, em parceria com Catulo da Paixão Cearense. Pixinguinha certifi- Almeida. Em seguida, participou do Bando da Lua, que acompanhava Carmem Miranda e excursionou
cou, em sua entrevista no Museu da Imagem e do Som, que ele ouviu João Pernambuco tocá-la antes aos Estados Unidos, onde ganhou o título de “O Homem dos Dedos de Ouro”. De volta ao Brasil, nos
de Catulo colocar a letra. João e Catulo apresentavam-se juntos em reuniões da classe alta carioca, anos 40, foi contratado pela Rádio Nacional, onde trabalhou, por vários anos, como acompanhante
onde cantava bem e tocava com maestria tanto violão, quanto viola. Além do choro, desenvolveu um e solista. Gravou discos em parceria com a pianista Carolina Cardoso de Meneses e compôs muitas
trabalho com canções regionais, através de composições suas e de violeiros e cantadores nordestinos. peças que entraram para o repertório fundamental do violão brasileiro. Sua harmonização rica, de
Compôs mais de cem músicas entre choros, valsas, jongos, maxixes, emboladas, toadas, cocos, pre- obras-primas como “Duas Contas”, o credenciaram como antecessor da bossa nova. Em 1953, solou,
lúdios e estudos. Em 1916, montou a Trupe Sertaneja, com a qual se apresentou em São Paulo, Rio no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o Concerto número 2 para Violão e Orquestra, de Radamés
de Janeiro e Porto Alegre. Participou dos Turunas Pernambucanos e dos Oito Batutas, entre 1919 a Gnattali. Seu maior êxito, em vida, foi o dobrado “São Paulo Quatrocentão”, escrito em parceria com
1922, ao lado de Pixinguinha, que mais tarde alcançaria fama ao excursionar pela Europa. Algumas de Chiquinho do Acordeom, para o Quarteto Centenário de São Paulo, que vendeu mais de 700 mil dis-
suas obras: “Dengoso”, “Graúna”, “Interrogando”, “Rosa Carioca”, “Sons de Carrilhões”, “Valsa em Lá”, cos. Depois de sua morte, ganhou novos parceiros, como Chico Buarque e Vinicius de Moraes, que
“A Canção de seus Olhos” em parceria com Antônio Maria, “Aperitivo” com Mario Rossi, “Caboca di colocaram letra em “Gente Humilde”.
Caxangá” com Catulo da Paixão Cearense, “Estou Voltando”, com Pixinguinha e Donga, entre outras.
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Angenor de Oliveira (Rio de Janeiro 11-10-1908, Rio de Janeiro 30-11-1980) cantor, compositor e José Gomes Filho (Alagoa Grande 31-08-1919, Brasília 10-07-1982) foi cantor e compositor de forró
violonista brasileiro, considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da e sambas, assim como de seus diversos subgêneros, a citar: baião, xote, xaxado, coco, arrasta-pé,
música brasileira, nasceu no bairro do Catete, mas passou a infância no bairro de Laranjeiras. Tomou quadrilha, marcha, frevo, dentre outros. Filho da catadora de coco Flora Mourão, que tocava zabumba
gosto pela música e pelo samba ainda criança e aprendeu com o pai a tocar cavaquinho e violão. e zangá, e lhe deu o seu primeiro instrumento – o pandeiro, era conhecido como O Rei do Ritmo.
Mudou-se para Mangueira onde fez amizade com Carlos Cachaça e outros bambas, iniciando-se no Seu nome artístico nasceu de um apelido que ele mesmo se dava – Jack, inspirado em um mocinho
mundo da malandragem e do samba. Arranjou emprego de servente de obra, e passou a usar um de filmes de faroeste – Jack Perry. A transformação para Jackson foi uma sugestão de um diretor de
chapéu para se proteger do cimento que caía de cima. Era um chapéu-coco, mas o apelido Cartola programa de rádio que dizia que ficaria mais sonoro e causaria mais efeito quando fosse anunciado.
pegou assim mesmo. Com seus amigos do morro criou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo, em Aos 13 anos, mudou-se com a família para Campina Grande, onde começou a prestar atenção nos
1928, fundou a Estação Primeira de Mangueira, a verde-rosa, nome e cores escolhidos por Cartola, cantadores de coco e violeiros das feiras. Nos anos 40, transferiu-se para João Pessoa, onde tocou
que compôs também o primeiro samba – “Chega de Demanda”. Seus sambas se popularizaram nos em cabarés e emissoras de rádio. Mais tarde, foi para Recife, e foi lá, na Rádio Jornal do Comércio,
anos 30 em vozes ilustres, como: Francisco Alves, Mário Reis, Silvio Caldas e Carmem Miranda. Em que adotou definitivamente o nome Jackson do Pandeiro. Em 1953, gravou seus primeiros sucessos:
1956, foi levado pelo jornalista Sérgio Porto a programas de rádio e fazendo-o compor novos sambas “Sebastiana” (Rosil Cavalcanti) e “Forró em Limoeiro” (Edgar Ferreira). Três anos depois, casou-se
para serem gravados. Em 1964, Cartola e a esposa Zica abrem um bar-restaurante-casa de espetá- com Almira, que se tornou sua parceira nas apresentações. No mesmo ano, foram para o Rio de
culos na rua da Carioca, Zicartola, que promovia shows de samba e boa comida, reunindo no mesmo Janeiro e Jackson foi contratado pela Rádio Nacional, onde foi um sucesso de público e crítica por
lugar a juventude bronzeada da zona sul carioca e os sambistas do morro. Em 1974, gravou o pri- sua maneira de cantar baiões, cocos, rojões, sambas e marchinhas de carnaval. Sua influência é, até
meiro disco de seus quatro discos solo e sua carreira tomou impulso novo com clássicos instantâneos, hoje, sentida em artistas que regravam as músicas que Jackson celebrizou, como: “O Canto da Ema”,
como: “As Rosas não Falam”, “Cordas de Aço”, “Alegria”, “O Mundo é um Moinho”, “Acontece”, “O Sol gravada por Lenine, “Na Base da Chinela”, por Elba Ramalho, “Lagrima”, por Chico Buarque e “Um a
Nascerá” (com Elton Medeiros) e “Quem me Vê Sorrindo” (com Carlos Cachaça). Ainda nos anos 70, Um”, pelos Paralamas do Sucesso. Compositor inspirado e instrumentista de raro talento popularizou
mudou-se da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, onde morou até a morte. outros clássicos da música nordestina, como: “Chiclete com Banana” (Gordurinha e Almira Castilho),
“Xote de Copacabana” (José Gomes), “17 na Corrente” (Edgar Ferreira e Manoel Firmino Alves),
“Como Tem Zé na Paraíba” (Manezinho Araújo e Catulo de Paula), “Cantiga do Sapo”, “A Mulher do
Aníbal”, “Ele Disse” (Edgar Ferreira) e “Forró em Caruaru” (Zé Dantas). Em 1998, foi o grande ho-
menageado no décimo primeiro Prêmio Sharp de Música.
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Horondino José da Silva, filho de Caetano José da Silva, violonista amador, fundidor do Lóide Brasileiro e de
Cacemira Augusta da Silva, nasceu no bairro carioca do Santo Cristo em 05-05-1918 e faleceu em 28-05-
2006, também no Rio de Janeiro. Ainda na infância, começou a praticar o bandolim, que abandonou pouco
depois pelo violão, sob a influência do seu pai, com o qual revezava o instrumento em festas e sarais fami-
Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca (Itabaiana, interior da Paraíba, 26-05-1930, João liares. Em uma dessas ocasiões, conheceu Jacó Palmieri (pandeirista) e Augusto Calheiros (cantor), figuras
Pessoa 14-12-2006) foi um dos maiores artistas do nordeste do Brasil do século XX, responsável por reve- importantes para seu ingresso na vida profissional. Por volta de 1934, passou a acompanhar Calheiros em
lar a amplitude e a diversidade da sanfona nordestina no cenário mundial da música. Exímio executante da espetáculos de circo, já dominando o repertório musical de toadas, valsas e sambas que aprendia através do
sanfona, multiinstrumentista, maestro, arranjador, compositor, orquestrador e cantor. Seus trabalhos incluem, rádio. Seu modelo de acompanhamento era fornecido pela dupla Nei Orestes e Carlos Lentine, violonistas do
dentre outros ritmos, choros, frevos, forrós, baião, música clássica, blues, jazz, entre muitos outros. Começou Regional de Benedito Lacerda, um dos mais sólidos regionais da época. Esse tipo de aprendizado foi definitivo
a tocar aos 9 anos, com uma sanfona que ganhou de seu pai e, aos 15 anos, ingressou na Rádio Clube de em sua carreira. Daí vieram o repertório e a capacidade de acompanhar diversos gêneros, entre tantas outras
Pernambuco, no Recife. Em 1948, fez parte do cast da Rádio Jornal do Comércio. Em 1951, gravou o primeiro peculiaridades. Em 1954, ao mandar fazer seu primeiro violão de sete cordas, o que o fez um dos pioneiros
disco, pela Continental e, nesse mesmo ano, lançou o primeiro sucesso nacional, em parceria com Humberto do gênero no Brasil, passou a ser conhecido como Dino Sete Cordas, sendo considerado um dos maiores vio-
Teixeira, “Adeus, Maria Fulô”, que foi regravado numa versão psicodélica pelos Mutantes, nos anos 60. Em lonistas brasileiros de todos os tempos. Introduziu o violão de sete cordas nos conjuntos de choro e alcançou
1955, foi morar no Rio de Janeiro. Após apresentações na Europa como acordeonista de um grupo chamado posição de relevo e prestígio musical, pela sua capacidade de inovar, criar, surpreender sempre com extrema
Os Brasileiros, chegou a morar em Lisboa e Paris, a partir de 1959. Foi considerado o melhor instrumentista musicalidade e bom gosto. Em 1937, foi convidado a substituir o violonista do Regional de Benedito Lacerda,
de 1960, pela imprensa parisiense. Gravou o disco “Samba Nouvelle Vague” (Barclay), com vários sucessos Nei Orestes, que adoeceu, por sugestão de Valdiro Frederico Tramontano, o Canhoto (cavaquinho). A primeira
da bossa nova. Morou, em New York, de 1964 a 1976, onde, entre outros trabalhos, foi autor do arranjo do gravação, em que tomou parte, foi a de “Chão de Estrelas”, de Silvio Caldas e Orestes Barbosa. Em 1940,
grande sucesso “Pata Pata”, de Miriam Makeba, com quem excursionou pelo mundo até o fim da década de aos 22 anos, iniciou sua atividade como compositor. São desse ano, as gravações das marchas “Para Maes-
60. Compôs trilhas para os filmes Os Trapalhões na Serra Pelada (1982) e os Vagabundos Trapalhões (1982). tro”, com Gastão Viana e a batucada “Não vai Miguelina”, com Canhoto, ambas registradas por Almirante, na
Um dos discos mais emblemáticos da carreira do artista é o “Sivuca Sinfônico” (Biscoito Fino, 2006), em que Odeon. Em 1941, Castro Barbosa, que além de intérprete, assinou com Dino a parceria, gravou “Quem Ri no
ele toca, ao lado da Orquestra Sinfônica do Recife, sete arranjos orquestrais de sua autoria, um registro inédito, Fim, Ri Melhor”. Sua última composição gravada foi o samba canção “Pretexto”, com Augusto Mesquita, num
único e completo de sua obra erudita. As composições sinfônicas de Sivuca são absolutamente singulares na registro de Ângela Maria. Foram 35 músicas, 25 vocais e 10 instrumentais. Fato marcante para a trajetória do
música erudita brasileira, porque o artista inseriu a sanfona como instrumento principal de sua obra. Em 2006, conjunto, que teve sempre uma carreira de êxito, foi a entrada de Pixinguinha, com seu sax-tenor, em 1946,
o músico lançou o DVD “Sivuca – O Poeta do Som”, que contou com a participação de 160 músicos convida- estabelecendo-se, a partir de então, a parceria Pixinguinha – Benedito Lacerda, que até 1950 rendeu, além de
dos. Foram gravadas 13 faixas, além de duas reproduzidas em parceria com a Orquestra Sinfônica da Paraíba. composições, uma série de 17 discos. Em 1951, participou do conjunto “Canhoto e seu Regional” e, em 1966,
do conjunto “Época de Ouro”, de Jacob do Bandolim, que teve grande importância no movimento de resistência
do choro, na década de 60, época que a bossa nova imperava nos meios de comunicação. Dividiu o palco
com outros grandes nomes da música brasileira, como: Elizeth Cardoso, Zimbo Trio, Paulinho da Viola, Arthur
Moreira Lima, Raphael Rabelo, entre outros.
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Dilermando dos Santos Reis (Guaratinguetá São Paulo 22-09-1916, Rio de Janeiro 02-01-1977) filho do vio- José Gomes de Abreu (Santa Rita do Passa Quatro 19-09-1980, São Paulo 22-01-1935) foi um músico, com-
lonista Francisco Reis, com quem estudou violão ainda na infância, atuou como instrumentista, professor de positor e instrumentista brasileiro. Tocava flauta, clarinete e requinta. Filho do boticário José Alacrino Ramiro de
violão, compositor, arranjador, tendo deixado uma obra vultosa, versátil, composta de guarânias, boleros, toa- Abreu e Justina Gomes Leitão, já aos seis anos de idade, ele se mostrava que tinha vocação para a música,
das, maxixes, sambas-canção e, principalmente, valsas e choros. Iniciou sua vida profissional com 18 anos de embora sua mãe desejasse que ele seguisse a carreira de padre e o pai desejasse que ele fosse médico.
idade, tendo sido professor do presidente Juscelino Kubitschek. Nos anos 30, mudou-se de Guaratinguetá para Ainda durante o curso primário, organizou uma banda na escola, da qual ele mesmo era o regente. Com dez
o Rio de Janeiro, onde passou a dar aulas de violão nas tradicionais lojas de música da cidade. Foi levado por anos, já tocava requinta, flauta e clarinete na banda e ensaiava suas primeiras composições. Como um dos
um conhecido para a Rádio Clube do Brasil e depois transferiu-se para a Rádio Nacional, onde permaneceu maiores compositores de choros, é autor do famoso “Tico-Tico no Fubá” que foi muito divulgado no Exterior,
até 1969. Em 1941, gravou seu primeiro disco, pela Columbia, interpretando ao violão a valsa “Noite de Lua” e nos anos 40, por Carmem Miranda e fez parte da trilha sonora de cinco filmes nos EUA: Alô Amigos, A filha do
o choro “Magoado”, provavelmente o mais conhecido e mais executado de seus choros, ambas de sua autoria. Comandante, Escola de Sereias, Kansas City Fity e Copacabana. Em 1894, foi para o seminário Episcopal de
Três anos depois, gravou seu segundo disco, interpretando a “Dança Chinesa” e a dança típica “Adeus Pai São Paulo, onde aprendeu harmonia. Aos 17 anos, voltou para sua cidade natal e fundou sua própria orquestra
João”, ambas de sua autoria. Em 1945, gravou mais dois discos com composições suas, o choro “Recordando”, visando se apresentar em saraus, bailes, aniversários, casamentos, serestas e em cinemas, acompanhando
as valsas “Saudade de um Dia”, “Minha Saudade” e a “Rapsódia Infantil”. A década de 1950 representou a os filmes mudos. Nessa época, fez suas primeiras composições, como: “Flor da Estrada” e “Bafo de Onça”. É
consolidação e grande avanço na carreira do artista. Em 1952, gravou, de João Pernambuco, o choro “Sons de do fim da década de 1910, outro grande clássico e que mais tarde também se tornaria um dos sucessos do
Carrilhões” e de Américo Jacomino, o Canhoto, a valsa “Abismo de Rosas”. Em 1955, gravou, entre outras, a compositor – a valsa “Branca”, inspirada e composta de improviso em homenagem a Branca Barreto, filha do
polca “Rosita” de Francisco Tárrega, a valsa “Dois Destinos”, o choro “Vê se Te Agrada”, o baião “Chuvisco”, a chefe da estação ferroviária de sua cidade. Em 1931, durante o filme Copacabana, o choro “Tico-Tico no Fubá”
polca “Limpa-Banco” e o bolero “Sonhando com Você”, de sua autoria. Em 1960, lançou o disco Melodias da ganhou letra de Eurico Barreiros. Daí, por diante, suas músicas seguiram sendo gravadas, principalmente, por
Alvorada, em homenagem à Brasília, a nova capital e a seu fundador – Juscelino Kubitschek, em companhia Lúcio Alves, que cantou “Pé de Elefante”, “Rosa Desfolhada” (ambas em parceria com Dino Castelo) e “Aurora”
de quem foi o primeiro músico de prestígio nacional a tocar na solidão de Brasília, que se iniciava a partir de (com Salvador Morais). Em 1952, dezessete anos após sua morte, os cineastas Fernando de Barros e Adolfo
1957, com arranjos e regência de Radamés Gnattali. No mesmo ano, gravou “Sonata ao Luar”, de Beethoven. Celi homenagearam o compositor com o documentário Tico-Tico no Fubá. Outras obras: “Lágrimas de Amor”,
Em 1961, gravou “Odeon”, de Ernesto Nazareth. Em 1970, Radamés Gnattali dedicou ao violonista o Con- “Não me Toques”, “Minha Valsa”, “Primavera de Beijos”, “Mulher” (com Naro Demóstenes), “Os Pintinhos no
certo Número 1. Em 1972, gravou o LP Dilermando Reis interpreta Pixinguinha, com os seguintes sucessos: Terreiro” (com Eurico Barreiros), “Tardes em Lindóia” (com Pinto Martins), “Último Beijo” (com Príncipe dos
“Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, “Lamentos”, de Pixinguinha e Vinicius de Moraes e outras. Em Santos), “Amor Imortal” (com Braguinha), entre outras.
1973, gravou Homenagem a Ernesto Nazareth disco no qual interpretou: “Brejeiro” e “Apanhei-te Cavaquinho”,
entre outras. De 1941 a 1962, gravou 34 discos com 68 músicas, dentre essas, 43 de sua autoria. Em 2001,
o pesquisador Genésio Nogueira lançou uma biografia sobre o artista. Em 2004, o selo Revivendo lançou o
CD Noite de Estrelas com gravações suas do período de 1941 a 1950, como as valsas: “Noite de Lua” “Dois
Destinos” e “Súplica” e os choros “Grajaú” e “Dedilhando”.
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José Flores de Jesus (Rio de Janeiro 06-10-1921, Rio de Janeiro 14-11-1999), cantor e compositor do samba João Batista Nogueira Júnior (Rio de Janeiro 12-11-1941, Rio de Janeiro 05-06-2000) cantor e compositor,
brasileiro, filho de Josué Vale da Cruz, um marinheiro que tocava cavaquinho, em 1924, foi morar em Bangu filho do advogado e músico João Batista Nogueira, aprendeu a tocar violão com o pai e, na adolescência, co-
na casa do avô, o flautista e pianista João Dionísio Santana, que costumava promover reuniões musicais em meçou a compor sambas para os blocos carnavalescos do bairro do Méier, onde morava, até que em 1968,
sua casa, das quais participavam nomes famosos da música brasileira como: Pixinguinha, Cândido das Neves sua composição “Espera, ó Nega” foi gravada por um grupo de sambistas. Sua estréia profissional foi em 1970,
(Índio), entre outros. Em 1928, mudou-se para a Rua Dona Clara onde cantou o samba, as favelas, a malan- quando Elizeth Cardoso gravou sua música “Corrente de Aço”, inserindo João Nogueira definitivamente no meio
dragem e seus amores. Começou a atuar na década de 40, na ala dos compositores da escola de samba Por- musical. Como compositor, teve músicas gravadas por diversos intérpretes como: Elis Regina, Clara Nunes,
tela. Entre 1940 e 1943, compôs sua primeira marcha carnavalesca – “Se o Feio Doesse”. Em 1946, “Tio Sam Emílio Santiago, Beth Carvalho, Alcione e outros. Em 1971, ingressou na ala dos compositores da Portela (com
no Samba” foi o primeiro samba de sua autoria gravado (pelo grupo Vocalista Tropicais). Em 1951, obteve seu o samba “Sonho de Bamba”) e foi fundador da escola de samba Tradição. Lançou, em 1974, o LP E Lá Vou
primeiro grande sucesso com o samba “Amor Passageiro”, parceria com Jorge Abdala gravado por Linda Batista Eu, um de seus grandes sucessos, seguido por Vem que Tem, Espelho e vários outros discos. Entre os suces-
na RCA. No mesmo ano, seu samba “Amar é Bom”, parceria com Jorge Abdala, foi gravado na Todamérica sos desses lançamentos, “Mineira” (com Paulo César Pinheiro), “Chorando pelos Dedos” (com Claudio Jorge)
pelos Garotos da Lua. Nessa mesma década, outros sucessos seus, como: “Leviana” e “A voz do Morro” foram e “O Passado da Portela” (Monarco). Foi fundador, ao lado de outros sambistas, do Clube do Samba, para
incluídos no filme Rio 40 Graus, clássico do cinema nacional, dirigido por Nelson Pereira dos Santos. Idealizou preservar e divulgar o samba carioca. O LP Clube do Samba foi lançado pela Polygram, em 1980, incluindo
e participou do conjunto A Voz do Morro, que contava com: Elton Medeiros, Paulinho da Viola, Anescarzinho do “Súplica” (com Paulo César Pinheiro) e “Enganadora” (Monarco e A. Lopes). Outros sambas interpretados por
Salgueiro, Jair do Cavaquinho, José da Cruz, Oscar Bigode e Nelson Sargento, e que gravou três discos. Em João Nogueira que se tornaram populares: “Se Segura, Segurança” (com Edil Pacheco e Dalmo Castelo), “É
1964, levado por Nara Leão, participou do espetáculo Opinião, ao lado de João do Vale, no Teatro de arena Disso que o Povo Gosta” (Carlinhos Vergueiro), “Cachaça de Rolha” (com Paulo César Pinheiro).
(Rio de Janeiro), que tornou conhecidas músicas suas como: “Opinião” e “Diz que Fui por Aí” (com Hortênsio
Rocha). Outro enorme sucesso de sua carreira foi a marcha rancho “Máscara Negra” (com Hildebrando Matos),
composta para o carnaval de 1967. Nos anos 90, quando voltou a morar no Rio de Janeiro, apresentou-se
ao lado da Velha Guarda da Portela e a ter várias músicas regravadas. Um dos tributos foi Natural do Rio de
Janeiro, CD do cantor Zé Renato dedicado exclusivamente à obra de Zé Kéti. Outros sucessos: “Mascarada”
(com Elton Medeiros), “Malvadeza Durão”, “Nega Dina”, “Jaqueira da Portela” e “Meu Pecado”.
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Ficha técnica do ÁLBUM Músicos por faixa
07- Torta de Bacalhau (Tango Brasileiro) Faixas: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12
09- Beco do Rato (Samba) Faixas: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12
11- Trompete (Bossa Nova) Faixas: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12
12- Madeira de Lei (Bossa Nova)
Bibliografia
1- Grande Enciclopédia Delta Larousse: Editora Delta S.A. Rio de Janeiro, 1970
2- Dicionário de Música Fahar: Editora Luiz Paulo Horta, 1985
3- Dicionário do Folclore Brasileiro Luís da Câmara Cascudo Edições de Ouro, 1954
4- Songbook Bossa Nova de Almir Chediak: volumes 1,2,3,4,5, 1991
5- Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira: Livraria Francisco Alves Editora, 2001
6- Vocabulário do choro Mário Séve: Lumiar Editora, Almir Chediak, 1999
7- Songbook Tom Jobim: Lumiar Editora, Almir Chediak: volumes, 1, 2, 3, 1994
8- UOL Educação: Internet
9- Cliquemusic: Internet
10- UOL Personalidades: Internet
Contatos
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