FICHA DE LEITURA Sheila

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FICHA DE LEITURA

ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA (ACP) SEGUNDO CARL ROGERS

Elaborado por: Sheila Taimila Manuel Uaite

1. Introdução

A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), desenvolvida por Carl Rogers na década de


1950, representa um marco na psicoterapia humanista. Nesta ficha, exploraremos
detalhadamente os fundamentos, conceitos-chave, postura terapêutica e a relação da
ACP com outras abordagens e transtornos mentais.

2. Origens da Abordagem Centrada na Pessoa

A ACP surgiu como uma reação às abordagens terapêuticas diretivas e patologizantes


dominantes na época, como a psicanálise freudiana e as terapias comportamentais.
Rogers propôs uma nova visão da psicoterapia, centrada na pessoa do cliente e baseada
na criação de um ambiente terapêutico empático, genuíno e não julgador.

3. Fundamentos da ACP

Rogers identificou três forças dentro da psicologia - psicanálise, terapias


comportamentais e psicologia humanista. Ele considerava a ACP como uma abordagem
humanista, centrada no potencial inato de cada indivíduo para buscar crescimento e
autorrealização. Essa abordagem destaca a importância da experiência subjcetiva e do
autoconhecimento.

4. Principais Conceitos de Carl Rogers

Tendência Actualizante

A tendência actualizante refere-se à inclinação natural de cada indivíduo em buscar seu


potencial máximo de crescimento e autorrealização. É uma força motivadora presente
em todos os seres humanos, que os impulsiona a buscar a realização de seu próprio
potencial.
Exemplo: Uma pessoa pode sentir um impulso interno para explorar novas habilidades e
interesses ao longo da vida, buscando assim sua autorrealização.

Aceitação Incondicional

Rogers identificou que muitas pessoas tendem a condicionar sua aceitação e amor ao
comportamento ou desempenho do outro. Isso pode levar a uma sensação de não ser
verdadeiramente valorizado pelo que se é, mas sim pelo que se faz ou alcança.

Exemplo: Um parceiro que só demonstra afecto quando o outro atende a suas


expectativas de comportamento, gerando uma sensação de inadequação e pressão no
relacionamento.

Autenticidade ou Congruência

A autenticidade refere-se à habilidade do terapeuta em ser genuíno, transparente e


verdadeiro em sua relação com o cliente. Implica em ser honesto sobre suas próprias
emoções e experiências durante a terapia, promovendo assim uma relação terapêutica
mais autêntica e genuína.

Exemplo: Um terapeuta que compartilha suas próprias lutas e desafios pessoais de


maneira aberta e honesta durante as sessões, estabelecendo assim uma conexão mais
profunda e empática com o cliente.

Empatia

A empatia é a capacidade de compreender e sentir as emoções e experiências do outro,


colocando-se no lugar dele. Envolve uma atitude de aceitação e compreensão
incondicional, que é fundamental para estabelecer uma relação terapêutica eficaz e
significativa.

Exemplo: Um terapeuta que demonstra sensibilidade e compaixão em relação aos


sentimentos e experiências do cliente, ajudando-o a se sentir compreendido e acolhido
durante o processo terapêutico.

5. Postura Terapêutica na ACP

Dentro da ACP, o terapeuta adota uma postura de acolhimento, respeito e compreensão


em relação ao cliente. Ele cria um ambiente seguro e não julgador para que o cliente
possa explorar seus sentimentos, pensamentos e experiências sem medo de críticas ou
julgamentos.

O terapeuta atua como um facilitador do processo de autoconhecimento e crescimento


pessoal do cliente, não fornecendo conselhos ou soluções prontas, mas sim
incentivando-o a encontrar suas próprias respostas e soluções. Ele busca compreender
verdadeiramente o mundo interno do cliente, oferecendo empatia e validação para suas
experiências emocionais e existenciais.

6. Relação com outras abordagens e Transtornos Mentais

Rogers valorizava a colaboração entre diferentes perspectivas terapêuticas, desde que


estas respeitassem os princípios fundamentais do respeito à pessoa e do foco no
desenvolvimento humano. Ele acreditava na importância de adaptar a abordagem
terapêutica às necessidades individuais de cada cliente, independentemente do
diagnóstico psiquiátrico.

Ao invés de rotular e patologizar, Rogers priorizava a compreensão das experiências


subjetivas e a promoção do bem-estar psicológico do cliente. Ele via os transtornos
mentais como manifestações de dificuldades emocionais e de ajustamento, que
poderiam ser compreendidas e trabalhadas dentro do contexto da relação terapêutica
centrada na pessoa.

7. Conclusão

A Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers representa uma abordagem


humanística à psicoterapia, valorizando a experiência subjetiva do cliente e promovendo
um ambiente terapêutico baseado na aceitação incondicional, empatia e autenticidade. É
uma abordagem não diretiva e centrada no cliente, buscando promover o
autoconhecimento, crescimento pessoal e autorrealização.

8. Bibliografia

Kirschenbaum, H., & Jourdan, A. (2005). O Estado Actual de Carl Rogers e da


Abordagem Centrada na Pessoa. Psicoterapia: Teoria, Pesquisa, Prática, Treinamento,
42(1), 37-51.
Rogers, C. (1959). Uma Teoria da Terapia, Personalidade e Relacionamentos
Interpessoais: Desenvolvida no Quadro Centrado no Cliente. Nova York: McGraw-
Hill.

Thorne, B., & Lambers, E. (1998). Terapia Centrada na Pessoa: Uma Perspectiva
Europeia. Londres: Sage Publications.

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