ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM OLHAR SOB A
FAMÍLIA DE PACIENTES HOSPITALIZADOS
Aline Maria do Nascimento1;Luana Carvalho e Silva2;Ana Carolina Rafael de
Carvalho3;Islene Gomes Silveira da Costa4;Fernanda Rodrigues Almeida5; Daiane Amaral de
Melo6.
[email protected]
1
Graduanda em Psicologia pela Faculdade Maurício de Nassau, 2Graduanda em Psicologia
pela Universidade Federal Fluminense, 3Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista,
4
Graduanda em Psicologia pela Universidade São Judas, 5Graduada em Psicologia pela
Universidade Paulista, 6Graduada em psicologia pela faculdade Pitágoras de Teixeira de
Freitas.
RESUMO
Sabe-se que o familiar cuidador pode ser afetado de inúmeras formas pelo processo de
hospitalização de um ente, sob esse aspecto, o presente estudo visa abordar a atuação da
psicologia hospitalar com a família de pacientes internados para tratamento em cuidados
paliativos. O método utilizado para realização deste foi a revisão de literatura, englobando
artigos que abordam o contexto da família diante do processo de hospitalização, e da atuação
da psicologia com esses familiares.
Palavras-chave: Cuidados paliativos; Família; Psicologia Hospitalar.
Área Temática: Cuidados Paliativos e Terminalidade.
1 INTRODUÇÃO
Os Cuidados paliativos são definidos pela Organização Mundial de Saúde (2002), como:
"Cuidados Paliativos consistem na assistência
promovida por uma equipe multidisciplinar, que
objetiva a melhoria da qualidade de vida do
paciente e seus familiares, diante de uma doença
que ameace a vida, por meio da prevenção e
alívio do sofrimento, por meio de identificação
precoce, avaliação impecável e tratamento de dor
e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e
espirituais” (INCA, 2022 apud WHO, 2002.)
Desse modo, entende-se por cuidados paliativos, a prática humanizada do cuidado,
onde o maior objetivo seria o de amenizar o sofrimento do indivíduo, levando em conta sua
integralidade e visando a garantia de uma qualidade de vida digna.
É importante ressaltar que essa abordagem de cuidado surge no momento em que o
aumento da expectativa de vida se faz presente na população, ao mesmo tempo em que as
doenças crônicas degenerativas também demonstram um aumento significativo. A partir
disso, o cuidado no momento de terminalidade tornou-se uma possibilidade e realidade, de
modo a acolher o sofrimento do indivíduo acometido.
Para além disso, deve-se considerar a realidade na qual ele está inserido e as pessoas
que o acompanham neste momento delicado, visto que as preocupações e angústias são
desencadeadas nesse processo. Diante disto, o conceito apresentado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), reforça que a prática dos cuidados paliativos deve ser estendida aos
cuidadores e familiares, uma vez que esses estão inseridos na dinâmica estressora de
tratamentos e hospitalizações vivenciadas pelo ente, compartilhando assim, suas angústias e
anseios.
Frente ao exposto, sabe-se que no território brasileiro existem normas que possibilitam
a prática de cuidados paliativos pelo Sistema Único de Saúde (Júlia Rezende e Kátia Poles,
2019), fato que amplia a democratização do acesso à uma forma de cuidado mais humanizada.
Desse modo, o presente estudo voltou o seu olhar à atuação ampliada da equipe
interdisciplinar, em especial aos profissionais de psicologia, com a família de pacientes
hospitalizados.
2 METODOLOGIA
Realizado através de revisão integrativa da literatura no período de fevereiro de 2023,
a partir de dados extraídos da biblioteca Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e da
base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Os
critérios de inclusão dos artigos selecionados foram trabalhos completos e com maior
pertinência ao tema, com publicações entre os anos de 2017 e 2022. Excluíram-se todos
incompletos, e/ou que não atendessem o objetivo proposto. Para esse estudo foram
selecionados artigos encontrados através dos descritores: "Psicologia hospitalar", "Cuidados
paliativos " e "familiares".
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Aristóteles (384a.C. a 324a.C.), um dos grandes nomes da filosofia grega, define a
"família" como uma comunidade (oikós - casa) que serve de base para a pólis (cidade). Pode-
se dizer portanto, que a família é considerada a base da sociedade. Dito isto, a família é a
principal rede de apoio quando há o comprometimento da saúde de um de seus membros.
Porém essas situações geralmente ocorrem de maneira grave e abrupta, diante de um contexto
de situações de crise e finitude; É usualmente esperado que muitas consequências surjam
nesta dinâmica familiar, levando em conta que trata-se de um processo de readaptação, devido
às mudanças que a doença causa na vida da pessoa afetada e consequentemente em todas que
a acompanham. Esse processo gera por vezes uma confusão familiar, onde é despertado o
sentimento de luto antecipatório, termo utilizado para referir-se a elaboração do luto iniciada a
partir do diagnóstico, onde a família passa a sentir a perda com o ente querido ainda em vida.
O campo da saúde tem adquirido diversos recursos técnicos-científicos atualmente,
estes permitem muitas vezes um tratamento ainda mais eficaz, no entanto, também são
capazes de prolongar a vida do paciente sem que seja garantido a este uma qualidade de vida.
A equipe atuante nos cuidados paliativos busca então relacionar o tratamento eficaz das
doenças crônicas com o bem-estar tanto do paciente, quanto dos seus familiares, pois
compreende as angústias da terminalidade através do caráter multidimensional considerando o
aspecto físico, psicossocial e espiritual. Deste modo, todos os âmbitos da vida do paciente são
considerados, estendendo assim o cuidado aos familiares que o acompanham.
Trazendo para o contexto das hospitalizações, é incontestável a importância da
participação da família no que tange à facilitação das adaptações e enfrentamentos referentes
ao tratamento do parente adoecido. No entanto, a internação é geradora de um conglomerado
de sentimentos não apenas no paciente, mas também em toda família, que muitas vezes é
extremamente impactada no processo de adoecimento de seus membros, haja vista que esse
evento geralmente acontece de forma inesperada, fazendo assim com que o familiar cuidador
sinta a necessidade de se readaptar com o novo contexto e rotina, de uma maneira mais
rápida. Ao se tratar de pacientes paliativos, existem ainda contornos especiais, ponderando
que esse tipo de cuidado é geralmente utilizado como referência no tratamento de doenças que
ameaçam a continuidade da vida, como as doenças crônicas e degenerativas.
O papel do psicólogo apresenta então uma grande importância durante o processo de
tratamento da doença e de vivência na internação hospitalar, dessa forma, é imprescindível
dar notoriedade ao sofrimento advindos desse ambiente, realizando um trabalho com todos os
aspectos em volta do paciente. Diante disso a psicologia hospitalar, vertente da psicologia da
saúde, busca atuar junto a equipe interdisciplinar fornecendo suporte e acolhimento também
para a família. Torna-se necessário que o psicólogo hospitalar busque em seus atendimentos,
observar e identificar sentimentos, comportamentos e percepções do indivíduo que se
relacionem com a doença e suas alterações, além de considerar o indivíduo dentro de suas
possibilidades. Nesse processo, podem também ser trabalhadas as questões de expectativas e
luto. Pretendendo-se com essa abordagem, encorajar a família sobre como lidar com os
próximos passos, incluindo a participação desta no processo de tratamento, tornando-o mais
humanizado para quem vive a finitude.
Diante disso, destaca-se a extrema importância da tríplice relação entre paciente,
família e equipe de saúde dentro do contexto paliativista, assim buscando também espaço
para que o psicólogo hospitalar busque acolher a urgente demanda da família que vem
passando por um contexto de adoecimento e incluir estas pessoas no tratamento do ente, além
de prestar assistência e apoio psicológico aos parentes que vivenciam essa situação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir portanto, que o trabalho do psicólogo hospitalar atuante nos cuidados
paliativos é considerado um fator primordial durante o tratamento, tanto para a equipe
interdisciplinar, quanto para a família do paciente. Considerando, que os familiares que estão
presentes de forma ativa no processo de adoecimento e enfrentamento da doença, necessitam
também de apoio psicológico.
A contribuição da psicologia se concentra então no processo de escuta e acolhimento,
proporcionando amparo às famílias e enfermos diante do processo de hospitalização e da
possível morte, quando o paciente se encontra diante da terminalidade. Dentro dessa prática
psicológica objetiva-se, entender os sentidos sobre o cuidar e a vivência da morte e do morrer
para aquela família, incluindo os diferentes processos e desafios para se promover
intervenções que auxilie a promoção de saúde mental diante das limitações do cotidiano, com
isso temos a importância de construções reflexivas e críticas dentro do exercício profissional
diante dos diferentes cenários e fatores que a terminalidade produz em cada um dos
indivíduos.
REFERÊNCIAS
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