Katie Ashley. A Festa

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KATIE ASHLEY

A FESTA
Sumário

Prefácio: Agora
Capítulo Um: Antes
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Epílogo
Sobre a Autora
The party
Copyright © 2012 by Katie Ashley
Todos os direitos reservados
Copyright © 2014 by Editora Pandorga

COORDENAÇÃO EDITORIAL Silvia Vasconcelos


TRADUÇÃO Tais Nunes Garcia Semaan
PREPARAÇÃO Mônica Vieira/Project Nine
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Project Nine
COMPOS IÇÃO DE CAPA Genildo Santana
REVIS ÃO Bianca Briones

TEXTO DE ACORDO COM AS NORM AS DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA


P ORTUGUESA (DECRETO LEGISLATIVO Nº 54, DE 1995)

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ashley, Katie
A festa / Katie Ashley ; tradução Tais Nunes Garcia. -- 1. ed. -- Carapicuiba, SP :
Pandorga Editora e Produtora, 2013.

Título original: The party.

ISBN 978-85-61784-53-9

1. Ficção erótica 2. Ficção norte-americana


I. Título.

13-10497 CDD-
813

Índices para catálogo sistemático:


1. Ficção : Literatura norte-americana 813

2014
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À
EDITORA PANDORGA
Avenida Marginal do Ribeirão, 8500
CEP 06330-010 - Parque Jandaia - Carapicuiba - SP
Tel. (11) 4169-3875
www.editorapandorga.com.br
Aos leitores e fãs de A Proposta
PREFÁCIO: AGORA

Olhando para o relógio no painel do carro, Emma se encolheu. O dia de


glamour no spa tinha atrasado um pouco. Tudo bem, trinta minutos não eram
exatamente um pequeno atraso. Agora só faltava uma hora para que ela e
Aidan estivessem na festa da Natal da empresa. De alguma maneira, àquela
hora eles precisariam deixar Noah na casa da sobrinha de Aidan, Megan,
uma vez que ela gentilmente tinha se oferecido para ficar de babá para eles.
Ao parar em um sinal vermelho, ela tirou o telefone da bolsa. Os dedos
correram pelo teclado e ela digitou: Chego em cinco minutos. O
cabeleireiro ficou para trás. Mil desculpas. Ela não sabia se daria certo
tentar mandar a mensagem para o Aidan. Suas últimas mensagens não
tinham sido respondidas e ela tinha medo de telefonar para casa, pois Noah
podia estar dormindo.
Ele tinha feito uma surpresa para ela naquele dia no café da manhã com
um presente de Natal antecipado – um vale-presente no Spa Sydell onde ela
poderia passar o dia ganhando tratamentos faciais e massagens antes de
fazer o cabelo e a maquiagem para a festa. Agora que ela era uma mãe que
ficava em casa, adorava qualquer momento em que podia ter um dia só para
ela. Foi o presente mais maravilhoso, principalmente porque Aidan estava
passando um dia de “homem” com o Noah.
Mas agora Emma nem queria começar a pensar em como Aidan estava se
preparando para a festa com o Noah engatinhando ao redor dele e mexendo
em tudo. Tudo o que ela ainda precisava fazer era colocar seu vestido de
festa, mas quando ela deixou Aidan e Noah mais cedo naquele dia, Aidan
vestia uma calça de moletom rasgada e não tinha tomado banho nem se
barbeado.
Ela parou o carro na calçada e entrou na garagem. Pegando a bolsa,
saltou do carro e correu pela cozinha. Beau a encontrou na entrada.
– Oi, garoto. Deixe-me adivinhar. O papai está bravo e não está falando
comigo? – Beau levantou a cabeça e Emma riu. – Tudo bem, eu vou
reformular a frase. Onde estão os meninos?
Ele abanou o rabo antes de se virar e sair da cozinha.
– Tudo bem, eu vou seguir você, então. – Olhando para a sala de estar,
ela viu que a televisão estava ligada. – Aidan? – ela chamou, ao andar pelo
corredor. Beau sentou do lado de fora da porta do quarto principal, batendo
o rabo no chão. Emma sorriu e bateu de leve na cabeça dele. – Você é um
bom menino. Obrigada por me contar onde eles estão.
Quando Emma entrou no quarto, fez uma pausa. Deitado de um lado da
cama, Aidan dormia profundamente com o braço direito dobrado sobre a
cabeça. Perto dele, Noah estava deitado na mesma posição. Um sorriso
passou por seus lábios e ela não conseguiu conter o calor que se espalhou
pelo peito ao ver as duas pessoas que mais amava no mundo inteiro.
Tirando o telefone da bolsa, andou na ponta dos pés até a cama. E tirou
várias fotos das imagens espelhadas de pai e filho.
Agora ela sabia por que suas mensagens de texto estavam sem resposta.
Ele não estava chateado – estava desligado do mundo. Ela se abaixou ao
lado de Aidan, se inclinou, beijou o seu pescoço e sua boca quente.
– Acorda, dorminhoco. Está na hora de se aprontar para a festa – ela
disse, contra os lábios dele.
Enquanto Aidan mal se mexeu, o som de sua voz fez Noah esticar os
punhos sobre a cabeça e chutar as pernas dele. Emma se debruçou sobre o
corpo de Aidan para pegar Noah no colo. Beijando seu rosto, ela disse:
– Oi, anjinho. Você sentiu falta da mamãe? – Os olhos azuis sonolentos
dele se abriram, os mesmos olhos penetrantes do pai. Um leve sorriso nos
lábios de Noah fez Emma se derreter. Ele levantou a mãozinha e passou os
dedos no rosto dela. Ela beijou cada um deles antes de fingir que lambia, o
que sempre fazia Noah rir. – Eu senti a sua falta e vou sentir saudades de
você à noite também. Mas a Megan vai cuidar muito bem de você, e você
vai brincar com o Mason.
Noah deu um gritinho em resposta, passando a mão nos cabelos ruivos de
Emma, que ele adorava torcer entre os dedos.
Ao ouvir Aidan roncar, Emma balançou a cabeça.
– Vem, vamos acordar o papai. – Ela colocou Noah sentado perto de
Aidan. – Vai. Acorda ele – ela instruiu. Com um sorriso, Noah
imediatamente se inclinou e bateu com as mãozinhas no peito de Aidan.
– Papa! – gritou.
Aidan arregalou os olhos e olhou rapidamente pelo quarto antes de,
finalmente, ver Emma. Ele abriu a boca em um bocejo antes de falar.
– Agora temos um despertador. Só fico feliz por ele não estar perto da
minha virilha – ele sussurrou, antes de esfregar os olhos.
Emma riu.
– Ei, eu tentei beijar você, mas isso não acordava.
Com um sorriso sensual, sua marca registrada, ele respondeu:
– Droga, eu não acredito que tenha perdido isso. – Ele começou a se
aproximar dela, mas ela o afastou.
– Bem, você não teria perdido muito com Noah na cama, sem falar que
estamos atrasados para a festa de Natal.
– Quem se importa com a pontualidade? Podemos dar só uma passada. –
Sentando na cama, Aidan olhou para ela por um instante, se embevecendo
com sua aparência. – Você está linda – ele sussurrou.
Ela corou.
– Obrigada. E obrigada mais uma vez pelo presente de Natal antecipado.
Eu tive o dia mais maravilhoso de todos.
Ele sorriu.
– Não foi nada. – Ele passou a mão em uma mecha de cabelo de Emma,
ele e Noah tinham uma obcessão pelos cabelos dela. – Estou feliz por você
ter deixado os cabelos soltos.
– Eu fiz assim para você, eu sei que você gosta dele solto e ondulado.
Ele piscou para ela.
– Exatamente como na primeira noite em que vi você.
Com um sorriso, ela disse:
– Sim, mas a diferença entre aquela noite e a de hoje é que eu virei para
casa com você. Ao contrário de dois anos atrás, quando eu disse que você
era o último homem no planeta com quem eu dormiria.
Aidan riu.
– Que diferença dois anos podem fazer, hein? – Ele se inclinou para
acariciar o pescoço dela. – Você tem que admitir que nós aproveitamos bem
os últimos vinte e quatro meses. Não apenas você acabou dormindo comigo
muitas e muitas vezes... – Ela bateu no braço dele e ele deu um pulo e
piscou para ela. – Mas também se casou comigo, me deu um lindo filho e
agora está grávida outra vez.
– Da sua filha – disse Emma, em tom provocativo.
Com um gemido, Aidan respondeu:
– Nós ainda não temos certeza se é uma menina. – Ele suspirou e
balançou a cabeça. – Mas se for, eu espero que ela nunca namore um sujeito
como eu.
– Agora para de se criticar. Você é um mulherengo recuperado, lembra?
– Está certo.
– Passado é passado e tudo o que temos é nosso presente e futuro.
– Mas nós, necessariamente, não teríamos agora se não fosse pelo meu
passado notório ou pelo seu passado trágico.
Emma sorriu.
– Isso é verdade. Acho que devemos tudo isso a uma festa, hein?
Aidan assentiu.
– É, devemos mesmo!
CAPÍTULO UM: ANTES

DOIS ANOS ANTES

O som estridente do toque de um celular cortou os níveis nebulosos de


subconsciente de Aidan Fitzgerald. Rolando pela cama, ele passou a mão
pela mesa de cabeceira tentando encontrá-lo. Quando seus dedos
estabeleceram contato, ele o pegou, passou o polegar sobre a barra superior
e o levou à orelha.
– Alô – ele sussurrou, sonolento.
– Por favor, não me diga que você esqueceu que dia é hoje? – a voz do
pai reverberou pelo telefone.
Com um gemido, Aidan se sentou na cama. Ele colocou o telefone na
orelha e esfregou furiosamente os olhos azuis.
– Bom dia para você também, Pop.
– Eu juro por tudo o que é mais sagrado que se você estiver de ressaca
no batizado do seu afilhado eu vou bater pessoalmente em você!
As palavras do pai o despertaram. Olhando sobre o ombro, leu em voz
alta o horário que estava no relógio digital, 9h da manhã. Três horas antes
de quando deveria chegar à igreja para o batizado do sobrinhoneto. Embora
ele, provavelmente, fosse o menos indicado para essa função, de alguma
forma ele tinha deixado a sobrinha, Megan, convencê-lo a assumir o papel
de padrinho do bebê dela, Mason.
– Eu não estou de ressaca, Pop. Só estava dormindo até um pouco mais
tarde. É sábado, e nem todos têm corpos regulados pelo regime militar.
Quando o pai dele fez um som de reprovação ao telefone, Aidan
imaginou um cenário perfeito da expressão indignada do pai. Ele quase
podia vê-lo agarrando o telefone e apertando-o como uma vara de
espingarda em postura ereta, balançando a cabeça branca em reprovação.
– Sim, posso só imaginar que você precisava descansar depois de ficar
até tarde fazendo Deus sabe o quê – Patrick resmungou.
Um sorriso se formou nos lábios de Aidan ao pensar nas suas
escapadelas noturnas. Relembrar não contribuía com o humor matinal com
que ele já estava acostumado.
– Olha, eu estou acordado e estarei aí para buscá-lo às 11h, o que nos
dará uma hora até o batizado. Tudo bem?
– É melhor mesmo.
– E perder outra oportunidade para ser culpado? Eu não sonharia com
isso – disse Aidan antes que ele desligasse. Ele colocou o telefone outra
vez na mesa de cabeceira. Escorregando para baixo dos cobertores,
encostou-se na loura com as pernas compridas que vinha sendo sua amiga
de transas das noites de sextas-feiras nas últimas seis semanas.
– Você tem que ir? – Lydia perguntou com um bocejo.
– Ainda não – respondeu Aidan, passando a mão em seu seio.
Quando o mamilo dela enrijeceu ao toque, Lygia deu um gemido suave.
– Sobre o que era o telefonema?
Ele parou de beijar suas costas nuas.
– Era só o meu pai. Ele queria ter certeza de que eu estava acordado e
sóbrio para o batizado do meu afilhado hoje.
Lygia suspirou.
– Você vai a uma igreja para um batizado?
– É, eu sou o padrinho – respondeu ele, enquanto apertava o pênis na
direção das costas nuas dela.
De maneira provocante, ela se afastou dele.
– Eu pensei que padrinhos devessem ser guias morais e espirituais para
as crianças.
Aidan riu.
– Você está tentando dizer que eu serei uma má influência para o Mason?
Ela olhou para ele.
– Qual é, Aidan. Você é a última pessoa na terra que poderia dar
qualquer orientação a uma criança. Tudo o que você sabe é beber e transar.
– E eu sou ótimo nos dois, não sou?
Lydia riu.
– Você e o seu ego.
– Podemos, por favor, parar de falar?
– Exceto coisas sujas?
– Exatamente – Aidan lambeu o ombro nu dela. – Hoje vai ser um
transtorno emocional. Eu só quero me esquecer de tudo transando com você
sem pensar em mais nada. O seu corpo é sempre uma ótima distração.
Em vez de esquentar ao toque dele, Lygia endureceu.
– Então, basicamente, você quer me usar?
Aidan passou os lábios pelo pescoço dela.
– Não, não foi isso que eu quis dizer.
Ela jogou a cabeça para trás para olhar para ele com um olhar frio.
– Com certeza foi o que pareceu.
Ele deu um gemido de frustração.
– Uau, é um ótimo giro de 180° de emoções.
– Bem, desculpe por não achar muito amável quando um homem insinua
que eu só sou boa para livrar a mente dele das coisas.
– Não foi o que eu quis dizer. Mas não tente considerar o que há entre
nós mais do que realmente é.
Ela ergueu as sobrancelhas.
– E o que você nos considera?
– Nós somos amigos de transa, Lydia. O que é exatamente que nós
fazemos se não usar um ao outro para sexo?
– Eu acho que o que estamos fazendo nas últimas seis semanas é um
pouco mais do que o seu resumo grosseiro – disse ela.
– Oh, Cristo, não me diga que você agora está querendo um convite para
ir comigo ao batizado do meu afilhado hoje?
– Tenho certeza absoluta de que não. Eu só estava conversando.
Aidan balançou a cabeça.
– Eu posso ver onde isso vai dar. Você acha que conhecer a minha
família vai nos transformar, como num toque de mágica, em mais do que
duas pessoas que se encontram para fazer sexo uma ou duas vezes por
semana?
Deslizando pela cama, ela puxou o lençol para o peito antes de olhar
para ele.
– Você pode ser um verdadeiro idiota, você sabia?
Aidan jogou as mãos para cima.
– Agora tudo o que eu sei é que estou confuso sobre qual é o seu
problema? Achei que estávamos nos divertindo muito juntos e que
poderíamos ter mais alguma coisa, principalmente antes que eu precisasse
sair para um dia realmente difícil.
– Nós estávamos nos divertindo, mas eu não quero ser usada por você.
Nenhuma mulher gosta da ideia de ser apenas um pedaço de carne para ser
usada quando e como um idiota quiser, principalmente quando ele quer se
desligar emocionalmente por um tempo. Eu sou uma pessoa, você sabe, com
sentimentos.
Ah, droga. Lá estava. A conversa “eu quero mais” que inevitavelmente
arruinava todas as amizades coloridas ou relacionamentos em que ele já
tinha se metido. As coisas estavam ótimas com a Lydia. Ele a conheceu em
uma noite depois do trabalho em seu local preferido, o O’Malley’s. Eles
tinham bebido uns drinques durante cerca de uma hora com a típica
conversa antes de voltar para casa para o sexo mais quente que ele tinha
tido há muito tempo.
Depois da terceira rodada de sexo, quando ele estava deslizando pela
cama para ir embora, ainda no embalo do sexo, sugeriu que poderiam se
encontrar uma ou duas vezes por semana, ela concordou. Assim, durante as
últimas seis semanas, ele estava muito satisfeito com o que havia entre eles,
e não queria mais nada.
Claro, o problema é que ele sempre começava cada relacionamento
sexual deixando claro que ele não queria nada além. Mas isso nunca
funcionava quando era com uma mulher com a esperança desesperada de
que poderia seduzi-lo. Com ódio e raiva estampados no rosto de Lydia, ele
podia ver agora que ela estava a ponto de se unir à fila de seus
relacionamentos anteriores.
Ele ergueu as sobrancelhas para ela.
– Então é isso? Paramos por aqui porque você de repente se sentiu
usada?
Lydia afastou o lençol e se levantou da cama.
– Cai fora! Sai da minha casa, seu filho da mãe!
– Tudo bem, agora mesmo – Aidan disse, ao sair da cama. Assim que ele
se levantou, Lydia jogou a calça nele. Bateu no rosto dele e, em seguida,
atirou a camisa. – Jesus, estou indo, ok? Pode acreditar que eu não quero
ficar aqui com você por nem mais um segundo.
Ele se atirou para dentro da calça. A conversa dela tinha afastado
qualquer desejo que ele tinha. Ele nem se deu ao trabalho de abotoar a
calça e vestir a camisa. Só calçou os sapatos que estavam na sala de estar e
saiu pela porta da frente.
Inacreditável.
Um telefonema do pai dele tinha conseguido bloquear seu relacionamento
com a Lydia para sempre. O que havia com mulheres querendo conhecer as
famílias? A última vez que ele ousou levar uma mulher para conhecer a
família dele tinha sido há seis meses. Dois anos depois de terminar com a
antiga noiva, Amy. Na ocasião, ele não tinha pensado sobre o convite.
Afinal de contas, era para um inofensivo churrasco de 4 de julho – ou assim
ele pensou. Mas no instante em que ela conheceu seus pais, tudo o que ela
podia ouvir eram os sinos do casamento. Depois de dois dias, ela começou
a se referir a eles como “nós”, e o Aidan parou de telefonar para ela.
Ele não considerava o “nós”.
Nunca considerou e nunca consideraria.
Bem, isso não era exatamente verdade. Ele tinha tentado a monogamia,
relacionamentos... Até mesmo um compromisso, mas tinha sido atacado por
esse mal e jurou nunca mais repetir. Sete anos depois, ele estava feliz sendo
um solteiro assumido sem planos para se estabelecer. Embora parecesse ser
a missão da família dele em vida vê-lo casado, estabelecido, e com uma
casa cheia de crianças.
Aidan deu de ombros ao seguir pela calçada. De maneira nenhuma isso
aconteceria um dia.

***
Depois de tomar uma ducha com calma e se barbear, Aidan vestiu seu
melhor terno antes de sair para buscar o pai. Exatamente como ele
esperava, Patrick já estava esperando por ele na calçada.
– São 11h agora – disse Aidan quando Patrick abriu a porta.
– Eu não disse nada.
Aidan sorriu.
– Eu só estava esclarecendo as coisas, para o caso de você tentar dizer
que eu estava atrasado.
– Você acha mesmo que eu sou um velho rabugento? – Patrick perguntou,
ao colocar o cinto de segurança.
– Você está começando a ficar um pouco assim, Pop.
Patrick riu.
– Deve ser porque eu tenho passado muitos sábados no VFW1. Esses
outros cidadãos mais velhos estão me contaminando.
Aidan sorriu.
– Tenho certeza de que é isso.
– Você se lembrou do presente de Mason?
Contendo o desejo de revirar os olhos, Aidan respondeu:
– Sim, Pop. Eu me lembrei.
– Eu só estava perguntando. Por que você está tão irritado? Não dormiu o
suficiente essa noite?
Aidan tirou o olhar da estrada para se virar para o pai.
– Prefiro nem responder.
– Você parece culpado. Deveria ter trazido a sua amiga, uma dama, ao
batizado.
Bufando, Aidan respondeu:
– Não, acho que não.
– Tem vergonha da sua família?
– Claro que não. Além disso, ela não é bem uma dama, muito menos uma
amiga. Nós não temos mais nada – soltando a respiração, ele sussurrou: –
Não que tenhamos tido alguma coisa.
Patrick suspirou.
– Eu ainda espero que um dia antes de morrer, eu possa ir ao batismo do
seu filho ou filha.
Aidan não conseguiu deixar de apertar as mãos no volante, o que fez o
carro desviar na estrada.
– Pop, por favor. Eu gostaria de passar o dia sem me sentir culpado, ok?
– Então está errado eu querer que você se case e tenha filhos?
Com um grunhido, Aidan estacionou o carro no estacionamento atrás da
igreja.
– Eu vou dizer isso e então chega dessa conversa, ok? O mais perto que
eu vou chegar de ser pai é ser o padrinho de Mason. Entendeu?
Patrick balançou a cabeça com tristeza.
– Tudo bem, filho. Você é quem sabe.
– Bom. Agora vamos. Não é todo dia que seu primeiro bisneto é
batizado, certo?
– Isso é verdade – disse Patrick, com um sorriso.
Depois de sair do carro, Aidan deu de ombros. Ele pegou a sacola da
joalheria que continha um lindo embrulho com uma cruz para Mason.
Mesmo tendo comprado uma pequena, Aidan imaginou que combinaria com
o tamanho de Mason por um bom tempo. A criança só tinha seis semanas –
um pouco jovem demais para um batismo comum, mas como estava perto do
Natal, era o melhor momento para reunir a família, incluindo a irmã dele,
Julia, que morava fora do estado.
Ao entrarem na igreja, Patrick acompanhou Aidan para uma das salas
laterais. Quando abriram a porta, ele foi bombardeado pelas irmãs e suas
famílias. Todas as sobrinhas e os sobrinhos queriam abraçá-lo e contar a
ele como estavam na escola e nas aulas de dança ou treinos de futebol. Ele
deu atenção a cada um deles. Finalmente, o deixaram para cumprimentar
Patrick, e ele pôde dar um suspiro para relaxar.
Depois de entregar o presente de Mason ao cunhado, Tim, ele se virou
para a irmã, Angie.
– Bem, se não é O Padrinho – ela brincou.
Ele sorriu.
– O próprio e o único.
Eles deram um abraço apertado.
– Ficamos honrados por você ter aceitado fazer isso pelo Mason. Ele é
um homenzinho de sorte.
Aidan se afastou para olhar para a irmã.
– Francamente, eu ainda estou surpreso por ter feito parte da lista de
candidatos. Certamente havia mais... como eu deveria dizer isso? Escolhas
satisfatórias?
Angie balançou a cabeça.
– Você era o único no mundo que a Megan queria.
Aidan sentiu uma pontada no coração quando ela falou de Megan. Ele
sempre tinha tentado não ter favoritos entre os sobrinhos e as sobrinhas,
mas sempre teve um laço forte com ela.
Ao tirar o casaco, ele olhou pela sala.
– Falando nela, onde estão a Megan e o homenzinho do dia?
Ela riu.
– Ah, ela está lá dentro com Mason. Ela disse que queria fazer alguns
rosários antes do batismo.
Aidan assentiu com a cabeça quando o volume na sala pareceu aumentar
com todos os sobrinhos e as sobrinhas mais jovens. Precisando sair do
caos, ele disse:
– Vou me sentar um pouco com ela.
Angie sorriu.
– Talvez você devesse primeiro ir ao confessionário, não?
– Há, há – ele gracejou antes de sair da sala.
Em pé na porta que conduzia à igreja, ele olhou para o altar e viu Megan
em um dos bancos da frente, ajoelhada. Ele andou pelo corredor. Quando
viu que ela tinha terminado de rezar e só estava olhando para o gigantesco
crucifixo, ele se ajoelhou e fez o sinal da cruz antes de se sentar no banco
ao lado dela.
– Ei, Mamãe linda – ele disse em voz baixa.
Ela sorriu para ele ao guardar o rosário no bolso do casaco.
– Ei, Ankle. Estou feliz por você poder fazer isso.
Aidan balançou a cabeça ao escutar o velho apelido que ela tinha dado a
ele. Como primeira neta, Megan passou muito tempo com os pais de Aidan.
Quando ela começou a falar, não conseguia dizer “Tio Aidan”. De alguma
forma, o nome dele foi resumido a “Ankle”. Nenhuma das outras sobrinhas
ou sobrinhos o chamava assim – era só um aspecto do laço especial entre
eles.
Aidan esticou o pescoço para ver que Mason estava dormindo no
carrinho ao lado de Megan.
– Você sabe que eu não perderia isso por nada no mundo. Quero dizer,
não é todo dia que um homem tão jovem quanto eu é padrinho de um
sobrinho-neto.
– Pode acreditar, estou muito honrada com a sua presença – Megan olhou
para ele de cima abaixo antes de balançar a cabeça. – Acho que você teve
uma noite selvagem de ontem para hoje.
– O que faz você dizer isso?
– Hmm, das bolsas debaixo dos seus olhos ao fato do seu pai ter me
ligado duas vezes hoje de manhã para ver se eu tinha notícias suas.
Aidan passou as mãos pelo rosto.
– Sério? Achei que eu parecia fabuloso.
– Sempre tão convencido – Megan cutucou o ombro dele. – Tem certeza
de que não precisamos mergulhar você em um pouco de água benta?
– Há, muito engraçado. Sua mãe já estava defendendo que eu deveria ter
ido direto ao confessionário antes de vir falar com você.
– Acho que ela tem razão. Quer dizer, sério, quando foi a última vez que
você esteve em uma igreja?
Aidan ergueu as sobrancelhas.
– O que é isso, a Inquisição Espanhola?
Megan riu.
– Oh, isso me lembra das nossas maratonas de Monty Python.
Aidan sorriu.
– Sua mãe ficou tão brava quando eu deixei você assistir isso quando
tinha uns sete anos – ele balançou a cabeça. – Eu não conseguia acreditar
que você fosse tão esperta para entender a maior parte das piadas.
– Você sempre foi uma má influência, mas eu amo você de qualquer jeito.
Inclinando-se, Aidan beijou o rosto de Megan.
– E eu também amo você, mesmo que você tenha sido uma peste por
muito tempo. – Quando ela tentou protestar, ele piscou. – Passamos bons
tempos juntos, não foi?
– É, foi mesmo.
Eles ficaram sentados em silêncio por alguns segundos.
– Então, como você está passando? – Ele apontou para o Mason. – Você
sabe, como mãe de primeira viagem, e tudo isso? – Aidan perguntou.
Megan mexeu na barra do vestido.
– Estou conseguindo.
Cruzando os braços sobre o peito, Aidan disse:
– Agora você sabe que não é bom mentir para o seu tio favorito.
Ela suspirou, afastando algumas mechas de cabelo louro do rosto.
– Tudo bem. Ser mãe solteira é muito mais difícil do que eu pensava,
mesmo com a ajuda dos meus pais. Fico estressada o tempo todo tentando
terminar as aulas de enfermagem, e mentalmente... Estou quase
enlouquecendo.
Aidan passou um braço pelos ombros dela, puxando-a para perto dele.
– Ah, querida. Odeio ouvir isso.
Megan encolheu os ombros.
– Tudo bem. Não há nada que você possa fazer.
– Ainda nenhuma palavra do idiota?
Olhando para baixo, para as mãos que estavam no colo, Megan balançou
a cabeça.
– Nada desde que ele enviou o último cheque antes de assinar com os
Falcons.
Aidan rosnou ao pensar no punk que tinha se aproveitado de Megan. Se
ele pudesse colocar as mãos nele... Ele não ligava a mínima para o fato de
o idiota ser um atacante do Atlanta Falcons. Ele ainda seria capaz de partir
o rosto dele e levar seus testículos de recordação.
– Eu sei o que você está pensando e ele não vale a pena – disse Megan.
Com uma piscadela, Aidan respondeu:
– Você me faz ficar preocupado com ele.
– Pelo menos com o dinheiro que ele mandou, eu posso comprar o meu
próprio apartamento. Eu preciso de um pouco de independência da mamãe e
do papai.
Aidan balançou a cabeça.
– Você deveria ficar em casa e aproveitar o máximo possível esse
contato com eles.
Megan riu.
– Muito obrigada. Eu achava que você, entre todas as pessoas, entenderia
sobre querer ficar sobre os seus próprios pés e não ter as escolhas da sua
vida sempre super analisadas constantemente pela sua família.
– Aí você tem razão – considerou Aidan. Ele conseguia imaginar como
Angie amava dar conselhos diários à Megan sobre o que ela estava fazendo
certo e errado. Bem, ela fez isso com ele, e ele nem era filho dela. Mas
como a irmã mais velha, Angie sempre fora sua segunda mãe. E em cinco
anos desde que a mãe dele tinha morrido, ela assumiu essa tarefa com novo
vigor.
Apertando o braço ao redor de Megan, ele disse:
– Então você está disposta a se mudar, mas não aceitará a minha oferta?
Ela revirou os olhos.
– Sério, Ankle? Por nada nesse mundo você realmente iria querer que eu
morasse com você, nem no inferno.
– Ei, agora, veja o que você diz. Estamos na casa do Senhor – ele
brincou.
Megan riu.
– Escute, é realmente muito gentil você oferecer, mas pode acreditar,
você se arrependeria uma hora depois que Mason e eu nos mudássemos.
– Eu mal os veria com o quarto de hóspedes no andar de cima e sempre
chegando tarde. Eu até poderia passar o Beau para o quintal e deixar o
porão para vocês.
– Deixe-me adivinhar. Parte da oferta incluiria eu lavar as roupas e
cozinhar para você?
Esfregando o queixo, Aidan respondeu:
– Hmm, parece bom.
– Claro que parece para você.
– Não há nada de errado em você cuidar do seu tio preferido. – Como ela
não respondeu, Aidan apertou os ombros dela. – Tudo bem, eu estava
brincando e não esperava que você lavasse roupas ou cozinhasse. Por que
você não me deixa ajudá-la?
Megan balançou a cabeça.
– É muito gentil você oferecer e eu deveria agarrar a oportunidade. Mas
preciso fazer isso sozinha.
– Tudo bem. Seja teimosa.
– Essa é uma característica da família Fitzgerald, lembra?
Aidan riu.
– É mesmo.
– Bem, eu acho que na sua generosidade você não está pensando
claramente na confusão que seria ter o Mason e eu na sua casa.
– É verdade?
– Hmm, hmm, pensa só nisso. Você trouxe para casa sua conquista da
semana para ter sexo quente com ela e ela vê um menininho correndo por
todo lado ou ouve um bebê chorando. Cara, você seria posto para fora do
quarto a pontapés.
Aidan arregalou os olhos.
– Margaret Elizabeth McKenzie, que boca você tem na igreja!
– Eu aprendi tudo isso com meu tio malcriado.
Com um grunhido frustrado, Aidan disse:
– Você precisa saber que eu não levo mulheres para casa.
Ela revirou os olhos.
– Deus, você é um jogador.
– Você também não?
Megan sorriu.
– Eu não posso deixar de realçar os seus erros. Quer dizer, eu fui
enganada por homens como você muitas e muitas vezes. Eu sou uma mulher
desprezada, lembra?
Aidan estremeceu ao pensar em como ele tratava as mulheres – meninas
como a Megan. Como ele podia querer castrar o pai de Mason quando ele
mesmo não era melhor do que ele? Bem, com exceção do fato que ele
sempre usava preservativo para garantir que não haveria nenhum Mini
Aidan correndo por aí.
Megan olhou para o relógio.
– Você dá uma olhada no Mason para mim enquanto vou me confessar
bem rápido?
Aidan arregalou os olhos ao ver a criança dormindo no carrinho.
– Hmm, Meg, eu não...
– Ah, qual é. Você não está fazendo nada e vai dar tudo certo. Além
disso, você é o padrinho dele.
– Sim, uma posição com a qual eu gostaria de não ter concordado.
Megan passou as mãos pelos quadris.
– Eu preciso ir ao confessionário antes de ir ao altar com o meu filho,
Ankle. Você realmente vai dizer não para mim?
– Tudo bem, tudo bem. Vai lá.
– Obrigada – disse ela, antes de beijar o rosto dele. Os saltos do sapato
dela ecoaram pelo corredor. Não tinha completado um minuto que Megan
desapareceu em um dos confessionários e o Mason começou a se mexer no
carrinho. Inclinando-se sobre ele, Aidan o balançou, esperando evitar uma
crise. Mas quando o bebê franziu o rostinho, Aidan sussurrou:
– Ah, droga.
O choro estourou nos lábios de Mason, ecoando pela igreja.
– Ei, homenzinho, não faz isso. – Ele balançou o carrinho mais rápido, o
que só parecia irritar mais Mason.
– Você realmente deveria pegá-lo no colo quando ele chora assim – uma
voz disse sobre o ombro dele. Ele olhou para os três filhos da irmã dele,
Becky, olhando diretamente para ele por trás. Pela expressão exasperada do
menino de onze anos, Percy, Aidan sabia que tinha vindo dele o conselho.
– Tudo bem – sussurrou Aidan. Ele se inclinou passando as mãos por
baixo e por cima do corpo de Mason. Já vestindo sua camisola de batismo,
Aidan achou difícil segurá-lo com todos aqueles laços nas mãos,
principalmente por estar preocupado em não machucá-lo. Finalmente, ele
tirou o Mason do carrinho. Aidan o apoiou no ombro e lhe deu algumas
palmadinhas para tranquilizá-lo. – Tudo bem, homenzinho. Você está livre.
Pode parar de chorar – disse ele.
O sobrinho de treze anos, John, suspirou.
– Ai, a Megan devia estar fumando alguma coisa quando escolheu você
para ser o padrinho.
Aidan fez uma careta para o John sobre a cabeça de Mason.
– Para sua informação, eu era o único que ela queria para essa função.
– Dá a chupeta para ele – sugeriu Georgie, de cinco anos.
Aidan franziu as sobrancelhas.
– O quê?
– Cara, você deve estar brincando – disse John. Ele se apoiou no Aidan e
pegou a bolsa de fraldas de Mason. Procurando dentro, ele tirou uma
chupeta e a mostrou para Aidan antes de colocá-la na boca de Mason.
Imediatamente, o bebê ficou tranquilo.
Com um suspiro de alívio, Aidan olhou para os três meninos. Todos
usavam calças caqui, camisas brancas de botão, gravatas vermelhas e
blazers azuis. Ele balançou a cabeça e sorriu.
– Gostei dos trajes. Vocês poderiam se passar por uma banda de garotos
como os Osmond ou algo assim.
– Quem? – perguntou Percy.
– Não importa – ele resmungou. Olhando para além de onde estavam os
meninos, ele suspirou aliviado ao ver que a Megan havia saído do
confessionário. Ele estava mais do que pronto para devolver Mason para
ela.
Ela sorriu para ele.
– Não conseguiu resistir ao charme do Mason?
– Há, muito engraçado.
– É, eu o escutei no caminho para o confessionário. – Ela se inclinou
para pegar Mason. Aconchegando o bebê no colo, ela sorriu para o Aidan.
– Sabe, você parecia natural segurando ele.
Aidan abriu a boca para protestar, mas John que estava rindo em silêncio
o interrompeu.
– Sério? Ele mal conseguia tirar o Mason do carrinho, sem falar que não
fazia ideia do que era uma chupeta.
– Ele pode aprender – afirmou Megan.
– Sim, acho que isso não vai acontecer – Aidan respondeu.
Então o padre se aproximou deles.
– Senhorita McKenzie, nós estamos prontos para começar.
Megan assentiu.
– John, Percy, Georgie – corram e digam aos outros que está na hora.
– Tudo bem. – Georgie respondeu antes de correr pelo corredor.
Depois que os meninos saíram apressados, Megan sorriu.
– Pronto?
Aidan sorriu para ela.
– Tão pronto quanto sempre estarei.
1 VFW: Veterans of Foreign Wars – um clube de veteranos de guerra.
CAPÍTULO DOIS

Ajustando o último lugar posto à mesa, Emma Harrison deu um passo


para trás para ver como estava tudo. Não que os três melhores amigos dela
realmente se preocupassem com a organização. Nesta noite, seria celebrada
a amizade e o apoio em vez de aparências. Mas o lado perfeccionista e
relações públicas de Emma sentia a necessidade de que tudo estivesse
certo.
Luzes de velas iluminavam a sala de jantar enquanto uma música suave
de orquestra entoava seus cânticos alegres de natal ao fundo. Embora
estivesse na época de Natal, o arranjo do centro de mesa não era de
poinsettias. Em vez delas, um enorme arranjo de flores do campo vibrantes
– mais como as das montanhas onde ela tinha crescido. No meio das flores
estava uma foto do ex-noivo dela, Travis.
Hoje era 15 de dezembro – o aniversário de cinco anos da morte dele. O
dia que marcava o fim da vida perfeita que eles tiveram juntos. Tudo isso
tinha sido levado embora porque um motorista bêbado que saía de uma
festa de Natal cruzara a faixa, matando Travis instantaneamente.
A maioria das pessoas não conseguia compreender que se fizesse uma
comemoração para alguém que estava morto. Mas quando o primeiro
aniversário da morte de Travis se aproximou, o melhor amigo de Emma
desde a 7ª série, Connor Montgomery, insistiu no assunto de marcar a data
todos os anos com bebidas e um jantar no restaurante preferido de Travis.
Emma gostou da ideia e convidou o colega de quarto do Travis e melhor
amigo da escola de Medicina, Nate Rossi e a noiva dele, Casey Turner, que
acabou se tornando a melhor amiga dela também.
No primeiro ano, eles tentaram ir comer no restaurante, mas era muito
barulhento e confuso para as emoções que eles estavam sentindo. No ano
seguinte, decidiram fazer o evento na casa de algum deles – com a mesma
comida e bebidas, mas com um tipo de ambiente mais intimista para uma
ocasião um pouco sombria.
O toque da campainha a tirou de seus pensamentos. Ela andou até a porta
da frente para abrir a casa.
– Olá, pessoal! – ela gritou.
Os melhores amigos dela há sete anos, Casey e Nate, estavam na
varanda, empacotados em casacos e echarpes para o frio de dezembro.
Casey acenou, com garrafas de vinho nas duas mãos.
– Oi, oi. Nós trouxemos as bebidas.
Emma riu ao ver álcool também nas mãos do Nate.
– É ótimo ouvir isso. Connor mandou uma mensagem de texto há uns
cinco minutos e disse que estava no caminho para buscar o jantar.
Nate sorriu quando ele e Casey entraram na sala.
– Só pelo meu amor por Travis que eu como a imitação de comida
italiana do Olive Garden.
Tirando o casaco, Casey assentiu.
– Vocês se lembram de quando o levamos para um lugar mais autêntico
no centro da cidade, e ele falou: “Essa não é a verdadeira comida
italiana!”.
– Pobre Travis. – “Ele tinha muito das montanhas nele para ser muito
continental”, pensou Emma.
Nate balançou a cabeça.
– Isso era parte do charme dele.
Emma sorriu.
– Isso é verdade. – Ela tinha acabado de pegar os casacos deles quando
o Connor passou pela porta, carregando as sacolas de comida.
– Estou aqui, então podemos começar a festa – ele gritou.
– Eu acho que eu poderia estar mais empolgada com a comida do que
com a sua presença – Emma brincou.
– Tanto faz – ele respondeu, se inclinando para beijar o rosto dela. Ele
então passou por ela e andou até a sala de jantar, para deixar as sacolas de
comida na mesa.
Os pratos passaram pela sala e a comida foi retirada dos plásticos para
as travessas de porcelana da mãe de Emma. Então o vinho foi servido em
taças de cristal. Quando tudo estava pronto, eles se sentaram.
Durante o jantar, o vinho fluiu tão livremente quanto a conversa. Por
algum tempo, eles dançaram ao redor dos fantasmas do passado chegando
ao presente. Apenas quando os pratos estavam vazios, Travis voltou a ser o
assunto da conversa.
– Por favor, me diga que você fez a sobremesa preferida do Trav? –
perguntou Connor, passando a mão na barriga.
Emma riu.
– O que você acha?
Connor revirou os olhos de felicidade.
– Graças a Deus. Eu venho pensando no bolo veludo vermelho a semana
toda!
Depois de ir à cozinha para buscar o bolo que era uma receita secreta da
avó dela, Emma voltou à sala de jantar. Ao servir as fatias, eles começaram
outra tradição – contar uma história preferida do Travis.
Quando chegou a vez de Connor, ele bebeu um gole do vinho.
– Minha história preferida do Travis... – Ele respirou fundo e levantou a
cabeça. – Provavelmente era quando eu saía com ele.
Emma gemeu e cobriu os olhos.
– Oh, Deus, aquela não.
Nate olhou entre ela e a Casey.
– Espere, acho que não ouvi essa.
Casey balançou a cabeça.
– Nem eu.
Connor sorriu.
– Veja, eu guardei a melhor história para o final.
Emma suspirou.
– Eu não conheço essa.
Depois de balançar a cabeça, Connor continuou.
– Então imagine...
Emma deu uma risada.
– O que é isso, as Golden Girls com Sophia e “Imagine isso... Sicília”?
Connor limpou a garganta.
– Posso contar a história?
– Tudo bem, tudo bem.
– Então eu estava dizendo, estávamos no vestiário vazio do campo de
futebol americano. Travis e eu estávamos devendo equipamentos, então
fomos os últimos a voltar do treino. Estávamos parados lá com nada além
de nossas cuecas, e eu percebi que...
– Que você estava apaixonado pelo Travis? – perguntou Casey.
– Deus, não! – respondeu Connor. Ele se virou para Emma e sorriu. –
Sem ofensas, Em. Mas o Travis não fazia tanto o meu tipo.
Ela riu.
– Sem ressentimentos. Agora termina a história.
– De qualquer forma, ele estava tirando as coisas do armário para ir
tomar banho, e eu sabia que seria naquela hora ou nunca mais. Quer dizer,
eu tinha conversado com a Emma algumas semanas antes. Como ela, o
Travis era o meu melhor amigo no Ensino Médio, então eu sabia que ele
tinha que saber. Meu coração estava pulando pela boca e batia tão forte que
eu tinha certeza que ele conseguia escutar. Mas eu sabia que não podia
esperar mais um dia, nem um minuto, para contar que eu era gay. Então, eu o
agarrei pelo ombro, o virei, e disse: “Trav, eu sei que você vai me odiar
depois que eu contar isso para você, e eu vou entender se nunca mais quiser
falar comigo. Mas, cara, eu sou gay”.
Nate arregalou os olhos escuros.
– Meu Deus. O que ele fez?
Connor abriu um sorriso largo.
– Ele disse: “Con, cara, é ótimo você querer se abrir comigo quando nós
dois estamos totalmente nus, mas eu sabia que você estava jogando em
outro time há muito, muito tempo. E eu não ligo nem um pouco. Você é meu
amigo, e isso é tudo o que importa”.
Casey olhou para Emma.
– Você tinha contado ao Travis sobre o Connor ter se revelado?
Emma balançou a cabeça furiosamente.
– Não, claro que não. Não era minha história para eu contar.
Com uma risada, Connor disse:
– Você poderia ter me derrubado com uma pena com a reação dele. Mas
assim era o Trav. Por um lado, ele era esse homem tradicional, duro.
Entretanto, ele também tinha um lado muito gentil. – Connor suspirou. – Ele
era o cara mais doce, mais receptivo que eu já tive o prazer de conhecer. E
um dos melhores amigos que eu já tive.
Lágrimas rolaram pelos olhos de Emma.
– Isso é verdade.
Casey ergueu a taça de vinho.
– Ao Travis. É uma droga entender que ele tenha sido levado para longe
de nós tão cedo.
Emma se inclinou e brindou com os outros.
– Ao Travis.

***
Um pouco antes da meia-noite, Casey e Nate começaram a se organizar
para ir embora. Quando Nate ajudou a Casey a vestir o casaco, ela
perguntou:
– Então, ainda estamos confirmados para a festa do escritório amanhã à
noite, certo?
Emma franziu o nariz.
– Eu não sei, Case.
– E por que não? – Casey perguntou.
– Depois dessa noite, a última coisa que eu quero fazer é me arrumar
para um grupo de conversas sem sentido, com coquetéis e petiscos.
Casey ergueu o dedo para ela.
– Com o Nate trabalhando, você prometeu que seria a minha companhia.
Além disso, você não está na empresa há muito tempo. Precisa fazer uma
presença.
Emma suspirou. Tanto quanto ela detestava admitir, Casey tinha razão.
Depois de quatro anos no emprego antigo, ela tinha se transferido para a
Burke and Company em outubro a pedido de um dos ex-colegas de trabalho.
A chefe dela, Therese, tinha quebrado muitos galhos para conseguiu o
trabalho e um aumento de salário considerável. Emma não podia
decepcionar Therese.
– Tudo bem, tudo bem. Eu vou fazer companhia para você.
Casey sorriu.
– Bom. Fico feliz em ouvir isso. E usa algo bem sensual. Considerando
que é a festa de Natal do prédio, haverá mais do que alguns pretendentes
solteiros na nossa empresa.
Revirando os olhos, Emma perguntou:
– Deixe-me adivinhar. Você insistiria para eu usar o vestido verde que
escolheu para eu vestir quando cantei naquela festa da empresa no ano
passado?
– Ooh, o que é praticamente sem costas, tem um decote profundo e mostra
esse colo fabuloso que você tem?
– Sim, é esse.
Casey balançou a cabeça.
– Oh, sim, você terá os homens comendo na palma da sua mão.
– Fabuloso – Emma murmurou.
Depois de abraçar longamente Nate e Case, eles saíram pela varanda.
– Adeus, pessoal. Amo vocês – disse Emma, enquanto acenava pela
última vez antes de fechar a porta. Ela voltou para a sala de estar e se
deitou no sofá ao lado de Connor. Deixando escapar um longo suspiro, ela
agarrou uma das almofadas no colo.
– Isso não é bom, Em.
– O quê? – ela perguntou.
– O ato que você está fazendo.
Emma ergueu as sobrancelhas para Connor.
– Que ato? Acho que está na hora de parar com o vinho, principalmente
se você não vai passar a noite aqui. – Quando ela quis pegar a taça dele, ele
bateu na mão dela e os dois riram.
– Você está triste. Eu sei.
– É claro que eu estou. O dia de hoje sempre me deixa triste – ela
respondeu.
Connor balançou a cabeça.
– Tem mais do que isso. – Ele se aproximou dela, onde as coxas e os
ombros deles se encontravam. – Conta para mim.
Lambendo os lábios, Emma olhou para baixo.
– Você sabe o que é.
– Sobre o bebê?
Ela assentiu.
– É por causa do meu último telefonema para o Travis? – Quando a
Emma encolheu os ombros, Connor deu um sorriso triste. – Eu nunca vou
me esquecer de como ele estava naquele dia. Eu não acho que alguma vez
tenha ouvido o Travis falar com mais felicidade em toda a minha vida.
Bem, com exceção da noite da sua festa de noivado. “Con, cara, você nunca
vai acreditar. Eu vou ser papai!” – ele disse.
Lágrimas rolaram pelos olhos de Emma com a lembrança dolorosa que
queimava a alma dela. Sua menstruação estava atrasada há uma semana. Ela
estava emocionalmente destruída ao pensar que podia estar grávida, mas o
Travis estava extasiado. Apesar de eles estarem noivos há quase um ano,
Emma ainda não queria consentir que eles estivessem casados. Havia a
faculdade de Medicina de Travis para pensar e o início de carreira dela.
Mas o Travis não se preocupava com nada disso – ele só queria que Emma
fosse a esposa dele.
Fungando, Emma passou o dorso da mão no nariz.
– Ele continuava dizendo: “É, agora você vai ter que ir adiante e se casar
comigo como eu tenho implorado para você!” – disse ela, com a voz
sufocada pela emoção. Ela não parava de esfregar as lágrimas que rolavam
pelo rosto. – Ele nunca soube de nada diferente disso. Eu fiquei menstruada
depois que ele saiu do trabalho naquele dia em que morreu.
O Connor se inclinou e a puxou nos braços. Soluços fortes estremeciam o
corpo dela, e o Connor a embalava de um lado para o outro.
– Emmie Lou, ele morreu sendo um dos homens mais felizes do mundo.
Seja grata por isso.
– Eu sou... mas ele nunca deveria ter morrido. Ele deveria estar aqui
comigo. Ele deveria estar com o Nate que faz o estágio dele e nós... nós
deveríamos ter filhos.
– Não é bom pensar desse jeito – disse Connor. Ele se afastou para olhar
para ela. – Você precisa seguir em frente. O Travis iria querer a sua
felicidade, que você encontrasse outra pessoa para fazer uma vida com ela
e se tornar mãe como sempre sonhou.
À menção da maternidade, Emma respirou fundo. Uma ideia – uma opção
um pouco louca para alguém como ela – estava passando há meses por sua
mente. Por mais que ela tentasse afastá-la, racionalizando que não poderia
ou não funcionaria, ela continuava a crescer.
– Connor, se eu pedisse que você fizesse uma coisa para mim, você
faria?
Ele ergueu as sobrancelhas.
– Por que eu sinto que provavelmente diria não?
– Por favor?
– O que é?
Hesitando, ela respirou fundo. Ela não tinha certeza se conseguiria falar.
Finalmente, ela encontrou coragem para perguntar:
– Você teria um filho comigo?
Tirando as mãos do rosto dela, Connor se levantou do sofá.
– O quê?
– Você é o único homem no mundo que eu amo. Eu quero que você me dê
o filho que eu sempre quis, eu quero que você seja o pai do meu bebê.
Connor arregalou os olhos.
– Emma, você se lembra de que eu sou gay e tenho um relacionamento
com o homem que eu amo. Eu não posso... – Ele passou as mãos pelos
cabelos. – Eu nem saberia como começar a fazer aquilo com você.
À expressão confusa e às palavras dele, Emma não pôde deixar de rir.
– Eu não estou pedindo para você dormir comigo para conceber um bebê.
– Não está?
Ela balançou a cabeça.
– Não, claro que não. Eu quis dizer que queria que você fosse o doador
de esperma, em uma clínica e tudo, não em um quarto.
Olhando para ela em choque, Connor finalmente se acalmou e ele deixou
sair um suspiro longo, exagerado.
– Ah... graças a Deus.
– Mas obrigada por me deixar saber que transar comigo seria o maior
pesadelo da sua vida – Emma brincou.
Com um sorriso de desculpas, Connor recostou no sofá.
– Não fica ofendida, Emmie Lou. Você sabe que há muito tempo eu não
quero saber de mulheres.
– Hmm, sim, eu acho que tenha tido alguma a ver com isso naquele tempo
também.
Connor estremeceu.
– Eu só pensei que se eu tentasse fazer algo com uma garota, eu saberia
de uma vez por todas se sou mesmo gay.
Emma riu.
– E eu fico feliz por ter ajudado você a entender isso.
Com um sorriso, Connor disse:
– Se eu me lembro bem, eu fiz isso por você.
– Oh, é! – ela corou antes de cobrir o rosto com as mãos. Ela se lembrou
de imediato da festa de aniversário de quinze anos de Connor. Todos os
outros amigos tinham ido embora, e eles ficaram a sós no porão dos pais
dele. Embora as meninas estivessem loucas por ele, Connor nunca se
estabeleceu ou namorou muito. Em vez disso, ele preferia paquerar e sair
com a Emma.
Depois de roubar a metade de uma garrafa de Jack Daniels do pai dele,
ele revelou aos prantos para a Emma que achava que não se sentia atraído
em nada pelas meninas. Ele implorou que ela o beijasse, para entender se
ele era mesmo gay. Considerando que ela nunca tinha passado da primeira
fase com ninguém, ela estava um pouco relutante. Emma olhou para ele
entre os dedos e balançou a cabeça.
– Eu não posso acreditar que você foi o primeiro cara que me sentiu.
Connor riu.
– Eu acho que fiz um pouco mais do que sentir você. Estou bem certo de
que tive uma ereção naquela noite até que gozei nas minhas calças!
Emma bateu no braço dele.
– Argh, eu não consigo acreditar que você se lembra disso tudo.
– Sim, foi o fato de ter feito isso com a minha melhor amiga que foi a
maior revelação. Foi que para finalmente... gozar eu tive que fantasiar com
um homem.
Revirando os olhos, a Emma disse:
– Mais uma vez, muito obrigada por me lembrar desse fato. Vou acabar
ficando complexada ou qualquer coisa assim no meu estado sem namorar!
– Oh, qual é, Emmie Lou, você teve metade da população masculina para
você, e se seguir em frente e voltar ao jogo do namoro, vai ver que os caras
heterossexuais em todo lugar querem sair com esse seu corpo quente.
– Sim, querem. Eles só não querem me conhecer ou ter um
relacionamento de compromisso. Quando descobrem que sou antiquada e
não quero fazer sexo no primeiro encontro, saem correndo.
Depois de um silêncio incômodo, Connor suspirou.
– É aí que vem outra vez a parte do bebê, certo?
– Eu não sabia que você ficaria tão surpreso quanto a isso tudo. Você
sabe o quanto eu quero uma criança – como eu sempre quis uma família
grande. Eu vou fazer trinta anos dentro de alguns meses. Não é agora ou
nunca, mas está chegando perto.
– Então por que você não encontra um cara para namorar e ter filhos.
Sabe, acessa o Eharmony ou algo assim. Quer dizer, certamente o Nate deve
conhecer alguns pretendentes para namorar você.
Emma deu um suspiro de frustração.
– Eu não tive um relacionamento de verdade desde o Travis, e eu não
tenho certeza se realmente haverá mais alguém para mim.
– Mas você nem tem tentado. Quer dizer, com o câncer da sua mãe e a
morte dela, você se fechou durante muito tempo. Talvez esteja na hora de
realmente aparecer outra vez – insistiu Connor.
Balançando a cabeça, Emma disse:
– Você não está me escutando? Eu quero um bebê. Tudo na minha vida
tem sido perda e morte. – Ela levou a mão na barriga. – Eu quero vida
crescendo dentro de mim, uma parte de mim e dos meus pais.
– Em...
Lágrimas rolaram pelos olhos dela.
– Eu tenho tanto amor para dar a uma criança. Por favor, Connor.
Ele pegou a taça de vinho e bebeu o que restava. Então, ele se levantou
do sofá e tropeçou pela sala de jantar. Emma assistiu enquanto ele pegava a
última garrafa de vinho e encheu a taça outra vez. Quando ele se virou para
a porta de entrada, ele balançou a cabeça.
– Mas por que você precisa de mim? Por que você não pode
simplesmente ir a um banco de esperma e escolher uma amostra do Brad
Pitt com QI 170?
– Porque eu não ligo para o Brad Pitt e seu alto QI.
Connor suspirou.
– Muito obrigado. Você realmente não sabe escolher, não é?
Emma revirou os olhos.
– Não foi isso o que eu quis dizer. Eu não estava pensando nas coisas
superficiais, mas como estamos no assunto, sim, você trará o DNA mais
excelente para o meu bebê, tanto em aparência quando em inteligência, tudo
bem?
– Tanto faz – disse ele, ao beber mais um gole de vinho. Ele se jogou no
sofá do lado dela.
– Connor, você não vê o cenário aqui. Se eu não posso ter um bebê com
alguém por quem eu esteja apaixonada, ainda quero que seja com alguém
que eu amo. Eu sei que você é uma pessoa boa e decente, e que seria um
ótimo pai. – Como ele não disse nada, Emma se aproximou dele. – E pense
nos seus pais. Além da minha avó e do meu avô, o meu bebê não teria avós,
e eu sei que os seus são excelentes para os filhos das suas irmãs.
– Isso é verdade – ele murmurou, ainda sem olhar para ela.
Emma suspirou. Ela sabia que tinha conseguido fazer com que ele
pensasse, levaria algum tempo para ele processar tudo.
– Olha, eu sinto muito por ter exposto tudo isso. – Quando ela começou a
se levantar do sofá, Connor agarrou o braço dela.
– Tudo bem.
Ela ergueu as sobrancelhas.
– Tudo bem o quê?
Ele suspirou.
– Certo, eu vou ser o pai do seu bebê ou o doador de esperma ou o que
for.
O peito de Emma se contraiu e ela mal conseguia respirar.
– Mesmo?
Connor assentiu com a cabeça.
– Sim, por que não.
– Mas você tem certeza? Quer dizer, você não precisa de mais tempo
para pensar nisso?
– Não. Vamos ter um bebê.
Emma gritou de felicidade antes de lançar os braços ao redor do pescoço
do Connor e o apertar.
– Ai, meu Deus! Eu não consigo acreditar que você vai mesmo fazer isso.
– Ela se afastou para beijar o rosto dele. – Eu amo você muito.
– Eu também amo você, Emmie Lou.
Ela encostou a cabeça no pescoço dele.
– Mas o que fez você mudar de ideia?
– O Travis.
Emma olhou para ele. Um sorriso passou pelos lábios de Connor.
– Foi como se eu pudesse quase ouvir Travis dizer para eu fazer isso –
para fazer você feliz, já que ele não podia.
Uma mistura de lágrimas de alegria e tristeza se reuniu nos olhos dela.
– Eu nunca vou conseguir agradecer a você o suficiente por fazer isso. Eu
não posso imaginar como seria ficar mais feliz do que eu estou neste
momento.
Ele passou o polegar no rosto dela.
– Eu acho que o dia que soubermos que você estará bem e grávida
ganhará esse aqui.
Ela sorriu.
– Ou o dia que o nosso bebê nascer?
Connor assentiu.
– E se for menino, eu quero que o nome seja Travis, Travis Connor
Montgomery.
– Eu não gostaria de mais nada, principalmente se o bebê tiver o seu
sobrenome. – Ela inclinou a cabeça. – Mas e se for menina?
– Travisina? – Connor sugeriu.
Emma deu uma risada.
– Não, acho que não.
Connor riu.
– Nós temos tempo para pensar no nome de uma menina.
– Contanto que ele ou ela seja saudável, eu não me importo.
Ele se afastou dela para pegar as taças de vinho deles.
– Vamos beber à nossa futura criança.
– Ao nosso bebê – disse Emma, antes de brindar com o Connor.
CAPÍTULO TRÊS

Aidan passou pela porta da frente do clube Commerce Country. Ele


acenou com a cabeça a um dos colegas da mesma categoria dele. E passou
os dedos para ajustar a gravata do smoking. Ele mal estava usando aquela
maldição há trinta minutos e já se sentia sufocado. Vendo seu melhor colega
de trabalho, Blake, ele acenou e ele veio se encontrar com ele.
– Bem, olá, Fitzy, como vai? – perguntou Blake.
Sem responder, Aidan tirou o copo de uísque da mão de Blake e bebeu
um gole.
– Hmm, está mal hein? – Blake perguntou, com um sorriso.
– Desculpa, cara. Estive em um inferno familiar durante o dia inteiro.
– O lance do batizado?
Aidan assentiu.
– Isso foi ao meio-dia, mas depois teve uma festa na casa da minha irmã.
– Aidan estremeceu ao pensar em como tinha sido pressionado por cada
uma das irmãs durante a tarde. Apesar de elas terem vindo conversar com
ele em momentos diferentes, a mensagem era a mesma. Ele tinha trinta e
dois anos e estava na hora de se estabelecer e dar continuidade ao
sobrenome. Tinha sido um verdadeiro inferno. – Escapei há uma hora.
Blake ergueu as sobrancelhas castanhas.
– Não tinha nem uma gata na festa, pelo menos?
– Sim, mas se eu tivesse começado a pensar em alguma coisa, seria como
uma munição para as minhas irmãs atirarem em mim. Sem falar que o meu
pai também teria se reunido para atirar.
– Então, acho que está na hora de você começar a beber pesado. Por que
você não vai até o bar e pega outro uísque para nós? – sugeriu Blake.
– Talvez eu pegue dois para mim e um para você – Aidan murmurou.
– Vai com calma, amigo. A noite é uma criança.
Aidan balançou a cabeça e olhou outra vez pela multidão. Ele estava
quase no bar quando alguém o empurrou e ele quase perdeu o equilíbrio.
Ele se virou. Ele tinha visto e transado com mulheres bonitas, mas ela era
completamente especial e atraente. As bochechas dela coraram de vergonha
e ela escondia o rosto atrás de uma mecha de cabelos ruivos que desabava
em ondas pelas costas nuas. E, nossa, ela estava usando um vestido verde
esmeralda que envolvia suas amplas curvas como uma segunda pele. Ele
adorava cabelos ruivos, mas principalmente, adorava ruivas de vestido
verde. Algo na cor realçava os traços perfeitos que elas tinham.
– Você está bem? – ele finalmente perguntou.
Ela assentiu com a cabeça.
– Desculpe. Meu salto ficou preso no tapete por um instante. Foi por isso
que esbarrei em você.
Ele deu seu melhor sorriso.
– Não foi nada.
– Mais uma vez, sinto muito – disse ela.
Antes que ele pudesse fazê-la parar, ela se virou e foi para o outro lado
do salão. Como ele assistia enquanto ela andava, ele balançou a cabeça e
afastou o desejo que esquentava sob a cintura dele. Agora havia algo
interessante. Ela era exatamente o tipo de mulher que ele gostaria de levar
para casa e ter certeza de que gritaria o nome dele ao sentir prazer. O
disfarce tímido que ela estava usando remexeu o interesse dele porque
podia apostar que era quase como a cor dos cabelos dela, ela tinha uma
personalidade quente.
Depois de pegar os dois uísques, ele foi atrás de Blake. Dois de seus
outros colegas de trabalho, Chris e Oliver, tinham se juntado ao Blake.
– Ei, caras – disse Aidan com um sorriso radiante.
Blake lançou um olhar interrogativo para Aidan ao pegar o copo.
– Você tomou mais alguns desses?
– Não, por quê?
– Porque você está com uma expressão que não tinha há cinco minutos.
Aidan riu.
– É porque eu achei a mulher com quem vou passar a noite.
– Droga, você trabalha rápido. Quem é ela? – perguntou Chris.
– É uma ruiva que está de vestido verde com quem vou adorar brincar e
passar horas despertando a mulher que tem dentro dela.
Oliver gemeu.
– Emma Harrison.
Aidan arregalou os olhos.
– Sério? Você conseguiu identificar só pela descrição que eu dei?
Cruzando os braços na frente do corpo, Oliver disse:
– Longas pernas, seios fabulosos, olhos verdes, longos cabelos ruivos e
um pouco tímida?
Aidan bateu no copo de uísque.
– É, é ela.
Oliver balançou a cabeça.
– Boa sorte com aquela lá, cara. Ela trabalha no meu andar e metade dos
caras lá tentaram e ela os dispensou.
Terminando de beber a dose, Aidan apenas sorriu.
– Oh, eu gosto de um desafio. Sempre ataco no final da noite.
Chris e Blake deram uma risada.
– Só você, cara – respondeu Blake.
– Vocês tem que admitir que a caçada é quente – argumentou Aidan.
Chris deu de ombros.
– Não quando estou excitado como essa noite. Eu prefiro que elas caiam
com as pernas abertas.
– Tanto faz, cara – disse Aidan, virando o pescoço para a multidão.
Finalmente, ele viu a esmeralda. – Como é mesmo que você disse que ela
se chama?
– Emma.
– Obrigado. Agora se vocês me dão licença, eu vou trabalhar para
conseguir as adoráveis coxas dela abertas para mim.
– Boa sorte. Você vai precisar – disse Oliver.
Aidan só balançou a cabeça. Ele nunca precisou de sorte para marcar um
encontro com uma mulher. Ele tinha a aparência, o charme e a
personalidade. Então não importava se alguns caras do setor de relações
públicas tinham levado alguns foras de Emma. Ele não levaria.
CAPÍTULO QUATRO

Ele estava olhando para ela outra vez... e sorrindo. Depois de pegar o
sujeito lindo em que ela tinha esbarrado mais cedo olhando para ela no
salão lotado, Emma tinha jurado não voltar a olhar na direção dele. Em vez
disso, ela estava tentando focar a atenção na conversa entre a Casey e as
outras meninas do andar dela. Mas ao espiar pelos cílios, ela o pegou
olhando. Ele não parecia envergonhado ao olhar para ela abertamente.
Então, ela finalmente ganhou coragem para dar um sorriso tímido.
E esse foi o jogo que eles estavam fazendo durante os últimos cinco
minutos – roubando olhares e sorrindo um para o outro.
– Para quem você está sorrindo – Casey perguntou.
– Para ninguém – Emma mentiu depressa.
– Ooh, eu acho que a Em está no jogo – disse Therese, com um sorriso.
– Não estou – Emma protestou.
– Você está sim – disse Casey, olhando pelo salão. – Então, quem é o
sortudo?
Emma suspirou.
– Tudo bem. Eu literalmente passei por ele há alguns minutos ao voltar
do banheiro. Ele pareceu muito interessante, mas eu estava morrendo de
vergonha porque prendi o salto do sapato naquele tapete estúpido para ficar
e conversar.
Casey sorriu.
– Ooh, parece promissor. Ele é quente?
Sem erguer os olhos, ela podia ver a imagem do homem na frente dela tão
clara quanto o dia – os olhos azuis, os cabelos louros, e o corpo alto e
musculoso.
– Ele era realmente muito atraente.
Casey arregalou os olhos escuros.
– Oh, nossa, olha só! Em acabou de dizer que o cara é atraente.
– Oh, tanto faz. – Ela lambeu o lábio por um minuto antes de dizer
finalmente. – Eu realmente gostaria de saber quem ele é. E-eu queria falar
com ele outra vez.
– Falar com ele? Não, menina, nós vamos arranjar um namorado para
você, pelo menos. Quer dizer, eu nunca vi você interessada em um homem
assim antes – disse Casey.
– Então onde ele está? – perguntou Therese.
– Bem, disfarça. Mas ele está apoiado em uma das colunas de mármore.
Ela não ousou olhar quando as outras se viraram para ver o homem
misterioso. Casey tossiu assustada.
– O que houve? Quem é ele? – Emma perguntou.
– Não, absolutamente não. Aquele é o Aidan Fitzgerald.
– E daí?
Casey sacudiu a cabeça.
– Ele só pensa em sexo, Em, então você precisa ficar bem longe dele a
menos que queira ser usada! – ela respondeu.
Therese assentiu.
– Ele tem a pior reputação de mulherengo. Eu ouvi que só consegue
manter secretárias mais velhas porque dormiu com todas as outras.
Emma arregalou os olhos.
– Sério?
Outra amiga dela, Rachel, disse:
– Ele foi pego na festa de caridade do ano passado com a calça nos
tornozelos transando com a esposa de um doador.
– Não há nem como dizer com quantas mulheres ele saiu deste edifício –
disse Casey.
– Oh, Deus – murmurou Emma, ao sentir as ondas de náusea que
passavam por ela. Como ela poderia ter esbarrado nesse idiota? Quando
ela olhou outra vez para ele, ele ainda estava olhando para ela, ou talvez
fosse mais do que olhando.
– Droga, eu acho que ele está vindo para cá – disse a Casey.
Quando elas começaram a sair, Emma ficou boquiaberta.
– Vocês vão me deixar aqui sozinha com esse imbecil?
Casey revirou os olhos.
– Você vai ficar bem. Só diga para ele dar o fora.
– Muito obrigada – Emma murmurou.
Com um andar decidido, Aidan se aproximou dela.
– Oi, de novo.
– Olá – ela disse rapidamente.
– Eu achei que depois do nosso encontro mais cedo, nunca mais teríamos
a chance de nos apresentarmos formalmente. Eu sou o Aidan Fitzgerald.
– É, eu sei.
– Você sabe?
Emma sorriu maliciosamente para ele.
– Sim, a sua reputação chega antes de você.
Aidan ergueu as sobrancelhas para ela.
– Oh, então uma beleza como você de Relações Públicas sabe sobre as
minhas façanhas do Marketing?
– Como você sabe que eu...
Ele sorriu para ela.
– Eu tenho os meus espiões, principalmente os que sabem tudo sobre
ruivas sensuais chamadas Emma do setor de Relações Públicas.
Emma conteve o desejo de revirar os olhos para ele. Deus, ele era tão
convencido. Se havia uma coisa que ela não podia aceitar em um homem
era o ego, e ela não tinha certeza se já tinha conhecido um homem mais
seguro de si do que Aidan.
Baixando o tom de voz, Aidan perguntou:
– Então o que você diz de sairmos daqui e irmos talvez para a sua casa?
Algum lugar onde pudéssemos nos conhecer um pouco melhor.
– É uma proposta para mim, sr. Fitzgerald? – ela perguntou de forma
brusca.
Ele arregalou os olhos.
– Você pode me chamar de Aidan e eu só quero ir com você para um
lugar menos lotado. Nós podemos parar primeiro em um bar se você
preferir.
Ela cruzou os braços.
– Sim, tenho certeza de que você preferiria me embebedar e, então, eu
dormiria mais facilmente com você, certo? Quer dizer, você quer realmente
me ouvir falar sobre economia ou quem vai ganhar o Superbowl desse ano?
À expressão confusa no rosto do Aidan, Emma teve que morder o lábio
para não rir.
– O quê? – ele perguntou.
– Oh, eu acho que você me ouviu bem. Eu imagino que você não esteja
acostumado a fazer isso. Mas escute com atenção quando eu digo que não
gosto de ser chamada para sair pelo mulherengo da empresa.
Sem se importar, ele perguntou:
– Isso é verdade?
– É.
Ele se inclinou para se aproximar dela, com as pontas dos dedos nos
braços de Emma.
– Querida, se você tem medo das suas amigas pensarem mal de você por
querer um cara como eu, então nós não precisamos sair juntos. Ninguém tem
que saber além de mim e você.
Emma empurrou o braço dele.
– Eu não quero dormir com você.
Aidan sorriu.
– Oh, sim, você quer. – Ele bateu de leve nas têmporas dela. – Sua mente
está lhe dizendo para se afastar de mim por causa da minha reputação de
mulherengo, mas o seu corpo pensa o contrário.
– Eu acho que não – afirmou Emma, dando um passo para trás. Ela não
gostou do fato do corpo dela reagir a ele, principalmente do calor que
aumentava entre suas pernas.
Ele se inclinou, com a respiração no lóbulo da orelha dela.
– Então por que os seus mamilos ficaram duros de repente?
Emma respirou fundo antes de se afastar e cruzar os braços na frente do
peito.
– Talvez por ser dezembro e por estar frio? – Ela balançou a cabeça. –
Sinceramente, você é absoluto e positivamente repugnante.
– Sexo com raiva pode ser muito quente, e se eu tivesse que apostar, faz
algum tempo para você. – Ele piscou ao se aproximar dela. – Assim você
pode despejar tudo em mim.
O sorriso triunfante dele foi o limite para ela.
– Eu vou dizer pela última vez. Você é o último homem no mundo com
quem eu dormiria. Pode ser chocante para você, mas eu, na verdade, tenho
princípios e escrúpulos, e tudo está dizendo que você é um dos idiotas mais
egocêntricos que eu já conheci. Há coisas piores do que ser solteira e não
fazer sexo, sr. Fitzgerald. Sair daqui com você e deixar que toque em um
centímetro do meu corpo seria a coisa mais degradante que eu já teria feito.
Então, eu peço gentilmente que se retire da minha presença. Porque de uma
forma ou de outra, você vai ter que sair. Ou eu vou chamar a segurança ou
dar uma joelhada nas suas bolas para conseguir que vá.
Aidan ficou boquiaberto e estreitou os olhos azuis para ela.
– Tudo bem, então. Você é quem perde. – Ele se virou e saiu andando,
deixando ela sem fôlego.
Casey e as outras vieram rapidamente para onde ela estava.
– Oh, meu Deus! Você foi incrível, Em – disse Casey.
– Você ouviu? – Emma rosnou.
Casey assentiu.
– Nós tentamos não espiar, mas não conseguimos evitar.
Therese sorriu.
– Você falou mesmo com ele.
– É, acho que sim.
Rachel deu um tapinha nas costas de Emma.
– Você deveria estar muito orgulhosa de si mesma. Eu não acho que
nenhuma outra mulher já tenha falado assim com ele.
Emma suspirou. Ela não sabia o que estava sentindo. Agora que a
adrenalina já não estava bombeando por seu corpo, ela não se sentia tão
convencida. Em vez disso, ela se sentia envergonhada pelo que tinha dito a
ele. Ela esperava nunca mais ter que o encarar.
Casey pegou a mão dela.
– Vem. Vamos pegar uma bebida para você comemorar.
Emma riu.
– Sério?
– Sim, todas nós precisamos brindar ao dia que você dispensou o sr.
Aidan Mulherengo Fitzgerald!
– Vocês se importam se fizermos isso em algum outro lugar. Eu não quero
correr o risco de me encontrar outra vez com ele hoje à noite.
– Ele já foi embora.
Ela engasgou e disse:
– Mesmo?
Therese balançou a cabeça.
– Ele foi direto pela porta da frente do clube depois que você disse tudo
para ele.
Casey sorriu.
– Assim temos o espaço todo para tomarmos o nosso drinque. Certo?
Forçando um sorriso, Emma disse:
– Tudo bem. – Ela não queria mais nada naquele momento do que
esquecer o encontro com Aidan Fitzgerald.
EPÍLOGO

TRÊS MESES DEPOIS


DUAS SEMANAS ANTES DA PROPOSTA

Olhando para o telefone, Emma franziu o rosto. Maldito trânsito de


Atlanta. Não importava se ela saísse trinta minutos ou uma hora antes de
precisar estar em algum lugar, nunca deixava de estar atrasada por causa do
engarrafamento. Os saltos dos sapatos dela ecoavam pela calçada para o
It’s a Grind Coffee-Shop. Ela abriu um sorriso ao ver Connor acenando
para ela de uma mesa da janela.
Quando ela empurrou a porta, escutou o som familiar. Ela caminhou para
onde Connor estava.
– Sinto muito! Eu saí com bastante antecedência, eu juro.
Ele sorriu.
– Tudo bem. Eu me antecipei e fiz o pedido para você.
– Aw, você é um doce. – Ela se sentou e deu um beijo no rosto dele.
Recostando no banco, ela tirou o casado. Ao olhar para ele, ela ergueu as
sobrancelhas com preocupação.
– Você está bem?
Connor suspirou.
– O Jeff e eu estamos brigando.
– Ah, não. Sinto muito por ouvir isso. – Emma se inclinou e apertou a
mão dele. – Vocês não estão se separando, estão? Quer dizer, vocês dois
parecem tão perfeitos e felizes.
Os olhos escuros de Connor se encheram de lágrimas.
– Não se eu aceitar o ultimato dele.
Emma ergueu as sobrancelhas.
– Por favor, não me diga que ele quer que vocês se mudem outra vez. Eu
não conseguiria aguentar pensar em vocês vivendo na Savana. É longe
demais.
– Não é isso.
– Então o que é?
Um grito estrangulado estourou nos lábios de Connor antes que ele se
afastasse dela.
– Por favor, me fala o que é – ela implorou.
Connor finalmente olhou para ela com um olhar amedrontado.
– Ele disse que me deixará se eu insistir em ser o pai do seu filho.
Emma empurrou a mão dele e cobriu a boca horrorizada.
– Mas por que ele exigiria algo assim de você?
Connor encolheu os ombros e passou as mãos pelos cabelos.
– Ele sempre teve um pouco de ciúme dos meus sentimentos por você.
Ele acha que se eu tiver um filho com você, isso vai tornar os nosso laço
ainda mais forte.
Mordendo o lábio de baixo, Emma não ousou discutir a verdade nas
suposições de Jeff. Ter uma criança dela com uma parte de Connor sempre
os ligaria.
– Mas ele sabe que você vai assinar um contrato declarando que não terá
nenhuma obrigação financeira ou emocional.
Ele balançou a cabeça.
– Ele não é burro, Emmie Lou. Ele sabe que no minuto em que meu filho
estiver se desenvolvendo dentro de você, eu estarei emocionalmente ligado.
– Ele deu um sorriso triste. – E como não poderia ser dessa forma? Eu amo
crianças e eu amo você.
– Mas não tem que ser algo para separar vocês. E se eu conversar com
ele? E se eu...
– Não vai mudar nada.
Uma dor contundente passou pelo peito dela, e ela precisou lutar para
respirar.
– Você não vai mais ser o meu doador de esperma, não é? – ela perguntou
em um sussurro.
– Eu sinto muito, Em, mas eu não posso – respondeu ele, outra vez com
lágrimas nos olhos.
A confusão emocional dela rapidamente se transformou em raiva.
– Sim, você pode! Você só está sendo egoísta e não vai ser! – ela
respondeu.
Connor se recostou no sofá como se tivesse sido esbofeteado.
– Em, por favor. Eu estou com o Jeff há três anos. Eu o amo. Tenho um
compromisso com ele, e ele comigo.
– E eu o amo e tenho estado do seu lado há dezoito anos. Se o Jeff
realmente o amasse, ele não o faria escolher entre nós nem negaria a você a
oportunidade de ser pai.
– Ele ainda não está pronto para ser pai. Eu tenho que respeitar os
desejos dele.
Emma jogou as mãos para cima.
– Tudo bem, então ele não tem que ser pai e nem você. Tudo o que eu
preciso é do seu DNA em uma clínica!
– Eu não posso.
Lágrimas surgiram nos olhos de Emma.
– Você realmente vai me impedir de me tornar mãe?
Ele franziu o rosto e respondeu:
– Eu não sou a única opção. Há milhares de doadores para você
escolher. Você não tem que ter a mim?
– Eu disse para você que não quero ter um bebê com qualquer um. Eles
podem confundir as amostras, e eu poderia acabar tendo o filho de um
assassino em série. Mais do que qualquer coisa no mundo, eu queria
conhecer e amar a pessoa, exatamente como é com você.
– Sinto muito, mas você vai ter que encontrar outra pessoa.
Lágrimas corriam pelo rosto dela.
– Como você pode fazer isso comigo? Você prometeu que me ajudaria,
que o Travis estava dizendo para você fazer isso, e agora você está
simplesmente virando as costas para mim?
– Não é tão fácil assim, Em.
– Parece muito seco e contundente para mim. Acho que é isso o que mais
me machuca. Eu não sei por que você não vai lutar por mim e dar um
ultimato ao Jeff.
Connor estreitou os olhos ao olhar para ela.
– Você não entende? Nós estamos brigando por sua causa! Eu discuti com
o Jeff até não poder mais, mas é assim que estamos agora. Eu posso
escolher você e perder o homem que eu amo ou escolher não ser o seu
doador de esperma.
Emma balançou a cabeça.
– Você esqueceu uma parte na sua última afirmação. Se escolher não ser
o meu doador de esperma, então você também vai me perder.
Quando ela começou a se levantar do sofá, o Connor agarrou o braço
dela.
– Emma, não faz isso!
– Eu sinto muito. Mas isso é como eu me sinto.
– Mas você sabe o quanto eu amo você – Connor protestou.
– Talvez. Quer dizer, eu pensei que você me amasse, mas acho que não é
o suficiente. – Ela, então, puxou o braço da mão dele e saiu da cafeteria.
Segurando a bolsa, ela pegou o telefone e andou pela calçada em direção ao
carro. Ela mal conseguia conter os soluços ao discar o número bem
conhecido.
– Hey, Casey, sou eu. Você tem um minuto?
Visite o website de Katie Ashley, www.katieashleybooks.com, para ficar
atualizado sobre os próximos eventos e lançamentos.
SOBRE A AUTORA

Katie Ashley é a autora do best-seller do The New York Tomes A


Proposta. Ela vive nos arredores de Atlanta, na Geórgia, com seus dois
cães extremamente mimados e numerosos gatos. Tem uma ligeira obcessão
por Pinterest, The Golden Girls, Shakespeare, Supernatural, Veronica Mars,
Designing Women e Scooby-Doo.
Passou onze anos e meio dando aulas na Youth of America como
professora de Inglês até que deixou essa atividade para escrever em tempo
integral, em dezembro de 2012.
Ela também escreve livros de ficção para jovens com o pseudônimo de
Krista Ashe.

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