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POTENCIAL PEDOLÓGICO DO ESTADO DA PARAÍBA

PARA O CULTIVO DA MAMONA (Ricinus communis L.)

PAULO ROBERTO MEGNA FRANCISCO1, EDUARDO RODRIGUES VIANA DE LIMA2, DJAIL


SANTOS3 e IÊDE DE BRITO CHAVES4
1
Dr. Pesquisador DCR CNPq/Fapesq, UFPB, Areia-PB, [email protected];
2
Dr. em Geografia, Prof. Adj. CCEN, UFPB, João Pessoa-PB, [email protected];
3
Dr. em Ciência do Solo, Prof. Titular CCA, UFPB, Areia-PB, [email protected];
4
Dr. Prof. Visitante, UFCG, Campina Grande-PB, [email protected]

Apresentado no
Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC
15 a 17 de setembro de 2021

RESUMO: Este trabalho objetivou identificar e mapear as informações pedológicas das terras do
Estado da Paraíba para a cultura agrícola da mamona visando o reconhecimento das potencialidades
do meio físico utilizando técnicas do geoprocessamento. Na metodologia foi utilizada o Zoneamento
Agropecuário do Estado da Paraíba e o mapa digital de solos numa base de dados elaborada no
software SPRING 5.2.2 e extraída as informações pedológicas dos solos e elaborada o potencial
pedológico dos solos. Os resultados demonstraram que as terras do Estado da Paraíba apresentam
maior potencial pedológico para a cultura da mamona em 5,98% de sua área total; As áreas
identificadas com Potencial Médio correspondem a 34,9% da área total distribuídas por todo o Estado;
As áreas identificadas com Potencial Baixo e Muito Baixo correspondem a 60,12% da área total.
PALAVRAS-CHAVE: Geotecnologias, capacidade de uso dos solos, restrição de uso do solo,
aptidão pedológica.

MAPPING OF THE PEDOLOGICAL POTENTIAL OF THE PARAÍBA STATE


FOR THE CULTIVATION OF SUGAR CANE (Saccharum spp)

ABSTRACT: This study aimed to identify and map the soil information from Paraíba state land for
agricultural cultivation of castor aimed at recognizing the potential of the physical environment using
geoprocessing techniques. The methodology used was the Agricultural Zoning of the State of Paraiba
and the digital soil map in a database developed in SPRING 5.2.2 software and extracted the soil
information from soil and elaborate the pedological potential of soils. The results showed that the
Paraíba state land have greater potential pedologic for the castor crop in 5.98% of its total area; The
areas identified with potential Middle correspond to 34.9% of the total area distributed throughout the
State; The areas identified with potential Low and Very Low correspond to 60.12% of the total area.
KEYWORDS: Geotechnology, land use capacity, land use restrictions, pedological aptitud.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) pertence à família Euphorbiaceae, que engloba um vasto
número de espécies nativas da região tropical e possui origem discutida (Brito Neto et al., 2008);
provavelmente originária da África, explorada comercialmente entre as latitudes 40 oN e 40oS (Araújo
et al., 2000). É classificada como uma planta xerófila, de clima tropical e subtropical, e seu cultivo têm
sido intensificados fora até mesmo dos trópicos e subtrópicos (Souza et al., 2009). É uma importante
alternativa de cultivo para a região do semiárido nordestino, por ser de fácil condução, ter boa
resistência à seca, além de proporcionar ocupação e renda. Seu cultivo comercial ocorre, praticamente,
em todos os estados da região Nordeste, que é responsável por 94% da área plantada com a cultura no
país e por 87% da produção nacional de bagas (EMBRAPA, 2008).
A aptidão pedológica refere-se às potencialidades e limitações intrínsecas dos solos para a
produção das culturas de forma sustentável, inter-relacionando parâmetros e atributos (Silva et al.,
2013). Na avaliação do potencial de um determinado ambiente para produção de lavouras nas
condições naturais basicamente são consideradas as exigências das culturas em relação ao solo e em
relação ao clima (Marques et al., 2010).
Considerando-se a importância da produção mamona e seus produtos para o desenvolvimento
socioeconômico regional, faz-se necessário indicar o potencial dos solos do Estado para sua produção,
portanto este trabalho objetiva identificar e mapear as informações pedológicas das terras do Estado da
Paraíba para a cultura agrícola da mamona visando o reconhecimento das potencialidades do meio
físico utilizando técnicas do geoprocessamento.

MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo compreende o Estado da Paraíba que apresenta uma área de 56.372 km². Seu
posicionamento encontra-se entre os paralelos 6°02’12” e 8°19’18”S, e entre os meridianos de
34°45’54” e 38°45’45”W (Francisco, 2010). O clima caracteriza-se por temperaturas médias elevadas
(22 a 30oC) e uma amplitude térmica anual muito pequena, em função da baixa latitude e elevações
(<700m). A precipitação varia de 400 a 800mm anuais, nas regiões interiores semiáridas, e no Litoral,
mais úmido, pode ultrapassar aos 1.600mm (Varejão-Silva et al., 1984). De acordo com Francisco et
al. (2015) a distribuição da precipitação pluviométrica ocorre de forma irregular e com grande
variação durante todo o ano e sua distribuição anual demonstra a alta variabilidade espacial de
precipitação no setor central do Estado com menores valores em torno de 300 a 500mm; no Sertão e
Alto Sertão em torno de 700 a 900mm; no Brejo e Agreste de 700 a 1.200mm; e no Litoral em média
de 1.200 a 1.600mm. As classes predominantes de solos na área de estudo estão descritas no
Zoneamento Agropecuário do Estado da Paraíba (PARAÍBA, 1978), e estas diferem pela diversidade
geológica, pedológica e geomorfológica, atendendo também a uma diversidade de características de
solo, relacionadas à morfologia, cor, textura, estrutura, declividade e pedregosidade, entre outras
características (Francisco, 2010). As classes de capacidade de uso dos solos da Paraíba estão
apresentadas na fórmula básica da chave interpretativa descrita no Zoneamento Agropecuário do
Estado da Paraíba (PARAÍBA, 1978), e estas se baseiam nas alternativas de uso e no grau de
limitações.
Neste trabalho, a base principal de dados utilizada é o Zoneamento Agropecuário do Estado da
Paraíba (PARAÍBA, 1978) e o mapa de solos do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PARAÍBA,
2006) na escala de 1:200.000, representando a área de estudo e a ocorrência e distribuição das classes
de solos predominantes no Estado.
Para elaboração dos mapas foi utilizado a base de dados de Francisco et al. (2014) elaborada
no software SPRING 5.2.2 na projeção UTM/SAD69, que contém o mapa digital de solos do Plano
Estadual de Recursos Hídricos (PARAÍBA, 2006) atualizado em seus limites conforme (IBGE, 2009),
e o mapa de classe de capacidade de uso da terra onde utilizando o Zoneamento Agropecuário do
Estado da Paraíba (PARAÍBA, 1978). Elaborou-se a classificação dos polígonos de solos a partir da
chave da fórmula básica da classe de capacidade de uso da terra, sendo interpretadas as unidades de
solos e elaborado o mapa, adotando-se as cores das legendas conforme Lepsch et al. (1996).
Conforme a metodologia de PARAÍBA (1978), para a avaliação da cultura da mamona foi
eleita categorias de terras que apresentem aptidão, restrição ou inaptidão edáfica em nível compatível
com a aptidão climática. Para a elaboração das categorias que constam nas legendas foram adotas as
mesmas do Relatório onde constam de maneira geral os grupos de terras que apresentam as seguintes
aptidões:
- Categoria 1 (Aptidão Plena): áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de
uso, que são próprias para a cultura com limitações ligeiras de utilização, impostas pelas
características dos solos, topografia e erosão. Correspondem as classes de Capacidade de Uso das
categorias A e B do potencial das Terras.
- Categoria 1a (Aptidão Plena): áreas com associações de classes de capacidade de uso com
dominância de terras próprias para culturas, que apresentam limitações ligeiras de utilização, impostas
pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem a todas as classes de Capacidade de
Uso das categorias C e C1 do potencial das Terras.
- Categoria 2 (Aptidão Moderada): áreas com classes de capacidade de uso com limitações
moderadas para utilização com a cultura, devido as características de fertilidade e/ou topografia.
Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D1 do potencial das Terras.
- Categoria 2a (Aptidão Moderada): áreas com associações de classes de capacidade de uso da
Categoria 2 agrupadas com terras próprias para pastagens. Correspondem as classes de Capacidade de
Uso da categoria D1 do potencial das Terras.
- Categoria 2b (Aptidão Moderada): áreas com associações de classes de capacidade com
fortes limitações para a utilização com a cultura devido as características de drenagem e associação de
classes de terras inaptas a cultura. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2 do
potencial das Terras.
- Categoria 2c (Aptidão Moderada): áreas com classes de capacidade com limitações severas
para a utilização com a cultura devido as características de drenagem imperfeita e associação de
classes de terras inaptas a cultura. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria F do
potencial das Terras.
- Categoria 3 (Aptidão Restrita): áreas com classes de capacidade de uso com limitações fortes
para utilização com a cultura, devido as características de baixa fertilidade do solo e/ou drenagem
excessiva. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2 do potencial das Terras.
- Categoria I (Inapta): áreas impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada
por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou
topografia apresentam restrições severas para utilização, correspondendo as demais categorias do
Potencial das Terras.
As classes de potencial pedológico foram determinadas isoladamente para categorizar as
diferenças de adaptabilidade de uma cultura em relação às condições da terra, tornando-se necessário o
estabelecimento dos solos mais adequados para o desenvolvimento das mesmas. Nesta interpretação
considerou-se apenas o potencial dos solos em sistema de manejo desenvolvido, que se caracteriza por
aplicação mais ou menos intensiva do capital e um razoável nível de conhecimentos técnicos
especializados, para a melhoria das condições dos solos e das culturas, não se justificando nem um
baixo, nem um muito alto nível de manejo, com resultados duvidosos principalmente do ponto de vista
econômico. As práticas de manejo são levadas a efeito, na maioria dos casos, com auxílio de tração
motorizada e utilizando resultados de pesquisas agrícolas.
Através do mapa de classes de capacidade de uso das terras e da descrição das informações de
cada polígono de solo no Relatório (PARAÍBA, 1978), e as informações de aptidão edáfica da cultura,
onde consta para cada polígono sua classe de aptidão, foi possível definir de forma precisa a
espacialização dos dados e a elaboração do mapa de potencial pedológico da cultura do algodão
herbáceo no Estado.
Para viabilizar a elaboração do mapa do potencial pedológico e também a padronização
cartográfica os mapas foram categorizados de acordo com Marques et al. (2012) nas seguintes classes:
Muito Alto - Categoria 1 (Aptidão Plena); Alto - Categoria 1a e 1b (Aptidão Plena); Média - Categoria
2, 2a, 2b e 2c (Aptidão Moderada); Baixo - Categoria 3 (Aptidão Restrita); Muito Baixo - Categoria I
(Inapta).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelos resultados obtidos, observa-se no mapa de Potencial pedológico para a cultura da mamona
que não se identificou terras com Potencial Muito Alto (Figura 1).
De acordo com o mapa de Potencial pedológico para a cultura da cultura da mamona,
identificou-se 2.805,45 km2 de terras com Potencial Alto, representando 4,98% (Tabela 1) da área total
do Estado distribuídas no Litoral e Agreste ao sul do Estado divisa com Pernambuco, na área norte do
Curimataú próximo à divisa com o Rio Grande do Norte, e no Alto Sertão e na região oeste do Sertão
na divisa com o Ceará. Estas áreas são de ocorrência do Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico, onde
os graus de limitações podem ser considerados ligeiros, e as condições encontradas para exploração
destas terras podem ser consideradas satisfatórias. Conforme Cavalcante et al. (2005), são solos que
possuem fertilidade alta, mas o controle da erosão deve ser intenso.

Figura 1. Potencial pedológico para a cultura da mamona no Estado da Paraíba.

Tabela 1. Distribuição das classes do potencial pedológico da mamona


Classes de Potencial Pedológico
Muito Alto Alto Médio Baixo Muito Baixo Total
km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 %
0,00 0,00 2.805,45 4,98 19.675,69 34,90 328,09 0,58 33.562,77 59,54 56372,00 100,00

Observa-se neste trabalho que as áreas com Potencial Médio perfazem um total de 19.675,69
km2, representando 34,9% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. Estas são áreas em sua
maioria que ocorrem em solos do tipo Luvissolo Crômico Órtico típico e Luvissolo Hipocrômico
Órtico típico nas regiões do Cariri/Curimataú, no Sertão Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico, e os
solos do tipo Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico ocorrem na região do Agreste e no Litoral
Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico.
As áreas com Potencial Baixo, observada por este trabalho, perfazem um total de 328,09 km 2,
representando 0,58% da área total do Estado, localizadas na região do Agreste ao Norte. Nessas áreas
ocorrem solos com fortes fatores restritivos ao uso agrícola para da cultura da mamona. Estas ocorrem
em áreas de Neossolos Litólicos Eutróficos e Planossolo Solódico Eutrófico Ta em relevo suave
ondulado e ondulado.
As áreas com Potencial Muito Baixo perfazem um total de 33.562,77 km 2 de terras,
correspondendo a 59,54% da área total distribuídas por todo o Estado. Estas áreas ocorrem em
Neossolo Quartzarênico Órtico solódico em Neossolo Regolítico Eutrófico léptico e em sua maioria
em Neossolos Litólicos Eutrófico típico.
Este trabalho evidencia que em torno 40% da área do Estado apresentam regiões com
potencial para a cultura da mamona. Este resultado foi constatado por PARAÍBA (1978) para a cultura
da mamona sendo recomendada a difusão da mesma.

CONCLUSÃO
Os solos do Estado da Paraíba apresentam maior potencial pedológico para a cultura do
algodão herbáceo em 10,04% de sua área total.
As áreas identificadas com Potencial Muito Baixo correspondem a 54,53% da área total
distribuídas por todo o Estado.
Devido à escala de trabalho, não foi possível mapear áreas menores, havendo a possibilidade
do cultivo do algodão herbáceo em pequenas áreas que não foram identificadas neste trabalho.

AGRADECIMENTOS
Ao CNPq/Fapesq pela concessão de bolsa de pesquisa ao primeiro autor.

REFERÊNCIAS

Araújo, A. E. de; Amorim Neto, M. da S.; Beltrão, N. E. de M. Municípios aptos e épocas de plantio
para o cultivo da mamoneira no estado da Paraíba. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, v.4, n.2,
p.103-110, 2000.
Brito Neto, J. F. de; Souza, K. S. de; Guedes Filho, D. H.; Lacerda, J. S. de; Costa, D. S.; Santos, D. P.
dos; Sena, G. S. A. de. Avaliação dos componentes de produção da mamoneira em função de doses
de calcário e fósforo. In: Reunião Brasileira de Manejo de Solo e Água, 2008. Rio de Janeiro.
Anais... Rio de Janeiro, 2008.
EMBRAPA. Embrapa Algodão. Zoneamento da Mamona no Nordeste. Nota Técnica. 2008.
Disponível em: http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/zoneamento_pb.PDF. Acesso em:
28 de abril de 2016.
Francisco, P. R. M. Classificação e mapeamento das terras para mecanização do Estado da Paraíba
utilizando sistemas de informações geográficas. 122f. Dissertação (Mestrado em Manejo de Solo e
Água). Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba. Areia, 2010.
Francisco; P. R. M.; Medeiros; R. M. de; Matos, R. M. de; Santos; D. Variabilidade espaço-temporal
das precipitações anuais do período úmido e seco no Estado da Paraíba. In: Congresso Técnico
Científico da Engenharia e da Agronomia. CONTECC’ 2015, Fortaleza, Anais…Fortaleza, 2015.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2009. Disponível em http://www.ibge.gov.br.
Acesso em: 12 de março de 2011.
Lepsch, I. F.; Bellinazzi Jr., R.; Bertolini, D.; Espíndola, C. R. Manual para levantamento utilitário do
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Marques, F. A.; Araújo Filho, J. C. de; Barros, A. H. C.; Lopes, E. H. B.; Barbosa, G. M. N. Aptidão
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