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FACULDADE DE CIÊNCIAS DAS PESCAS

REGÊNCIA DO CURSO DE LICENCIATURA EM TÉCNICA DE


PROCESSAMENTO DE PESCADO, MECANICA NAVAL E AQUICULTURA

Capítulo 1 - Introdução à proteção do meio ambiente marinho

O meio ambiente marinho - inclui os oceanos e todos os mares, bem como as zonas
costeiras adjacentes, forma um todo integrado que é um componente essencial do sistema
que possibilita a existência de vida sobre a Terra, além de ser uma riqueza que oferece
possibilidades para um desenvolvimento sustentável. O direito internacional, tal como
está refletido nas disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar,
estabelece os direitos e as obrigações dos Estados e oferece a base internacional sobre a
qual devem apoiar-se as atividades voltadas para a proteção e o desenvolvimento
sustentável do meio ambiente marinho e costeiro, bem como seus recursos. Isso exige
novas abordagens de gerenciamento e desenvolvimento marinho e costeiro nos planos
nacionais, sub-regional, regional e mundial.

A Constituição angolana no seu artigo 39º estabelece que ‘ todos têm o direito de viver
num ambiente sadio e não poluído, bem como o dever de defendê-lo e preservar. O Estado
adopta medidas necessárias à proteção do ambiente e das espécies da flora e da fauna em
todo território nacional, a manutenção do equilíbrio ecológico, a correcta localização das
actividade económicas e a exploração e utilização racional de todos os recursos naturais,
no quadro de um desenvolvimento sustentável e do respeito pelos direitos das gerações
futuras e da preservação das diferentes espécies. ’’

Segundo a lei base do ambiente da República de Angola (Lei nº 5/ 98 de 19 de junho,


publicado na Iª série do diário da República, nº 27), conceitua o Meio Ambiente como o
conjunto dos sistemas físicos, químicos, biológicos e suas relações e dos factores
económicos, sociais e culturais, com efeito, directo ou indirecto, mediato ou imediato,
sobre os seres vivos e a qualidade de vida dos seres humanos.
Constituem os principais componentes do ambiente, os diversos elementos que integram
o ambiente e cuja interação permite o seu equilíbrio, incluindo o ar, água, o solo, o
subsolo, os seres vivos e todas as condições socioeconómicas que afectam as
comunidades.

O meio ambiente é composto por quatro esferas diferentes: atmosfera, litosfera,


hidrosfera e biosfera.

A atmosfera é a camada ar que envolve o planeta, formada por gases como oxigênio, gás
carbônico, metano e nitrogênio. A litosfera é a camada mais externa do planeta, formada
pelo solo e por uma superfície rochosa, também chamada de crosta terrestre.

Já a hidrosfera inclui todas as águas do planeta (rios, mares, lagos, oceanos e etc.) e a
biosfera é a camada referente à vida e engloba todas as formas de vida que existem na
Terra.

Para a ciência ecológica, o meio ambiente é o conjunto de condições físicas (luz,


temperatura, pressão...), químicas (salinidade, oxigênio dissolvido...) e biológicas
(relações com outros seres vivos) que cercam o ser vivo, resultando num conjunto de
limitações e de possibilidades para uma dada espécie.

Pode-se ainda definir meio ambiente como o conjunto de elementos bióticos (organismos
vivos) e abióticos (elementos não vivos, como a energia solar, o solo, a água e o ar) que
integram a fina camada da Terra chamada biosfera, sustentáculo e lar dos seres vivos.

Sempre heterogêneo, o meio ambiente segue variando de um local para outro, dando
origem a agrupamentos de seres vivos diferentes. Tais agrupamentos - comunidades -
interferem na composição do meio e são beneficiados ou prejudicados com essas
transformações. O meio ambiente assim evolui, para melhor ou para pior, conforme a
espécie considerada. Num lago que recebe adubo, proveniente de projetos agrícolas na
vizinhança, se for considerada a população de algas, esta vai ser favorecida, aumentando
as suas possibilidades de desenvolvimento, pela maior oferta de nitratos e fosfatos;
porém, se forem considerados os peixes, estes têm suas possibilidades de
desenvolvimento limitadas pela redução do oxigênio, ocasionada pela grande proliferação
de algas, e como resultado morrem asfixiados (fenómeno conhecido como
eutrofização). O meio ambiente melhorou para as algas e piorou para as populações de
peixes.
O meio ambiente está sempre mudando e evoluindo. O clima, os seres vivos e as próprias
atividades humanas modificam o ambiente e são influenciadas por essas modificações,
gerando novas alterações. Esta é a essência da evolução. Alguns seres vivos são incapazes
de adquirir os recursos que necessitam e se extinguem. Outros desenvolvem
constantemente melhores formas de adaptação aos problemas do ambiente mutante. Diz-
se que estes evoluíram. Podemos dizer então que o meio ambiente é ‘seletivo’ na medida
em que certas características dão aos seus possuidores certa vantagem na sobrevivência e
procriação. Diz-se que os indivíduos melhor adaptados ao ambiente mutante ‘foram
selecionados’, por meio da seleção natural.

Porém, a seleção nem sempre é natural. O homem aprendeu a utilizar a mutação para
produzir organismos que atendam a algum propósito útil ou desejável, criando o processo
de seleção artificial. Os organismos assim obtidos sobrevivem no ambiente sob a
proteção humana.

O meio ambiente é sempre o conjunto de possibilidades físicas, químicas e biológicas


para cada indivíduo - espécie - de uma comunidade.

A proteção do meio ambiente marinho é a prática de proteger o ambiente marinho


natural, nos níveis individual, organizacional ou governamental, tanto em benefício do
próprio meio ambiente como dos seres humanos. Devido às pressões populacionais e de
tecnologia, o ambiente biofísico está sendo degradado, por vezes de forma permanente.
Isto tem sido reconhecido, e os governos começaram a colocar restrições sobre as
actividades que causam degradação ambiental. Desde os anos 1960, as atividades dos
movimentos ambientalistas criaram a consciência de várias questões ambientais. Não há
acordo sobre a extensão do impacto ambiental da atividade humana e as medidas de
proteção são ocasionalmente censuradas.

A proteção do meio ambiente é necessária devido às várias actividades humanas. A


produção de resíduos, a poluição do ar e também a perda de biodiversidade (resultante da
introdução de espécies invasoras e da extinção de espécies) são algumas das questões
relacionadas com a proteção ambiental.

A proteção ambiental é influenciada por três fatores interligados: legislação ambiental,


ética e educação. Cada um desses fatores desempenha o seu papel em influenciar
decisões ambientais a nível nacional e os valores e comportamentos ambientais a nível
pessoal. Para que a proteção do meio ambiente se torne uma realidade, é importante que
as sociedades desenvolvam cada uma dessas áreas que, em conjunto, irão informar e
conduzir as decisões ambientais.

➢ Legislação ambiental que é o conjunto de normas e procedimentos que visam


fundamentalmente à prevenção, o equilíbrio e a responsabilização de todos os
agentes que como resultado das suas ações provoquem prejuízos ao ambiente,
degradação, destruição, ou delapidação de recursos naturais atribuindo-lhes
obrigatoriedade da recuperação e ou indeminização dos danos causados;
➢ Ética ambiental que constitui a ciência da moral, visa a melhor compreensão dos
fenómenos do equilíbrio ambiental, base essencial para uma actuação consciente
na defesa da política ambiental;
➢ Educação ambiental é uma área do ensino voltada para a conscientização dos
indivíduos sobre os problemas ambientais e como ajudar a combatê-los,
conservando as reservas naturais e não poluindo o meio ambiente.
Esse tipo de educação representa um processo empregado para preservar o
patrimônio ambiental e criar modelos de desenvolvimento, com soluções limpas
e sustentáveis. Não apenas do ponto de vista ecológico, mas também a partir de
aspectos políticos, econômicos, sociais, éticos, entre outros.
O conceito de educação ambiental começou a ser definido a partir da Conferência
de Belgrado, em 1975, quando foi criada a icônica "Carta de Belgrado". Este
documento é tido como um importante marco histórico na luta em defesa do meio
ambiente.
Na Carta de Belgrado constam todos os princípios norteadores e reguladores de
como os educadores deverão abordar os assuntos relacionados ao meio ambiente
nas mais diversas disciplinas.
A educação ambiental é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável da
sociedade. É o motor que desperta nos indivíduos a preocupação e cuidado com a
prática de actividades que possam causar impacto ambiental, como: a poluição
do ar e dos rios, a degradação do solo, a pesca predatória, o desmatamento,
a produção de energia com o uso de combustíveis poluentes, o destino do lixo,
etc.
A educação ambiental é uma ação que hoje já está presente em todas as nações,
que buscam o desenvolvimento tecnológico sem exaurir os recursos naturais do
planeta.
1.1- Preservação e conservação do meio ambiente

'É triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve', Victor Hugo (1802-
1885).

Preservar e conservar o meio ambiente são tarefas essenciais, pois a humanidade depende
da natureza e não o contrário. As atividades econômicas necessárias para a sobrevivência
do ser humano e a expansão do bem-estar das pessoas dependem da saúde dos
ecossistemas. Sem Ecologia não há Economia.

Fig.1- Egocentrismo e ecologia (Victor Hugo 1802-1885).

Preservação e conservação são termos diferentes, mas que podem ser equacionados em
uma visão holística de sustentabilidade ecocêntrica. Preservação quer dizer proteção
integral, ou seja, manter um determinado ecossistema intacto e sem interferência da ação
humana (áreas anecúmenas). Conservação significa exploração das riquezas naturais,
com avaliação de custos e benefícios, garantindo a sustentabilidade para as atuais e
futuras gerações (áreas ecúmenas).

O crescimento das actividades antrópicas aumentou muito desde o início do capitalismo


industrial, energizado pelos combustíveis fósseis. Mas o crescimento exponencial ganhou
momento depois da “grande aceleração” que aconteceu após a 2ª Guerra Mundial. A
população mundial passou de 2,5 bilhões de habitantes em 1950 para 7,5 bilhões em 2019.
Enquanto a população mundial triplicou de tamanho, a economia internacional foi
multiplicada por 12 vezes. A renda per capita subiu 4 vezes. Ou seja, em 2019 havia 3
vezes mais gente no mundo, do que em 1950, e cada pessoa ganhava e consumia, em
média, 4 vezes mais bens e serviços. Isto significa mais exploração e extração de recursos
da natureza e mais poluição e descarte de resíduos tóxicos, sólidos e líquidos.

Assim, o rumo atual da economia internacional é insustentável, pois o progresso humano


ocorre à custa do retrocesso ambiental e sem os serviços ecossistémicos e as contribuições
da biodiversidade é impossível manter o alto padrão de vida humana. Porém, está cada
vez mais difícil conciliar desenvolvimento com sustentabilidade, pois:

➢ A concentração de CO2 já ultrapassou 400 ppm em 2014 e ultrapassou 410 ppm


em abril de 2017. O nível ambientalmente seguro é 350 ppm;
➢ A temperatura média global do Planeta já ultrapassou 1,1 graus em relação ao
período pré-industrial e o mundo caminha para a maior temperatura dos últimos
5 milhões de anos;
➢ A última vez que a temperatura ultrapassou 2 graus o nível do mar subiu 6 metros.
Existem 2 bilhões de pessoas que vivem em áreas até 2 metros do nível do mar;
➢ O degelo conjunto do Ártico e da Antártica bateu todos os recordes de baixa em
março de 2017;
➢ A acidificação dos oceanos está matando a vida marinha e um exemplo é a Grande
Barreira de Corais da Austrália. Há sobrepesca e depleção dos estoques de peixe;
➢ Estima-se que os oceanos terão mais plásticos do que peixes em 2050;
➢ Houve queda de 58% na população de animais selvagens no mundo entre 1970 e
2012. Até 2020, a perda alcançou a impressionante cifra de dois terços. Ou seja,
2 em cada 3 animais estarão extintos num período de 50 anos;
➢ A degradação do permafrost pode liberar metano e CO2 capaz de gerar uma
situação apocalíptica.

Diante deste quadro de degradação ambiental fica difícil acreditar na possibilidade de


manter o rumo do desenvolvimento com a conservação ambiental, isto porque,
enriquecimento humano não pode se dar em função do empobrecimento ecológico.

O ser humano não tem uma relação simbiótica com a natureza. O ser humano tem uma
relação parasitária com a natureza, pois para se multiplicar causa prejuízo a outras
espécies e aos ecossistemas hospedeiros. A espécie humana é do gênero ectoparasita. Um
ectoparasita que está matando o seu próprio hospedeiro. A humanidade vive do
parasitismo ecológico e está provocando um holocausto biológico.
Portanto, a visão conservacionista contempla o amor pela natureza, mas permite o uso
sustentável e assume um significado de salvar a natureza para algum fim ou integrando o
ser humano. A preservação visa à integridade e à perenidade de algo. O termo se refere
à proteção integral, a “intocabilidade”.

1.2- Desenvolvimento sustentável e sustentabilidade

1.2.1- Conceitos fundamentais

A palavra sustentabilidade vem do latim sustentare cujo significado é conservar,


sustentar, apoiar e cuidar. Relacionando tal significado ao meio ambiente, tem-se que o
conceito diz respeito a como o homem deve se relacionar com a natureza, de modo a
manter a exploração saudável dos recursos naturais pelas próximas gerações.

Como mencionado, o conceito de sustentabilidade está atrelado ao desenvolvimento


sustentável. Isso quer dizer que o crescimento e satisfação das necessidades humanas
podem ser alcançadas sem que gerações futuras sejam comprometidas pela exploração
indiscriminada dos recursos naturais.

O termo “desenvolvimento sustentável” foi usado, pela primeira vez, pela ex-primeira
ministra norueguesa Gro Brundtland. Em 1987, Gro era presidente de uma comissão da
Organização das Nações Unidas (ONU) e, também, publicou um livreto chamado Our
Common Future (Nosso Futuro Comum).

Nele, a líder relacionava progresso e meio ambiente, apresentando uma definição para o
conceito. Segundo ela, “desenvolvimento sustentável quer dizer ser capaz de dar conta
das demandas atuais sem que isto prejudique a capacidade das próximas gerações de
satisfazerem as próprias necessidades”. O documento ficou conhecido como Relatório
Brundtland.

Sustentabilidade é um conceito relacionado ao desenvolvimento sustentável, ou seja,


formado por um conjunto de ideias, estratégias e demais atitudes ecologicamente corretas,
economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas. A sustentabilidade
serve como alternativa para garantir a sobrevivência dos recursos naturais do planeta, ao
mesmo tempo que permite aos seres humanos e sociedades soluções ecológicas de
desenvolvimento.
O desenvolvimento sustentável é o modelo que procura coadunar os aspectos
ambientais, econômicos e sociais, buscando um ponto de equilíbrio entre a utilização dos
recursos naturais, o crescimento econômico e a equidade social. Esse modelo de
desenvolvimento considera em seu planeamento tanto a qualidade de vida das gerações
presentes quanto à das futuras, diferentemente dos modelos tradicionais que costumam
se focar na geração presente ou, no máximo, na geração imediatamente posterior.

1.2.2- Princípios da sustentabilidade (Tripé da Sustentabilidade)

Ao falar sobre a sustentabilidade, pode-se dizer que esta se sustenta sobre três princípios
fundamentais, sendo eles:

Fig. 2- Tripé da Sustentabilidade (Luza, 2017).

➢ Sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do meio ambiente do


planeta Terra, mantendo a qualidade de vida e os ecossistemas em harmonia com
as pessoas.
A sustentabilidade ambiental ainda é cuidar para não poluir as águas, separar o
lixo, evitar desastres ecológicos, como queimadas e desmatamentos, entre outras
ações. O próprio conceito de sustentabilidade é para longo prazo, trata-se de
encontrar uma forma de desenvolvimento que atenda às necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das próximas gerações de suprir as próprias
necessidades;
➢ A sustentabilidade social é o conceito que descreve o conjunto de medidas
estabelecidas para promover o equilíbrio e o bem-estar da sociedade, através de
várias iniciativas que têm como objetivo ajudar membros da sociedade que
enfrentam condições desfavoráveis. Outra meta importante é garantir a
diminuição das desigualdades sociais, da violência, e a ampliação o ensino
público de qualidade.
Entre alguns dos principais exemplos de medidas direcionadas para a
sustentabilidade social, destaque para: incentivo aos programas de inclusão social;
investimento em saneamento básico; incentivo aos projetos de qualificação
profissional; incentivo aos programas culturais gratuitos e de educação pública
para pessoas com baixa renda; entre outros;
➢ Sustentabilidade econômica busca garantir o desenvolvimento econômico
levando em consideração estratégias que não provoquem impactos ambientais ou
que diminuam a qualidade de vida das pessoas em sociedade.
Entre algumas das ações que podem ser consideradas economicamente
sustentáveis, destaque para a utilização de energias renováveis; fiscalização
constante para evitar que outras empresas ou pessoas cometam crimes ambientais;
entre outras.
Na verdade, a preocupação em compatibilizar a proteção do meio ambiente com
o desenvolvimento econômico não é recente. Na 1ª Conferencia da ONU sobre o
meio ambiente, que ocorreu em Estocolmo, na Suécia, em 1972, foi aprovada a
Declaração Universal sobre o Meio Ambiente que já fazia referência ao assunto.
Depois, com a segunda Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, que ocorreu em 1992 no Rio de Janeiro e que é conhecida como
a Eco-92, o desenvolvimento sustentável se consagrou em definitivo na esfera
internacional por causa da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, cujo Princípio consagra que “o Direito ao desenvolvimento
deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as
necessidades de gerações presentes e futuras”.
Portanto, deve-se manter o equilíbrio entre a satisfação das necessidades básicas
dos cidadãos e a capacidade de resposta da Natureza.

Alguns estudos sobre o assunto também consideram os aspectos culturais e tecnológicos


importantes complementos para a manutenção da sustentabilidade.

Somente unindo todas essas diferentes dimensões é que será possível atingir plenamente
o conceito proposto pela sustentabilidade.
O tripé da sustentabilidade também é conhecido como Triple Bottom Line ou People,
Planet, Profit.

Tabela. 1- Dimensões da sustentabilidade (Luza, 2017)

Dimensão
Dimensão Social Dimensão Econômica
Ambiental

Valorização Direitos
Educação ambiental Competitividade de mercado
Humanos

Conservação dos
Envolvimento comunitário Transparência
recursos naturais

Redução do Valorização do bem-estar


Prosperidade econômica
desperdício social

Uso de energia limpa Criar laços de respeito com


Bases éticas
e renovável funcionários, fornecedores e sociedade

Estratégias de crescimento com base na


Investimento em políticas
Biodiversidade preservação ambiental e bem-estar
públicas e de inclusão social
social

Eliminar impactos
ambientais

1.3- Generalidade do meio ambiente marinho e caracterização geral do


ambiente marinho
Ambientes marinho são os ecossistemas que se desenvolvem em água salgada. Um dos
aspectos mais importantes do ambiente marinho é a sua grande estabilidade e
homogeneidade, no que refere a composição química e a temperatura.

Os mares e oceanos cobrem cerca de ¾ da superfície terrestre, com profundidades que


varia de alguns metros, nas regiões litorâneas, até mais de 11 km, nas zonas mais
profundas, salinidade aproximadamente 3.5% (≈35 gramas/litro), marés, correntes,
temperatura (-2 °C a 32 °C), nutrientes minerais e luminosidade.

Os oceanos constituem o maior repositório de organismos do planeta uma vez que existe
vida em maior ou menor abundância em todos os domínios do meio marinho. Altitude
média das terras emersas 840m. Profundidade média dos oceanos 3795m. Maior
profundidade oceânica 11500m (fossa de Mariana, oceano Pacífico). Principais
características dos oceanos.

A terra, apesar do seu nome, é um planeta dominado por água. É o maior habitat global,
ocupando mais de 362 milhões de km2 e cobrindo mais de 71% da superfície da Terra.
Por conseguinte, a Terra é um planeta mais marinho do que terrestre. Representam o
principal reservatório de água da hidrosfera terrestre, com aproximadamente 98% do
total. O menor reservatório constitui a atmosfera com somente 0,001%. Apesar disso a
atmosfera é vital na transferência de água de um reservatório para outro, atraveis do ciclo
hidrológico.

Fig. 3- Distribuição percentual (USGS – United States Geological Survey, 2018).

O ambiente marinho oferece cerca de 300 vezes mais espaços habitável do que o provido
por habitats terrestres e de água doce. A vida de acordo com a hipótese actualmente aceite
se originou provavelmente no ambiente marinho, em águas rasas do oceano primitivo e
hoje os oceanos abrigam um vasto conjunto de formas de vida. Verifica-se ainda uma
maior diversidade animal nos ambientes marinhos quando comparado aos ambientes
terreste, isto se deve talvez devido a evolução ter-se processado por mais tempo nos seus
vários ambientes e a maior estabilidade, num tempo geológico, dos seus factores
ambientais.

O ambiente marinho não se encontra uniformemente distribuídos no globo. Cobrem cerca


de 80% da área do Hemisfério Sul e somente 61% da área do Hemisfério Norte, onde se
encontra a maior concentração de massas continentais.

Os conceitos de mares e oceanos se sobrepõem e se confundem, mas a distinção entre


eles é importante e está baseada principalmente em dois critérios: extensão territorial e
profundidade. Oceanos são profundos, ocupam grandes extensões e sempre têm livre
circulação.

Os oceanos são gigantescas massas de água salgada que abrangem uma enorme parte da
superfície terrestre, superando as de terras emersas. Entre os oceanos não existe separação
geográfica, isto é, todos se encontram interligados em uma só massa de água.

As partes dos oceanos que se encontram perto de áreas continentais ou dentro dos mesmos
são consideradas mares, que apresentam pouca profundidade e são influenciados por
elementos oriundos das áreas continentais, como as águas de rios que neles desembocam.
Atualmente por convenção, instituídas pela Organização Hidrográfica Internacional são
considerados como oceanos: Pacífico, Atlântico, Índico, Ártico e Antártico.

Os mares são classificados em: mares costeiros ou abertos, mares continentais ou


mediterrâneos, mares fechados ou isolados e mares interiores organizados de acordo
com a sua disposição no espaço e suas características geográficas.

➢ Mares costeiros ou abertos são mares totalmente abertos e ligados aos oceanos
situados na margem dos continentes, na orla das grandes extensões oceânicas. Ex.
mar da Arábia;
➢ Mares continentais ou mediterrâneos situados no interior dos continentes
apresentam-se rodeados por terras, mas mantendo uma ligação com os oceanos
atraveis de canais ou estreitos de pequena profundidade. Ex. mar Mediterrâneo, mar
Vermelho;
➢ Mares fechados ou isolados não possuem qualquer ligação com outros mares nem
com os oceanos, (o seu estudo é do domínio da Limnologia). Ex. Mar Cáspio;
➢ Mares interiores são mares ligados com oceanos vizinhos por meio de estreitos
apertados e pouco profundos. Ex. Mar Báltico, mar Negro.

1.3.1- Principais factores ambientais dos mares e oceanos

Os factores ambientais também conhecidos como factores ecológicos do ambiente


marinho, interagem para produzir habitats distintos no ambiente marinho. Embora seja
possível isolar cada um dos factores ambientais e considerar a influência de cada um sobre
os organismos separadamente, o comportamento de um organismo em um dado momento
será determinado não por um simples factor exógeno, mas pela influência e interação de
muitos factores que actuam simultaneamente e pela acção dos factores endógenos. Para
se entende as adaptações e a dinâmica dos ecossistemas marinhos é essencial conhecer os
factores associados a esses ambientes que são nomeadamente:

1.3.1.1- Factores físicos

➢ Temperatura: é o principal factor que controla a distribuição e a actividade de


animais e plantas, agindo como um factor limitante a reprodução e a distribuição
de organismos. Atua diretamente sobre os organismos regulando a velocidade do
metabolismo (reações químicas orgânicas que sustentam a vida), seguindo a regra
de que a cada aumento em 10 °C, a velocidade do metabolismo dobra. Varia
horizontalmente nos oceanos em função da latitude e também verticalmente em
função da profundidade, diminui progressivamente com a profundidade, variando
de -2 °C a 32 °C a partir de 3.000 metros, a temperatura torna-se uniforme (4 °C).
Tomando como base as temperaturas superficiais dos oceanos e a distribuição dos
organismos marinhos, podem considerar-se quatro grandes zonas biogeográficas
distintas: (i) Polar; (ii) Temperada fria; (iii) Temperada quente e (iv)
Tropical. Existem naturalmente áreas de transição e os limites entre as zonas
mencionadas podem variar numa base estacional.
Organismos homeotermos: organismos que conseguem manter a temperatura
corporal, apesar das variações do meio (Aves e Mamíferos).

Organismos pecilotermos: a temperatura corporal acompanha as variações do


meio (peixes, répteis e anfíbios).
Ainda quanto à temperatura as espécies podem ser agrupadas em:
Espécies estenotérmicas- apenas vivem numa gama restrita de temperaturas;
Espécies euritérmicas- vivem numa larga gama de temperaturas

Em função ainda da temperatura podemos dividir os ecossistemas marinhos em:

Fig. 5- Temperaturas do ambiente marinho (Crespo, 2009).

Epilímnio: camada superior do ambiente marinho, onde a água é mais quente e


circulante, rica em oxigênio, organismos fotossintéticos e biodiversidade.
Metalimnion ou termoclina: camada intermediária, caracterizada por uma rápida
variação na temperatura e no oxigênio com o aumento da profundidade.
Hipolímnion: camada inferior do ambiente marinho, onde a água é mais fria e
não circulante pobre em oxigênio.

Temperatura: É um factor muito importante na piscicultura, pois, entre outros


factores, ela está intimamente relacionada com o crescimento e reprodução dos
peixes. No entanto, cada espécie tem um nível considerado óptimo para o seu
crescimento. Os peixes de águas tropicais exigem águas mais quentes comparadas
com aqueles oriundos das regiões subtropicais.
Em geral os níveis de temperatura para as espécies tropicais variam entre 25 e
30ºC. Temperaturas superiores a 38ºC podem ser muito perigosas. Quando as
temperaturas são muito altas os peixes não se alimentam normalmente, pelo que
o alimento abastecido não é aproveitado, deteriorando a qualidade da água.
A sua determinação é feito com auxílio de um termómetro de mercúrio ou de
superfície e esta deve ser medida na entrada e na saída do tanque.

Fig. 5.1- Determinação da temperatura da água (Ayroza, 2011).

➢ Luminosidade: a presença da luz no oceano não é importante apenas por permitir


a realização da fotossíntese, processo básico e fundamental para a vida não só
marinha, como em toda a biosfera. Para inúmeras espécies a luz é o veículo para
informações decisivas para orientar seu comportamento, indicando a presença de
predadores ou presas, os locais para abrigos, os parceiros sexuais, ou a fonte de
alimentos. Diminui rapidamente com a profundidade, tornando-se praticamente
inexistente abaixo dos 200 m de profundidade (zona afótica); é um factor
determinante na distribuição das espécies.
A luz consegue penetrar na água do mar até a profundidade máxima de 200 m,
definindo o que se denomina zona eufótica ou fótica (do grego photos, luz).
Posteriormente surge uma zona intermédia denominada de zona disfótica. Abaixo
dos 200 m de profundidade não há luz, e essa região escura é denominada zona
afótica.
Na metade superior da zona fótica vive o fitoplâncton marinho, formado por algas
fotossintetizantes que produzem praticamente todo alimento necessário à
manutenção da vida nos mares. Essa zona também é rica em zooplâncton e em
grandes cardumes.
Alguns animais e vegetais produzem luz própria, processo chamado
bioluminescência.
Quando a incidência da luz os organismos estão estratificados em:
Eurifotos: organismos que suportam grandes variações luminosas;
Estenofotos: só conseguem viver numa estreita faixa luminosa;
Lucífilos: atraídos pela luz;
Lucífobos: fogem da luz.

➢ Densidade: por definição, tem-se que a densidade de uma substância é a relação


entre a massa e o volume que ela ocupa. A densidade identifica e diferencia as
massas de água que existem nos oceanos, bem como traça-lhe o caminho a seguir.
As mais densas afundam, empurrando outras menos densas para a superfície, em
um movimento conhecido como circulação termohalina, criando um mecanismo
de ciclagem dos nutrientes e de renovação da água do fundo dos oceanos.
De uma forma grosseira, podem ser reconhecidas cinco massas de água dispostas
verticalmente nos oceanos: massa de água superficial, superior, intermédia,
profunda e por último una massa de água de fundo. Tal tipo de estratificação
denomina-se estratificação química ou ectogênica
O valor da densidade é o resultado da interação de três fatores limitantes:
temperatura, salinidade e pressão. A densidade cresce com o aumento das duas
últimas e diminui conforme a temperatura aumenta. Assume o valor padrão de
1,025 quando a temperatura é de 20 ° C, a salinidade é de 35% e a pressão
corresponde a 1 atm, próprio de águas superficiais.

➢ Pressão hidrostática: que aumenta com a profundidade; No ambiente aquático,


a pressão hidrostática revela-se um fator determinante na distribuição e adaptação
morfológica das espécies, pois ela aumenta de 1 atm a cada 10 metros de
profundidade. Assim, um organismo que vive a 4.000 metros de profundidade,
como muitos peixes abissais estão submetidos a uma pressão de 400 atm; isto é,
uma pressão 400 vezes maior do que a pressão atmosférica ao nível do mar. Isso
exige, sem dúvida, especiais adaptações.

➢ Marés e Ondas: a atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra faz com
que o nível do mar no litoral mude periodicamente, fenômeno conhecido como
maré. O relevo de certos pontos do litoral faz com que as variações do nível do
mar, gerados pelas marés, sejam muito grandes.

O ciclo das marés coincide com o ciclo da Lua, alternando períodos em que existe
uma grande diferença entre a maré alta e a maré baixa, no mesmo dia e períodos
em que essa variação é menos acentuada. Como a Terra gira em torno de si
mesma, a cada momento uma metade está voltada para a Lua. Assim, os mares
sobem e descem todos os dias a cada seis horas.

As marés também são importantes na região costeira, como fator determinante na


distribuição dos seres vivos, cujos limites de ocupação no costão rochoso são
fixados pelas marés alta e baixa.

➢ Ondas são movimentos aperiódicos resultantes primariamente pela ação de


ventos sobre as massas de águas superficiais. Quando a onda se aproxima da costa,
o movimento circular típico do mar aberto transforma-se em um movimento
elíptico pelo atrito com o fundo.

Não apenas os ventos criam ondas, como também fenômenos geológicos como
deslizamentos no talude, movimentos sísmicos e atividade vulcânica submarina.

Além de promoverem a oxigenação das águas superficiais, as ondas constroem e


erodem praias alterando o ambiente costeiro.

➢ Correntes: são movimentos de massas de água com deslocamento horizontal ou


vertical que, ainda que superficialmente não sejam tão visíveis como as ondas e
as marés, tem amplitude muito maior. Elas são basicamente produzidas por:
Calor solar que evapora a camada superficial do oceano estabelecendo diferenças
de salinidade e densidade.
Rotação terrestre que faz ventos e correntes desviarem de forma diferente para
cada hemisfério.
Vento que modifica a ação das correntes. Nos trópicos, os ventos alísios levas as
águas em direção oeste para o Equador e em latitudes superiores, os ventos as
levam em direção contrária originando a circulação oceânica.
As correntes marinhas atuam como um fator de fundamental relevância para as
espécies planctónicas, que não conseguem nadar contra elas. Muitos
invertebrados marinhos sedentários que vivem fixos sobre um substrato e em
áreas costeiras têm a sua fase larvar planctónica e dependem, por isso, das
correntes para conquistarem novos ambientes. A distribuição dessas espécies é,
em grande parte, determinada pela rota das correntes, assim também, pela
temperatura.
As principais correntes oceânicas destacam-se: correntes do Golfo, do Atlântico
Norte e Sul, do Labrador, das Canárias, do Brasil, de Benguela, Equatoriais
etc.
Em certas áreas e em condições favoráveis, os movimentos laterais das massas de
água induzidos pelo vento, podem ser responsáveis pelo afloramento costeiro ou
"upwelling" (correntes ascendentes de águas frias e ricas em nutrientes) que
podem afectar sobremaneira a produção de uma área costeira sendo numerosas as
consequências biológicas. Estima-se que cerca de 50% da produção piscícola
mundial se efectua nestas zonas.

1.3.1.2- Factores químicos

➢ Salinidade: Quanto à salinidade os sistemas aquáticos podem ser Águas doces,


Águas salgadas, Águas salobras.

Águas doces - quando a salinidade <3‰ (3 g/L ou 0.3%) ex: Rios, lagos, lagoas,
pauis, nascentes;
Águas salgadas – quando a salinidade média 35‰ (35 g/L ou 3.5%) ex: Oceanos,
mares, lagos salinos;

Águas salobras – quando a salinidade variável entre 0.3‰ e 35‰ Sapais, lagoas
costeiras, estuários
a água dos oceanos contém em solução uma quantidade variável de sólidos e de
gases. Em 1000g de água salgada podemos encontrar cerca de 35g de substâncias
dissolvidas que se englobam na designação geral de sais. Por outras palavras
96,5% da água salgada é constituída por água e 3,5% por substâncias dissolvidas.
A quantidade total destas substâncias dissolvidas é designada salinidade. A
salinidade é habitualmente definida em partes por mil (‰). As substâncias
dissolvidas incluem sais inorgânicos, compostos orgânicos provenientes dos
organismos marinhos e gases dissolvidos.
A salinidade apresenta pequenas variações entre os diferentes oceanos e mares.
No Pacífico, por exemplo, a salinidade média é de 35,5 enquanto no Atlântico a
salinidade é de 37,0.

A salinidade, em mar aberto, não é muito variável; possuindo valores


aproximados de 35 ° /00 (lê-se trinta e cinco partes por mil), equivalente a 35 g de
sal em um quilo de água; com extremos medidos em 34 e 37 ° /00. No Mar
Vermelho, um dos mares mais salgado, a salinidade média é de 40° /00.
O Mar Morto é o corpo d’água mais salgado do mundo. Cerca de um terço do seu
volume é constituído por sais. Nessas condições apenas sobrevivem organismos
unicelulares pouco complexos.
A fonte de sais do mar é a erosão, a dissolução de rochas dos continentes e os sais
oriundos do magma que se acumularam nos oceanos primitivos.

As espécies aquáticas, em relação à capacidade de suportar grandes variações de


salinidade, podem ser divididas em euri-halinas e esteno-halinas.
São euri-halinas as espécies que suportam variações na salinidade. Incluem as
espécies estuarinas (de água salobra) ou as capazes de mudar de água doce para
marinha, ou vice-versa, como o salmão.

As espécies esteno-halinas não suportam variações, tendo que viver em


concentrações salinas aproximadamente constantes, como acontece com a maioria
dos peixes marinhos. Para determinação da salinidade usa-se o salinómetro.

➢ Gases dissolvidos: dentre os gases dissolvidos na água, o oxigénio (O2) é um dos


mais importantes na dinâmica e na caracterização de ecossistemas aquáticos. As
principais fontes de oxigénio para a água são: a atmosfera e a fotossíntese. A
presença de oxigênio dissolvido na água é crucial para o processo respiratório de
todos os animais marinhos. E sua falta pode causar a morte quase imediata.

A solubilidade diminui conforme aumentam a temperatura e a salinidade. É a


combinação desses dois fatores em valores exageradamente altos que faz com que
o mar Morto seja realmente quase morto, com pouquíssimas formas de vida
adaptadas a condições tão extremas.
O oxigênio não se encontra naturalmente dissolvido de um modo uniforme no
meio marinho. Habitualmente as maiores concentrações encontram-se nos
primeiros 10 a 20 metros da coluna de água, aonde a atividade fotossintética e a
difusão atmosférica conduzem à saturação. O teor em oxigénio dissolvido diminui
sensivelmente com a profundidade. Os valores mínimos são atingidos na
província oceânica entre os 500 e os 1000m de profundidade.
É a mais crítica variação no controlo da qualidade de água no cultivo e é medida
em miligramas por litros (mg/L). A sua concentração na água varia em
decorrência de processos físicos, químicos e biológicos ao longo do dia.

É preciso saber também que, a concentração do oxigénio pode ser alterada pela
quantidade de ração no viveiro. Se a taxa de alimentação é muito alta, haverá
estress dos indivíduos pela má qualidade da água.
Neste sentido, recomenda-se a utilização de aradores na ausência de luz ou no
período noturno para auxiliar na incorporação de oxigénio no sistema, evitando
que o oxigénio atinja valores inferiores a 3mg/L. A faixa ideal do oxigénio
dissolvido para os peixes tropicais se situa entre 4 a 7mg/ L de O2.
A leitura deste parâmetro é realizada através de um equipamento denominado
oxímetro.

Fig. 5.2- Kit para determinação do O.D (AMBIENTAL, D, 2014).


➢ O gás carbônico é produto da respiração das algas, peixes e do plâncton de
organismos aquáticos, da mistura de água com CO 2 atmosférico, bem como da
decomposição orgânica. A concentração do CO2 pode acidificar a água e ela tende
aumentar de acordo com o crescimento dos peixes.
A sua determinação pode ser feito por titulação ou por medidores electrónicos

Fig. 5.3 - Medidor portatil de CO2 (Carvalho, 2020).


É a matéria-prima para as algas produzirem alimentos que mantenham o
ecossistema marinho, o que torna sua presença na água necessária. É também a
matéria-prima para os moluscos produzirem suas conchas, combinando com o
cálcio dissolvido na água. Possui, ainda, um importante papel de tampão,
substância que ajuda a manter constante o valor de PH.

➢ O nitrogênio é produto do metabolismo nitrogenado dos peixes e outros


organismos aquáticos e da decomposição orgânica. A aplicação de fertilizantes
nitrogenados e ureia também é responsável pelo aumento da concentração de
amônia na água.
O nitrogênio pode ser encontrado na forma de nitritos (NO 2) é a forma inorgânica
do nitrogênio. Podemos dizer que o NO2 tem efeito tóxico para os peixes e essa
toxidade varia de espécie para espécie e durante e durante o ciclo de vida. Os
animais adultos, no geral, são mais tolerantes aos nitritos quanto comparados com
os jovens. O nitrito na água pode acumular-se de 1 a 10 mg/ L ou mais.
Para a determinação do valor real do nitrito, são usados instrumentos como
espectrofotómetro.

O nitrogénio gasoso compõe mais de dois terços da atmosfera. Entretanto nos


oceanos sua quantidade é 10.000 vezes menor, mas não menos importante. É a
matéria-prima para a produção de proteínas, enzimas e material genético. Na sua
forma gasosa, dissolvido na água, é indisponível para a maioria dos organismos
marinhos. É transformado para a forma salina pelas cianobactérias (algas azuis) e
pelas bactérias Azobacterias.

➢ Potencial de hidrogenação (ph): representa a intensidade das condições ácidas


ou alcalinas do meio líquido, por meio da medição da presença de íons hidrogênio
(H+) em uma escala de 1 a 14. A concentração do ião hidrogénio (H+) é um
parâmetro de qualidade muito importante das águas naturais porque o seu valor
determina todos os equilíbrios que se estabelecem numa água.
Consoante os valores do pH, as massas de água classificam-se em:

Águas ácidas, cujos valores do pH são menores do que 7;


Águas neutras, cujo valor do pH é igual a 7;
Águas alcalinas, cujos valores do pH são maiores do que 7.

Nos oceanos, o pH varia de 7,5 a 8,4, o que indica um caráter básico da água
marinha, decorrente da presença de sais. As variações do pH em relação a
profundidade ocorrem na zona eufótica, principalmente nos primeiros 50 metros
onde as baixas concentrações de O2 e altas de CO2 , que combina-se com a água
formando o ácido carbônico e faze com que o valor de pH atinja o seu mínimo,
entre 7,1 e 7,3. A partir desse ponto, os valores de pH aumentam com a
profundidade até se estabilizar em 8,4.
Para os peixes, os valores entre 6,5 e 9 são considerados bons para a produção de
peixes. Cultivos fora desses níveis poderão implicar na mortalidade dos peixes.
Ela intervém fortemente na distribuição das dos organismos aquáticos. A
respiração, fotossíntese, adubação, calagem e poluição são factores capazes de
alterar o PH ma água. A melhor água para criação de peixes é a que possui uma
reação ligeiramente alcalina, isto é, PH entre valores de 6,5 e 9. Os pontos de
Acidez ou Alcalinidade da água que causam mortalidades em viveiros de peixes
são, aproximadamente, pH 4 e pH 11, respetivamente. A determinação de pH pode
ser feita através de um kit químico denominado medidor do PH.
Fig. 5.3- Kit de medição do PH e influência da variação do ph na água em viveiros
de peixes e crustáceos (AMBIENTAL, D, 2014).
Outros fatores também influenciam no valor de pH: salinidade, temperatura e
mesmo a fotossíntese, que promove a alcalinidade.

➢ Nutrientes: necessários para o crescimento e reprodução dos seres vivos, são eles
os elementos químicos e sais dissolvidos. Seu suprimento na biosfera se mantém
mediante o movimento dentro dos ciclos biogeoquímicos. Os Nutrientes (fosfatos
e nitratos entre outros) são utilizados pelos vegetais foto autotróficos na síntese
de matéria orgânica através do processo fotossintético. Podem se tornar fator
limitante por falta ou por excesso no meio. Constituem, juntamente com outras
características do solo (pH, textura, humidade), os fatores edáficos. Estes podem
ser agrupados em:
Macronutriente: entra em grande quantidade na composição dos tecidos vivos
(Carbono, Oxigênio, Hidrogênio, Nitrogênio).
Micronutriente: necessário em quantidades relativamente pequenas (Manganês,
Cobre, Zinco, Magnésio).

1.3.1.3- Factores geológicos

➢ Tipos de substratos: os substratos marinhos podem ser classificados de várias


maneiras, dependo do seu estado de compactação, nos seguintes tipos: naturais ou
artificiais, minerais ou biológicos e sedimentos consolidados ou não consolidados.
Os sedimentos marinhos podem ser formados por partículas de vários tamanhos e
de origem variadas. Essas partículas podem ter as seguintes origens:
Litorânea: decorrente da ação erosiva do mar sobre formações geológicas
costeiras;
Terrígena: partículas continentais transportadas pelo vento, aportes de rios e por
geleiras;
Vulcânicas: cinzas e partículas maiores originárias das emissões vulcânicas
terrestres e submarinas;
Autótenes: formadas nos oceanos, a partir de restos de animais e carapaças de
organismos;
Cósmica: entrada de poeira cósmica e meteoritos na atmosfera terrestre.

1.3.1.4- Factores biológicos

➢ Principais comunidades do ambiente marinho: a base de toda a vida na Terra


reside na habilidade dos seres foto autotróficos em usar a energia da luz solar para
sintetizar moléculas orgânicas ricas em energia a partir de matéria inorgânica. Este
processo é denominado de fotossíntese.
Os responsáveis pela produção primária nos oceanos são os organismos fotos
sintetizadores e as bactérias quimiossintetizadoras. A fotossíntese, porem, é muito
mais difundida, sendo o principal processo responsável pela síntese autotrófica de
alimentos que sustentam as principais cadeias tróficas dos oceanos.
As principais comunidades que do ambiente marinho destacam-se:

Fig. 6- Comunidades que do ambiente marinho (Crespo, 2013).

a) Plâncton: organismos sem movimentação própria, que vivem em suspensão na


coluna de água, podendo ser grupados em fitoplâncton (algas, bactérias) e
zooplâncton (protozoários, rotíferos, crustáceos). A comunidade planctónica exerce
um papel fundamental na ecologia aquática, tanto na construção da cadeia alimentar,
quanto na condução de processos essenciais, como a produção de oxigênio e a
decomposição da matéria orgânica;
b) Bentos: é a comunidade que habita o fundo de rios, mares e lagos, e podem ser
agrupados em duas categorias:
➢ Sésseis – isto é, fixados ao fundo, sendo constituída principalmente por algas
macroscópicas, por animais como celenterado, poríferos e por organismos
anelídeos;
➢ Errantes – isto é, que se deslocam sobre o fundo, representados principalmente
por crustáceos (camarões, lagosta e caranguejos), equinodermos (ouriços-do-mar,
holotúrias e estrelas do mar) e também por moluscos (polvos e lulas).

A actividade da comunidade bentônica influi nos processos de solubilização dos materiais


depositados no fundo de ambientes aquáticos. Além disso, pelo fato de serem muito
sensíveis e apresentarem reduzida locomoção e fácil visualização, os organismos
bentônicos são considerados como excelentes indicadores da qualidade da água;
Os organismos bentônicos geralmente se alimentam de cadáveres e detritos orgânicos que
se sedimentam, embora existam também representantes carnívoros.

b) Necton: é a comunidade de organismos que apresentam movimentação própria,


sendo representada principalmente por grandes cardumes de peixes. Além do seu
significado ecológico, situando-se no topo da cadeia alimentar, os peixes servem
como fonte de proteínas para a população e também podem atuar como indicadores
da qualidade da água (rotíferos crustáceos). A comunidade planctônica exerce um
papel fundamental na ecologia aquática, tanto na construção da cadeia alimentar,
quanto na condução de processos essenciais, como a produção de oxigênio e a
decomposição da matéria orgânica.

1.3.1.4.1- Produtividade primária nos ecossistemas marinhos

Produtividade - designa a quantidade de matéria orgânica produzida, ou de energia


fixada pelos produtores, que é transferida para os consumidores ao longo das sequências
alimentares, podendo ser expressa em unidades de massa ou de energia. Em termos de
energia, as calorias incorporadas em cada nível trófico denominam-se: produção
primária ou PP (1º NT), produção secundária ou PS (2º NT), produção terciária ou
PT (3ºNT), etc. Denomina-se produção primária bruta (PPB ou PB), a quantidade de
energia fixada pelas plantas no processo de fotossíntese. Parte dessa energia é dissipada
no processo de respiração do autótrofo (Ra) e parte - produção primária líquida (PPL ou
PL) é incorporada à biomassa vegetal e transferida para os consumidores. A cada nível
trófico, parte da energia recebida é incorporada à biomassa e parte é dissipada na forma
de calor (2º lei da termodinâmica) ou perdida na matéria excretada. Tomando-se R como
sendo o somatório da energia dissipada - energia calorífica - em todos os níveis tróficos,
a produtividade no ecossistema pode ser representada por PB = PL + R.

O equilíbrio dinâmico dos ecossistemas baseia-se na sua estrutura trófica, isto é, na forma
como a comunidade está organizada e se relaciona com o ambiente, para distribuição da
matéria e energia. Portanto, a transferência de energia na cadeia alimentar é
unidirecional, isto é, sempre tem início com a captação da energia luminosa pelos
produtores e termina pela acção dos decompositores.

A estrutura de funcionamento, resultante do arranjo produtor-consumidor, denomina-se


cadeia alimentar. Uma cadeia alimentar é definida como sendo uma sequência de seres
vivos unidos pelo alimento.

A cada transformação ou transferência energética nas relações alimentares a quantidade


de energia disponível diminui, ou seja, em cada cadeia alimentar, a quantidade de energia
de um nível trófico é sempre maior do que a energia transferida para o nível seguinte. Isto
se deve a seguintes factores:

➢ Parte da energia contida nos organismos de um determinado nível trófico é


consumida para a manutenção da vida. Ao realizar trabalho metabólico, parte da
energia é perdida na forma de calor, que é irradiada do corpo do organismo e não
pode ser transferida ao nível trófico seguinte. Por exemplo, do total da matéria
orgânica produzida por uma planta, cerca de 15% será degradada nos processos
respiratórios para a manutenção dos processos vitais. Assim, os herbívoros, ao
comerem as plantas, terão a sua disposição apenas 85% do que originalmente
produzido.
➢ Quando come uma planta ou um outro animal, grande parte da energia contida
no alimento não é aproveitada, sendo perdida nos restos de substâncias
eliminadas nas fezes. Por exemplo, os animais herbívoros conseguem aproveitar,
para realizar trabalho metabólico, apenas 10% da energia do alimento ingerido;
90% resta inaproveitada, nas substâncias que compõe as fezes. Da energia
aproveitada, cerca de 15 a 20% será empregada na manutenção do metabolismo,
e o resto ficará acumulado em substâncias componentes do corpo. O mesmo
ocorre nos níveis tróficos seguintes.
➢ Esta situação provoca uma diminuição na quantidade de energia disponível a cada
nível trófico.

Exemplo de cadeia alimentar marinha

Fig.7- Cadeia Alimentar Aquática (www.faqbio.blogspot.com, 2018).

Fig.8-Fluxode Energia nos Ecossistemas Aquáticos (www.faqbio.blogspot.com, 2018)


Os produtores são todos os organismos autótrofos, principalmente plantas verdes que
realizam fotossíntese, e outros, em menor quantidade, que realizam quimiossíntese.

Nos mares, oceanos, nos grandes lagos e rios, os produtores são as algas microscópicas,
que flutuam próximo a superfície, constituído por fitoplâncton. É um importante
produtor primário dos ecossistemas aquáticos, representando a base da cadeia alimentar
e servindo de alimento para outros organismos.

Os consumidores dos ecossistemas são os heterótrofos, principalmente animais, que se


alimentam de outros seres vivos. Podem ser subdivididos em: (a) consumidor primário
(herbívoro), no mar, rios e grandes lagos, são representados pelos seres que se nutrem
directamente do fitoplâncton. A maioria dos consumidores do fitoplâncton são seres
minúsculos, que flutuam ao sabor das correntes e constituem o zooplâncton, exemplo -
muitos peixes, crustáceos, celenterados, larvas de moluscos, (b) consumidor secundário
(carnívoro), que obtém seu alimento de consumidores primários - espécies carnívoras de
peixes; e, (c) consumidor misto (onívoro), que não faz discriminação pronunciada em sua
preferência alimentar entre produtores e outros consumidores - esta categoria inclui o
homem, o urso e alguns peixes.

Os decompositores também são heterótrofos - bactérias e fungos sapróvoros -, porém se


alimentam de materiais residuais (excreções, cadáveres, etc.) transformando-os em
substâncias inorgânicas simples utilizáveis pelos produtores.

Se não fosse o trabalho dos decompositores, o nosso planeta seria um amontoado de


‘lixo’.

Capítulo 2- Convecções internacionais para a proteção do meio ambiente

A primeira referência internacional e concertada que os Estados fizeram para consagrar


o direito ao ambiente deu-se 1972 na Convenção de Estocolmo, onde foi compilada a
Declaração do Ambiente. A Estratégia Mundial de Conservação de 1980 e a Convenção
sobre a Diversidade Biológica de 1992 completa o leque de grandes documentos com
abrangência mundial sobre conservação da natureza. Para além destes, as convenções
internacionais mais importantes que versam sobre a conservação da natureza foram: a
convenção para a Conservação do património Mundial Cultural e Natural,CITES-
Conservacão sobre Comercio Internacional de Espécie de Fauna e Flora Selvagens
Ameaçadas de Extinção (Washington), a Convenção sobre as zonas Húmidas de
Importância Internacional, especialmente como habitats de aves (Ramsar), a Convenção
sobre a conservação de Espécies Migratórias Pertencentes a Fauna Selvagem (Boma), a
Convenção Relactiva a Proteção da Vida Selvagem e do Ambiente Natural, e a
Convenção sobre a Diversidade Biológica (Rio de Janeiro). Em termos práticos estas
convenções e os respectivos documentos traduziram-se em instrumentos com ações
concertadas a nível internacional para salvaguardar o meio ambiente de forma geral.

Em resultado dessas acções, o número de áreas marinhas protegidas cresceu de cerca de


menos de 100 no início dos anos 60 para mais de 400 a meio da década de 80 e o número
continua crescendo face a consciência ambiental conquistada nas últimas décadas.

2.1- Ambiente marinho um ecossistema a preservar / conservar

Existem, portanto, muitas razões práticas e objectivas para preservar / conservar os


ecossistemas marinhos:

➢ A vida na Terra se originou provavelmente de um ambiente aquático (mar


primitivo), assim, o estudo dos organismos aquáticos nos ensina muito sobre a
vida na Terra, e não somente sobre a vida aquática;

➢ O ambiente marinho, também denominado de talassociclo ou talássico, representa


o conjunto de ecossistemas de água salgada, abrangendo aproximadamente 71%
da superfície do planeta, sendo considerado o maior ambiente da biosfera;

➢ A proteção dos recursos marinhos contra ameaças emergentes como a pesca


ilegal, a pirataria e o despejo de lixo tóxico deve constituir hoje, para os Estados,
um assunto vital. Na verdade, as preocupações radicam sobretudo, nas perdas que
resultam para o tráfico, contrabando e desvios dos recursos marítimos, bem como
a falta que os mesmos, quando não aproveitados, fazem para o processo de
diversificação das fontes de receitas dos Estados. O “mundo azul” compreende
vastas extensões de água cujos recursos, quando bem aproveitados, jogam um
papel relevante na definição do produto interno bruto dos Estados;

➢ Os oceanos e mares são de fundamental importância para o nosso planeta, pois


contribuem para o equilíbrio climático, além de ser muito importante para a
economia dos países. Tendo em vista que a maioria dos fluxos comerciais
(exportação e importação) ocorre através dos oceanos. Esses recursos hídricos
oferecem também pescado, que são capturado e comercializados gerando renda.
Seu subsolo pode abrigar enormes jazidas de petróleo;

➢ Os ecossistemas marinhos abrigam uma enorme biodiversidade. Nesses


ecossistemas aquáticos temos uma rica fauna e flora marinha, tão fundamental
para a estrutura do planeta quanto às florestas;

➢ Os oceanos e mares são responsáveis pelos fitoplânctons, seres que atuam na


produção de parte do oxigênio (50% de todo o O 2 da Terra) do planeta. Além
disso, os ambientes marinhos desempenham um papel de regulação da vida na
Terra. A relação entre oceano e atmosfera ajuda a equilibrar a temperatura do
planeta. Contam com 97% de toda a água do mundo. Assim, esses ecossistemas
são fundamentais no processo fotossintético; Teríamos “dificuldade para respirar
se dependêssemos apenas de árvores, grama e outras plantas de terra firme.”;

➢ O oceano fornece a maior quantidade de alimento cuja fonte é o meio natural. Em


média, e segundo dados de 2008, o oceano providencia cerca de 15% de toda a
proteína animal (FAO). Em alguns locais, como no sudeste da Ásia, essa
percentagem chega a 90%. O peixe e as algas geram 106 mil milhões de dólares
a cerca de 540 milhões de pessoas que ganham a vida nesse setor;

➢ Os ecossistemas mais produtivos, em termos de volume e de produtividade


primária, são os estuários, os sapais e os mangais que são ecossistemas costeiros
e estão ameaçados pelo desenvolvimento costeiro e alterações climáticas. Esses
ecossistemas atuam como despoluidores naturais retêm os sedimentos, absorvem
o impacto das ondas e são importantes locais de desova de muitas espécies
marinhas, sendo ainda o local de refúgio e ponto de paragem para aves durante as
suas migrações;

➢ Além da importância ambiental, os oceanos também contribuem para o


escoamento de bens e mercadorias entre as nações, estimulando a economia e a
globalização. Eles ainda são utilizados em estratégias militares;
➢ Cada vez que você respira, deveria agradecer aos Oceanos. O processo acontece
através da fotossíntese produzida pelo estoque de fitoplâncton, algas minúsculas
que raramente enxergamos. Sua massa é muito menor do que a das plantas
continentais. Ainda assim, todos os anos as algas levam para o fundo dos oceanos
50 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (em parte produzidos por nossos
carros…), gás causador do efeito estufa. O dióxido de carbono é transformado em
matéria orgânica;

➢ Ao produzir a fotossíntese, as algas retiram da atmosfera o dióxido de carbono e


o depositam no fundo do mar, evitando que se acumulem na atmosfera reduzindo
o aquecimento global;

➢ Segundo o Relatório do Congresso Mundial da Conservação- 2016, diz que, desde


1970 os oceanos absorveram 93% do calor causado pelos gases do efeito estufa.
O mesmo relatório informa que, se não fosse por este serviço, a Terra teria
aquecido em mais 36ºC;

➢ Portanto, O volume de água existente no oceano é o motor do clima e do ciclo da


água. O oceano absorve uma grande quantidade de energia solar, bem como de
dióxido de carbono, tendo por isso um importante papel como reservatório desse
gás. Com efeito, o oceano absorve entre ¼ a 1/3 do CO2 libertado pelas
actividades humanas desde 1800. Os oceanos armazenam 15 vezes mais dióxido
de carbono do que a parte terrestre da biosfera e os solos;

➢ Detêm 96% do espaço habitável da Terra, o mar controla a química do planeta,


lançando na atmosfera a mesma água que voltará para a terra e para o mar através
da chuva, da neve, e do granizo, reabastecendo continuamente rios, lagos e
aquíferos subterrâneos. “Sem o azul não haveria o verde.”;

➢ Foi estimado que os sistemas vivos dos ambientes aquáticos valem mais de US$
24 trilhões por ano;
➢ Para muitos o oceano é a nova fronteira da economia. Ela abrange os setores de
transportes marítimos, turismo e recreação, energia, pesca, medicina, indústria
alimentar, biotecnologia marinha, recursos naturais e sistêmicos;

➢ A FAO estima que a pesca e a aquicultura asseguram a subsistência de 10 a 12%


da população mundial;

➢ Embora seja uma atividade híper impactante, destruindo o subsolo marinho, ela
vem crescendo. A tendência no futuro breve é que aumente exponencialmente.
Basta lembrar que, em 2010, havia mais de 620 plataformas móveis de perfuração
de petróleo offshore no mundo;

➢ Os oceanos tornam a vida humana possível por meio da provisão de segurança


alimentar, transporte, fornecimento de energia, turismo, dentre outros. Além, por
meio da regulação da sua temperatura, química, correntes e formas de vida, os
oceanos regulam muitos dos serviços ecossistêmicos mais críticos do planeta,
como ciclo do carbono e nitrogênio, regulação do clima, e produção de oxigênio.
Além disso, os oceanos representam aproximadamente 5% do PIB global;

➢ Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos
marinhos para o desenvolvimento é o caminho seguro para alcançar de forma
plena um desenvolvimento sustentável em todas as vertentes.

2.2- Conservação da Biodiversidade marinha: qualidade de vida para a sociedade

A Biodiversidade Marinha expressa a riqueza e a variedade das espécies vivas existentes


no mar. Plantas, animais, invertebrados, insetos e microrganismos compõem milhões de
seres vivos que vivem integrados em uma harmonia construída ao longo de milhões de
anos nos oceanos.

Dependemos da biodiversidade! A biodiversidade exerce funções ecológicas básicas


como a produção, decomposição e ciclagem de nutrientes, e fornece serviços e bens para
a sociedade, como alimentos e matéria-prima, proteção do solo, regulação do clima,
sequestro de carbono, proteção contra desastres naturais, turismo e bem-estar cultural e
espiritual (Cónego, 2021).
2.3- O papel da biodiversidade marinha na sustentabilidade

Nos últimos 50 anos, perdemos pelo menos 50% das áreas de manguezais e de marismas;
mais de 30% das pradarias de plantas submersas foram destruídas e cerca de 40% de toda
a vida marinha foi reduzida.

Oceanos, mares e regiões costeiras sofrem pressões múltiplas, como a destruição dos
habitats naturais, eutrofização, urbanização, atividades portuárias, diversos tipos de
poluição, pesca predatória, invasões biológicas, além dos impactos das mudanças
climáticas (P. Marisma, 2021)

A grande maioria das mudanças climáticas está ocorrendo nos oceanos, os quais estão
absorvendo 93% da energia térmica extra causada pelo aquecimento global. A absorção
de 27% do CO2 pelos oceanos está causando a sua acidificação. Biodiversidade não é
problema, é solução.

Os impactos da perda de biodiversidade para a qualidade de vida são muitos e de grande


dimensão.

Hoje se sabe que é necessário proteger a biodiversidade marinha para aumentar a


produção pesqueira (que fornece proteína para bilhões de pessoas), assim como para
aumentar ou manter a resistência dos oceanos e mares às mudanças climáticas e
acidificação. Em geral, biodiversidade e abundância resultam em maior resistência dos
ecossistemas marinhos. Diante de tantas adversidades, espécies necessitam que as
pressões antropogénicas sejam reduzidas para que tenham chance de evoluir e se adaptem
a este meio ambiente modificado.

Fig.9- Biodiversidade marinha (Cónego, 2021)


2.4- Razões práticas e objectivas da conservação da biodiversidade marinha

Inúmeros são os benefícios auferidos pela biodiversidade marinha. Dentre os mais


representativos e relevantes constam os seguintes:

2.5- Oferta de alimentos


A pesca fornece proteínas para inúmeras comunidades de pescadores que dependem
exclusivamente deste tipo de alimento para sobreviver. O assombroso crescimento da
população mundial pressiona pela necessidade de alimentos para sua sobrevivência.

2.6- Princípio ativo de fármacos


Diversas espécies marinhas produzem venenos/toxinas para predar e afastar ameaças.
Outros lançam produtos químicos que retardam o desenvolvimento de espécies
competidoras. Conhecer estas substâncias biológicas pode ser a chave da descoberta de
novos fármacos de valor medicinal

2.7- Produção de oxigênio (Ciclagem dos elementos)


Diferentemente do senso popular, não são as florestas os grandes geradores de oxigênio
do planeta. As algas e o fitoplâncton marinho produzem mais da metade do oxigênio que
a Terra precisa para manter o sistema em equilíbrio. Através da fotossíntese na produção
de biomassa lança-se uma enorme quantidade de oxigênio na atmosfera diariamente.

2.8- Fixação do Carbono (Regulação do Clima)


O carbono expelido na queima de combustíveis fósseis, provocado pelo homem moderno,
lança enormes volumes de gás carbônico na atmosfera provocando o aquecimento do
planeta através do efeito estufa. Os vegetais marinhos como algas, fitoplâncton e
macrofitas aquáticas promovem a captura do carbono e sua fixação na biomassa vegetal
proporcionando um extraordinário serviço ambiental para o planeta.

2.9- Digestão da matéria orgânica


Inúmeras espécies de decompositores que habitam no leito de baías e estuários fazem a
digestão da matéria orgânica carreada pelos rios e depositada no fundo. Quanto maior for
a riqueza da diversidade das espécies tanto maior será a estabilidade e a resiliência desses
ecossistemas. A ciclagem da matéria orgânica é uma importante função desses
organismos decompositores.
2.10- Fornecimento de matéria-prima

Algas calcárias e carapaças de moluscos são fontes de cálcio para produção de


fertilizantes, suplementos medicinais, dentre inúmeros outras matérias-primas
encontradas na biodiversidade marinha. A pujante economia da indústria farmacêutica e
de cosméticos depende de derivados nobres da flora e da fauna marinha para atender um
mercado consumidor cada vez mais exigente e sofisticado.

2.11. Principais ameaças à biodiversidade marinha?


2.11.1- A Sobrepesca

A pesca excessiva e acima da capacidade de reposição natural dos estoques pesqueiros é


um rápido caminho para a redução drástica da biodiversidade.

Fig.10- Sobrepesca (Chimuco, 2019)

2.11.2- A poluição orgânica e inorgânica (plásticos)

O crescente aumento do volume de despejo e sua toxicidade em ambientes costeiros


decorrentes dos efluentes de origem antrópica destroem os berçários do mar como é o
caso dos manguezais, marismas, estuários e baías.
Fig. 11- Poluição por plásticos (Chimuco, 2019)

2.11.3- O Efeito Estufa

O lançamento de gases do efeito estufa aquece o planeta, elevando a temperatura das


águas do mar e como consequência destroem os recifes de corais e matam inúmeros
organismos que não suportam a elevação da temperatura das águas. Da mesma forma a
acidificação dos oceanos contribuem para o desaparecimento de ecossistemas e espécies
marinhas.

2.11.4- Uso do solo inadequado

A expansão urbana sobre áreas naturais e sensíveis do litoral como manguezais, restingas
e praias arenosas destroem ecossistemas importantes para a reprodução da vida marinha.

Fig. 12- Mercado do peixe Namibe (Infor-Namibe, 2021)

2.12- Como proteger a biodiversidade marinha?

Promover uma estratégia integrada e coesa de proteção à biodiversidade marinha através


de um sistema de coordenação internacional que ainda não existe para realizar as
seguintes ações:

2.12.1- Gestão Integrada

Como os oceanos estão interligados e sem fronteiras humanas de países que impeçam a
sua livre comunicação, o homem também deve ter sabedoria de promover organismos
internacionais que falem entre si e saibam reproduzir essa união através da gestão
integrada desses ecossistemas. A cooperação científica e o entendimento político entre
nações vizinhas devem privilegiar o equilíbrio e a estabilidade dos oceanos de modo a
promover a salubridade dos oceanos. Só assim conservaremos a biodiversidade e a
possibilidade do aproveitamento continuado dos recursos vivos para o futuro.

2.12.2- Criação e Manutenção de Áreas Protegidas

Ser capaz de identificar, criar e manter a identidade natural das áreas de proteção
ambiental em função da sua fragilidade, importância genética e habitats singulares que
porventura existam em diferentes pontos do planeta.

2.12.3- Controle das águas internacionais

O controlo e a gestão devem também alcançar corpos d’água internacionais onde existem
dificuldades de acesso e a falta de financiamento para a pesquisa geram lacunas de
domínios e de competência.

2.12.4- Pesquisas Científicas

Gerar conhecimento para reconhecer inúmeros territórios ainda inexplorados bem como
o entendimento dos processos naturais que regem a vida marinha nos oceanos.

Portanto saber cuidar da biodiversidade marinha representa dar um passo importante no


sentido de perpetuar os recursos vivos dos oceanos e garantir o futuro da humanidade.
Sem esses recursos naturais a vulnerabilidade humana aumenta e o desequilíbrio
ambiental pode se tornar irreversível.

Capítulo 3- Água de lastro e o seu impacto no ambiente marinho

Os cursos hídricos sempre foram utilizados como um ponto estratégico devido às


vantagens que ele proporciona.

O termo lastro representa qualquer material utilizado como contrapeso para a


estabilidade de um objeto. O setor naval utiliza um sistema de tanques de lastro, os quais
são preenchidos com água para manter a estabilidade do navio durante a sua travessia até
o próximo porto. É expressamente proibido descarregar águas de lastro em portos, só em
alto mar.

Devido a grande especificidade das embarcações (navios porta-contêineres; navios


graneleiros, etc.), surge uma grande dificuldade na operação destes, pois uma vez que um
navio se desloca para um destino o mesmo vai totalmente carregado com suas cargas de
transporte e outros elementos necessários para sua operação, sendo nessas condições o
navio está totalmente estável. A dificuldade é quando ocorre o despejo dessas cargas em
seu destino. Se o navio não conseguir carga para transportar até seu próximo destino ele
não ficará estável para sua navegação, assim estando vulneráveis as forças externas,
correndo o risco de virar ou afundar.

A alternativa para que esses navios continuem estáveis mesmo sem suas cargas ou mesmo
com uma pequena quantidade dela, é a utilização de um peso extra, assim garantindo que
seu casco continue imerso na água, conforme padrões determinados sobre “calado do
navio”. A estabilização dos navios utilizando o peso extra é conhecida com Lastro.

Água de lastro é a definição para a água armazenada dentro de tanques nos navios para
manter o equilíbrio destes a fim de garantir boa segurança na operação dos navios. No
entanto, o sistema da água de lastro é por meio da utilização de várias bombas, tubulações
e válvulas com a finalidade de despejar a água do interior para o exterior e vice-versa.

Por consequência desse sistema da água de lastro, que visa manter em condições boas de
navegabilidade os navios, apresenta-se como uma grande ameaça ao meio ambiente,
principalmente ao ecossistema marinho. Pois estes navios realizam diversas viagens por
ano, navegando entre diversos sistemas aquáticos diferentes, o que por meio constante
dessas águas de lastros pode ocasionar em um problema ambiental gravíssimo, a
bioinvasão.

A água de lastro pode ser extremamente danosa para o meio ambiente. Junto com ela são
carregados ovos, bactérias, algas, crustáceos e uma infinidade de outros seres. Por estarem
adaptados a outros climas, ambientes e fora da cadeia alimentar local, não encontram
predadores e se reproduzem descontroladamente prejudicando a fauna da região.

Eles diminuem a biodiversidade concorrendo com as espécies nativas. Prejudicam a


economia, pois podem extinguir seres com valor comercial como crustáceos ou peixes.
Podem transmitir doenças graves, prejudicando as populações costeiras. O problema é
agravado pelo fato de ser uma quantidade monstruosa de água, um grande petroleiro, por
exemplo, pode levar mais de 60 milhões de litros.

3.1- Processo de lastreamento das embarcações

Este processo consiste basicamente, no enchimento de tanques de lastro dos navios com
finalidade de garantir a estabilidade controlar o calado do navio, mantendo as tensões
estruturais do casco dentro de limites seguros, o que evita deformações e avarias ao navio.
É utilizado pelos navios primordialmente para controlar mudanças de peso decorrentes
do embarque e desembarque de cargas do local de origem para o local de destino. Dessa
forma, microorganismos são coletados e devolvidos a locais diferentes de seu habitat
natural. Segundo estudos, estima-se que pelo menos sete mil espécies diferentes de vida
são transportadas ao redor do mundo nos tanques de lastro dos navios, podendo causar
alterações em ecossistemas e com isso danos ao meio ambiente, predatorismo e
competição com espécies nativas, redução e risco de sua eliminação, elevados prejuízos
econômicos, e por último a introdução de agentes patogênicos com riscos a saúde
humana.

Fig. 13- Lastreamento das embarcações (LEAL NETO, 2020).

3.2- Processo de deslastreamento da embarcação

Consiste no descarte da água dos tanques de lastro no local de destino da embarcação.


Constitui justamente este processo que representa maior perigosidade para os
ecossistemas marinhos. Estima-se que, atualmente, cerca de 5 bilhões de toneladas de
água de lastro sejam transportadas anualmente em todo o mundo e que cada navio seja
capaz de carregar mais de 3 mil tipos de espécies diferentes numa viagem. Essas espécies,
conhecidas como “espécies invasoras ou exóticas”, podem ser transferidas de um local
para outro e ser introduzidas no ambiente, colocando em risco a fauna aquática nativa de
onde a água é despejada. Podem, portanto, oferecer uma séria ameaça ecológica,
econômica e sanitária.
Fig. 14- Deslastreamento da embarcação (LEAL NETO, 2020).

3.3- Principais ameaças da água de lastro nos ecossistemas marinhos

A água de lastro foi identificada como uma das quatro maiores ameaças aos oceanos do
mundo. As outras três ameaças são a poluição marinha, a exploração abusiva de
recursos marítimos naturais e a alteração ou destruição do habitat marinho,

Fig. 15- Formas de ameaça ao meio ambiente marinho (ARAGUAIA, 2013)

Os danos causados pelas operações de água de lastro, apesar de serem considerados não
intencionais por especialistas, vêm sendo confirmados há décadas por pesquisas e
registros.

Confirmada a presença dos microrganismos tóxicos, se medidas profiláticas relativas à


sustentabilidade, não forem asseguradas, a bioinvasão, neste momento pode configura-
se fatal, para aquele meio ambiente aquático.

O termo bioinvasão ou invasão biológica vêm sendo utilizado para designar o acto ou
efeito de um ou mais organismos animais, vegetais, parasitas invadirem e se
estabelecerem em ambientes onde não havia registos anteriores para a espécie causando
extinção de algumas espécies nativas, bem como, contaminação de pessoas com graves
reflexos a saúde publica da população local.
3.4- Estágios da bioinvasão

É possível identificar quatro estágios no processo da bioinvasão marinha: transporte,


estabelecimento, expansão e impacto.

1- Superada a barreira da sobrevivência ao período de transporte, as espécies que


conseguem resistir à viagem chegam à área receptora. Desses organismos, uns
podem não se adaptar as novas condições ambientais e morrem, ou mesmos serem
contidos ou eliminados por algum tipo controle, monitoramento ou prevenção que
esteja sendo utilizado como estratégia para conter a bioinvasão, porém, outros
conseguem transpor essa barreira;
2- Uma vez introduzida no novo ambiente natural, a espécie ainda tem possibilidade
de fracassar no seu estabelecimento, ou não conseguir expandir a sua população
além do ponto de introdução, mantendo a sua distribuição em nível loca;
3- Respeitando as características de cada espécie, outros organismos tornam-se aptos
a se dispersarem de forma ampla e com muita rapidez, o que certamente irá
provocar um impacto no ambiente;
4- Este momento que as espécies assumem o papel de invasoras.

A introdução de espécies pressiona sensivelmente o equilíbrio existente, levando a


situações irreversíveis, como a extinção de espécies nativas. A extinção provocada pela
ação antrópica é rápida e massiva, geralmente atingindo habitats inteiros. Como não há o
aparecimento de espécies substitutas, reordenando este equilíbrio, a extinção acaba por
provocar o empobrecimento dos ecossistemas.

Fig. 16- Sistemas de água de lastro (CARMO, 2006)


Entretanto, existem dois tipos de invasões ou mecanismo de dispersão: expansão natural
(onde os organismos se dispersam por mecanismos naturais) e introdução antrópica
(onde os organismos são introduzidos por meios antropológicos, intencionais ou não).

Esses processos podem causar perdas da diversidade biológica. Outro fator afetado pelos
processos de bioinvasão está relacionado a atividades econômicas. Nesse contexto,
podemos citar como exemplo os danos à atividade pesqueira, riscos sanitários e gastos
com manutenção de turbinas em hidroelétricas.

3.4.1- Expansão natural

Como dispersão natural existe os seguintes vetores de dispersão de organismos: Balsas


naturais (animais e estruturas vegetais), correntes marinhas e desastres naturais.

3.4.2- Introdução antrópica Dentre os vetores de transporte e dispersão dos organismos


marinhos que possuem origem nas atividades humanas podemos destacar:

➢ Navios: podem transportar organismos nectônicos e planctónicos na água de


lastro, transportar organismos encrustantes associados às estruturas das
embarcações (casco, quilha, leme, hélice, âncora e amarras) além daqueles
associados às próprias cargas;

➢ Atividades de pesca e maricultura: inserção de espécies invasoras para o cultivo


de produtos (ostras, mexilhões, vieiras, caranguejos, lagostas, peixes) em mar
aberto; através de estruturas de transporte e cultivo; pelo movimento de iscas vivas
com posterior descarte no ambiente; através de apetrechos de pesca como redes,
flutuantes, armadilhas e dragas;

➢ Aquários domésticos: inserção de espécies invasoras a partir do descarte de


invertebrados, peixes e algas de forma acidental ou intencional.

Não é demais ressaltar que nem todos os organismos transportados na água de lastro
sobrevivem à viagem e às condições do ecossistema de destino. O sucesso de uma invasão
depende muito da ecologia do ser vivo

O registro de uma espécie exótica em um novo ambiente não significa necessariamente


que tenha ocorrido seu estabelecimento, ou seja, que os indivíduos dessa espécie
sobrevivam a ponto de constituir uma população. O sucesso da colonização de uma nova
região por uma espécie trazida na água de lastro de um navio pode depender do ponto de
descarga dessa água. Portos situados em áreas protegidas, como baías e estuários, são
mais suscetíveis ao processo.

Além disso, os desequilíbrios ambientais causados pelas espécies inseridas em novo


ambiente, sendo de forma intencional ou não, afetam diretamente os seres humanos, pois
doenças podem ser transferidas, bem como microorganismos tóxicos que podem trazer
riscos à saúde humana. Muitas vezes, no intuito de combater as espécies invasoras
presentes em novos ambientes, produtos químicos são colocados na água, o que pode
gerar outros impactos ao meio ambiente.

Fig.17- Predominância global de espécies exóticas (COLLYER, 2010)

Pode-se observar, pela Figura 17 que existe um fluxo grande de transferência de espécies
exóticas pelo mundo. Esse fato só pode ser constatado, porque muitos países fazem
registros das espécies que invadiram seu ambiente causando diversos prejuízos de ordem
econômico-ambiental.

3.5- Medidas preventivas de sustentabilidade

Pelo exposto, a água de lastro num primeiro momento, consolida-se em uma grave
poluição ambiental de difícil controlo, na qual tudo leva a crê, que este procedimento
condenável por toda comunidade ecológica, ainda está longe de ser elucidado. Devido às
enormes consequências do uso deliberado da água de lastro nos ecossistemas marinhos,
muitas instituições vêm, ao longo do tempo, buscando soluções para esse problema.

➢ Desde 1982, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar já


estabelecia que os Estados deveriam tomar medidas com vistas à prevenção da
introdução de espécies exóticas que pudessem causar danos ao ambiente marinho.
“Os Estados devem tomar todas as medidas necessárias para prevenir, reduzir e
controlar a poluição do meio marinho resultante da utilização de tecnologias sob
sua jurisdição ou controle, ou a introdução intencional ou acidental num setor
determinado do meio marinho de espécies estranhas ou novas que nele possam
provocar mudanças importantes e prejudiciais” (Artigo 196: 1 da CNUDM);
➢ O cumprimento rigoroso das resoluções A.774 (18) de 1993 e a Resolução A.868
(20) de 1997 ("Diretrizes para o Controle e Gerenciamento da Água de Lastro dos
Navios para Minimizar a Transferência de Organismos Aquáticos Nocivos e
Agentes Patogênicos”). Por meio dessa Resolução, a IMO estabeleceu que todo
navio que utilizar água como lastro deve ter um plano próprio de “gerenciamento”
dessa água, com vistas a minimizar a transferência de organismos aquáticos
nocivos e agentes patogênicos. Recomenda também que sejam disponibilizadas,
nos portos e terminais, instalações adequadas para recebimento e tratamento da
água utilizada como lastro – o que nem sempre é possível.
➢ Atualização da legislação voltada ao sector marítimo;
➢ Monitorar a qualidade da água de lastro a bordo dos navios é uma ferramenta
muito importante para prever o risco de bioinvasão. Determinar a localização onde
ocorreu a troca e acompanhar ao longo do tempo o comportamento dos parâmetros
físicos químicos e biológicos irão trazer mais confiabilidade à gestão e controle
da qualidade da água para as autoridades portuárias, marinha, empresas de
navegação e empresas de sistema de tratamento;
➢ Dentre as diretrizes definidas pela IMO até então, a de maior destaque
correspondeu à realização da troca oceânica da água de lastro. Em geral, os navios
são recomendados a trocar a água contida nos seus tanques antes de alcançarem a
distância de 200 milhas náuticas a partir da linha de costa do porto de destino. Não
apenas isso, os locais de troca devem possuir pelo menos 200 metros de
profundidade e a troca volumétrica da água de lastro deve atingir uma eficiência
de 95%. Quando corretamente aplicada, a troca oceânica é capaz de reduzir
significativamente o risco da ocorrência das bioinvasões, uma vez que ela
promove a substituição da água de lastro captada em regiões costeiras por água
oceânica, cujos parâmetros físico-químicos e biológicos permitem o seu descarte
em um novo porto sem que haja risco significativo de bioinvasões. Dessa maneira,
as espécies costeiras não conseguiriam sobreviver em ambientes oceânicos e vice-
versa;
➢ Vêm sendo testados diversos métodos de tratamento para a água de lastro, entre
eles aquecimento ou resfriamento, filtração, aplicação de biocidas e esterilização
com o uso de eletricidade, radiação ultravioleta, técnicas acústicas ou
desoxigenação, além de processos biológicos. Para que qualquer método possa ser
utilizado, porém, precisa ser seguro, prático, tecnicamente exequível, de baixo
custo e ambientalmente aceitável. Os grandes volumes de água, as altas taxas de
fluxo, a diversidade de organismos e o tempo curto de residência da água nos
tanques constituem um grande desafio para esses tratamentos;

Fig. 20- Imagem de um navio descartando água de lastro. Processo pelo qual os tanques
dos navios captam água do mar para garantir a segurança operacional e a estabilidade e
que acaba possibilitando a captura e o transporte acidental de espécies exóticas (GIA,
2017).

Capitulo 4- Ambiente marinho e os plásticos: Poluição do ecossistema marinho por


plásticos

Não é novidade que os plásticos incluindo os microplásticos dominaram o mundo, eles


estão na água que bebemos, no sal de cozinha, dentro dos animais e, provavelmente, de
você. A ciência agora busca entender o comportamento destes dentro de organismos
marinhos.

Estima-se que os oceanos terão mais plásticos do que peixes em 2050.


Apegando-se nas recentes declarações do secretário-geral da ONU, António Guterres,
que apelou ao fim da poluição plástica, referiu que ‘‘todos os anos são usados até 500
biliões de embalagens plásticas descartáveis e para o efeito, são utilizados 17 milhões de
barris de petróleo para produzir garrafas plásticas, entre quais, mais de oito milhões
acabam nos oceanos.

Tendo em conta que a taxa média global de reciclagem desses produtos é apenas de 25%,
significa que existe um volume enorme de lixo plástico descartado, que vai sufocando os
oceanos e ameaçando a fauna marinha vulnerável’’.

A presença de resíduos plásticos vem aumentando rapidamente nos oceanos do mundo.


Um estudo de 2015 estimou que cerca de oito milhões de toneladas de plástico entram
nas águas oceânicas anualmente.

Alguns flutuam em grandes sistemas de correntes marítimas rotativas, conhecidos como


giros oceânicos. Em um giro, o plástico se decompõe em microplásticos, que podem ser
ingeridos pela fauna marinha.

A ingestão de plásticos pode funcionar como um veículo facilitador de transporte de


químicos para os organismos. Algum plástico contém químicos potencialmente
prejudiciais que são incorporados durante o processo de fabrico.

Os plásticos frequentemente contêm produtos químicos para lhes dar propriedades


específicas, que em muitos casos são tóxicos. Estes podem ser libertados dentro do
animal, causando problemas adicionais além dos riscos físicos de bloqueio do tubo
digestivo e outros danos internos.

Do plâncton minúsculo aos grandes cetáceos, tem crescido o registro da ingestão de


plástico por animais marinhos de várias espécies. Com esse tipo de resíduo despejado na
água em uma escala que chega a milhões de toneladas por ano, esse consumo ocorre
quando o animal, ao se alimentar, engole acidentalmente fragmentos de plástico que estão
na área ou quando esses fragmentos são, literalmente, confundidos com o alimento.

4.1- Impacto dos plásticos nos ecossistemas marinhos

A ideia de que o meio ambiente marítimo, devido a sua enorme extensão e profundidade,
possui uma capacidade inesgotável de absorver todas as substâncias ali introduzidas e de
prover infinitamente recursos naturais é completamente errada.
Os plásticos acarrectam para o meio aquático consequências devastadores
nomeadamente:

➢ A poluição marinha causada pela emissão de plástico nos mares e oceanos é


devastadora para o equilíbrio ecológico dos ecossistemas marítimos, pois
contaminam a cadeia alimentar e colocam em risco a sobrevivência das espécies
marinhas. O plástico é confundido por comida pelas espécies marinhas, que as
ingerem, colocando em risco a sua sobrevivência pela presença das substâncias
tóxicas daquele material e pela frequência com que a ingerem. As aves e as
tartarugas são as espécies marinhas que mais ingerem partículas de plástico;

➢ Podem ferir ou provocar a morte, resultar em infecções ou perda de membros


através de emaranhamento, Pode levar à asfixia ou estrangulamento de mamíferos
marinhos, tartarugas e avés marinhas, entre outros, devido a acidentes, curiosidade
do animal sobre um objecto e utilização de resíduos para abrigo;

➢ A ingestão de plásticos pode ser fatal, mas também pode ter consequências
adversas nas espécies, nomeadamente comprometendo a capacidade de nadar,
migrar, de capturar e digerir comida, escapar de predadores ou reproduzir-se. Eles
podem morrer por asfixia ou de fome, já que a ingestão de plástico bloqueia seu
aparelho digestivo;

➢ A contaminação dos mares pelo plástico é causada pelas embarcações que


despejam essas substâncias nas águas oceânicas, atividade da pesca, tais como
redes, armadilhas e cordas, no entanto também outros materiais podem
ocasionalmente causar incidentes por aprisionamento e também pelas populações
costeiras que despejam os seus lixos plásticos nos mares, causando danos graves
ao meio ambiente e atingindo atividades econômicas como a pesca e o turismo;

➢ Por pura curiosidade, os animais tendem a se aproximar dos objetos que são
estranhos em seu habitat natural e se tornam presas fáceis de cintas, linhas de
pesca, redes, armadilhas, descarte incorreto dos banhistas, de embarcações, falta
de coleta seletiva e cordas abandonadas nos oceanos por barcos de pesca. Uma
vez presos, os animais dificilmente conseguem escapar, sobretudo porque com o
passar do tempo eles aumentam de tamanho e a coleira fica ainda mais apertada.
Focas e lobos-marinhos têm o costume de introduzir a cabeça em volta de objetos
circulares e crescem com os colares de plástico ao redor e com o passar do tempo
causam sérios problemas, como sufocamento ou constrição de artérias. Alguns
deles não conseguem em vida livrar-se das coleiras, que permanecem no ambiente
apresentando-se como risco para outros animais mesmo depois da decomposição
daquele no qual estava presa. Outras espécies, como as baleias, estão consumindo
plástico acidentalmente enquanto filtram a água por plâncton;

➢ Os plásticos têm altos índices de absorção de poluentes e substâncias tóxicas e


podem sofrer alteração com a exposição aos raios ultravioletas e a água salgada,
juntando-se ao plâncton. Logo, um peixe ou qualquer tipo de animal marinho que
se alimente desses materiais corre o risco de contaminação;

➢ Problema especial relacionado com os microplásticos que permanecem flutuando


nas superfícies marinhas. Estes pequenos plásticos, com menos de 5 mm, podem
ser ingeridos por peixes, crustáceos e plâncton e causar bloqueios no seu sistema
digestivo.

➢ Problemas como formação de ilhas de plásticos nos oceanos (Oceano Pacífico);

➢ Estudos realizados recentemente (2016), em Peixes, moluscos, crsutáceos e


algumas espécies de algas destinadas ao consumo humano detectaram
microplásticos em seus tecidos, o que significa que também estamos expostos a
esse problema. “Há cada vez mais evidências de que animais marinhos, que vão
desde o plâncton às baleias, ingerem grandes quantidades de plásticos carregados
de poluentes, que possa então ser incorporado na cadeia alimentar”.

Essas mortes mostram que as leis internacionais de prevenção à poluição marinha não
estão sendo cumpridas corretamente. Centenas de países são participantes e signatários
da Convenção Internacional para Prevenção da Poluição Causada por Navios, mais
conhecida como Marpol.

O Anexo V na Convenção explicita que os resíduos das viagens marinhas devem ser
trazidos até terra firme para serem descartados corretamente. O despejo de plástico nos
mares é proibido, pois esse tipo de lixo causa diversos impactos à vida marinha, além de
demorar anos para se decompor na natureza. O problema não é a falta de leis, mas sim o
descaso e a falta de compromisso com elas, além da falta de fiscalização e punição para
quem as infringe.

Fig. 19- Plásticos e seus efeitos no ambiente aquático (UWA Oceans Institute, 2016)

4.2- Ilha de plástico no Pacífico

Um continente desconhecido formado por resíduos plásticos assolam uma parte


considerável do Oceano Pacífico. Antes denominado ilha do lixão, hoje atinge proporcões
continentais com aproximadamente 4.000 toneladas de todo tipo de objetos plásticos:
garrafas, sacolas dentre outros. Pelos dados do Centro Nacional de Estudos Espaciais
francês são 22 mil quilômetros de circunferência e quase 3, 5 milhões de quilômetros
quadrados. Está localizado no nordeste do Oceano Pacífico, entre a Califórnia e o Havaí.

Por ser uma área onde não há turismo e não circulam embarcações o lixo plástico aumenta
silenciosamente de tamanho na mesma proporção que o descaso do homem quanto aos
seus hábitos de consumo. Ainda desconhecido da grande maioria possui um apetite voraz,
atingindo parte considerável do mar e se tornando uma ameça ao planeta.
Embora haja culpa das empresas de material plástico pela falta de cuidado com o descarte
dos resíduos, não se pode eximir a responsabilidade do homem enquanto ser individual.
A vida moderna trouxe muitas facilidades, mas também muitos problemas. A correria do
dia-a-dia, a falta de tempo, leva o homem a adotar comportamentos que imprimem uma
atitude contrária ao cuidado com o meio ambiente. A cultura do descartável contribui para
o acúmulo de lixo. São milhares de copos, pratos, sacolas de plástico que são utilizados
diariamente e são descartados corroborando com esta ideia de vida moderna.

Hoje na contemporaneidade tudo é muito célere e mutável, a sociedade vive em um


constante estado de agitação, sempre com pressa. A tecnologia tenta suprir a falta de
tempo. O mundo virtual aproxima realidades distantes, mas também contribui para um
isolamento que alimenta o egoísmo e a vida solitária. Com isso os hábitos seguem essa
lógica de praticidade, de consumismo excessivo, de desejos insaciáveis. As pessoas não
saem mais às ruas, não tem tempo de apreciar a natureza nem se satisfazem com o simples
contemplar. Não há tempo a perder. Há muitas atividades ao longo do dia que implicam
em uma vida agitada. A necessidade de ganhar dinheiro, para satisfação de todos os
objetos de desejo tão bem projetados pelo marketing de grandes empresas é parte deste
contexto.

Neste constante frenesi, até mesmo os relacionamentos são descartáveis e instantâneos.


Assim a preocupação com o meio ambiente é substituída pelas facilidades da nova vida e
pela obtenção dos produtos que estabelecem um pretenso status social.

O que não é percebido nem tampouco mostrado são as consequências que este
comportamento despreocupado, causa na natureza e no futuro do planeta. O dano
ambiental na maior parte das vezes é irreversível e atinge principalmente os indefesos.

O acúmulo de plástico no oceano causa danos graves a vida marinha. Várias espécies
vivem neste mundo de plástico. São animais desprotegidos que tem seu espaço invadido
por estes resíduos, sem chance de escapar. A inocência da tartaruga que cresce com um
anel plástico envolto em seu corpo, dos peixes e das aves que se alimentam de plástico,
são alguns dos exemplos que demonstram o comportamento antropocêntrico do homem
e a falta de sensibilidade e preocupação com outras espécies de vida.

Uma expedição francesa intitulada “Sétimo Continente” realiza a coleta de dados e


investiga “in loco” as consequências desastrosas desse lixão flutuante. As correntes
marinhas e a força centrípeta levam todo lixo do oceano que se acumula nesta região em
constante ascensão.

Fig. 29- Ilha de plástico no pacífico (UWA Oceans Institute, 2016).

4.3- Medidas de sustentabilidade

➢ A preocupação com a natureza indica uma percepção de comprometimento com


os outros seres e com o planeta. Implica revisar conceitos e assumir uma postura
proactiva e solidária. Deixar o egoísmo e a busca por satisfações instantâneas e
inconsistentes. Vivenciar um novo estilo de vida consciente de seu papel essencial
para sobrevivência de outras espécies. Através da transformação de valores
imprime-se uma conscientização da natureza e só assim pode-se projetar um novo
olhar sob a perspectiva de um amanhã;

➢ Uma atitude simples, como pensar duas vezes antes de jogar objetos feitos de
plástico no mar, já é um grande passo, mas diversas medidas precisam ser tomadas
para que haja efetividade na solução do problema;
➢ Há investimentos em tecnologias que podem ajudar nesse controle do lixo
humano, como o desenvolvimento do "robô aquático" que navega pelos oceanos
coletando plásticos e do "filtro auto-sustentável marinho", que filtra o resíduo de
diversos tamanhos. E também há o processamento do plástico encontrado no
oceano para utilizar na produção de embalagens como a "garrafa feita de plástico
do oceano". Essas iniciativas junto com outras podem contribuir na redução desse
material nos oceanos, mas ainda são muito iniciais;
➢ A esta medidas associa-se também a existência de mais fiscalizações e penas mais
severas quando da ocorrência de violações das normas regulamentadas. Portanto,
é necessário que haja um conjunto de instrumentos legislativos (leis fundamentais,
leis, decretos, regulamentações, etc.), que especificam os princípios ambientais
marinhos aplicáveis no domínio legal e a respectiva operacionalização;

➢ Os plásticos que habitam e poluem os oceanos contribuem para destruir os


habitats, enredam e matam, anualmente, dezenas de milhares de criaturas
marinhas. Para limitar o seu impacto, prefira uma garrafa de água que possa
reaproveitar, acondicione os alimentos em recipientes reutilizáveis, leve consigo
um saco de pano ou outro reutilizável, quando for às compras e recicle sempre
que possível;

➢ A iniciativa da Ocean Cleanup - fundação que desenvolve tecnologias para


extrair a poluição plástica dos oceanos e impedir que mais desses resíduos entrem
nas águas - pretende enviar à região um flutuador de 600 metros de comprimento
com capacidade para coletar cerca de cinco toneladas de plástico oceânico por
mês. Ela promete reduzir o volume da poluição em 90% até 2040;

➢ Quer goste de mergulhar, fazer surf ou simplesmente relaxar na praia, assegure-


se de que deixa o espaço limpo. Explore e desfrute dos oceanos sem interferir com
a vida selvagem, remover pedras ou arrancar corais. Eleve a fasquia e sensibilize
os outros para a necessidade de respeitar a vida marinha ou participe em ações de
limpeza das praias da sua zona;

➢ Alguns produtos podem ser nocivos e infligir danos nos delicados recifes de coral,
com sérias repercussões nas populações de peixes. Evite comprar objetos como
bijuteria de coral, acessórios para os cabelos feitos a partir da carapaça da
tartaruga-de-pente e produtos derivados do tubarão;

➢ Se praticar navegação de recreio ou pesca, se andar de caiaque ou praticar outras


atividades recreativas em mar, faça-o de forma responsável. Nunca atire nada para
o mar e tenha em atenção à vida marinha nas águas envolventes. Se estiver a
pensar fazer um cruzeiro nas próximas férias, faça alguma pesquisa e opte pela
oferta mais ecológica. Não realizar a sobrepesca, pesca de juvenis, respeitar os
períodos de vedação dos organismos aquáticos e o abandono de materias de pescas
nos mares e oceanos como: redes, lindas, armadilhas etc.

»» Portanto, o ‘‘meu lixo deve ser a minha responsbilidade’’.

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