Pmam 2
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Pmam 2
O meio ambiente marinho - inclui os oceanos e todos os mares, bem como as zonas
costeiras adjacentes, forma um todo integrado que é um componente essencial do sistema
que possibilita a existência de vida sobre a Terra, além de ser uma riqueza que oferece
possibilidades para um desenvolvimento sustentável. O direito internacional, tal como
está refletido nas disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar,
estabelece os direitos e as obrigações dos Estados e oferece a base internacional sobre a
qual devem apoiar-se as atividades voltadas para a proteção e o desenvolvimento
sustentável do meio ambiente marinho e costeiro, bem como seus recursos. Isso exige
novas abordagens de gerenciamento e desenvolvimento marinho e costeiro nos planos
nacionais, sub-regional, regional e mundial.
A Constituição angolana no seu artigo 39º estabelece que ‘ todos têm o direito de viver
num ambiente sadio e não poluído, bem como o dever de defendê-lo e preservar. O Estado
adopta medidas necessárias à proteção do ambiente e das espécies da flora e da fauna em
todo território nacional, a manutenção do equilíbrio ecológico, a correcta localização das
actividade económicas e a exploração e utilização racional de todos os recursos naturais,
no quadro de um desenvolvimento sustentável e do respeito pelos direitos das gerações
futuras e da preservação das diferentes espécies. ’’
A atmosfera é a camada ar que envolve o planeta, formada por gases como oxigênio, gás
carbônico, metano e nitrogênio. A litosfera é a camada mais externa do planeta, formada
pelo solo e por uma superfície rochosa, também chamada de crosta terrestre.
Já a hidrosfera inclui todas as águas do planeta (rios, mares, lagos, oceanos e etc.) e a
biosfera é a camada referente à vida e engloba todas as formas de vida que existem na
Terra.
Pode-se ainda definir meio ambiente como o conjunto de elementos bióticos (organismos
vivos) e abióticos (elementos não vivos, como a energia solar, o solo, a água e o ar) que
integram a fina camada da Terra chamada biosfera, sustentáculo e lar dos seres vivos.
Sempre heterogêneo, o meio ambiente segue variando de um local para outro, dando
origem a agrupamentos de seres vivos diferentes. Tais agrupamentos - comunidades -
interferem na composição do meio e são beneficiados ou prejudicados com essas
transformações. O meio ambiente assim evolui, para melhor ou para pior, conforme a
espécie considerada. Num lago que recebe adubo, proveniente de projetos agrícolas na
vizinhança, se for considerada a população de algas, esta vai ser favorecida, aumentando
as suas possibilidades de desenvolvimento, pela maior oferta de nitratos e fosfatos;
porém, se forem considerados os peixes, estes têm suas possibilidades de
desenvolvimento limitadas pela redução do oxigênio, ocasionada pela grande proliferação
de algas, e como resultado morrem asfixiados (fenómeno conhecido como
eutrofização). O meio ambiente melhorou para as algas e piorou para as populações de
peixes.
O meio ambiente está sempre mudando e evoluindo. O clima, os seres vivos e as próprias
atividades humanas modificam o ambiente e são influenciadas por essas modificações,
gerando novas alterações. Esta é a essência da evolução. Alguns seres vivos são incapazes
de adquirir os recursos que necessitam e se extinguem. Outros desenvolvem
constantemente melhores formas de adaptação aos problemas do ambiente mutante. Diz-
se que estes evoluíram. Podemos dizer então que o meio ambiente é ‘seletivo’ na medida
em que certas características dão aos seus possuidores certa vantagem na sobrevivência e
procriação. Diz-se que os indivíduos melhor adaptados ao ambiente mutante ‘foram
selecionados’, por meio da seleção natural.
Porém, a seleção nem sempre é natural. O homem aprendeu a utilizar a mutação para
produzir organismos que atendam a algum propósito útil ou desejável, criando o processo
de seleção artificial. Os organismos assim obtidos sobrevivem no ambiente sob a
proteção humana.
'É triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve', Victor Hugo (1802-
1885).
Preservar e conservar o meio ambiente são tarefas essenciais, pois a humanidade depende
da natureza e não o contrário. As atividades econômicas necessárias para a sobrevivência
do ser humano e a expansão do bem-estar das pessoas dependem da saúde dos
ecossistemas. Sem Ecologia não há Economia.
Preservação e conservação são termos diferentes, mas que podem ser equacionados em
uma visão holística de sustentabilidade ecocêntrica. Preservação quer dizer proteção
integral, ou seja, manter um determinado ecossistema intacto e sem interferência da ação
humana (áreas anecúmenas). Conservação significa exploração das riquezas naturais,
com avaliação de custos e benefícios, garantindo a sustentabilidade para as atuais e
futuras gerações (áreas ecúmenas).
O ser humano não tem uma relação simbiótica com a natureza. O ser humano tem uma
relação parasitária com a natureza, pois para se multiplicar causa prejuízo a outras
espécies e aos ecossistemas hospedeiros. A espécie humana é do gênero ectoparasita. Um
ectoparasita que está matando o seu próprio hospedeiro. A humanidade vive do
parasitismo ecológico e está provocando um holocausto biológico.
Portanto, a visão conservacionista contempla o amor pela natureza, mas permite o uso
sustentável e assume um significado de salvar a natureza para algum fim ou integrando o
ser humano. A preservação visa à integridade e à perenidade de algo. O termo se refere
à proteção integral, a “intocabilidade”.
O termo “desenvolvimento sustentável” foi usado, pela primeira vez, pela ex-primeira
ministra norueguesa Gro Brundtland. Em 1987, Gro era presidente de uma comissão da
Organização das Nações Unidas (ONU) e, também, publicou um livreto chamado Our
Common Future (Nosso Futuro Comum).
Nele, a líder relacionava progresso e meio ambiente, apresentando uma definição para o
conceito. Segundo ela, “desenvolvimento sustentável quer dizer ser capaz de dar conta
das demandas atuais sem que isto prejudique a capacidade das próximas gerações de
satisfazerem as próprias necessidades”. O documento ficou conhecido como Relatório
Brundtland.
Ao falar sobre a sustentabilidade, pode-se dizer que esta se sustenta sobre três princípios
fundamentais, sendo eles:
Somente unindo todas essas diferentes dimensões é que será possível atingir plenamente
o conceito proposto pela sustentabilidade.
O tripé da sustentabilidade também é conhecido como Triple Bottom Line ou People,
Planet, Profit.
Dimensão
Dimensão Social Dimensão Econômica
Ambiental
Valorização Direitos
Educação ambiental Competitividade de mercado
Humanos
Conservação dos
Envolvimento comunitário Transparência
recursos naturais
Eliminar impactos
ambientais
Os oceanos constituem o maior repositório de organismos do planeta uma vez que existe
vida em maior ou menor abundância em todos os domínios do meio marinho. Altitude
média das terras emersas 840m. Profundidade média dos oceanos 3795m. Maior
profundidade oceânica 11500m (fossa de Mariana, oceano Pacífico). Principais
características dos oceanos.
A terra, apesar do seu nome, é um planeta dominado por água. É o maior habitat global,
ocupando mais de 362 milhões de km2 e cobrindo mais de 71% da superfície da Terra.
Por conseguinte, a Terra é um planeta mais marinho do que terrestre. Representam o
principal reservatório de água da hidrosfera terrestre, com aproximadamente 98% do
total. O menor reservatório constitui a atmosfera com somente 0,001%. Apesar disso a
atmosfera é vital na transferência de água de um reservatório para outro, atraveis do ciclo
hidrológico.
O ambiente marinho oferece cerca de 300 vezes mais espaços habitável do que o provido
por habitats terrestres e de água doce. A vida de acordo com a hipótese actualmente aceite
se originou provavelmente no ambiente marinho, em águas rasas do oceano primitivo e
hoje os oceanos abrigam um vasto conjunto de formas de vida. Verifica-se ainda uma
maior diversidade animal nos ambientes marinhos quando comparado aos ambientes
terreste, isto se deve talvez devido a evolução ter-se processado por mais tempo nos seus
vários ambientes e a maior estabilidade, num tempo geológico, dos seus factores
ambientais.
Os oceanos são gigantescas massas de água salgada que abrangem uma enorme parte da
superfície terrestre, superando as de terras emersas. Entre os oceanos não existe separação
geográfica, isto é, todos se encontram interligados em uma só massa de água.
As partes dos oceanos que se encontram perto de áreas continentais ou dentro dos mesmos
são consideradas mares, que apresentam pouca profundidade e são influenciados por
elementos oriundos das áreas continentais, como as águas de rios que neles desembocam.
Atualmente por convenção, instituídas pela Organização Hidrográfica Internacional são
considerados como oceanos: Pacífico, Atlântico, Índico, Ártico e Antártico.
➢ Mares costeiros ou abertos são mares totalmente abertos e ligados aos oceanos
situados na margem dos continentes, na orla das grandes extensões oceânicas. Ex.
mar da Arábia;
➢ Mares continentais ou mediterrâneos situados no interior dos continentes
apresentam-se rodeados por terras, mas mantendo uma ligação com os oceanos
atraveis de canais ou estreitos de pequena profundidade. Ex. mar Mediterrâneo, mar
Vermelho;
➢ Mares fechados ou isolados não possuem qualquer ligação com outros mares nem
com os oceanos, (o seu estudo é do domínio da Limnologia). Ex. Mar Cáspio;
➢ Mares interiores são mares ligados com oceanos vizinhos por meio de estreitos
apertados e pouco profundos. Ex. Mar Báltico, mar Negro.
➢ Marés e Ondas: a atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra faz com
que o nível do mar no litoral mude periodicamente, fenômeno conhecido como
maré. O relevo de certos pontos do litoral faz com que as variações do nível do
mar, gerados pelas marés, sejam muito grandes.
O ciclo das marés coincide com o ciclo da Lua, alternando períodos em que existe
uma grande diferença entre a maré alta e a maré baixa, no mesmo dia e períodos
em que essa variação é menos acentuada. Como a Terra gira em torno de si
mesma, a cada momento uma metade está voltada para a Lua. Assim, os mares
sobem e descem todos os dias a cada seis horas.
Não apenas os ventos criam ondas, como também fenômenos geológicos como
deslizamentos no talude, movimentos sísmicos e atividade vulcânica submarina.
Águas doces - quando a salinidade <3‰ (3 g/L ou 0.3%) ex: Rios, lagos, lagoas,
pauis, nascentes;
Águas salgadas – quando a salinidade média 35‰ (35 g/L ou 3.5%) ex: Oceanos,
mares, lagos salinos;
Águas salobras – quando a salinidade variável entre 0.3‰ e 35‰ Sapais, lagoas
costeiras, estuários
a água dos oceanos contém em solução uma quantidade variável de sólidos e de
gases. Em 1000g de água salgada podemos encontrar cerca de 35g de substâncias
dissolvidas que se englobam na designação geral de sais. Por outras palavras
96,5% da água salgada é constituída por água e 3,5% por substâncias dissolvidas.
A quantidade total destas substâncias dissolvidas é designada salinidade. A
salinidade é habitualmente definida em partes por mil (‰). As substâncias
dissolvidas incluem sais inorgânicos, compostos orgânicos provenientes dos
organismos marinhos e gases dissolvidos.
A salinidade apresenta pequenas variações entre os diferentes oceanos e mares.
No Pacífico, por exemplo, a salinidade média é de 35,5 enquanto no Atlântico a
salinidade é de 37,0.
É preciso saber também que, a concentração do oxigénio pode ser alterada pela
quantidade de ração no viveiro. Se a taxa de alimentação é muito alta, haverá
estress dos indivíduos pela má qualidade da água.
Neste sentido, recomenda-se a utilização de aradores na ausência de luz ou no
período noturno para auxiliar na incorporação de oxigénio no sistema, evitando
que o oxigénio atinja valores inferiores a 3mg/L. A faixa ideal do oxigénio
dissolvido para os peixes tropicais se situa entre 4 a 7mg/ L de O2.
A leitura deste parâmetro é realizada através de um equipamento denominado
oxímetro.
Nos oceanos, o pH varia de 7,5 a 8,4, o que indica um caráter básico da água
marinha, decorrente da presença de sais. As variações do pH em relação a
profundidade ocorrem na zona eufótica, principalmente nos primeiros 50 metros
onde as baixas concentrações de O2 e altas de CO2 , que combina-se com a água
formando o ácido carbônico e faze com que o valor de pH atinja o seu mínimo,
entre 7,1 e 7,3. A partir desse ponto, os valores de pH aumentam com a
profundidade até se estabilizar em 8,4.
Para os peixes, os valores entre 6,5 e 9 são considerados bons para a produção de
peixes. Cultivos fora desses níveis poderão implicar na mortalidade dos peixes.
Ela intervém fortemente na distribuição das dos organismos aquáticos. A
respiração, fotossíntese, adubação, calagem e poluição são factores capazes de
alterar o PH ma água. A melhor água para criação de peixes é a que possui uma
reação ligeiramente alcalina, isto é, PH entre valores de 6,5 e 9. Os pontos de
Acidez ou Alcalinidade da água que causam mortalidades em viveiros de peixes
são, aproximadamente, pH 4 e pH 11, respetivamente. A determinação de pH pode
ser feita através de um kit químico denominado medidor do PH.
Fig. 5.3- Kit de medição do PH e influência da variação do ph na água em viveiros
de peixes e crustáceos (AMBIENTAL, D, 2014).
Outros fatores também influenciam no valor de pH: salinidade, temperatura e
mesmo a fotossíntese, que promove a alcalinidade.
➢ Nutrientes: necessários para o crescimento e reprodução dos seres vivos, são eles
os elementos químicos e sais dissolvidos. Seu suprimento na biosfera se mantém
mediante o movimento dentro dos ciclos biogeoquímicos. Os Nutrientes (fosfatos
e nitratos entre outros) são utilizados pelos vegetais foto autotróficos na síntese
de matéria orgânica através do processo fotossintético. Podem se tornar fator
limitante por falta ou por excesso no meio. Constituem, juntamente com outras
características do solo (pH, textura, humidade), os fatores edáficos. Estes podem
ser agrupados em:
Macronutriente: entra em grande quantidade na composição dos tecidos vivos
(Carbono, Oxigênio, Hidrogênio, Nitrogênio).
Micronutriente: necessário em quantidades relativamente pequenas (Manganês,
Cobre, Zinco, Magnésio).
O equilíbrio dinâmico dos ecossistemas baseia-se na sua estrutura trófica, isto é, na forma
como a comunidade está organizada e se relaciona com o ambiente, para distribuição da
matéria e energia. Portanto, a transferência de energia na cadeia alimentar é
unidirecional, isto é, sempre tem início com a captação da energia luminosa pelos
produtores e termina pela acção dos decompositores.
Nos mares, oceanos, nos grandes lagos e rios, os produtores são as algas microscópicas,
que flutuam próximo a superfície, constituído por fitoplâncton. É um importante
produtor primário dos ecossistemas aquáticos, representando a base da cadeia alimentar
e servindo de alimento para outros organismos.
➢ Foi estimado que os sistemas vivos dos ambientes aquáticos valem mais de US$
24 trilhões por ano;
➢ Para muitos o oceano é a nova fronteira da economia. Ela abrange os setores de
transportes marítimos, turismo e recreação, energia, pesca, medicina, indústria
alimentar, biotecnologia marinha, recursos naturais e sistêmicos;
➢ Embora seja uma atividade híper impactante, destruindo o subsolo marinho, ela
vem crescendo. A tendência no futuro breve é que aumente exponencialmente.
Basta lembrar que, em 2010, havia mais de 620 plataformas móveis de perfuração
de petróleo offshore no mundo;
➢ Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos
marinhos para o desenvolvimento é o caminho seguro para alcançar de forma
plena um desenvolvimento sustentável em todas as vertentes.
Nos últimos 50 anos, perdemos pelo menos 50% das áreas de manguezais e de marismas;
mais de 30% das pradarias de plantas submersas foram destruídas e cerca de 40% de toda
a vida marinha foi reduzida.
Oceanos, mares e regiões costeiras sofrem pressões múltiplas, como a destruição dos
habitats naturais, eutrofização, urbanização, atividades portuárias, diversos tipos de
poluição, pesca predatória, invasões biológicas, além dos impactos das mudanças
climáticas (P. Marisma, 2021)
A grande maioria das mudanças climáticas está ocorrendo nos oceanos, os quais estão
absorvendo 93% da energia térmica extra causada pelo aquecimento global. A absorção
de 27% do CO2 pelos oceanos está causando a sua acidificação. Biodiversidade não é
problema, é solução.
A expansão urbana sobre áreas naturais e sensíveis do litoral como manguezais, restingas
e praias arenosas destroem ecossistemas importantes para a reprodução da vida marinha.
Como os oceanos estão interligados e sem fronteiras humanas de países que impeçam a
sua livre comunicação, o homem também deve ter sabedoria de promover organismos
internacionais que falem entre si e saibam reproduzir essa união através da gestão
integrada desses ecossistemas. A cooperação científica e o entendimento político entre
nações vizinhas devem privilegiar o equilíbrio e a estabilidade dos oceanos de modo a
promover a salubridade dos oceanos. Só assim conservaremos a biodiversidade e a
possibilidade do aproveitamento continuado dos recursos vivos para o futuro.
Ser capaz de identificar, criar e manter a identidade natural das áreas de proteção
ambiental em função da sua fragilidade, importância genética e habitats singulares que
porventura existam em diferentes pontos do planeta.
O controlo e a gestão devem também alcançar corpos d’água internacionais onde existem
dificuldades de acesso e a falta de financiamento para a pesquisa geram lacunas de
domínios e de competência.
Gerar conhecimento para reconhecer inúmeros territórios ainda inexplorados bem como
o entendimento dos processos naturais que regem a vida marinha nos oceanos.
A alternativa para que esses navios continuem estáveis mesmo sem suas cargas ou mesmo
com uma pequena quantidade dela, é a utilização de um peso extra, assim garantindo que
seu casco continue imerso na água, conforme padrões determinados sobre “calado do
navio”. A estabilização dos navios utilizando o peso extra é conhecida com Lastro.
Água de lastro é a definição para a água armazenada dentro de tanques nos navios para
manter o equilíbrio destes a fim de garantir boa segurança na operação dos navios. No
entanto, o sistema da água de lastro é por meio da utilização de várias bombas, tubulações
e válvulas com a finalidade de despejar a água do interior para o exterior e vice-versa.
Por consequência desse sistema da água de lastro, que visa manter em condições boas de
navegabilidade os navios, apresenta-se como uma grande ameaça ao meio ambiente,
principalmente ao ecossistema marinho. Pois estes navios realizam diversas viagens por
ano, navegando entre diversos sistemas aquáticos diferentes, o que por meio constante
dessas águas de lastros pode ocasionar em um problema ambiental gravíssimo, a
bioinvasão.
A água de lastro pode ser extremamente danosa para o meio ambiente. Junto com ela são
carregados ovos, bactérias, algas, crustáceos e uma infinidade de outros seres. Por estarem
adaptados a outros climas, ambientes e fora da cadeia alimentar local, não encontram
predadores e se reproduzem descontroladamente prejudicando a fauna da região.
Este processo consiste basicamente, no enchimento de tanques de lastro dos navios com
finalidade de garantir a estabilidade controlar o calado do navio, mantendo as tensões
estruturais do casco dentro de limites seguros, o que evita deformações e avarias ao navio.
É utilizado pelos navios primordialmente para controlar mudanças de peso decorrentes
do embarque e desembarque de cargas do local de origem para o local de destino. Dessa
forma, microorganismos são coletados e devolvidos a locais diferentes de seu habitat
natural. Segundo estudos, estima-se que pelo menos sete mil espécies diferentes de vida
são transportadas ao redor do mundo nos tanques de lastro dos navios, podendo causar
alterações em ecossistemas e com isso danos ao meio ambiente, predatorismo e
competição com espécies nativas, redução e risco de sua eliminação, elevados prejuízos
econômicos, e por último a introdução de agentes patogênicos com riscos a saúde
humana.
A água de lastro foi identificada como uma das quatro maiores ameaças aos oceanos do
mundo. As outras três ameaças são a poluição marinha, a exploração abusiva de
recursos marítimos naturais e a alteração ou destruição do habitat marinho,
Os danos causados pelas operações de água de lastro, apesar de serem considerados não
intencionais por especialistas, vêm sendo confirmados há décadas por pesquisas e
registros.
O termo bioinvasão ou invasão biológica vêm sendo utilizado para designar o acto ou
efeito de um ou mais organismos animais, vegetais, parasitas invadirem e se
estabelecerem em ambientes onde não havia registos anteriores para a espécie causando
extinção de algumas espécies nativas, bem como, contaminação de pessoas com graves
reflexos a saúde publica da população local.
3.4- Estágios da bioinvasão
Esses processos podem causar perdas da diversidade biológica. Outro fator afetado pelos
processos de bioinvasão está relacionado a atividades econômicas. Nesse contexto,
podemos citar como exemplo os danos à atividade pesqueira, riscos sanitários e gastos
com manutenção de turbinas em hidroelétricas.
Não é demais ressaltar que nem todos os organismos transportados na água de lastro
sobrevivem à viagem e às condições do ecossistema de destino. O sucesso de uma invasão
depende muito da ecologia do ser vivo
Pode-se observar, pela Figura 17 que existe um fluxo grande de transferência de espécies
exóticas pelo mundo. Esse fato só pode ser constatado, porque muitos países fazem
registros das espécies que invadiram seu ambiente causando diversos prejuízos de ordem
econômico-ambiental.
Pelo exposto, a água de lastro num primeiro momento, consolida-se em uma grave
poluição ambiental de difícil controlo, na qual tudo leva a crê, que este procedimento
condenável por toda comunidade ecológica, ainda está longe de ser elucidado. Devido às
enormes consequências do uso deliberado da água de lastro nos ecossistemas marinhos,
muitas instituições vêm, ao longo do tempo, buscando soluções para esse problema.
Fig. 20- Imagem de um navio descartando água de lastro. Processo pelo qual os tanques
dos navios captam água do mar para garantir a segurança operacional e a estabilidade e
que acaba possibilitando a captura e o transporte acidental de espécies exóticas (GIA,
2017).
Tendo em conta que a taxa média global de reciclagem desses produtos é apenas de 25%,
significa que existe um volume enorme de lixo plástico descartado, que vai sufocando os
oceanos e ameaçando a fauna marinha vulnerável’’.
A ideia de que o meio ambiente marítimo, devido a sua enorme extensão e profundidade,
possui uma capacidade inesgotável de absorver todas as substâncias ali introduzidas e de
prover infinitamente recursos naturais é completamente errada.
Os plásticos acarrectam para o meio aquático consequências devastadores
nomeadamente:
➢ A ingestão de plásticos pode ser fatal, mas também pode ter consequências
adversas nas espécies, nomeadamente comprometendo a capacidade de nadar,
migrar, de capturar e digerir comida, escapar de predadores ou reproduzir-se. Eles
podem morrer por asfixia ou de fome, já que a ingestão de plástico bloqueia seu
aparelho digestivo;
➢ Por pura curiosidade, os animais tendem a se aproximar dos objetos que são
estranhos em seu habitat natural e se tornam presas fáceis de cintas, linhas de
pesca, redes, armadilhas, descarte incorreto dos banhistas, de embarcações, falta
de coleta seletiva e cordas abandonadas nos oceanos por barcos de pesca. Uma
vez presos, os animais dificilmente conseguem escapar, sobretudo porque com o
passar do tempo eles aumentam de tamanho e a coleira fica ainda mais apertada.
Focas e lobos-marinhos têm o costume de introduzir a cabeça em volta de objetos
circulares e crescem com os colares de plástico ao redor e com o passar do tempo
causam sérios problemas, como sufocamento ou constrição de artérias. Alguns
deles não conseguem em vida livrar-se das coleiras, que permanecem no ambiente
apresentando-se como risco para outros animais mesmo depois da decomposição
daquele no qual estava presa. Outras espécies, como as baleias, estão consumindo
plástico acidentalmente enquanto filtram a água por plâncton;
Essas mortes mostram que as leis internacionais de prevenção à poluição marinha não
estão sendo cumpridas corretamente. Centenas de países são participantes e signatários
da Convenção Internacional para Prevenção da Poluição Causada por Navios, mais
conhecida como Marpol.
O Anexo V na Convenção explicita que os resíduos das viagens marinhas devem ser
trazidos até terra firme para serem descartados corretamente. O despejo de plástico nos
mares é proibido, pois esse tipo de lixo causa diversos impactos à vida marinha, além de
demorar anos para se decompor na natureza. O problema não é a falta de leis, mas sim o
descaso e a falta de compromisso com elas, além da falta de fiscalização e punição para
quem as infringe.
Fig. 19- Plásticos e seus efeitos no ambiente aquático (UWA Oceans Institute, 2016)
Por ser uma área onde não há turismo e não circulam embarcações o lixo plástico aumenta
silenciosamente de tamanho na mesma proporção que o descaso do homem quanto aos
seus hábitos de consumo. Ainda desconhecido da grande maioria possui um apetite voraz,
atingindo parte considerável do mar e se tornando uma ameça ao planeta.
Embora haja culpa das empresas de material plástico pela falta de cuidado com o descarte
dos resíduos, não se pode eximir a responsabilidade do homem enquanto ser individual.
A vida moderna trouxe muitas facilidades, mas também muitos problemas. A correria do
dia-a-dia, a falta de tempo, leva o homem a adotar comportamentos que imprimem uma
atitude contrária ao cuidado com o meio ambiente. A cultura do descartável contribui para
o acúmulo de lixo. São milhares de copos, pratos, sacolas de plástico que são utilizados
diariamente e são descartados corroborando com esta ideia de vida moderna.
O que não é percebido nem tampouco mostrado são as consequências que este
comportamento despreocupado, causa na natureza e no futuro do planeta. O dano
ambiental na maior parte das vezes é irreversível e atinge principalmente os indefesos.
O acúmulo de plástico no oceano causa danos graves a vida marinha. Várias espécies
vivem neste mundo de plástico. São animais desprotegidos que tem seu espaço invadido
por estes resíduos, sem chance de escapar. A inocência da tartaruga que cresce com um
anel plástico envolto em seu corpo, dos peixes e das aves que se alimentam de plástico,
são alguns dos exemplos que demonstram o comportamento antropocêntrico do homem
e a falta de sensibilidade e preocupação com outras espécies de vida.
➢ Uma atitude simples, como pensar duas vezes antes de jogar objetos feitos de
plástico no mar, já é um grande passo, mas diversas medidas precisam ser tomadas
para que haja efetividade na solução do problema;
➢ Há investimentos em tecnologias que podem ajudar nesse controle do lixo
humano, como o desenvolvimento do "robô aquático" que navega pelos oceanos
coletando plásticos e do "filtro auto-sustentável marinho", que filtra o resíduo de
diversos tamanhos. E também há o processamento do plástico encontrado no
oceano para utilizar na produção de embalagens como a "garrafa feita de plástico
do oceano". Essas iniciativas junto com outras podem contribuir na redução desse
material nos oceanos, mas ainda são muito iniciais;
➢ A esta medidas associa-se também a existência de mais fiscalizações e penas mais
severas quando da ocorrência de violações das normas regulamentadas. Portanto,
é necessário que haja um conjunto de instrumentos legislativos (leis fundamentais,
leis, decretos, regulamentações, etc.), que especificam os princípios ambientais
marinhos aplicáveis no domínio legal e a respectiva operacionalização;
➢ Alguns produtos podem ser nocivos e infligir danos nos delicados recifes de coral,
com sérias repercussões nas populações de peixes. Evite comprar objetos como
bijuteria de coral, acessórios para os cabelos feitos a partir da carapaça da
tartaruga-de-pente e produtos derivados do tubarão;