TCC - Matheus Kenji Yoshikawa Pamplona
TCC - Matheus Kenji Yoshikawa Pamplona
TCC - Matheus Kenji Yoshikawa Pamplona
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
Belém – PA
2016
MATHEUS KENJI YOSHIKAWA PAMPLONA
UFPA/ITEC/FEC
Belém - PA
2016
i
MATHEUS KENJI YOSHIKAWA PAMPLONA
Banca Examinadora
___________________________________
Prof. Dr. Mauricio de Pina Ferreira
Engenheiro Civil, Dr. em Estruturas e Construção Civil.
Professor-Orientador – FEC/ITEC– UFPA
___________________________________
Prof. Dr. Ronaldson José de Franca Mendes Carneiro
Engenheiro Civil, Dr. em Estruturas e Construção Civil.
Examinador Interno – FEC/ITEC– UFPA
_____________________________
Prof. Dr. Sandoval José Rodrigues Junior
Engenheiro Civil, Dr. em Engenharia Civil.
Examinador Interno – FEC/ITEC– UFPA
_____________________________
Profª. Drª. Luciana de Nazaré Pinheiro Cordeiro
Engenheira Civil, Drª. em Materiais e Construção Civil.
Examinadora Interna – FEC/ITEC– UFPA
Agradeço a Deus, por ter me dado forças para superar todas as dificuldades e chegar ao fim
deste caminho que poucos conseguem concluir. Aos meus pais, Djair e Marina, por todo
amor, carinho e dedicação. Obrigado por toda a preocupação em sempre me proporcionar a
melhor educação para formação moral que possibilitaram a conclusão desta etapa da minha
vida. Dedico tudo a vocês, e espero um dia poder retribuir todo o cuidado que me foi dado.
Agradeço meu orientador Maurício Pina, por desde o princípio ter me acolhido e depositado a
confiança necessária para desenvolvimento deste trabalho. Por todas as horas e recursos
investidos, e por toda atenção e força para superar as dificuldades, muitas vezes exercendo
acima de seu dever como professor para a conclusão deste trabalho e para minha formação
como engenheiro civil.
Sou grato aos meus companheiros de laboratório, Manoel Mangabeira, Rafael Barros,
Hamilton Costa e Luamim Tapajós e a todos os meus amigos e amigas, por toda paciência,
compreensão e toda motivação para sempre continuar. Que nossos laços de amizade
permaneçam por muito tempo. Agradeço a UFPA, por seu corpo docente, direção e
administração que possibilitaram a minha formação, cumprindo com seu dever perante a
sociedade e à ciência.
Obrigado ao Núcleo de Modelagem Estrutural Aplicada (NUMEA), que foi uma escola a
parte, contribuindo grandemente para a minha formação acadêmica e a conclusão deste
trabalho e por todas as horas investidas no laboratório, mesmo com todas as dificuldades
técnicas devido à carência de recursos.
iii
RESUMO
iv
ABSTRACT
There are numerous situations, particularly in precast structures, where compressive loads are
transferred between members over small bearing areas. The stress distributions in these zones,
which are referred to as D for disturbed, are non-uniform. The flow of compressive stresses
into the surrounding member induces transverse tensile stresses which can cause premature
splitting failures. D regions are typically designed using the strut and tie method (STM). The
STM design provisions of design standards like ACI 318 (2014), fib Model Code 2010 (2013)
and ABNT NBR 6118 (2014), limit compressive bearing stresses to admissible values which
depend on a strut efficiency factor. In order to validate this procedure, a database was
developed of results from 190 tests of partially loaded concrete prisms without and with crack
control reinforcement. The influence of parameters such as the concrete compressive strength,
reinforcement ratio, concentration ratio and aspect ratio of the specimens are analyzed and
discussed. A series of 4 tests on diamond-shaped concrete prisms was also carried in order to
evaluate the effect on resistance of increasing the ratio of crack control reinforcement. Results
indicate that the code provisions are very conservative for partially loaded prisms and do not
follow the experimental trends as they ignore the influence of the concentration ratio. It was
also observed that the crack control reinforcement affects the resistance of the prisms.
v
SUMÁRIO
Capítulo Página
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
1.1 Justificativa............................................................................................................3
1.2 Objetivos Gerais ....................................................................................................4
1.3 Objetivos Específicos ............................................................................................4
3. METODOLOGIA .......................................................................................................8
4. RESULTADOS .........................................................................................................12
5. CONCLUSÕES .........................................................................................................18
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................21
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
Figura 14 – Análise gráfica dos espécimes sem armadura do banco de dados, avaliando a
Figura 15 – Análise gráfica dos espécimes com armadura do banco de dados, avaliando a
Figura 16 – Gráficos da carga última experimental (Nexp) pela teórica dos resultados do banco
Figura 17 – Gráficos da carga última experimental (Nexp) pela teórica dos resultados do banco
viii
LISTA DE SÍMBOLOS
Esta seção apresenta alguns símbolos utilizados neste trabalho. Os que não estiverem aqui
apresentados tem seu significado explicado no texto.
Símbolo Significado
ix
1. INTRODUÇÃO
a) b) c)
Região contínua
Região descontínua*
d) e)
Figura 1 – Elementos de concreto com descontinuidade: a) Pontes; b) Consolos curto; c) Blocos sobre
estacas; d) vigas protendidas; e) vigas curtas. *Apenas algumas regiões em destaque.
a) b)
Figura 2 – Exemplo de uma viga curta: a) Distribuição de tensões na viga; b) Modelo de Bielas e Tirantes.
O MBT recebeu diversas contribuições ao longo do tempo, dentre elas, devem ser destacados
os trabalhos de SCHÄFER e SCHLAICH (1987) que estabeleceram critérios de resistência
para verificação dos elementos de bielas, tirantes e nós, o que facilitou ao projetista
dimensionar estruturas de concreto com regiões de descontinuidade, tendo em vista que antes,
tais valores eram tomados mais por bom senso e experiência do projetista, conforme aponta
BROWN et al. (2006). Para as bielas foram propostos três comportamentos distintos: Em
forma prismática, em forma de leque, ou em forma de garrafa (ver Figura 3). No primeiro,
não há distúrbios no fluxo de tensões de compressão, enquanto nos dois últimos apresentam
tensões transversais de tração agindo em conjunto com as tensões longitudinais de
compressão, por isso assumem formas diferentes da prismática. Essas tensões transversais
podem gerar fissuras indesejáveis e até mesmo levar à ruptura prematura da estrutura, como
ocorre em vigas curtas ou muito curtas (1 ≤ av/d ≤ 2,5 e av/d < 1, respectivamente).
a) b) c)
Figura 3 – Tipos de Bielas (adaptado de ACI 318 - 2014): a) Prismática; b) Leque; c) Garrafa.
-2-
bielas, considerando uma redução na resistência de bielas devido à tensões transversais de
tração.
Para analisar tais fatores de eficiência e parâmetros que possam ter influência no
comportamento de bielas do tipo garrafa, é comum a realização de ensaios de elementos
prismáticos de concreto parcialmente carregados, como os trabalhos de CAMPIONE e
MINAFÒ (2011), PUJOL et al. (2011) e SAHOO et al. (2011). Nestes ensaios, o fluxo de
tensão longitudinal que surge na superfície de carregamento tem sua inclinação alterada,
dispersando-se lateralmente, criando tensões transversais de tração, formando uma biela do
tipo garrafa. A ruptura ocorre por fendilhamento das bielas, formando uma fissura ao longo
do eixo longitudinal do prisma. A Figura 4 mostra uma biela na região do vão de
cisalhamento de uma viga curta e as bielas do tipo garrafa em espécimes prismáticos
parcialmente carregados.
a) b) c)
Figura 4 – Espécimes prismáticos parcialmente carregados: a) biela do tipo garrafa em uma viga curta; b)
Espécime prismático hexagonal; c) Espécime prismático retangular.
Este trabalho foi submetido e aguarda aprovação para publicação no periódico Acta
Scientiarum. Technology, ISSN 1806-2563 (impresso) e ISSN 1807-8664 (on-line), publicada
trimestralmente pela Editora da Universidade Estadual de Maringá-Eduem.
1.1 Justificativa
Os ensaios de prismas de concreto parcialmente carregados são procedimentos que buscam
representar a biela do tipo garrafa encontrada em elementos estruturais com descontinuidade.
Apesar de fornecerem evidências experimentais, muito se discute se tais ensaios
correspondem ao estado de tensões desenvolvidas em um elemento estrutural, como uma viga
parede. Desta forma, esta pesquisa busca contribuir com o tema, de forma a investigar
situações pouco exploradas em ensaios de prismas de concreto, e analisar os resultados
experimentais disponíveis na literatura com os critérios de resistência de bielas do tipo garrafa
apresentado por normas de projeto.
-3-
1.2 Objetivos Gerais
Este trabalho tem como objetivo geral analisar parâmetros relacionados à resistência de
prismas de concreto parcialmente carregados, e estabelecer a relação com os critérios
normativos para projeto com o MBT, especificamente de eficiência de bielas do tipo garrafa.
Avaliar os critérios de eficiência de biela adotados pelas normas do ACI 318 (2014), fib
Model Code 2010 (2013), e ABNT NBR 6118 (2014), com os resultados do programa
experimental e do banco de dados, através de análise de dispersão em forma gráfica.
-4-
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Onde, fce é a resistência efetiva do concreto da biela obtido através da Equação 3; Acs é a área
da seção transversal no final da biela; As é a área da seção transversal da armadura; fs é a
tensão de escoamento do aço da armadura.
O ACI 318 separa as bielas em 5 classes, que dependem do tipo de biela e de condições como
a presença de armaduras. Cada classe corresponde a um determinado valor de eficiência βs,
conforme mostra a Figura 5. Para bielas do tipo garrafa o fator de eficiência para casos sem
armadura é de 0,60 e para casos com armadura é de 0,75, contanto que satisfaça a Equação 4
para taxa mínima de armadura, e com fc não ultrapassando 40 MPa.
𝐴𝑠𝑖
∑ sin 𝛾𝑖 ≥ 0.003 Equação 4
𝑏. 𝑠𝑖
a) b)
Figura 5 – Fatores de eficiência para bielas: a) Para bielas do tipo garrafa; b) Para bielas do tipo garrafa,
prismática e leque.
-5-
Figura 6 – Armadura de controle de fissuração cruzando o eixo longitudinal da biela.
1⁄
30 3
𝜂𝑓𝑐 = ( ) ≤ 1.0 Equação 7
𝑓𝑐
-6-
Onde: A constante 0,72 representa o fator de eficiência deste tipo de biela; βs,NBR é um termo
que depende da resistência concreto, conforme mostra a Equação 9; fcd é a resistência de
cálculo à compressão do concreto, conforme mostra a Equação 10.
𝑓𝑐
𝛽𝑠,𝑁𝐵𝑅 = 1 − Equação 9
250
𝑓𝑐
𝑓𝑐𝑑 = Equação 10
𝛾𝑐
3. METODOLOGIA
-8-
da biela, analisando de forma gráfica a dispersão dos resultados e comparando com
estimativas normativas.
A geometria dos prismas foi escolhida na forma hexagonal fazendo uma analogia à biela
formada no vão de cisalhamento de uma viga curta idealizada. As armaduras foram dispostas
na mesma direção das armaduras transversais (web reinforcement) e das armaduras de pele
(skin reinforcement), diferentemente do que ocorre em prismas de concreto na forma
retangular, onde geralmente as armaduras transversais estão perpendiculares ao eixo
longitudinal da biela.
O espécime W00-S00 serviu para investigar a resistência de bielas do tipo garrafa sem
armaduras. Os espécimes W11-S00, W11-S11 e W21-S21 apresentam armaduras de controle
de fissuração em forma de barras de aço distribuídas em camadas à 45° do eixo da biela. A
variável aqui foi a taxa de armadura, com valores de 0,11%, 0,21% e 0,42% respectivamente.
Para as armaduras, foram utilizadas barras de aço CA-60 no diâmetro de 4,2 mm e 5,0 mm,
sem patamar de escoamento definido. O aço de 4,2 mm apresentou tensão de escoamento fs de
650 MPa, deformação de escoamento εs de 3,13 x 10-3 (mm/mm) e módulo de elasticidade Es
de 207.934 GPa. O aço de 5,0 mm apresentou tensão de escoamento de fs de 615 MPa, εs de
3,04 x 10-3 (mm/mm) e módulo de elasticidade Es de 202.183 GPa.
O concreto foi produzido com cimento Portland CP-II-Z-32 (com 6% a 14% de pozolana),
areia natural e agregado graúdo do tipo seixo rolado com diâmetro máximo de 9,5 mm. Os
ensaios de caracterização foram realizados através de corpos-de-prova cilíndricos de 100 x
200 mm, com a mesma idade em que foram ensaiados os prismas. Os corpos-de-prova
cilíndricos e os prismas foram submetidos à cura úmida por 7 dias, e armazenados até o dia do
ensaio. O concreto apresentou módulo de elasticidade Ec de 23,53 GPa, resistência à
compressão fc de 37 MPa e resistência à tração fct de 2,17 MPa.
Det. Arm.
S
W
S
45° γS
h
γW
b
a) Geometria dos prismas b) Layout das armaduras b) Detalhe das armaduras
Figura 8 – Detalhamento da geometria e layout de armaduras dos prismas hexagonais (W para web e S
para skin reinforcement).
Prisma W S ρS ρW ρ (%)
W00-S00 - - - - -
W11-S00 6 Ø 4.2 s/120 - 0.11 0.11
W11-S11 6 Ø 4.2 s/120 6 Ø 4.2 s/120 0.11 0.11 0.22
W21-S21 7 Ø 5.0 s/90 7 Ø 5.0 s/90 0.21 0.21 0.42
OBS: altura (h) = 900 mm; largura (b) = 1050 mm; apoio (a) = 150 mm;
espessura (e) = 150 mm; b/a = 7; h/b = 0,86.
O fator de eficiência βs utilizado para este banco de dados pode ser visto na Equação 11, onde
relaciona a tensão última dos espécimes (σu) com o fc. Diferentemente de avaliar os prismas
- 10 -
em relação à sua resistência absoluta, o fator de eficiência é um valor relativo, que avalia o
quanto o espécime conseguiu resistir em relação ao fc, e é utilizado por normas de projetos
para obter a resistência efetiva de bielas, reduzindo o valor de resistência do concreto.
𝜎𝑢
𝛽𝑠 = Equação 11
𝑓𝑐
As médias e coeficientes de variação (COV) nas Tabela 2 e Tabela 3 são apenas para guiar o
leitor no sentido de facilitar a visualização, de uma forma geral, do conteúdo dos bancos de
dados. As análises não serão feitas com estes valores médios, mas sim com os resultados
individuais de cada espécime ensaiado por cada respectivo autor.
- 11 -
Autor Qtd. b/a ρ (%) f'c (MPa) σu (MPa) βs média βs COV
{1} 3 7 0.11 a 0.42 37.0 28.4 a 37.3 0.81 a 1.06 0.93 0.14
{2} 14 3a6 0.18 a 0.61 22.3 a 37.9 15.9 a 38.8 0.56 a 1.38 0.97 0.21
{3} 4 2a3 0.32 25.2 16.1 a 19.2 0.67 a 0.80 0.74 0.10
{4} 69 2.5 a 22.5 0.07 a 2.71 8.3 a 63.6 18.3 a 142.3 0.90 a 2.80 1.68 0.27
{5} 3 3 0.65 28.6 a 34.0 43.5 a 55.7 1.60 a 1.76 1.7 0.05
{6} 16 3 0.20 a 1.40 24.0 a 85.7 35.7 a 122.8 1.00 a 1.81 1.45 0.18
{1} Autor; {2} Brown et al. (2006); {3} Campione e Minafò (2011); {4} Regan (1986); {5} Sahoo et al. (2008);
{6} Sahoo, Singh e Bhargava (2011).
4. RESULTADOS
Fator de eficiência
Prisma Pu (kN) σu (MPa) ACI 318 fib M.C. 2010 NBR 6118
Experimental
(2014) (2013) (2014)
W00-S00 620 27,6 0,79 0,51 0,70 0,61
W11-S00 640 28,4 0,81 0,63 0,70 0,61
W11-S11 720 32,0 0,91 0,63 0,70 0,61
W21-S21 840 37,3 1,06 0,63 0,70 0,61
1⁄
30 3
𝛽𝑠,𝑀𝐶10 = 0,75 . ( ) Equação 13
𝑓𝑐
𝑓𝑐
𝛽𝑠,𝑁𝐵𝑅 = 0,72 . (1 − ) Equação 14
250
A ruptura de todas as peças foi por fendilhamento, havendo a abertura da biela ao longo do
eixo vertical do prisma. O padrão de fissuração pode ser visto no desenho da Figura 9. O
prisma W00-S00 apresentou uma ruptura brusca, enquanto para os demais foi observada uma
ruptura mais dúctil em relação ao primeiro prisma. De fato foi observado um maior controle
de fissuração com a utilização de armaduras, e quanto maior a taxa de armadura, maior foi o
ganho de ductilidade observado nos espécimes. Também foi observada uma ruptura ou
desplacamento perto da região nodal, próximo à superfície de carregamento dos três primeiros
prismas (W00-S00, W11-S00 e W11-S11).
- 12 -
a) W00-S00 b) W11-S00
c) W11-S11 d) W21-S21
Figura 9 – Padrão de fissuração dos espécimes: a) W00-S00; b) W11-S00; c) W11-S11; d) W21-S21.
As deformações nas armaduras são mostradas nos gráficos Carga-Deformação nas Figura 10,
Figura 11 e Figura 12, para os prismas W11-S00, W11-S11 e W21-S21, respectivamente.
Alguns extensômetros não tiveram seu funcionamento adequado durante o ensaio, não
registrando nenhuma leitura ou leituras sem sentido mecânico, como foram o caso do EW-02
do W11-S00, ES-02 do W11-S11, e do ES-01 e ES-03 do W21-S21.
Analisando as deformações nas armaduras dos prismas, nas Figura 10, Figura 11 e Figura 12,
foi possível observar que a utilização de duas camadas de armadura, formando uma espécie de
malha, contribuiu para a distribuição de tensões transversais de tração entre as barras, onde
foram detectados valores maiores de deformação para as barras do prisma W11-S00 que
continha apenas uma camada de armadura e em taxa inferior ao recomendado pela Equação 4,
enquanto para o prisma W21-S21, que continha duas camadas de armadura e taxa superior ao
recomendado, apresentou valores de deformação inferiores nos pontos instrumentados das
barras.
- 13 -
900 900
N (kN)
N (kN)
750 750
600 600
450 450
300 300
EW-01 EW-03
150 EW-02 150 EW-04
εs (‰) εs (‰)
0 0
-1 0 1 2 3 4 -1 0 1 2 3 4
a) b)
c)
Figura 10 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W11-S00: a) Extensômetros EW-01 e
EW-02; b) EW-03 e EW-04; c) Layout da instrumentação.
900 900
N (kN)
N (kN)
750 750
600 600
450 450
300 300 ES-01
EW-01
EW-02 ES-02
150 150
εs (‰) εs(‰)
0 0
-1 0 1 2 3 4 -1 0 1 2 3 4
a) b)
900
N (kN)
750
600
450
300
EW-03
150 EW-04
εs (‰)
0
-1 0 1 2 3 4
c) d)
Figura 11 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W11-S11: a) Extensômetros EW-01 e
EW-02; b) Extensômetros ES-01 e ES-02; c) Extensômetros EW-03 e EW-04; d) Layout da
instrumentação.
- 14 -
900 900
N (kN)
N (kN)
750 750
600 600
450 450
EW-01
300 EW-02 300 ES-01
EW-03 ES-02
150 EW-04 150 ES-03
εs (‰) εs (‰)
0 0
-1 0 1 2 3 4 -1 0 1 2 3 4
a) b)
900
N (kN)
750
600
450
EW-04
300 EW-05
EW-06
150 EW-07
εs (‰)
0
-1 0 1 2 3 4
c) d)
Figura 12 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W21-S21: a) Extensômetros EW-01,
EW-02, EW-03 e EW-04; b) Extensômetros ES-01, ES-02 e ES-03; c) Extensômetros EW-04, EW-05, EW-
06 e EW-07; d) Layout da instrumentação.
-2,00 0,00 2,00 4,00 0,00 2,00 4,00 0,00 2,00 4,00
0 0 0
εs (‰) εs (‰) εs (‰)
100 100 100
Posição (mm)
- 15 -
função de alguns parâmetros que possam estar relacionados à essa eficiência, como os fatores
de forma e a resistência do concreto.
A Figura 14 a) apresenta o fator de eficiência da biela em função do fator de forma b/a, onde
foi comparado o βs do ACI 318 (2014) com os 81 resultados do banco de dados dos prismas
sem armadura, e foi observado que apenas 2 ficaram abaixo desta estimativa. Outros 2
espécimes apresentaram βs muito superiores aos demais, e foram ensaiados com fator de
forma b/a acima dos outros prismas da amostra. A influência do fator de forma h/b pode ser
analisada graficamente na Figura 14 b). Não foram observados grandes acréscimos em βs
devido à este fator de forma.
2,0 2,0
1,0 1,0
b/a h/b
0,0 0,0
0 3 5 8 10 13 0 1 2 3 4 5
a) b)
4,0 4,0
Banco de dados fc < 20 MPa
βs Autor βs 20 - 40 MPa
ACI 318 (2014) fc > 40 MPa
3,0 fib MC10 (2013) 3,0
NBR 6118 (2014)
2,0 2,0
1,0 1,0
fc (MPa) b/a
0,0 0,0
0 20 40 60 80 100 0 3 5 8 10 13
c) d)
Figura 14 – Análise gráfica dos espécimes sem armadura do banco de dados, avaliando a influência de
parâmetros em função de βs: a) Fator de forma b/a; b) Fator de forma h/b; c) Resistência do concreto fc
(MPa); d) Fator de forma b/a separado por faixas de fc (MPa).
De uma maneira geral, para os resultados de espécimes sem armadura, a análise qualitativa
dos gráficos aponta para uma grande dispersão de valores de βs dentro da amostra, com
- 16 -
diferenças de até 400%, e também há uma carência de resultados em algumas faixas de
parâmetros como o fator de forma (b/a e h/b) e resistência do concreto (fc).
A Figura 15 apresenta os resultados do banco de dados com espécimes sem armadura e dos
prismas W11-S00, W11-S11 e W21-S21. A Figura 15 a) apresenta o fator de eficiência em
função de b/a. Foi observada uma tendência de crescimento de βs, e diferentemente das
análises gráficas realizadas para o banco de dados sem armadura, este apresenta uma
quantidade maior de resultados para valores de b/a acima de 7. Apesar da grande dispersão de
resultados vista na Figura 15 b), uma pequena tendência de decréscimo no βs foi observada
para espécimes com fc superiores à 40 MPa, conforme as estimativas da fib Model Code 2010
(2013) e ABNT NBR 6118 (2014) consideram. Embora esta influência seja pouco
significativa para prismas com armadura, uma vez que a maior contribuição no ganho de
eficiência dos prismas seria por parte da transferência de tensões nas barras de aço. Isto pôde
ser analisado através da Figura 15 c), que faz relação com o b/a e intervalos de resistência do
concreto, mostrando uma indiferença para o ganho de eficiência dos espécimes do banco de
dados para o fc, onde para mesmas faixas de b/a são vistos diversos resultados de fc superiores
à 40 MPa, que apresentaram menor eficiência que resultados de fc inferiores à 20 MPa, por
exemplo.
De uma maneira geral, assim como os resultados da análise do banco de dados sem armadura,
este também apresentou uma grande dispersão de resultados de eficiência da biela dentro da
amostra de 109 resultados, com diferenças de até 500%, e também há uma carência de
resultados em algumas faixas de parâmetros como o fator de forma (b/a e h/b), resistência do
concreto (fc) e taxa de armadura (ρ).
- 17 -
4,0 4,0 ACI 318 (2014)
Autor
βs Banco de Dados βs fib MC10 (2013)
ACI 318 (2014) NBR 6118 (2014)
3,0 3,0
2,0 2,0
1,0 1,0
b/a fc (MPa)
0,0 0,0
0 5 10 15 20 25 0 20 40 60 80 100
a) b)
4,0 4,0
fc < 20 MPa Banco de Dados
βs 20 - 40 MPa
βs Autor
fc > 40 MPa ACI-318
3,0 3,0
2,0 2,0
tendência
1,0 1,0
b/a ρ (%)
0,0 0,0
0 5 10 15 20 25 0 1 2 3 4 5
c) d)
Figura 15 – Análise gráfica dos espécimes com armadura do banco de dados, avaliando a influência de
parâmetros em função de βs: a) Fator de forma b/a; b) Resistência do concreto fc (MPa); c) Fator de forma
b/a separado por faixas de fc (MPa); d) Taxa de armadura ρ (%).
2000
2000
2000
Nexp (kN)
1000
1000
2000
2000
Nexp (kN)
1000
1000
5. CONCLUSÕES
Foi desenvolvido um banco de dados onde foi possível avaliar o fator de eficiência dos
prismas hexagonais e de prismas de outros autores, com fatores de eficiência estabelecidos
por normas de projeto. De maneira geral as normas mostraram-se muito conservadoras ao
estabelecerem reduções na resistência de bielas do tipo garrafa na ordem de 51% à 70% da
resistência do concreto. Foi possível avaliar qualitativamente através de gráficos que
relacionavam o fator de eficiência dos espécimes do banco de dados com parâmetros como o
fator de forma (b/a e h/b), resistência do concreto (fc) e a taxa de armadura (ρ).
Foi observado que o fator de forma de fato exerce uma influência sobre a resistência dos
prismas, uma vez que tem relação direta com as características da biela do tipo garrafa
formada, como a posição e intensidade da resultante de tensão de transversal de tração.
Apesar de carecerem dados com b/a superiores a 7, foi observado um ganho de eficiência com
o aumento desta proporção. Os resultados da análise do h/b não mostraram uma tendência
bem definida para que se possa concluir que este parâmetro tem alguma influência
significativa sobre o ganho de resistência dos prismas. Atualmente nenhumas das
recomendações de projeto analisadas levam em consideração o fator de forma para estimativa
da resistência de bielas do tipo garrafa. O ACI 318 (2014) em suas recomendações considera
a inclinação da dispersão do fluxo da biela constante em 26,6° em relação ao eixo vertical.
Entretanto, os fatores de forma tem influência na dispersão da biela, podendo inclusive
aumentar a eficiência de bielas do tipo garrafa para além da redução atribuída pelas normas,
conforme foi observado no banco de dados.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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predicting the effective strength in reinforced concrete bottle-shaped struts. International
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