Encarte de Terapia Ocupacional
Encarte de Terapia Ocupacional
Encarte de Terapia Ocupacional
ajudar no Autismo
Essa disciplina reúne tecnologias orientadas para a autonomia de pessoas que apresentam
dificuldade em ser incluídas e participar da vida social. Isso acontece, muitas vezes, porque
esses indivíduos têm alguma limitação:
Física;
Sensorial;
Mental;
Psicológica;
Social.
Autonomia;
Autoestima;
Autoconfiança;
Autorregulação;
Interação social.
Assim, profissionais desta área podem ser responsáveis tanto por ajudar em atividades do dia a
dia, quanto na parte sensorial da criança. Isso é: avaliar os déficits de processamento sensorial
para identificar barreiras na aprendizagem.
Com certeza você já ouviu falar nos 5 sentidos, afinal aprendemos sobre eles na escola, não é
mesmo? E são eles que permitem nossa ambientação com o mundo ao redor. Além desses cinco
bastante conhecidos, existem outros três sentidos que muitas vezes podem ser menos
conhecidos.
Dessa forma, temos 8 sentidos do corpo humano, que nos dão informações sobre o que está
acontecendo no nosso corpo e no mundo, que são fundamentais quando falamos no
desenvolvimento infantil, principalmente pensando em crianças atípicas.
Já que eles desempenham um papel essencial na capacidade da criança de interagir com o
mundo ao seu redor e na formação de uma base sólida para habilidades mais complexas.
Vamos entender melhor esses 8 sentidos do corpo humano e como eles são fundamentais
quando falamos da Terapia Ocupacional e do desenvolvimento infantil.
Os 8 sentidos do corpo humano são os responsáveis para que nosso cérebro consiga
compreender tudo que acontece no ambiente e no nosso próprio corpo. Além disso, eles
conseguem captar e processar as informações sensoriais, que serão captados e interpretadas
pelo sistema nervoso central.
Assim, com esses estímulos, o nosso cérebro recebe essas informações através de receptores
que nos ajudam a perceber movimentos, pressão, som, luminosidade e outras sensações de tudo
aquilo que fazemos.
Isso porque, as sensações estão presentes em todos os lugares, desde o início da vida, inclusive
na vida intrauterina. A todo momento somos bombardeados por estímulos sensoriais.
Assim, todos nós vivemos uma vida sensorial e estamos cercados por inúmeras sensações que
experimentamos a cada momento que passa. Dessa forma, podemos falar que esses 8 sentidos
Essas informações são a base para o desenvolvimento de muitas habilidades, como percepção,
linguagem, atenção, memória e pensamento abstrato. Ou seja, as informações sensoriais
podem ser consideradas nutrientes para o desenvolvimento e a aprendizagem ao longo da
vida.
1. Tato
O sentido do tato é o que nos permite conhecer algo pelo toque. Os receptores para essa
informação encontram-se na pele, que é a fronteira entre o nosso corpo e o mundo ao nosso
redor.
O tato é responsável por nos fornecer informações sobre o que tocamos e sobre o que toca nosso
corpo. Além disso, é através do toque que desenvolvemos a noção dos limites do corpo e das
partes que o compõem.
O sistema do tato é fundamental para a exploração do mundo físico pela criança.
2. Proprioceptivo
3. Vestibular
O sentido vestibular, localizado no ouvido interno, é responsável pelo equilíbrio e pela orientação
espacial. São os receptores responsáveis por receber informações do movimento da cabeça,
pescoço, olhos e corpo no espaço.
Esses receptores enviam mensagens de movimento para várias partes do cérebro, tornando o
sistema vestibular essencial para o desenvolvimento infantil, ajudando na organização das
sensações de outros sistemas sensoriais.
O sistema vestibular é responsável por fornecer informações sobre nossas ações contra a
gravidade, movimento e posição do nosso corpo em relação à Terra. Ele nos informa se estamos
em movimento, parados, qual a velocidade e direção que nos movemos.
4. Gustativo
Os receptores para as sensações de sabor encontram-se na língua. Assim que a comida, objeto
ou qualquer substância entra em contato com a boca, nossas papilas gustativas entram em ação
para capturar o tipo de experiência de sabor que estamos tendo.
No entanto, esse não é o único sistema acionado quando nos alimentamos. Ao comer, quatro
sistemas sensoriais são ativados: gustativo, olfativo, tátil (textura e temperatura) e proprioceptivo
(consistência).
A integração dessas informações nos dá as sensações quando comemos uma fruta, por exemplo.
5. Olfativo
As moléculas de odor presentes no ar são recebidas pelo nosso nariz e absorvidas pelas
cavidades nasais pelos receptores olfativos. Esses receptores captam as informações e as levam
diretamente para o centro olfativo.
Além disso, o hipocampo é um dos componentes do sistema límbico, responsável pelas emoções.
Por isso, um cheiro de bolo de fubá pode fazer você lembrar da sua avó (memória olfatória) com
amor e afeto (sistema límbico).
6. Auditivo
As informações auditivas são captadas por receptores no ouvido interno, capazes de captar
ondas sonoras.
Elas são integradas a outros sentidos, como o vestibular, visual e proprioceptivo, para podermos
interpretar os sons significativos para nós, como os sons da fala.
O ato de ouvir é a capacidade de receber sons, mas isso não garante que compreendamos o que
esses sons representam.
O desenvolvimento da linguagem, explicado na aula “Linguagem x Comunicação x Fala”, é
essencial para a compreensão.
7. Visual
Os receptores visuais estão presentes em nossos olhos, que captam ondas de luz e transmitem,
através da retina, a informação visual para o córtex occipital. A partir daí, a informação é
espalhada para ser integrada com todas as outras informações sensoriais.
Entre todos os nossos sentidos, a visão é o mais complexo. Com o desenvolvimento humano, a
visão passa a ser o sentido mais dominante, já que entre 60 e 80% da informação que alimenta o
cérebro é visual.
Quando falamos de processamento visual, precisamos considerar 3 componentes que impactam
a aprendizagem:
Controle oculomotor: controle dos músculos dos olhos, que permite coordenar o
movimento dos olhos com as mãos, fazer rastreamento visual, entre outros;
8. Interoceptivo
A interocepção refere-se à percepção dos estados internos do corpo, como fome, sede, cansaço
e dor. Seus receptores são internos e ficam em nossos órgãos.
Este sentido está relacionado à percepção e consciência de sinais corporais necessários para a
homeostase ou regulação.
É através dele que conectamos as sensações do nosso corpo com nossas emoções. Falamos
sobre ele no módulo de necessidades fisiológicas.
Desenvolver a consciência interoceptiva desde cedo pode ajudar a criança a regular suas
necessidades fisiológicas e emocionais, promovendo assim o bem-estar geral.
Brincadeiras sensoriais que envolvem texturas diferentes, como areia, água, argila e
tecidos diversos, ajudam a desenvolver a sensibilidade tátil e promover o desenvolvimento
motor fino.
Expor a criança a uma variedade de sons, desde músicas suaves até os sons da natureza,
pode ajudar a desenvolver sua capacidade auditiva e promover a consciência fonológica,
facilitando assim a aquisição da linguagem.
Conclusão
Você já viu uma criança autista tapando os ouvidos em um ambiente com muito barulho? Esse
comportamento pode estar ligado a sensibilidade auditiva, uma característica comum em
algumas pessoas no Transtorno do Espectro Autista (TEA), que causa desconforto e prejudica
o bem-estar.
Essa sensibilidade auditiva acontece quando o indivíduo possui um Transtorno do
Processamento Sensorial, condição na qual o sistema nervoso apresenta dificuldades para
O Transtorno do Processamento Sensorial é uma condição que pode ou não estar presente em
pessoas autistas, apesar de ser muito comum em pessoas com TEA, também está presente em
outros transtornos, como, por exemplo, pessoas com TDAH que podem apresentar
mais sensibilidades à luz.
Por ser uma condição ligada ao sistema nervoso, esse distúrbio é considerado como
uma comorbidade, justamente por comprometer a qualidade de vida e o desenvolvimento da
pessoa que possui transtorno sensorial.
MARA RAMACCIOTTI – ESPECIALIZAÇÃO ABA – ANALISE COMPORTAMENTO
Terapeuta Ocupacional e a Psicopedagoga como pode me
ajudar no Autismo
Quando o indivíduo é caracterizado por essa condição sensorial, ele pode apresentar estímulos
demais ou precisa de reforços para sentir qualquer tipo de estimulação. Dessa forma, o transtorno
é classificado como hipersensibilidade ou hipossensibilidade.
Hipersensibilidade: quando há estímulos em excesso, sendo auditivos (muito barulho),
visuais (sensibilidade a luz), ao sentido tátil, onde há incômodos por textura (fio de cabelo,
blusa de lã), ao olfato (cheiros de fragrâncias que incomodam e ao paladar (caracterizando
também a seletividade alimentar, etc.
Hipossensibilidade: quando há um esforço para oferecer qualquer tipo de estimulação.
Em casos assim, é muito comum que pessoas com esse perfil sensorial estejam sempre em
movimento, se balançando, movimentando os dedos e as mãos, ou seja,
apresentando movimentos repetitivos com frequência, e até mesmo procurando objetos para
tocar e estimular os sentidos.
Ainda dentro do transtorno sensorial, existem outras classificações que determinam o quadro
sensorial do indivíduo, sendo dividida em:
Estimulação Sensorial
As crianças autistas muitas vezes têm uma resposta sensorial atípica, podendo ter
hipersensibilidade ou hipossensibilidade aos estímulos do ambiente.
Assim, a terapia ocupacional utiliza atividades sensoriais como massagens, uso de escovas
terapêuticas, caixas de toque e objetos com texturas variadas.
A estimulação sensorial é uma forma de enriquecer o ambiente da criança, de forma a dar suporte
para sensações de prazer e bem-estar.
Algumas atividades de alerta, para estimular o sistema nervoso central
a preparar o corpo em preparação para o aprendizado, podem ser:
Importante ressaltar que a depender da criança, estes grupos de estímulos (mais alertantes)
podem gerar comportamentos mais agitados! Por isso, observe sua criança e os comportamentos
que ela apresenta!
Brincadeiras Estruturadas
As brincadeiras estruturadas são uma forma divertida e eficaz de desenvolver habilidades sociais,
linguagem e interação. Aqui, os profissionais usam jogos e brinquedos apropriados para a idade e
nível de desenvolvimento da criança, estimulando a comunicação, a coordenação motora e a
resolução de problemas.
Atividades de Autocuidado
precisam ser desenvolvidas, o contexto em que a atividade ocorre e como o ambiente interfere
em sua performance.
Por isso, os T.Os. trabalham em conjunto com os pais e cuidadores para ensinar e praticar
atividades como vestir-se, escovar os dentes, alimentação e higiene pessoal. Isso fortalece a
autoconfiança da criança e sua capacidade de realizar tarefas do dia a dia.
Integração Sensorial
Muitas crianças autistas têm dificuldade em integrar as informações sensoriais, o que pode afetar
sua capacidade de responder às demandas do ambiente, uma vez que podem impactar a
organização do comportamento.
Por exemplo, pode afetar a capacidade de concentração, engajamento, motivação, participação
social, etc.
Dessa forma, a terapia ocupacional utiliza técnicas que estimulam a integração de informações
sensoriais através de atividades que utilizam balanços, trampolins, atividades com bola e jogos,
etc.
Brincar de subir em uma superfície alta e pular dentro de uma piscina de bolinhas;
É importante lembrar que: cada pessoa é única e todas as atividades dependem das
necessidades e repertório da criança, por isso é fundamental conhecer o perfil sensorial e padrão
de funcionamento dos pequenos.
Isso porque, ao conhecer a criança, os terapeutas ocupacionais podem adaptar as atividades do
dia a dia, promovem atividades que se enquadrem as habilidades da criança e seja motivadora.
A importância do brincar
E é a partir do engajamento do brincar são estabelecidas habilidades que dão base para o seu
cotidiano, refletindo em seu próprio fazer, estimulando aspectos motores, sensoriais, sociais,
emocionais e de aprendizado da criança.
As brincadeiras realizadas durante as sessões são direcionadas, a escolha de brinquedos se dá
a partir do nível de brincar e do repertório da criança e proposição de atividades são pensadas a
partir da idade, da habilidade a ser desenvolvida e da motivação da criança autista.
Isso por que a terapia ocupacional amplia a oportunidade da criança agir no mundo, promovendo
sentimentos de realização que impactam inclusive em sua motivação.
Podemos pensar em duas atividades cotidianas que acontecem frequentemente e que são
exemplos de como isso pode acontecer no dia a dia:
Em ambas as situações, a criança engajou em uma atividade rotineira, o que ampliou a sua
participação na atividade.
O termo seletividade alimentar possui significados variados, que incluem a recusa alimentar,
repertório restrito de alimentos e até mesmo a ingestão frequente de um único tipo de
alimento.
Embora esta restrição alimentar não seja incomum entre crianças pequenas com
desenvolvimento típico, ela pode ser ainda mais restritiva em crianças com TEA podendo se
estender para além do período da primeira infância.
Vou falar sobre a seletividade alimentar e como o fonoaudiólogo pode ajudar com
esse comportamento desafiador.
Seletividade alimentar é o ato que a criança (ou o adulto) tem de rejeitar alguns alimentos ou
grupos alimentares, gerando, muitas vezes, desinteresse pela comida, falta de apetite ou até
náuseas e vômitos.
As principais características da chamada seletividade alimentar são:
Cheiro;
Cor;
Temperatura;
Sabor;
Forma;
Textura, por exemplo, quando o alimento é pastoso, crocante ou seco;
Aspecto visual e tamanho.
Geralmente, a seletividade alimentar surge antes dos 6 anos, no início da infância, sendo um
padrão comportamental bastante comum de ser visto por pais e profissionais.
Apesar de alguns estudos apontarem que esses padrões alimentares rígidos melhoram com o
passar do tempo, adolescentes e adultos no espectro apresentam maiores taxas de
seletividade alimentar, do que seus pares neurotípicos.
Foram descritos dados de que 46% da população geral de crianças apresenta algum tipo de
seletividade alimentar. Enquanto, uma a cada dez crianças apresenta padrões de restrição
severos.
Devido a essa relação entre seletividade e autismo, veremos a seguir quais são os impactos na
saúde que a seletividade alimentar causa e como lidar com eles.
Apesar desse padrão alimentar também ser visto em pessoas com desenvolvimento típico, a
seletividade alimentar é frequentemente associada ao diagnóstico de Transtorno do Espectro
Autismo (TEA), já crianças autistas têm 5 vezes mais chances de apresentarem dificuldades
alimentares, do que crianças neurotípicas.
Em 2010, foi realizou uma pesquisa comprovando que cerca de 67% das crianças no espectro
autista apresentam transtorno ou seletividade alimentar.
Cada situação é única, mas em muitos casos há a dificuldade e/ou recusa da criança de
experimentar alimentos novos, pelo fato de que, ao comer, as crianças no espectro autista
recebem interferência de estímulos sensoriais.
Além disso, a seletividade alimentar também pode aparecer por dificuldades de modulação
sensorial da audição, visão, olfato, paladar e toque, rejeitam o alimento.
Por outro lado, quando não há fatores orgânicos identificáveis, a questão alimentar pode ser
considerada manifestação de interesses restritos e comportamento de rigidez, que também são
características do autismo.
Em outros casos, estar preso a rotina também não é nada motivador para uma criança em
processo de crescimento e descobrimento.
Estímulos táteis;
Contato com as diversas texturas;
Treino motor
Apresentação de novos alimentos.
O que é um momento comumente reportado pelos pais como grande estresse e muita recusa.
Durante a estimulação são trabalhados todos os sistemas: olfato, visão, audição, paladar,
vestibular e proprioceptivo, e a família participa, reproduzindo essa interação em casa.
1. Estruture a rotina
Quando falamos em alimentação, criar um passo a passo para familiarizar a criança com a hora
de comer ajuda muito na seletividade alimentar do autismo! Influencie ela a ajudar no preparo
para a refeição, como: organizar a mesa, lavar as mãos e sentar à mesa com os familiares.
Deixe que a criança sinta os alimentos, tocando-os mesmo que seja um “momento de bagunça”.
É muito importante para que ela se familiarize com o que vai levar à boca. Comer junto a outras
pessoas da família também as motiva para experimentarem algo desconhecido, pois se todo
mundo está comendo, a criança pode ficar curiosa e experimentar.
Converse com a sua equipe multidisciplinar que acompanha esse processo, e descubra quais
alimentos podem ser oferecidos para a criança. O fonoaudiólogo poderá indicar um bom caminho
a seguir para potencializar e estimular o que é feito nos atendimentos, juntamente com um
nutricionista que indicará a melhor fonte de nutrientes.
4. Estimule-a
Celebre cada alimento novo que a criança comer. Convide-a para cozinhar junto com você, lavar
legumes e verduras, e deixe que ela participe da seleção dos alimentos, assim a relação com a
alimentação se torna cada vez melhor.
Por exemplo: se a criança tem dificuldade com o cheiro do alimento no prato, você pode fazer
uma brincadeira na cozinha enquanto o almoço está sendo preparado. Assim, a criança estará
exposta ao cheiro, mas fazendo algo que não seja relacionado a ingerir o alimento.
Toda família quer que a criança se alimente da melhor forma possível, para ter um
desenvolvimento saudável. Mesmo que a seletividade alimentar no autismo tire a paz de muitos
MARA RAMACCIOTTI – ESPECIALIZAÇÃO ABA – ANALISE COMPORTAMENTO
Terapeuta Ocupacional e a Psicopedagoga como pode me
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pais, é preciso lembrar de que a criança precisa de um estímulo certo, com uma equipe
multidisciplinar que potencialize o desenvolvimento dela.
Nunca force a criança a comer e nem faça combinados que a fará comer por ser uma troca. O
prazer da alimentação deve ser o grande motivador e não algo externo, como, por exemplo,
comer para poder assistir televisão.
A inclusão de um terapeuta ocupacional na equipe multidisciplinar de intervenção para crianças
autistas é essencial.
Estudos evidenciaram que mais de 40% das crianças com TEA possuem algum transtorno
do processamento sensorial, e quando falamos especificamente de sensibilidade auditiva,
estudos prévios apresentaram ampla variabilidade de prevalência, com resultados de 15% a
100%.
Mas, assim como citamos ao longo do texto, nem toda pessoa no espectro autista possui
sensibilidade auditiva.
Se você, pessoa cuidadora, quer entender qual o perfil sensorial de sua criança autista, busque
profissionais especializados em TEA e tire todas as suas dúvidas. Um acompanhamento a longo
prazo é essencial e indicado para perceber o desenvolvimento e possíveis mudanças.
“Cada pessoa, seja adulto ou criança, tem um perfil de funcionamento sensorial singular,
portanto, apesar de comum, seria um equívoco afirmar que todas as crianças com TEA são
impactadas por sensibilidade auditiva.”
Quando impactadas pela hipersensibilidade, é possível que pessoas cuidadoras se deparam com
uma crise sensorial, que decorre após uma exposição aos fortes estímulos.
No caso de sensibilidade auditiva, os estímulos maiores podem ocorrer com sons de sirenes na
rua/escola, por barulho de fogos de artifício, barulhos que se intensificam, ou até uma música
muito alta em um local público.
Entretanto, a família pode observar sinais de alerta quando a criança entra em crise,
ressalto: “aumento de estereotipias e agitação motora, a crescente de comportamentos
desafiadores, são alguns sinais de alerta para crises que a família pode se atentar.”
Além disso, é possível identificar aspectos ambientais e de rotina, que podem ser
desorganizadores sensoriais e com maiores chances de aparecimento de crises como mudança
de escola, período de férias, algo incomum na rotina diária da família.
Um objeto muito recomendado pelos profissionais é o fone abafador de ruídos, que possui uma
quantidade generosa de esponja e dissipa o som de ambientes repletos de sons altos.
Abafadores de ruído, também conhecidos como protetores auriculares ou fones de ouvido com
cancelamento de ruído, são dispositivos projetados para reduzir a quantidade de som que chega
aos ouvidos.
Eles funcionam bloqueando ou absorvendo os sons indesejados do ambiente, ajudando a criar
uma experiência auditiva mais tranquila e confortável.
Para pessoas autistas, que muitas vezes enfrentam desafios relacionados à sensibilidade
sensorial, os abafadores de ruído podem ser uma ferramenta essencial, pelos seguintes motivos:
Quais as dicas para oferecer uma qualidade de vida para quem tem
hipersensibilidade auditiva?
Entretanto, apesar do uso dos abafadores ser uma boa solução para locais de muitos estímulos
auditivos, ele pode atrapalhar as pessoas no espectro por conta dos diferentes perfis
sensoriais. “Assim como estratégias para previsibilidade precisam ser avaliadas de forma
singular, o abafador também precisa”.
“É preciso considerar aspectos sensoriais de outros sistemas para além do auditivo, como o
sistema tátil. Há muitas crianças que se incomodam com um simples toque na cabeça, visto que
esse recurso necessita de um suporte que passa pela cabeça, este sistema também passa a ser
relevante durante a avaliação da aceitabilidade e benefício do recurso.”
Também é possível adaptar os momentos de lazer para que a pessoa com autismo consiga
aproveitar os diferentes espaços e criar um vínculo com as pessoas à sua volta.
Por conta da sensibilidade auditiva, uma indicação são os espaços ou parques ao ar livre, ou até
praças pequenas encontradas em bairros, onde a incidência de barulho é menor, comparada a
grandes parques e brinquedotecas.
Explico: “também há crianças que podem se sentir melhor em locais fechados e com controle de
entrada de pessoas. Portanto, eu sugiro sempre partir do desejo da criança, suas preferências e
motivação.”
Lembrando que em caso de passeios e novas brincadeiras é sempre importante atuar com a
previsibilidade, e explicar para a criança sobre o local que estão indo e qual ação vão fazer; fazer
o uso de desenhos, fotos e/ou contar histórias pode auxiliar nesse processo.Acredito que todas as
crianças têm direito de estar em todos os espaços que são desejáveis e podemos pensar em
estratégias facilitadoras para isso.
Conclusão
Lidar com a sensibilidade auditiva pode ser desafiador, mas com o apoio certo e as estratégias
adequadas, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida de pessoas autistas e
encontrar maneiras de estar mais confortável na rotina.
MARA RAMACCIOTTI – ESPECIALIZAÇÃO ABA – ANALISE COMPORTAMENTO
Terapeuta Ocupacional e a Psicopedagoga como pode me
ajudar no Autismo
Para que os pais usem as estratégias adequadas, selecionadas de maneira individualizada, é
importante aqui o apoio da equipe terapêutica que os acompanha.
Existe uma relação entre o autismo e sono que prejudica o bem-estar de pessoas no espectro e
seus respectivos cuidadores. Segundo a Academia Americana de Neurologia, há um estudo
que demonstra que até 80% das crianças com TEA possuem dificuldades para dormir,
resultando em um período noturno estressante para a família.
O distúrbio do sono pode aparecer ainda na fase da primeira infância em crianças típicas e
atípicas, mas em crianças com TEA o risco é ainda mais elevado, principalmente quando o
autismo acompanha alguma comorbidade, como, por exemplo, a deficiência intelectual, cujo dos
impactos está ligado diretamente ao sistema nervoso.
Entender e buscar ajuda em relação aos impactos do autismo e sono ainda na infância, é
essencial, pois podem agravar os sinais associados a:
Desatenção;
Irritabilidade;
Hiperresponsividade sensorial;
Comorbidades como: problemas gastrointestinais e epilepsia.
Para te ajudar, separei alguns cuidados para criar um ambiente mais favorável ao sono. Com
base nessas recomendações, é importante que você pense quais mudanças são possíveis para
construir uma rotina de sono saudável para sua filha(o).
Assim como disse na introdução deste texto, a falta de sono pode ser prejudicial para o bem-estar
de pessoas autistas, bem como afetar a rotina saudável de suas pessoas cuidadoras(mães).
O momento do sono é um período inteiramente dedicado para descanso, a falta dessa atividade
de “revitalização” do corpo e da mente pode interferir em atividades da rotina diária, deixando a
pessoa com autismo indisposta e desestimulada para desenvolver as ações.
Até mesmo o processo de alfabetização pode ser prejudicial, pois noites mal dormidas resultam
em uma piora na atenção, além da falta de receptividade para receber estímulos, devido ao
cansaço físico.(relato por ser uma Psicopedagoga ABA).
É importante lembrar que existem profissionais especializados para auxiliar a família a entender e
ajudar nesse processo de distúrbio do sono. Consulte seu pediatra para garantir que passos
saudáveis estão sendo seguidos e que acolhem a criança.
Como acredito do tratamento humanizado sugiro não entrar com nenhuma medicação ,podemos
trabalhar inicialmente com óleo essencial, sendo menos invazivo.
Além disso, cada pessoa possui um perfil sensorial, com uma percepção singular do mundo ao
redor, sendo preciso entender a forma que a pessoa recepciona os estímulos e como eles vão
impulsionar no desenvolvimento e até na rotina de sono.
Um exemplo disso é: pessoas com TEA podem preferir atividades que estimulam o corpo e
gastam energia. Isso pode resultar em um sono mais tranquilo ou na necessidade de um banho
quente para relaxar.
Existem outros estímulos, listamos abaixo algumas dicas:
O quarto da criança deve ser propício ao sono. Isso quer dizer um ambiente quieto, com uma
temperatura agradável e pouca luz. Eletrônicos como TV, iPad ou videogame não devem estar
ligados durante o período de dormir.
Barulhos domésticos comuns, como a TV ligada ou a água corrente no banheiro podem afetar o
sono de uma criança diagnosticada com TEA, devido à hipersensibilidade sensorial.
Caso não seja possível evitar esses barulhos, uma sugestão é criar sons mais confortáveis para
chamar a atenção da criança, e assim fazer com que ela não se incomode com o barulho original.
Normalmente esse novo som é chamado de ruído branco. Pode ser o som de um ventilador de
teto, de um purificador de ar ou mesmo o som de um instrumento tocado no seu celular.
Muitas crianças podem apresentar desconforto com a textura da roupa de cama ou do pijama. É
importante escolher um pijama confortável e com poucas estampas. Caso sua filha(o) já seja
maior, escolha junto com ela(e) o pijama e o lençol mais confortável.
Antes de dormir, evite alimentos e bebidas muito calóricas ou com cafeína. Refrigerantes ou
doces muito gordurosos podem despertar a criança e dificultar a rotina do sono.
É importante que a criança não faça atividades muito intensas antes de dormir. Brincadeiras muito
agitadas ou que demandem muito exercício físico devem ser evitadas, assim como brincar com
celular, tablet, televisão ou videogame. O ideal é evitar essas atividades no mínimo 30 minutos
antes da hora de dormir.
6. Impacto de medicamentos
Alguns medicamentos podem interferir no sono da criança. Se seu filho estiver tomando algum
remédio, recomendamos que você consulte o médico sobre possíveis efeitos colaterais.
Muitas vezes, mudar a hora de tomar o remédio já pode ajudar. Em relação a medicamentos
para dormir, só devem ser utilizados se recomendados pelo médico.
Caso a dificuldade de dormir permaneça, é importante envolver uma equipe clínica para te ajudar.
Conclusão
Como vimos, autismo e sono a relação entre autismo e sono é complexa e multifacetada,
afetando significativamente o bem-estar de pessoas no espectro e seus cuidadores. As
causas para os distúrbios do sono podem ser variadas, desde desequilíbrios no ritmo circadiano e
produção de melatonina até fatores sensoriais e comorbidades.
Na maioria das vezes em que falamos em autismo, nos referimos ao trabalho e intervenção com
profissionais como: psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Porém, a intervenção
psicopedagógica também se faz importante, uma vez que as habilidades acadêmicas ficam em
defasagem, atrapalhando o desenvolvimento da criança no ambiente escolar.
A importância da psicopedagogia
Na maioria das vezes as crianças com TEA possuem muitas barreiras comportamentais como:
dificuldade de comunicação, ecolalia, estereotipia e comportamentos de fuga/esquiva. Devido às
questões comportamentais é importante que o profissional psicopedagogo tenha conhecimento
em Análise Comportamento Aplicada ou faça supervisões com um especialista na área.
Quanto antes for feito o diagnóstico de autismo, melhor. Isso porque as intervenções podem
também ser aplicadas precocemente — o que contribui muito para o desenvolvimento da criança.
Para os professores, é um desafio trabalhar com as crianças com autismo, pois precisam adequar
suas estratégias de ensino. Muitos se sentem despreparados para alfabetizar esses alunos e
precisam de apoio da escola e também de profissionais especializados.
Podemos dizer que o maior desafio é criar um trabalho realmente multidisciplinar, para que a
criança seja vista em suas potencialidades e possa ser considerada em sua totalidade. Não existe
um método que seja adequado para todas as crianças com autismo, cada criança é única e
conhecer as habilidades e dificuldades de cada uma delas é o que vai permitir traçar um
planejamento pedagógico eficaz.
Já deu para perceber que a presença desse profissional e suas intervenções são fundamentais
para o processo de aprendizagem das crianças com autismo. A intervenção psicopedagógica é
essencial dentro da escola, além do apoio de uma equipe multidisciplinar para complementar o
tratamento da criança com TEA.