Template - Parecer - Demissão Justa Causa - Membro CIPA - Mau Comportamento

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PARECER JURÍDICO xxx

Solicitante: xxxx

Teor: Solicito análise sobre possível demissão por JUSTA CAUSA ou SEM JUSTA
do colaborador xxxx. Esse colaborador apresenta comportamento
reiteradamente alterado, com agressões verbais e físicas aos colegas de trabalho
e paciente. Trata-se de pessoa com histórico recorrente de comportamento
inapropriado. No ano de xxxxx ele jogou água em um paciente deixando-o
molhado na cama. Em xxxxx uma paciente do sexo feminino relatou à
supervisora que o colaborador “deu dois tapas” na cara dela. Em xxxxxx, este
mesmo colaborador tentou agredir fisicamente um paciente e só não conseguiu
porque foi impedido pela enfermeira. O profissional já foi afastado por
dependência química pelo Médico do Trabalho, sem qualquer mudança
significativa em seu comportamento hostil. A gestão e toda a equipe se sentem
intimidadas e amedrontadas com muito medo do que ele possa a fazer não só
com os demais profissionais, mas também com os pacientes e, o convívio no
ambiente de trabalho está insustentável. Esse colaborador foi eleito membro da
CIPA em xxxx pelos colaboradores da xxxxx.

xxxxx,

Em atenção à consulta formulada acerca da


possibilidade de demissão com ou sem justa causa do colaborador em questão,
segue abaixo a análise:

Em análise aos documentos que acompanham o


formulário, ao funcionário xxxxx foi aplicada uma advertência em xxxx por
“discussão agressiva” com colegas do setor em que trabalha; em xxxx consta
relato que o colaborador em questão esteve mais uma vez envolvido em
“discussão agressiva”; em xxxxx consta anotado em sua ficha agressão física à
paciente e tentativa de agressão física a outro paciente, respectivamente.

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Conforme demonstrado, haja vista os relatos de mau
comportamento praticado pelo colaborador, o último ocorrido foi há mais de 30
(trinta) dias perdendo assim a imediatidade para a aplicação da justa causa. Este
princípio da imediatidade é caracterizado pela omissão do empregador em agir
(advertir/punir) ao saber da possível falta cometida por seu empregado. A
pena/punição deve ser aplicada o mais rápido possível ou logo após o
empregador ter conhecimento da falta, sob pena de caracterizar-se perdão tácito.

Além disso, como informado, por se tratar de


funcionário eleito membro da CIPA pelos colaboradores e, com isso fazendo jus
a estabilidade, as medidas a serem tomadas pelo xxxxx devem ser cautelosas
para afastar/obstar inesperada condenação indenizatória ou obrigação de
reintegrar o empregado, em caso de dispensa.

Desse modo, a atual condição do colaborador não


permitiria a aplicação da demissão sem justa causa, isto porque conforme o
artigo 165 da CLT (Os titulares da representação dos empregados nas CIPA (s)
não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se
fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro), os empregados
da CIPA não poderão sofrer despedida arbitraria, aliás, para a empresa desligar
o colaborador precisa de justo motivo, enfatiza-se que esse motivo deve ser
provado pela empresa.

Ainda que o desligamento ocorresse com o


pagamento de todas as verbas considerando todo o tempo de estabilidade, o
risco de reintegração ao posto de trabalho numa eventual demanda judicial, não
seria eliminado.

De outro modo, a estabilidade conferida aos


profissionais eleitos por outros colaboradores a membro da CIPA é relativa.

Conforme mencionado, o já citado artigo 165 da CLT


expressa que há exceção quanto à estabilidade e que é possível a dispensa do
cipeiro por justa causa quando incorrer em algumas das hipóteses contidas no
Art. 482 da CLT é válida, senão vejamos:

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“Constituem justa causa para rescisão do contrato de
trabalho pelo empregador:

a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia
sem permissão do empregador, e quando constituir
ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o
empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em
julgado, caso não tenha havido suspensão da
execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no
serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas,
nas mesmas condições, salvo em caso de legítima
defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas
físicas praticadas contra o empregador e superiores
hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos
estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em
decorrência de conduta dolosa do empregado.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Parágrafo único – Constitui igualmente justa causa


para dispensa de empregado a prática, devidamente

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comprovada em inquérito administrativo, de atos
atentatórios à segurança nacional. (Incluído pelo
Decreto-lei nº 3, de 27.1.1966) “

Na esteira desse raciocínio, a estabilidade provisória


garantida ao cipeiro é a proteção inerente ao cargo que ocupa, podendo ser
relativizada sempre e quando estiverem presentes algumas das hipóteses de
justa causa contidas na legislação trabalhista.

De mais a mais, como já exposto, entende-se que a


demissão sem justa causa para funcionário na condição de membro cipeiro expõe
o empregador em risco de condenação por indenização bem como, obrigação de
reintegrar o profissional demitido ao posto de trabalho.

Anota-se que no caso em tela, considerando o perfil


bruto/descortês do funcionário, essa possibilidade poderia acarretar em mais
episódios da prática de má conduta por parte deste – agora com proteção judicial
– deixando ainda mais penoso/intragável o convívio com outros colaboradores,
sem contar o receio disso se estender aos pacientes.

Outrossim, consoante respaldo da lei trabalhista


quanto à demissão com justa causa, pontua-se que o empregador poderá aplicar
o desligamento do colaborador mediante justo motivo desde que comprovado.

No caso em exame, a prova pode-se fazer registrada


por meio de relatos/declarações por escrito e assinado de funcionários que
efetivamente presenciarem qualquer prática de má conduta/ato de indisciplina
deste profissional. Importante salientar que do momento do conhecimento da
indisciplina o empregador deve imediatamente adotar as medidas cabíveis
(registrar a ocorrência e aplicar a punição), sob pena de, decorrido lapso de
tempo, configurar o perdão tácito.

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Vale destacar a importância da atuação da instituição
no decorrer da campanha eleitoral dos membros da CIPA, em apoiar, informar e
conscientizar os funcionários sobre o voto responsável a fim de evitar que
funcionários com mau comportamento possam assumir cargos não só de
importância, mas revestido de estabilidade e assim, dificultando as decisões no
que tange ao desempenho – comportamento – desligamento destes.

Diante o exposto, compreende-se do caso, seus


elementos analisados e casuais vertentes que poderiam se desenrolar, que a
categoria de demissão a mitigar os riscos aqui apontados se faz pela justa causa,
cabendo ao empregador munir-se de todas as provas quando da aplicação do
desligamento, como já referenciadas acima, mas não se limitando a elas,
ressaltando que a punição precisa ser imediata, para não se caracterizar perdão
tácito.

Colocando-nos à disposição para os esclarecimentos


que se fizerem necessários, aproveitamos a oportunidade para renovar nossos
protestos de elevada estima e distinta consideração.

xxxx.

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