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POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA

INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA
DO PODER JUDICIÁRIO

→ MÁRIO AUGUSTO FIGUEIREDO DE LACERDA GUERREIRO


Conselheiro do Conselho Nacional de Justiça. Presidente do Comitê Gestor Nacional de Segurança do Poder
Judiciário. Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Mestre em ciências jurídico-políticas pela
Universidade de Coimbra.

→ TATIANA ALMEIDA DE ANDRADE DORNELLES


Procuradora da República. Especialista em Segurança Pública e Justiça Criminal pela PUC/RS. Mestre em
Criminologia e Execução Penal pela Universitat Pompeu Fabra/Barcelona. Mestranda em Filosofia pela
Universidade Federal de Santa Maria.

247
POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

INTRODUÇÃO
As atividades de segurança institucional e inteligência, apesar de fundamen-
tais para o livre exercício da judicatura, ainda são pouco conhecidas dentro e fora
do Poder Judiciário brasileiro. É necessário, portanto, difundir o conhecimento
sobre essas matérias, para que juízes, servidores e usuários do sistema de justiça
melhor compreendam o importante papel que elas desempenham para o bom
funcionamento da máquina judiciária.

Dessa forma, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem exercido posição de


vanguarda, sendo o impulsionador de uma série de atos normativos que servem de
base jurídica para a ampliação da capacidade de atuação dos órgãos de segurança
dos tribunais nacionais. Destacam-se, em especial, as Resoluções n. 291/2019,
344/2020, 379/2021, 380/2021 e 383/2021, na medida em que instituíram a política
e o sistema nacionais de segurança do Poder Judiciário, organizaram e padroni-
zaram as atribuições da Polícia Judicial — a qual não se confunde com a Polícia
Judiciária, como se verá adiante — e criaram o sistema de inteligência de segu-
rança institucional do Poder Judiciário.

Entre esses atos normativos emanados do Conselho Nacional de Justiça merece


relevo a Resolução CNJ n. 344/2020, que instituiu a Polícia Judicial. Trata-se de
órgão de segurança institucional do Poder Judiciário voltado para a proteção de
juízes, servidores, jurisdicionados e patrimônio público dos tribunais e conselhos.
Sua atuação e fortalecimento, ademais, são fundamentais para a garantia da in-
dependência dos juízes e autonomia dos tribunais, assim como, por conseguinte,
para a preservação do Estado Democrático de Direito.

O objetivo deste estudo é esclarecer no que consiste a segurança institucional


e como ela se diferencia da segurança pública, destacando-se a importância da
atuação da Polícia Judicial para a defesa institucional da independência do Poder
Judiciário.

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

1
CONCEITOS INICIAIS
Em primeiro lugar, há que se assentar a diferença entre segurança pública e
segurança institucional.

A segurança pública, em síntese, destina-se à manutenção da ordem pública


e da paz social por meio da proteção pelo Estado — sem exclusão da responsabili-
dade de cada indivíduo — dos bens tutelados pela ordem jurídica. Na dicção exata
da Constituição Federal (CRFB), “a segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio” (artigo 144, caput).

Já a segurança institucional está relacionada especificamente à proteção de


pessoas (servidores e usuários) que participem das atividades de uma determinada
instituição e estejam sujeitas a alguma ameaça — potencial ou real — advinda
da própria função pública que compete àquela entidade. Compreende, ainda, a
vigilância do patrimônio (edifícios, veículos e outros bens) dessas instituições,
sem os quais a sua atuação ficaria inviabilizada. Sob o viés da inteligência e da
contrainteligência, salvaguarda, outrossim, a utilização de informações e ima-
gens sensíveis ou sigilosas. Consiste, por conseguinte, na segurança do serviço
público prestado à sociedade, sendo imprescindível ao regular funcionamento
da instituição provedora.

No âmbito do Poder Judiciário, a quem cabe a prestação da jurisdição à so-


ciedade, a atividade de segurança institucional é prevista pelos artigos 3o, III, e

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POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

9o, § 1º, II, da Lei n. 12.694/20121 e regulamentada pelas resoluções supracitadas


do Conselho Nacional de Justiça, a quem cabe expedir atos normativos a fim de
controlar a atuação administrativa dos tribunais brasileiros e assegurar a sua au-
tonomia (artigo 103-B, § 4º, I, da CRFB2). A Resolução n. 291/2019 (artigo 2º, caput),
em especial, deixa clara a imprescindibilidade da segurança institucional para a
garantia da independência do Judiciário, ao afirmar que a segurança institucional
do Poder Judiciário tem como missão promover condições adequadas de seguran-
ça pessoal e patrimonial, assim como meios de inteligência aptos a garantir aos
magistrados e servidores da Justiça o pleno exercício de suas atribuições.

A citada atividade de inteligência, portanto, é parte integrante e indissociável


da segurança institucional, apresentando-se como outro ponto que merece esclare-
cimentos iniciais. Segundo o artigo 1º, parágrafo único, da Resolução n. 383/2021,

entende-se por atividade de inteligência o exercício permanente e sistemático


de ações especializadas para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais
ou potenciais aos ativos do Poder Judiciário, orientadas para a produção e
salvaguarda de conhecimentos necessários ao processo decisório no âmbito
da segurança institucional.

1 Art. 3º Os tribunais, no âmbito de suas competências, são autorizados a tomar medidas para reforçar a segurança dos prédios da Justiça, espe-
cialmente:
I - controle de acesso, com identificação, aos seus prédios, especialmente aqueles com varas criminais, ou às áreas dos prédios com varas
criminais;
II - instalação de câmeras de vigilância nos seus prédios, especialmente nas varas criminais e áreas adjacentes;
III - instalação de aparelhos detectores de metais, aos quais se devem submeter todos que queiram ter acesso aos seus prédios, especialmente
às varas criminais ou às respectivas salas de audiência, ainda que exerçam qualquer cargo ou função pública, ressalvados os integrantes de
missão policial, a escolta de presos e os agentes ou inspetores de segurança próprios.

Art. 9º Diante de situação de risco, decorrente do exercício da função, das autoridades judiciais ou membros do Ministério Público e de seus
familiares, o fato será comunicado à polícia judiciária, que avaliará a necessidade, o alcance e os parâmetros da proteção pessoal.
§ 1º A proteção pessoal será prestada de acordo com a avaliação realizada pela polícia judiciária e após a comunicação à autoridade judicial
ou ao membro do Ministério Público, conforme o caso:
I - pela própria polícia judiciária;
II - pelos órgãos de segurança institucional;
III - por outras forças policiais; (grifei)
2 Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução,
sendo:
...
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos
juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de
sua competência, ou recomendar providências; (grifei)

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

Já o artigo 12, II, da Resolução n. 291/2019 prescreve que as comissões perma-


nentes de segurança dos tribunais devem instituir núcleos de inteligência, dada
a importância dessa atividade3.

Frise-se, contudo, que não se trata aqui dos centros de inteligência do Poder
Judiciário previstos pela Resolução n. 349/20204 do CNJ. Esses centros de inteli-
gência não desempenham qualquer função relacionada à segurança institucional,
tendo como objetivo “identificar e propor tratamento adequado de demandas
estratégicas ou repetitivas e de massa no Poder Judiciário brasileiro” (artigo 1º).
Sua missão é organizar e sistematizar o manejo das demandas repetitivas nos
tribunais nacionais, aperfeiçoando o sistema de precedentes trazido pelo novo
Código de Processo Civil. A semelhança com os núcleos de inteligência para se-
gurança institucional, portanto, está apenas na nomenclatura utilizada.

Outra questão que deve ser diferenciada da inteligência voltada à segurança


institucional é a inteligência artificial. Esta é regulamentada, no âmbito do Poder
Judiciário, pela Resolução n. 332/20205, que “dispõe sobre a ética, a transparência
e a governança na produção e no uso de Inteligência Artificial no Poder Judici-
ário e dá outras providências”. O artigo 3º, II, da referida norma revela que um
modelo de inteligência artificial pode ser definido como o “conjunto de dados e
algoritmos computacionais, concebidos a partir de modelos matemáticos, cujo
objetivo é oferecer resultados inteligentes, associados ou comparáveis a deter-
minados aspectos do pensamento, do saber ou da atividade humana”. Cuida-se
de tema extremamente complexo, cuja explicação não tem espaço neste estudo,
bastando assentar, por ora, que a inteligência artificial é uma ferramenta apta
a auxiliar a consecução de atividades administrativas e jurisdicionais do Poder
Judiciário, inclusive a atividade de inteligência para segurança institucional. Não
se confundem, por isso, os dois institutos, embora ostentem denominação similar:
a inteligência artificial é sempre um meio que pode ser utilizado pelo Poder Judi-
ciário para alcançar maior eficiência nas suas atividades, enquanto a inteligência

3 Art. 12. A Comissão Permanente de Segurança dos Tribunais deve:


...
II - instituir núcleo de inteligência;
4 DJe/CNJ n. 346/2020, de 27/10/2020, p. 8-10.
5 DJe/CNJ, n. 274, de 25/8/2020, p. 4-8.

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POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

para segurança institucional é atividade administrativa que pode eventualmente


se valer dessa importante ferramenta.

Postas, assim, essas considerações preliminares sobre o tema objeto deste tra-
balho, passa-se a examinar mais a fundo a importância da segurança institucional
para a independência do Poder Judiciário e qual o papel da Polícia Judicial para
a sua salvaguarda.

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

2
OS FUNDAMENTOS E A
IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA
INSTITUCIONAL
A independência do Poder Judiciário é um direito humano universal previsto
no art. 10 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e no art. 14 do Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Mais do que uma prerrogativa dos
juízes, é uma garantia da cidadania. Todo cidadão tem direito ao acesso a uma
Justiça independente e imparcial.

Entretanto, não existe verdadeira independência sem segurança. A indepen-


dência judicial é uma ideia que tem aspectos formais (ou normativos) e materiais.
Do ponto de vista normativo, as leis e os regulamentos devem garantir que os
juízes sejam agentes autônomos, em quem se possa confiar para cumprir suas fun-
ções públicas, independentemente de considerações ideológicas e seguros contra
pressões internas e externas que possam desviar-lhes da decisão mais adequada
e justa. O aspecto formal da proteção do Judiciário é cumprido, em especial, pelo
corpo normativo que confere as prerrogativas aos juízes, como a irredutibilidade
dos vencimentos, a inamovibilidade e a vitaliciedade.

No aspecto material, além da efetivação das prerrogativas escritas no ordena-


mento, a independência do juiz é conferida pela proteção institucional tanto de
sua incolumidade física quanto psíquica. A integridade de todo sistema de justiça
depende de juízes que possam permanecer independentes e imparciais, livres de
intimidação ou coerção. É desejável que os juízes sejam protegidos institucio-

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POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

nalmente para que possam tomar as decisões corretas sem se preocupar com as
consequências pessoais de tais decisões6.

A democracia não é o mesmo que governo majoritário. O indivíduo ou minoria


que forem vencidos na votação também resguardarão seus direitos outorgados
pela Constituição e pelas leis, que devem ser protegidos em uma sociedade de-
mocrática. Isso requer juízes independentes7. Juízes independentes que tomam
decisões impopulares costumam ser um alvo fácil para a demagogia, assim como
casos difíceis podem gerar tamanha insatisfação de uma das partes — ou de ambas
— que tenham como consequência atos de violência contra juízes, servidores ou
outros usuários. É importante que os juízes tenham apego suficiente aos valores
legais para que possam tomar tais decisões impopulares quando necessárias.8

O juiz é o centro do sistema judicial. Embora, no século XXI, sejam excepcio-


nais os casos de juízes assassinados em razão de suas funções, não é incomum
que juízes sejam ameaçados por comunicações intimidadoras, abordagens ina-
dequadas ou mesmo ataques físicos9. No Brasil, tornaram-se comuns ataques, es-
pecialmente em redes sociais, a magistrados que tomaram decisões impopulares.
Infelizmente, ocorrências de intimidação e violência física em fóruns também não
são raras, algumas vezes com o prolongamento da intimidação para a residência
do magistrado10. Em São Paulo, duas ocorrências de tentativa de homicídio contra
magistradas ganharam os noticiários. Em 2016, um homem manteve uma juíza
refém por 30 minutos, ameaçando ateá-la fogo, após ter jogado líquido inflamável
nela11. Em 2019, uma mulher tentou esfaquear uma magistrada no momento em

6 FEREJOHN, J. Independent judges, dependent judiciary: Explaining judicial independence. Southern California Law Review, v. 72, n. 2–3,
p. 353, 1999.
7 SINGH, R. Why Democracy Needs Independent Judges. SOAS Law Journal, v. 7, n. 1, p. xx–xxiv, 2020.
8 FEREJOHN, J. Independent judges, dependent judiciary: Explaining judicial independence. Southern California Law Review, v. 72, n. 2–3,
p. 353, 1999.
9 HARDENBERGH, D. The future of Court Security and Judicial Safety. In: Future Trends in State Courts 2005; emergency preparedness;
security and the courts. [s.l.] National Center for State Courts, 2005. p. 86–88.
10 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Análise e gerenciamento de risco de magistrados. 2018. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/
wp-content/uploads/2018/07/876d201cdcdf1c10c55b072f74df803a.pdf. Acesso em: 2 ago. 2021.
11 TOMAZ, K. Homem que invadiu fórum planejava matar juíza e se suicidar, diz polícia. G1, 2016. Disponível em: http://g1.globo.
com/sao-paulo/noticia/2016/03/homem-que-invadiu-forum-planejava-matar-juiza-e-se-suicidar-diz-policia.html. Acesso
em: 2 ago. 2021.

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

que ela ingressava na sala de audiência. A faca de cozinha, feita de material não
metálico, não foi detectada na entrada do fórum12.

Incidentes do tipo aumentam a ansiedade dos juízes, dos servidores e de todos


os usuários do serviço de justiça.

A crescente preocupação com a segurança institucional das Cortes não é ex-


clusividade brasileira. Acadêmicos americanos apontam que a preocupação com
a segurança nos fóruns deu-se mais efetivamente após os anos 90 e, de maneira
mais intensa, após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e as ações de
bioterrorismo com o agente biológico antraz. Houve o entendimento de que o
Judiciário também poderia ser alvo de ataques terroristas13.

Não apenas terroristas, no entanto. Nos anos seguintes, ataques tiveram por
alvo juízes em razão de suas funções. Em 2005, por exemplo, houve tiroteio no
Tribunal do Condado de Fulton, em Atlanta, e, em Chicago, familiares de um juiz
federal foram assassinados14. O evento de Chicago, em particular, levantou a ques-
tão da proteção judicial fora do tribunal.

Em estudos diversos, pesquisadores americanos concluíram que 70% dos in-


cidentes de intimidação contra os juízes ocorreram fora do tribunal, indicando
que as situações de ameaça não se limitam ao local de trabalho. Da mesma forma,
concluíram que cartas e telefonemas inapropriados ou ameaçadores, junto com
ameaças de morte e bomba, foram os problemas mais comuns relacionados à
segurança dos juízes.

Ameaças relacionadas ao trabalho tornaram-se uma realidade tangível e re-


presentam uma fonte de ansiedade diária para os juízes americanos. Segundo os
analistas, as ameaças contra membros do Judiciário aumentaram em todo o país
na primeira década do século XXI, gerando preocupação por parte dos funcioná-
rios do governo encarregados de lidar com essas ameaças à segurança15 .

12 RODRIGUES, G. Após novo ataque em fórum de SP, juízes cobram reforço na segurança. Jovem Pan, 2019. Disponível em: https://
jovempan.com.br/programas/jornal-da-manha/apos-novo-ataque-em-forum-de-sp-juizes-cobram-reforco-na-seguranca.
html. Acesso em: 2 ago. 2021.
13 GOULD, J. B. Security at what cost? A comparative evaluation of increased court security. Justice System Journal, v. 28, n. 1, p. 62–78, 2007.
14 COOPER, C. S. The evolving concept of “court security”. Justice System Journal, v. 28, n. 1, p. 40–45, 2007.
15 MILLER, M. K.; FLORES, D. M.; PITCHER, B. J. Using constructivist self-development theory to understand judges’ reactions to a courthouse
shooting: an exploratory study. Psychiatry, Psychology and Law, v. 17, n. 1, p. 121–138, 2010.

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POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

Em junho de 2006, um juiz do Tribunal de Família foi baleado por um ati-


rador armado com um rifle de alta potência, atravessando a janela de sua sala
no Tribunal do Condado de Washoe, em Reno, Nevada. Investigação feita com
os juízes, após esse incidente, indica uma relação positiva entre preocupações
de segurança e medidas de estresse, incluindo estresse autorrelatado, sintomas
físicos de estresse (por exemplo, ansiedade, distúrbios do sono) e vários sintomas
de transtorno de estresse pós-traumático16. Entre as consequências relacionadas
ao desempenho no trabalho, foram listadas a incapacidade de permanecer im-
parcial, emoções negativas como irritabilidade e raiva, perda de fé na capacidade
do sistema de fornecer um ambiente seguro, confiança reduzida em sua própria
capacidade de se proteger.

Um estado emocional equilibrado dos magistrados é essencial para a inde-


pendência e justiça das decisões.

Embora, até aqui, tenha sido enfocada a segurança dos magistrados, a segu-
rança institucional e a inteligência tem um papel muito mais amplo.

16 MILLER, M. K.; FLORES, D. M.; PITCHER, B. J. Using constructivist self-development theory to understand judges’ reactions to a courthouse
shooting: an exploratory study. Psychiatry, Psychology and Law, v. 17, n. 1, p. 121–138, 2010.

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

3
A SEGURANÇA INSTITUCIONAL
NA PRÁTICA E OS DESAFIOS
PARA OS GESTORES
O livre acesso à Justiça requer um ambiente seguro e protegido em que todos
os que acessem os fóruns de justiça estejam livres de intimidação e medo. Como já
mencionado, a segurança institucional e a inteligência possuem um papel muito
mais amplo, além da essencial missão de proteção aos juízes. O pleno funciona-
mento da Justiça depende também dos servidores, dos advogados, dos promoto-
res/procuradores, das testemunhas e das partes. Todos esses necessitam de um
ambiente que lhes garanta segurança e acolhimento.

Incidentes em fóruns e tribunais também incluem outras vítimas além de juí-


zes. São exemplos: intimidações a vítimas de crimes, partes e testemunhas; agres-
sões a servidores; tentativa de fuga ou resgate de presos; entre outras situações
que afetam a segurança e o bem-estar de todos os que estão presentes. Com uma
nova consciência dos riscos e perigos que existem para aqueles que trabalham
e participam do sistema judicial, os gestores do Poder Judiciário enfrentam um
desafio: como tornar os fóruns seguros e protegidos, sem comprometer princípios
importantes, como o efetivo direito de acesso à Justiça, a presunção de inocência,
a empatia à vítima, sem frustrar a missão de uma justiça mais participativa?

São variados os questionamentos. Qual é o nível de segurança desejado? Quem


está autorizado a portar armas de fogo nas instalações? Quem será submetido
às triagens ordinárias? Como garantir que uma testemunha não seja intimidada
ao aguardar sua vez para depor? Como se dará o acesso das escoltas de réus ou

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POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

testemunhas que estejam presas? Ademais, todas as providências ideais ainda


esbarram em limites orçamentários. Quanto é razoável investir em segurança?17

Especialistas em segurança institucional na Austrália contraindicam uma


política que tenha foco exclusivo na segurança física. Mais do que a proteção
física, é necessário conjugar medidas de segurança psicológicas e culturais que
possam minimizar sentimentos de intimidação e estresse, e permitir uma maior
participação e bem-estar para usuários e funcionários do tribunal18. Assim, reco-
mendam três grupos de medidas.

O primeiro deles refere-se ao processo de coleta de dados e qualidade das in-


formações. Ingressa-se, como visto no primeiro tópico, na seara da inteligência. O
elemento-chave desse aspecto é a comunicação. O sistema de inteligência criado
pela Resolução n. 383/2021 permitirá a imprescindível troca de informações entre
os tribunais e entre o sistema de justiça e o sistema de segurança pública ou peni-
tenciária. Somente entendendo as ameaças, os gestores serão capazes de alocar
racionalmente os recursos para prevenir a violência e os ataques19 .

Ainda, é necessário criar uma boa rede de comunicação interna. É imprescin-


dível, por exemplo, que os agentes de segurança tenham conhecimento de que,
em certa data, haverá uma audiência com potencialidade de se tornar conflitu-
osa. Esse tipo de informação, em regra, é conhecida apenas dentro de cada vara.
Ao contrário do senso popular, nem sempre são audiências criminais as mais
suscetíveis a altercações. A informação prévia sobre um litígio problemático de
guarda filial em uma vara de família pode prevenir muitos problemas, bastando,
por exemplo, que se combine antes que uma das partes ficará em sala separada
até o horário da audiência.

Os objetivos de segurança do tribunal podem ser alcançados com a devida


preparação prévia e coleta de informações e com o desenvolvimento do correto
desenho da segurança judicial20.

17 GOULD, J. B. Security at what cost? A comparative evaluation of increased court security. Justice System Journal, v. 28, n. 1, p. 62–78, 2007.
18 SARRE, R.; VERNON, A. Access to safe justice in Australian courts: some reflections upon intelligence, design and process. International
Journal for Crime, Justice and Social Democracy, v. 2, n. 2, p. 133–147, 2013.
19 HARDENBERGH, D. The future of Court Security and Judicial Safety. In: Future Trends in State Courts 2005; emergency preparedness;
security and the courts. [s.l.] National Center for State Courts, 2005. p. 86–88.
20 BORDUN, O. Security of the judiciary power for sustainable development: a Ukrainian case. Law, Business and Sustainability Herald,
v. 1, n. 1, p. 23–32, 2021.

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

O segundo aspecto refere-se à organização dos espaços. Arquitetura, design,


psicologia social, aliados à análise dos dados colhidos pela inteligência, assumem
o protagonismo aqui. Há evidências crescentes de que layouts específicos de tri-
bunais melhoram o conforto, o acesso e os sentimentos de proteção e segurança.
Uma medida impopular, mas de extrema importância à segurança dos magistra-
dos, é o acesso privativo às dependências do fórum. Confundida como medida
elitista, o acesso separado, especialmente em estacionamentos e elevadores, evita
abordagens indevidas a magistrados e riscos inaceitáveis. Tal medida deve ser
estendida a membros do Ministério Público, evitando o tão comum constrangi-
mento/risco de encontrar réus nos elevadores e saídas de fóruns, especialmente
após audiências hostis.

Além dos permanentes acessos privativos a magistrados e membros do Mi-


nistério Público, a estrutura do fórum também deve permitir acessos diferencia-
dos ocasionais. Com o acompanhamento da equipe de segurança, testemunhas
e vítimas podem necessitar acessar as dependências da corte sem correr o risco
de se defrontarem com réus, por exemplo.

O estudo do espaço também contempla a questão da quantidade e localização


dos detectores de metais. É imprescindível garantir a segurança, mas sem romper
o ritmo razoável no fluxo das pessoas. Situações como muitas vezes são vistas na
entrada de bancos, em que pessoas praticamente se desvestem e o sistema ainda
emite sinal de alerta, geram sensação de revolta em todos os presentes. Sem des-
cuidar da segurança, os agentes responsáveis pela triagem devem ter treinamento
específico para lidar com esses problemas.

Ainda em relação aos espaços, por fim, não se deve descuidar das lições de
psicologia social e das investigações sobre comportamento. Ambientes de arquite-
tura ou decoração indevida podem gerar sensação de hostilidade ou sufocamento
nos presentes. Em uma pesquisa na Austrália, por exemplo, concluiu-se com sur-
presa que a equipe do balcão de recepção do tribunal tinha menos probabilidade
de ser assediada ou desacatada pelos visitantes quando as barreiras de vidro eram
removidas e substituídas por balcões de entrevista, onde os usuários podiam sen-

260
POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

tar-se para discutir assuntos21. Pelo visto, a simples possibilidade de sentar parece
acalmar os ânimos das pessoas, que se sentem menos dispostas a criar conflitos.

Outras medidas como a boa sinalização dos espaços, assentos confortáveis,


disponibilização de revistas ou obras de arte, plantas ou jardim de inverno, aces-
so a alimentos e bebidas em um café, entre outros, reduzem os sentimentos de
intimidação ou ansiedade, produzem efeito calmante nos usuários e aumentam
a sensação de prazer, de boas-vindas e de acolhimento.

Por fim, o terceiro aspecto é o treinamento e o gerenciamento de pessoal. Tra-


tar todas as pessoas com respeito e dignidade é avaliado como fundamental para
o senso de segurança psicológica dos usuários. Aqueles responsáveis pelo trato ao
público devem ter o treinamento necessário para lidar com usuários em variadas
situações, inclusive episódios de confronto, entendendo que na maioria das vezes
a visita ao fórum não tem uma motivação feliz. Também é essencial que o serviço
de informação tenha comunicação eficiente.

Os três grupos de medidas analisados seriam suficientes para provocar muitas


mudanças e melhorias. Entretanto, além da questão orçamentária e da expertise
necessária, os gestores ainda precisam lidar com as delicadas situações de grupo
de interesses entre usuários do sistema de justiça que guardam suas próprias opi-
niões sobre a segurança do tribunal22. Agindo politicamente, esses grupos tentam
influenciar as políticas judiciais sobre segurança.

Um dos assuntos mais difíceis de lidar é o acesso de armas nos fóruns. A po-
lêmica mais frequente é o caso dos policiais e a permissão para portar suas ar-
mas nos fóruns. De um lado, razoavelmente, os policiais argumentam que não se
sentem seguros quando estão uniformizados e não estão portando suas armas,
mesmo com a existência de cofres na entrada do fórum. Do outro lado, gestores
entendem que o ambiente está muito mais seguro se não há permissão para que
ninguém tenha acesso a armas, com exceção dos próprios seguranças treinados
para atuarem dentro do fórum. Não há solução ideal, e ambas as hipóteses pos-
suem seus riscos e benefícios. Contudo, consolida-se entendimento de que a pos-

21 SARRE, R.; VERNON, A. Access to safe justice in Australian courts: some reflections upon intelligence, design and process. International
Journal for Crime, Justice and Social Democracy, v. 2, n. 2, p. 133–147, 2013.
22 CAMPBELL, C. F.; REINKENSMEYER, M. W. The court security challenge: a judicial leadership perspective. Justice System Journal, v.
28, n. 1, p. 49–54, 2007.

261
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

sibilidade de policiais ingressarem com armas circunscreve-se apenas e somente


quando estiverem no fórum em razão de uma intimação para comparecer como
testemunha e em serviço23. Em qualquer outro caso, como em assuntos particu-
lares, o policial deverá comparecer desarmado ou depositar sua arma no cofre
do prédio.

Outra polêmica referente a grupos de influência na justiça é a dispensa confe-


rida a algumas pessoas de passar no detector de metais, ou de retornar caso seja
acionado o bipe. É o caso dos próprios funcionários ou grupos de acesso frequente
às dependências que por vezes têm a segurança relaxada pelos responsáveis da
entrada que já os conhecem. Embora, em regra, não haja incremento no risco à
segurança do local, para o público que presencia a cena, passa-se sinais de desleixo
ou de excepcionalidades que geram insegurança24. Desse modo é importante que
todos adiram às políticas de segurança de cada local.

Por fim, como desafio para o futuro, fruto de nossas preocupações do presente,
igualmente o gestor deverá prestar atenção a medidas de segurança sanitárias.
Imóveis de pouca circulação de ar, corredores estreitos, salas apertadas, etc. serão
cada vez menos tolerados pelos usuários do sistema de justiça. A pandemia da
covid-19 demonstrou, na prática, a possibilidade de se trabalhar, com eficiência,
com instrumentos de tecnologia que permitem, por exemplo, que menos pessoas
necessitem comparecer pessoalmente aos fóruns. As videoconferências devem
ganhar maior legitimidade, especialmente se evitarem deslocamentos de presos,
que geram insegurança e gastos inaceitáveis de escolta. Igualmente a criação de
mais salas passivas para audiências em que as partes estejam em locais diferentes
trarão maior acesso à Justiça e celeridade à solução dos litígios. Tudo isso demanda
estudos e avaliações constantes.

23 CAMPBELL, C. F.; REINKENSMEYER, M. W. The court security challenge: a judicial leadership perspective. Justice System Journal, v.
28, n. 1, p. 49–54, 2007.
24 GOULD, J. B. Security at what cost? A comparative evaluation of increased court security. Justice System Journal, v. 28, n. 1, p. 62–78, 2007.

262
POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

4
O PAPEL DA POLÍCIA JUDICIAL
NO ÂMBITO DA SEGURANÇA
INSTITUCIONAL DO PODER
JUDICIÁRIO
Inicialmente, há que se destacar o entendimento firmado pelo egrégio Su-
premo Tribunal Federal em que o rol de entidades estabelecido pelo artigo 144
da CRFB é numerus clausus, não podendo a lei ou ato normativo diverso instituir
outros órgãos de segurança pública25. A Polícia Judicial, contudo, não é órgão
de segurança pública, como já mencionado, ostentando atribuições apenas de
segurança institucional. Ela não se confunde com a polícia judiciária, cuja a atri-
buição é de “apuração das infrações penais e da sua autoria” (artigo 4º do Código
de Processo Penal) e que se constitui, essa sim, em órgão de segurança pública
expressamente previsto pelo artigo 144, I e IV, e §§ 1º, IV, e 4º, da CRFB. É inaplicável
à Polícia Judicial, portanto, a vedação traçada pela Suprema Corte.

Além disso, a Polícia Judicial tem fundamento de validade na própria Cons-


tituição Federal, que confere aos tribunais autonomia (artigo 99) e a competên-
cia privativa para organizar os seus serviços auxiliares (artigo 96, I, b). Como já
explanado, a Polícia Judicial é um órgão que presta segurança institucional ao
Judiciário, serviço auxiliar essencial à garantia da autonomia dos tribunais e in-
dependência dos juízes. É plenamente cabível, dessa forma, a sua instituição pelos

25 ADI 2.827, Rel. Min. Gilmar Mendes, Pleno, DJe de 6/4/2011.

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

tribunais, inclusive como forma de apoio na sua missão constitucional de zelar


pela preservação do Estado Democrático de Direito no Brasil.

Já ao Conselho Nacional de Justiça cabe a tarefa de zelar pela autonomia dos


tribunais, inclusive expedindo atos regulamentares para tanto (artigo 103-B, § 4º,
I, da CRFB), a qual ele cumpriu a contento ao editar a sua Resolução n. 344/2020,
que instituiu regras gerais para a Polícia Judicial, sem prejuízo da autonomia de
cada tribunal para a organização interna desse serviço auxiliar de acordo com as
suas próprias necessidades e possibilidades.

Tais premissas, que ensejaram a normatização da matéria, por sinal, já vinham


sendo sedimentadas há tempos na jurisprudência do Conselho Nacional Justiça,
o qual já consignara que “cumpre ao próprio Poder Judiciário exercer o poder de
polícia dentro de suas instalações”26 e, posteriormente, que “o Conselho Nacio-
nal de Justiça tem atribuição constitucional para regulamentar de forma geral o
exercício do poder de polícia administrativa interna dos tribunais”27.

Consolidando esses entendimentos, o ato normativo em questão veio a lume


justamente num momento de crise política e institucional na qual o Judiciário vem
sendo alvo de uma série de ataques que visam a solapar a sua capacidade de proteger
a ordem jurídica constitucional. O cenário exigia o fomento de uma força policial
própria, capaz de defender minimamente os juízes e tribunais dessas agressões sem
a total dependência de outros órgãos policiais estranhos à estrutura orgânica judi-
ciária, garantindo-se, assim, a separação dos poderes e a autonomia dos tribunais28.

Nesse contexto, a Resolução CNJ n. 344/2020 buscou traçar regras gerais para a
organização Polícia Judicial pelos tribunais, dispondo, em síntese, sobre os limites
e o objeto do poder de polícia administrativa dos tribunais (artigo 1º, parágrafo
único), as atribuições dos agentes e inspetores da Polícia Judicial (artigo 4º) e os
princípios que norteiam a sua atuação, entre os quais se destaca aquele previsto
no artigo 3º, II, consistente em garantir “a autonomia, independência e impar-
cialidade do Poder Judiciário”, em sintonia com a sua missão de ser o órgão de
segurança institucional dos tribunais brasileiros.

26 PCA 0005286-37.2010.2.00.000, Relator Conselheiro Felipe Locke Cavalcanti, julgado em: 23/11/2010.
27 Consulta 0001370-24.2012.2.00.0000, Relator Conselheiro Fernando Mattos, julgado em: 26/6/2018.
28 CAETANO, Leandro. A constitucionalidade da Polícia Judicial. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/cam-
panhas-e-produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/artigos/2020/a-constitucionalidade-da-policia-judicial. Acesso em: 2 ago. 2021.

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POLÍCIA JUDICIAL, SEGURANÇA INSTITUCIONAL E INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A segurança institucional não é uma função delegável aos responsáveis pela
segurança pública. É uma responsabilidade crítica dos juízes e de todos aqueles
que integram o Poder Judiciário, demandando a comunicação intensa com agentes
de inteligência e autoridades policiais, visando também, além da segurança física,
o bem-estar de todos os usuários. Houve evoluções importantes para a compreen-
são do que significa segurança e sua importância para o acesso, a participação na
justiça e a própria independência dos juízes. Esses avanços igualmente demons-
tram a importância de equilibrar uma gama de interesses e necessidades daqueles
que participam e trabalham no ambiente do tribunal.

É claro que nem todas as possibilidades de perigo podem ser evitadas, mas as
estratégias de boa governança identificarão os possíveis danos e minimizarão seu
impacto. Identificar riscos razoavelmente previsíveis é um dever que permanece
constantemente com os administradores; assim, também, compreender e avaliar
as necessidades de segurança dos usuários e servidores do tribunal.

Essas são as tarefas de um Poder Judiciário moderno, cuja consecução deman-


da a instituição de núcleos de inteligência de segurança institucional e a existência
de uma polícia judicial organizada e adequadamente instrumentalizada, confor-
me sensivelmente captado e normatizado de modo geral pelo Conselho Nacional
de Justiça em âmbito nacional.

265
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APLICABILIDADE PRÁTICA NO DIREITO

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