Abge Boletim 4 Ensaio de Permeabilidade de Solos

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ABGE Boletim 4 - Ensaio de Permeabilidade de Solos

Geologia Geral (Universidade Federal de Ouro Preto)

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ENSAIOS DE
PERMEABILIDADE EM SOLOS
ORIENTAÇÕES PARA SUA EXECUÇÃO NO CAMPO

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2013 Associação Brasileira de Geologia de Engenharia - ABGE


Av. Professor Almeida Prado, 532 - IPT (Prédio 11) - Cid. Universitária
CEP 05508-901 - São Paulo-SP

Impresso no Brasil

Coordenadores
Adalberto Aurélio Azevedo
José Luiz Albuquerque Filho

Apoio Editorial
Nill Cavalcante e Renivaldo Campos

Figuras e Ilustrações
Aroldo Ribeiro da Silva

Diagramação e Capa
Rita Motta

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ensaio de permeabilidade em solos : orientações


para sua execução no campo. -- São Paulo : ABGE -
Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
e Ambiental, 2013.

Vários autores
Bibliografia
ISBN 978-85-7270-062-7

1. Geologia 2. Geologia ambiental 3. Geologia


de engenharia 4. Permeabilidade do solo.

13-11390 CDD-624.151
Índices para catálogo sistemático:
1. Geologia de engenharia 624.151

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Coordenadores
Adalberto Aurélio Azevedo
José Luiz Albuquerque Filho

ENSAIOS DE
PERMEABILIDADE EM SOLOS
ORIENTAÇÕES PARA SUA EXECUÇÃO NO CAMPO

4ª. Edição
São Paulo - SP
2013

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SUMÁRIO

Apresentação ......................................................................................................7
Introdução .........................................................................................................9

Primeira Parte
os tIpos DE EnsAIos E sUA pRoGRAMAÇÃo...............................13
Classificação dos ensaios ......................................................................15
Programação dos ensaios .....................................................................16
Propriedades dos solos de interesse a uma programação ...............17
Validade dos ensaios ............................................................................18

Segunda Parte
A pRAtICA Dos EnsAIos........................................................................21
Ensaios em sondagens ..........................................................................23
Ensaios em poços ..................................................................................28
Ensaios em cavas ...................................................................................30

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Terceira Parte
CÁLCULo Do CoEFICIEntE DE pERMEABILIDADE ...................33
Ensaios em sondagens .........................................................................35
Ensaios em pocos .................................................................................35
Ensaios em cavas ...................................................................................35

Quarta Parte
sLUG tEst .....................................................................................................37

ANEXO I - FIGURAS DE ENSAIOS ...........................................................57


ANEXO II - ÁBACOS ....................................................................................63
ANEXO III - PLANILHAS ............................................................................69

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APRESENTAÇÃO

Em janeiro de 1981 foram editadas, pela primeira vez, as orientações


para execução de ensaios de permeabilidade em solos no campo. À época,
a edição tinha um caráter de primeira tentativa, e esperava-se que suges-
tões e críticas viessem a ser feitas com o intuito de aprimorá-las.
Após a primeira e a segunda edições se esgotarem, e devido à grande
aceitação e utilização pelo meio técnico, foi lançada, em 1996, a terceira
edição, coordenada pelos geólogos Antonio Manoel dos Santos Oliveira
e Diogo Corrêa Filho, que foi adotada como norma pelo meio técnico e
amplamente utilizada ao longo dos últimos anos.
Após a terceira edição também ter-se esgotado, viu-se a necessidade
de se lançar uma nova edição, revisada e atualizada, do manual de Ensaios
de Permeabilidade em Solos. Para tanto, foi criado um grupo de trabalho,
composto pelos geólogos Adalberto Aurélio Azevedo, Ana Maciel Carvalho,
Diogo Corrêa Filho, Gustavo Cavalli Ciotto, José Luiz Albuquerque Filho,
Luiz de Almeida Prado Bacellar, Malva Andrea Mancuso, Marcos Musso,
Marilda Tressoldi e Monique Lizier, a cargo do qual ficou a responsabilida-
de de tal tarefa.
Como as demais edições, além de uma revisão completa do seu texto,
esta quarta edição também passou por readequações e inclusão de itens,
como por exemplo, o capítulo destinado ao ensaio Slug Test.
A ABGE agradece a todos os que tornaram possível a presen-
te edição do Manual, assim como agradece, antecipadamente, às futuras

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contribuições que, porventura, outros colaboradores vierem a dar, uma vez


que, a introdução de melhorias contínuas ao presente manual sempre foi e
sempre será um dos objetivos a ser alcançado.

A Diretoria da ABGE

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INTRODUÇÃO

• OS ENSAIOS

Os ensaios, de permeabilidade em solos são correntemente realizados


em Geologia de Engenharia e Ambiental com a finalidade de se determi-
nar os coeficientes de permeabilidade dos terrenos objeto de estudos para
implantação ou consolidação de obras civis e/ou projetos ambientais. São
realizados com frequência em locais de projetos de barragens, de túneis,
para implantação de aterros sanitários, para investigação em áreas conta-
minadas, etc. Em menor escala são usados em outros tipos de obras, como
canais e estradas. São, frequentemente, executados em furos de sondagem
a percussão, poços de monitoramento e piezômetros, onde são conhecidos,
genericamente, como “ensaios de infiltração”. Com menor frequência são
aplicados em poços de inspeção e cavas abertas em solo.
Estes ensaios não utilizam sistemas de observação da variação das
cargas piezométricas nas imediações do furo onde se realiza o ensaio. Por
esta razão, os ensaios objeto destas diretrizes são também conhecidos como
“ensaios pontuais”.
Neste aspecto, assemelham-se aos “ensaios de perda d’agua sob pres-
são”, também pontuais. Estes “ensaios de perdas d’agua sob pressão” apli-
cados nos maciços rochosos (OLIVEIRA et al., 1975), juntamente com os
“ensaios de infiltração”, perfazem o conjunto de ensaios de permeabilidade

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comumente usados pela Geologia de Engenharia e Ambiental para caracte-


rização hidráulica e hidrogeotécnica dos terrenos naturais e/ou artificiais.

• OBJETIVO DAS ORIENTAÇÕES

Por ser de uso corrente em Geologia de Engenharia, os ensaios, de ma-


neira geral, exigem uma padronização para sua realização e interpretação.
O objetivo deste trabalho é uniformizar a metodologia de execução e
cálculo dos ensaios de permeabilidade pontuais em solos, o que se constitui
num passo fundamental para sua padronização e normalização.
Estas “orientações” foram editadas pela primeira vez em 1981 e, à
época, tinham um caráter de 1ª tentativa. A aceitação dessas “orientações”
pelo meio técnico exigiu que estas fossem, mais uma vez, reeditadas, agora
em edição revista e ampliada. Na edição atual foram mantidos a forma e
o conteúdo básico da primeira edição e acrescentado às orientações os en-
saios denominados “slug test”, também caracterizados como ensaios pon-
tuais e, atualmente, também de amplo uso.

• AS ORIENTAÇÕES

Para alcançar os objetivos propostos para a “1ª tentativa”, realizou-se


um amplo levantamento bibliográfico dos vários métodos e formulações,
seguindo-se como critérios de seleção:
• a fundamentação teórica e a comprovação prática que deixassem
a menor margem a dúvida; e,
• a simplicidade da aplicação da fórmula.
Esta seleção foi apoiada por uma série de ensaios, programados e
realizados no campo, possibilitando a comparação objetiva entre os diver-
sos métodos.

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A análise dos diversos métodos não ficou limitada, portanto, às fór-


mulas de cálculo dos coeficientes de permeabilidade, mas se estendeu tam-
bém à definição do modo mais indicado à realização dos ensaios.
Neste sentido, julgou-se ser de interesse para o meio técnico, não
a fixação propriamente de diretrizes, mas o estabelecimento de orienta-
ções que, ao servirem para o uso adequado da técnica, também devem
permitir o seu contínuo aperfeiçoamento. Assim, a fixação de diretrizes
seria de responsabilidade do técnico responsável por uma dada progra-
mação de ensaios, cuja elaboração seria dirigida a um problema hidro-
geotécnico específico.
As orientações foram redigidas da maneira mais simplificada possí-
vel de modo a alcançar ampla divulgação.
Esta edição mantém a formatação inicial da primeira edição, que foi,
originalmente, subdividida em três partes. Na 1ª parte são abordadas as
questões que envolvem os ensaios, ou seja, os tipos de ensaio, sua progra-
mação, tanto em nível geral de um projeto quanto de alguns condicionan-
tes locais (propriedades dos solos) e sua validade. A 2ª parte corresponde a
uma descrição detalhada dos vários itens relativos à execução dos ensaios
na prática: escolha e preparação dos ensaios, equipamentos usados e reali-
zação. Na 3ª parte são apresentadas as fórmulas selecionadas e as orienta-
ções necessárias ao cálculo do coeficiente de permeabilidade. De maneira a
facilitar este cálculo são também apresentados ábacos.
Para manter a homogeneidade e lógica das edições anteriores, toda
a orientação para execução do ensaio slug test e o cálculo da permeabili-
dade a partir deste ensaio é apresentada em um único bloco, compondo a
4ª parte desta edição.

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PRIMEIRA PARTE

OS TIPOS DE ENSAIO E
SUAS PROGRAMAÇÕES

Foto: Google Earth

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• CLASSIFICAÇÃO DOS ENSAIOS

Embora os ensaios de permeabilidade em solos estejam, na prática,


intimamente associados ao método de prospecção empregado (sondagens
a trado e a percussão, poços rasos e trincheiras), do ponto de vista hidro-
geotécnico tais ensaios podem ser classificados conforme a maneira de
realização (ensaios a nível constante e a nível variável) e o diferencial de
pressão aplicado ao aquífero, positivo (carga) ou negativo (descarga). De-
ve-se considerar que os ensaios realizados nas porções não saturadas dos
solos (acima do lençol freático) admitem, obviamente, apenas a realização
por injeção de água (ensaios de carga).
Destaca-se, neste cenário, o ensaio slug test, realizado sempre abaixo
do nível d’água, tanto em ensaios de carga como de descarga.
O quadro a seguir apresenta a classificação proposta.

Maneira de pressão Denominação Método de


realização aplicada dos ensaios prospecção
carga infiltração sondagens, poços e cavas
Nível constante
descarga bombeamento poços e sondagens
carga rebaixamento sondagens e poços
Nível variável
descarga recuperação poços e sondagens

Os ensaios a nível constante são realizados através da manutenção


do nível d’agua num furo de sondagem, poço ou trincheira, numa posição
constante ao longo de toda duração do ensaio. Este nível d’água pode ser
estabelecido de duas maneiras:
• pela introdução de água (ensaios de infiltração): neste caso é apli-
cada uma carga (constante), medindo-se a vazão injetada neces-
sária para manutenção do nível d’água constante; e,
• por meio da retirada de água (ensaios de bombeamento): neste
caso, o aquífero é descarregado, medindo-se a vazão bombeada

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necessária para manter constante o nível d’água rebaixado, sempre


na mesma posição.
Nos ensaios a nível variável, o nível d’água natural é alterado para
uma posição que se pode denominar nível d’água inicial do ensaio. A ten-
dência do nível d’água voltar à posição original é acompanhada ao longo do
tempo de realização do ensaio. O nível d’água inicial pode ser estabelecido
também de duas maneiras:
• pela introdução de água (ensaios de rebaixamento) e medindo-se
em seguida sua velocidade de rebaixamento; e,
• por meio da retirada de água (ensaios de recuperação) e medin-
do-se, em seguida, a velocidade do recuperação.
Ressalta-se, que o ensaio slug test é sempre executado a nível variá-
vel, tanto em ensaio de rebaixamento como em ensaio de recuperação do
nível d’água.

• PROGRAMAÇÃO DOS ENSAIOS

É conveniente, antes de se entrar em detalhes quanto à execução dos


ensaios, identificá-los no contexto de uma programação.
Considerando-se a realização dos ensaios no âmbito de um estudo
hidrogeotécnico aplicado a um dado local, sua programação obedece às
orientações gerais de tal estudo. Em geral, essas orientações visam caracte-
rizar os comportamentos hidráulicos de cada uma das unidades geotécni-
cas presentes, ou, em outras palavras, os compartimentos hidrogeotécnicos
do maciço objeto do estudo.
A definição destas unidades resulta da identificação prévia das
características geológicas de cada uma das lentes, camadas ou estratos pre-
sentes que implicariam, numa primeira aproximação, em compartimentos
hidrogeotécnicos relevantes frente às solicitações impostas pela obra.
Cada unidade constitui o referencial básico para todas as operações
de análise dos resultados dos ensaios assim programados: interpolações e

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extrapolações de resultados, análises estatísticas, correlações com outros


parâmetros geotécnicos, etc.
À medida que os ensaios são realizados e outras observações no
âmbito de uma campanha de investigação são obtidas (resultados de moni-
toramento piezométrico, por exemplo), os compartimentos hidrogeotécni-
cos são aferidos, e, eventualmente, reformulados, até que os dados obtidos
sejam compatíveis com o plano de estudo inicialmente proposto.
O fluxograma a seguir sintetiza a metodologia proposta.

Por outro lado, nos estudos de projeto de obras (em especial de bar-
ragens, túneis e em projetos ambientais, onde os ensaios são, normalmen-
te, realizados de maneira sistemática), a programação dos ensaios fica na
dependência da programação geral dos estudos que não têm, como único
objetivo, a caracterização hidrogeotécnica. Compete aos responsáveis por
tais estudos gerais compatibilizar todos os meios de prospecção usados,
aplicando um roteiro metodológico adequado e que cumpra da melhor
forma possível todos os objetivos visados. Por exemplo: sondagens a per-
cussão para obtenção concomitante de dados geológicos, de valores de
SPT, de coeficientes de permeabilidade; poços para retirada de amostras
indeformadas e ensaios de permeabilidade etc.

• PROPRIEDADES DOS SOLOS DE INTERESSE A UMA PROGRAMAÇÃO

permeabilidade dos solos: a estimativa prévia desta propriedade pode


ser de interesse à programação dos ensaios (escolha dos tipos de ensaios,
tamanho dos trechos a ensaiar, vazões esperadas, etc.). Esta estimativa pode

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ser efetuada com base na granulometria dos solos, seja através de fórmulas,
como a de Hazen (MELLO, TEIXEIRA, 1967) ou, sobretudo, através da
experiência do técnico. Segundo Hazen, a permeabilidade (K) pode ser es-
timada com base no diâmetro efetivo d10 (diâmetro tal que o peso de todos
os grãos menores constitua 10% do peso total da amostra):
Embora esta fórmula tenha sido determinada empiricamente, com
grãos de areia uniformes, cujo d10 variava entre 0,01 e 0,3 cm, esta esti-
mativa de K (em cm/s) pode ser usada como ordem de grandeza. A expe-
riência técnica pode ser traduzida por tabelas como a apresentada a seguir
(MELLO, TEIXEIRA, 1967):

Coesão do solo: esta propriedade pode ser condicionante na programação


dos ensaios, por constituir uma limitação à abertura de poços e trincheiras
e à preparação de trechos de ensaio em furos de sondagem. Com efeito,
problemas de desmoronamento podem influir significativamente nos re-
sultados dos ensaios, ou mesmo impedir sua realização. Se tais problemas
podem ser, facilmente, constatados em poços e trincheiras, o mesmo não
acontece em furos de sondagem à percussão. Contudo, a coesão do ma-
terial pode ser estimada por análise táctil-visual das amostras coletadas
durante a execução das sondagens e a experiência tem mostrado que os
maiores problemas têm ocorrido somente com areias puras, aluvionares,
também conhecidas como “areias lavadas”.

• VALIDADE DOS ENSAIOS

Dentre os vários fatores condicionantes da validade dos ensaios, des-


taca-se o regime de escoamento que, teoricamente, deve ser permanente,
permitindo assim o uso da maioria das fórmulas adotadas.

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Este regime de escoamento pode ser controlado no campo através


das medidas de vazão durante a execução dos ensaios. Quando estas vazões
permanecem constantes ao longo do tempo, pode-se dizer que foi atingido
um regime de escoamento permanente.
O regime de escoamento permanente é atingido mais rapidamente
em trechos de ensaio situados abaixo do nível d’água natural, pois o solo já
se encontra saturado. Em trechos de ensaio situados acima do nível d’água,
deve-se dar mais atenção ao tempo envolvido no ensaio, pois será necessá-
ria a prévia saturação do solo até que o regime de escoamento permanente
seja alcançado.
Os tempos recomendados para a execução dos ensaios não são su-
ficientes para atingir plenamente o regime de escoamento permanente
(vazões constantes). Contudo, a experiência tem demonstrado que estes
tempos parecem ser suficientes para se atingir resultados satisfatórios,
compatíveis com os erros inerentes à própria execução dos ensaios. Por-
tanto, estes tempos devem ser considerados como orientativos, cabendo ao
técnico responsável o seu redimensionamento, caso necessário.
O “Manual de Sondagens” (ABGE, 2013) considera vazões estabili-
zadas quando:
a) não é observada uma variação progressiva nos valores lidos;
b) a diferença entre leituras isoladas e seu valor médio não supera 20%.
Deve-se também considerar, sob o mesmo aspecto de validade, a
aplicação das fórmulas além de suas limitações. Ou seja, cabe ao responsá-
vel pelos ensaios adotar ou não as fórmulas fora de seus limites de validade,
assim como as restrições e limitações impostas para a execução de alguns
ensaios, tendo em vista, por um lado, a precisão requerida na definição da
permeabilidade e, por outro lado, a conveniência em se executar ensaios
diferentes num mesmo furo ou poço, para melhor controle dos valores
obtidos. Por exemplo, um ensaio de infiltração pode ser imediatamente su-
cedido por um de rebaixamento, a exemplo do que é usualmente executado
em ensaios slug test. Ainda sob o aspecto da aplicabilidade das fórmulas,
merece atenção o fato de sempre se considerar o solo ensaiado como ho-
mogêneo e isótropo, onde permanece valida a lei de Darcy.

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Cabe finalmente considerar a eventual ocorrência de “surpresas” du-


rante a execução dos ensaios, ou seja, por exemplo, variações bruscas do
nível d’água, alteração das medidas de vazão após ter sido atingida certa
constância, etc. Tais “surpresas” devem ser consideradas como ocorrências
naturais, que merecem a devida atenção, e serem elucidadas, pois, caso não
tenham sido provocadas por erros de execução do ensaio (vedação entre re-
vestimento e terreno natural prejudicada, erros de medida, etc.), podem es-
tar revelando comportamentos que podem ter certa importância geotécnica
(suscetibilidade a piping, colmatação, ocorrência de estruturas orgânicas
como formigueiros etc.).
Em resumo, pode-se considerar que a questão da validade do ensaio
deve ser observada segundo dois aspectos:
• No que se refere ao ensaio propriamente dito, considerado como
um modo de se testar o comportamento hidrogeotécnico do ter-
reno e não apenas como um meio restrito para a determinação
do valor de K, sua validade repousa no acompanhamento de-
talhado de sua realização e na elucidação dos fenômenos que
porventura venham a ocorrer. Somente após a elucidação de tais
fenômenos, deve-se entrar em considerações a respeito da vali-
dade do cálculo de K.
• No que se refere a este segundo aspecto, da determinação do va-
lor de K, a validade é relativa à precisão requerida pelo problema
geotécnico e limitada pela margem de erro imposta pela própria
execução dos ensaios.
Tanto um aspecto quanto o outro exigem uma atenção especial do
técnico responsável pela realização dos ensaios.

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SEGUNDA PARTE

A PRÁTICA
DOS ENSAIOS

Foto: Ensaios em poços e cavas – Monique Flores Pereira - Regea

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Considerando-se que os ensaios se encontram, na prática, bastante


vinculados ao método de prospecção, optou-se por apresentar este capítulo
segundo tais métodos, ou seja, ensaios em furos de sondagens a trado e a
percussão, em poços e em trincheiras.
A prática dos ensaios envolve todas as etapas, desde a preparação do
trecho de ensaio, até sua execução propriamente dita, incluindo a escolha
do tipo mais adequado às condições existentes no local.
Os ensaios slug test são executados em poços de pequeno diâmetro e
piezômetros devidamente instalados e são apresentados à parte.

• ENSAIOS EM SONDAGENS

Além das orientações aqui formuladas, no que se refere aos ensaios


de infiltração e rebaixamento, julga-se de interesse também considerar o
“Manual de Sondagens” editado pela ABGE (2013).

1) Definição do trecho a ser ensaiado

Em sondagens revestidas, o trecho de ensaio corresponde ao intervalo


entre o final do revestimento e o fundo do furo. Em sondagens não revesti-
das, nos ensaios a nível constante, o trecho de ensaio corresponde ao inter-
valo entre a posição do nível d’água e o fundo do furo, e nos ensaios a nível
variável o trecho de ensaio varia com a carga. Neste caso, recomenda-se
considerar, para cálculo, o trecho de ensaio como sendo aquele compreen-
dido entre a posição do nível d’água na metade do tempo necessário para o
rebaixamento considerado no cálculo e o fundo do furo.
É conveniente a escolha de trechos tanto maiores quanto menor for
a permeabilidade estimada, de maneira a permitir uma medida mais fácil
da vazão. O gráfico orientativo da figura a seguir apresenta a grandeza da
vazão em função da permeabilidade (K) esperada e da carga atuante (h),
para trecho de ensaio de 1 m em furos com diâmetro de 6,35 cm (2 1/2”).

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A escolha de trechos, tanto menores quanto menos coesivo for o solo


a ser ensaiado, pode eliminar, ou minimizar, problemas de desmoronamen-
to. O limite é a execução do ensaio no fundo do furo (paredes totalmente
revestidas). Contudo, os resultados de ensaios executados nestas condições
estão sujeitos a erros importantes devido à pequena área ensaiada (influen-
cia de pequenas estruturas locais) e à possibilidade de decantação de finos
no fundo do furo, colmatando-o.
Deve-se considerar ainda que, no caso de sondagens revestidas, a es-
colha de um trecho longo tende a minimizar o erro advindo de eventuais
fugas d’água entre o revestimento e as paredes do furo.

2) Preparação do trecho a ser ensaiado

Durante a perfuração do trecho a ser ensaiado, recomenda-se o uso


de água sem material em suspensão visível a olho nu.
Ao se atingir a cota de ensaio, deve-se levantar um pouco a compo-
sição de perfuração e, com o revestimento posicionado na profundidade
prevista, manter a circulação d’água até que a água de retorno apresente-se
sem detritos ou materiais em suspensão, visíveis a olho nu.

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Em furos revestidos recomenda-se, durante a perfuração, não girar o


revestimento ao ser aprofundado, minimizando, assim, a possibilidade de
fugas d’água entre o revestimento e as paredes do furo.
Especialmente em solos poucos coesivos, e abaixo do nível d’água
local, deve-se procurar manter a coluna d’água na boca do furo para evitar
desmoronamento das paredes.

3) Escolha do tipo de ensaio

A escolha de ensaios de bombeamento ou recuperação (descarga)


exige, de início, a disponibilidade de dispositivos que, normalmente, não
são necessários nos ensaios de infiltração ou rebaixamento (carga). Tais
dispositivos são, basicamente, filtros que impeçam o eventual carreamento
de partículas do solo do trecho ensaiado e bombas. Devido a estes requi-
sitos, que exigem inclusive melhor infraestrutura no local, são mais rara-
mente executados. Contudo, vale lembrar que a ocorrência de artesianismo
pode se assemelhar a um ensaio de bombeamento, onde a diferença de
altura entre os níveis estático e dinâmico equivale à descarga total passível
de se alcançar e a vazão da surgência equivale à vazão bombeada. Sendo
assim, a imposição de um nível dinâmico variável, condicionado pela va-
riação da altura da saída da água na boca do revestimento, corresponde a
um ensaio de descarga (bombeamento).
Portanto, dada a maior simplicidade de execução, a escolha frequen-
temente recai nos ensaios de carga. Para estes ensaios, o “Manual de Son-
dagens” (ABGE, 2013) sugere o seguinte critério de opção entre se realizar
um ensaio a nível constante (infiltração) ou a nível variável (rebaixamen-
to): “Será feito ensaio de rebaixamento quando a carga hidráulica do trecho
ensaiado for superior a 0,02 MPa (> 2 metros) e, por avaliação, o rebaixa-
mento da água no interior do revestimento for inferior a 10 cm/min”.

4) Equipamentos

O “Manual de Sondagens” (ABGE, 2013) recomenda, para os ensaios


de carga, os seguintes equipamentos:

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a) Bomba d’ água com capacidade mínima de 40 litros por minuto;


b) hidrômetro calibrado, em boas condições, com divisões de escala
em litros, testado no início de cada furo e sempre que houver sus-
peita de mau funcionamento. O hidrômetro não deve apresentar
desvio superior a 10% do valor real na faixa de vazão entre 10 e
40l/min. É vedado o uso de curvas de calibração;
c) tambor graduado em litros com capacidade de, aproximadamen-
te, 200 litros;
d) provetas ou latas graduadas a cada 50 centímetros cúbicos, com
capacidade mínima de 1 litro;
e) funil com rosca para acoplamento no revestimento, com redução
mínima de 2,54 cm (1”) e diâmetro maior que 20 centímetros;
f) escarificador, constituído por uma haste decimétrica de madeira
com numerosos pregos sem cabeça semi-cravados; e,
g) medidor de nível d’água.
Nesta listagem deve-se incluir, para os ensaios que requerem bom-
beamento:
a) bombas do tipo injetora, bomba de sucção ou bomba submersa,
tubos do PVC e tela.

5) Execução e acompanhamento dos ensaios

Para o acompanhamento adequado dos ensaios recomenda-se que os


dados de campo sejam lançados em um modelo de tabela, como a sugerida
no ANEXO 2.

a) Ensaio de infiltração

Enche-se o furo de água até a boca, tomando-se este instante como


tempo zero. O nível de água no furo deve ser mantido constante, alimentado

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por uma fonte apropriada (utilizar gráfico orientativo apresentado ante-


riormente), medindo-se o volume de água introduzido durante certo in-
tervalo de tempo (vazão).
É aconselhável a elaboração de um gráfico onde seja lançado na abs-
cissa o tempo e na ordenada o volume acumulado ou vazão. Tal gráfico
possibilita a observação da estabilização da vazão, que é caracterizada por
uma reta. Essa é a vazão que será utilizada no cálculo da permeabilidade
(vazão constante).
Pode-se estimar um tempo médio de 20 minutos por ensaio.

b) Ensaio pontual de bombeamento

Começa-se a bombear a água do furo, tomando-se este instante


como tempo zero. Anota-se, na folha do ensaio, o tempo, a variação do
nível d’água no interior do furo e o volume d’água retirado do furo, até
que o nível d’água no interior do furo e a vazão permaneçam praticamen-
te estáveis. É aconselhável a elaboração de dois gráficos. No primeiro, são
lançados os valores de vazão x tempo. No segundo, rebaixamento x tempo.
Esses gráficos possibilitam a observação da estabilização do nível d’água
no furo e a vazão correspondente, necessária para manter o rebaixamen-
to constante, a qual será usada no cálculo da permeabilidade, juntamente
com o rebaixamento alcançado.

c) Ensaio de rebaixamento

Enche-se o furo de água até a boca, anotando-se este instante. Em en-


saios realizados acima do nível d’água do terreno, o nível d’água do furo deve
ser mantido na boca, estável, por cerca de 10 minutos, para “saturação”.
Interrompe-se o fornecimento d’água, tomando-se este instante como
tempo zero. Imediatamente após, e a intervalos curtos no início e mais lon-
gos em seguida (por exemplo, 15”, 30”, 1’, 2’, 3’, 4’, 5’, e assim, sucessivamente),

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acompanha-se o rebaixamento do nível d’água no furo. Recomenda-se que


o ensaio seja dado por concluído quando o rebaixamento atingir 20% da
carga inicial aplicada ou 30 minutos de ensaio.

d) Ensaio de recuperação

Bombeia-se a água do furo até se obter um rebaixamento de, pelo


menos, 1 m abaixo do nível d’água estático, mantendo-se assim até se atin-
gir condições de fluxo permanente (vazões constantes), ou próximas.
Interrompe-se o bombeamento, tomando-se este como tempo zero.
Imediatamente após, e em intervalos de tempo semelhantes aos do ensaio
de rebaixamento, controla-se a recuperação do nível d’água. Para o térmi-
no do ensaio, recomenda-se seguir as mesmas orientações anteriormente
apresentadas para os ensaios de rebaixamento.

• ENSAIOS EM POÇOS

1) Definição do trecho a ser ensaiado

Geralmente, em cada poço de prospecção, são definidos mais do que


1 ou 2 trechos de ensaio. Tais trechos são delimitados pelo nível d’água de
ensaio e o fundo do poço.

2) Preparação do trecho a ser ensaiado

Além dos cuidados necessários para se evitar desmoronamentos,


recomenda-se escarificar as paredes do trecho para evitar qualquer veda-
ção provocada pela escavação. É aconselhável efetuar um mapeamento ou
inspeção visual para identificação de possíveis estruturas que possam in-
fluenciar significativamente nos resultados.

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3) Escolha do tipo de ensaio

Os poços de inspeção geotécnica, quando acima do nível d’água do


terreno, permitem apenas a execução de ensaios do tipo infiltração e re-
baixamento (carga). Abaixo, admitem também a execução de ensaios de
bombeamento e recuperação.

4) Equipamentos

A lista relacionada como necessária para execução de ensaios em


furos de sondagem permanece válida para os ensaios em poços. Contu-
do, dada à possibilidade de ensaios em poços envolverem vazões muito
superiores àquelas dos furos de sondagem, ressalta-se a necessidade de se
prever, antes do inicio dos ensaios, sua ordem de grandeza. Esta previsão
deverá permitir a escolha do equipamento mais adequado. No caso de en-
saios de carga, deve também possibilitar a verificação da fonte de água dis-
ponível, se é ou não suficiente para a realização do ensaio.

5) Execução e acompanhamento do ensaio

Preenche-se a Tabela apresentada no ANEXO 1. A quantidade de


água necessária para a realização do ensaio de carga envolve o volume para
encher o trecho do ensaio no interior do poço, o volume para saturar o ter-
reno no entorno do poço (para se atingir uma vazão constante) e o volume
usado no ensaio propriamente dito (medidas de vazão constante). Na figu-
ra a seguir, apresentam-se indicações para a avaliação do volume corres-
pondente à vazão constante do ensaio, que pode ser estimada adotando-se
um valor de permeabilidade compatível com as observações feitas no ter-
reno a ser ensaiado, para ensaios de infiltração com carga de um metro em
poços de 1 e 2 m de diâmetro.

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Analisando-se o gráfico, verifica-se, contudo que, excetuando-se o


caso de solos muito permeáveis, a questão da previsão de volumes reside,
predominantemente, no volume necessário para encher o poço até o nível
desejado. Por exemplo:

Diâmetro do poço (m) Altura d’água Volume


1 1 785
2 1 3.140

A maneira de execução destes ensaios é semelhante à descrita para os


ensaios correspondentes em furos de sondagem.

• ENSAIOS EM CAVAS

MATSUO (1953) desenvolveu este tipo de ensaio para cavas regula-


res, estabelecendo uma metodologia simples para sua realização. As cavas
utilizadas segundo este método são rasas, com forma regular e seção tra-
pezoidal. Dada à divulgação que este ensaio teve, passou a ser conhecido,
no meio técnico, por ensaio Matsuo. As orientações apresentadas a seguir
dizem respeito a este tipo de ensaio.

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1) Preparação do local e da cava a ser ensaiada

No local do ensaio, o terreno deve ser escavado até o horizonte do


solo a ser ensaiado. A escavação deve prever uma área com dimensões
apropriadas, nivelada e protegida por drenagem superficial.
Nesta área é então delimitada, e em seguida, aberta a cava. Recomen-
da-se, como no caso dos poços, escarificar suas paredes e fundo.
Para a determinação e controle do nível do lençol freático na área do
ensaio, sugere-se a execução de um furo a trado nas proximidades da cava
(aproximadamente 5,0 m, por exemplo).

2) Equipamentos

Podem ser usados os mesmos descritos para os ensaios em furos


de sondagem.

3) Execução e acompanhamento do ensaio

A evaporação d’água durante o ensaio pode alcançar taxas elevadas,


suficientes para influir nos resultados. É necessário, portanto, medi-la du-
rante a realização do ensaio, o que pode ser feito por meio de um recipiente
de seção conhecida. Para se obter a medida de evaporação, coloca-se, ao
inicio do ensaio, um volume d’água conhecido no recipiente e, ao terminar
o ensaio, mede-se o volume d’água remanescente. A diferença entre o vo-
lume de água inicial e o volume final fornece o volume de água evaporado.
A partir do volume de água evaporado, do tempo de ensaio e da área de
evaporação (do recipiente), pode-se calcular a evaporação por unidade de
área, em função do tempo.
A taxa de evaporação permite calcular a quantidade de água eva-
porada da cava durante o ensaio. Este valor deve ser descontado das
vazão de infiltração medidas.

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O ensaio é executado em duas etapas:


primeira etapa
Preenche-se as dados da TABELA 3, apresentada no ANEXO 1.
Sugere-se encher cuidadosamente a cava até o ponto de referência, uti-
lizando-se mangueira acoplada a um hidrômetro. A cava deve ser preenchida
com água até atingir o nível d’água do ensaio (ponto de referência). Este nível
d’água deve ser mantido constante durante todo o transcorrer do ensaio.
Durante o ensaio, sugere-se a escarificação cuidadosa da cava, de
tempos em tempos (10 minutos, por exemplo), evitando que a decantação
de partículas finas venha impermeabilizar o fundo da cava.
Durante o ensaio é necessário o acompanhamento das vazões infil-
tradas por meio de um gráfico de vazão, ou volume, acumulado x tempo,
para se decidir o término do ensaio. Sugere-se, para as primeiras leituras,
que o intervalo de tempo seja da ordem de 5 minutos e que o intervalo de
tempo seja adaptado às variações de vazão obtidas no decorrer do ensaio. A
1ª etapa do ensaio será concluída quando a vazão se mantiver aproximada-
mente constante durante certo intervalo de tempo.
segunda etapa
Com a cava novamente seca, deve-se proceder à ampliação da mes-
ma, tomando-se os mesmos cuidados que foram tomados quando da sua
abertura inicial. Realiza-se novamente o ensaio, agora com a cava amplia-
da, da mesma maneira como descrito anteriormente.

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TERCEIRA PARTE

O CÁLCULO DO
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

Foto: Ensaio de infiltração em poços – Monique Flores Pereira - Regea

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São apresentadas as fórmulas selecionadas para o cálculo do coefi-


ciente de permeabilidade, organizadas por método de prospecção (sonda-
gens, poços e cavas), bem como, figuras esquemáticas para apresentar as
variáveis utilizadas nas fórmulas de cálculo.
Cumpre relembrar as considerações feitas na 1ª parte destas orien-
tações, no item sobre a validade dos ensaios, a respeito das limitações da
aplicação das fórmulas. As pranchas com o esquema para a execução dos
ensaios e as fórmulas de cálculo são a seguir apresentadas e encontram-se
no ANEXO 1:

• ENSAIOS EM SONDAGENS

FIGURA 1 - Ensaios de infiltração e rebaixamento;


FIGURA 2 - Ensaios de infiltração e bombeamento: e,
FIGURA 3 - Ensaios de rebaixamento e recuperação.

• ENSAIOS EM POCOS

FIGURA 4 - Ensaios em poços

• ENSAIOS EM CAVAS

FIGURA 5 - Ensaios em cavas.


Visando facilitar a determinação do valor de K, apresentam-se, no
ANEXO 2, ábacos para os casos de ensaios mais frequentes (Figuras 6 a 10).
No ANEXO 3 são apresentadas as planilhas para acompanhamento
da execução dos ensaios no campo.

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QUARTA PARTE

SLUG TEST

Foto: José Luiz Albuquerque - IPT

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O Slug Test é uma técnica de ensaio, geralmente executado em po-


ços de pequeno diâmetro, piezômetros ou trechos de sondagem isolados
por obturadores. O ensaio é realizado pela variação instantânea do nível
d’água no interior de um poço. Embora tal variação possa ser provoca-
da por injeção ou bombeamento instantâneo de água do poço, o mé-
todo mais frequentemente utilizado para provocar tal variação é pela
inserção, ou retirada, de um cilindro rígido, conhecido, popularmen-
te, como “tarugo”. Quando o cilindro rígido é inserido, ocorre uma ele-
vação instantânea do nível d’água no interior do poço. Passa-se, imedia-
tamente a seguir, a medir o tempo de rebaixamento desse nível d’água.
Inversamente, quando o tarugo é retirado, ocorre um rebaixamento
instantâneo do nível d’água e, ao contrário do ensaio anterior, passa-se
então a medir o tempo de recuperação desse nível. O volume deslocado
equivale à adição, ou à retirada, de água do poço, sendo esta proporcional
ao volume do tarugo, conforme ilustrado na figura abaixo.

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O método apresenta as seguintes vantagens:


• Simples, rápido e de baixo custo;
• Apresenta resultados compatíveis com outros métodos;
• Apropriado para uma ampla gama de poços de pequeno diâmetro;
• Gera quantidade reduzida de efluentes;
• Não é necessário inserir ou extrair água;
• Não necessita de equipamentos de bombeamento;
• Pode ser realizado por apenas uma pessoa, caso seja utilizado
transdutor de pressão;
• É possível, em um mesmo poço, fazer os dois tipos de ensaios, de
rebaixamento e recuperação, um sucessivo ao outro.
Como desvantagens, pode-se mencionar:
• Realizado apenas em poços/piezômetros convenientemente insta-
lados (com pré-filtro e filtro), ou em trechos de sondagens isola-
dos por obturadores;
• O raio de influencia do ensaio é de apenas 1m a partir do poço;
• Não permite a determinação do armazenamento do aquífero;
• Para aquíferos muito permeáveis é necessário utilizar transduto-
res de pressão;
• Necessita que o poço esteja muito bem desenvolvido.
Recomenda-se realizar três ensaios por poço/piezômetro para
se obter um valor mais representativo da condutividade hidráulica do
meio ensaiado.

1) Equipamentos

Para a execução do ensaio slug test são necessários os seguintes equi-


pamentos e materiais:

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• Cilindro de PVC rígido, ou outro material, com volume conheci-


do, preenchido com areia, argamassa, etc., para que não flutue, e
hermeticamente fechado (tarugo). Para poços de monitoramento
de 2” (duas polegadas) de diâmetro e filtros totalmente submer-
sos, é usual utilizar tarugos de 1,5” (uma polegada e meia) de diâ-
metro e 1m de comprimento. Caso necessário, é recomendável
que o tarugo seja dimensionado em função do diâmetro do poço
e da coluna d’água disponível no interior do poço.
• Cabo resistente (corda de náilon, cabo de aço fino, etc.) para in-
trodução e retirada do tarugo do poço;
• Conjunto de ferramentas usuais para ensaios de campo (chaves de
grifo, chaves de fenda; canivete; lanternas, dentre outros);
Dependendo da maneira como o nível d’água no interior do poço
será medido, serão necessários:

a) Para ensaios utilizando medidor de nível d’água:

• Cronômetro;
• Medidor de nível d’água com cabo graduado (fita métrica com
uma pequena sonda acoplada que, quando entra em contato com
a água, ativa um alarme sonoro e/ou luminoso, denominado pio
elétrico, pio sonoro, etc.);
• Prancheta;
• Ficha de ensaio com tabela para registro de dados;
• Caneta, lápis e borracha;
• Calculadora simples.

b) Para ensaios utilizando transdutores de pressão:

• Transdutor de pressão e cabo de transmissão;


• Laptop com um sistema de aquisição de dados instalado.

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2) Execução dos ensaios

Na execução do ensaio slug test devem ser adotados os seguintes


procedimentos:
• Efetuar o levantamento dos dados técnicos dos poços/piezôme-
tros/trechos de ensaio, tais como, profundidade, diâmetro da per-
furação e do revestimento, posição dos obturadores, descrição dos
materiais perfurados, altura no nível d’água no interior do poço
(nível estático), profundidade do topo e base da(s) seção(ões)
filtrante(s), profundidade da base impermeável do aquífero, ou
seja, o perfil geológico e o perfil construtivo do poço/piezômetro);
• Efetuar a limpeza e o desenvolvimento do poço/piezômetro/tre-
chos de ensaios a ser ensaiado com antecedência mínima de 24h
antes do inicio do ensaio;
• Averiguar a existência de possíveis interferências nas proximida-
des, como, poços em regime de bombeamento, redes de água, es-
goto, influencia de maré, etc. e demais possíveis interferências que
possam ocasionar eventuais variações no nível d’água local;
• Certificar-se de que o nível da água no interior do poço/piezôme-
tro/trechos de ensaios está estabilizado;
• Calcular o volume do tarugo para estimar a altura aproximada da
elevação da coluna d’água no interior do poço.
Ensaio com medidor de nível d’água
Para a execução do ensaio slug test utilizando-se medidor de nível
d’água, devem ser adotados os seguintes procedimentos:
1. Medir o nível d’água estático no interior do poço/piezômetro/
trechos de ensaios
2. Inserir o tarugo instantaneamente no poço/piezômetro junto
com o medidor de nível d’água. Visto que as medidas de nível
d’água devem ser iniciadas imediatamente após a inserção do
tarugo no poço, o sensor elétrico (pio elétrico, pio sonoro, etc.)
deve ser posicionado logo acima do tarugo, mas nas proximi-
dades da altura estimada para a elevação da coluna d’água no
interior do poço.

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3. A primeira medida de nível d’água, realizada imediatamente


após a inserção do tarugo no interior do poço, e admitida como
instante de equilíbrio, deve ser adotada como o instante de tem-
po zero (t0);
4. Medir o rebaixamento do nível d’água no interior do poço/piezô-
metro/trechos de ensaios em intervalos de tempo curtos no início
do ensaio e em espaços de tempo mais longos ao final, a exemplo
do indicado para ensaios análogos em furos de sondagem;
5. Acompanhar o rebaixamento do nível d’água até que este al-
cance valor próximo ao nível estático inicial. É recomendável
que o nível d’água no interior do poço/piezômetro/trechos de
ensaios fique, no máximo, cerca de 10% acima do nível estáti-
co inicial (corresponde a 90% da variação da carga hidráulica
instantânea inicial, ou seja, a diferença entre o nível d’água es-
tático e o nível de d’água após o rebaixamento);
6. Quando o nível d’água retornar ao nível estático inicial ou tiver
rebaixado cerca de 90% em relação à variação da carga hidráu-
lica inicial, deve-se retirar o sensor elétrico e, logo após, retirar
instantaneamente o tarugo do interior do poço;
7. Como resposta, o nível d’água no interior do poço irá rebaixar
instantaneamente. Imediatamente, deve-se inserir o sensor até
as proximidades da profundidade anteriormente estimada e me-
dir o nível d’água em intervalos tempo curtos no início do ensaio
e em espaços de tempo mais longos ao final (aproximadamente
nos mesmos tempos utilizados para o ensaio de carga), até o ní-
vel d’água retornar à sua posição original (nível estático) ou, pelo
menos, apresentar recuperação de 90% em relação à variação da
carga hidráulica inicial.
São necessárias três pessoas para a realização do ensaio. A pri-
meira é responsável pela inserção e retirada do sensor elétrico no inte-
rior do poço/piezômetro/trechos de ensaios, bem como pela leitura do
nível d’água. A segunda, pela inserção e retirada do tarugo do interior

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do poço/piezômetro/trechos de ensaios. A terceira deve preencher a fi-


cha de ensaio, cronometrar o tempo, anotar os dados obtidos e defi-
nir o momento em que o ensaio pode ser finalizado (mediante o cálculo
do rebaixamento e/ou recuperação do nível d’água no poço, ou mediante
um gráfico de rebaixamento e/ou recuperação x tempo, para auxiliar na
definição da conclusão do ensaio).
Recomenda-se que os registros dos níveis d’água sejam em centí-
metros, em função do curto intervalo de tempo que é necessário no ini-
cio do ensaio.
Ensaio com transdutor de pressão
Para a execução do ensaio slug test utilizando-se transdutor de pres-
são, devem ser adotados os seguintes procedimentos:
1. O transdutor de pressão deve ser inserido no interior do poço
antes da inserção do tarugo, e deve ficar posicionado abaixo
deste, mas nas proximidades do nível d’água a ser alcançado
após a retirada do tarugo para realização do ensaio de rebaixa-
mento, conforme a figura a seguir;
2. inserir instantaneamente o tarugo no interior do poço/piezô-
metro/trechos de ensaio;
3. As medidas do rebaixamento do nível d’água devem ser obtidas
por meio de um sistema de aquisição de dados, cuja taxa de
amostragem deve ser preliminarmente definida;
4. Quando o nível d’água retornar ao nível estático inicial ou ti-
ver rebaixado cerca de 90% em relação à variação da carga hi-
dráulica inicial, deve-se retirar instantaneamente o tarugo do
interior do poço;
5. Na sequência, devem ser realizadas as medidas da recupera-
ção do poço, obedecendo-se o mesmo procedimento relativo
ao rebaixamento do poço com o uso do sistema de aquisição
de dados.
6. Quando o nível d’água retornar ao nível estático inicial ou
apresentar recuperação de, pelo menos, 90% em relação à va-
riação da carga hidráulica inicial, o ensaio pode ser considera-
do encerrado.

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Ensaio de Rebaixamento Ensaio de Recuperação

Receptor
Notebook Receptor Notebook

Slug ou
tarugo

Ho: diferença entre o nível Ht: diferença entre o nível d'água


d'água estático e o nível Ho estático e o nível d'água alcançado
d'água alcançado Ht após decorrido um tempo (t) após a
imediatamente após a inserção do tarugo
inserção do tarugo
Nível d’Água Estático

Ht
Ho

A B
Transdutor de Transdutor de
pressão pressão

Camada Impermeável

3) Interpretação dos ensaios

Para cálculo da condutividade hidráulica a partir do ensaio slug test,


estão disponíveis soluções analíticas desenvolvidas por vários autores,
sendo as mais usadas e indicadas as desenvolvidas por Hvorslev (1951) e
Bouwer e Rice (1976).
As notações de todas as variáveis utilizadas nas ilustrações e nas
equações estão apresentadas ao final desta 4ª parte.
Método de Hvorslev
Aplicado para aquíferos livres e confinados, extensão assumida como
praticamente infinita, meios homogêneos, isotrópicos e anisotrópicos, de
espessura uniforme, nível d’água horizontal, poços/piezômetros/ trechos
de ensaio total ou parcialmente penetrantes, fluxo radial horizontal e com a

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lâmina d’água recobrindo totalmente os filtros. O método apresenta como


restrições e/ou limitações:
1. O comprimento do poço deve ser maior do que oito vezes o raio
interno do poço. Normalmente, essa restrição não é problema, a
não ser para poços muito rasos ou de diâmetros muito grandes;
2. O método ignora os efeitos de armazenamento compressivo
(aquífero confinado);
3. É assumido que o aquífero tem uma espessura infinita e o fator
de espessura saturada não é considerado (aquífero livre).
Os elementos para cálculo do ensaio estão apresentados na figura abaixo:

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O procedimento para o cálculo do ensaio envolve:


1. Determinação da relação Ht/H0 para os vários instantes de
tempo t depois que o tarugo é introduzido, ou removido;
2. Plotar em um gráfico semilogarítimico a relação Ht/Ho versus o
tempo t decorrido desde o inicio do ensaio (em minutos), sendo
a relação Ht/Ho, em escala logarítmica, plotada no eixo das orde-
nadas e t, na escala decimal, plotada no eixo das abscissas;
3. Traçar uma linha reta, interpolada entre os pontos plotados no
gráfico, conforme a figura abaixo.

0,6
H/H
t o

0,37

0,1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500


To
T

4. Obter, no eixo do tempo, o valor correspondente a 0,37 do va-


lor da relação Ht/Ho, corresponde ao tempo de resposta básico,
denominado To (ver figura);
5. Substituir o valor do tempo de resposta básico (To) obtido na
equação abaixo para calcular a condutividade hidráulica;

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Método de Hvorslev e Rice


Aplicado para aquíferos homogêneos, isotrópicos, extensão prati-
camente infinita, espessura uniforme, com o nível de água horizontal. A
perda de carga é negligenciável com a entrada da água no poço. O fluxo na
franja capilar pode ser ignorado e o rebaixamento do nível d’água ao redor
do poço é desprezível. Utilizado para poços totalmente ou parcialmente
penetrantes em aquíferos livres. Pode ser usado também para aquíferos
semiconfinados que recebem água do aquífero superior por drenança.
A geometria e notações de um poço parcialmente penetrante, perfu-
rado em um aquífero livre, após a introdução de tarugo e elevação do nível
d’água é apresentada na figura a seguir.

Para o cálculo da condutividade hidráulica é utilizada a equação ge-


ral abaixo:
K = [rc2 ln(Re/rw)/2Le](1/t)ln(Ho/Ht)

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Para avaliar Re, expressa em termos de ln(Re/rw), são apresentadas, a


seguir, as equações para poços parcialmente e totalmente penetrantes, as
quais foram obtidas a partir de resultados analógicos.

para poços parcialmente penetrantes:

ln(Re/rw) = {1,1/ ln(Lw/rw) + A+Bln[(h-Lw)/ rw]/(Le/rw]}-1

para os poços totalmente penetrantes:


ln(Re/rw) = [1,1/ ln(Lw/rw) + C/(Le/rw)]-1

A, B e C são coeficientes adimensionais determinados em função


de Le/r w, utilizado o ábaco da figura abaixo.

14

C
12

10
A

8 4
A
e
C 6 B 3

4 2 B

2 1

0
1 5 10 50 100 500 1000 5000

Le/r
Le/rw w

Assim como no método de Horslev (1951), os dados de campo de-


vem fornecer uma linha reta quando plotados como Ht/Ho versus t. Os va-
lores que se ajustam a uma linha reta são aqueles a serem considerados nas
análises, tal como obtido acima, no método Hvorslev.

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4) Problemas mais comuns na execução e interpretação de ensaios

Algumas situações atípicas podem ser observadas no momento da


interpretação dos ensaios. As mais comuns são apresentadas a seguir:
a) Anomalias devido à drenagem do pré-filtro: As anomalias obser-
vadas pela ocorrência de trechos caracterizados por duas linhas
retas no gráfico log Ht/Ho versus t foram atribuídas a duas possí-
veis situações:
1. drenagem retardada através do pré-filtro;
2. formação de zonas desenvolvidas ao redor do poço que
podem ocorrer logo após o rebaixamento. A esse fenô-
meno Bouwer (1989) denominou de double straight line
effect. Caso seja observado, recomenda-se consultar
Bouwer (1989), Palmer e Paul (1987), Fetter (2001) e
Butler (1997).
b) Influência do diâmetro do poço: O método de Bouwer e Rice
(1976) é aplicável para qualquer diâmetro e profundidade de furo
desde que as dimensões do sistema estejam adequados à aplicação
do método. Furos de pequeno diâmetro fornecem valores de K
válidos apenas para uma pequena região ao redor do poço e, por-
tanto, são mais sensíveis à variabilidade espacial. Portanto, quan-
to maior rw e Le, maior a porção do aquífero para a qual o valor
K será determinado. Para aquíferos estratificados, são recomen-
dados valores de Le menores, ou seja, instalados em apenas uma
camada litológica. Assim, é possível obter maiores informações
acerca da distribuição vertical de K nas diferentes litologias, com
ensaios efetuados em diferentes profundidades.
c) Velocidade de variação do nível d’água no poço: Se o nível d’água
em um poço/furo submetido a um slug test sobe ou desce com
uma velocidade pequena, ou seja, o aquífero é pouco permeável,
medidores de nível d’água convencionais e um cronômetro po-
dem ser suficientes para o ensaio. Entretanto, para aquíferos de

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alta permeabilidade, quando a elevação/descida do nível d’água


é rápida, recomenda-se o emprego de transdutores de pressão.
Além disso, recomenda-se a consulta a Bouwer e Rice (1976) para
a compreensão de outros detalhes envolvidos na interpretação.
d) Acréscimo inicial de carga: Para estudos mais detalhados visan-
do à análise da condutividade hidráulica, avalia-se o acréscimo
inicial de carga Ho, representado pelo deslocamento da coluna de
água, sendo este um parâmetro muito importante e sensível na
análise dos dados. Teoricamente, é simples de avaliar se um ta-
rugo de volume conhecido é introduzido instantaneamente sem
turbulência, como apresentado por Pandit e Miner (1986). Entre-
tanto, na prática, é impossível descer um tarugo abaixo do nível
d’água sem turbulência, instantaneamente. O acréscimo de carga
inicial é afetado pela permeabilidade e pelo armazenamento do
solo que é testado. Outras dificuldades práticas como leakage e
características de construção do poço de monitoramento/piezô-
metro/trecho de ensaio também interferem no valor do acréscimo
de carga inicial. Em materiais relativamente impermeáveis, os va-
lores dos acréscimos de carga inicial podem estar razoavelmente
próximos do máximo valor computado teoricamente, desde que o
tarugo seja introduzido no furo tão rapidamente quanto possível.
Contudo, em materiais muito permeáveis, é mais difícil se obter
o acréscimo de carga inicial, uma vez que esse acréscimo de carga
sofre dissipação muito rapidamente durante o tempo necessário
para a introdução do tarugo e para a dissipação da turbulência.
Para aquíferos livres, os acréscimos de carga inicial são calcula-
dos pelo Método da Regressão de Bouwer e Rice (1976) e mais
adequadamente pelo Método de Translação de Peck et al. (1980,
apud Pandit e Miner, 1986). Nesse método, o acréscimo de carga
inicial é aquele do instante que corresponde ao início do decai-
mento constante exponencial observado no registro de carga feito
por transdutores versus o tempo.
e) O processo de ajuste de curvas: Para reduzir a subjetividade envol-
vida no processo de ajuste da curva de dados com as curvas-tipo

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dos modelos matemáticos analíticos, deve ser utilizada a função


matemática dos mínimos erros quadrados. Essa função indica a
qualidade do ajuste entre a curva de dados Ht/Ho versus t e a curva
tipo, de de modo automatizado, com o emprego de software de-
senvolvido para tanto.

5) Softwares e planilhas eletrônicas para interpretação

Atualmente, o mercado dispõe de diversos softwares e planilhas ele-


trônicas, desenvolvidos especificamente para apoiar a interpretação dos
ensaios slug test.

6) Notações utilizadas nas figuras e fórmulas para cálculo do ensaio slug test

K – condutividade hidráulica [L/T]


Le – comprimento da seção filtrante [L]
rc – raio interno do revestimento do poço [L]
rw – raio da perfuração [L]
To – tempo de resposta básico [T]
NE – nível estático da água subterrânea [L]
ND – nível dinâmico da água subterrânea [L]
Nm – nível d’água mínimo/máximo atingido após a inserção/retira-
da do tarugo do poço [L]
Ho – diferença vertical entre o nível d´água no poço e o nível estático
no instante de tempo to [L]
Ht – diferença vertical entre o nível d’água no poço e o nível estático
no instante de tempo t [L]
to – Instante de tempo inicial, logo após introdução do tarugo [T]

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t – Instante de tempo qualquer durante o rebaixamento do nível


d’água [T]
Lw – distância vertical entre o nível estático e a profundidade final do
poço [L]
h – espessura saturada do aquífero [L]
Re – raio efetivo no qual Ht é dissipada no sistema de fluxo [L]
ln – logaritmo neperiano

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BIBLIOGRAFIA

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Geologia de Engenharia.
BOUWER, H. e RICE, R. C. (1976). A slug test for determining hydraulic
conductivity of unconfined aquifers with completely or partially penetrating
wells. Water Resources Research, 12(3): 423-428.
BOUWER, H. (1989). The Bouwer and Rice slug test – an update. Ground
Water, 27 (3): 304-309.
BUTLER, J. J. Jr. (1997). The design, performance, and analysis of slug tests.
Lewis Publishers, London. 252p.
COOPER, M.M. et al (1967). Response of a finite diameter well to an
instantaneous change of water. Water Resources Division, U.S. Geological
Survey, v. 3, n.I.
COTTEREAU, C. Determination pratique des caracteristiques
hidrodynamiques d’un sol. s.1. Companie National du Rhône, s.d.
ELETRICITÉ DE FRANCE (1970). Essais d’eau en sondage-milieu
poreux. s.l. Direction de L’ Equipement-Division Géologie Geotechnique.
FETTER, C.W. (2001). Applied hydrogeology. 4 ed, New Jersey, Prentice
Hall, Merril Publishing Company. 598 p.
GILB B., GAVARD, M. (1957). Calcul de la perméabilité par dês essais
d’eau dans les sondagens en alluvions. Bulletin Technique de la Suisse
Romande, v. 83, n. 4.

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HARR, M.E. (1962). Groundwater and seepage. New York: McGraw-


Hill Book.
HVORSLEV, M.J. (1951).Time lag and soil permeability in ground water
observations. U.S. Army Corps of Engineers. Waterway Experimentation
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JIMENEZ SALAS, J.A. Determinación de la permeabilidad. In: Mecanica
del Suelo. s.n.t.: Apend. 6.
LUTHIN, J.N. (1967). Drenaje de tierras agrícolas. s.l. Centro Regional de
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Conferência Internacional de Mecânica de Solos, 3.
MELLO, V., TEIXEIRA, A.M. (1967). Mecânica dos solos. São Carlos: Es-
cola de Engenharia de São Carlos - USP, Publicação nº 137.
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diretrizes. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia,
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PALMER, C.D.; PAUL, D.G (1987). Problems in the interpretation of
slug test data from fine-grained tills. In: Proc. NWWA FOCUS Conf.
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PANDIT, N.S. e MINER, R.F. (1986). Interpretation of slug test data.
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Dissertação de mestrado. Universidade Estadual Paulista. Instituto de Geo-
ciências e Ciências Exatas. 106p.
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Technique A.S.T.E.F., Stage de Perfectionnement, Geoconseil.
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ZANGAR, C.N. (1953). Theory and problems of water percolation.
Denver: USBR, Engineering Monographs, 8.

56 • A S S O C I AÇ ÃO B R A S I L E I R A D E G E O LO G I A D E E N G E N H A R I A

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ANEXO I

FIGURAS DE ENSAIOS

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Figura 1 - Ensaios de infiltração e rebaixamento

58 • A S S O C I AÇ ÃO B R A S I L E I R A D E G E O LO G I A D E E N G E N H A R I A

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Figura 2 - Ensaios de infiltração e bombeamento

E N S A I O S D E P E R M E A B I L I DA D E E M S O LO S – O R I E N TA Ç Õ E S PA R A S U A E X E C U Ç Ã O N O C A M P O • 59

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Figura 3 - Ensaios de rebaixamento e recuperação

60 • A S S O C I AÇ ÃO B R A S I L E I R A D E G E O LO G I A D E E N G E N H A R I A

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Figura 4 - Esquemas para ensaios em poços

E N S A I O S D E P E R M E A B I L I DA D E E M S O LO S – O R I E N TA Ç Õ E S PA R A S U A E X E C U Ç Ã O N O C A M P O • 61

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Figura 5 - Esquemas para ensaios em cavas

62 • A S S O C I AÇ ÃO B R A S I L E I R A D E G E O LO G I A D E E N G E N H A R I A

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ANEXO II

ÁBACOS

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Figura 6 - Ábacos para determinação de coeficiente de condutividade

64 • A S S O C I AÇ ÃO B R A S I L E I R A D E G E O LO G I A D E E N G E N H A R I A

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Figura 7 - Ensaios de infiltração


Ábacos para concersão de perda d’água específica (PE) em permeabilidade (K)

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Figura 8 - Ábaco para cálculo de ensaios de rebaixamento


para trechos de ensaios situados acima do N.A.

66 • A S S O C I AÇ ÃO B R A S I L E I R A D E G E O LO G I A D E E N G E N H A R I A

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Figura 9 - Ábaco para cálculo de ensaios de rebaixamento


para trechos de ensaios situados acima do N.A.

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Figura 10 - Ensaios de cava - parâmetros e variáveis


utilizadas na determinação de permeabilidade

68 • A S S O C I AÇ ÃO B R A S I L E I R A D E G E O LO G I A D E E N G E N H A R I A

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ANEXO III

PLANILHAS

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ATUAÇÃO DA ABGE

Há mais de 40 anos a ABGE trabalha para agregar profissionais, es-


tudantes, empresas e instituições de pesquisa e ensino que atuam na Geo-
logia de Engenharia e Ambiental, estimulando o debate e a reflexão em
temas desta área técnico-científica, que envolve a previsão do comporta-
mento geológico face às solicitações das obras de engenharia e infraestru-
tura. Com mais de 800 sócios, a entidade conta com uma sede nacional, em
São Paulo, dois núcleos regionais (Rio de Janeiro e Minas Gerais) e quinze
representações regionais por todo o país, constituindo uma das associações
mais ativas da International Association for Engineering Geology and the
Environment – IAEG.
A ABGE busca promover a disseminação do conhecimento por meio
da realização de: simpósios, congressos, workshops, reuniões técnicas, me-
sas redondas, palestras, jornadas estudantis e conferências e edição de livros,
manuais, anais de congresso e revistas, além da organização de cursos.
A ABGE pode formar Comissões Técnicas que desempenham pa-
pel importante constituindo grupos de trabalho, por parte dos associados
interessados, que atuam em temas específicos da Geologia de Engenharia
e Ambiental.

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principais áreas de atuação da ABGE

I - pLAnEJAMEnto URBAno E REGIonAL


• Cartografia geotécnica e geoambiental
• Riscos geológicos e Defesa Civil
• Geologia urbana
• Erosão, assoreamento e enchentes
• Uso e ocupação do solo
• Plano diretor municipal
• Plano regional de desenvolvimento sustentável

II - GEstÃo AMBIEntAL
• Licenciamento ambiental
• Planejamento e gestão ambiental
• Resíduos sólidos
• Áreas contaminadas
• Áreas degradadas
• Recursos hídricos superficiais e subterrâneos
• Plano de bacia hidrográfica

III - InFRAEstRUtURA
• Planejamento, projeto e acompanhamento de construção de obras
• Barragens e reservatórios
• Hidrelétricas e termoelétricas
• Mineração subterrânea e a céu aberto
• Obras subterrâneas: túneis, casas de força, câmaras de estocagem
• Obras lineares: metrôs, dutos, rodovias, ferrovias, canais, linhas de
transmissão
• Portos e obras marítimas
• Riscos geológicos em obras
• Geoengenharia de petróleo

IV - GERAL
• Disseminação do conhecimento: congressos, seminários, oficinas,
publicações e cursos

74 • A S S O C I AÇ ÃO B R A S I L E I R A D E G E O LO G I A D E E N G E N H A R I A

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• Políticas públicas, legislação e organização institucional


• Ensino e jovem profissional
• Arbitragem e perícia
• Manuais, Diretrizes, Padronização de procedimentos
• Informática aplicada à geologia de engenharia e ambiental

V - ÁREAs tÉCnICAs EspECÍFICAs


• Sondagens e investigações geológicas e geotécnicas
• Taludes e Encostas Naturais e de Escavação
• Caracterização tecnológica e mecânica de solos, rochas e maciços
rochosos
• Água subterrânea e hidrogeotecnia
• Modelagem geomecânica de maciços rochosos
• Geofísica aplicada
• Materiais naturais de construção
• Tensões naturais e induzidas em maciços rochosos
• Fundações e Escavações
• Sismologia natural e induzida

A entidade conta com três categorias de filiação: ABGE Jovem, des-


tinada aos estudantes, Titular, voltada para todos os profissionais, e Patro-
cinador, dedicada as empresas e instituições interessadas em apoiar as ati-
vidades da ABGE e divulgar sua marca. Os associados da ABGE recebem
todas as publicações editadas pela Associação (livros, traduções, artigos
técnicos, anais de simpósios e congressos), a Revista Brasileira de Geologia
de Engenharia e Ambiental, além da Caderneta ABGE, Infomails e ABGE
em Revista.

Para mais informações, notícias, downloads e formas de filiação


acesse nosso site: www.abge.org.br

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FILIE-SE À ABGE E PARTICIPE DA COMUNIDADE


DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA NO BRASIL

A ABGE conta com seis categorias de associados:


Afiliado: dedicada a estudantes
titular: destinada a todas as categorias profissionais.
senior: associado com idade entre 65 e 75 anos
Master: associado com 76 anos ou mais
Coletivo: categoria dedicada à prefeituras e entidades da sociedade civil
patrocinador: Essa categoria é dedicada às empresas e instituições
interessadas em apoiar as atividades da ABGE e promover sua marca.
Os associados da ABGE recebem todas publicações editadas pela as-
sociação (livros, traduções, artigos técnicos, anais de simpósios e congres-
sos), a Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental, Infomails
e ABGE em Revista.

Filiação na ABGE 2014 – Anuidade


Categoria Afiliado (Estudante)* R$ 130,00*
Categoria Titular (Nível Universitário) R$ 245,00
Categoria Sócio Coletivo R$ 440 a R$ 880,00
Categoria Sócio Patrocinador R$ 1.700 a R$ 5.000,00
*Desconto de 50% no primeiro ano de filiação

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ASSOCIADO AFILIADO OU TITULAR

NOME___________________________________________________________________________________________________
CPF (OBRIGATÓRIO)_______________________________________________ PAÍS_________________________________________
DATA DE NASCIMENTO ____/____/____ SEXO F OU M
ESCOLA/UNIVERSIDADE_____________________________________________________________ ANO DE FORMAÇÃO _______________
FORM. PROFISSIONAL_______________________________________________ESPECIALIDADE__________________________________

END. RESIDENCIAL ___________________________________________________________Nº_________ COMPLEMENTO ___________


BAIRRO________________________________ CIDADE __________________________________UF______ CEP___________-______
TELEFONE RES. ( ___ ) _________________________ TELEFONE CEL. ( ___) ___________________
E -MAIL__________________________________________________________________________________________________

END. COMERCIAL ___________________________________________________________Nº_________ COMPLEMENTO ____________

BAIRRO________________________________ CIDADE __________________________________UF______ CEP___________-______


NOME DA EMPRESA OU ESCOLA____________________________________________________________________________________
TELEFONE COM. ( ___ ) _________________
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA RESIDENCIAL COMERCIAL

LOCAL _____________________________ DATA ___/___/_____ ASSINATURA_______________________________________________

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