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O conceito de deficiência
PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL, SEM AUTORIZAÇÃO.
Lei nº 9610/98 – Lei de Direitos Autorais
O CONCEITO DE DEFICIÊNCIA
Profa. Me. Carla Damasceno

Desde que o mundo é mundo temos dados sobre pessoas com deficiência e o
que difere dos dias atuais é justamente como essas pessoas foram reconhecidas e
tratadas na história. Sempre existiram na história indivíduos com algum tipo de
limitação física, sensorial ou cognitiva, ou seja, apesar de fazerem parte de toda
trajetória da história da humanidade, determinados impedimentos foram tratados de
diferentes maneiras ao longo do tempo. Como afirma Silva,

anomalias físicas ou mentais, deformações congênitas, amputações


traumáticas, doenças graves e de consequências incapacitantes, sejam elas
de natureza transitória ou permanente, são tão antigas quanto a própria
humanidade (2010, p. 21).

A compreensão e o tratamento com relação as pessoas com deficiência se


deram de diversas maneiras, se formos criar um panorama histórico podemos dividi-
lo nos seguintes momentos:

IDADE ANTIGA
EGITO – adorados como deuses, serviam de mediadores entre deuses e os
Faraós, além de serem temidos e respeitados pela população. Sobre este primeiro
momento histórico:

Evidências arqueológicas nos fazem concluir que no Egito Antigo, há mais de


cinco mil anos, a pessoa com deficiência integrava-se nas diferentes e
hierarquizadas classes sociais (faraó, nobres, altos funcionários, artesãos,
agricultores, escravos). A arte egípcia, os afrescos, os papiros, os túmulos e
as múmias estão repletos dessas revelações. Os estudos acadêmicos
baseados em restos biológicos, de mais ou menos 4.500 a.C., ressaltam que
as pessoas com nanismo não tinham qualquer impedimento físico para as
suas ocupações e ofícios, principalmente de dançarinos e músicos (GUGEL,
2015, p. 2).

GRÉCIA – encarados como seres incompetentes e por isso deveriam ser


eliminados. Esse processo poderia se dar por abandono, exposição ou mesmo pela
morte desses indivíduos, que eram atirados de uma cadeia de montanhas chamada
Taygetos, na Grécia. Além disso, em várias cidades gregas, os bebês considerados
disformes eram deixados à própria sorte em locais sagrados, ou seja, sua vida era
confiada a desígnios divinos.

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ROMANOS – influenciados pelos gregos, os romanos também tinham uma
série de práticas que visavam à exclusão de pessoas com deficiência do convívio. Aos
pais era dado o direito de matar bebês disformes por afogamento e quando não
mortas, muitas dessas crianças acabavam integrando companhias de circo como
atrações. O Imperador Justiniano 529 a.C. criou uma lei que impossibilitava os surdos
de celebrar contrato; elaborar testamentos; possuir propriedades ou reclamar
heranças.

IDADE MÉDIA.
IGREJA CATÓLICA – não possuíam alma imortal, uma vez que eram
incapazes de proferir os sacramentos.

(...) na Idade Média o abandono passou a ser condenado e as pessoas com


deficiência começaram a receber abrigo em asilos e conventos,
principalmente. Porém, nesse período era comum a crença de que a
deficiência seria um castigo de Deus por pecados cometidos e, por isso, os
indivíduos com deficiência eram alvo de hostilidade e preconceito (SILVA,
2010).

IDADE MODERNA
A Idade Moderna marcou a passagem de um período de extrema segregação
para o surgimento de uma nova visão, como também temos o relato dos primeiros
educadores interessados na educação dos surdos, os quais admitiam que eles
podiam aprender.

SÉCULO XIX
O conceito sobre a deficiência aparece de maneira mais explícita em função do
aumento dos conflitos militares e soldados que voltam da guerra com algum tipo de
sequela de luta.

O SÉCULO XX E O MODELO MÉDICO


Este momento da história foi marcado pelos avanços para as pessoas com
deficiência com relação às ajudas técnicas e as tecnologias assistivas. E, nesse
contexto, pode-se perceber uma associação entre a deficiência e a área médica.

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ATUALMENTE
De acordo com Figueira (2008, p. 115),

se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio, excluída ou


segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano Internacional da Pessoa
Deficiente -, tomando consciência de si, passou a se organizar politicamente.
E, como consequência a ser notada na sociedade, atingindo significativas
conquistas em pouco mais de 25 anos de militância.

Todas esta transformações ao longo das décadas, promoveram um impacto na


sociedade mundial, que modificou seu olhar acerca destas pessoas, fazendo com que
fosse necessário buscar soluções e alternativas para, de fato, incluir a pessoa com
deficiência na sociedade de maneira integral, todavia, foi na década de 1970 que a
discussão relacionada aos direitos das pessoas com deficiência ganha visibilidade,
principalmente quando começaram a surgir as primeiras declarações na história
sobre os direitos destas. Nos quadros abaixo, temos alguns marcos de suma
importância.

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Figura 1 - Panorama histórico do tratamento dado às pessoas com deficiência

Fonte: AMPID (2021)

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Podemos afirmar que por muitas gerações as pessoas com deficiências foram
consideradas incapazes e ignoradas pela sociedade, e por meio desta trajetória é
possivel compreender que é recente o reconhecimento dos direitos para as pessoas
com algum tipo de deficiência, sendo que somente a partir dos últimos é que há uma
preocupação com o fortalecimento e consolidação efetiva das garantias legais para
esses indivíduos. Vale ressaltar que esse processo histórico se deu no mundo e no
Brasil, quase que no mesmo período, “no Brasil, a pessoa com deficiência foi incluída,
por vários séculos, dentro da categoria mais ampla dos “miseráveis”, talvez o mais
pobre entre os pobres (Silva,1987). Além disso, Negreiros afirma que

na cultura indígena, onde as pessoas nascidas com deficiência eram um sinal


de mau agouro, um prenúncio de castigos dos deuses a eliminação sumária
das crianças era habitual, assim como o abandono dos que adquiriam a
deficiência no decorrer da vida (NEGREIROS, 2014, p.16).

Assim, constata-se que o conceito da deficiência em si não resume a pessoa,


mas sim ao fator social e como a mesma e vista e tratada pelo meio, e este por sua
vez, lhe atribui prejuízos e ou competências.
Por fim, nos dias atuais vivemos em uma sociedade onde há leis que
asseguram e protegem os direitos de pessoas com deficiência, o que antes jamais foi
pensado, porém, é imprescindível compreender que a deficiência ainda é uma questão
que deve ser debatida para promover de fato a inclusão social, com mais equidade e
menos capacitismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade curricular foi possível conhecer a trajetória histórica das pessoas
com deficiência na sociedade e o surgimento de seus direitos, o que nos auxilia a
compreender o porquê de muitas questões sociais que até hoje levam as pessoas
aqui tratadas a passarem por prejuízos e desvantagens sociais provindos desta
história de segregação, além de entender que por meio das novas políticas públicas
é possível uma tendência de transformação social para um cenário mais justo e
igualitário.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRENT, Nikolas. Da Antiguidade à Contemporaneidade: A Deficiência e as
suas Concepções. Revista Científica Semana Acadêmica, Fortaleza, vol. 1, nº 89,
2016.

FRANÇA, Tiago. Modelo Social da Deficiência: uma ferramenta sociológica para a


emancipação social. Revista Lutas Sociais, São Paulo, vol. 17, n. 31, p. 59-73,
2013.

GUGEL, Maria Aparecida. A pessoa com deficiência e a sua relação com a


história da humanidade. AMPID (Associação Nacional dos Membros do Ministério
Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência), 2015.

NEGREIROS, Dilma de Andrade. Acessibilidade Cultural: por que, onde, como e


para quem? Rio de Janeiro: Renovar, 2014.

SASSAKI, Romeu K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. WVA


Editora e Distribuidora Ltda: Rio de Janeiro. 1999.

SILVA, Aline Maira. Educação especial e inclusão escolar: história e


fundamentos. Intersaberes: Curitiba, 2010.

SILVA, Otto Marques. A Epopeia Ignorada: uma questão de competência, a


integração das pessoas com deficiência no trabalho. São Paulo: Cedas, 1987.

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