Guia de Controlo de Custos em Obra
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OBRA
JUNHO DE 2023
Guia de Controlo de Custos em Obra
Editado por
Portugal
http://www.fe.up.pt
Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo Autor.
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Nelson Mandela
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Alfredo Augusto Vieira Soeiro, o meu sincero obrigado por todo o apoio, pela
disponibilidade, pelos ensinamentos, pelos conselhos, pela motivação, pela partilha da sua experiência
ao longo da dissertação, que fizeram de mim um melhor engenheiro.
Aos Engenheiros Miguel Marques e Carlos Dias, pela amizade e companheirismo, e pela ajuda e pelo
tempo que disponibilizaram nesta dissertação.
Aos meus amigos e colegas da FEUP, que participaram neste meu percurso académico, do qual guardo
muitas recordações e momentos únicos de amizade e companheirismo que levarei para a vida.
Por fim, aos meus pais, por todo o apoio dado ao longo da minha vida, pelo sacrifício que fizeram na
minha formação, pelos conselhos, pelos valores, pelo carinho e por sempre me ajudarem nos momentos
mais difíceis, a eles o meu eterno agradecimento, sem eles estas conquistas não seriam possível.
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RESUMO
A indústria da construção, foi um dos setores que mais sofreu com a crise originada pela pandemia e em
seguida, pela Guerra na Ucrânia. Por este motivo, a produção de matérias-primas abrandou, e as que
existiam eram a preços altíssimos, o que levou as empresas a começaram a sentir dificuldade em
produzir.
Neste sentido, impõe-se às empresas fazerem um controlo de custos eficaz, de modo a cumprirem as
suas responsabilidades financeiras. O controlo de custos é assim uma atividade imprescindível para a
obtenção de lucros, permitindo identificar desvios e tomar as devidas decisões para corrigir erros ou
falhas.
Nesta dissertação, inicialmente, teve lugar a identificação de quais os passos necessários para se efetuar
um controlo de custos eficaz e, seguidamente, a identificação dos fatores responsáveis por desvios de
custos na construção.
Após este estudo, apresenta-se a proposta de um guia, que terá como objetivo combater todos estes
fatores de modo a eliminá-los ou pelo menos reduzi-los.
O guia proposto recorre assim a quatro grandes fases: fase de preparação, controlo e recolha de dados
em obra, comparação dos elementos recolhidos em obra com os elementos da fase de preparação e
reprogramação dos trabalhos e a última fase que será a execução de um relatório do estado da obra.
Para validar este guia é proposto que este seja aplicado numa obra de início ao fim, de forma a perceber
quais as suas limitações e erros.
PALAVRAS-CHAVE: Controlo de custos, Desvios de custo, Análise de desvios, Causas de desvios,
Direção de obra, Indústria da Construção.
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ABSTRACT
The construction industry was one of the sectors that suffered the most from the crisis caused by the
pandemic and then the war in Ukraine. For this reason, the production of raw materials slowed down,
and those that existed were at very high prices, which led companies to start experiencing difficulty in
producing.
In this sense, it is necessary for companies to carry out effective cost control in order to fulfil their
financial responsibilities. Cost control is thus an essential activity for obtaining profits, allowing to
identify deviations and make the necessary decisions to correct errors or failures.
In this dissertation, initially, the steps necessary to carry out an effective cost control were identified,
followed by the identification of the factors responsible for cost deviations in construction.
After this study, a guide is proposed, which will aim to combat all these factors in order to eliminate or
at least reduce them.
The proposed guide thus uses four main phases: preparation phase, control and collection of data on site,
comparison of the elements collected on site with the elements of the preparation phase and
reprogramming of the works and the last phase which will be the execution of a report on the state of
the work.
In order to validate this guide, it is proposed that it be applied to a project from start to finish, in order
to understand its limitations and errors.
KEY WORDS: Cost control, Cost deviations, Variance analysis, Causes of deviations, Construction
management, Construction industry.
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Guia de Controlo de Custos em Obra
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Guia de Controlo de Custos em Obra
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... i
RESUMO ................................................................................................................................. iii
ABSTRACT .............................................................................................................................. v
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
2.1.1. RECOLHA DE ELEMENTOS .........................................................................................................3
2.1.2. DISTRIBUIÇÃO DOS ELEMENTOS PELAS ATIVIDADES ....................................................................3
2.1.3. CICLO DE CONTROLO DE CUSTOS..............................................................................................4
2.1.4. TIPOS DE CUSTOS ....................................................................................................................4
Custos Diretos ..................................................................................................................5
Custos Indiretos................................................................................................................5
TEORIAS DE CONTROLO DE CUSTOS .............................................................................. 5
2.2.1. LUCRO OU PERDA GLOBAL ........................................................................................................5
2.2.2. LUCRO OU PERDA POR PERÍODOS DE AVALIAÇÃO.......................................................................5
2.2.3. CUSTO UNITÁRIO ......................................................................................................................5
2.2.4. CONTROLO DE CUSTO HÍBRIDO .................................................................................................5
Mão de Obra e Equipamentos .........................................................................................6
Materiais ...........................................................................................................................6
2.2.5. CONTROLO DE HORAS DE MÃO DE OBRA (SMAC)......................................................................7
2.2.6. EARNED VALUE MANAGEMENT (EVM) .......................................................................................8
Conceitos: .........................................................................................................................8
Indicadores de Desempenho ...........................................................................................9
2.2.7. CONTROLO DE CUSTO SEGUNDO ATIVIDADES ............................................................................9
Definir objetos de custo ................................................................................................. 10
Identificar atividades ...................................................................................................... 10
Atribuição de recursos às atividades............................................................................. 10
Atribuição dos custos de atividade aos custos de objetos ............................................ 11
DESVIOS DE CUSTO NO MUNDO ................................................................................... 12
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Guia de Controlo de Custos em Obra
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 59
CASO 1- ATRASO EM ENTREGA DE MATERIAIS ............................................................. 59
5.2.1. DESCRIÇÃO DO CASO ............................................................................................................ 59
5.2.2. ANÁLISE DO CASO- APROVAÇÃO E AQUISIÇÃO DE MATERIAIS................................................... 60
CASO 2- ERROS E FALHAS DURANTE A REALIZAÇÃO DA OBRA ..................................... 61
5.3.1. DESCRIÇÃO DO CASO ............................................................................................................. 61
5.3.2. ANÁLISE DO CASO- CONTROLO EM OBRA ................................................................................ 62
CASO 3- ERROS E FALHAS NA REALIZAÇÃO DA OBRA .................................................. 63
5.4.1. DESCRIÇÃO DO CASO ............................................................................................................ 63
5.4.2. ANÁLISE DO CASO- VERIFICAÇÃO DOS MEIOS DE PRODUÇÃO................................................... 63
CASO 4- ERROS E FALHAS NO PROJETO ...................................................................... 64
5.5.1. DESCRIÇÃO DO CASO ............................................................................................................ 64
5.5.2. ANÁLISE DO CASO- ANÁLISE DE PROJETOS ............................................................................. 65
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.………....…………………......69
ANEXOS
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Guia de Controlo de Custos em Obra
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 5.1- Fotografia do local onde foi colocada a claraboia (fotografia da obra em estudo) ............ 60
Figura 5.3 - Fotografia do dano na tela de impermeabilização (fotografia da obra em estudo) ........... 62
Figura 5.4 - Fotografia da interferência da guarnição da porta com os pontos elétricos (fotografia da
obra em estudo) .................................................................................................................................... 64
Figura 5.5 - Fotografia dos remates executados nos pontos elétricos errados (fotografia da obra em
estudo) ................................................................................................................................................... 65
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Guia de Controlo de Custos em Obra
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Guia de Controlo de Custos em Obra
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.4 - Exemplo dos custos das instalações por departamentos (fonte:[7]) ................................ 11
Tabela 2.5 - Mapa de variação percentual de custos de obras (fonte: adaptado de [15]) ................... 13
Tabela 2.6 - Mapa de fatores responsáveis por desvios de custos (fonte: adaptada de [15]) ............. 13
Tabela 2.7 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Etiópia
(fonte: adaptado de [16]) ....................................................................................................................... 16
Tabela 2.8 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Faixa
de Gaza (fonte: adaptado de [17]) ........................................................................................................ 17
Tabela 2.9 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Malásia
(fonte: adaptado de [18]) ....................................................................................................................... 19
Tabela 2.10 - Ranking dos dez fatores mais relevantes na Malásia (fonte: adaptado de [18]) ............ 20
Tabela 2.11 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Índia
(fonte: adaptado de [19]) ....................................................................................................................... 20
Tabela 2.12 - Ranking dos dez fatores mais relevantes na Índia (fonte: adaptado de [19]) ................ 22
Tabela 2.13 - Ranking dos dez fatores mais relevantes no Paquistão (fonte: adaptado de [20] ......... 22
Tabela 2.14 - Ranking dos dez fatores mais relevantes na Nigéria (fonte: adaptado de [21]) ............. 23
Tabela 2.15 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na
Austrália (fonte: adaptado de [9]) .......................................................................................................... 23
Tabela 2.16 - Ranking dos dez fatores mais relevantes na Austrália (fonte: adaptado de [9]) ............ 25
Tabela 2.17 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores no Gana
(fonte: adaptado de [22]) ....................................................................................................................... 25
Tabela 2.18 - Ranking dos dez fatores mais relevantes no Gana (fonte: adaptado de [22]) ............... 26
Tabela 2.19 - Ranking dos dez fatores mais relevantes no Vietnam (fonte: adaptado de [23]) ........... 27
Tabela 2.20 - Variação dos custos, em percentagem, de materiais (fonte: [24]) ................................. 32
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Guia de Controlo de Custos em Obra
GLOSSÁRIO E ABREVIATURAS
€/h- Euro por hora
€/m2- Euro por metro quadrado
AC- Actual Cost
CPI- Cost Performance Index
CV- Cost Variance
EV- Earned Value
EVM- Earned Value Management
PV- Planned Value
SPI- Schedule Performance Index
SV- Schedule Variance
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Guia de Controlo de Custos em Obra
INTRODUÇÃO
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Guia de Controlo de Custos em Obra
Apresentar-se-á, ainda a validação para o método proposto para problemas ocorridos em obra, de forma
a validar o guia proposto e verificar a aplicabilidade do mesmo.
Resumidamente, os principais objetivos desta dissertação são:
• Apresentar teorias de controlo de custos;
• Analisar fatores responsáveis por desvios de custos;
• Desenvolver um guia de controlo de custo;
• Validar o guia proposto.
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Guia de Controlo de Custos em Obra
ESTADO DA ARTE
INTRODUÇÃO
Ao contrário das outras indústrias, a construção civil preocupa-se com projetos pontuais, isto é, todos
os projetos são diferentes. Este facto poderá criar dificuldades no ponto de vista de gestão visto que cada
contrato irá ter[1]:
• Uma equipa de gestão nova;
• Mão de obra recrutada para o respetivo projeto;
• Localização por várias partes do país o que dificulta a comunicação dentro da empresa;
• Condições meteorológicas em constante mudança.
Independentemente da escala do projeto os custos de produção precisam de ser monitorizados e
controlados de modo a verificarem-se lucros.
2.1.1. RECOLHA DE ELEMENTOS
Segundo J. M. Mota Cardoso [1] o controlo de custos inicia-se pela seguinte recolha de elementos:
• Elementos diários de mão de obra;
• Pedidos ao armazém;
• Mapas de consumo de materiais;
• Horas de funcionamento de máquinas;
• Talões de serviços de subempreitadas.
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Guia de Controlo de Custos em Obra
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Guia de Controlo de Custos em Obra
Custos Diretos
Custos diretos são todos os custos que estão relacionados com a parte prática de uma obra, ou seja, é
tudo que esteja relacionado com uma tarefa em obra e são uma grande parte do orçamento planeado.[3]
Segundo Jackson custos diretos envolvem os seguintes fatores:
• Materiais;
• Mão de obra;
• Equipamentos;
• Subcontratos.
Custos Indiretos
Custos indiretos são frequentemente referidos como despesas gerais, isto é, são despesas necessárias
para o bom funcionamento das atividades. [3]
A relação de custos indiretos pode variar de obra para obra, mas os mais comuns são os seguintes:
• Supervisão;
• Instalações;
• Inspeções;
• Material de segurança;
• Sanitários;
• Remoção de lixo;
• Vedações de segurança;
• Obrigações e seguros.
TEORIAS DE CONTROLO DE CUSTOS
2.2.1. LUCRO OU PERDA GLOBAL
Neste sistema, o empreiteiro aguarda o final do contrato para a seguir comparar o lucro com o valor de
investimento em mão de obra, materiais, instalações e despesas gerais. Este sistema é útil em contratos
de curta duração porque envolvem pouca mão de obra e poucos equipamentos. Este sistema permite
detetar erros grosseiros que podem ser evitados em trabalhos futuros, pelo que dificilmente se poderá
considerar esta técnica um sistema de controlo de custos.[4]
2.2.3.CUSTO UNITÁRIO
Nesta técnica, os custos dos vários tipos de trabalhos são registados separadamente. Os custos, tanto
cumulativamente, como por períodos, são divididos pela quantidade de trabalho efetuado, resultando
assim em custos unitários que, em seguida são comparados com os do contrato.[4]
5
Guia de Controlo de Custos em Obra
Exemplo:
• Código custo 10- Transporte e colocação de betão;
• Código custo 20- Montagem e desmontagem da cofragem;
• Código custo 30- Assentamento de alvenaria;
• Código custo 40- Grua torre;
• Código custo 50- Movimento de terras;
• Código custo 60- Estaleiro.
Numa primeira fase, é necessário realizar o planeamento das atividades, a partir de um estudo de
encadeamento e sequência das mesmas, que deverá merecer especial atenção.
Em seguida, atribuir-se-á os respetivos códigos de custo e subsequentemente criar-se-á uma referência
de controlo.
Deste modo, semana após semana, será comparado o trabalho efetuado com o trabalho planeado. Se
porventura não se verificar o planeamento, será iniciada uma atualização do mesmo onde se poderá
verificar o atraso.
Em conclusão, verificar-se-á a percentagem de atividade completa, determinando-se assim o valor dos
trabalhos acumulados.[4]
Materiais
Controlar as variações dos custos dos materiais é complexo, devido ao esforço necessário para
determinar o momento em que estes entraram na obra.
Existem ainda mais dois fatores que aumentam a complexidade do controlo de custos em materiais,
sendo estes, as variações de preço e quantidade.
• Variação de preço
o Inflação;
o Variações de custos entre a preparação do projeto e compra de materiais;
• Variação de quantidades
o Desperdícios;
o Roubos ou perdas;
o Correções;
o Atrasos no registo de entrada de materiais;
o Medições incorretas.
Esta técnica, com registos cuidadosos e completos, permitirá calcular os desvios existentes nos vários
códigos de custo do material. Além disso, o tempo que se iria desperdiçar ao realizar esta tarefa não
seria compensatório em relação aos lucros que se iriam verificar. Na prática, atribuir um valor de
variação de custo dos materiais é suficiente.
Se estas variações de custo dos materiais forem inaceitáveis devem ser investigados e devem sofrer
correções de modo a estes valores serem aceitáveis.[4]
6
Guia de Controlo de Custos em Obra
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Guia de Controlo de Custos em Obra
• Atividades podem ser adicionadas e removidas ou a sua duração pode ser alterada sem
necessidade de recalcular as restantes.
• O valor das horas é facilmente calculado e pode ser revistos.
• Erros são facilmente detetados visto que valor atual nunca pode ser maior que o valor
orçamentado.
• Horas orçamentadas, horas atuais, horas de valor e horas previstas podem ser integrados num
gráfico para mostrar tendências.
• Este sistema é bom para avaliar o valor de trabalho executado para pagamentos a empresas
principais ou subcontratos.
A eficiência de cada atividade é obtida pela divisão do valor de horas pelas horas executadas. Este índice
é designado de Índice de Desempenho de Custos (CPI- Cost Performance Index).
Tabela 2.2- Exemplo de cálculo de horas (fonte: [5])
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Guia de Controlo de Custos em Obra
Indicadores de Desempenho
• Variação de custo (CV- Cost Variance) - é dado pela diferença entre o Valor Agregado (EV) e
o Custo Atual (AC).
Este indicador, se for positivo significa que se está a gerar lucros, e se for negativo significa que se está
a gerar prejuízos.
• Variação de Planeamento (SV- Schedule Variance) - é dado pela diferença entro Valor
Agregado (EV) e o Valor Planeado (PV).
Caso este indicador seja positivo, tal significa que o estado da obra é considerado adiantado e se for
negativo significa que o estado da obra é atrasado.
Estes dois indicadores podem ainda ser convertidos em indicadores de eficiência que, poderão refletir o
desempenho dos custos e o desempenho do planeamento.
• Índice de Desempenho de Custos (CPI- Cost Performance Index) - é dado pela divisão entre o
Valor Agregado e o Custo Atual. Se o CPI for menor que 1 indica que os custos estão a
ultrapassar o estimado. Se o CPI for maior que o indica que os custos estão a ser inferiores ao
estimado.
• Índice de Desempenho do Planeamento (SPI- Schedule Performance Index) - é dado pela
divisão entre o Valor Agregado e o Valor Planeado. Se o SPI for menor que 1 significa que a
obra está atrasada no planeamento. Se o SPI for maior que 1 significa que a obra está adiantada
no planeamento.
9
Guia de Controlo de Custos em Obra
Identificar atividades
Uma atividade é um trabalho que consome recursos. Na prática consegue-se determinar um largo
número de tarefas. Neste processo, uma atividade pode ser dividida em subactividades e consoante esta
divisão o método torna-se mais ou menos complexo. De salientar que quanto mais complexo, mais
dispendioso se torna o controlo de custos e este deixa de ser o objetivo do método.
10
Guia de Controlo de Custos em Obra
𝐶𝑖 = ∑(𝑈𝑅𝑗 ⋅ 𝑄𝑖𝑗̇ )
(2.1)
𝑗=1
i- Número da atividade
j- Número de recurso
C- Custo
URj- Rácio por unidade de Recurso
Qij- Quantidade dos recursos j consumido na atividade i
Grande parte das empresas prefere o método de atribuição razoável. No caso dos recursos humanos, o
tempo é medido em percentagem, e no caso de instalações é medido em rácios para cada uma das
atividades em obra.
Tabela 2.3 - Exemplo do esforço temporal de cada trabalhador em cada uma das atividades (fonte:[7])
Tabela 2.4 - Exemplo dos custos das instalações por departamentos (fonte:[7])
A correspondência de cada atividade aos respetivos objetos de custo, não é economicamente possível.
É necessário que exista um fator chamado de “cost driver”. Este fator é proporcional aos custos de uma
tarefa. O custo dos objetos de custo é o produto entre o custo unitário e o volume do fator de custo.
11
Guia de Controlo de Custos em Obra
𝐶𝑘 = ∑(𝑈𝑅𝑖 ⋅ 𝑄𝑖 )
(2.2.)
𝑖=1
Há três tipos de fatores de custo: fatores de transição, fatores de orçamento e fatores de duração. Os
fatores de transição anotam a quantidade de vezes que uma atividade foi executada, reconhecendo que
a quantidade de recursos utilizados é constante ao longo do tempo.
Os fatores de duração medem o período em que uma atividade é realizada. Neste fator poderá
reconhecer-se que os recursos são utlizados com variações significativas.
Os fatores de orçamento são atribuídos a objetos de custo com base na relação orçamental. As empresas
usam esta técnica quando os recursos numa tarefa são inconstantes na sua realização.
12
Guia de Controlo de Custos em Obra
Na tabela apresenta-se um resumo de vários estudos no âmbito dos desvios de custos em vários tipos de
empreitadas.
Tabela 2.5 - Mapa de variação percentual de custos de obras (fonte: adaptado de [15])
Local Autor Empreendimentos Promotor Observações
126
Kim et al. 39% dos empreendimentos com desvios
Empreendimentos -
Coreia do (2008) positivos e 31% com desvios negativos
internacionais
Sul
161 Consoante o tipo de empreendimento correram
Lee (2008) Público
Empreendimentos desvios máximos de 50% a mais de 100%
67 dos empreendimentos com desvios de custo,
Etiópia Nega (2008) 70 Edifícios Público
atingindo um máximo de 126%
Priyantha et
Sri Lanka 58 Estradas Público -20% a +60% de desvios de custo
al. (2011)
Flyvberg et
al. (2002, 258 20,4%, 33,8% e 44,7% de desvio médio para
Vários 2003, 2004); Empreendimentos - estradas, túneis, pontes e ferrovias,
Flyvberg de vias respetivamente
(2007)
Al-Momani Custo excedido em 30% do preço inicialmente
Jordânia 125 Escolas -
(1996) previsto
O desvio médio custo dos projetos foi de 2,08%
Endut et al. 359 Públicos tendo sido o mínimo registado de desvios de
Malásia
(2009) Empreendimentos Privados custo de -80,38% e o máximo de 80,76%. Mais
desvios de custo no setor público.
Tribunal de 85% das obras tiveram um desvio de custo
Contas 106 Estradas Públicas superior a 20%. Desvio de custo médio de 77%.
Portugal (2000) Desvio máximo de 486%
Correia 174 Desvio médio foi de 32%. Valor máximo
Públicos
(2013) Empreendimentos registado de 169%
Tabela 2.6 - Mapa de fatores responsáveis por desvios de custos (fonte: adaptada de [15])
13
Guia de Controlo de Custos em Obra
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Guia de Controlo de Custos em Obra
15
Guia de Controlo de Custos em Obra
Num inquérito que conta com 140 participantes, dos quais, 98 empreiteiros, 26 consultores e 16 donos
de obra, foram identificados 41 fatores que afetam os custos de uma empreitada.
Na seguinte tabela pode-se encontrar as dez causas com mais impacto nos custos de uma empreitada
na ótica do empreiteiro, dono de obra e consultores.
Tabela 2.7 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Etiópia (fonte:
adaptado de [16])
16
Guia de Controlo de Custos em Obra
Num inquérito que conta com 127 participantes, dos quais, 66 empreiteiros, 27 consultores e 31 donos
de obra, foram identificados 42 fatores que afetam os custos de uma empreitada.
Na tabela que se segue pode-se encontrar as dez causas com mais impacto nos custos de uma
empreitada na ótica do empreiteiro, dono de obra e consultores.
Tabela 2.8 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Faixa de Gaza
(fonte: adaptado de [17])
Valoriza Valorizaçã
Valorização
ção dos Empreiteiro o dos Dono de obra Consultores
dos fatores
fatores fatores
Incremento dos Incremento dos Atraso na
preços dos materiais preços dos construção,
devido ao materiais devido fornecimento de
1.º 1.º 1.º
encerramento ao encerramento matérias-primas e
contínuo das contínuo das equipamento por
fronteiras fronteiras empreiteiros
Atraso na Atraso na Incremento dos
construção, construção, preços dos materiais
fornecimento de fornecimento de devido ao
2.º 2.º 2.º
matérias-primas e matérias-primas encerramento
equipamento por e equipamento contínuo das
empreiteiros por empreiteiros fronteiras
Monopólio de Restrição de
Flutuações no custo materiais do recursos: fundos e
3.º dos materiais de 3.º projeto por 3.º associados
construção alguns auxiliares não
fornecedores prontos
Monopólio de Flutuações no Desacumulação da
materiais do projeto custo dos moeda local em
4.º 4.º 4.º
por alguns materiais de relação ao valor em
fornecedores construção dólares
17
Guia de Controlo de Custos em Obra
Algumas manobras
Desacumulação da Desacumulação de concurso por
moeda local em da moeda local empreiteiros, tais
5.º 5.º \5.º
relação ao valor em em relação ao como o
dólares valor em dólares carregamento frontal
das tarifas
Baixo compromisso
do doador para
compensar qualquer Flutuações no custo
Alterações de
6.º mau resultado que 6.º 6.º dos materiais de
design
possa vir da má construção
situação económica
e política
Reclamações
Política dos contratuais, tais Falta de
doadores na como, planeamento/monito
7.º apresentação de 7.º prorrogação do 7.º rização de custos
propostas ao preço prazo com durante as fases pré
mais baixo reclamações de e pós-contrato
custos
Melhorias nos
Descolagem de
desenhos padrão
8.º Alterações de design 8.º quantidades 8.º
durante a fase de
imprecisas
construção
Falta de
planeamento/mo
Trabalho adicional a Omissões e erros
nitorização de
9.º pedido do 9.º 9.º nas notas de
custos durante as
proprietário quantidades
fases pré e pós-
contrato
Restrição de Restrição de
recursos: fundos e recursos: fundos Descolagem de
10.º auxiliares 10.º e associados 10.º quantidades
associados não auxiliares não imprecisas
prontos prontos
A tabela que se segue é referente a um estudo da autoria de Rahman et al. [18] realizado na Malásia
resultante de inquéritos a 52 donos de obra, 92 consultores e 118 empreiteiros.
18
Guia de Controlo de Custos em Obra
Tabela 2.9 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Malásia (fonte:
adaptado de [18])
Fluxo de caixa
Fluxo de caixa e
e dificuldades
dificuldades Má gestão e
financeiras
2.º financeiras 2.º 2.º supervisão do
enfrentadas
enfrentadas pelos sítio
pelos
empreiteiros
empreiteiros
Atraso no
Monitorização Dificuldades
pagamento em
3.º 3.º e controlo 3.º financeiras do
curso por
inadequados proprietário
proprietário
Má gestão e Má gestão e
Atraso do
5.º supervisão do 5.º supervisão do 5.º
horário
sítio sítio
Reclamações
contratuais, tais
Má situação como,
6.º Atraso do horário 6.º financeira no 6.º prorrogação do
local prazo com
reclamações de
custos
Planeamento e
Subempreiteiros Produtividade
7.º 7.º esquemas 7.º
incompetentes laboral
inadequados
19
Guia de Controlo de Custos em Obra
Por fim, fez-se um ranking das dez causas mais relevantes para os desvios de custos, tendo em conta
todos os inquéritos, como pode-se ver pela seguinte tabela.
Tabela 2.10 - Ranking dos dez fatores mais relevantes na Malásia (fonte: adaptado de [18])
Valorização
dos fatores
Tabela 2.11 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Índia (fonte:
adaptado de [19])
20
Guia de Controlo de Custos em Obra
Taxa de
Taxa de mercado Especificação
4.º 4.º mercado de 4.º
de materiais pouco clara
materiais
Dependerá dos
Falta de mais frescos
Modificação do
5.º 5.º capacidade 5.º para arcar com
contrato
técnica toda a
responsabilidade
Retrabalho de
Alto nível de Mudança
má qualidade
6.º exigência de 6.º 6.º frequente de
de
qualidade subempreiteiro
desempenho
Retrabalho de má Falta de
Localização do
7.º qualidade de 7.º 7.º capacidade
projeto
desempenho técnica
Falta de Falta de
Alta qualidade de
experiência em experiência em
8.º trabalho 8.º 8.º
projetos projetos
requerida
semelhantes semelhantes
Os proprietários
Falta de
atrasam na
pessoal Alta qualidade
libertação do
9.º 9.º experiente e 9.º de trabalho
pagamento
de mão-de- requerida
financeiro ao
obra
contratante
Falta de Falta de
Especificação
10.º habilidade dos 10.º 10.º habilidade dos
pouco clara
subempreiteiros subempreiteiros
Por fim, realizou-se um ranking dos dez fatores mais relevantes, apresentado na tabela que se
apresenta a seguir.
21
Guia de Controlo de Custos em Obra
Tabela 2.12 - Ranking dos dez fatores mais relevantes na Índia (fonte: adaptado de [19])
Valorização
dos fatores
Taxa de mercado de materiais 1
Modificação do contrato 2
Alto nível de exigência de qualidade 3
Localização do projeto 4
Tabela 2.13 - Ranking dos dez fatores mais relevantes no Paquistão (fonte: adaptado de [20]
Valorização
Empresas de construção
dos fatores
22
Guia de Controlo de Custos em Obra
Tabela 2.14 - Ranking dos dez fatores mais relevantes na Nigéria (fonte: adaptado de [21])
Valorização
Empresas de construção
dos fatores
1.º Alterações de design
2.º Atrasos no pagamento aos empreiteiros
3.º Atrasos na informação
4.º Problemas de financiamento
5.º Má gestão de projetos
6.º Questões de compensação
7.º Desacordo sobre a avaliação do trabalho realizado
8.º Conflitos entre as partes envolvidas
9.º Alteração do calendário do projeto
10.º Problemas de fornecimento e aprovisionamento
Num inquérito que conta com 94 participantes, dos quais, 44 empreiteiros, 31 consultores e 25 donos
de obra podem encontrar-se as dez causas, com mais impacto, nos custos de uma empreitada na ótica
do empreiteiro, dono de obra e consultores.
Tabela 2.15 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores na Austrália
(fonte: adaptado de [9])
23
Guia de Controlo de Custos em Obra
na fase de
concurso
Controlo
Deficiências dos
inadequado Forma de
empreiteiros no
sobre a aquisição e
4.º 4.º planeamento e 4.º
atribuição de disposições
programação na
recursos do contratuais
fase de concurso
local
Controlo Controlo
Controlo
inadequado inadequado
inadequado
sobre a sobre a
5.º 5.º sobre a 5.º
atribuição de atribuição de
atribuição de
recursos do recursos do
recursos do local
local local
Controlo
Processo eficaz Grau de inadequado
de conclusão da sobre a
6.º 6.º 6.º
monitorização conceção do pré- atribuição de
e feedback contrato recursos do
local
Deficiências
dos
Erros e Controlo
empreiteiros
discrepâncias inadequado
no
7.º na 7.º sobre a 7.º
planeamento e
documentação atribuição de
programação
de construção recursos do local
na fase de
concurso
Alterações de
Erros e Grau de
design dentro
discrepâncias na conclusão da
8.º do período de 8.º 8.º
documentação conceção do
desenvolvimen
de construção pré-contrato
to
Erros e
Escalonamento Escalonamento discrepâncias
9.º dos preços do 9.º dos preços do 9.º na
material material documentação
de construção
Formação de
Grau de
pessoal nas áreas Escalonamento
conclusão da
10.º 10.º de competência 10.º dos preços do
conceção do
relevantes para o material
pré-contrato
projeto
24
Guia de Controlo de Custos em Obra
Tabela 2.16 - Ranking dos dez fatores mais relevantes na Austrália (fonte: adaptado de [9])
Valorização
dos fatores
Deficiências de planeamento e programação 1
Métodos/técnicas de construção 2
Processo eficaz de monitorização e feedback 3
Controlo inadequado sobre a atribuição de recursos do local 4
Controlo inadequado sobre a atribuição de recursos do local 5
Deficiências dos empreiteiros no planeamento e
6
programação na fase de concurso
Grau de conclusão da conceção do pré-contrato 7
Escalonamento dos preços do material 8
Erros e discrepâncias na documentação de construção 9
Variações iniciadas pelo cliente 10
Tabela 2.17 - Ranking de fatores do ponto de vista do empreiteiro, dono de obra e consultores no Gana (fonte:
adaptado de [22])
Dificuldades de Dificuldades de
Má gestão de
1.º pagamento 1.º 1.º pagamento
contratos
mensais mensais
Aquisição de Aquisição de Má gestão de
2.º 2.º 2.º
material material contratos
Deficiências de Dificuldades
3.º Inflação 3.º planeamento e 3.º financeiras do
programação empreiteiro
Dificuldades Escalonamento Deficiências de
4.º financeiras do 4.º dos preços do 4.º planeamento e
empreiteiro material programação
25
Guia de Controlo de Custos em Obra
Escalonamento Dificuldades de
5.º dos preços do 5.º pagamento 5.º Inflação
material mensais
Fluxo de caixa Fluxo de caixa Fluxo de caixa
6.º durante a 6.º durante a 6.º durante a
construção construção construção
Má gestão de
7.º 7.º Inflação 7.º Mau tempo
contratos
Deficiências nas
Condições Escalonamento
estimativas de
8.º geológicas 8.º 8.º dos preços do
custos
inesperadas material
preparadas
Aquisição de
9.º Mau tempo 9.º Mau tempo 9.º
material
Deste modo, este estudo resultou num ranking dos principais fatores mais relevantes nos desvios de
custos, como se poderá observar na tabela apresentada a seguir,
Tabela 2.18 - Ranking dos dez fatores mais relevantes no Gana (fonte: adaptado de [22])
Valorização
dos fatores
Dificuldades de pagamento mensais 1
Má gestão de contratos 2
Aquisição de material 3
Inflação 4
Dificuldades financeiras do empreiteiro 5
Escalonamento dos preços do material 6
Fluxo de caixa durante a construção 7
Deficiências de planeamento e programação 8
Mau tempo 9
26
Guia de Controlo de Custos em Obra
Tabela 2.19 - Ranking dos dez fatores mais relevantes no Vietnam (fonte: adaptado de [23])
Valorização
dos fatores
Extensão do calendário de implementação do projeto 1
Aumento abrupto da procura de trabalhadores da obra 2
Suspensão do contrato ou cancelamento arbitrário do contrato 3
Gestão frouxa e controlo deficiente das quantidades 4
Atraso e entrega incompleta do estaleiro de construção 5
Gestão deficiente dos contratos com os proprietários no que diz
respeito a quantidades crescentes e reparação do defeito e 6
condições contratuais desfavoráveis para os empreiteiros
Dificuldades ou atrasos no processo de aprovação e licenciamento
7
por parte das autoridades administrativas
Alterações de documentos jurídicos com impacto nos projetos 8
Atrasos de pagamento por parte dos proprietários 9
Situação financeira instável 10
Nestes últimos anos, o setor da construção civil passou por grandes dificuldades económicas
aumentando assim a importância do controlo de custos como meio de sucesso de uma empresa.
O conceito de derrapagens no controlo de custos refere-se a problemas que podem surgir, seja em fase
de projeto, fase de obra ou até mesmo depois do edifício estar concluído, resultando assim em
orçamentos excedidos.
É de realçar a dificuldade de execução do controlo de custos que será tanto maior quanto a dimensão e
complexidade do edifício.
De seguida, apresentar-se-ão alguns casos, de uma empresa colaborativa anónima, em que claramente
existiram derrapagens no controlo de custos, apresentando-se, também, as razões para esses derrapagens.
2.4.1.A EMPRESA
O controlo de custos é um conceito perfeitamente incluído no dia a dia desta empresa. A empresa
apresenta mais de 30 anos de experiência na Indústria da Construção, onde desenvolveu vários projetos
no âmbito da reabilitação do centro histórico do Porto, hotelaria, parques industriais, edificações de
27
Guia de Controlo de Custos em Obra
serviços. No entanto, o seu maior foco é a construção habitacional, realizando assim a promoção
imobiliária. A empresa conta com projetos realizados de Norte a Sul de Portugal com principal destaque
na zona metropolitana do Porto.
A empresa apresenta um alvará de classe 7 o que dá capacidade à empresa a realização de obras até
10.624.000,00€.
Estrutura da Empresa
A estrutura da empresa está dividida em vários setores como se pode observar no esquema apresentado.
Gerência
Gestão de Pedidos de
Tesouraria Vendas Gestão de Stocks Estudo de Projeto
Subempreitadas Preços
Planeamento de
Técnicos
Obra
Preparação de
Obra
Dado que o objeto de estudo é o controlo de custos o autor contou com a ajuda do departamento de
orçamentação e com o departamento de obras.
O departamento de orçamento foi importante para perceber o planeamento necessário num projeto e
para perceber quais os erros mais frequentes deste departamento que afetam o controlo de custos. Por
outro lado, o departamento de obras ajudou a perceber melhor o processo de controlo de custos, e a
perceber também, os erros mais frequentes em fase de obra que afetam os custos de uma empreitada.
28
Guia de Controlo de Custos em Obra
Para resolver o problema a empresa teve de alterar o tipo de material o que levou a um custo adicional
de 100 mil euros, que foram divididos entre o empreiteiro, gabinete de projeto e fornecedor do
material.[24]
Erros de Medição
Em fase de projeto mediu-se 2000 m2 de revestimento cerâmico interior num empreendimento
multifamiliar.
Em obra constatou-se que foram necessários assentar 2300 m2 de revestimento cerâmico, levando assim
a custos adicionais de mais 300 m2 de revestimento cerâmico.[24]
29
Guia de Controlo de Custos em Obra
Má gestão de equipamentos
Durante os trabalhos de nivelamento do terreno de um edifício o Diretor de Obra escolheu um cilindro
pequeno. Com o decorrer dos trabalhos o Diretor de Obra percebeu que não estava a obter o melhor
rendimento do equipamento, o que levou a maiores custos de mão de obra por parte do manobrador do
equipamento e maiores custos no aluguer do equipamento, pois o trabalho demorou mais tempo que o
previsto.
O Diretor de Obra devia assim ter optado por um cilindro maior de modo a obter o rendimento desejável,
e assim pagar menos horas de mão de obra ao manobrador e menos dias de aluguer do equipamento.[24]
Mau planeamento
No caso seguinte, aborda-se o problema da má gestão de subempreitadas, estando assim a comprometer
a sequência normal dos trabalhos.
Num empreendimento multifamiliar, nas varandas, era necessário colocar o pavimento em deck em
primeiro lugar, e só depois o alucobond. Porém o Diretor de Obra e o encarregado planearam mal os
trabalhos de exterior e a empresa que aplicou o alucobond entrou quando o pavimento em deck ainda
não estava terminado e perfeitamente afinado.
Deste modo, houve necessidade de remover as chapas de aplicação do alucobond, para a finalização
do pavimento em deck, o que levou a que se tivesse de fazer o mesmo trabalho duas vezes.[24]
30
Guia de Controlo de Custos em Obra
Má utilização de materiais
O caso que se segue diz respeito a uma má utilização de cimento cola, por parte dos trabalhadores
responsáveis, pelo assentamento de cerâmico. Os trabalhadores prepararam uma quantidade exagerada
de cimento cola, que não se iria gastar naquele resto de dia de trabalho, e no dia seguinte já não tinha
utilidade, provocando assim um desperdício de material.
Manutenção de equipamentos
Neste capítulo apresenta-se a importância dos custos de manutenção. Devido às várias empreitadas que
a empresa tem em andamento, é necessário ter em conta os custos de manutenção das gruas em obra. A
manutenção das gruas também é importante para manter o bom funcionamento da mesma de modo a
evitar perdas de rendimento ou até mesmo avarias que impossibilitem a utilização da grua.[24]
Avarias
O caso que se segue é devido a avaria de uma grua. O motor da grua teve de sofrer reparações para
continuar com o bom funcionamento dos trabalhos. Esta avaria provocou um dia sem a utilização da
mesma, provocando assim atraso nos trabalhos que estavam a decorrer.[24]
Escassez de materiais
O próximo caso é de uma situação muito recorrente nos últimos anos, pois trata-se de escassez de
materiais. Os fornecedores, devido à crise pandémica, fizeram mudanças nas suas linhas de produção
provocando, assim, ruturas de stock nos varões de aço, alumínio, vidro e madeira e alterando assim os
seus prazos de entrega.[24]
Desperdícios de materiais
Este caso apresenta um desperdício de material desnecessário. Os trabalhadores responsáveis pelo
assentamento da alvenaria tinham uma quantidade de argamassa preparada que já não se iria gastar até
ao final do dia de trabalho. Uma vez que esta não poderia ser usada no dia seguinte, tal levou a que se
tivesse desperdício de material.[24]
31
Guia de Controlo de Custos em Obra
Condições climatéricas
As condições climatéricas afetam, muitas vezes, o normal planeamento de uma obra, como se pode
verificar pelo seguinte caso.
Estava previsto, numa determinada semana, a colocação do pavimento em deck nas varandas e da tela
asfáltica na cobertura, num empreendimento multifamiliar. Contudo, devido às condições climatéricas
que não se apresentarem favoráveis, não foi possível proceder à execução do trabalho, pois devido à
água da chuva o trabalho não iria ficar devidamente executado.
Dado que não foi possível a execução do trabalho, tal provocou ao empreiteiro atrasos e custos de mão
de obra que não foi aproveitada.[24]
32
Guia de Controlo de Custos em Obra
Embargos de obra
Neste momento, apresentar-se-á uma situação em que uma obra foi embargada devido à não
conformidade da altura de um muro. O muro apresentava, em projeto, a medida de 1,5 metros de altura.
Tendo o empreiteiro feito o muro com 2 metros de altura, tal levou ao embargamento da obra pela
entidade reguladora, provocando, assim, atrasos e custos adicionais de mão de obra não aproveitada,
aluguer de equipamentos e multas.[24]
Acidentes de trabalho
Seguidamente, abordar-se-á o caso de um acidente de trabalho que envolveu um deslizamento de terras
quando se executava um muro de suporte. Este acidente resultou no ferimento de um trabalhador
responsável pela armação dos varões de aço.
Deste modo, a empresa teve despesas acrescidas devido a seguros de trabalho e contratação de outro
trabalhador para a mesma função.[24]
Multas
Neste capítulo apresentar-se-ão três casos que resultaram em multas aplicadas ao empreiteiro.
A primeira multa foi aplicada pela Autoridade para as Condições de Trabalho pois o subempreiteiro da
arte de eletricista não tinha a documentação devidamente regularizada de dois funcionários.
A segunda multa foi devido ao não cumprimento de prazo da licença de espaço aéreo de uma grua. O
empreiteiro tinha licença até ao final de janeiro, mas como só a desmontou a meio de fevereiro foi-lhe
aplicada uma multa por não cumprimento deste prazo.
A terceira multa foi aplicada pelo Dono de obra ao empreiteiro, pelo facto de não cumprimento do prazo
de conclusão de obra. A multa aplicada foi de mil euros por dia chegando o empreiteiro a pagar trinta
mil euros por um mês de atraso.[24]
33
Guia de Controlo de Custos em Obra
34
Guia de Controlo de Custos em Obra
35
Guia de Controlo de Custos em Obra
Tem sido citado que a falta de experiência é uma das causas críticas que afetam o desempenho dos
projetos de construção por diferentes autores.[25]
Há casos em que o empreiteiro principal e subempreiteiros entram em falência durante o período de
construção. Isto pode levar a atrasos significativos e a custos adicionais, uma vez que o proprietário do
projeto tem de voltar a apresentar propostas para os restantes trabalhos a serem realizados por outro
empreiteiro.[12], [25]
36
Guia de Controlo de Custos em Obra
Explicações técnicas
A maioria dos estudos que comparam o custo real na conclusão, e os custos estimados no início da
adjudicação de projetos de construção, explicam aquilo a que chamam "erros de previsão". Em termos
técnicos, tais erros poderão ser técnicas imperfeitas, dados inadequados, erros honestos, problemas
inerentes à previsão do futuro, falta de experiência por parte dos responsáveis pelas previsões, etc. [12]
Explicações económicas
As explicações económicas consideram a subestimação dos custos em termos de racionalidade
económica. [12]
Segundo Flyvbjerg, [12] existem dois tipos de explicações económicas. A primeira é explicada em
termos de interesse económico próprio, a outra em termos de interesse público. No que respeita ao
interesse próprio, quando um projeto avança, cria trabalho para engenheiros e empresas de construção,
e os interessados ganham dinheiro. Se as partes interessadas estiverem envolvidas ou influenciarem
indiretamente o processo de previsão, então isto pode influenciar os resultados.
No que diz respeito ao interesse público, os promotores de projetos e os responsáveis pelas previsões
podem subestimar deliberadamente os custos, a fim de proporcionar aos funcionários públicos um
incentivo para reduzir os custos e assim poupar o dinheiro do público. [12]
Estudos empíricos realizados por Wachs [12], identificaram promotores e metodologistas que afirmam
subestimar os custos a fim de poupar dinheiro público. O argumento foi também adotado por
académicos, por exemplo Merewitz [12], que conclui explicitamente que "manter os custos baixos é
mais importante do que estimar os custos corretamente".
Ambas explicações, técnica e económica, explicam bem a subavaliação sistemática dos custos. Ambas
retratam essa subestimação como deliberada, e como economicamente racional.
Explicações psicológicas
As explicações psicológicas tentam esclarecer os preconceitos nas previsões por um preconceito na
composição mental dos promotores e previsores de projetos. Os políticos podem querer um complexo
de monumentos ou museus, e os funcionários dos transportes têm, por vezes, a mentalidade de construir
estradas e pontes. A explicação psicológica mais comum é provavelmente "otimismo de avaliação".
De acordo com esta explicação, os promotores e os metodologistas são considerados demasiado
otimistas quanto aos resultados dos projetos na fase de avaliação, quando os projetos são planeados e
decididos. Uma estimativa de custos otimista é uma estimativa baixa. A existência de um otimismo de
avaliação nos promotores e metodologistas resultaria em custos de construção reais mais elevados do
que os custos estimados.[12]
Explicações políticas
As explicações políticas interpretam a subestimação dos custos em termos de interesses e poder. Uma
questão-chave para as explicações políticas é se as previsões são intencionalmente tendenciosas para
servir os interesses dos promotores de projetos em termos de arranque de projetos. Por razões legais,
económicas, morais, e outras, se os promotores e os responsáveis pelas previsões tiverem fabricado
intencionalmente uma estimativa de custos enganosa, para que um projeto possa ser iniciado, é pouco
provável que o façam aos investigadores.[12]
37
Guia de Controlo de Custos em Obra
38
Guia de Controlo de Custos em Obra
O efeito mais comum das ordens de alteração, durante a fase de construção, é o aumento do custo do
projeto. As ordens de alteração foram consideradas como um contributo importante para o tempo e
custos excedidos.[12]
As mudanças e variações são inevitáveis em qualquer projeto de construção. Num mundo ideal, as
mudanças estarão confinadas às fases de planeamento. No entanto, mudanças tardias ocorrem
frequentemente durante a construção, e frequentemente causam sérias perturbações no projeto. As
variações do projeto foram identificadas como uma importante fonte de conflitos e disputas nas
indústrias de construção de muitos países. A necessidade de fazer alterações num projeto de construção
é uma questão de realidade prática. Mesmo o projeto mais bem planeado pode necessitar de alterações
devido a vários fatores. As necessidades do proprietário podem mudar no decurso da conceção ou
construção, as condições do mercado podem impor alterações ao projeto, e os desenvolvimentos
tecnológicos podem alterar a conceção e a escolha do engenheiro. Além disso, erros, aditamentos e
omissões durante a construção podem forçar uma mudança.[12]
As alterações podem ter origem em numerosos fatores pertinentes aos projetos de construção. As causas
das ordens de mudança incluem o seguinte [12]:
• Adições e/ou melhorias exigidas pelos proprietários;
• Acidente ou dano;
• Força Maior;
• Condições imprevistas;
• Alteração nos planos e/ou especificações;
• Engenharia de valores;
• Aceleração.
Alterações nos desenhos e documentos contratuais levam geralmente a uma mudança no preço do
contrato ou no calendário do contrato. Normalmente, as ordens e variações de alteração apresentam
problemas a todas as partes envolvidas no processo de construção. Normalmente, estas alterações de
conceção requerem tempo adicional e de custos que, em última análise, levam ao excesso de tempo e de
custos. O impacto das ordens de alteração ou variações varia de um projeto para outro. Contudo, é
geralmente aceite que as ordens de alteração ou variações podem afetar projetos de construção com
consequências imprevisíveis em termos de tempo e de custos.[12]
As ordens de alteração que são impostas quando a construção está em curso, normalmente levam a
retrabalho, custos excedidos e atrasos na conclusão do projeto. O retrabalho e a demolição são potenciais
efeitos de alterações na construção, dependendo do momento da ocorrência das alterações, o que, em
última análise, leva a uma sobrecarga de tempo e de custos.[12]
39
Guia de Controlo de Custos em Obra
40
Guia de Controlo de Custos em Obra
No caso de atrasos do Dono de Obra, no tratamento dos desenhos de projeto, os empreiteiros devem:
• fazer registos e solicitar ao Dono de Obra que fixem os períodos de atraso, bem como os custos
dos danos causados pelos atrasos;
• coordenar a comunicação com o Dono de Obra, de modo a tratarem dos desenhos com urgência.
41
Guia de Controlo de Custos em Obra
3.3.6. REIVINDICAÇÕES CONTRATUAIS, TAIS COMO, A EXTENSÃO DO TEMPO COM PEDIDOS DE PAGAMENTOS
Existem vários tipos de contratos que preveem diferentes estratégias contratuais. O contrato de
construção determina as intenções do dono de obra e o método de execução do projeto. O Dono de obra
escolhe o método de contratação e o tipo de contrato, no qual se deve atender os seus principais objetivos
[26]:
• Metas de prazo;
• Requerimentos para garantia de preço;
• Flexibilidade para fazer mudanças justificáveis;
• Determinação e avaliação do risco para transferir a quem melhor puder gerenciá-lo.
Estes objetivos também se aplicam aos empreiteiros e o seu relacionamento com o proprietário, os
subempreiteiros e fornecedores. [26]
Nos contratos de construção, normalmente são descritos como poderão ser acordadas as modificações
do contrato enquanto o trabalho está a ser executado. Modificações são facilitadas por cláusulas, nas
quais se podem considerar prazos, diferentes situações do terreno, suspensão do trabalho e rescisão
contratual. [26]
42
Guia de Controlo de Custos em Obra
43
Guia de Controlo de Custos em Obra
face às atividades de construção. De facto, os trabalhadores qualificados são da cada vez mais escassos
e tem havido poucos incentivos à formação de trabalhadores na área.
A escassez de recursos humanos muitas vezes conduz a uma fraca produtividade e os trabalhadores não
qualificados não produzem bons resultados.
44
Guia de Controlo de Custos em Obra
Num estudo realizado por Pohl e Mihaljek [12], no qual foram inquiridos 1.015 projetos do Banco
Mundial, verificou-se que os custos nominais ultrapassados se deviam principalmente a uma inflação
inesperada.
OUTROS FATORES
45
Guia de Controlo de Custos em Obra
46
Guia de Controlo de Custos em Obra
METODOLOGIA DE ABORDAGEM
CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS
A indústria da construção sofreu um grande aumento nos custos dos recursos, devido à inflação, o que
provocou um grande aumento nos custos de construção, que por sua vez, provocaram aumentos
significativos no preço das habitações.
Assim sendo, nos últimos dois anos, o aumento dos custos na construção, despoletou a necessidade de
as empresas apresentarem um bom método de controlo de custos, ao longo de todo o processo de
construção, de modo a garantir que o que está a ser executado decorre de acordo como o planeado.
Deste modo, cabe à equipa técnica da obra, determinar um controlo de custos que assegure que o custo
real seja o mais aproximado possível do valor planeado, levando a empresa a evitar perdas financeiras,
clientes infelizes e perda de reconhecimento no mercado.
O método deve então reunir um conjunto de medidas essenciais, de modo que se obtenham informações
importantes capazes de se detetarem as ocorrências de desvios, que no caso de acontecerem, haja a
possibilidade de se tomarem as devidas ações, de modo que seja possível a sua eliminação ou
minimização.
Também, é muito importante que a obra seja executada conforme o orçamento e prazo previstos.
4.1.1. FASEAMENTO DO MÉTODO
De modo a facilitar a interpretação do guia, este foi dividido em várias fases, mais concretamente em
quatro fases, que se apresentam a seguir:
• Fase 1: Gabinete de Preparação - consiste na preparação da obra, que irá determinar todos os
meios necessários para a realização da empreitada, de modo a reduzir o número de problemas
em fase de execução;
• Fase 2: Controlo e Recolha de Dados em Obra - consiste na descrição de várias tarefas
necessárias para realizar um bom controlo da obra e registar tudo o que nela se passa;
• Fase 3: Comparação dos Elementos e Reprogramação dos Trabalhos - consiste na comparação
dos elementos da preparação da obra com os elementos recolhidos em obra, o que levará a que
se consiga identificar erros e agir em conformidade reprogramando os trabalhos em obra;
• Fase 4: Relatório do Estado da Obra - consiste na execução de um relatório onde se faz um
resumo da obra, indicando o seu estado, problemas, soluções encontradas e as estimativas
futuras.
Este guia utiliza como dados de entrada todas as informações resultantes da preparação da obra e as
informações recolhidas sobre o estado da mesma.
Quanto aos dados de saída, obter-se-á algumas comparações entre o que estava previsto na preparação
e os dados recolhidos em obra. Seguidamente, poder-se-á retirar algumas conclusões.
47
Guia de Controlo de Custos em Obra
Todos estes dados de saída são reunidos num relatório do estado da obra e organizados num dossiê da
empreitada. Este processo deverá ser considerado uma atividade contínua em que as fases dependem
umas das outras, e onde as fases 2 e 3 ocorrem simultaneamente.
O processo inicia-se com a fase 1, onde se efetua a preparação da obra. Será uma fase única, ou seja, só
se realiza uma vez e que irá representar o início da obra e o respetivo início do controlo da obra.
Após o início da obra, as fases 2 e 3 ocorrem em simultâneo. Neste momento é realizada toda a recolha
e organização dos elementos recolhidos em obra, e fazer a respetiva comparação do que foi previsto na
preparação com o que foi recolhido em obra.
A fase 4 será a última fase onde se efetua um relatório de um período de controlo e onde se irá iniciar
um novo ciclo de recolha e comparação de elementos.
• Objetivos da obra;
• Elementos do projeto;
• Caderno de Encargos;
• Especificações técnicas
• Especificações jurídicas;
• Proposta de preço;
• Organização de todos os participantes na obra;
48
Guia de Controlo de Custos em Obra
Após reunir todos estes documentos o gabinete de preparação de obra deverá verificar se todos estes
documentos estão conforme e fazer alterações necessárias, analisando-os cuidadosamente.
49
Guia de Controlo de Custos em Obra
• Controladores;
• Planificadores;
Como pessoal técnico:
• Engenheiro Diretor;
• Engenheiro Adjunto;
• Engenheiros técnicos;
• Assistentes técnicos.
Ao contratar estes profissionais para uma obra deve ter-se sempre em conta a experiência e as
qualificações dos mesmos. A experiência e as qualificações destes profissionais vão dar garantias de um
bom funcionamento da obra, e, consequentemente, menor probabilidade de erros a serem cometidos.
Outro aspeto importante é o rendimento desta mão de obra. Para isso, o empreiteiro deverá fornecer
boas condições de trabalho com todos os equipamentos necessários para a realização dos mesmos.
Há, ainda, condicionantes que são importantes, como é o caso do salário destes trabalhadores. Com
salários justos e pagos no dia previamente acordado, o profissional manter-se-á motivado na empresa,
evitando-se, assim, que estes peçam demissão ou que prejudiquem o bom funcionamento da obra.
4.2.4.SUBEMPREITEIROS
A contratação de subempreitadas é um ponto relevante e por vezes demorado. O primeiro passo deverá
passar por avaliar a capacidade técnica e económica do subempreiteiro, sendo para isso necessário
procurar informações sobre a sua experiência na área em questão, através de trabalhos que este tenha
feito no passado.
Este trabalho de pesquisa, deverá ser feito para várias empresas, de modo a reunir o máximo de
informação possível e fazer-se uma seleção de quais os subempreiteiros aptos para o trabalho que é
necessário realizar. Posto isto, far-se-á o pedido de um orçamento a todos os subempreiteiros e proceder-
se-á à avaliação de todas as propostas. Devem reunir-se, pelo menos cinco subempreiteiros para um
determinado trabalho.
Sempre que se peça um orçamento, deve-se ter em conta os seguintes aspetos:
• Preço;
• Materiais;
• Equipamentos utilizados;
• Tempo estimado de realização do trabalho.
Quanto ao recebimento dos orçamentos, é aconselhado retirar-se a proposta com o valor mais alto e a
proposta com o valor mais baixo. A proposta mais baixa porque a qualidade dos trabalhos pode ser algo
duvidosa. E o preço mais alto porque pode estar altamente inflacionado. Ficando, assim, com três
subempreiteiros, dos quais se deve avaliar cuidadosamente todos os fatores anteriormente mencionados.
Após a análise dos subempreiteiros, escolhe-se um e deve-se celebrar um contrato que deverá incluir
cláusulas de modo a cumprir o planeamento. Em relação à data de entrada na obra, esta deverá ser
acordada posteriormente.
À medida que os anos vão passando, pode-se registar na nossa base de dados de subempreiteiros, aqueles
em que se tem mais confiança, tanto a nível de qualidade de construção como de cumprimento de prazos,
e que ajudam num bom funcionamento da obra.
50
Guia de Controlo de Custos em Obra
Aluguer
O aluguer de um equipamento deverá ser ponderado em casos em que as taxas de utilização são muito
baixas e as necessidades deste equipamento serão para um curto período.
Aquisição
As empresas de construção tentam sempre adquirir um equipamento quando se calcula que os
equipamentos ou ferramentas vão ser utilizados muitas vezes, isto é, o seu custo é menor quanto mais
vezes o equipamento é utilizado. Outra vantagem é poderem utilizar o equipamento ou ferramenta
sempre que for necessário.
Também é necessário ter pessoal especializado para a utilização e manutenção do equipamento, ou
recorrer a serviços especializados para esse fim, caso contrário, pode levar ao fim de vida do
equipamento mais rapidamente.
Também se deve aplicar um correto valor de custo de utilização do equipamento de modo que quando
este chegue ao fim de vida a empresa tenha fundos suficientes para adquirir outro para substituição.
51
Guia de Controlo de Custos em Obra
O primeiro passo passará por recolher a lista de atividades. Esta lista de atividades irá definir o detalhe
da programação e da duração total da obra. Nesta lista de atividade deve-se dividir:
• as atividades por diversas categorias profissionais;
• as atividades pelas diversas zonas de obra;
• as atividades que coincidem com a lista de orçamento.
Esta lista de atividades do orçamento é importante, na medida em que facilita o planeamento de recursos
como, encargos financeiros, mão de obra, materiais, equipamentos e constituição de equipas de trabalho.
Existem também atividades do orçamento que devem ser subdivididas, porque são realizadas em
diversas etapas de uma obra. Em contrapartida, também existem atividades que na lista de atividades do
orçamento estão separadas, mas como são da mesma natureza devem ser unidas.
Também se devem assumir atividades que não consomem recursos, mas que consomem tempo, como
por exemplo, secagem de argamassas, dado que estas podem afetar outras atividades.
No segundo passo, definir-se-á a duração de cada atividade, sendo que para isso se deve conhecer o
trabalho a ser realizado. Seguidamente, deve-se procurar os recursos disponíveis para a realização dessa
tarefa, qual o rendimento desses mesmos recursos e a quantidade de trabalho a executar. Tendo em conta
estes três fatores calcula-se a duração da tarefa. O valor calculado é um valor probabilístico pois depende
de fatores que podem condicionar a duração do trabalho.
No último passo, terá lugar o encadeamento das diferentes atividades. Para isso deve-se ter em conta
três fatores:
• Disponibilidade de recursos;
• Segurança e qualidade;
• Física.
Em relação à disponibilidade de recursos, tem-se como exemplo, se só existe uma equipa de pintores,
esta não pode começar a pintar um piso sem antes concluir o anterior.
Por razões de segurança e qualidade, tem-se como exemplo, que só se pode retirar a cofragem de uma
laje se esta já possuir a resistência necessária.
Por fim, por questões físicas, é impossível betonar um elemento estrutural sem antes o cofrar, ou não se
pode rebocar uma parede sem antes executar a alvenaria.
Para realizar-se devidamente o encadeamento das atividades devem-se criar uma lista de
interdependência de atividades, isto é, criar uma lista para cada atividade se deve indicar uma atividade
precedente.
Com a ajuda da tecnologia pode-se facilitar esta programação através do software “Microsoft Project”.
Este programa permite traçar a rede de atividades economizando tempo, ajuda na identificação das
precedências entre atividades e a fazer alterações na rede de atividades, como adição de novas atividades
ou alteração de detalhes nas atividades já existentes.
Através deste programa também é possível gerir recursos como mão de obra, equipamentos ou materiais
e atribuir custos a estes mesmo recursos. Ao inserir estes recursos na nossa programação e os respetivos
custos pode-se, então, obter mapas de utilização dos diversos recursos e também cronogramas
financeiros.
52
Guia de Controlo de Custos em Obra
Depois de se reunirem todos os elementos necessários para a obra, é necessário determinar a área total
necessária de estaleiro. Nas obras em meio urbano, a área de estaleiro está condicionada pelas limitações
de espaço e, por vezes, é necessário ocupar a via pública. No entanto, é necessário suportar os custos de
utilização do espaço público ou até mesmo sobreposição de instalações físicas.
Em seguida, terá lugar a elaboração do projeto do estaleiro, tendo em conta a sua localização, o tipo e
dimensão da obra, o prazo de conclusão e os processos construtivos. O objetivo é organizar e arrumar
todos os elementos a instalar no estaleiro, de forma a otimizar o rendimento, quer dos trabalhadores quer
de equipamentos e materiais. Uma boa organização do estaleiro permite realizar a obra com mais
qualidade e segurança, reduzir custos e concluir a obra no prazo previsto.
53
Guia de Controlo de Custos em Obra
Não existe um modelo ideal para a organização do estaleiro, mas podem criar-se regras. Uma regra fácil
de implementar é dar diferentes graus de prioridade a cada elemento, ou seja, os elementos que se
consideram importantes a instalar no estaleiro.
4.2.8. REORÇAMENTAÇÃO
Após a empresa ganhar o concurso, é aconselhável fazer-se um novo orçamento. Deste modo, em fase
de preparação e depois de se reunirem as condições reais da obra, ou seja, quais os métodos de trabalho
a aplicar em obra, o tipo e quantidade de recursos a utilizar, uma programação e planeamento de obra
definido e um projeto de estaleiro concluído, é necessário fazer-se um novo orçamento, desta vez, mais
detalhado.
O reorçamento deverá ter em vista a mesma margem de lucro em relação ao orçamento inicial. Embora
os custos variem do orçamento para o reorçamento, o preço de venda da obra terá de se manter igual.
Posto isto, após a escolha de um método de trabalho ideal para a obra, a perspetiva de lucro inicial pode
vir a aumentar, como também pode acontecer o contrário.
Assim que se conheçam as condições reias da obra, é possível concluir-se que a perspetiva inicial de
lucro é menor, podendo chegar ao ponto que as receitas não cobrem as despesas. Caso isso se verifique,
deve-se estabelecer que, os custos reais não devem ultrapassar os custos previstos, sem ter em conta os
lucros.
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Guia de Controlo de Custos em Obra
A recolha de dados em obra é uma tarefa complexa, tendo em conta que envolve muitas pessoas e
relatórios. Logo, todos os participantes da obra devem ter conhecimento para que esta recolha de dados
seja o mais real possível.
É importante que numa obra se recolha os seguintes dados:
• Partes diárias de mão de obra;
• Requisições ao armazém;
• Consumo de materiais;
• Partes diárias de equipamentos;
• Serviços efetuados por subempreiteiros.
Para isso, deve criar-se uma ficha onde se irá registar todos os dados acerca de cada atividade realizada
em obra. Dever-se-á ter tantas fichas quantas atividades a controlar. As fichas vão-se preenchendo
diariamente havendo colunas para cada categoria, tal como, quantidades de mão de obra, de materiais,
de equipamentos ou mesmo de custos das subempreitadas que foram despendidas numa atividade nesse
dia.
55
Guia de Controlo de Custos em Obra
56
Guia de Controlo de Custos em Obra
Quanto aos materiais, ter-se-á de multiplicar o custo unitário de cada material pela quantidade de
material gasta numa determinada tarefa. O custo unitário é calculado com base na ficha de entrada,
utilizando o custo de entrada do material. A informação da quantidade de material utilizado está
preenchida na ficha de saída de materiais e na folha de consumos.
Os custos de equipamentos são calculados através da multiplicação das horas em que cada equipamento
foi utilizado em cada atividade e o custo horário de utilização do equipamento. Estas horas serão
registadas na ficha diária de equipamentos e o custo horário de cada equipamento é fornecido pela sede.
Quanto aos valores mensais relativos aos subempreiteiros, será necessário ter como base a ficha de
subempreiteiros.
Será, também, necessário ter uma ficha de atividade que, permitirá calcular o custo de cada uma das
atividade. Em anexo segue-se uma proposta da Ficha de Atividade.
Relativamente a outros encargos, como despesas de transporte de trabalhadores, gastos como água,
eletricidade, telecomunicações, equipamentos de segurança, infraestruturas físicas e montagem e
desmontagem do estaleiro também deverão ser registados e contabilizados sempre que necessário. Deve-
se então preencher a ficha de outros encargos que será de cariz mensal.
Os gastos de água, eletricidade e telecomunicações são obtidos pelas respetivas faturas.
As despesas de infraestruturas físicas devem ser obtidas através da sede da empresa.
O registo do custo de montagem e desmontagem do estaleiro deve ser registado como se tratasse de uma
tarefa.
Quanto à despesa de transportes de trabalhadores deverá ter-se em conta o consumo do veículo, a
quilometragem, despesas de manutenção e a amortização do veículo. Os consumos de combustível e
despesas de manutenção e reparação poderão ser obtidos através de faturas das respetivas faturas. A
quilometragem deverá ser registada mensalmente. No que diz respeito à amortização, esta será calculada
tendo em conta o tempo de vida útil do veículo. Apresenta-se assim em anexo uma proposta de ficha
mensal de outros encargos.
Em seguida far-se-á a comparação entre as despesas mensais e os custos que foram previstos em
orçamento. Com este processo torna-se, assim, mais simples de controlar a obra e assim sabe-se onde
há ganho e onde há perda, bem como, quais foram as atividades que correram conforme o planeado e/ou
atuar se necessário.
57
Guia de Controlo de Custos em Obra
Com a identificação de todos os problemas, desvios de custos ou desvios de prazos deve-se a seguir
procurar soluções, introduzindo no planeamento as alterações, quer sejam de atraso ou avanço e
comparar o previsto com o realizado.
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Guia de Controlo de Custos em Obra
VALIDAÇÃO DO MÉTODO
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, terá lugar a verificação da aplicabilidade do guia proposto, e encontrar possíveis
limitações através de situações reais em obra.
No entanto, para isso, seria necessário que o guia fosse aplicado, ao longo de uma obra, de modo a obter
os respetivos resultados. Porém, devido à falta de tempo, e dado que o guia deveria ser aplicado do início
à conclusão de uma obra, o processo de validação do guia proposto teve de ser realizado de forma
limitada.
Deste modo, para validar o guia procedeu-se a uma análise de problemas encontrados numa obra. Numa
primeira fase recolheram-se todos os dados associados ao problema, desde a origem do problema a quais
os impactos que este originou em obra, sejam impactos financeiros, técnicos ou de prazo.
Em seguida, fez-se a comparação do problema com o guia, ou seja, quais as medidas descritas no guia
que ajudariam a eliminar ou reduzir o impacto do problema em obra.
Assim, não se poderá afirmar que, estes problemas por só terem sido apurados em apenas uma obra,
sejam um espelho da situação de todas as empresas em Portugal.
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Guia de Controlo de Custos em Obra
60
Guia de Controlo de Custos em Obra
A primeira tarefa foi a impermeabilização, o que devido ao atraso de um subempreiteiro, essa colocação
do deck foi adiada. Deste modo, a tela de impermeabilização ficou sem proteção alguns dias, ficando
assim sujeita a danos. Entretanto, finalizou-se o piso em deck, mas passado alguns dias verificaram-se
algumas infiltrações. Foi necessário retirar todo o piso e registaram-se danos na tela de
impermeabilização, como se pode reparar na imagem.
61
Guia de Controlo de Custos em Obra
62
Guia de Controlo de Custos em Obra
Por cada metro linear de lintel, necessitar-se-ia de 0,2 m3 de betão, e se tudo fosse executado
devidamente, isto é, se fosse utilizado betão de limpeza para regularizar o pavimento do lintel, e se
fossem utilizadas cofragens para regularizar as laterais do lintel. Mas, como foi betonado após a abertura
dos rasgos a quantidade de betão que foi utilizada foi maior. Considerando que os rasgos foram abertos
com medidas de 0,6 metros por 0,45 metros, ter-se-ia um volume de 0,27 m3 por cada metro linear, ou
seja, por cada metro linear ter-se-á gastado mais 35% de betão.
63
Guia de Controlo de Custos em Obra
Também não foi verificado se havia trabalhadores suficientes para a execução da tarefa, pois, em
conversa com o Diretor de Obra, este terá afirmado que não estavam presentes os trabalhadores
responsáveis pela execução das cofragens.
Dado que este problema só foi detetado em obra, tal implicou chamar de novo o subempreiteiro da arte
de eletricidade para redefinir a posição do interruptor e do termóstato. Também foi necessário rematar
as posições do interruptor e do termóstato como se pode ver pela imagem.
64
Guia de Controlo de Custos em Obra
CONCLUSÃO
Devido à escassez de tempo, não foi possível validar o guia com eficácia. A validação iria permitir
identificar erros ou falhas do guia proposto e por consequência conseguir aperfeiçoá-lo. O ideal seria
conseguir acompanhar uma obra do início ao fim, mas como a dissertação é apenas realizada num
semestre, tal não foi possível.
Por conseguinte, pode concluir-se que o maior responsável pelo controlo de uma obra será o Diretor de
Obra, tal como é especificado no guia, mas as empresas também deviam dar mais importância à
65
Guia de Controlo de Custos em Obra
preparação da obra para que, deste modo, seja mais fácil a comparação entre o que estava previsto com
o que foi realmente executado.
Além disso, se a preparação da obra fosse devidamente efetuada não iriam ocorrer problemas como o
do caso 4.
Relativamente ao caso 1, não pode considerar-se que a culpa tenha sido do Diretor de Obra, mas sim do
fornecedor que apresentou um prazo de entrega de dois meses, mas o material só foi entregue passado
sete meses. De qualquer forma, podiam ter sido tomadas outras medidas de modo que este problema não
tivesse tido um impacto tão grande na obra.
Nos casos 2 e 3, são casos de erros ou falhas na realização da obra, que podem não ser reflexo do
panorama nacional, mas que demonstram que um erro ou falha podem implicar desvios no custo de uma
tarefa.
66
Guia de Controlo de Custos em Obra
CONCLUSÕES E
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
Numa altura em que se fala muito do aumento dos custos na construção, essencialmente devido à
pandemia gerada pela COVID-19, e à guerra na Ucrânia, a dissertação insere-se na atualidade com o
objetivo de ajudar as empresas a implementar o controlo de custos, e por sua vez, cumprirem os seus
objetivos, que são, principalmente, a obtenção de lucro.
Deste modo, o autor no capítulo 2, fez uma pesquisa bibliográfica sobre o controlo de custos em obra,
bem como, em várias teorias e técnicas para esse mesmo controlo de custos. Além disso, o autor realizou
uma pesquisa sobre os fatores responsáveis por derrapagens, nos custos mais frequentes, na indústria da
construção, tal como o apresentado no capítulo 3.
Após o estudo de cada um dos fatores responsáveis por desvios de custos, o capítulo 4 apresenta o
objetivo de eliminar ou reduzir o impacto destes fatores. Deste modo, tentou criar-se um guia com o
objetivo de padronizar o controlo de custos em obras. De modo a facilitar a compreensão deste guia,
este foi dividido em quatro fases.
Pôde concluir-se que a fase de preparação de obra, à qual se chamou de gabinete de preparação, se
revelou muito importante, pois foi considerado que, muitos dos fatores responsáveis por desvios de
custos vinham de uma má preparação da obra. As restantes fases fazem parte de um controlo normal de
custos, através da recolha de dados em obra, a posteriormente serem comparados com o que realmente
foi previsto na fase de preparação. Deste modo, poder-se-á obter a informação de, se a obra está a
decorrer dentro do previsto e com as margens de lucro previstas na fase de preparação de obra.
Assim, conclui-se também que os custos de uma obra são controlados, principalmente, pelo Diretor de
Obra. Contudo, são necessários medidores, apontadores, controladores e planificadores no processo de
controlo de custos, como o que diz respeito ao controlo dos custos diretos, que serão todos custos ligados
à parte prática da obra, e que são uma grande parte do orçamento planeado, como, a mão de obra, os
materiais, os equipamentos e os subempreiteiros.
Importa, ainda, referir o controlo dos custos indiretos, nomeadamente os custos designados por despesas
gerais, isto é, as despesas que são necessárias para um bom funcionamento da obra, como sendo, os
custos de instalações, os custos sanitários, de material de segurança, de seguros, etc., que também são
da responsabilidade dos mesmos.
Pode, ainda, designar.se o controlo de custos como um ciclo, que poderá ser implementado com variação
de duração, consoante o tipo e dimensão da obra em que se esteja a trabalhar. Este deverá ser um
processo contínuo ao longo do mesmo.
67
Guia de Controlo de Custos em Obra
Este ciclo inicia com o registo de todas as atividades que estejam a decorrer em obra. Seguidamente,
será necessário comparar os dados recolhidos com os dados da reorçamentação, de forma a perceber-se
se existem erros que se possam corrigir.
Por último, conclui-se ser necessário efetuar um relatório, que deverá apresentar um resumo da obra,
indicando o seu estado, os seus problemas, as soluções encontradas e as estimativas futuras.
A dissertação tem, assim, como principal objetivo o de ser útil para empresas com metodologias de
controlo limitadas ou pouco implementados no dia a dia da empresa. Este guia também poderá ser
adaptado à realidade da empresa onde se pretende implementar o controlo de custos.
O controlo de custos deve, então, ser utilizado como uma ferramenta para a empresa que o aplicar, de
forma a atingir maiores lucros e maximizar a rentabilidade do investimento.
Deste modo, entende-se que com a criação de um guia de controlo de custos em obra, o objetivo principal
desta dissertação foi cumprido.
Uma das limitações desta dissertação, foi a de não se conseguir validar totalmente o guia, devido à falta
de tempo necessário que isso iria implicar. Assim sendo, é proposto como desenvolvimento futuro a
realização de um teste para a validação do guia proposto, de modo a verificar-se quais as suas falhas.
Para que isso se possa realizar com sucesso, o guia deverá ser aplicado a uma obra desde a sua fase de
preparação até ao final. Após o guia ser devidamente aplicado, iria ser possível verificar quais as suas
limitações, e por sua vez realizar correções de forma a tornar o guia mais eficaz.
Outra sugestão, que poderia beneficiar o melhor desenvolvimento do guia, seria facilitar a recolha de
dados em obra, o que, pelo facto de se tratar de uma ação muito morosa, poderia impedir a validação do
guia. Sugere-se, assim, também a simplificação da fase de recolha de dados em obra.
Por fim, com o avanço das novas tecnologias, também é proposto a programação do guia, o que, deste
modo, ao ser utilizado um programa haverá a possibilidade de obtenção dos resultados de forma
instantânea e automática.
68
Guia de Controlo de Custos em Obra
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69
Guia de Controlo de Custos em Obra
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70
Guia de Controlo de Custos em Obra
ANEXOS
i
Guia de Controlo de Custos em Obra
ÍNDICE DE ANEXOS
ii
iii
A1.
Fichas de Controlo
iv
A1.1
FICHA DE CONTROLO DE PARTES DIÁRIAS DE MÃO DE
OBRA
v
Ficha de partes diárias de mão de obra
Apontador: ______________________________
Tarefas Total
Nome Tarefa X Tarefa Y Horas
Vitor Pais 2 7 9
César Silva 5 3
Toral de Horas
7 10
por Tarefa
vi
A1.2
FICHA DE CONTROLO DE ENTRADA DE MATERIAIS
vii
Ficha de Entrada de Materiais
Apontador: ________________________________
Autenticaçã
o
Diretor de Obra: ____________________________
Custo Cust
Fornecedo Designaçã Quantidad Verificaçã Verificaçã
Data Unitári o
r o e o1 o2
o Total
Saco de
02/06/2023 X 10 y z Sim/Não Sim/Não
Cimento
viii
A1.3
FICHA DE CONTROLO DE SAÍDA DE MATERIAIS
ix
Ficha de Saída de Materiais
x
A1.4
FICHA DE CONTROLO DE CONSUMO DE MATERIAIS
xi
Ficha de Consumos de Materiais
Tarefa
Consumo Custo Custo
Data Material de
estimado Unitário Total
destino
xii
A1.5
FICHA DE CONTROLO DE PARTES DIÁRIAS DE
EQUIPAMENTO
xiii
Ficha Parte Diária de Equipamentos
Autenticação Manobrador: _____________________
Horas de
Data Equipamento Tarefa Consumo
Trabalho
xiv
A1.6
FICHA DE CONTROLO MENSAL DE EQUIPAMENTOS
xv
Ficha Mensal do Equipamento
Equipamento _________________________
Mês ________________________
Desvalorização
Despesas de Seguro
Custos de Armazenagem
Custo de Transporte
Custo de montagem e
desmontagem
Custo Total
xvi
A1.7
FICHA DE CONTROLO DE REPARAÇÕES DE
EQUIPAMENTOS
xvii
icha de Reparações
Equipamento _________________________
Data ___/___/______
Mão de Obra
Material
Equipamento
Equipamento Horas Custo/h Custo Total
Custo Total
xviii
A1.8
FICHA DE CONTROLO MENSAL DE SUBEMPREITEIROS
xix
Ficha Mensal Subempreiteiros
Mês _________________________
xx
A1.9
FICHA DE CONTROLO DE OUTROS ENCARGOS
xxi
Ficha de Outros Encargos
Mês _________________________
Pessoal de Obra
Despesas de deslocações
Custo
Veículo Km Consumo Amortização Manutenção Seguros
Consumo
Equipamentos de Segurança
Equipamentos de Proteção Individual
Equipamentos de Proteção Coletiva
Vigilantes
Seguros Obra
Gastos Gerais
Água Eletricidade Correio
Mat. Expediente de
Telecomunicações Internet
Escritório
xxii
Instalações Fixas
Aluguer: ______ Aquisição: ______
Custo Mobiliário Limpeza
Equipamentos não atribuídos a uma tarefa
Equipamento Custo
Outros Gastos
Tarefa Mão de obra Material Equipamentos Subempreiteiros Total
xxiii
A1.10
FICHA DE CONTROLO DE OUTROS ENCARGOS
xxiv
Ficha de Atividade
Mês _________________________
Atividade _____________________________
Autenticação _____________________________
Mão de Obra Material Equipamento Sumbempreiteiros
Dia
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
Total
Custos Custo
Total unt.
xxv