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CÓD: OP-113AB-24

7908403552641

PRODABEL
EMPRESA DE INFORMÁTICA E INFORMAÇÃO DO MUNICÍPIO DE
BELO HORIZONTE

Analista de Recursos Estratégicos –


Gestão Administrativa
EDITAL Nº 1, DE 28 DE FEVEREIRO DE 2024
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados................................................................................................... 5
2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais............................................................................................................................. 5
3. Domínio da ortografia oficial...................................................................................................................................................... 6
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conecto-
res e de outros elementos de sequenciação textual.................................................................................................................. 6
5. Emprego de tempos e modos verbais. Reescrita de frases e parágrafos do texto...................................................................... 7
6. Domínio da estrutura morfossintática do período..................................................................................................................... 13
7. Emprego das classes de palavras................................................................................................................................................ 14
8. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos
da oração.................................................................................................................................................................................... 20
9. Emprego dos sinais de pontuação.............................................................................................................................................. 20
10. Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................. 24
11. Regência verbal e nominal.......................................................................................................................................................... 26
12. Emprego do sinal indicativo de crase.......................................................................................................................................... 27
13. Colocação dos pronomes átonos................................................................................................................................................ 27
14. Significação das palavras............................................................................................................................................................. 28
15. Substituição de palavras ou de trechos de texto........................................................................................................................ 28
16. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto................................................................................................. 29
17. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade............................................................................................ 29

Raciocínio Lógico
1. Estruturas lógicas. Conectivos, tautologia e contradições, implicações e equivalências, afirmações e negações, argumento,
silogismo, validade de argumento. Lógica sentencial (ou proposicional). Proposições simples e compostas. Lógica de argu-
mentação: inferências, deduções e conclusões. Compreensão do processo lógico que, a partir de um conjunto de hipóteses,
conduz, de forma válida, a conclusões determinadas................................................................................................................ 37
2. Análise e interpretação de dados representados em tabelas e gráficos..................................................................................... 60

Conhecimentos de Direito Administrativo


1. Administração Pública................................................................................................................................................................ 65
2. Governo eletrônico..................................................................................................................................................................... 67
3. transparência da administração pública..................................................................................................................................... 68
4. controle social e cidadania; accountability................................................................................................................................. 68
5. Lei de Acesso à Informação........................................................................................................................................................ 70
6. Novos paradigmas e principais regramentos da nova cultura de acesso à informação pública................................................. 77
7. Regime jurídico administrativo................................................................................................................................................... 85
8. Princípios constitucionais e legais da Administração Pública; Princípios administrativos implícitos.......................................... 86
9. Poderes da Administração Pública.............................................................................................................................................. 90
10. Organização da Administração Direta e Indireta; Órgãos públicos; Entidades integrantes da Administração Indireta; Socieda-
des de Economia Mista; Conceito; Criação e extinção; Regime jurídico; Principais características............................................ 97
ÍNDICE

11. Ato administrativo; Conceito, características e atributos; Elementos e requisitos de validade; Formação e efeitos; Extinção,
revogação, invalidação e convalidação; Cassação e caducidade................................................................................................. 106
12. Planejamento estratégico........................................................................................................................................................... 117
13. Governança corporativa nos termos da Lei 13.303/2016........................................................................................................... 118

Conhecimentos de Direito Constitucional


1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Princípios fundamentais.................................................................... 143
2. Aplicabilidade das normas constitucionais: Normas de eficácia plena, contida e limitada: Normas programáticas.................. 144
3. Da ordem econômica - art. 173 da Constituição Federal............................................................................................................ 145
4. Organização político-administrativa do Estado: Estado federal brasileiro, União, estados, Distrito Federal, municípios e terri-
tórios........................................................................................................................................................................................... 149

Orçamento Público
1. Orçamento Público: conceito, funções, técnicas e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
2. Responsabilidade fiscal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
3. Instrumentos de planejamento orçamentário (PPA, LDO, LOA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
4. Ciclo orçamentário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
5. Receitas e despesas: conceito e classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
6. Normas gerais de direito financeiro (Lei nº 4.320/1964 e suas alterações) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208

Legislações Aplicadas às Licitações e Contratos da PRODABEL


1. Lei 13.303/2016........................................................................................................................................................................... 219
2. Decreto nº 16.935/2018.............................................................................................................................................................. 237
3. Regulamento Interno de Licitações e Contratos da Prodabel...................................................................................................... 244

Noções de Administração e Gestão de Projetos


1. Logística e Suprimento Público. Material permanente. Material de consumo. Bens públicos................................................. 281
2. Gestão de Projetos. Etapas do Projeto. Iniciação Planejamento. Execução. Monitoramento. Encerramento.......................... 296
3. Gestão e Administração. Gestão Pública.................................................................................................................................... 297
4. Planejamento Estratégico........................................................................................................................................................... 300
5. Análise SWOT.............................................................................................................................................................................. 306
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
GÊNEROS VARIADOS dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido Apresenta um enredo, com ações
completo. e relações entre personagens, que
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e ocorre em determinados espaço e
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- TEXTO NARRATIVO tempo. É contado por um narrador,
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua e se estrutura da seguinte maneira:
interpretação. apresentação > desenvolvimento >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- determinado ponto de vista,
tório do leitor. TEXTO DISSERTATIVO- persuadindo o leitor a partir do
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO uso de argumentos sólidos. Sua
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- estrutura comum é: introdução >
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido desenvolvimento > conclusão.
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar Procura expor ideias, sem a
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. necessidade de defender algum
ponto de vista. Para isso, usa-
Dicas práticas TEXTO EXPOSITIVO se comparações, informações,
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- definições, conceitualizações
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- etc. A estrutura segue a do texto
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, dissertativo-argumentativo.
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
Expõe acontecimentos, lugares,
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
pessoas, de modo que sua finalidade
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
TEXTO DESCRITIVO é descrever, ou seja, caracterizar algo
cidas.
ou alguém. Com isso, é um texto rico
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon-
em adjetivos e em verbos de ligação.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de Oferece instruções, com o objetivo
opiniões. de orientar o leitor. Sua maior
TEXTO INJUNTIVO
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- característica são os verbos no modo
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- imperativo.
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do Gêneros textuais
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
quando afirma que... da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- Alguns exemplos de gêneros textuais:
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Artigo
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bilhete
classificações. • Bula
• Carta

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Conto Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• Crônica • “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex:
• E-mail diversão)
• Lista • “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• Manual • “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passa-
• Notícia ram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)
• Poema
• Propaganda Os diferentes porquês
• Receita culinária
• Resenha Usado para fazer perguntas. Pode ser
• Seminário POR QUE
substituído por “por qual motivo”
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Usado em respostas e explicações. Pode ser
PORQUE
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- substituído por “pois”
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, O “que” é acentuado quando aparece como
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- POR QUÊ a última palavra da frase, antes da pontuação
dade e à função social de cada texto analisado. final (interrogação, exclamação, ponto final)
É um substantivo, portanto costuma vir
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo
ou pronome
A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso Parônimos e homônimos
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo- As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que núncia semelhantes, porém com significados distintos.
também faz aumentar o vocabulário do leitor. Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
atento! “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

Alfabeto DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL.


O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co- EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO,
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE
alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL
consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpre-
que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de tação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os
nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional. componentes do texto, de modo que são independentes entre si.
Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente,
Uso do “X” e vice-versa.
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja,
X no lugar do CH: ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer- ao conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.
gar)
• Depois de ditongos (ex: caixa) Coesão
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá) A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de co-
nectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida
Uso do “S” ou “Z” a partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (anteci-
Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob- pa um componente).
servadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
(ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou
origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
populoso)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
repetição ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO

A Reescrita de Frases é um assunto solicitado em muitos editais. A habilidade de reescrever frases requer diferentes conhecimentos
da Língua Portuguesa, como ortografia, acentuação, pontuação, sintaxe, significação das palavras, as classes de palavras e interpretação
de texto.
A grande maioria das questões de Reescrita de Frases solicitará que uma frase seja reescrita sem que haja alteração em seu sentido
e que a correção gramatical seja preservada. Ou seja, uma frase reescrita deve obedecer aos padrões da norma-culta e deve manter o
sentido original daquilo que a frase diz.
Por isso é importante possuir boa habilidade de interpretação e compreensão de texto, já que é necessário, antes de tudo, compreen-
der aquilo que a frase está dizendo.

“Desde dezembro, bombeiros salvaram mil pessoas nas praias paulistas”

O que a frase acima está dizendo? Que desde o mês de dezembro, os bombeiros salvaram mil pessoas nas praias do estado de São
Paulo (paulistas). Este é o sentido original da frase, e note que já foi realizada uma reescrita da frase. Apesar de apresentar palavras dife-
rentes, ambas falam a mesma coisa. Além disso, o exemplo acima não apresenta nenhum erro gramatical.
Depois de compreender o sentido da frase, você deve verificar se há erros de grafia, acentuação, concordância, regência, crase, pon-
tuação. Em uma questão, se a alternativa apresentar algum destes erros, você já poderá eliminá-la, pois não será a correta.

Questão: (Câmara de Sertãozinho - SP - Tesoureiro - VUNESP) Uma frase condizente com as informações do texto e escrita em con-
formidade com a norma-padrão da língua portuguesa é:
(A) Os brasileiros desconfiam de que adaptarão-se à nova realidade do mercado de trabalho, ainda que estão entusiasmados com as
novas tecnologias.
(B) Embora otimistas com os efeitos da revolução digital em suas carreiras, os brasileiros dispõem de capacidades digitais aquém do
que imaginam.
(C) De acordo com lista do LinkedIn para 2018, quase metade dos brasileiros desconhecem as habilidades que o mercado mais neces-
sita.
(D) Fazem cinco anos apenas que certas habilidades digitais passou a ser requeridas, o que significa que o cenário das empresas mu-
dou muito rápido.
(E) Mais de 80% dos entrevistados afirmaram que estão otimistas no que refere-se às novas tecnologias, mas reconhecem que não as
domina.

Na alternativa “A”, o correto seria “desconfiam de que se adaptarão”. Esta alternativa já poderia ser eliminada.
A alternativa “C” também está incorreta, pois quem desconhece as habilidades que o mercado mais necessita é quase metade dos
brasileiros, o verbo é no singular.
Na alternativa “D”, temos um erro logo no início. O correto é “Faz cinco anos”. Ademais, certas habilidades digitais passaram a ser
requeridas, plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o pronome relativo “que” é um fator atrativo, a prócli- Substituir verbo por substantivo
se deve ser utilizada. Por isso, na alternativa “E”, o correto seria “no Em gramática, temos o substantivo verbal, que é um substanti-
que se refere”. vo derivado do infinitivo, do gerúndio ou do particípio de um verbo.
Resta-nos a alternativa “B”, que é a correta e não apresenta Ex.: Espero que se corrija a prova.
erros. Espero a correção da prova.

Mas não basta somente verificar se há erros, é preciso muito Substituir substantivo por verbo
mais para reescrever frases e mandar bem neste tipo de questão. A ideia aqui é a mesma, só que ocorre o oposto.
É preciso ter em mente que as frases reescritas devem: Ex.: Exijo a dedicação dos alunos.
– Respeitar as sequências de ideias Exijo que os alunos se dediquem.
Ex.: “Você está intragável hoje. Qual é o seu problema?”
Aqui, temos uma afirmação e depois uma pergunta. Essa or- — A Voz Verbal
dem precisa ser respeitada na reescrita. Uma solução seria: Hoje Voz verbal é a forma assumida pelo verbo para indicar se o su-
você está intragável. Posso saber por quê? jeito gramatical é agente ou paciente da ação. Existem três vozes
verbais:
– Não omitir informação essencial – Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expres-
Utilizando o mesmo exemplo acima, se só houvesse a pergun- sa pelo verbo.
ta, a informação sobre o sujeito estar intragável hoje seria omitida, Ex.: Ele | fez | o trabalho. (ele - sujeito agente) (fez - ação) (o
o que seria um erro. trabalho - objeto paciente)

– Não expressar opinião – Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex-
É uma reescrita daquilo que a frase diz, não daquilo que você pressa pelo verbo.
acha. Não mude o sentido da frase de acordo com sua opinião. Ex.: O trabalho | foi feito | por ele. (O trabalho - sujeito pacien-
te) (foi feito - ação) (por ele - agente da passiva)
– Utilizar vocabulário e expressões diferentes das do texto
original – Reflexiva: há dois tipos de voz reflexiva:
Afinal, é para reescrever a frase, utilizar outras palavras. 1) Reflexiva: será chamada simplesmente de reflexiva quando o
sujeito praticar a ação sobre si mesmo.
— Sinônimos e Antônimos Ex.: - Carla machucou-se.
Aproveitando o gancho, uma reescrita é utilizar palavras dife- – Marcos cortou-se com a faca.
rentes para dizer a mesma coisa. Para isso, nada melhor do que
conhecer os sinônimos e os antônimos. 2) Reflexiva Recíproca: será chamada de reflexiva recíproca
quando houver dois elementos como sujeito: um pratica a ação so-
Sinônimos bre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.
São palavras diferentes que possuem o mesmo significado. Ex.: - Paula e Renato amam-se.
Ex.: Muitas pessoas conseguiram emprego. – Os jovens agrediram-se durante a festa.
Diversas pessoas conseguiram emprego. – Os ônibus chocaram-se violentamente.
Apesar de diferentes, as duas palavras expressam valor de
quantidade elevada. A mudança da voz verbal pode ser utilizada na reescrita de fra-
ses.
Antônimos Ex.: Qualquer cidadão comprova isso.
São palavras que se contradizem, opostos. Também podem Isso é comprovado por qualquer cidadão.
ocorrer por complementaridade (onde a negação de uma implica a
afirmação da outra e vice-versa). Pode-se observar isso.
Ex.: O rapaz estava triste. Isso pode ser observado.
O rapaz não estava feliz.
Ao negar a felicidade do rapaz, implica-se que este estava triste. Muitas questões, inclusive, solicitam que a frase seja reescrita
em determinada voz verbal.
— Verbos e Substantivos
1
Os verbos e os substantivos são elementos importantes das Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC) O cére-
frases. Os substantivos compõem a classe de palavras com que se bro humano exibe diferentes padrões de atividade para diferentes
denominam os seres, animados ou inanimados, concretos ou abs- experiências.
tratos, os estados, as qualidades, as ações. Já os verbos, são a classe Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
de palavras que, do ponto de vista semântico, contêm as noções de resultante será:
ação, processo ou estado, e, do ponto de vista sintático, exercem a (A) são exibidas
função de núcleo do predicado das sentenças. (B) são exibidos
Ao reescrever uma frase, é possível: (C) exibe-se
(D) é exibido
(E) exibiam-se
1 https://bit.ly/2U03syd

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha-


ESTRUTURAS LÓGICAS. CONECTIVOS, TAUTOLOGIA bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
E CONTRADIÇÕES, IMPLICAÇÕES E EQUIVALÊNCIAS, vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli-
AFIRMAÇÕES E NEGAÇÕES, ARGUMENTO, SILOGISMO, gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do
VALIDADE DE ARGUMENTO. LÓGICA SENTENCIAL conhecimento por meio da linguagem.
(OU PROPOSICIONAL). PROPOSIÇÕES SIMPLES Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
E COMPOSTAS. LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO: trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES. ções, selecionando uma das possíveis respostas:
COMPREENSÃO DO PROCESSO LÓGICO QUE, A PARTIR A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-
DE UM CONJUNTO DE HIPÓTESES, CONDUZ, DE formações ou opiniões contidas no trecho)
FORMA VÁLIDA, A CONCLUSÕES DETERMINADAS B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
formações ou opiniões contidas no trecho)
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
verdadeira ou falsa sem mais informações)
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble-
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife- ESTRUTURAS LÓGICAS
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
consiste nos seguintes conteúdos: atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
- Operação com conjuntos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé- Elas podem ser:
tricos e matriciais. • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
- Geometria básica. co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
- Álgebra básica e sistemas lineares. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Calendários. - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
- Numeração. – Fez Sol ontem?
- Razões Especiais. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Análise Combinatória e Probabilidade. - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
- Progressões Aritmética e Geométrica. televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de
Argumentação. • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL rada uma frase, proposição ou sentença lógica.

O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem Proposições simples e compostas


figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação • Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo. nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol- proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
vam os conteúdos: p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
- Lógica sequencial
- Calendários • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
RACIOCÍNIO VERBAL simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
conclusões lógicas. ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
por duas proposições simples.

37
RACIOCÍNIO LÓGICO

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

38
RACIOCÍNIO LÓGICO

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

39
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: Certo Exemplos:


Proposição 1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensa- – “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
mento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensa- – A expressão x + y é positiva.
mentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a – O valor de √4 + 3 = 7.
respeito de determinados conceitos ou entes. – Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?
Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma Há exatamente:
verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a (A) uma proposição;
proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos (B) duas proposições;
os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente. (C) três proposições;
Com isso temos alguns aximos da lógica: (D) quatro proposições;
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não (E) todas são proposições.
pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é Resolução:
verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA Analisemos cada alternativa:
existindo um terceiro caso. (A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos
atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que (B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valo-
são: V ou F.” res lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos
atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
Classificação de uma proposição
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também po-
Elas podem ser:
demos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quan-
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
tidade certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou
co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
F a sentença).
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
– Fez Sol ontem?
Resposta: B.
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
Conectivos (conectores lógicos)
televisão.
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São
bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
eles:
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO OPERA- CONEC- ESTRUTURA TABELA VERDADE
valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside- ÇÃO TIVO LÓGICA
rada uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas Negação ~ Não p


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor. Conjunção ^ peq

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-


cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas


por duas proposições simples.

40
CONHECIMENTOS DE DIREITO
ADMINISTRATIVO

c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Administração Pública executa, de forma direta ou indireta,
para satisfazer os anseios e as necessidades coletivas do povo,
— Administração pública sob o regime jurídico e com predominância pública. O serviço
público também regula a atividade permanente de edição de atos
Conceito normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a atividade forma implementativa de políticas de governo.
que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos A finalidade de todas essas funções é executar as políticas
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos de governo e desempenhar a função administrativa em favor do
e agentes públicos. interesse público, dentre outros atributos essenciais ao bom
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e andamento da Administração Pública como um todo com o
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como incentivo das atividades privadas de interesse social, visando
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob sempre o interesse público.
regime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução A Administração Pública também possui elementos que a
dos interesses coletivos”. compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e função administrativa estatal.
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo,
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa — Observação importante:
em sentido objetivo. Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em acopladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções da coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo. nações estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos
Em suma, temos: internacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
No direito público interno encontra-se, no âmbito da
administração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União,
Sentido amplo {órgãos gover- Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II
SENTIDO SUBJETIVO namentais e órgãos administra- e III, do CC).
tivos}. No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
Sentido estrito {pessoas jurídi- da administração indireta, as autarquias e associações públicas
SENTIDO SUBJETIVO (art. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas
cas, órgãos e agentes públicos}.
jurídicas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41
Sentido amplo {função política e do CC, pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar
SENTIDO OBJETIVO
administrativa}. ao consórcio público a ser firmado entre entes públicos (União,
Sentido estrito {atividade exerci- Estados, Municípios e Distrito Federal).
SENTIDO OBJETIVO
da por esses entes}.
Princípios da administração pública
Existem funções na Administração Pública que são exercidas De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
são subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
serviço público. jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpretes
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato de
uma das funções. Vejamos: que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da ordem
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada pelos
desenvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de contornos que conferem à determinada seara jurídica.
utilidade ou de interesse público. Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrativa. aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
São os atos da Administração que limitam interesses individuais em Referente à função hermenêutica, os princípios são
prol do interesse coletivo. amplamente responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais
parâmetros legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no
ato de tutela dos casos concretos. Por meio da função integrativa,

65
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais


lacunas legais observadas em matérias específicas ou diante das – Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
particularidades que permeiam a aplicação das normas aos casos óticas:
existentes. a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
integrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
dando-lhe unicidade e coerência. na objetividade.
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não executar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
positivados e não escritos na lei de forma expressa. primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
— Observação importante: ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
implícitos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente
implícitos. – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrativa
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestidade,
princípios e demais dispositivos legais que formam o Direito probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção na
Administrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois Administração Pública.
princípios centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público. conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que
Conclama a necessidade da obedecer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o
Supremacia do Interesse agente atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado
sobreposição dos interesses da
Público apenas nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à
coletividade sobre os individuais.
moralidade.
Sua principal função é orientar
a atuação dos agentes públicos – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de
Indisponibilidade do Inte-
para que atuem em nome e em controle dos atos administrativos por meio da sociedade. A
resse Público
prol dos interesses da Adminis- publicidade está associada à prestação de satisfação e informação
tração Pública. da atuação pública aos administrados. Via de regra é que a atuação
da Administração seja pública, tornando assim, possível o controle
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas da sociedade sobre os seus atos.
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é absoluto.
indisponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções previstas
tais prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam ser
privados, termina por colocar limitações aos agentes públicos preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
no campo de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
aprovação em concurso público para o provimento dos cargos ser afastado.
públicos. Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos
administrativos que se voltam para a sociedade, pondera-se que
Princípios Administrativos os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não forem
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, publicados.
a Administração Pública deverá obedecer aos princípios da
Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá
Vejamos: ser exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito economicidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém,
Administrativo, apresenta um significado diverso do que apresenta hodiernamente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88,
no Direito Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do com a EC n. 19/1998.
indivíduo que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária
à lei, é considerada legal. O termo legalidade para o Direito São decorrentes do princípio da eficiência:
Administrativo, significa subordinação à lei, o que faz com que o a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial,
administrador deva atuar somente no instante e da forma que a lei orçamentária e financeira de órgãos, bem como de entidades
permitir. administrativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
— Observação importante: O princípio da legalidade considera para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei, art. 41, § 4º da CFB/88.
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo
art. 59 da Constituição Federal.

66
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Governo eletrônico2 é um termo relacionado com o uso das


GOVERNO ELETRÔNICO tecnologias de informação e comunicação pelo setor público,
inicialmente associado à adoção de sistemas de informação nos
Governo Eletrônico e seu Impacto na Sociedade e na processos internos e que depois se expandiu para a aplicação da
Administração Pública1 tecnologia digital para o provimento de serviços aos cidadãos. O
As iniciativas de reforma e modernização do setor público e do termo tem um sentido amplo, uma vez que abrange a aplicação
Estado intensificaram-se não apenas como resultado da crise fiscal das Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC em diferentes
dos anos 1980, mas também devido ao esgotamento do modelo de estágios em que a tecnologia impacta o setor público, seja pela
gestão burocrática e da forma de intervenção estatal. O movimento digitalização de documentos e processos, seja pela transformação
conhecido como reforma da gestão pública, ou new public da organização interna, do engajamento dos stakeholders e do
management, teve como foco central a busca pela excelência e a direcionamento das políticas públicas.
orientação dos serviços ao cidadão. Esse movimento fundamentou- O governo eletrônico representa mais do que prover serviços
se em princípios gerenciais voltados para resultados, eficiência, digitais para o público. Está também relacionado ao uso de
governança e direcionamento da gestão pública para práticas de Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC para atender às
mercado. necessidades dos cidadãos e gerar maior envolvimento da sociedade
O governo tem concentrado esforços na elaboração civil com o governo, em todas as suas esferas. A ampliação do uso
de políticas públicas eficazes que atendam às necessidades de novas tecnologias por pessoas e empresas é uma motivação
individuais, institucionais e regionais da sociedade, promovendo para aplicação de tecnologias emergentes no setor público, que
o desenvolvimento social e econômico. Simultaneamente, os têm alto potencial inovador. Mas, além disso, devemos considerar
governos enfrentam o desafio de dar suporte ao desenvolvimento os projetos de governo eletrônico sob a óptica do atendimento às
de políticas públicas voltadas para tecnologias que impulsionem um necessidades e aos interesses do cidadão.
salto qualitativo na prestação dos serviços públicos, atendendo às No Brasil, a política de Governo Eletrônico3 segue um conjunto
demandas da sociedade contemporânea. de diretrizes que atuam em três frentes fundamentais: junto ao
Esse desafio decorre da discrepância entre os níveis de adoção cidadão; na melhoria da gestão interna; e na integração com
de tecnologia encontrados no setor privado e no setor público, uma parceiros e fornecedores.
vez que os elevados índices de adoção de tecnologia e automação O Programa de Governo Eletrônico brasileiro, desde sua
de processos operacionais, produtivos e administrativos no setor criação, buscou transformar as relações do Governo com os
privado criaram um novo paradigma de eficiência que o setor cidadãos, empresas e também entre os órgãos do próprio governo,
público precisa alcançar. visando aprimorar a qualidade dos serviços prestados, promover
O uso estratégico das Tecnologias de Informação e Comunicação a interação com empresas e indústrias, e fortalecer a participação
- TIC, como elemento viabilizador de um novo modelo de gestão cidadã por meio do acesso à informação e de uma administração
pública, evoluiu para o que é hoje chamado de governo eletrônico. mais eficiente.
O governo eletrônico pode ser entendido como um conjunto de Criado com o intuito de ampliar a oferta e melhorar a qualidade
ações modernizadoras vinculadas à administração pública, que das informações e dos serviços prestados por meios eletrônicos,
começaram a ganhar visibilidade no final da década de 1990. Além independentemente da origem das demandas, o eGOV brasileiro
de ser uma das principais formas de modernização do Estado, o compreende a definição de padrões, a normatização, a articulação
governo eletrônico está fortemente apoiado em uma nova visão do da integração de serviços eletrônicos, a disponibilização de boas
uso das tecnologias para a prestação de serviços públicos, alterando práticas, a criação e construção de superinfraestrutura tecnológica,
a maneira pela qual o governo interage com o cidadão, empresas e entre outras questões.
outros governos. A formulação e a implementação da política de Governo
Governo eletrônico não se restringe à simples automação Eletrônico levaram ao envolvimento de diversas outras ações e
dos processos e disponibilização de serviços públicos por meio de projetos. Uma das mais abrangentes é o programa “Sociedade da
serviços online na internet, mas à mudança da maneira como o Informação”, conduzido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia
governo, por meio das Tecnologias de Informação e Comunicação (Socinfo/MCT), que coordena ações voltadas para o fortalecimento
- TIC, atinge seus objetivos para o cumprimento do papel do da competitividade da economia e para a ampliação do acesso da
Estado. Isso inclui a melhoria dos processos da administração população aos benefícios gerados pelas TICs. O detalhamento dessas
pública, aumento da eficiência, melhor governança, elaboração ações está contido em um documento elaborado para debate com
e monitoramento das políticas públicas, integração entre a sociedade, publicado em setembro de 2000 e denominado Livro
governos, e democracia eletrônica, representada pelo aumento Verde, dedicando o capítulo 6 - “Governo ao Alcance de Todos” – às
da transparência, da participação democrática e accountability atribuições do Governo Eletrônico.
dos governos. Além desses temas, o combate à exclusão digital
é abordado como uma importante dimensão dos programas de
e-governo.
A implementação efetiva de um programa de governo eletrônico
deve ser entendida como um processo composto de várias etapas 2 Disponível em: https://www.redalyc.org/jour-
que incorporam aspectos políticos, técnicos e organizacionais, nal/3232/323269840013/html/. Acesso em 17.01.2024.
desde a fase de concepção até a implantação e avaliação. 3 Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/estrate-
gia-de-governanca-digital/do-eletronico-ao-digital#:~:text=O%20con-
1 Disponível em: https://www.scielo.br/j/rap/a/f9ZFfjhYtRBMVxLPjC- ceito%20de%20Governo%20Eletr%C3%B4nico,a%20necessidade%20
JMKNJ/?lang=pt. Acesso em 15.01.2024 da%20presen%C3%A7a%20f%C3%ADsica. Acesso em 17.01.2024.

67
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

orientou a Reforma Gerencial de 1995 contradiz tal saber: a maior


TRANSPARÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA eficiência por ela buscada só se efetivará se o regime político for
democrático”.
O princípio da transparência é decorrência lógica da publicidade É perceptível que a prática da democracia no Brasil tem
e deve estar presente em toda atuação do gestor e agente se manifestado, entre outros aspectos, pela cobrança cada vez
públicos, inclusive no procedimento de licitação e de contratação mais intensa de ética e transparência na condução dos negócios
administrativa. públicos. Visando responder a essas demandas, os instrumentos
No Estado Democrático de Direito a transparência, mais que já existentes na administração federal foram reforçados e outros
indispensável instrumento de controle social sobre os gastos foram criados. Ao nível de discurso o governo demonstra que está
públicos, deve consagrar-se como princípio de ética e moralidade consciente que a corrupção drena recursos que seriam destinados a
públicas que, por sua vez, consubstanciam a austeridade e a eficácia produzir e realizar bens e serviços públicos em favor da sociedade,
da gestão pública em todas as instâncias de poder. a gerar negócios e a criar e manter empregos. A corrupção e a
Encontra-se previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei má administração das verbas e recursos públicos são vistos como
complementar 101/00), no seu art. 48, que a transparência será enormes obstáculos ao desenvolvimento nacional, porque implicam
assegurada mediante a “liberação ao pleno conhecimento e diretamente redução da atividade econômica e diminuição da
acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações qualidade de vida da população.
pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em A transparência no serviço público não se restringe apenas
meios eletrônicos de acesso público”. disponibilizar informações verídicas, é um conjunto de metodologias
Já segundo a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), que obrigam todas as entidades públicas a prestar contas com a
a prefeitura deve disponibilizar informações, que vão além das população, utilizando a internet como meio principal, divulgando as
de execução financeira e orçamentária. O art. 8º, § 1°, da LAI, ações do governo em relação ao uso da verba, às atitudes políticas
Lei 12.527/2011, determina que devem estar à disposição da e de planejamento. Não apenas isso, mas também informações
sociedade, independentemente de solicitação, no mínimo, as disponíveis, com linguagem acessível à população.
seguintes informações: registro das competências e estrutura O Portal da Transparência do Governo Federal5 é um exemplo
organizacional, endereços e telefones das respectivas unidades disponibilização de informações. É um site de acesso livre, no qual o
e horários de atendimento ao público; registros de quaisquer cidadão pode encontrar informações sobre como o dinheiro público
repasses ou transferências de recursos financeiros; registros das é utilizado, além de se informar sobre assuntos relacionados à
despesas; informações referentes a procedimentos licitatórios, gestão pública do Brasil. Desde a criação, a ferramenta ganhou
inclusive os respectivos editais e resultados, bem novos recursos, aumentou a oferta de dados ano após ano e
como a todos os contratos celebrados; dados gerais para o consolidou-se como importante instrumento de controle social,
acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos com reconhecimento dentro e fora do país.
e entidades; e respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
Essas informações podem ser disponibilizadas para a sociedade Importante:
em outro espaço virtual, como, por exemplo, no portal da própria Publicidade: Obrigação do Estado em divulgar seus atos (salvo
prefeitura. sigilosos).
O objetivo é aumentar a transparência da gestão pública, Transparência: Forma como o Estado deve se comprometer
permitindo que o cidadão acompanhe como os recursos públicos em divulgar. Está acima da mera publicidade. A informação deve
estão sendo utilizados, e ajude a fiscalizar. Essas informações ser clara, precisa, disponível, acessível, verídica e de linguagem
que a prefeitura divulga sem que ninguém tenha solicitado é a acessível.
denominada transparência ativa.
A transparência, referente à possibilidade de acesso do CONTROLE SOCIAL E CIDADANIA; ACCOUNTABILITY
cidadão a informações governamentais, é elemento essencial para
o controle do aparelho do Estado pela sociedade.
A transparência4 do Estado, expressa na possibilidade de acesso Cidadania6 é a prática do indivíduo em exercer seus direitos e
do cidadão à informação governamental, constituía um requisito deveres, no âmbito de uma sociedade do Estado. Não se restringe
fundamental. Configurada como um direito e, simultaneamente, somente ao ato de votar e ser votado, como pensado por muitos,
projeto de igualdade, o acesso à informação governamental somou- mas envolve viver em sociedade, cumprir seus deveres e ter seus
se a outras perspectivas democratizantes. direitos garantidos, por meio da justiça social.
A democratização do Estado apresentava como um dos A cidadania deve garantir a plena emancipação dos indivíduos
pressupostos o controle do seu aparelho pela sociedade civil. Assim, que, por meio de seus deveres com a sociedade, têm seus direitos
a transparência do Estado, expressa na possibilidade de acesso inerentes à vida, como saúde, assistência social, educação, moradia,
do cidadão à informação governamental, constituía um requisito renda, alimentação, entre outros garantidos pelas políticas sociais.
essencial. A esse respeito ensina Bresser Pereira que, “eficiência Tendo em vista que cidadania é sinônimo de garantia de direitos,
administrativa e democracia são dois objetivos políticos maiores da
sociedade contemporânea, ainda que vistos como contraditórios
pelo saber convencional. Pois bem, uma tese fundamental que
5 Disponível em: https://portaldatransparencia.gov.br/sobre/o-que-e-
-e-como-funciona. Acesso em 04.01.2024
4 Matias-Pereira, José. Administração Pública, 5ª edição. Grupo GEN, 6 Filho, Artur R. I., L. et al. Ética e Cidadania. (2nd edição). Grupo A,
2018. 2018.

68
CONHECIMENTOS DE DIREITO
CONSTITUCIONAL

TÍTULO I
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
BRASIL DE 1988: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
Forma, Sistema e Fundamentos da República indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
– Papel dos Princípios e o Neoconstitucionalismo I - a soberania;
Os princípios abandonam sua função meramente subsidiária II - a cidadania
na aplicação do Direito, quando serviam tão somente de meio de III - a dignidade da pessoa humana;
integração da ordem jurídica (na hipótese de eventual lacuna) e ve- IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
tor interpretativo, e passam a ser dotados de elevada e reconhecida V - o pluralismo político.
normatividade. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
– Princípio Federativo Constituição.
Significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
e os Municípios possuem autonomia, caracteriza por um determi- tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
nado grau de liberdade referente à sua organização, à sua adminis-
tração, à sua normatização e ao seu Governo, porém limitada por Objetivos Fundamentais da República
certos princípios consagrados pela Constituição Federal. Os Objetivos Fundamentais da República estão elencados no
Artigo 3º da CF/88. Vejamos:
– Princípio Republicano
É uma forma de Governo fundada na igualdade formal entre Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
as pessoas, em que os detentores do poder político exercem o rativa do Brasil:
comando do Estado em caráter eletivo, representativo, temporário I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
e com responsabilidade. II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
– Princípio do Estado Democrático de Direito gualdades sociais e regionais;
O Estado de Direito é aquele que se submete ao império da lei. IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo respeito ao raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
princípio fundamental da soberania popular, vale dizer, funda-se na
noção de Governo do povo, pelo povo e para o povo. Princípios de Direito Constitucional Internacional
Os Princípios de Direito Constitucional Internacional estão
– Princípio da Soberania Popular elencados no Artigo 4º da CF/88. Vejamos:
O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal reve- Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
la a adoção da soberania popular como princípio fundamental ao ções internacionais pelos seguintes princípios:
prever que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio I - independência nacional;
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons- II - prevalência dos direitos humanos;
tituição”. III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
– Princípio da Separação dos Poderes V - igualdade entre os Estados;
A visão moderna da separação dos Poderes não impede que VI - defesa da paz;
cada um deles exerça atipicamente (de forma secundária), além de VII - solução pacífica dos conflitos;
sua função típica (preponderante), funções atribuídas a outro Po- VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
der. IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-
Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais corresponden- dade;
tes ao tema supracitado: X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in-
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações.

143
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

c) possuem aplicabilidade direta (não dependem de norma re-


APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: gulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (estão aptas
NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA: a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é pro-
NORMAS PROGRAMÁTICAS mulgada a Constituição) e integral (não podem sofrer limitações ou
restrições em sua aplicação).
O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais é essen-
cial à correta interpretação da Constituição Federal1. É a compreen- 2) Normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva
são da aplicabilidade das normas constitucionais que nos permitirá São normas que estão aptas a produzir todos os seus efeitos
entender exatamente o alcance e a realizabilidade dos diversos dis- desde o momento da promulgação da Constituição, mas que po-
positivos da Constituição. dem ser restringidas por parte do Poder Público. Cabe destacar que
Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. To- a atuação do legislador, no caso das normas de eficácia contida, é
das elas são imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as discricionária: ele não precisa editar a lei, mas poderá fazê-lo.
normas constitucionais surtem efeitos jurídicos: o que varia entre Um exemplo clássico de norma de eficácia contida é o art.5º,
elas é o grau de eficácia. inciso XIII, da CF/88, segundo o qual “é livre o exercício de qualquer
A doutrina americana (clássica) distingue duas espécies de nor- trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
mas constitucionais quanto à aplicabilidade: as normas autoexecu- nais que a lei estabelecer”.
táveis (“self executing”) e as normas não-autoexecutáveis. Em razão desse dispositivo, é assegurada a liberdade profissio-
As normas autoexecutáveis são normas que podem ser aplica- nal: desde a promulgação da Constituição, todos já podem exercer
das sem a necessidade de qualquer complementação. São normas qualquer trabalho, ofício ou profissão. No entanto, a lei poderá es-
completas, bastantes em si mesmas. Já as normas não-autoexecu- tabelecer restrições ao exercício de algumas profissões. Citamos,
táveis dependem de complementação legislativa antes de serem por exemplo, a exigência de aprovação no exame da OAB como pré-
aplicadas: são as normas incompletas, as normas programáticas -requisito para o exercício da advocacia.
(que definem diretrizes para as políticas públicas) e as normas de As normas de eficácia contida possuem as seguintes caracte-
estruturação (instituem órgãos, mas deixam para a lei a tarefa de rísticas:
organizar o seu funcionamento). a) são autoaplicáveis, ou seja, estão aptas a produzir todos os
Embora a doutrina americana seja bastante didática, a classifi- seus efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Em ou-
cação das normas quanto à sua aplicabilidade mais aceita no Brasil tras palavras, não precisam de lei regulamentadora que lhes com-
foi a proposta pelo Prof. José Afonso da Silva. plete o alcance ou sentido.
A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, José Vale destacar que, antes da lei regulamentadora ser publicada,
Afonso da Silva classifica as normas constitucionais em três grupos: o direito previsto em uma norma de eficácia contida pode ser exer-
– Normas de eficácia plena; citado de maneira ampla (plena); só depois da regulamentação é
– Normas de eficácia contida; que haverá restrições ao exercício do direito;
– Normas de eficácia limitada.
b) são restringíveis, isto é, estão sujeitas a limitações ou restri-
1) Normas de eficácia plena ções, que podem ser impostas por:
São aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, – Uma lei: o direito de greve, na iniciativa privada, é norma de
produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos que o eficácia contida prevista no art. 9º, da CF/88. Desde a promulgação
legislador constituinte quis regular. É o caso do art. 2º da CF/88, que da CF/88, o direito de greve já pode exercido pelos trabalhadores
diz: “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o do regime celetista; no entanto, a lei poderá restringi-lo, definindo
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. os “serviços ou atividades essenciais” e dispondo sobre “o atendi-
As normas de eficácia plena possuem as seguintes caracterís- mento das necessidades inadiáveis da comunidade”.
ticas: – Outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 prevê a
a) são autoaplicáveis, é dizer, elas independem de lei posterior possibilidade de que sejam impostas restrições a certos direitos e
regulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido. Isso não garantias fundamentais durante o estado de sítio.
quer dizer que não possa haver lei regulamentadora versando sobre – Conceitos ético-jurídicos indeterminados: o art. 5º, inciso XXV,
uma norma de eficácia plena; a lei regulamentadora até pode exis- da CF/88 estabelece que, no caso de “iminente perigo público”, o
tir, mas a norma de eficácia plena já produz todos os seus efeitos Estado poderá requisitar propriedade particular. Esse é um conceito
de imediato, independentemente de qualquer tipo de regulamen- ético-jurídico que poderá, então, limitar o direito de propriedade;
tação;
b) são não-restringíveis, ou seja, caso exista uma lei tratando c) possuem aplicabilidade direta (não dependem de norma re-
de uma norma de eficácia plena, esta não poderá limitar sua apli- gulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (estão aptas a
cação; produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é promul-
gada a Constituição) e possivelmente não-integral (estão sujeitas a
limitações ou restrições).

1 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:j3AAnRp-
J4j8J:www.estrategiaconcursos.com.br/curso/main/downloadPDF/%-
3Faula%3D188713+&cd=4&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

144
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

3) Normas constitucionais de eficácia limitada É importante destacar que as normas de eficácia limitada,
São aquelas que dependem de regulamentação futura para embora tenham aplicabilidade reduzida e não produzam todos
produzirem todos os seus efeitos. Um exemplo de norma de eficá- os seus efeitos desde a promulgação da Constituição, possuem
cia limitada é o art. 37, inciso VII, da CF/88, que trata do direito de eficácia jurídica.
greve dos servidores públicos (“o direito de greve será exercido nos Guarde bem isso: a eficácia dessas normas é limitada, porém
termos e nos limites definidos em lei específica”). existente! Diz-se que as normas de eficácia limitada possuem efi-
Ao ler o dispositivo supracitado, é possível perceber que a cácia mínima.
Constituição Federal de 1988 outorga aos servidores públicos o di- Diante dessa afirmação, cabe-nos fazer a seguinte pergunta:
reito de greve; no entanto, para que este possa ser exercido, faz-se quais são os efeitos jurídicos produzidos pelas normas de eficácia
necessária a edição de lei ordinária que o regulamente. Assim, en- limitada?
quanto não editada essa norma, o direito não pode ser usufruído. As normas de eficácia limitada produzem imediatamente, des-
As normas constitucionais de eficácia limitada possuem as se- de a promulgação da Constituição, dois tipos de efeitos:
guintes características: – efeito negativo;
a) são não-autoaplicáveis, ou seja, dependem de complemen- – efeito vinculativo.
tação legislativa para que possam produzir os seus efeitos;
b) possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma re- O efeito negativo consiste na revogação de disposições ante-
gulamentadora para produzir seus efeitos) mediata (a promulgação riores em sentido contrário e na proibição de leis posteriores que
do texto constitucional não é suficiente para que possam produzir se oponham a seus comandos. Sobre esse último ponto, vale desta-
todos os seus efeitos) e reduzida (possuem um grau de eficácia res- car que as normas de eficácia limitada servem de parâmetro para o
trito quando da promulgação da Constituição). controle de constitucionalidade das leis.
O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obrigação de
Muito cuidado para não confundir! que o legislador ordinário edite leis regulamentadoras, sob pena de
As normas de eficácia contida estão aptas a produzir todos os haver omissão inconstitucional, que pode ser combatida por meio
seus efeitos desde o momento em que a Constituição é promulga- de mandado de injunção ou Ação Direta de Inconstitucionalidade
da. A lei posterior, caso editada, irá restringir a sua aplicação. por Omissão.
As normas de eficácia limitada não estão aptas a produzirem Ressalte-se que o efeito vinculativo também se manifesta na
todos os seus efeitos com a promulgação da Constituição; elas de- obrigação de que o Poder Público concretize as normas programá-
pendem, para isso, de uma lei posterior, que irá ampliar o seu al- ticas previstas no texto constitucional. A Constituição não pode ser
cance. uma mera “folha de papel”; as normas constitucionais devem re-
fletir a realidade político-social do Estado e as políticas públicas de-
José Afonso da Silva subdivide as normas de eficácia limitada vem seguir as diretrizes traçadas pelo Poder Constituinte Originário.
em dois grupos:
a) normas declaratórias de princípios institutivos ou organiza-
tivos: são aquelas que dependem de lei para estruturar e organizar
DA ORDEM ECONÔMICA - ART. 173 DA CONSTITUIÇÃO
as atribuições de instituições, pessoas e órgãos previstos na Consti-
FEDERAL
tuição. É o caso, por exemplo, do art. 88, da CF/88, segundo o qual
“a lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da Princípios Gerais da Atividade Econômica
administração pública.” O art. 170 da Constituição da República Federativa do Brasil
As normas definidoras de princípios institutivos ou organizati- promulgada em 1988 dispõe que a ordem econômica é fundada em
vos podem ser impositivas (quando impõem ao legislador uma obri- dois postulados básicos: a valorização do trabalho humano e a livre
gação de elaborar a lei regulamentadora) ou facultativas (quando iniciativa2.
estabelecem mera faculdade ao legislador).
O art. 88, da CF/88, é exemplo de norma impositiva; como
exemplo de norma facultativa citamos o art. 125, § 3º, CF/88, que Fundamentos da Ordem Econômica
dispõe que a “lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribu- → Valorização do trabalho → Livre iniciativa
nal de Justiça, a Justiça Militar estadual”;
Tomando por base essa premissa, pode-se entender que qualquer
b) normas declaratórias de princípios programáticos: são particular que atue explorando atividade econômica deverá respeitar
aquelas que estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo esses preceitos e que as condutas praticadas que possam restringi-los
legislador infraconstitucional. Um exemplo é o art. 196 da Carta ou afetá-los serão tidas por ilegais e sujeitas à repressão estatal.
Magna (“a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido De fato, é nisso que se baseia a possibilidade de intervenção
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução estatal. Em outras palavras, o ente público deverá agir sempre que
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e entender que os atores do cenário econômico estejam agindo de
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e forma a prejudicar qualquer de seus pilares de sustentação.
recuperação”).
Cabe destacar que a presença de normas programáticas na – Valorização do trabalho humano
Constituição Federal é que nos permite classificá-la como uma 2 http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosU-
Constituição-dirigente. pload/7771/material/CAPITULO%20INTERVEN%C3%87%C3%83O%20
DO%20ESTADO%20NO%20DOM%C3%8DNIO%20ECONOMICO%20
-%20MATHEUS%20CARVALHO.pdf

145
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Os valores sociais do trabalho estão definidos no art. 1º, IV da Enfim, esses princípios devem ser analisados de forma a se per-
Lei Maior como um dos fundamentos da República, o que demons- ceber que o tratamento dado pelo constituinte à ordem econômica
tra, claramente, a preocupação do Constituinte em conciliar os fa- está ligado diretamente à garantia de justiça social, o que justifica
tores de capital e trabalho como forma de atender aos preceitos da toda a atuação estatal dentro deste setor.
justiça social.
Partindo desta premissa, o texto constitucional não tolera com- Intervenção do Estado no Domínio Econômico
portamentos que coloquem em risco a vida ou a saúde dos traba-
lhadores ou que os reduza à condição análoga de escravo. – Formas de atuação do estado
Em verdade, a Carta Magna de 1988 tem um forte papel de in- A despeito da existência de algumas controvérsias acerca do
tervenção nas relações de emprego, traçando garantias inafastáveis tema, pode-se estabelecer que o Estado atua de duas formas na
aos trabalhadores, com a intenção de evitar a exploração da mão de ordem econômica.
obra pelo empresário. – Estado regulador: a primeira forma de atuação do ente pú-
Com efeito, o art. 7º, entre outros dispositivos do texto consti- blico no domínio econômico se dá por meio da regulação das ativi-
tucional detalha prerrogativas dos empregados como forma de se dades exercidas pelos particulares. Neste contexto, atua definindo
atingir a justiça social. normas de atuação, reprimindo o abuso do poder econômico e fis-
calizando as atividades exercidas pelos particulares com finalidade
– Liberdade de iniciativa lucrativa, como forma de evitar distorções do sistema.
A livre iniciativa é postulada do regime capitalista e se resume – Estado executor: trata-se da segunda forma de atuação do
na possibilidade dada a todos de ingressar no mercado de produção Estado que, em casos excepcionais, pode explorar diretamente ati-
de bens e serviços por sua conta e risco, explorando atividade eco- vidades econômicas. Com efeito, o ente estatal deixa a posição de
nômica com a finalidade de obtenção de lucro, sem que, para isso, controlador da atividade dos particulares para se inserir no merca-
precise concorrer com o Estado. do como executor direto da atividade do segundo setor.
Este postulado fica evidente ao se verificar que o art. 170, pa-
rágrafo único da Constituição Federal, estabelece que a todos é as- Insta salientar que o art. 173 da Carta Magna dispõe que esta
segurado o livre exercício de qualquer atividade econômica, sem exploração direta de atividade econômica pelo Estado se dá como
necessidade de autorização de órgãos públicos, à exceção dos casos forma de atingir o interesse da coletividade ou de garantir a segu-
previstos em lei. rança nacional, não se dando com finalidade lucrativa.
No entanto, a intervenção estatal tem limites. O Supremo Tri-
bunal Federal inclusive já se manifestou, em diversas situações, – Estado regulador
estipulando que a atuação estatal na economia deve respeitar os Conforme previamente explicitado, o ente público tem o dever
limites da livre iniciativa e que os prejuízos decorrentes desta inter- de atuar regulando a atividade econômica de forma a evitar atua-
venção serão indenizados nos moldes do art. 37, §6º da Constitui- ções abusivas do poder econômico e proteger a sociedade da busca
ção Federal. desenfreada pelo lucro.
– Princípios da ordem econômica Assim, Estado Regulador é aquele que, através de regime in-
Além dos fundamentos elencados, a Constituição Federal con- terventivo, se incumbe de estabelecer as regras disciplinadoras da
templou alguns princípios que devem nortear o sistema da ordem ordem econômica com o objetivo de ajustá-la aos ditames da jus-
econômica no país, a seguir indicados: tiça social.
a) soberania nacional: a ordem econômica não pode desenvol- O art. 174 da Carta Magna dispõe que Como agente normativo
ver-se de modo a colocar em risco a soberania nacional em face dos e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da
interesses externos. lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
b) propriedade privada e função social da propriedade: tam- determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
bém pilares do pensamento capitalista, a atividade econômica deve É possível destacar do texto do dispositivo transcrito que o ente
respeitar a propriedade, devendo, no entanto, ser analisada de público pode se manifestar de três formas diversas na regulação
acordo com os ditames do interesse público. da atividade econômica, quais sejam, a fiscalização, o incentivo e
c) livre concorrência: devendo o Estado permitir a atuação livre o planejamento.
dos cidadãos no cenário econômico e, ao mesmo tempo, reprimir A fiscalização se manifesta por meio da verificação dos setores
qualquer abuso que possa causar prejuízos aos menos favorecidos econômicos com a intenção de evitar comportamentos abusivos
em razão do abuso do poder econômico. dos particulares, valendo-se do seu poder econômico, causando
d) defesa do consumidor: atrelado diretamente à vedação do prejuízos a empregados, consumidores, pequenas empresas, entre
abuso por parte do fornecedor de bens e serviços que detém os outros hipossuficientes.
meios de produção. O incentivo ou fomento pode ser ilustrado por medidas como
e) defesa do meio ambiente: o que traz a noção de desenvol- isenções fiscais, subsídios, aumentos de tributos de importação de
vimento sustentável, não se admitindo a destruição do meio am- determinados produtos, assistência tecnológica e incentivos credi-
biente como forma de reduzir custos na produção de bens e mer- tícios do poder público que visam a auxiliar no desenvolvimento
cadorias. econômico e social do país.
f) tratamento favorecido para empresas de pequeno porte: O planejamento, por seu turno, se apresenta por meio da es-
que é personificação do princípio da isonomia material, buscando tipulação de metas a serem alcançadas pelo governo no ramo da
igualar juridicamente as microempresas e empresas de pequeno economia.
porte por meio de benefícios e subvenções. É possível, então, verificar que estas atividades pautam a
intervenção direta do Estado no domínio econômico.

146
ORÇAMENTO PÚBLICO

dos valores destinados a cada item no total das despesas ou recei-


ORÇAMENTO PÚBLICO: CONCEITO, FUNÇÕES, tas. Em vez de comunicar um conjunto de números de difícil enten-
TÉCNICAS E PRINCÍPIOS dimento ou valores sem base de comparação, é possível divulgar
informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus recursos
Orçamento com pavimentação”, por exemplo.
Tradicionalmente o orçamento é compreendido como uma Uma outra análise que pode ser realizada é a análise horizontal
peça que contém apenas a previsão das receitas e a fixação das do orçamento. Esta técnica compara os valores do orçamento com
despesas para determinado período, sem preocupação com planos os valores correspondentes nos orçamentos anteriores (expressos
governamentais de desenvolvimento, tratando-se assim de mera em valores reais, atualizados monetariamente, ou em moeda forte).
peça contábil - financeira. Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser aplica-
Tal conceito não pode mais ser admitido, pois, conforme vimos dos na apresentação dos resultados da execução orçamentária (ou
no módulo anterior, a intervenção estatal na vida da sociedade au- seja, do cumprimento do orçamento), confrontando o previsto com
mentou de forma acentuada e com isso o planejamento das ações o realizado em cada período e para cada rubrica. Deve-se apresen-
do Estado é imprescindível. tar, também, qual a porcentagem já recebida das receitas e a por-
Hoje, o orçamento é utilizado como instrumento de planeja- centagem já realizada das despesas.
mento da ação governamental, possuindo um aspecto dinâmico, ao É fundamental que a peça orçamentária seja convertida em
contrário do orçamento tradicional já superado, que possuía cará- valores constantes, permitindo avaliar o montante real de recursos
ter eminentemente estático. envolvidos.
Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual Uma outra forma de alteração do valor real é através das mar-
o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo gens de suplementação. Para garantir flexibilidade na execução
período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcio- do orçamento, normalmente são previstas elevadas margens de
namento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política suplementação, o que permite um uso dos recursos que modifica
econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas profundamente as prioridades estabelecidas. Com a indexação or-
já criadas em lei”. çamentária mensal à inflação real, consegue-se o grau necessário
de flexibilidade na execução orçamentária, sem permitir burlar o
A função do Orçamento é permitir que a sociedade acompa- orçamento através de elevadas margens de suplementação. Pode-
nhe o fluxo de recursos do Estado (receitas e despesas). Para isto, o -se restringir a margem a um máximo de 3%.
governo traduz o seu plano de ação em forma de lei. Esta lei passa Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É preciso
a representar seu compromisso executivo com a sociedade que lhe apresentar as condições que permitiram os níveis previstos de en-
delegou poder. trada e dispêndio de recursos.
O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executivo, e No caso da receita, é importante destacar o nível de evolução
submetido à apreciação do Legislativo, que pode realizar alterações econômica, as melhorias realizadas no sistema arrecadador, o nível
no texto final. A partir daí, o Executivo deve promover sua imple- de inadimplência, as alterações realizadas na legislação, os meca-
mentação de forma eficiente e econômica, dando transparência nismos de cobrança adotados.
pública a esta implementação. Por isso o orçamento é um proble- No caso da despesa, é importante destacar os principais custos
ma quando uma administração tem dificuldades para conviver com unitários de serviços e obras, as taxas de juros e demais encargos
a vontade do Legislativo e da sociedade: devido à sua força de lei, o financeiros, a evolução do quadro de pessoal, a política salarial e a
orçamento é um limite à sua ação. política de pagamento de empréstimos e de atrasados.
Em sua expressão final, o orçamento é um extenso conjunto Os resultados que a simplificação do orçamento geram são,
de valores agrupados por unidades orçamentárias, funções, progra- fundamentalmente, de natureza política. Ela permite transformar
mas, atividades e projetos. um processo nebuloso e de difícil compreensão em um conjunto de
Com a inflação, os valores não são imediatamente compreensí- atividades caracterizadas pela transparência.
veis, requerendo vários cálculos e o conhecimento de conceitos de Como o orçamento passa a ser apresentado de forma mais
matemática financeira para seu entendimento. Isso tudo dificulta simples e acessível, mais gente pode entender seu significado. A
a compreensão do orçamento e a sociedade vê debilitada sua pos- sociedade passa a ter mais condições de fiscalizar a execução orça-
sibilidade de participar da elaboração, da aprovação, e, posterior- mentária e, por extensão, as próprias ações do governo municipal.
mente, acompanhar a sua execução. Se, juntamente com esta simplificação, forem adotados instrumen-
Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos sem di- tos efetivos de intervenção da população na sua elaboração e con-
ficultar o entendimento, através da técnica chamada análise verti- trole, a participação popular terá maior eficácia.
cal, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (atividade, gru- Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento (ou par-
po, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham tes dele, como o plano de obras e os orçamentos setoriais) de for-
participação significativa. É apresentada a participação percentual ma resumida, fornecem uma informação rápida e acessível.

159
ORÇAMENTO PÚBLICO

A análise vertical permite compreender o que de fato influen- Evolução histórica dos princípios orçamentários constitucio-
cia a receita e para onde se destinam os recursos, sem a “poluição nais
numérica” de dezenas de rubricas de baixo valor. Funciona como Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú-
um demonstrativo de origens e aplicações dos recursos da prefei- blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela
tura, permitindo identificar com clareza o grau de dependência do doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá-
governo de recursos próprios e de terceiros, a importância relativa rias adquirirem crescente eficácia.
das principais despesas, através do esclarecimento da proporção Assim, os princípios, sendo enunciados em sua totalidade de
dos recursos destinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos maneira genérica que quase sempre se expressam em linguagem
materiais de consumo, encargos financeiros, obras, etc. constitucional ou legal, estão entre os valores e as normas na escala
A análise horizontal facilita as comparações com governos e da concretização do direito e com eles não se confundem.
anos anteriores. Os princípios representam o primeiro estágio de concretização
A evidenciação das premissas desnuda o orçamento ao públi- dos valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a segurança jurí-
co, trazendo possibilidades de comparação. Permite perguntas do dica começam a adquirir concretitude normativa e ganham expres-
tipo: “por que a prefeitura vai pagar x por este serviço, se o seu são escrita.
preço de mercado é metade de x ?”. Contribui para esclarecer os Mas os princípios ainda comportam grau elevado de abstração
motivos de ineficiência da prefeitura nas suas atividades-meio e na e indeterminação.
execução das políticas públicas. Os princípios financeiros são dotados de eficácia, isto é, produ-
Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das contas zem efeitos e vinculam a eficácia principiológica, conducente à nor-
públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez da sensação de mativa plena, e não a eficácia própria da regra concreta, atributiva
caixa preta quando se trata de acompanhar as contas públicas. de direitos e obrigações.
A gestão das contas públicas brasileiras passou por melhorias Assim, os princípios não se colocam, pois, além ou acima do
institucionais tão expressivas que é possível falar-se de uma verda- Direito (ou do próprio Direito positivo); também eles - numa visão
deira revolução. Mudanças relevantes abrangeram os processos e ampla, superadora de concepções positivistas, literalista e absoluti-
ferramentas de trabalho, a organização institucional, a constituição zantes das fontes legais - fazem parte do complexo ordenamental.
e capacitação de quadros de servidores, a reformulação do arca- Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-somente
bouço legal e normativo e a melhoria do relacionamento com a so- aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem em normas-
ciedade, em âmbito federal, estadual e municipal. -princípios e normas-disposições.
Os diferentes atores que participam da gestão das finanças pú- Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú-
blicas tiveram suas funções redefinidas, ampliando-se as prerroga- blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela
tivas do Poder Legislativo na condução do processo decisório perti- doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá-
nente à priorização do gasto e à alocação da despesa. Esse processo rias adquirirem crescente eficácia, ou seja, que produzissem o efei-
se efetivou fundamentalmente pela unificação dos orçamentos do to desejado, tivessem efetividade social, e fossem realmente ob-
Governo Federal, antes constituído pelo orçamento da União, pelo servadas pelos receptores da norma, em especial o agente público.
orçamento monetário e pelo orçamento da previdência social. Como princípios informadores do direito - e são na verdade as
Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo em idéias centrais do sistema dando-lhe sentido lógico - foram sendo,
que foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do Banco Cen- gradativa e cumulativamente, incorporados ao sistema normativo.
tral e do Tesouro Nacional. Os princípios orçamentários, portanto, projetam efeitos sobre
Consolidou-se a visão de que o horizonte do planejamento a criação - subsidiando o processo legislativo -, a integração - pos-
deve compreender a elaboração de um Plano Plurianual (PPA) e, a sibilitando a colmatagem das lacunas existentes no ordenamento
cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que por sua - e a interpretação do direito orçamentário, auxiliando no exercício
vez deve preceder a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). da função jurisdicional ao permitir a aplicação da norma a situação
Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal, reconhe- não regulada especificamente.
cendo-se que os resultados fiscais e, por consequência, os níveis Alguns desses princípios foram adotados em certo momento
de endividamento do Estado, não podem ficar ao sabor do acaso, por condizerem com as necessidades da época e posteriormen-
mas devem decorrer de atividade planejada, consubstanciada na te abandonados, ou pelo menos transformados, relativizados, ou
fixação de metas fiscais. Os processos orçamentário e de plane- mesmo mitigados, e o que ocorreu com o princípio do equilíbrio
jamento, seguindo a tendência mundial, evoluíram das bases do orçamentário, tão precioso ao estado liberal do século XIX, e que
orçamento-programa para a incorporação do conceito de resulta- foi em parte relativizado com o advento do estado do bem estar
dos finalísticos, em que os recursos arrecadados devem retornar à social no período pós guerra.
sociedade na forma de bens e serviços que transformem positiva- Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o prin-
mente sua realidade. cípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado e dada nova roupa-
A transparência dos gastos públicos tornou-se possível graças gem em face dos crescentes déficits estruturais advindos da dificul-
à introdução de modernos recursos tecnológicos, propiciando re- dade do Estado em financiar os extensos programas de segurança
gistros contábeis mais ágeis e plenamente confiáveis. A execução social e de alavancagem do desenvolvimento econômico.
orçamentária e financeira passou a contar com facilidades opera- Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre de-
cionais e melhores mecanismos de controle. Por consequência, a ram tratamento privilegiado à matéria orçamentária.
atuação dos órgãos de controle tornou-se mais eficaz, com a ado- De maneira crescente, foram sendo incorporados novos princí-
ção de novo instrumental de trabalho, como a introdução do SIAFI pios orçamentários às várias cartas constitucionais reguladoras do
e da conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de diversos Estado brasileiro.
outros aperfeiçoamentos de ferramentas de gestão.

160
ORÇAMENTO PÚBLICO

Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso Impé- O PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE, ou da pureza orçamentá-
rio, e a Carta de 1824, em seus arts.171 e 172, institui as primeiras ria, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que nela se
normas sobre o orçamento público no Brasil . pretendam incluir normas pertencentes a outros campos jurídicos,
Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orçamentária como forma de se tirar proveito de um processo legislativo mais
deve observar regular processo legislativo - e a reserva de parla- rápido, as denominadas “caudas orçamentárias”, tackings dos in-
mento - a competência para a aprovação é privativa do Poder Le- gleses, os riders dos norte-americanos, ou os Bepackungen dos ale-
gislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo - para a aprovação do mães, ou ainda os cavaliers budgetaires dos franceses. Prática essa
orçamento. denominada por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira calamida-
Insere-se O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE, ou temporalidade- de nacional”. No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos rabi-
significa que a autorização legislativa do gasto deve ser renovada a longos”, que introduziram o registro de hipotecas no Brasil e até a
cada exercício financeiro - o orçamento era para viger por um ano alteração no processo de desquite propiciaram. Essa foi a primeira
e sua elaboração competência do Ministro da Fazenda, cabendo à inserção deste princípio em textos constitucionais brasileiros, já
Assembléia-Geral - Câmara dos Deputados e Senado - sua discussão na sua formulação clássica, segundo a qual a lei orçamentária não
e aprovação. deveria conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação
Pari passu com a inserção da anualidade, fixa-se o PRINCÍPIO da despesa, ressalvadas: a autorização para abertura de créditos
DA LEGALIDADE DA DESPESA - advindo do princípio geral da sub- suplementares e para operações de crédito como antecipação de
missão da Administração à lei, a despesa pública deve ter prévia receita; e a determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou
autorização legal. Entretanto, no período de 1822 a 1829, o Brasil do modo de cobrir o déficit.
somente teve orçamentos para a Corte e a Província do Rio de Ja- O princípio da exclusividade sofreu duas modificações na Cons-
neiro, não sendo observado o PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE - o tituição de 1988. Na primeira, não mais se autoriza a inclusão na lei
orçamento deve conter todas as receitas e despesas da entidade, orçamentária de normas sobre o destino a dar ao saldo do exercício
de qualquer natureza, procedência ou destino, inclusive a dos fun- como o fazia a Constituição de 1967.
dos, dos empréstimos e dos subsídios. Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer operações de
O primeiro orçamento geral do Império somente seria apro- crédito, por antecipação de receita ou não.
vado oito anos após a Independência, pelo Decreto Legislativo de A mudança refletiu um aprimoramento da técnica orçamen-
15.12.1830, referente ao exercício 1831-32. tária, com o advento principalmente da Lei 4.320, de 1964, que
Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos regulou a utilização dos saldos financeiros apurados no exercício
orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de comissões par- anterior pelo Tesouro ou entidades autárquicas e classificou como
lamentares para o exame de qualquer repartição pública e à obri- receita do orçamento o produto das operações de crédito.
gatoriedade de os ministros de Estado apresentarem relatórios im- A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitucional, a
pressos sobre o estado dos negócios a cargo das respectivas pastas competência do Poder Executivo para elaboração da proposta, que
e a utilização das verbas sob sua responsabilidade. passou à responsabilidade direta do Presidente da República. Cabia
A reforma na Constituição imperial de 1824, emendada pela ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclu-
Lei de 12.08.1834, regulou o funcionamento das assembléias le- sive, ser emendado.
gislativas provinciais definindo-lhes a competência na fixação das Além disso, a Constituição de 1934, como já mencionado an-
receitas e despesas municipais e provinciais, bem como regrando a teriormente, estabelecia que a despesa deveria ser discriminada,
repartição entre os municípios e a sua fiscalização. obedecendo, pelo menos a parte variável, a rigorosa especializa-
A Constituição republicana de 1891 introduziu profundas alte- ção.
rações no processo orçamentário. A elaboração do orçamento pas- Trata-se do PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ou especialidade,
sou à competência privativa do Congresso Nacional. ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde com a pró-
Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a responsa- pria questão da legalidade da despesa pública e é a razão de ser
bilidade pela elaboração do orçamento, a iniciativa sempre partiu da lei orçamentária, prescrevendo que a autorização legislativa se
do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante entendimentos refira a despesas específicas e não a dotações globais.
reservados e extra-oficiais, orientava a comissão parlamentar de O princípio da especialidade abrange tanto o aspecto qualita-
finanças na confecção da lei orçamentária. tivo dos créditos orçamentários quanto o quantitativo, vedando a
A experiência orçamentária da República Velha revelou-se ina- concessão de créditos ilimitados.
dequada. Os parlamentos, em toda parte, são mais sensíveis à cria- Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de 1934,
ção de despesas do que ao controle do déficit. encerrando a explicitação da finalidade e da natureza da despesa e
A reforma Constitucional de 1926 tratou de eliminar as distor- dando efetividade à indicação do limite preciso do gasto, ou seja,
ções observadas no orçamento da República. Buscou-se, para tan- a dotação.
to, promover duas alterações significativas: a proibição da conces- Norma no sentido da limitação dos créditos orçamentários
são de créditos ilimitados e a introdução do princípio constitucional permaneceu em todas as constituições subseqüentes à reforma de
da exclusividade, ao inserir-se preceito prevendo: “Art. 34. § 1º As 1926, com a exceção da Super lei de 1937.
leis de orçamento não podem conter disposições estranhas à pre- O princípio da especificação tem profunda significância para a
visão da receita e à despesa fixada para os serviços anteriormen- eficácia da lei orçamentária, determinando a fixação do montante
te criados. Não se incluem nessa proibição: a) a autorização para dos gastos, proibindo a concessão de créditos ilimitados, que na
abertura de créditos suplementares e para operações de crédito Constituição de 1988, como nas demais anteriores, encontra-se ex-
como antecipação da receita; b) a determinação do destino a dar presso no texto constitucional, art. 167, VII (art. 62, § 1º, “b”, na de
ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o deficit.” 1969 e art. 75 na de 1946).

161
ORÇAMENTO PÚBLICO

Pode ser também de caráter qualitativo, vedando a transposi- O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é o prin-
ção, remanejamento ou a transferência de recursos de uma cate- cípio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e transcende
goria de programação para outra ou de um órgão para outro, como o mero equilíbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal significa que o Es-
hoje dispõe o art. 167, VI (art. 62, §1º, “a”, na de 1969 e art. 75 na tado deverá pautar sua gestão pelo equilíbrio entre receitas e des-
de 1946). pesa. Dessa forma, toda vez que ações ou fatos venham a desviar
Ou, finalmente pode o princípio referir-se ao aspecto tempo- a gestão da equalização, medidas devem ser tomadas para que a
ral, limitando a vigência dos créditos especiais e extraordinários trajetória de equilíbrio seja retomada.
ao exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato Os PRINCÍPIOS DA UNIDADE E DA UNIVERSALIDADE tam-
de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele bém sofreriam alterações na Constituição de 1967. Esses princípios
exercício, caso em que reabertos nos limites dos seus saldos, serão são complementares: todas as receitas e todas as despesas de to-
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente, dos os Poderes, órgãos e entidades devem estar consignadas num
ex vi do atual art. 167, § 2º (art. 62, § 4º, na de 1969 e sem previsão único documento, numa única conta, de modo a evidenciar a com-
na de 1946). pleta situação fiscal para o período.
Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de 1937, que A partir de 1967, a Constituição deixou de consignar expres-
previa a aprovação pelo Legislativo de verbas globais por órgãos e samente o mandamento de que o orçamento seria uno, inserto
entidades. A elaboração do orçamento continuava sendo de res- no texto constitucional desde 1934. Coincidentemente, foi nessa
ponsabilidade do Poder Executivo - agora a cargo de um departa- Constituição que, ao lado do orçamento anual, se introduziu o or-
mento administrativo a ser criado junto à Presidência da República çamento plurianual de investimentos. Desta maneira, introduziu-se
- e seu exame e aprovação seria da competência da Câmara dos um novo PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL-ORÇAMENTÁRIO, O DA
Deputados e do Conselho Fiscal. Durante o Estado Novo, entretan- PROGRAMAÇÃO - a programação constante da lei orçamentária
to, nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser exercida, uma vez relativa aos projetos com duração superior ao exercício financeiro
que as casas legislativas não foram instaladas e os orçamentos do devem observar o planejamento de médio e longo prazo constante
período 1938-45 terminaram sendo elaborados e aprovados pelo de outras normas preordenadoras. Sem ferir o princípio da unida-
Presidente da República, com o assessoramento do recém criado de, por se tratar de instrumento de planejamento, complementar
Departamento Administrativo do Serviço Público-DASP. à autorização para a despesa contida na lei orçamentária anual, ou
O período do Estado Novo marca de forma indelével a ausência o princípio da universalidade, que diz respeito unicamente ao or-
do estado de direito, demonstrando cabalmente a importância da çamento anual, veio propiciar uma ligação entre o planejamento
existência de uma lei orçamentária, soberanamente aprovada pelo de médio e longo prazo com a orçamentação anual. O Orçamento
Parlamento, para a manutenção da equipotência dos poderes cons- Plurianual de Investimentos - OPI não chegou a ter eficácia, não
tituídos, esteio da democracia. encontrando abrigo na Constituição de 1988, que estabeleceu, ao
A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do Poder invés, um plano plurianual (PPA).
Executivo quanto à elaboração da proposta orçamentária, mas de- Não obstante o fato das Constituições e normas a ela inferiores
volveria ao Poder Legislativo suas prerrogativas quanto à análise e alardearem os princípios da universalidade e unidade orçamentá-
aprovação do orçamento, inclusive emendas à proposta do gover- ria, na prática, até meados dos anos oitenta, parcela considerável
no. dos dispêndios da União não passavam pelo Orçamento Geral da
Manteria, também, intactos os princípios orçamentários até União - OGU. O orçamento discutido e aprovado pelo Congresso
então consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 foi apro- Nacional não incluía os encargos da dívida mobiliária federal, os
vada e sancionada a Lei nº 4.320, de 17.03.64, estatuindo “Normas gastos com subsídios e praticamente a totalidade das operações de
Gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos or- crédito de responsabilidade do Tesouro, como fundos e programas.
çamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Tais despesas eram realizadas autonomamente pelo Banco Central
Distrito Federal”. e Banco do Brasil por intermédio do denominado “Orçamento Mo-
Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais de netário-OM” E “Conta-movimento”, respectivamente. Ainda tinha-
dez anos sua tramitação legislativa, tal lei incorporou importantes -se o Orçamento-SEST, que consistia no orçamento de investimen-
avanços em termos de técnica orçamentária, inclusive com a in- to das empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias e
trodução da técnica do orçamento-programa a nível federal. A Lei controladas direta ou indiretamente pela União.
4.320/64, art. 15, estabeleceu que a despesa fosse discriminada no Todos estes documentos eram aprovados exclusivamente pelo
mínimo por elementos. Presidente da República. Somente a partir de 1984, com a gradativa
A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em um tex- inclusão no OGU do OM, extinção da “conta-movimento” no Banco
to constitucional o PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO. do Brasil e de outras medidas administrativas, coroadas pela pro-
O axioma clássico de boa administração para as finanças públicas mulgação da carta constitucional de 1988, passou-se a dar efetivi-
perdeu seu caráter absoluto, tendo sido abandonado pela doutrina dade ao princípio da unidade e universalidade orçamentária.
o equilíbrio geral e formal, embora não se deixe de postular a busca A aplicação do PRINCÍPIO DA UNIDADE foi elastecido na
de um equilíbrio dinâmico. Inserem-se neste contexto as normas Constituição de 1988, embora o art. 165 § 5º diga “A lei orçamentá-
que limitam os gastos com pessoal, acolhidas nas Constituições de ria anual compreenderá”, porquanto deixou de fora do orçamento
67 e de 88 (CF art. 169) e a vedação à realização de operações de fiscal as ações de saúde e assistência social, tipicamente financia-
créditos que excedam o montante das despesas de capital (CF art. das com os recursos ordinários do Tesouro, para compor com elas
167, III). um orçamento distinto, em relação promíscua com as prestações
Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal, mas da Previdência Social.
sim o equilíbrio amplo das finanças públicas.

162
LEGISLAÇÕES APLICADAS ÀS LICITAÇÕES E CONTRATOS DA PRODABEL

LEI 13.303/2016 § 6º Submete-se ao regime previsto nesta Lei a sociedade, in-


clusive a de propósito específico, que seja controlada por empresa
pública ou sociedade de economia mista abrangidas no caput .
LEI Nº 13.303, DE 30 DE JUNHO DE 2016. § 7º Na participação em sociedade empresarial em que a em-
presa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias
Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da socie- não detenham o controle acionário, essas deverão adotar, no de-
dade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, ver de fiscalizar, práticas de governança e controle proporcionais
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do qual são
partícipes, considerando, para esse fim:
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de I - documentos e informações estratégicos do negócio e demais
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional relatórios e informações produzidos por força de acordo de acionis-
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: tas e de Lei considerados essenciais para a defesa de seus interesses
na sociedade empresarial investida;
TÍTULO I II - relatório de execução do orçamento e de realização de in-
DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS PÚBLICAS E ÀS SO- vestimentos programados pela sociedade, inclusive quanto ao ali-
CIEDADES DE ECONOMIA MISTA nhamento dos custos orçados e dos realizados com os custos de
mercado;
CAPÍTULO I III - informe sobre execução da política de transações com par-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES tes relacionadas;
IV - análise das condições de alavancagem financeira da socie-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa dade;
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, V - avaliação de inversões financeiras e de processos relevantes
abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de eco- de alienação de bens móveis e imóveis da sociedade;
nomia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- VI - relatório de risco das contratações para execução de obras,
cípios que explore atividade econômica de produção ou comercia- fornecimento de bens e prestação de serviços relevantes para os
lização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade interesses da investidora;
econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja VII - informe sobre execução de projetos relevantes para os in-
de prestação de serviços públicos. teresses da investidora;
§ 1º O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts. 2º, 3º, 4º, VIII - relatório de cumprimento, nos negócios da sociedade,
5º, 6º, 7º, 8º, 11, 12 e 27, não se aplica à empresa pública e à socie- de condicionantes socioambientais estabelecidas pelos órgãos am-
dade de economia mista que tiver, em conjunto com suas respec- bientais;
tivas subsidiárias, no exercício social anterior, receita operacional IX - avaliação das necessidades de novos aportes na socieda-
bruta inferior a R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais). de e dos possíveis riscos de redução da rentabilidade esperada do
§ 2º O disposto nos Capítulos I e II do Título II desta Lei aplica- negócio;
-se inclusive à empresa pública dependente, definida nos termos X - qualquer outro relatório, documento ou informação produ-
do inciso III do art. 2º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio zido pela sociedade empresarial investida considerado relevante
de 2000 , que explore atividade econômica, ainda que a atividade para o cumprimento do comando constante do caput .
econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja Art. 2º A exploração de atividade econômica pelo Estado será
de prestação de serviços públicos. exercida por meio de empresa pública, de sociedade de economia
§ 3º Os Poderes Executivos poderão editar atos que estabele- mista e de suas subsidiárias.
çam regras de governança destinadas às suas respectivas empresas § 1º A constituição de empresa pública ou de sociedade de
públicas e sociedades de economia mista que se enquadrem na hi- economia mista dependerá de prévia autorização legal que indique,
pótese do § 1º, observadas as diretrizes gerais desta Lei. de forma clara, relevante interesse coletivo ou imperativo de se-
§ 4º A não edição dos atos de que trata o § 3º no prazo de 180 gurança nacional, nos termos do caput do art. 173 da Constituição
(cento e oitenta) dias a partir da publicação desta Lei submete as Federal .
respectivas empresas públicas e sociedades de economia mista às § 2º Depende de autorização legislativa a criação de subsidiá-
regras de governança previstas no Título I desta Lei. rias de empresa pública e de sociedade de economia mista, assim
§ 5º Submetem-se ao regime previsto nesta Lei a empresa pú- como a participação de qualquer delas em empresa privada, cujo
blica e a sociedade de economia mista que participem de consórcio, objeto social deve estar relacionado ao da investidora, nos termos
conforme disposto no art. 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro do inciso XX do art. 37 da Constituição Federal .
de 1976 , na condição de operadora.

219
LEGISLAÇÕES APLICADAS ÀS LICITAÇÕES E CONTRATOS DA PRODABEL

§ 3º A autorização para participação em empresa privada pre- atendimento ao interesse coletivo ou ao imperativo de segurança
vista no § 2º não se aplica a operações de tesouraria, adjudicação nacional que justificou a autorização para suas respectivas criações,
de ações em garantia e participações autorizadas pelo Conselho de com definição clara dos recursos a serem empregados para esse
Administração em linha com o plano de negócios da empresa pú- fim, bem como dos impactos econômico-financeiros da consecução
blica, da sociedade de economia mista e de suas respectivas subsi- desses objetivos, mensuráveis por meio de indicadores objetivos;
diárias. II - adequação de seu estatuto social à autorização legislativa
Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalida- de sua criação;
de jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com III - divulgação tempestiva e atualizada de informações relevan-
patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela tes, em especial as relativas a atividades desenvolvidas, estrutura
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. de controle, fatores de risco, dados econômico-financeiros, comen-
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante per- tários dos administradores sobre o desempenho, políticas e práticas
maneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal de governança corporativa e descrição da composição e da remune-
ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a ração da administração;
participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, IV - elaboração e divulgação de política de divulgação de in-
bem como de entidades da administração indireta da União, dos formações, em conformidade com a legislação em vigor e com as
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. melhores práticas;
Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de V - elaboração de política de distribuição de dividendos, à luz
personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada do interesse público que justificou a criação da empresa pública ou
por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito da sociedade de economia mista;
a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito VI - divulgação, em nota explicativa às demonstrações finan-
Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta. ceiras, dos dados operacionais e financeiros das atividades relacio-
§ 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia nadas à consecução dos fins de interesse coletivo ou de segurança
mista tem os deveres e as responsabilidades do acionista contro- nacional;
lador, estabelecidos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 , VII - elaboração e divulgação da política de transações com par-
e deverá exercer o poder de controle no interesse da companhia, tes relacionadas, em conformidade com os requisitos de competi-
respeitado o interesse público que justificou sua criação. tividade, conformidade, transparência, equidade e comutatividade,
§ 2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de eco- que deverá ser revista, no mínimo, anualmente e aprovada pelo
nomia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários su- Conselho de Administração;
jeita-se às disposições da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976 . VIII - ampla divulgação, ao público em geral, de carta anual de
governança corporativa, que consolide em um único documento
CAPÍTULO II escrito, em linguagem clara e direta, as informações de que trata
DO REGIME SOCIETÁRIO DA EMPRESA PÚBLICA E DA SOCIE- o inciso III;
DADE DE ECONOMIA MISTA IX - divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabi-
lidade.
SEÇÃO I § 1º O interesse público da empresa pública e da sociedade de
DAS NORMAS GERAIS economia mista, respeitadas as razões que motivaram a autoriza-
ção legislativa, manifesta-se por meio do alinhamento entre seus
Art. 5º A sociedade de economia mista será constituída sob a objetivos e aqueles de políticas públicas, na forma explicitada na
forma de sociedade anônima e, ressalvado o disposto nesta Lei, es- carta anual a que se refere o inciso I do caput .
tará sujeita ao regime previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro § 2º Quaisquer obrigações e responsabilidades que a empresa
de 1976 . pública e a sociedade de economia mista que explorem atividade
Art. 6º O estatuto da empresa pública, da sociedade de eco- econômica assumam em condições distintas às de qualquer outra
nomia mista e de suas subsidiárias deverá observar regras de go- empresa do setor privado em que atuam deverão:
vernança corporativa, de transparência e de estruturas, práticas de I - estar claramente definidas em lei ou regulamento, bem
gestão de riscos e de controle interno, composição da administra- como previstas em contrato, convênio ou ajuste celebrado com o
ção e, havendo acionistas, mecanismos para sua proteção, todos ente público competente para estabelecê-las, observada a ampla
constantes desta Lei. publicidade desses instrumentos;
Art. 7º Aplicam-se a todas as empresas públicas, as sociedades II - ter seu custo e suas receitas discriminados e divulgados de
de economia mista de capital fechado e as suas subsidiárias as dis- forma transparente, inclusive no plano contábil.
posições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e as normas § 3º Além das obrigações contidas neste artigo, as sociedades
da Comissão de Valores Mobiliários sobre escrituração e elaboração de economia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliá-
de demonstrações financeiras, inclusive a obrigatoriedade de audi- rios sujeitam-se ao regime informacional estabelecido por essa au-
toria independente por auditor registrado nesse órgão. tarquia e devem divulgar as informações previstas neste artigo na
Art. 8º As empresas públicas e as sociedades de economia mis- forma fixada em suas normas.
ta deverão observar, no mínimo, os seguintes requisitos de trans- § 4º Os documentos resultantes do cumprimento dos requisi-
parência: tos de transparência constantes dos incisos I a IX do caput deverão
I - elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do Con- ser publicamente divulgados na internet de forma permanente e
selho de Administração, com a explicitação dos compromissos de cumulativa.
consecução de objetivos de políticas públicas pela empresa públi-
ca, pela sociedade de economia mista e por suas subsidiárias, em

220
LEGISLAÇÕES APLICADAS ÀS LICITAÇÕES E CONTRATOS DA PRODABEL

Art. 9º A empresa pública e a sociedade de economia mista Art. 12. A empresa pública e a sociedade de economia mista
adotarão regras de estruturas e práticas de gestão de riscos e con- deverão:
trole interno que abranjam: I - divulgar toda e qualquer forma de remuneração dos admi-
I - ação dos administradores e empregados, por meio da imple- nistradores;
mentação cotidiana de práticas de controle interno; II - adequar constantemente suas práticas ao Código de Con-
II - área responsável pela verificação de cumprimento de obri- duta e Integridade e a outras regras de boa prática de governança
gações e de gestão de riscos; corporativa, na forma estabelecida na regulamentação desta Lei.
III - auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário. Parágrafo único. A sociedade de economia mista poderá solu-
§ 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e cionar, mediante arbitragem, as divergências entre acionistas e a
Integridade, que disponha sobre: sociedade, ou entre acionistas controladores e acionistas minoritá-
I - princípios, valores e missão da empresa pública e da socie- rios, nos termos previstos em seu estatuto social.
dade de economia mista, bem como orientações sobre a prevenção Art. 13. A lei que autorizar a criação da empresa pública e da
de conflito de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude; sociedade de economia mista deverá dispor sobre as diretrizes e
II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplicação restrições a serem consideradas na elaboração do estatuto da com-
do Código de Conduta e Integridade; panhia, em especial sobre:
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de de- I - constituição e funcionamento do Conselho de Administra-
núncias internas e externas relativas ao descumprimento do Código ção, observados o número mínimo de 7 (sete) e o número máximo
de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e de 11 (onze) membros;
obrigacionais; II - requisitos específicos para o exercício do cargo de diretor,
IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie observado o número mínimo de 3 (três) diretores;
de retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias; III - avaliação de desempenho, individual e coletiva, de perio-
V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código dicidade anual, dos administradores e dos membros de comitês,
de Conduta e Integridade; observados os seguintes quesitos mínimos:
VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre a) exposição dos atos de gestão praticados, quanto à licitude e
Código de Conduta e Integridade, a empregados e administradores, à eficácia da ação administrativa;
e sobre a política de gestão de riscos, a administradores. b) contribuição para o resultado do exercício;
§ 2º A área responsável pela verificação de cumprimento de c) consecução dos objetivos estabelecidos no plano de negó-
obrigações e de gestão de riscos deverá ser vinculada ao diretor- cios e atendimento à estratégia de longo prazo;
-presidente e liderada por diretor estatutário, devendo o estatuto IV - constituição e funcionamento do Conselho Fiscal, que exer-
social prever as atribuições da área, bem como estabelecer meca- cerá suas atribuições de modo permanente;
nismos que assegurem atuação independente. V - constituição e funcionamento do Comitê de Auditoria Es-
§ 3º A auditoria interna deverá: tatutário;
I - ser vinculada ao Conselho de Administração, diretamente ou VI - prazo de gestão dos membros do Conselho de Administra-
por meio do Comitê de Auditoria Estatutário; ção e dos indicados para o cargo de diretor, que será unificado e
II - ser responsável por aferir a adequação do controle inter- não superior a 2 (dois) anos, sendo permitidas, no máximo, 3 (três)
no, a efetividade do gerenciamento dos riscos e dos processos de reconduções consecutivas;
governança e a confiabilidade do processo de coleta, mensuração, VII – (VETADO);
classificação, acumulação, registro e divulgação de eventos e tran- VIII - prazo de gestão dos membros do Conselho Fiscal não su-
sações, visando ao preparo de demonstrações financeiras. perior a 2 (dois) anos, permitidas 2 (duas) reconduções consecuti-
§ 4º O estatuto social deverá prever, ainda, a possibilidade de vas.
que a área de compliance se reporte diretamente ao Conselho de
Administração em situações em que se suspeite do envolvimento SEÇÃO II
do diretor-presidente em irregularidades ou quando este se furtar DO ACIONISTA CONTROLADOR
à obrigação de adotar medidas necessárias em relação à situação a
ele relatada. Art. 14. O acionista controlador da empresa pública e da socie-
Art. 10. A empresa pública e a sociedade de economia mista dade de economia mista deverá:
deverão criar comitê estatutário para verificar a conformidade do I - fazer constar do Código de Conduta e Integridade, aplicável
processo de indicação e de avaliação de membros para o Conselho à alta administração, a vedação à divulgação, sem autorização do
de Administração e para o Conselho Fiscal, com competência para órgão competente da empresa pública ou da sociedade de econo-
auxiliar o acionista controlador na indicação desses membros. mia mista, de informação que possa causar impacto na cotação dos
Parágrafo único. Devem ser divulgadas as atas das reuniões do títulos da empresa pública ou da sociedade de economia mista e
comitê estatutário referido no caput realizadas com o fim de verifi- em suas relações com o mercado ou com consumidores e forne-
car o cumprimento, pelos membros indicados, dos requisitos defi- cedores;
nidos na política de indicação, devendo ser registradas as eventuais II - preservar a independência do Conselho de Administração
manifestações divergentes de conselheiros. no exercício de suas funções;
Art. 11. A empresa pública não poderá: III - observar a política de indicação na escolha dos administra-
I - lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários, dores e membros do Conselho Fiscal.
conversíveis em ações;
II - emitir partes beneficiárias.

221
LEGISLAÇÕES APLICADAS ÀS LICITAÇÕES E CONTRATOS DA PRODABEL

Art. 15. O acionista controlador da empresa pública e da so- de natureza especial ou de direção e assessoramento superior na
ciedade de economia mista responderá pelos atos praticados com administração pública, de dirigente estatutário de partido político
abuso de poder, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de e de titular de mandato no Poder Legislativo de qualquer ente da
1976 . federação, ainda que licenciados do cargo;
§ 1º A ação de reparação poderá ser proposta pela sociedade, II - de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e seis) meses,
nos termos do art. 246 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976 como participante de estrutura decisória de partido político ou em
, pelo terceiro prejudicado ou pelos demais sócios, independente- trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de cam-
mente de autorização da assembleia-geral de acionistas. panha eleitoral;
§ 2º Prescreve em 6 (seis) anos, contados da data da prática do III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical;
ato abusivo, a ação a que se refere o § 1º. IV - de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como
fornecedor ou comprador, demandante ou ofertante, de bens ou
SEÇÃO III serviços de qualquer natureza, com a pessoa político-administrati-
DO ADMINISTRADOR va controladora da empresa pública ou da sociedade de economia
mista ou com a própria empresa ou sociedade em período inferior
Art. 16. Sem prejuízo do disposto nesta Lei, o administrador de a 3 (três) anos antes da data de nomeação;
empresa pública e de sociedade de economia mista é submetido V - de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de con-
às normas previstas na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 . flito de interesse com a pessoa político-administrativa controladora
Parágrafo único. Consideram-se administradores da empresa da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou com a
pública e da sociedade de economia mista os membros do Conse- própria empresa ou sociedade.
lho de Administração e da diretoria. § 3º A vedação prevista no inciso I do § 2º estende-se também
Art. 17. Os membros do Conselho de Administração e os indi- aos parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau das pesso-
cados para os cargos de diretor, inclusive presidente, diretor-geral as nele mencionadas.
e diretor-presidente, serão escolhidos entre cidadãos de reputação § 4º Os administradores eleitos devem participar, na posse e
ilibada e de notório conhecimento, devendo ser atendidos, alterna- anualmente, de treinamentos específicos sobre legislação societá-
tivamente, um dos requisitos das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I e, ria e de mercado de capitais, divulgação de informações, controle
cumulativamente, os requisitos dos incisos II e III: interno, código de conduta, a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013
I - ter experiência profissional de, no mínimo: (Lei Anticorrupção), e demais temas relacionados às atividades da
a) 10 (dez) anos, no setor público ou privado, na área de atu- empresa pública ou da sociedade de economia mista.
ação da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou § 5º Os requisitos previstos no inciso I do caput poderão ser dis-
em área conexa àquela para a qual forem indicados em função de pensados no caso de indicação de empregado da empresa pública
direção superior; ou ou da sociedade de economia mista para cargo de administrador ou
b) 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos seguintes car- como membro de comitê, desde que atendidos os seguintes quesi-
gos: tos mínimos:
1. cargo de direção ou de chefia superior em empresa de porte I - o empregado tenha ingressado na empresa pública ou na so-
ou objeto social semelhante ao da empresa pública ou da socieda- ciedade de economia mista por meio de concurso público de provas
de de economia mista, entendendo-se como cargo de chefia supe- ou de provas e títulos;
rior aquele situado nos 2 (dois) níveis hierárquicos não estatutários II - o empregado tenha mais de 10 (dez) anos de trabalho efeti-
mais altos da empresa; vo na empresa pública ou na sociedade de economia mista;
2. cargo em comissão ou função de confiança equivalente a III - o empregado tenha ocupado cargo na gestão superior da
DAS-4 ou superior, no setor público; empresa pública ou da sociedade de economia mista, comprovan-
3. cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da do sua capacidade para assumir as responsabilidades dos cargos de
empresa pública ou da sociedade de economia mista; que trata o caput .
c) 4 (quatro) anos de experiência como profissional liberal em
atividade direta ou indiretamente vinculada à área de atuação da SEÇÃO IV
empresa pública ou sociedade de economia mista; DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
II - ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual
foi indicado; e Art. 18. Sem prejuízo das competências previstas no art. 142 da
III - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 , e das demais atribuições
nas alíneas do inciso I do caput do art. 1º da Lei Complementar nº previstas nesta Lei, compete ao Conselho de Administração:
64, de 18 de maio de 1990 , com as alterações introduzidas pela Lei I - discutir, aprovar e monitorar decisões envolvendo práticas
Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010. de governança corporativa, relacionamento com partes interessa-
§ 1º O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia das, política de gestão de pessoas e código de conduta dos agentes;
mista e de suas subsidiárias poderá dispor sobre a contratação de II - implementar e supervisionar os sistemas de gestão de riscos
seguro de responsabilidade civil pelos administradores. e de controle interno estabelecidos para a prevenção e mitigação
§ 2º É vedada a indicação, para o Conselho de Administração e dos principais riscos a que está exposta a empresa pública ou a so-
para a diretoria: ciedade de economia mista, inclusive os riscos relacionados à inte-
I - de representante do órgão regulador ao qual a empresa pú- gridade das informações contábeis e financeiras e os relacionados à
blica ou a sociedade de economia mista está sujeita, de Ministro ocorrência de corrupção e fraude;
de Estado, de Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de
titular de cargo, sem vínculo permanente com o serviço público,

222
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E
GESTÃO DE PROJETOS

Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as coisas de


LOGÍSTICA E SUPRIMENTO PÚBLICO. MATERIAL um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a alta performance
PERMANENTE. MATERIAL DE CONSUMO. BENS de maneira sistêmica. Ou seja, envolvendo toda a organização de
PÚBLICOS maneira interrelacional.
Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do autor
Recurso – Conceito = É aquele que gera, potencialmente ou de era, conforme sua época, garantir a melhoria quantitativa das ações
forma efetiva, riqueza. dos empregados. Aqueles que mantêm uma padronização de são
recompensados pela Organização. Na moderna interpretação da
Administração de Recursos - Conceitos - Atividade que plane- Fábula a autora passa a idéia de que precisamos além de trabalhar
ja, executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, investir no nosso talento de maneira diferencial. Assim, poderemos
o fluxo de material, partindo das especificações dos artigos e com- não só garantir a sustentabilidade da Organização para os diversos
prar até a entrega do produto terminado para o cliente. invernos como, também, fazê-los em Paris.
É um sistema integrado com a finalidade de prover à adminis-
tração, de forma contínua, recursos, equipamentos e informações Historicamente, a administração de recursos materiais e patri-
essenciais para a execução de todas as atividades da Organização. moniais tem seu foco na eficiência de processos – visão operacio-
nal. Hoje em dia, a administração de materiais passa a ser chamada
Evolução da Administração de Recursos Materiais e Patrimo- de área de logística dentro das Organizações devido à ênfase na
niais melhor maneira de facilitar o fluxo de produtos entre produtores
A evolução da Administração de Materiais processou-se em e consumidores, de forma a obter o melhor nível de rentabilidade
várias fases: para a organização e maior satisfação dos clientes.
- A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da empre- A Administração de Materiais possui hoje uma Visão Estraté-
sa, pois comprar era a essência do negócio; gica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INOVAÇÃO e não
- Atividades de compras como apoio às atividades produtivas baseado na melhor no que já existe. A partir da visão estratégica a
se, portanto, integradas à área de produção; Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais passa ser co-
- Condenação dos serviços envolvendo materiais, começando nhecida por LOGISTICA.
com o planejamento das matérias-primas e a entrega de produtos
acabados, em uma organização independente da área produtiva; Sendo assim:
- Agregação à área logística das atividades de suporte à área
de marketing. VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA
EFICIENCIA EFETIVIDADE
Com a mecanização, racionalização e automação, o excedente
de produção se torna cada vez menos necessário, e nesse caso a ESPECIFICA SISTEMICA
Administração de Materiais é uma ferramenta fundamental para QUANTITATIVA E
manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a matéria-pri- QUANTITATIVA
QUALITATIVA
ma, porém não haja excedentes.
Essa evolução da Administração de Materiais ao longo dessas MELHORAR O QUE JÁ EXISTE INOVAÇÃO
fases produtivas baseou-se principalmente, pela necessidade de QUANTO QUANDO
produzir mais, com custos mais baixos. Atualmente a Administração
de Materiais tem como função principal o controle de produção e Princípios da Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais
estoque, como também a distribuição dos mesmos. - Qualidade do material;
- Quantidade necessária;
As Três Fases da Administração de Recursos Materiais e Patri- - Prazo de entrega
moniais - Preço;
1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência. - Condições de pagamento.
2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em prejudicar ou-
tras áreas da Organização. Busca pela eficácia. Qualidade do Material
3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par atender O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua
bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade. aceitação dentro e fora da empresa (mercado).

Visão Operacional e Visão Estratégica


Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada a ativida-
des específicas. Melhorar algo que já existe.

281
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS

Quantidade atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção,


Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, for-
da produção e estoque, evitando a falta de material para o abasteci- mam grupos ou classes que comumente constituem a classificação
mento geral da empresa bem como o excesso em estoque. de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o
serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à nature-
Prazo de Entrega za dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.),
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendi- ou do tipo de demanda, estocagem, etc.
mento aos consumidores e evitar falta do material.
Classificação de Materiais
Menor Preço Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma,
O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posi- dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confu-
ção da concorrência no mercado, proporcionando à empresa um são, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que
lucro maior. seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classifica-
ção, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material
Condições de pagamento ocupe seu respectivo local.
Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha Por exemplo: produtos químicos poderão estragar produtos
maior flexibilidade na transformação ou venda do produto. alimentícios se estiverem próximos entre si. Classificar material,
em outras palavras, significa ordená-lo segundo critérios adotados,
Diferença Básica entre Administração de Materiais e Adminis- agrupando-o de acordo com a semelhança, sem, contudo, causar
tração Patrimonial confusão ou dispersão no espaço e alteração na qualidade.
A diferença básica entre Administração de Materiais e Admi- O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalo-
nistração Patrimonial é que a primeira se tem por produto final a gação, simplificação, especificação, normalização, padronização
distribuição ao consumidor externo e a área patrimonial é respon- e codificação de todos os materiais componentes do estoque da
sável, apenas, pela parte interna da logística. Seu produto final é a empresa.
conservação e manutenção de bens. O sistema de classificação é primordial para qualquer Departa-
A Administração de Materiais é, portanto um conjunto de ativi- mento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle
dades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento
ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais correto do almoxarifado.
necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições.
Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, O princípio da classificação de materiais está relacionado à:
inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o
fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as opera- Catalogação
ções gerais de controle de estoques etc. A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação de
A Administração de Materiais destina-se a dotar a adminis- materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um conjun-
tração dos meios necessários ao suprimento de materiais impres- to de dados relativos aos itens identificados, codificados e cadas-
cindíveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, trados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da
na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor empresa.
custo. Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversi-
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de dade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso
materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a
momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplifi-
necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providên- carmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos as
cia do suprimento após esse momento poderá levar a falta do ma- despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com
terial necessário ao atendimento de determinada necessidade da capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que
administração. haja a normalização.
Ao requisitar uma quantidade desse material, o usuário irá for-
São tarefas da Administração de Materiais: necer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e formato), o
- Controle da produção; que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, como tam-
- Controle de estoque; bém o desempenho daqueles que se servem do material, pois a não
- Compras; simplificação (padronização) pode confundir o usuário do material,
- Recepção; se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra forma de
- Inspeção das entradas; maneira totalmente diferente.
- Armazenamento;
- Movimentação; Especificação
- Inspeção de saída Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do
- Distribuição. material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor
entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de
Sem o estoque de certas quantidades de materiais que aten- material a ser requisitado.
dam regularmente às necessidades dos vários setores da organiza-
ção, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de

282
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS

Normalização regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais


A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili- somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em
zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização que isso se faça necessário. O usuário é que solicita sua aquisição
e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se
e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino- forem utilizados posteriormente, devem ficar temporariamente no
logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida estoque. A outra divisão são os Materiais de estoques: são mate-
e formato. riais que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para
que não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimen-
Codificação to automático. Deve existir no estoque, seu ressuprimento deve ser
É a apresentação de cada item através de um código, com as automático, com base na demanda prevista e na importância para
informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou a empresa.
letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armazena-
dos no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. Em Os materiais de estoque se subdividem ainda;
função de uma boa classificação do material, poderemos partir para Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos que
a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as informações compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao
necessárias, suficientes e desejadas por meios de números e/ou le- processo produtivo. Matéria prima que são materiais básicos e in-
tras. Os sistemas de codificação mais comumente usados são: o al- sumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo
fabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, passou-se produtivo. Produtos em fabricação que são também conhecidos
a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfanumérico e como materiais em processamento que estão sendo processados
numérico, também chamado “decimal”. A escolha do sistema utili- ao longo do processo produtivo. Não estão mais no estoque por-
zado deve estar voltada para obtenção de uma codificação clara e que já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque
precisa, que não gere confusão e evite interpretações duvidosas a ainda não são produtos acabados. Produtos acabados: produtos já
respeito do material. Este processo ficou conhecido como “código prontos. Materiais de manutenção: materiais aplicados em manu-
alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codificação está a de tenção com utilização repetitiva. Materiais improdutivos: materiais
afastar todos os elementos de confusão que porventura se apresen- não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa.
tarem na pronta identificação de um material. Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em
O sistema classificatório permite identificar e decidir priorida- diversos setores da empresa.
des referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de
estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da Quanto ao valor de consumo: Para que se alcance a eficácia na
empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos mate- gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo
riais. que é essencial do que é secundário em termos de valor de consu-
Para Viana um bom método de classificação deve ter algumas mo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta
características: ser abrangente, flexível e prático. chamada de Curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a im-
- Abrangência: deve tratar de um conjunto de características, portância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio
em vez de reunir apenas materiais para serem classificados; consumo em determinado período. Curva ABC é um importante
- Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos instrumento para se examinar estoques, permitindo a identifica-
de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerencia- ção daqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados
mento do estoque; quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo
- Praticidade: a classificação deve ser simples e direta. espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo
em valor monetário, ou quantidade dos itens do estoque, paraque
Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária eles possam ser classificados em ordem decrescente de importân-
uma divisão que norteie os vários tipos de classificação. cia.
Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de Os materiais são classificados em:
materiais. - Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser tra-
balhados com uma atenção especial pela administração. Os dados
Para o autor Viana os principais tipos de classificação são: aqui classificados correspondem, em média, a 80% do valor mone-
- Por tipo de demanda tário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são
- Materiais críticos orientativos e não são regra).
- Pericibilidade - Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados
- Quanto à periculosidade logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os se-
- Possibilidade de fazer ou comprar gundos em importância. Os dados aqui classificados correspondem
- Tipos de estocagem em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo
- Dificuldade de aquisição 30% dos itens estudados (esses valores são orientadores e não são
- Mercado fornecedor. regra).
- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de
- Por tipo de demanda: A classificação por tipo de demanda se movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gera-
divide em materiais não de estoque e materiais de estoque. Mate- rem custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após
riais não de estoque: são materiais de demanda imprevisível para todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, so-
os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento. Esses
materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de

283
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS

mente 5% do valor monetário total representam esta classe, po-


rém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são
orientadores e não são regra).

Metodologia de cálculo da curva ABC


A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques,
para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de
prioridades, para a programação da produção.

6º) Análise dos resultados


Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério
ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo
mostra algumas indicações para sua elaboração:

Valor
Classe % itens Importância
Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é acumulado
uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes, A 20 80% Grande
desnecessária. É conveniente que os itens mais importantes, segun-
B 30 15% Intermediária
do algum critério, tenham prioridade sobre os menos importantes.
Assim, economiza-se tempo e recursos. C 50 5% Pequena
Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o
processo em 6 etapas a seguir: Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:
1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques
pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada Valor Itens em
um deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do Classe Nº itens % itens
acumulado estoque
estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark-up, etc.
2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são: A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com B 3 25,0% 15,6% Apontador,
esses dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a Esquadro, Dado
quantidade pelo custo unitário.
C 7 58,3% 4,3% Key, Livro,
3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é
Herói, Caixa,
preciso organizá-los em ordem decrescente de valor.
Bola, Giz,
4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram
Isqueiro.
organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumu-
lado e os percentuais do custo total acumulado de cada item em
A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quan-
relação ao total.
do, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A
5º) Construir a curva ABC
(apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total,
Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distri-
enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens
buídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo
C (sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os
total acumulado.
estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação
mais rentável para a empresa do nosso exemplo.

Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em


conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se
obter o material.
Os materiais são classificados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com simi-
lares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa,
com ou sem similar;

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