0.MA - Elemento Textual - Transportes e Logistica
0.MA - Elemento Textual - Transportes e Logistica
0.MA - Elemento Textual - Transportes e Logistica
SUMÁRIO
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1. PAVIMENTAÇÃO E TERRAPLENAGEM
Apresentação
Neste bloco, será apresentado o cenário da infraestrutura rodoviária no Brasil, com
enfoque para os serviços de pavimentação e terraplenagem, fundamentais para o bom
andamento e desempenho das obras rodoviárias. O objetivo deste bloco é apresentar
aos alunos os conceitos básicos necessários para que atuem em obras de
infraestrutura rodoviária, setor repleto de oportunidades para a engenharia civil no
Brasil. Para isso, serão apresentados os tipos de pavimentos existentes e, na
sequência, detalhados os pavimentos de concreto de cimento Portland e os
pavimentos asfálticos, com a determinação das faixas granulométricas recomendadas
pelo DNIT e a apresentação do método de dosagem Marshall para a determinação do
teor ótimo de ligante de misturas asfálticas. Por fim, serão apresentadas as camadas
que constituem o pavimento e as atividades de terraplenagem, com os equipamentos
essenciais para a execução dos serviços.
No Brasil, existem 25,1 km de rodovias pavimentadas para cada 1000 km² de área,
valor pequeno quando comparado à realidade de outros países de grande extensão
territorial, como os Estados Unidos (437,8 km/1000 km²) e a China (452,1 km/1000
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a) Classificação funcional;
b) Classificação quanto à jurisdição;
c) Classificação técnica;
d) Classificação quanto à posição geográfica (válida para rodovias nacionais).
Cada uma dessas classificações será apresentada em detalhes na sequência.
a) Classificação funcional
A classificação funcional agrupa as rodovias de acordo com a mobilidade de tráfego
que exercem na malha rodoviária, dividindo-as em sistemas arterial, coletor e local.
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Federais: são as rodovias que estão sob jurisdição do Governo Federal, compostas em
geral por vias arteriais que quase sempre atravessam mais de um estado. As atividades
de construção e manutenção dessas rodovias são de responsabilidade do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ou da Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Estaduais: são as rodovias que iniciam e terminam dentro do mesmo estado, tendo
como função conectar as cidades desse estado e a sua capital. As atividades de
construção e manutenção dessas rodovias são de responsabilidade do Departamento
de Estradas de Rodagem (DER) de cada estado ou de órgãos reguladores estaduais
com funções semelhantes.
Vicinais: são estradas municipais locais, pavimentadas ou não, com padrão modesto e
de uma só pista. São muito utilizadas para o escoamento de safras agrícolas e, muitas
vezes, estão localizadas em propriedades privadas.
c) Classificação técnica
A classificação técnica agrupa as rodovias de acordo com o volume diário médio (VDM)
em um horizonte-padrão, adotado como o de dez anos após a abertura ao tráfego da
via. A divisão é realizada entre as classes 0, I, II, III e IV.
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Classe II: diz respeito a rodovias de pista simples, que suportam volume diário médio
no ano-horizonte de projeto entre 700 e 1.400 veículos bidirecionais.
Classe III: diz respeito a rodovias de pista simples, que suportam volume diário médio
no ano-horizonte de projeto entre 300 e 700 veículos bidirecionais.
Classe IV: diz respeito a rodovias de pista simples, que suportam volume diário médio
no ano-horizonte de projeto inferior a 300 veículos bidirecionais.
d) Classificação quanto à posição geográfica
As rodovias federais brasileiras são identificadas pela sigla BR-XXX/YY. A centena
representada pelas três letras “X” indica a numeração da rodovia, enquanto as duas
letras “Y” correspondem ao estado da federação onde determinado trecho está
implantado.
Exemplo:
BR-163/PR (trecho da BR-163 localizado no estado do Paraná).
O primeiro algarismo da centena define a direção dominante da rodovia, enquanto os
dois últimos informam a posição da rodovia em relação à capital federal e aos limites
extremos do país. A classificação quanto à posição geográfica divide as rodovias em
radiais, longitudinais, transversais, diagonais e de ligação.
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Ligações: as rodovias classificadas como de ligação são aquelas que conectam pontos
importantes das outras classes de rodovias, como por exemplo, uma rodovia
longitudinal à outra diagonal. São caracterizadas por iniciarem com o número 4, com
numeração de 400 a 450 se a ligação estiver ao norte de Brasília, e de 451 a 499 para
ligações ao sul da capital federal. Ex: BR-408, que liga Navegantes/SC até Camaquã/RS.
De acordo com Bernucci et al. (2008), pavimento é uma estrutura de diversas camadas
com espessuras finitas, construído sobre a superfície final da terraplenagem, que tem
como função receber as cargas impostas pelo tráfego de veículos e redistribuir para os
solos. Deve também resistir às intempéries e propiciar aos usuários melhoria nas
condições de rolamento, com conforto, segurança e economia. No pavimento, são
colocados em contato materiais de diferentes deformabilidades e resistências,
resultando em um elevado grau de complexidade no cálculo de tensões e deformações
atuantes.
Pavimento rígido: constituído por lajes de concreto de cimento Portland, que tem uma
elevada rigidez quando comparada com as demais camadas, o que faz com que os
esforços provenientes do carregamento sejam, em grande parte, absorvidos pelo
revestimento, o qual exerce também a função de base da estrutura.
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Fonte: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/metodos-de-pavimentacao.
Figura 1.1 – Distribuição de cargas em pavimentos rígidos e flexíveis.
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Existem ainda os pavimentos classificados como semirrígidos, que são aqueles que
possuem revestimento asfáltico sobre uma base cimentada, e também os
revestimentos por calçamento, classificados como flexíveis, mas que não são
compostos por materiais betuminosos, como é o caso da alvenaria poliédrica e dos
paralelepípedos. Nos próximos tópicos, serão abordados com mais detalhes os
pavimentos de concreto de cimento Portland e os revestimentos asfálticos, exemplos
principais, respectivamente, de pavimentos rígidos e flexíveis.
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- Evolução dos métodos de manutenção e reparos, que estão prolongando ainda mais
a vida útil desses pavimentos.
A combinação desses fatores vem fazendo com que obras que foram inicialmente
projetadas em pavimentos asfálticos fossem executadas em pavimentos de concreto
de cimento Portland, após passarem por uma avaliação de viabilidade técnica e
econômica. Como exemplo, podem ser citadas as obras na BR-151 na Bahia, BR-
163/364 no Mato Grosso e BR-386 no Rio Grande do Sul.
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Segundo a norma DNIT 031/2006 – ES, a composição da mistura asfáltica para CBUQ
deve satisfazer as condições da Tabela 1.1 com as respectivas tolerâncias no que se
refere à granulometria e aos percentuais de ligante asfáltico determinados pelo
projeto da mistura. Inicialmente, devem ser realizados ensaios de granulometria de
cada um dos agregados constituintes da mistura asfáltica, cujos resultados são
utilizados para determinação da porcentagem de cada material que deve ser utilizada
para obedecer aos limites da norma. A escolha pela faixa A, B ou C varia de acordo com
a aplicação que se deseja para a mistura asfáltica, conforme mostrado na última linha
da Tabela 1.1.
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volume de VAM, que é preenchido com o asfalto. As equações 1.1 a 1.6 são utilizadas
para a obtenção de todos os parâmetros volumétricos.
Em que:
Mar: Massa do corpo de prova ao ar;
Mimersa: Massa do corpo de prova imerso em água.
Em que:
%Ag: Porcentagem de agregado graúdo;
%Am: Porcentagem de agregado miúdo (ou fino);
%f: Porcentagem de fíler;
%b: Porcentagem de betume;
df: Densidade do fíler;
db: Densidade do betume.
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De acordo com a norma DNIT 031/2006 – ES, o teor ótimo de ligante deve atender à
porcentagem de vazios, à relação betume vazios e aos valores de estabilidade e
resistência à tração por compressão diametral mostrados na Tabela 1.2.
Camada de
Características Camada de Rolamento
Ligação
Porcentagem de Vazios % 3a5 4a6
Relação Betume Vazios 75 - 82 65-72
Estabilidade mínima (Kgf) 500 500
Resist. à tração por comp. diametral (MPa) 0,65 0,65
Fonte: adaptado de DNIT 031/2006 – ES (2006).
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Base: camada utilizada para resistir e distribuir os esforços causados pelas solicitações
do tráfego, sobre a qual é executada a camada de revestimento.
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Conclusão
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Referências Bibliográficas
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LIMA, M. V. P et al. Análise mecânica da influência da britagem dos seixos rolados para
o uso como agregado graúdo em concreto asfáltico. Revista Tecnológica. Maringá,
2021.
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Apresentação
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No que diz respeito aos veículos comerciais rodoviários, os caminhões podem ser
classificados como leves, médios ou pesados, a depender das configurações dos seus
eixos. Um caminhão leve tem dois eixos simples com rodas simples (equivalentes aos
ônibus), enquanto um caminhão médio possui um eixo simples frontal com rodas
simples e um eixo simples traseiro com rodas duplas. Já os caminhões pesados podem
possuir o eixo traseiro em tandem, reboque, semirreboque ou outras configurações. A
seguir, são apresentadas as principais configurações para caminhões utilizadas no
Brasil.
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Caso um veículo esteja trafegando com cargas superiores às apresentadas, existe uma
tolerância de 5% em relação ao valor do PBT e de 10% em relação ao peso por eixo,
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caso a primeira condição não seja atendida. Por exemplo, um veículo classe 2C tem
PBT igual a 16 t. Considerando a tolerância de 5%, o peso bruto total admitido será de
16,8 t. Caso esse mesmo veículo esteja trafegando com carga superior ao previsto na
primeira condição, será avaliado se o peso por eixo está dentro dos limites tolerados.
Como um veículo classe 2C possui 1 eixo simples de rodas simples (6 t) e 1 eixo simples
de rodas duplas (10 t), as tolerâncias permitem uma carga máxima de 6,6 t no eixo
dianteiro e 11 t no eixo traseiro, totalizando 17,6 t, o que excede em 0,8 t o valor
estabelecido na primeira condição.
Sabe-se que o trânsito veicular com cargas superiores aos limites é muito danoso ao
pavimento, no entanto, evitar esse cenário depende diretamente das fiscalizações
feitas por intermédio das balanças rodoviárias, e infelizmente ainda há poucas
incidências no Brasil, já que de acordo com a CNT (2016) existe em média 1 balança
para cada 1379 km de rodovias federais pavimentadas.
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A cada passagem, uma carga consegue gerar efeitos na estrutura do pavimento. Esse
efeito, denominado dano, embora seja de pequena magnitude, quando é repetido
diversas vezes pode significar o fim da vida útil do pavimento por intermédio da sua
ruptura. Como o carregamento do tráfego é composto por diferentes tipos de eixos e
cargas, haverá diferentes efeitos ao pavimento. Para facilitar a determinação desses
efeitos, é adotado um eixo padrão caracterizado como um eixo simples de rodas
duplas de 8,2 toneladas-força (aproximadamente 80 kN), sendo o número de
repetições dos eixos dos veículos (N) determinado conforme a Equação 2.1.
Em que:
A seguir, é apresentada uma breve descrição sobre cada um dos fatores necessários
para a determinação do número N.
Volume Diário Médio (VDM): representa o número médio de veículos que trafegam
em todos os sentidos de uma estrada. A determinação desse índice se dá dividindo o
número total de veículos que circularam durante o ano pelo número de dias do ano
analisado. O VDM pode variar ao longo da vida útil do pavimento.
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Fator de eixo dos veículos (FE): coeficiente que multiplicado pelo número de veículos
que circulam resulta no número de eixos correspondentes.
Fator de carga dos veículos (FC): coeficiente que multiplicado pelo número de eixos
que circulam resulta no número equivalente de operações do eixo padrão sob o ponto
de vista destrutivo.
As interseções em nível podem ser divididas de acordo com o número de ramos que
fazem parte do cruzamento (três ramos, quatro ramos ou múltiplos), em função da
presença ou não do controle de sinalização semafórica e em função das soluções
adotadas, que serão apresentadas na sequência.
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35
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A escolha do tipo de interseção mais adequada depende de uma série de fatores como
da classificação funcional da via, do tipo de controle de acesso, das prioridades de
passagem, da composição e quantificação do tráfego, da disponibilidade de área e de
recursos para a execução do cruzamento, dentre outros. No caso de volumes de
tráfego muito elevados, a execução de interseções em desnível pode ser a única opção
viável.
O Manual de projeto de interseções do DNIT é uma boa fonte para auxiliar na escolha
do tipo de interseção a ser utilizada para cada caso. Se a opção for por interseções em
desnível, o engenheiro deve estar atento à necessidade da concepção de obras de arte
para a separação vertical das vias cujos traçados se cruzam, assunto que será
abordado no próximo tópico deste material.
Entre as obras de arte especiais citadas, duas estruturas se assemelham por serem
construídas para a condução do tráfego sobre obstáculos que impeçam à continuidade
de uma via: pontes e viadutos. Quando esses obstáculos se tratam de rios, lagos,
braços de mar, dentre outros que envolvam a passagem sobre a água, a OAE é
denominada como ponte. Já no caso da construção de uma estrutura para transpor
outras vias de tráfego, vales ou qualquer outro obstáculo que não envolva a passagem
pela água, a OAE é denominada como viaduto.
de tráfego. Além disso, caso ocorra falha nessas estruturas que faça com que fiquem
fora de operação por um determinado período, o sistema de transportes como um
todo fica comprometido, já que o tráfego deverá ser desviado para outras rotas
enquanto não houver o reparo ou substituição da OAE, implicando gastos adicionais de
combustível e em termos de tempo de viagem. Na Figura 2.1, é mostrado um exemplo
de ponte e outro de viaduto que são fundamentais para o bom andamento do sistema
de transporte de duas metrópoles nacionais: Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP.
Fonte: Joao Paulo V Tinoco, Shutterstock (acima); Deni Williams, Shutterstock (abaixo).
Figura 2.1 – Ponte Rio-Niterói no Rio de Janeiro/RJ (acima) e viaduto do Chá em São
Paulo/SP (abaixo).
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O processo para fornecer uma sinalização efetiva, que seja clara, objetiva e que auxilie
os motoristas e pedestres nas tomadas de decisão, envolve a elaboração de projetos
específicos de sinalização, a implantação dos dispositivos e a constante verificação da
sua operacionalidade e da necessidade de realização de manutenções. É fundamental,
também, que os materiais empregados sejam condizentes com suas respectivas
aplicações, de modo a garantir a durabilidade de cada um dos dispositivos. Uma boa
fonte de consulta para a elaboração de projetos é o Manual de Sinalização Rodoviária
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Drenagem superficial: tem como objetivo evitar que as águas que desçam dos taludes
e encostas atinjam o corpo estradal e remover rapidamente a água precipitada sobre o
pavimento, de forma a garantir sua segurança e estabilidade. Os dispositivos utilizados
para esse tipo de drenagem envolvem as valetas de proteção de corte e aterro, as
sarjetas de corte, aterro e de canteiro central, as descidas e saídas d’água, as caixas
coletoras, os bueiros de greide e dissipadores de energia, o escalonamento de taludes
e os corta-rios.
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b) Tempo de concentração
Em que:
tc: tempo de concentração (min);
L: comprimento do talvegue (km);
i: declividade média do talvegue (m/km);
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Em que:
I: intensidade média da precipitação (mm/h);
a; b; n; m: coeficientes que dependem do local da chuva;
TR: período de recorrência (anos);
tc: tempo de concentração (min).
Para o cálculo da vazão que chega até os dispositivos em bacias com áreas inferiores a
2 km², é amplamente utilizado o método racional, baseado em estudos de intensidade,
duração e frequência das chuvas da região e que considera, também, o coeficiente de
escoamento das superfícies que encaminham a água. Os princípios básicos desse
método envolvem a consideração da duração da precipitação máxima de projeto igual
ao tempo de concentração da bacia, a adoção de um coeficiente único de perdas
estimado com base nas características locais e a não avaliação do volume de cheia e da
distribuição temporal das vazões. A equação do modelo é definida por:
Em que:
Q: vazão que chega até os dispositivos (m³/s);
C: coeficiente de escoamento (adimensional);
I: intensidade média da precipitação (mm/h);
A: área de contribuição da bacia hidrográfica (m²).
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O raio hidráulico é a razão entre a área útil de escoamento de uma seção transversal
de fluxo (área molhada) pelo comprimento da linha de contato entre a água, o fundo
do canal e as paredes (perímetro molhado). Esse parâmetro é muito importante no
dimensionamento dos elementos de drenagem, pois tem a função de estimar o raio de
tubos e canais com seção transversal não circular.
Para o cálculo do raio hidráulico, o DER/SP especifica que deve ser considerada uma
lâmina d’água máxima em valetas e sarjetas de 80% da altura da seção revestida. A
borda livre mínima de 20% representa uma margem de segurança, já que durante a
vida útil de projeto podem acontecer situações e chuvas que façam com que as
elevações no nível d’água sejam superiores às calculadas. A Figura 2.4 mostra as
fórmulas utilizadas para o cálculo da área molhada, perímetro molhado e raio
hidráulico para diferentes geometrias de seção.
Fonte: https://bitlybr.com/pVv8.
Figura 2.4 – Fórmulas para o cálculo do raio hidráulico de canais com diferentes
geometrias.
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Em que:
v: velocidade de escoamento (m/s);
n: é o coeficiente de rugosidade do canal (adimensional);
Rh: é o raio hidráulico do dispositivo (m);
i: é a declividade longitudinal do elemento drenante (m/m).
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,
Em que:
q: capacidade de vazão do dispositivo (m³/s);
v: velocidade de escoamento (m/s);
A: área molhada do dispositivo (m²).
No caso de dispositivos que recebem uma vazão única, como uma tubulação
recebendo água de um bueiro, a determinação do dispositivo é realizada pelo
comparativo da vazão máxima de projeto (Q) e da sua capacidade de vazão (q). Porém,
para os dispositivos que recebem contribuição contínua ao longo do seu comprimento,
como sarjetas e valetas posicionadas às margens do pavimento, é necessária a
indicação do comprimento crítico, máximo comprimento que o dispositivo pode
receber a vazão sem a necessidade do posicionamento de saídas d’água, calculado
pela equação 2.8.
Em que:
L: Comprimento crítico (m)
q: capacidade de vazão do dispositivo (m³/s);
Q: vazão que chega até os dispositivos (m³/s/m).
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O quarto e último modo de transporte que será tratado nessa disciplina é o aéreo,
sendo o mais caro dentre todos os citados, mas também o mais rápido. Devido a essas
características, é um transporte voltado para a movimentação de cargas de alto valor
agregado, em pequenos volumes e com urgência de entrega. As vantagens do
transporte aéreo envolvem ainda o fato de os aeroportos geralmente estarem
localizados próximos aos centros de produção e a possibilidade de redução dos
estoques em armazéns, já que possibilita a aplicação dos procedimentos just in time.
A Figura 2.6, mostra um estudo realizado pela CNT que detalha o impacto da escolha
logística de transporte, nos custos de transporte da carga. O exemplo utilizado foi de
diferentes trajetos utilizados para a exportação de grãos no estado do Mato Grosso,
onde se pode observar que a solução única pelo transporte rodoviário é a que tem o
maior custo por tonelada de material.
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Referências Bibliográficas
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3 FERROVIAS
Apresentação
O sistema ferroviário cresce cada vez mais no Brasil. A partir da década de 1990, com a
política de concessões da malha ferroviária nacional, o setor vem recebendo grandes
investimentos, ganhando cada vez mais espaço na matriz de transportes nacional.
Neste bloco, serão apresentadas as principais características deste modo de
transportes, abordando a sua infraestrutura, superestrutura e as peculiaridades do
material rodante. Com isso, objetiva-se que o aluno tenha uma visão ampla sobre o
tema, de forma a conhecer a estrutura de uma ferrovia e os cálculos necessários para
determinação do número de locomotivas e vagões de uma composição ferroviária. Ao
fim do bloco, é realizado ainda um comparativo entre os dois principais transportes
ferroviários de passageiros: o metrô e o trem, com enfoque para aplicação de ambos
na cidade de São Paulo.
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de cargas é realizado por meio de ferrovias, o que mostra novamente o potencial para
crescimento do setor ferroviário na matriz de transporte nacional.
a. Classificação funcional;
b. Classificação quanto ao tipo de bitola;
c. Classificação quanto à posição geográfica.
a. Classificação funcional
A classificação funcional agrupa as rodovias de acordo com a mobilidade de tráfego
que exercem na malha ferroviária, dividindo-a em vias troncos, secundárias e de
ligação.
Vias tronco: as ferrovias pertencentes a esta categoria são caracterizadas pelo alto
volume de tráfego, tendo como principal função atender às demandas de viagem de
longa distância.
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Vias de ligação: são aquelas que conectam pontos importantes de outras ferrovias,
como por exemplo, uma via tronco à outra, ou determinada ferrovia a terminais
marítimos, sendo utilizadas para ligações diversas.
Bitola larga: diz respeito às ferrovias com trilhos que apresentam distância entre as
faces laterais interiores dos boletos superior a 1,435 m. No Brasil, os trilhos que
apresentam bitolas largas geralmente têm distância entre as faces igual a 1,600 m.
Bitola métrica ou estreita: diz respeito às ferrovias com trilhos que apresentam
distância entre as faces laterais interiores dos boletos inferior a 1,435 m. No Brasil, os
trilhos que apresentam bitolas métricas geralmente têm distância entre as faces igual
a 1,000 m.
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Fonte: http://planetaferrovia.blogspot.com/2014/01/bitolas-ferroviarias.html.
Radiais: as ferroviais classificadas como radiais têm como origem comum a cidade de
Brasília. São caracterizadas por ligarem as principais cidades e capitais estaduais à
capital federal, e a sua numeração varia de 000 a 099, no sentido horário a partir do
norte do meridiano de Brasília. Exemplo: EF-050, que liga a cidade de Brasília/DF a
cidade de Santos/SP.
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norte até 299 no extremo sul, sendo que a numeração em Brasília é 250. Ex: EF-225,
também conhecida como ferrovia Transnordestina, conecta as cidades de São Luís/MA
e Teresina (PI).
Diagonais: são caracterizadas por iniciarem com o número 3. As ferrovias pares têm
direção Noroeste-Sudeste e as ímpares direção Nordeste-Sudoeste. A numeração vai
de 300 para as rodovias diagonais no extremo Noroeste até 399 para as rodovias
diagonais no extremo sudeste. Ex: EF-364, que liga Rondonópolis/MT à cidade de
Santos/SP, importante rota para o escoamento da produção agrícola nacional.
As ferrovias podem ser definidas como um meio de transporte terrestre que utiliza
duas vigas metálicas longitudinais (denominadas trilhos) para o deslocamento de
veículos, sejam eles motores ou rebocados (locomotivas e vagões, respectivamente).
Para a construção dessas vias, é necessária a execução tanto da infraestrutura como da
superestrutura ferroviária.
61
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a) Trilhos
Elementos responsáveis por guiar o trajeto dos veículos (vagões e locomotivas), dando
sustentação aos mesmos. São fabricados com aço, e podem ser divididos em três
partes: boleto, alma e patim.
• Boleto: parte superior do trilho, que está em contato direto com as rodas do
trem, devendo, portanto, ser resistente ao desgaste.
• Alma: parte mais fina do trilho, entre o boleto e o patim, que deve resistir à
flexão.
• Patim: estrutura fixada nos dormentes, que resiste às deformações às quais o
trilho está exposto.
c) Dormentes
d) Lastro
e) Sub-lastro
f) Subleito
63
,
neste bloco, e o de material rodante, do qual fazem parte todo e qualquer veículo
ferroviário. O material rodante pode ser simplificadamente classificado em três
categorias:
Mas você já parou para pensar o que faz com que os trens não descarrilhem ao
realizar curvas?
Além dos raios das curvas serem maiores, o formato das rodas auxilia a manter os
trens dentro dos trilhos, mesmo quando na realização de mudanças de direção. Isso
porque, as rodas de locomotivas e vagões possuem uma configuração cônica, para
torná-las ainda mais largas no lado interior. Com isso, quando o trem se desloca para
realizar curvas, o diâmetro da roda em contato com o trilho muda, porém, como estão
conectadas ao mesmo eixo, continuam girando na mesma velocidade. Efetivamente,
isso significa que a distância maior que o lado externo deve percorrer em uma curva é
compensada pela maior distância por revolução que tem que vencer, já que o ponto
de contato das rodas com o trilho tem maior diâmetro nesse lado, o que mantém as
duas rodas do eixo girando na mesma rotação, como mostrado na Figura 3.5.
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Fonte: https://irp-cdn.multiscreensite.com/3b672b6b/files/uploaded/Rodas-Trens.pdf.
Como mostrado na Figura 3.5, a conicidade das rodas ajusta o seu percurso conforme
as curvas, sendo o conjunto levemente deslocado para o lado externo devido à ação da
força centrífuga. Com isso, o vagão ou locomotiva é inclinado para o lado interno, o
que auxilia na manutenção da estabilidade do conjunto.
Além do formato cônico, os flanges das rodas também ajudam que o trem não se
desloque para fora dos trilhos da ferrovia. Esse dispositivo consiste em uma
protuberância no lado interno da roda, que a mantém dentro dos trilhos quando
ocorre o escorregamento da mesma. É importante destacar, também, que a rigidez
dos eixos dos veículos aumenta ainda mais o desgaste na interação veículo-via, pelo
contato direto das rodas metálicas com os trilhos do trem, também metálicos. Por isso,
uma verificação constante do nível de desgaste das rodas e dos trilhos é necessária
para evitar a ocorrência de acidentes.
65
,
Em que:
nL: número de locomotivas no comboio;
: eficiência de transmissão;
Em que:
nL: número de locomotivas no comboio;
Td: peso aderente (kN);
f: coeficiente de aderência.
O coeficiente de aderência mostrado na Equação 3.2 depende do estado do trilho, em
condições que variam do estado úmido e sujo (f = 0,11) até o totalmente seco e limpo
(f = 0,33). Um valor comumente utilizado nos projetos ferroviários brasileiros é o de
66
,
0,22. Já o peso aderente é o que atua sobre as rodas motrizes, sendo que no caso de
todos os eixos da locomotiva serem motores, o peso aderente é igual ao da
locomotiva. No caso de locomotivas com eixos não motores, o peso total é distribuído
igualmente entre os eixos, de modo que o peso aderente seja a soma dos pesos sobre
os eixos motores.
67
,
Em que:
c1: constante que incorpora o efeito da deformação da roda e do trilho;
c2: constante que incorpora o efeito do atrito nos mancais;
c3: constante que incorpora o efeito do atrito entre o friso das rodas e o trilho;
x: número de eixos da locomotiva ou vagão;
V: velocidade da operação (km/h);
G: peso da locomotiva ou vagão (kN).
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Em que:
ca: constante que reflete as características aerodinâmicas do vagão ou
locomotiva;
Em que:
P: peso total da locomotiva ou vagão (N);
i: declividade da rampa em porcentagem ou em metros por 100 metros.
A resistência de rampa é causada pela componente da força peso que age na direção
do movimento. Em uma subida, essa componente está contrária ao movimento,
representando uma resistência. Já na descida, a componente está no mesmo sentido
do movimento, contribuindo para que ele aconteça. No caso das descidas, é
69
,
Em que:
G: peso da locomotiva ou vagão (kN);
R: raio da curva (m).
A resistência de curva é causada pelo atrito adicional do friso das rodas contra a lateral
do trilho, que ocorre nos locais em que o trem precisa realizar curvaturas. A resistência
total do trem é a soma das quatro resistências atuantes multiplicada pelo número de
vagões e locomotivas. O valor é dividido por 1000, para que a resistência total seja
expressa em kN, conforme apresentado na Equação 3.7.
Em que:
Quando um trem viaja por uma ferrovia, os esforços atuantes sobre o veículo na
direção do movimento são a força-motriz e resistência, mostradas respectivamente,
nos tópicos 3.6 e 3.7 deste bloco. Assim como a força-motriz, a resistência total ao
movimento também é função da velocidade em que o trem se desloca, já que as
resistências de rolamento e aerodinâmica dependem dessa variável. Dessa forma, a
velocidade de equilíbrio do trem é o ponto em que Ft = Rt, ou seja, que a força-motriz
70
,
71
,
potência máxima do motor, já que neste caso a velocidade de equilíbrio seria superior
à permitida. Para respeitar a velocidade da via, a força-motriz que, para uma
velocidade de 80 km/h poderia chegar até a 640 kN, deve ser mantida em 250 kN, de
modo que se iguale com a resistência atuante no trecho, mantendo a velocidade
constante e dentro do limite permitido.
Nessa primeira etapa, será determinado o número máximo de vagões que uma
locomotiva poderá transportar durante o percurso. Para isso, o critério analisado é a
capacidade da locomotiva em reiniciar o movimento no trecho de maior resistência, já
que podem acontecer incidentes ou problemas que levem a locomotiva a ter que parar
e reiniciar a partir da velocidade nula.
Em que:
72
,
Velocidade mínima: velocidade em que Ft (Eq. 3.1) é igual a Ftmáx (Eq. 3.2).
Com o número de vagões que pode ser rebocado por uma locomotiva calculado na
etapa anterior, podem ser montados comboios de acordo com a proporção calculada.
Por exemplo, se 1 locomotiva leva 14 vagões, 2 locomotivas levam 28, 3 levam 42, e
assim por diante. No entanto, o número máximo de locomotivas e vagões é limitado
pela capacidade do engate utilizado.
Em que:
Fe,máx: força máxima suportada no engate fornecida pelo fabricante (kN);
nV,máx: número total de vagões suportados pelo engate;
73
,
a) Pátios ferroviários
Setor de recebimento de trens: área destinada à entrada do trem no pátio por meio
do seu desvio da linha principal da ferrovia. Nesse local, a composição é armazenada e
inspecionada para que os vagões que necessitem de conserto sejam separados e
destinados às oficinas.
74
,
Setor de formação dos trens: local destinado à formação dos trens, levando em
consideração o comprimento máximo estudado no tópico anterior deste bloco. Antes
da liberação para viagem, é realizada uma inspeção rigorosa da composição, além da
preparação de documentos fiscais e do licenciamento de movimentação pela ferrovia.
b) Sinalização ferroviária
Sinalização visual: composta por placas, sinais luminosos e faróis, com objetivo de
fornecer informações ao maquinista relacionadas aos limites de velocidades, a
presença de interseções, túneis e pontes na via, a execução de obras no entorno,
dentre outros. Em cruzamentos e interseções, têm a função de alertar pedestres e
motoristas da passagem da composição ferroviária, sendo os sinais luminosos
fundamentais para auxiliar no controle durante o período noturno.
75
,
Sinalização acústica: composta por sinos e buzinas. Os sinos devem ser acionados na
aproximação e durante a transposição de passagens em nível, em locais com pouca
visibilidade em que houver a presença de pessoas ou animais na linha ou próximos a
ela, em entradas e saídas de oficinas, nos postos de abastecimento, dentre outros. Já
as buzinas são utilizadas com acionamento longo (máximo de 4 segundos) nos casos de
riscos de acidentes ferroviários, na aproximação de túneis, pontes e viadutos, na
aproximação da cauda de outros trens ou quando houver placas que exijam buzinar. O
acionamento curto (máximo de 2 segundos) ocorre antes da partida de trens, no início
do movimento em manobras e antes de passagens em nível.
Além dos dois tipos de sinalização principais, existe a sinalização manual que consiste
na agitação alternada dos dois braços sobre a cabeça ou na região da cintura, o que
significa situação de emergência, informando ao operador que deve ser realizada a
parada imediata do trem. Esse tipo de sinalização só é aplicado em situações críticas,
que impossibilitem a utilização de outros tipos de comunicações. Para mais
informações a respeito desse assunto, uma boa fonte de consulta é o Regulamento de
Operação Ferroviária da VALEC (ROF), que apresenta detalhadamente cada tipo de
sinalização e os seus devidos usos.
Amplamente utilizada como meio de transporte de cargas, como já citado neste bloco,
a estrutura ferroviária também está presente nos grandes centros, principalmente em
São Paulo, onde o sistema metroferroviário do estado é responsável pelo transporte
de 75% das pessoas que utilizam trens ou metrôs em todo o Brasil.
Mas você sabe dizer qual a diferença entre o trem de passageiros e o metrô?
76
,
A diferenciação, na verdade, fica por conta dos destinos e números de paradas de cada
um, já que o metrô geralmente trafega pelo centro da cidade e bairros mais povoados,
com paradas de curta distância entre uma estação e outra, enquanto o trem se
locomove pelas regiões metropolitanas e subúrbios da cidade, com paradas mais
espaçadas se comparado aos metrôs. As diferenças entre a aplicabilidade desses dois
modos de transporte ajudam a entender as suas características específicas.
O metrô por trafegar nos grandes centros urbanos, densamente povoados e com
muitas construções, acaba sendo construído no nível subterrâneo, forma de desviar
dos inúmeros obstáculos que encontraria caso fosse projetado em nível. Como os
trens trafegam nas regiões metropolitanas e subúrbios da cidade, a estrutura
ferroviária consegue ser executada na superfície, já que a densidade populacional e o
número de construções são menores.
Em São Paulo, capital, a diferença pode ser observada na prática, já que existem os
dois tipos de veículos na matriz de transporte de passageiros da cidade, por meio do
Metrô de São Paulo e dos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
(CPTM). As Figuras 3.8 e 3.9 mostram a diferença com relação à superestrutura entre
esses dois modais na cidade de São Paulo, já que as vias utilizadas para o metrô são
formadas por trilhos fixados diretamente sobre placas de concreto (superestrutura
classificada como rígida), enquanto as vias utilizadas para o trem são compostas por
uma camada de agregados para assentamento dos dormentes que darão sustentação
aos trilhos, superestrutura classificada como elástica.
77
,
Por fim, outro aspecto relevante que diferencia os dois modais está relacionado à
locomoção dos veículos, pois os trens de passageiros funcionam como os de carga,
com locomotivas que rebocam os vagões, ao passo que o metrô costuma ter todos os
carros motorizados.
Conclusão
Referências Bibliográficas
ARK TRENS. O formato das rodas dos trens – realismo nas maquetes. Disponível em:
https://irp-cdn.multiscreensite.com/3b672b6b/files/uploaded/Rodas-Trens.pdf.
Acesso em: 18 mar. 2021.
78
,
LOBO, R. Linha 4 – Amarela do Metrô tem primeira troca de trilhos. Disponível em:
https://viatrolebus.com.br/2019/09/linha-4-amarela-do-metro-tem-primeira-troca-de-
trilhos/. Acesso em: 28 mar. 2021.
79
,
Apresentação
Mas você saberia dizer quais são as condicionantes que influenciam o projeto
geométrico de vias?
80
,
81
,
Definido o melhor traçado para a via, seja ela ferroviária ou rodoviária, o próximo
passo é a locação desse projeto em campo. A locação consiste na materialização no
terreno dos locais em que devem ser executadas as camadas de terraplenagem e
pavimentação, bem como as obras de arte e de contenção ao decorrer do trecho. Esse
processo é realizado por meio do estaqueamento, que consiste no posicionamento de
estacas, em geral, a cada 20 m de distância.
82
,
Exemplo: um local “X”, distante 432,5 metros do início do trecho (estaca zero) será
identificado na obra como sendo a estaca [21+12,50].
83
,
O projeto geométrico de determinado trecho de uma via é composto por uma planta,
um perfil longitudinal e quantas seções transversais forem necessárias para a sua
completa definição. Individualmente, cada uma das representações tem sua
importância, mas ter bons perfis horizontais, verticais e uma seção transversal
adequada não é garantia de que um projeto seja bem-sucedido, devendo o projetista
estar atento para a combinação da planta com o perfil longitudinal ao realizar o
dimensionamento, já que bons perfis horizontais e verticais precisam estar alinhados
para que forneçam um bom aspecto tridimensional à via rodoviária ou ferroviária. Na
Tabela 4.1, são apresentadas diferentes combinações de plantas e perfis que podem
ser encontradas em rodovias.
84
,
Curva Curva
Concavidade com curva horizontal
Fonte: adaptado DER/SC (1999).
Como já foi comentado, o traçado de uma via é composto por uma sequência
intercalada de segmentos de retas e de curvas. Na nomenclatura de projetos
geométricos, ao trabalhar com o plano horizontal, os trechos retos são denominados
tangentes, enquanto os curvos são chamados de curvas de concordâncias horizontais.
Dentre as curvas horizontais, podem ser encontradas em projetos rodoviários quatro
categorias diferentes:
Curva circular simples: formada por um arco de circunferência que se liga diretamente
às tangentes, sendo caracterizada pelo raio de curvatura (R) e pelo ângulo de deflexão
(AC).
Curva circular composta: formada pela ligação de duas curvas circulares simples,
consecutivas, com raios de curvatura diferentes, sendo pouco utilizadas nos projetos
de engenharia.
85
,
Curva circular reversa: formada pela ligação de duas curvas circulares simples com
mesmo raio de curvatura, porém, com centros de curvaturas opostos, originando uma
curva em formato de “S”.
Neste bloco, aprenderemos a projetar curvas das duas primeiras categorias, já que são
as mais usuais em projetos geométricos de estradas e ferrovias. Inicialmente, serão
apresentados os critérios de projeto das curvas circulares simples, para que, em
seguida, seja possível o aprendizado do posicionamento das curvas de transição, entre
estas e as tangentes.
No dimensionamento das curvas circulares, os dois critérios principais que devem ser
levados em consideração são o raio de curvatura (R) e o ângulo de deflexão (AC). O
raio de curvatura nada mais é do que o raio da circunferência que dá origem ao arco
formador da curva, enquanto o ângulo de deflexão (AC) é o ângulo formado entre as
duas tangentes interligadas à curva projetada. Além disso, as curvas circulares
possuem ainda três pontos notáveis, mostrados na sequência.
Ponto PI: ponto de intersecção entre as duas tangentes que dão origem à curva. Está
posicionado fora do alinhamento da estrada, porém é importante na determinação
dos demais pontos notáveis.
86
,
87
,
88
,
o Eq. 4.8 – Critério estético (Vp ≤ 80 o Eq. 4.9 – Critério estético (Vp ≥ 80
km/h). km/h).
Em que:
Lsmín: distância mínima de transição (m); e: superelevação (%);
Vp: velocidade de projeto (km/h); largura da faixa de tráfego;
Rc: raio do trecho circular (m).
89
,
caso obedeça à regra citada, deve ser o adotado, geralmente arredondado para o
múltiplo de 5,0 imediatamente superior ao seu valor.
Nas curvas de transição, além do ponto PI, existem outros quatro pontos notáveis,
conforme apresentado na sequência.
Ponto TS: ponto de início da curva de transição, calculado pela estaca PI menos a
distância da tangente total (TT).
Ponto CS: ponto de término da curva circular e de início da curva de transição de saída,
calculado pela estaca do ponto SC somado ao desenvolvimento da curva circular (Eq.
4.2).
Ponto ST: ponto final da curva de transição de saída e início do trecho tangente,
calculado pela soma da estaca do ponto CS com o comprimento da curva de transição
(Ls).
90
,
91
,
Pista de rolamento: conjunto de faixas de tráfego adjacentes, cuja largura é dada pela
soma das larguras das faixas de tráfego, independente do sentido de movimento.
Plataforma: espaço localizado entre os pontos de início dos taludes laterais de ambos
os lados.
92
,
Separador central: espaço utilizado nas rodovias de pista dupla para separação das
correntes de tráfego. Podem ser formados por barreiras de concreto ou metálicas, por
calçadas com guias, ou por um canteiro central gramado, sendo considerado um
elemento de segurança viária, já que evita a ocorrência de colisões frontais entre os
veículos.
Além dos elementos geométricos, a definição das inclinações transversais das faixas de
tráfego e acostamento também devem ser definidas nas seções transversais. De
acordo com o Manual de Projeto Geométrico do DNER (1999), as inclinações
recomendadas para trechos tangentes variam de acordo com o tipo de pavimento,
conforme mostrado na sequência.
93
,
O traçado de uma via sofre alterações de trajetória no plano vertical devido à presença
de acidentes geológicos e ao relevo do terreno, devendo o traçado da via se adequar
às condições geológico-geotécnicas do local sobre o qual irá passar. Essa adequação no
plano vertical é denominada como perfil longitudinal, que deve proporcionar
segurança aos motoristas e boas condições de operacionalidade, sendo função do
projetista combinar as necessidades dos usuários com os recursos disponíveis da
melhor forma possível.
94
,
No entanto, à medida que o relevo se torna mais acidentado, a escolha por essas
características de projeto leva a grandes aumentos de movimentação de terra e
consequente encarecimento da obra. Caso a análise do custo-benefício aponte para a
necessidade de rampas íngremes, faixas adicionais devem ser projetadas nas subidas
para o tráfego dos veículos pesados, que terão redução considerável de velocidade de
percurso nesses trechos.
95
,
Como já comentado, sempre que possível, deve-se evitar a utilização desses valores
máximos, procurando a utilização de rampas mais suaves. Em trechos em que a água
não consegue ser evacuada no sentido transversal da via, como na região de cortes ou
em pistas com guias laterais, é necessária a consideração de inclinações longitudinais
mínimas para o escoamento no sentido longitudinal. Nesse caso, os valores mínimos
recomendados são de 0,5% em rodovias com pavimento de alta qualidade, e de 1,0%
para rodovias com pavimento de qualidade média ou baixa.
Na Figura 4.7, podem ser observados, também, os pontos notáveis das curvas verticais,
explicados com mais detalhes na sequência.
Ponto PIV: ponto de intersecção entre as duas rampas que dão origem à curva. Está
posicionado fora do alinhamento da estrada, porém, é importante na determinação
dos demais pontos notáveis.
Os pontos notáveis das curvas verticais são locados no projeto pelo estaqueamento,
assim como nas curvas horizontais. O que diferencia a caracterização dos dois tipos de
curvas é a necessidade da determinação da cota dos pontos notáveis para completa
caracterização das curvas verticais. Sendo assim, a partir da definição desses dois
parâmetros no PIV, é possível calcular as estacas e cotas dos pontos PCV e PTV
utilizando as Equações 4.18 a 4.21.
Em que:
Lv: comprimento da curva vertical (projeção horizontal);
: inclinação da primeira rampa, sendo (+) ascendente e (-) descendente;
Em que:
df: distância total de frenagem (m);
Vp: velocidade de projeto da via (km/h);
f: coeficiente de atrito longitudinal entre o pneu e o pavimento;
i: inclinação da rampa expressa em decimais, sendo (+) ascendente e (-) descendente.
: diferença entre as inclinações das rampas (% ou decimais).
Tabela 4.3 ̶ Fórmulas para o cálculo do comprimento mínimo da curva vertical (Lvmín)
Tipo de curva Caso 1: df ≤ Lv Caso 2: df > Lv
Côncavas
Convexas
de projeto multiplicada por 0,6, fator limitante para a comodidade e segurança dos
usuários. Com o valor do comprimento da curva, é possível calcular o estaqueamento
dos pontos notáveis (de acordo com as Equações 4.18 a 4.21) e o raio da curva vertical,
conforme a Equação 4.24 mostrada na sequência.
Em que:
Rv: raio da curva vertical (m).
Lv: comprimento da curva vertical (projeção horizontal);
: diferença entre as inclinações das rampas (% ou decimais).
99
,
Em que:
Rmin: raio mínimo da curva horizontal circular em rodovias (m);
V: velocidade diretriz da via (km/h);
emáx: superelevação máxima adotada (m/m);
fmáx: coeficiente de atrito transversal máximo admissível entre o pneu e o pavimento
(adimensional).
Independente se a via é ferroviária ou rodoviária, raios de curvatura mínimo, ou
próximos deles, devem ser evitados, já que traçados compostos por curvas de raios
pequenos reduzem demasiadamente a velocidade das composições ferroviárias e
causam desconforto e riscos de acidentes no caso rodoviário. Outras recomendações
para o desenvolvimento do traçado horizontal envolvem, sempre que possível, utilizar
uma curva única para substituir duas curvas consecutivas no mesmo sentido e adotar
raios de curvatura grandes em curvas com ângulos centrais pequenos.
100
,
Por fim, é importante que o aluno tenha ciência de que um bom projeto viário é
aquele que oferece segurança e conforto ao usuário sem restringir a capacidade de
101
,
Conclusão
Neste bloco, foram apresentados tópicos relativos ao projeto geométrico de vias, onde
procurou-se mostrar os principais critérios de dimensionamento para o caso rodoviário
e as semelhanças e diferenças desses parâmetros para o modo ferroviário.
Inicialmente, foram abordados os elementos levados em consideração na escolha do
traçado e a forma de locação do projeto em campo para orientar a execução. Após
essa abordagem inicial, foram mostradas as formas de representação gráfica de um
projeto geométrico, com foco para a maneira como elas se combinam para resultar em
uma via de bom desempenho. Foram apresentados também os tipos de curvas
horizontais, com destaque para as curvas circulares simples e as de transição,
amplamente utilizadas em projetos rodoviários e ferroviários. Mostraram-se ainda os
principais elementos que compõem a seção transversal de uma rodovia e os
parâmetros necessários para o dimensionamento do perfil longitudinal. Por fim, foi
realizado um apanhado das principais semelhanças e diferenças nos projetos
geométricos rodoviários e ferroviários, além de apresentadas recomendações gerais
para o desenvolvimento dos traçados de ambas as vias.
Referências Bibliográficas
102
,
103
,
5 AERÓDROMOS E HELIPONTOS
Apresentação
Embora muitos dos conhecimentos utilizados na aviação civil aqui no Brasil tenham
sido “importados” de órgãos estrangeiros – como por exemplo, a Federal Aviation
Administration (FAA) – no Brasil, tem-se a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC),
que é uma agência reguladora do transporte aeroviário. A ANAC foi criada em 2005
com o objetivo de garantir a segurança e a excelência da aviação civil, sendo
responsável por regular e fiscalizar as atividades da aviação civil, além da
infraestrutura aeronáutica e aeroportuária no Brasil.
104
,
Civil para sua atuação nesse setor, já que ele é responsável (e deve ser capaz) de
fiscalizar, projetar, e acompanhar obras de construção de aeródromos, garantindo o
tráfego seguro e funcional nas pistas de pouso e decolagem. Neste bloco, vamos tratar
das configurações dos aeródromos, tais como comprimento e orientação da pista,
tipos de pavimentos empregados. Serão abordadas também definições das
características principais dos helipontos. Espera-se que o aluno, ao final deste bloco,
tenha um panorama geral dos itens necessários para elaboração de projetos e
adequação de aeródromos e helipontos com base nas operações que neles
acontecem.
No transporte aéreo, são diversos os veículos que utilizam a atmosfera como meio de
transporte. Neste bloco, vamos nos ater apenas ao avião e suas características de
navegação. O deslocamento do avião se dá através de forças de ação mútua entre o ar
e o avião. O desempenho de uma aeronave é dado em função de suas características
geométricas e mecânicas. As partes que compõem o avião são as seguintes, conforme
mostradas na Figura 5.1:
105
,
Para que o avião se mantenha estável durante seu deslocamento no ar, existem
algumas forças atuantes durante seu movimento. A força total resultante faz com que
o corpo imerso em um fluido (no caso, o ar) se desloque voando em nível, empurrando
a massa de ar para trás. Ao mesmo tempo em que se desloca para frente, existe um
conjunto de forças que garante que o avião mantenha altitude, quando necessário, se
contrapondo à força peso. Vamos dividir esses conjuntos de forças em duas
componentes: força de ARRASTO e força de SUSTENTAÇÃO, respectivamente.
É importante ressaltar que ambas as forças são forças dinâmicas – geradas devido ao
movimento do avião – por isso, quando em repouso, essas forças desaparecem. O
arrasto é uma força tangencial ao deslocamento, formado devido ao atrito da
superfície com o ar. No voo em nível, o arrasto deve ser vencido pela força propulsora
dos motores. Já a sustentação é uma força que tem direção ortogonal à velocidade e é
gerada nas partes móveis do avião, genericamente chamadas de aerofólios.
Para quantificar as forças de sustentação (L) e de arrasto (D) que atuam nas asas,
temos as Equações 5.1 e 5.2:
106
,
Sendo:
CL Coeficiente de sustentação (adimensional)
CD Coeficiente de arrasto (adimensional)
L Sustentação (N)
D Arrasto (N)
S Área das asas (m2)
ρ Massa específica do ar (kgf/m3)
V Velocidade aerodinâmica (m/s)
Além das forças de sustentação e de arrasto nas asas, outra força atuante na aeronave
que é importante ser quantificada é a força de arrasto devido ao atrito ar-fuselagem. O
cálculo do arrasto da fuselagem é dado pela Equação 5.3.
CL CD
PERFIL NACA 23012
2,4 0,48
EFICIÊNCIA: E = L / D.
Re = 8.370.000
2 0,40
COEFICIÊNCIENTE DE SUSTENTAÇÃO
1,6 0,32
CL
COEFICIÊNCIENTE DE ARRASTO
E
1,2 24 0,24
0,8 16 0,16
0,4 8 0,08
CD Fonte: Notas de aula – Sória, 2006c
107
,
Sendo:
DR Força de arrasto da fuselagem (N)
CDR Coeficiente de arrasto (adimensional)
SR Área de referência (área da fuselagem) (m2)
ρ Massa específica do ar (kgf/m3)
V Velocidade aerodinâmica (m/s)
Podemos dividir os pesos que compõem uma aeronave em 3 partes: o peso do avião
em si, o peso da carga transportada pelo avião e o peso do combustível necessário
para a viagem. Quando tratamos do peso do avião em si, chamamos esse peso de peso
básico operacional (PBO). O PBO é composto de todas as estruturas, assentos,
tripulação e equipamentos diversos. Nele excluem-se a carga paga e o combustível
necessários para o deslocamento.
O segundo conceito dentro da composição de peso é o termo carga paga. A carga paga
é a soma de todos os itens transportados que geram receita, sendo eles passageiros,
bagagem, correios, e a carga em si. Por fim, temos o combustível total que é a soma
do combustível utilizável na viagem e do combustível reserva que representa 10% do
combustível a se consumir na viagem + combustível para o voo até um aeroporto
alternativo + combustível de espera para, pelo menos, 30 minutos de voo.
Durante a operação das aeronaves, alguns limites são estabelecidos para que o avião
trafegue com segurança ao longo do seu percurso, inclusive nas manobras no solo.
Dentre os limites de peso para a operação da aeronave, neste bloco vamos tratar
apenas do Peso Máximo de Decolagem (PMD) por ser o mais importante no cálculo de
comprimento de pista que veremos nos subtemas seguintes. O PMD é o maior valor de
108
,
109
,
a) Decolagem
No procedimento de decolagem, é fundamental que o comprimento da pista seja
suficiente para que, caso o piloto decida abortar a decolagem devido a algum
problema mecânico, ele tenha condições de parar a aeronave com segurança. Ao
mesmo tempo, se o piloto tomar a decisão de prosseguir com a decolagem, ele precisa
fazê-la com segurança. A decisão de decolar ou abortar a decolagem é feita em um
determinado ponto da pista em que o avião atinge uma determinada velocidade.
110
,
Figura 5.4 –
Configuração da pista de
pouso e decolagem.
111
,
b) Pouso
A operação de pouso é menos crítica do que a de decolagem já que o peso da
aeronave no pouso é significativamente menor do que o peso na decolagem – uma vez
que o peso de combustível foi consumido durante o percurso. Ainda assim, é preciso
atentar para algumas exigências, como a altura acima da qual o avião deve passar da
cabeceira e o comprimento de pista que o mesmo deve percorrer até parar
completamente. Ao sobrevoar a cabeceira da pista de pouso, o avião deve estar a uma
altura de 15 metros (50 pés) do solo e a uma velocidade de 1,3 Vs, onde Vs é a
velocidade de estol1. Além disso, a aeronave deve parar utilizando um comprimento
de 60% do comprimento total da pista.
1
Velocidade de estol: velocidade da aeronave em condição de pouso, máximo coeficiente de
sustentação.
112
,
Distância Propósito
Distância disponível para Comprimento declarado da pista disponível para
corrida de decolagem corrida no solo de uma aeronave que está decolando.
(TORA)
Distância disponível para
Comprimento da pista disponível para corrida de
decolagem (TODA) decolagem somado à extensão da clearway2, se
existente.
Distância disponível para Comprimento da pista disponível para corrida de
aceleração e parada decolagem somado ao comprimento da stopway3, se
(ASDA) existente.
Distância disponível para Comprimento declarado de pista disponível para a
pouso (LDA) corrida de uma aeronave após o pouso
As distâncias declaradas são afetadas ainda por algum obstáculo ou limitação no
entorno do aeródromo. É possível, por exemplo, que uma determinada obra que é
executada próximo ao aeroporto altere temporariamente a rampa de aproximação da
aeronave durante o pouso. Isso faz com que um deslocamento da cabeceira seja
necessário a fim de que a aeronave desvie do obstáculo. Alterando a posição da
cabeceira, a distância disponível para o pouso (LDA) é alterada. No entanto, as
distâncias declaradas relacionadas à decolagem (TORA, TODA e ASDA) podem não ser
afetadas pelo deslocamento da cabeceira, já que a cabeceira oposta ainda está
disponível e a corrida de decolagem pode acontecer no sentido da cabeceira oposta.
2
Clearway ou zona livre de obstáculos: área retangular definida no solo ou na água ao final da TORA,
selecionada com área adequada sobre a qual uma aeronave pode realizar a decolagem.
3
Stopway ou zona de parada: área retangular definida no terreno, situada ao final da pista para corrida
de decolagem cujo objetivo é garantir que a aeronave tenha condições adequadas de realizar a parada
da aeronave em caso de decolagem abortada.
113
,
Resposta:
Distâncias declaradas
Cabeceira TORA (m) TODA (m) ASDA (m) LDA (m)
15 2000 2210 2060 1800
33 2000 2000 2060 2000
114
,
projetista busca atender um comprimento mínimo de pista que seja suficiente para
que o piloto da aeronave opere dentro das condições de segurança.
Figura 5.7 – Nomograma de peso de decolagem com base nas condições da pista
(vento, temperatura, altitude, declividade).
116
,
A temperatura padrão é uma função da altitude (H) e seu valor é calculado a partir da
seguinte expressão: Tp = (15 – 0,0065 H), com a altitude em metros e o valor final de
Tp em °C.
(a) (b)
Fonte: Notas de aula – Sória, 2006b.
117
,
exemplo, o piloto deve alinhar proa (bico) do avião de modo que ele fique levemente
fora do alinhamento da pista. É como se o piloto tentasse compensar o vento
transversal, inclinando a aeronave contra ele. Ao tocar a pista, deve-se realinhar o
avião com a mesma de modo que ele percorra o resto da distância de pouso em linha
reta.
118
,
Neste tópico, apresentaremos classificação dos aeródromos pelo sistema código letra
e código número. Essa classificação foi proposta pela Organização Internacional de
Aviação Civil (ICAO) e é recomendada pelo Regulamento Brasileiro de Aviação Civil
119
,
a) Classificação Código-Número
O sistema de classificação a partir do código-número é realizado em função do
comprimento da pista e é dividido nas 4 categorias a seguir:
b) Classificação Código-Letra
Já o sistema de classificação código-letra é feito com base em informações da
aeronave crítica que irá operar naquele aeródromo. As características da aeronave que
são usadas para classificar a pista são a envergadura das asas (distância 4 apresentada
na Figura ao lado) e a envergadura das rodas (distância 5 apresentada na Figura ao
lado). As pistas são, portanto, classificadas conforme apresentado na Tabela 5.2.
120
,
• Para o caso de existirem pistas paralelas, a distância mínima entre elas deve
respeitar as seguintes regras com base naquela de maior código-número: 120
m (para código 1); 150 m (para código 2); e 210 m (para códigos 3 e 4);
• As declividades longitudinais máximas devem ser: 2% (para códigos 1 e 2) e 1%
(para códigos 3 e 4);
121
,
O pavimento da pista de pouso e decolagem deve ser dimensionado de tal forma que
sua estrutura resista aos esforços provenientes do tráfego de aeronaves. A estrutura
de um pavimento aeroportuário, assim como em uma rodovia, é composta por uma
camada de rolamento, uma base que é apoiada sobre o subleito. Eventualmente, por
questões econômicas e estruturais, são necessárias as camadas de sub-base e de
reforço de subleito. Como já visto em blocos anteriores, o pavimento pode ser do tipo
rígido ou flexível.
4
A transição entre rampas deve ocorrer por meio de superfícies curvas com taxas de variações máximas
especificadas (a cada 30 m).
5
Raio mínimo de curvatura é o raio no vértice da parábola, Rv= Lv/δi (Lv é o comprimento da curva
vertical ou projeção horizontal; e δi é a diferença algébrica de rampas).
122
,
camada asfáltica. Com esses critérios de projeto, a estrutura calculada deve resistir aos
esforços de modo que as deformações citadas estejam dentro daquelas admissíveis
pelo órgão. A composição do tráfego bem como o período de projeto (e a previsão do
tráfego) são informações fundamentais para o dimensionamento da estrutura.
Se o pavimento possui CDF = 1, significa que ele consumiu toda sua vida de fadiga. Já
os valores de CDF < 1 indicam que o pavimento ainda tem uma parcela remanescente
de vida de fadiga para ser consumida e valores de CDF > 1 mostram que o pavimento
excedeu sua vida de fadiga.
123
,
Características do heliponto:
124
,
Conclusão
Neste bloco, foram abordados tópicos relativos ao transporte aéreo e a infraestrutura
dos aeródromos e helipontos. As principais características para o projeto de
aeródromos foram discutidas e exemplificadas. O funcionamento das aeronaves, bem
como suas composições de peso e velocidades críticas, foi apresentado e relacionado
ao dimensionamento dos aeródromos. No cálculo de comprimento de pista, os fatores
ambientais relacionados foram exemplificados. Tópicos relacionados a orientações de
pista e características do pavimento aeroportuário também foram tratados neste
bloco. Por fim, os conceitos abordados neste bloco se fizeram fundamentais para a
formação do Engenheiro Civil já que o correto dimensionamento, execução e
fiscalização das pistas de pouso e decolagem são função desse profissional.
Referências Bibliográficas
ANAC. Regulamento Brasileiro de Aviação Civil nº 154 – Emenda nº 06. Agência
Nacional de Aviação Civil, 2019. Disponível em:
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/rbha-e-rbac/rbac/rbac-
154/@@display-file/arquivo_norma/RBAC154EMD06.pdf. Acesso em: 20 mar. 2021.
126
,
Apresentação
O último bloco desta disciplina tratará das estruturas utilizadas pelo modo de
transporte hidroviário (marítimo e fluvial). Essa modalidade de transporte é ideal para
o deslocamento de cargas pesadas – como líquidos, minérios, carvão, grãos, entre
outros – por longas distâncias. Por ser um modo de transporte com baixa velocidade
de tráfego, é ideal que as cargas transportadas não tenham perecibilidade. Neste
bloco, trataremos de alguns dados relativos ao transporte aquaviário no Brasil como a
malha hidroviária, os principais tipos de embarcações e cargas transportadas. As
principais obras de infraestrutura que permitem o transporte pelas hidrovias serão
caracterizadas ressaltando o papel do Engenheiro Civil no projeto e execução dessas
estruturas. Entenderemos os fatores que influenciam as construções costeiras e os
fenômenos naturais que afetam o dimensionamento de estruturas marítimas. Por fim,
a logística portuária será abordada a fim de fornecer ao aluno uma visão holística dos
principais conceitos relacionados à estruturação e funcionamento dos portos, bem
como o planejamento das atividades que neles acontecem.
127
,
Para ser considerada uma hidrovia, uma via (naturalmente) navegável precisa passar
por obras de derrocamento e dragagem, bem como dispor de equipamentos de
sinalização, balizamento, monitoramento e controle. Além das obras de infraestrutura
adequadas, as hidrovias devem ofertar serviços de transporte regularmente. No Brasil,
as hidrovias que são assim chamadas, são, na verdade, vias navegáveis, pois não
apresentam os requisitos estruturais que uma hidrovia exige. O órgão que
regulamenta o transporte aquaviário no Brasil é a ANTAQ6.
6
ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários é a instituição criada em 2001 com efetivação
em 2002, que tem por objetivo implementar políticas do Ministério da Infraestrutura. Ela regulariza,
supervisiona e fiscaliza movimentação e serviços a fim de gerar uma movimentação econômica e segura
de bens e pessoas em toda rede portuária e aquaviária no Brasil.
128
,
A carga a granel pode ser do tipo seca ou líquida. A carga seca em geral é advinda da
produção mineral (minérios, carvão) ou agrícola (grãos) que podem ser do tipo leve ou
pesado. Já a carga líquida geralmente é petróleo, combustíveis e produtos da indústria
alimentícia como sucos. O processo de unitização de cargas para o transporte pode
acontecer de diferentes formas: pré-lingada, paletizada ou conteinerização. As cargas
pré-lingadas são aquelas unificadas por meio de redes de náilon ou poliéster e são
içadas por guindastes para dentro do navio através de lingas. As cargas paletizadas são
dispostas em bandejas (pallets) de madeira ou metal com dimensões aproximadas de
100 cm x 120 cm. Por fim, o método de unitização de carga mais utilizado hoje em dia
é a carga conteinerizada. Os contêineres podem transportar tanto carga líquida,
quanto carga seca ou a granel – podem ainda funcionar como câmaras frigoríficas. Esse
tipo de unitização permite o empilhamento de carga, o que potencializa seu uso no
transporte de grandes quantidades.
129
,
Quanto às embarcações, suas principais dimensões são: proa (parte anterior), popa
(parte posterior), bombordo (lado esquerdo) e estibordo (lado direito). Em seu perfil
vertical, as dimensões características são superestrutura, borda livre e calado. As
embarcações projetadas para operar em rios são diferentes daquelas projetadas para
operações marítimas. As principais diferenças estão relacionadas às formas de
navegação. Para que as embarcações marítimas se adaptem aos movimentos do mar e
alcancem velocidades maiores, o calado dessas embarcações precisa ser maior e mais
afilado. Já para as embarcações fluviais, velocidades muito altas não são necessárias,
mas existe uma preocupação com a profundidade do canal, o que faz com que a
embarcação tenha calados menores e mais achatados. As embarcações fluviais são
divididas em duas categorias: com ou sem sistema de propulsão. O sistema com
propulsão consiste das embarcações automotoras, empurradores e das rebocadoras.
Já os sistemas sem propulsão são as jangadas e as chatas (ou barcaças). A Tabela 6.1
apresenta as principais embarcações marítimas utilizadas, para cada tipo de carga.
130
,
a) Hidráulica fluvial
A escolha de uma rede hidrográfica para navegação, depende do conhecimento do
curso d’agua e dos impactos causados mediante sua utilização para navegação. É
131
,
b) Regularização de canais
Regularização de canais é um dos tipos de obras para melhoramentos dos cursos
d’água para navegação. O objetivo dessa solução é retificar processos naturais que
ocorrem nos rios e que dificultam sua utilização como via navegável. Nessas obras, a
própria energia do rio é utilizada no processo de alteração do canal de navegação; as
intervenções humanas apenas induzem o processo. Nesta seção, serão abordados os
métodos de simples contração e de conservação de soleiras.
Quando existe algum desnível no curso d’água, como aqueles onde são construídas
barragens ou alguma outra obra do tipo, faz-se necessária a realização de obras de
transposição desses desníveis. Nesta seção, vamos abordar dois tipos de obras de
transposição de desníveis. As obras de desníveis são categorizadas a partir do tipo de
equipamento que utilizam e podem ser do tipo sistema hidráulico e sistema mecânico.
a) SISTEMAS MECÂNICOS
Os sistemas mecânicos ou ascensores utilizam de esforços externos para que a
embarcação flutue dentro de uma cuba para vencer um desnível. Eles são divididos em
3 tipos: elevador vertical, planos inclinados e rampas hidráulicas.
133
,
b) SISTEMAS HIDRÁULICOS
Os sistemas hidráulicos ou ECLUSAS são sistemas que utilizam da própria vazão da
hidrovia para a transposição de níveis em um canal. Seu funcionamento utiliza o
princípio de vasos comunicantes no piso para encher uma câmara com dois muros
laterais e duas comportas. As etapas de funcionamento de uma eclusa estão descritas
na Figura 6.1.
134
,
Quanto às dimensões das eclusas, é preciso que a geometria da câmara tenha algumas
folgas mínimas com relação à embarcação-tipo. São elas: (i) 5 a 10 metros no
comprimento; (ii) 1 metro na largura e 0,3 a 0,5 na profundidade. Quanto às
categorias, as eclusas podem ser simples (1 câmara), de câmara múltipla (várias
câmaras unidas), escadas de eclusas (várias eclusas independentes), ou eclusas
geminadas (duas eclusas paralelas).
Por serem sistemas mais simples, as eclusas são mais utilizadas do que os sistemas
mecânicos, exceto nos casos em que há pouca disponibilidade de água. Para escolher a
estrutura utilizada, deve-se levar em consideração alguns fatores como tempo de
operação e condição de vazão do canal. Por representarem um gargalo na operação,
alguns sistemas podem ser mais benéficos que outros. Apesar de mais caros, por
exemplo, os sistemas mecânicos têm a vantagem da rapidez na transposição do
desnível, o que agiliza a operação das embarcações e evita o estrangulamento do
tráfego. Portanto, antes de escolher a estrutura de transposição de desnível, é
135
,
As obras costeiras sofrem bastante influência dos fenômenos naturais que acontecem
na região onde são construídas. Dentre os principais fenômenos, podemos citar os
ventos, as ondas, as correntes e as marés. Nesta seção, serão apresentadas as
influências que a ondas têm sobre as estruturas construídas nas costas e também os
esforços que geram nessas estruturas.
partícula se desloca em um movimento angular constante que pode ser descrito como
uma trajetória circular onde a diferença vertical entre o fundo da onda e a crista da
onda – também chamada de altura da onda – é igual ao diâmetro desse círculo. Uma
volta completa do círculo representa o comprimento da onda – distância entre 2
cristas consecutivas. Essa teoria é a chamada trocoidal e é bastante utilizada para
descrever o movimento de ondas.
As ondas progressivas são assim chamadas, uma vez que os raios dos círculos que
descrevem as trajetórias reduzem progressivamente – em progressão geométrica – à
medida que aumenta a profundidade observada. O efeito das ondas progressivas é
desprezível quando a profundidade atinge um valor igual à metade do valor do
comprimento da onda. Ao se aproximar da faixa litorânea, as ondas de oscilação
sofrem influência do fundo do mar, transformando o movimento de oscilação em
movimentos de translação. Dessa forma, ao chegarem às costas, essas ondas podem
exercer grandes esforços sobres as obras costeiras.
As ondas estacionárias ou clapotis, por sua vez, são criadas a partir da reflexão total
de uma onda progressiva após incidir em um obstáculo vertical à frente da onda. No
fenômeno da reflexão total de ondas, a direção e a intensidade das ondas refletidas
têm relação com a posição dos obstáculos sobre os quais as ondas incidem. As
condições mais desfavoráveis são aquelas em que as ondas incidentes ocorrem sobre
paredes verticais. Para obstáculos menos inclinados, a reflexão também diminui até
ser considerada nula em situações em que as ondas arrebentam em condições
semelhantes àquelas ocorridas nas praias. Dois exemplos em que podemos citar a
137
,
138
,
(a) (b)
Fonte: Notas de aula: ASSIRATI (2019) e Alexzel, Shutterstock.
Figura 6.3 – Representação das principais obras costeiras: externas (a) e internas (b).
139
,
Os sistemas de transportes são muitas vezes representados por grafos. Os grafos são
utilizados para desenhar uma rede de transporte de uma forma simples e através de
nós e arestas. Essa forma de representação, mais simples, permite que o operador do
sistema de transporte modele seu sistema mais facilmente. Dentro da rede de
transporte aquaviário, os nós são as instalações portuárias representadas por círculos
– cujos tamanhos indicam o tamanho do porto – e as linhas são as vias de tráfego (o
volume de tráfego nessas vias é expresso pela espessura das linhas).
140
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141
,
Uma particularidade que muitas vezes ocorre nas operações portuárias é o fluxo
desbalanceado. Vamos pensar na rede de transporte Brasil-China. De modo geral, o
Brasil exporta para o continente asiático matéria-prima e commodities para abastecer
a indústria chinesa. Em contrapartida, a China exporta para o Brasil produtos
acabados, manufaturados, eletroeletrônicos e peças para serem montadas aqui. O
volume de mercadoria que o Brasil importa da China é muito maior do que o que ele
exporta para ela, então, dizemos que existe um fluxo desbalanceado nessa rota. Uma
solução para garantir o equilíbrio nesse fluxo é cobrar taxas de frete mais baixas no
sentido Brasil-China para incentivar o transporte nesse sentido. Outra solução para
equilibrar o fluxo é a adoção de rotas pendulares.
Por fim, adotar medidas de gestão portuária podem significar aumento ou redução do
custo de transporte das mercadorias que por ali passam. Existe uma tendência atual de
transferir a jurisdição de portos do poder público (que era o modelo convencional)
para a iniciativa privada. A concessão ou privatização de portos ou de berços é uma
alternativa que pode representar um benefício para empresas que necessitam escoar
seus produtos com mais agilidade, garantindo mais segurança no tratamento das
cargas.
Alguns elementos como nível d’água (muito elevado ou muito baixo), correntes fortes,
ondas violentas, ventos fortes podem dificultar a operação de determinado porto e
suas ocorrências devem ser levadas em consideração no momento de dimensionar o
porto e equipamentos operacionais. Como consequência de um projeto incorreto de
obras portuárias, tem-se além dos prejuízos econômicos, impactos sociais, já que o
144
,
volume de mercadoria que passa por uma instalação portuária é elevado e muitas
vezes abastece uma região inteira.
145
,
De maneira geral, a forma como a carga está disposta no navio, seu peso e a
capacidade de manobras dos equipamentos de carga/descarga influenciam no tipo de
instalação portuária para transporte e armazenagem. Sempre que possível, um porto
deve ser dimensionado para atender a maior variedade de cargas, sendo assim mais
flexível – exceto nos casos em que a demanda por uma especificidade de carga é
grande num longo período, o que justifica a aquisição de equipamentos extremamente
especializados para essa operação.
Além de garantir um correto projeto estrutural para que o porto possa atender às
demandas, mantendo suas condições físicas adequadas para o funcionamento, é
importante analisar as variáveis que interferem nas operações portuárias. O
dimensionamento da capacidade sistêmica de um porto é crucial para torná-lo
competitivo no mercado internacional. Aqui, vamos dividir a operação portuária em 3
interfaces – lado aquático, interface água-terra e lado terra – e entender as
características e peculiaridades de cada uma. O dimensionamento temporal básico de
um porto leva em consideração os tempos de serviço, manobra e espera para atracar,
conforme apresentado na Equação 6.1.
Sendo:
Tp Tempo no porto
Tw Tempo de espera para atracação
Tm Tempo de manobra
Ts Tempo de serviço
a) Lado aquático
O lado aquático está relacionado a toda a movimentação de embarcação antes da
chegada à instalação portuária e atracação no berço. A operação nessa fase do
transporte aquaviário tem relação com características físicas da região e as condições
de navegação ao se aproximar do porto. É comum observar nessas regiões as
construções de obras de proteção (diques, molhes e quebra-mares) para reduzir as
ações dos fenômenos naturais como ondas e correntezas. Em alguns casos, no
entanto, o porto é naturalmente protegido, sendo considerado um importante
benefício logístico, como é o caso do Porto de Santos.
147
,
b) Interface água-terra
Quando o veículo se aproxima da zona portuária, geralmente, existe uma ordem de
atendimento que depende da capacidade do porto. A quantidade de berços
disponíveis para atracação é fator fundamental no atendimento das embarcações que
respeita a teoria das filas. A teoria das filas é um modelo simplificado de quantificar as
quantidades de veículos que chegam a um determinado local e a capacidade de
atendimento dessa entidade. Nesta seção, veremos um exemplo da teoria das filas – o
modelo determinístico – mas existem modelos mais elaborados baseados em funções
de probabilidade.
O modelo determinístico de teoria das filas é baseado em uma taxa de chegada (λ) e
uma taxa de atendimento (μ) dos veículos. Enquanto a taxa de chegada é o número de
embarcações solicitantes no sistema por um período de tempo, a taxa de atendimento
é a quantidade de veículos atendidos nesse período. Quando a taxa de chegada é
maior que a taxa de atendimento, ocorrem as filas, que numericamente se dão pela
diferença entre a quantidade de veículos que chegaram e a quantidade de veículos
que foram atendidos. Vejamos o exemplo a seguir:
148
,
Resposta: O fim da fila ocorre às 12h00 (hora 6). Obs.: a distância entre as curvas é o
tamanho da fila.
c) Lado terra
A operação no lado terra é dependente da quantidade de equipamentos disponíveis
para movimentar a carga no terminal e a capacidade de armazenamento. A
movimentação em um terminal de contêineres, por exemplo, se dá através de
guindastes. A operação, portanto, vai estar associada à capacidade de movimentação
do guindaste. O guindaste móvel (mobile harbour crane), por exemplo, tem uma
capacidade de rendimento de 25-28 contêineres/hora. Já a capacidade de
armazenamento vai depender do tipo de estocagem (em silos, em pilhas, em
contêineres etc.). Em estocagem em pilhas, o fator de acondicionamento/ângulo de
repouso interfere na capacidade de carga de um terminal graneleiro. Já em estocagem
149
,
em silos existe uma melhor utilização da área de armazenagem e a carga fica mais
protegida.
Conclusão
Apesar do alto potencial, o investimento no setor aquaviário no Brasil ainda é
considerado baixo. Capacitar os profissionais relacionados ao ramo de transportes
para voltarem os olhos para esse setor é uma das formas de se estimular o
crescimento do transporte aquaviário no Brasil. Neste bloco, tratamos das principais
características desse modo de transporte. Foram abordados conceitos relacionados
aos tipos de embarcações e suas especificidades; características das vias navegáveis
(marítimas e fluviais) e as obras de proteção contra fenômenos naturais. Por fim,
conceitos relacionados à logística portuária e à operação de uma instalação portuária
foram pontuados. Os temas aqui abordados dão uma visão sistêmica ao Engenheiro
Civil sobre o transporte aquaviário, já que este profissional é o responsável pelo
projeto, construção e manutenção das vias e instalações necessárias à sua operação.
Referências Bibliográficas
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