AT1 M3 Deontologia
AT1 M3 Deontologia
AT1 M3 Deontologia
“Aprendamos a viver juntos como irmãos porque, se assim não for, morreremos juntos como
idiotas.” (Martin Luther King)
Objetivos
Índice
1. Os Conceitos .................................................................................................................................... 3
1.1. Ética e Moral.................................................................................................................................. 4
1.2. Valores ............................................................................................................................................ 5
1.3. Deontologia ................................................................................................................................... 7
2. Questões Levantadas pela Ética ................................................................................................. 9
2.1. O Bem e o Mal, os Fins e os Meios ......................................................................................... 9
2.2. Ciência, Técnica e Ética ........................................................................................................... 11
3. A Dignidade da pessoa humana ............................................................................................... 12
3.1. As leis ........................................................................................................................................... 12
3.2. Os Direitos do Homem ............................................................................................................. 14
4. Não vivemos sós ........................................................................................................................... 16
4.1. Relações interpessoais ............................................................................................................ 17
4.2. Relações Laborais ..................................................................................................................... 18
5. Contributo para a Definição de um Código Deontológico do Técnico de Apoio
Psicossocial ........................................................................................................................................ 19
5.1Formas de Atuação do Técnico de Apoio Psicossocial – Estatuto ................................ 20
5.2 Direitos e Deveres....................................................................................................................... 21
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1. Os Conceitos
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1.1. Ética e Moral
Podemos viver de muitas maneiras, mas há maneiras que não deixam viver.
Savater (1991)
O mau parece às vezes tornar-se mais ou menos bom e o bom tem em certas ocasiões
a aparência de mau.
Savater (1991)
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Atividades
1. Para um primeiro conhecimento sobre o significado dos conceitos pode ajudar uma ida ao
dicionário. Procura no dicionário o significado dos termos ética e moral, bem como a origem
destas palavras.
2. Lê as duas caixas de texto anteriores. Procura refletir sobre o que dizem e desenvolve um
texto de 10 linhas que articule o conceito de ética e moral.
1.2. Valores
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A verdadeira divindade do homem branco é o metal redondo e o papel forte a que ele chama
dinheiro. Quando se fala a um Europeu do Deus do Amor, ele faz uma careta e sorri. (…). Muitos
há que pelo dinheiro sacrificam o riso, a honra, a consciência, a felicidade e até mesmo mulher e
filhos. (…)
No Mundo dos Brancos, a importância de um homem não é determinada nem pela sua bravura,
nem pela sua coragem, nem pelo fulgor do seu espírito, mas sim pela quantidade de dinheiro que
possui ou que é capaz de ganhar por dia (…).
Tuiavii (1999)
Atividade
1. O documento anterior é um excerto da obra, “o Papalagui” de Tuiavii. Esta obra diz respeito a uma
reflexão que um membro de uma tribo indígena faz sobre a condição de vida do homem do mundo
ocidentalizado, apresentando assim os seus contrastes e diferenças culturais a nível dos seus valo-
res éticos e morais. Dessa forma sugere um questionamento sobre o rumo das sociedades urbanas
e industrializadas e sobre o quadro de valores vigente.
Procura interpreta-lo e identifica as principais diferenças de valores assumidas pelas duas culturas.
Existem vários aspetos sobre os valores que ajudam a compreensão da sua na-
tureza e das suas características:
- todos os Valores apresentam um pólo positivo e um pólo negativo (ex. be-
leza/fealdade; fidelidade/infidelidade; riqueza/pobreza);
- os valores não se encontram todos no mesmo patamar de importância, sendo
que se pode falar que exista uma hierarquia de valores, ou seja, apresentam-se
ordenados do mais importante para o menos importante;
- os valores são absolutos, ou sejam existem em todas as culturas;
- os valores são subjetivos, variando o que é valorizado, de acordo com o es-
paço, tempo, características e necessidades;
- apresentam uma componente afetiva, pois a crença num valor não é necessa-
riamente uma opção racional;
Atualmente, fala-se na existência de uma crise de valores, na medida em que se
sente um vazio na capacidade crítica, de participação, de crença em ideais e
ideias, por parte dos cidadãos.
A verdade é que o crescimento das sociedades indústrias e urbanas parece fo-
mentar a importância de valores económicos, competitivos, individualistas, logo,
talvez mais do que uma crise de valores, se possa falar numa mudança no pa-
radigma ideológico, sendo que os valores se têm vindo a alterar.
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O trabalho da Animação Sociocultural e por conseguinte do técnico de Apoio
Psicossocial, procura precisamente fazer não esquecer a importância da solida-
riedade, do comunitarismo e da coletividade, da capacidade crítica, motivando
os indivíduos para uma cidadania ativa e participativa.
Atividades
1- Procura fazer a tua hierarquia de valores, ou seja, ordenar os teus valores do mais
importante para o que menos valorizas.
2- Atualmente ouve-se falar da “crise de valores” e que as novas gerações apresentam
um vazio ideológico (tendo surgido o termo “geração rasca” a este propósito). No entanto,
questiona-se também se essas novas gerações não serão antes gerações “à rasca”, na
medida em que enfrentam diversos problemas numa sociedade dominada pelo consu-
mismo, individualismo, etc.
Proposta de Trabalho
1.Com base nos diferentes temas que te sugerimos, procura organizar um debate na sala
de aula. No fim da discussão das ideias, reflete sobre os diferentes valores que estiveram
na base da opinião de cada um.
Temas: o aborto; a eutanásia; a legalização das drogas;
2. Consulta o projeto educativo da tua escola e procura perceber quais os valores peda-
gógicos que estão na sua base.
1.3. Deontologia
Foi dito que a ética se dedica à reflexão sobre as escolhas morais, procurando
a sua justificação racional. Logo, esse trabalho da ética é feito não só relativa-
mente às questões individuais, mas também às questões profissionais, ou seja,
é possível falar-se numa ética profissional, ou deontologia profissional.
A palavra deontologia tem origem grega, sendo que deon significa "dever, obri-
gação" e logos (logia), "ciência", considerando-se então com um ramo da ética
cujo objeto de estudo são os fundamentos do dever e as normas morais.
Assim, a deontologia profissional dedica-se à reflexão e definição das normas
(direitos e deveres) que regem determinada atividade profissional, sendo que
essas orientações se baseiam em princípios éticos.
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Estas normas de conduta, para além de refletirem a qualidade moral das ações
dos profissionais, também dizem respeito à correção dessas ações perante a
sociedade onde é exercida.
De facto, grande parte das profissões já apresentam um código deontológico, ou
seja, um documento criado pelas ordens profissionais ou associações, onde es-
tão estipulados os princípios orientadores dessa profissão, de forma a defender
os interesses da comunidade, salvaguardar o profissional e honrar a profissão.
Existem códigos deontológicos com carácter normativo e vinculativo, ou seja,
que obrigam os profissionais de determinada atividade a cumprir com rigor os
princípios estabelecidos. Por outro lado, há códigos deontológicos cuja função
principal será a regulação profissional sendo exclusivamente um instrumento
consultivo.
Os códigos têm de estar de acordo com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, de modo a garantir que não haja perigo de abusos por parte de deter-
minado grupo sobre a sociedade em geral. No entanto, o código deontológico
não se sobrepõe ao enquadramento legal definido para cada nação.
Deste modo, um Código deontológico, mais do que procurar defender os inte-
resses e os direitos de determinada classe profissional, deve preocupar-se em
dar orientações sobre modos de ser, de pensar e de agir que tornem mais moral
e mais eficiente a ação dessa classe relativamente aos cidadãos.
Por vezes, surgem-nos dilemas morais relativamente à nossa atuação enquanto
profissionais, e nesses momentos questionamos as orientações definidas no có-
digo deontológico da nossa profissão. O documento 13 e 14 permite-te refletir
um pouco sobre isto.
No ponto 5 iremos falar sobre as orientações que regem o trabalho do técnico
de Apoio Psicossocial, e procurar contribuir para a construção de uma proposta
de um código deontológico desta área profissional.
CÓDIGO DEONTOLÓGICO DOS PSICÓLOGOS DOC. 13
SNP e SPP. 1978
CAPÍTULO VIII
Sigilo profissional
Art.º 31º- Constitui obrigação indeclinável do psicólogo a salvaguarda do sigilo acerca de ele-
mentos que tenha recolhido no exercício da sua atividade profissional ou dos sues estudos de
investigação desde que seja de algum modo identificável a pessoa a quem se referem, salva-
guardando o disposto no art.º 37º.
Um psicólogo acompanha um paciente, que ao longo da terapia lhe comunica que é seropo-
sitivo, mas que mantém relações sexuais sem revelar ao parceiro a sua condição de saúde.
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2. Questões Levantadas pela Ética
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agressão e pede para se esconder em tua casa, pois o seu companheiro está
descontrolado e quer fazer-lhe mal. Acedes ao pedido e passado um pouco o
companheiro dela vem a tua casa procura-la. Tu, mentes, dizendo que não sabes
de nada, que não conheces o paradeiro da sua companheira. Será que neste
caso o meio justifica o fim?
A resposta à questão “Os fins justificam os meios?” será sempre circunstancial,
dependendo de quais os fins que se pretendem atingir e de quais os meios utili-
zados.
Com isto não devemos pensar que existem tantas morais quanto pessoas, por-
que naturalmente as nossas escolhas vão ser influenciadas pelo padrão moral
vigente e que nos foi transmitido culturalmente, através da educação. Logo, ire-
mos sempre refletir sobre o caminho escolhido, enquadrando-o, ou não, no qua-
dro moral estabelecido.
Também na tua vida profissional irás viver alguns destes dilemas e nem sempre
será fácil encontrares uma resposta segura. Disso falaremos mais à frente…
Atividades
1 - Organiza um debate em torno de diversos dilemas morais, auscultando as opiniões de
todos e refletindo sobre a questão dos fins e dos meios.
Podes encontrar os teus próprios dilemas para discussão ou debater sobre o que te sugerimos
aqui:
2 - Andas no 12º ano e vais realizar o teu último teste. A conclusão do teu curso está depen-
dente da positiva a esse momento de avaliação, sendo que para ti é fundamental acabares o
curso pois precisas de começar a trabalhar para ajudares os teus pais na difícil situação eco-
nómica pela qual estão a passar. Há um colega teu que te diz que sabe onde é que o professor
tem um exemplar do teste e sugere-te que vás lá “rouba-lo” para tirares uma cópia.
O que fazer?
3 - “Sob o argumento de que os judeus seriam responsáveis pela situação de crise vivida na
Alemanha e baseado no pressuposto de que os homens não são iguais, havendo raças su-
periores, milhares de homens, mulheres e crianças foram submetidos a uma violenta discri-
minação que ficou conhecida como o Holocausto.
“Tanto a virtude como o vício estão em nosso poder. Com efeito, sempre que está em nosso
poder fazer, está-o também não fazer, e sempre que está em nosso poder o não, está-o tam-
bém o sim, de maneira que se está em nosso poder agir quando é belo fazê-lo, estará em
nosso poder não agir quando é vergonhoso.” Aristóteles, citado por Savater (1991)
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4 - Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), na sua obra, “Do contrato social”, concebe o Ho-
mem como um ser naturalmente bom sendo a sociedade (determinada pela política) que cor-
rompe o ser humano.
Procura explicar de que forma a sociedade poderá corromper o ser humano (tal como refere
o parágrafo).
4.1. - Qual é afinal a responsabilidade que possuímos sobre as nossos ações?
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Deste modo, também no exercício das nossas profissões devemos refletir sobre
esta questão, na medida em que somos todos responsáveis por não nos deixar-
mos iludir pela desmesurada ambição científica, devendo retirar dela o que de
realmente for positivo para a busca da felicidade e dignidade humana.
Atividade
1. Concordas com a afirmação “Não existe uma má ciência; existe sim uma má utilização
da ciência.”? Justifica a tua resposta.
Proposta de Trabalho
1. Divide a turma em grupos, sendo que cada um deve preparar uma apresentação su-
bordinada ao tema “Os limites da ciência: ciência, técnica e ética”.
Sugerimos-te algumas questões atuais que podem estar na base da reflexão dos traba-
lhos de grupo: clonagem; energia nuclear; alimentos transgénicos; bio arte, etc.
3.1. As leis
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Direito), que têm como função regulamentar o comportamento humano e dessa
forma harmonizar os interesses e regular os conflitos entre os indivíduos (manu-
tenção da ordem pública).
Deste modo, as leis, ao contrário da moral, apresentam um carácter de obriga-
toriedade, sendo que, perante o seu incumprimento, existe um conjunto de san-
ções e punições definidas (ver documento que se segue).
No entanto, por vezes pode haver um conflito entre a nossa consciência moral e
o estipulado legalmente. Tendo em conta esta questão, nas sociedades ociden-
tais, criou-se o conceito de “objeção de consciência” que possibilita o não cum-
primento de alguns atos previstos na lei (ver documento que se seguem).
Também nos contextos de trabalho é fundamental que as leis não sejam esque-
cidas, pois estas à partida orientam a relação estabelecida entre profissional e
utente e salvaguardam os direitos fundamentais de uns e outros.
É considerado como objetor de consciência, quem por motivos de ordem filosófica, ética, moral
ou religiosa, esteja convicto de que lhe não é legítimo obedecer a uma ordem específica, por
considerar que atenta contra a vida, a dignidade da pessoa humana ou contra o Código Deon-
tológico.
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Aborto: mais de 1.300 médicos são objetores de consciência
Mais de 1.300 médicos em Portugal são atualmente objetores de consciência na questão da inter-
rupção voluntária da gravidez (IVG), segundo dados da Ordem dos Médicos (OM). (…)
Na altura, a Ordem apontou para a necessidade de ter um registo dos médicos objetores de cons-
ciência, lembrando ainda que há diferentes situações de objeção entre os clínicos: objetores em
relação ao aborto a pedido da mulher que não o são, por exemplo, em relação às interrupções de
gravidez em caso de violação. (…)
A legislação que veio despenalizar o aborto a pedido da mulher até às 10 semanas de gestação
estabelece que a objeção de consciência tem de ser manifestada em documento escrito.
Determina ainda que os médicos objetores devem «assegurar o encaminhamento da mulher grá-
vida» que solicitar a IVG para «os serviços competentes dentro dos prazos legais».
Lusa/ SOL, 16 de maio, 2011
Constituição: conjunto das leis fundamentais do Estado; fixa os direitos e deveres fundamentais dos
seus membros a que todos os códigos jurídicos se devem subordinar.
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humanos, numa primeira versão daquilo que é hoje a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
Assim, ao longo da história, as diferentes crises vividas como consequência dos
factos e acontecimentos sociais e económicos (revolução industrial, 1ª e 2ª
guerra Mundial, etc.), levam a uma sucessiva reivindicação de direitos e à pro-
funda reflexão sobre a condição humana.
Deste modo, e de forma a garantir que nenhum ser humano voltasse a ser sub-
metido a situações de sofrimento e indignidade profunda, como tinha acontecido
por exemplo durante o Holocausto, em 1948 a Organização das Nações Unidas
aprova a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Este não é um documento que representa obrigatoriedade legal, mas serve como
instrumento orientador para a elaboração de alguns documentos como as cons-
tituições e códigos deontológicos profissionais e como forma de sustentar os va-
lores de atuação das diferentes nações.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta-se como o ideal co-
mum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que
cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Decla-
ração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a
esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de carácter
nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observân-
cia universal e efetiva.
Este programa dos direitos humanos tem vindo também a acompanhar a evolu-
ção dos tempos, sendo que a nova geração de direitos diz respeito as outras
questões, tais como ambientais e culturais.
Inspirados ainda neste documento, foram criados outros, que especificam os di-
reitos de vários grupos, nomeadamente os direitos da criança, do idoso, etc.
A verdade é que atualmente ainda são violados muitos dos direitos definidos da
Declaração Universal (ver documento 11) e a intervenção a este nível nem sem-
pre é fácil e eficaz.
Enquanto futuro técnico de Apoio Psicossocial é fundamental que estejas bem
consciente do conceito de dignidade humana e justiça social, na medida em que
todo o teu trabalho terá como objetivo último, isso mesmo. Assim, a tua atitude
profissional deverá ir ao encontro destes princípios e direitos básicos, garantindo
o verdadeiro respeito pela pessoa humana.
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Atividades:
1. Faz uma análise exaustiva do documento da Declaração Universal dos direitos do Ho-
mem. Após essa análise procura identificar quais os principais direitos civis, políticos,
económicos, sociais e culturais nele presentes.
2. Consideras que este documento continua a estar atualizado? Acrescentarias mais al-
gumas orientações? Quais?
3. Analisa o documento 11 e procura identificar quais os direitos violados na situação
representada.
O Homem é um ser social e cultural por excelência, sendo que a sua sobrevi-
vência depende da existência dos outros seres humanos. Assim, as respostas
dadas pelo homem são culturais, na medida em que são aprendidas através da
relação com os outros no seu processo de socialização (ver documento 1).
A verdade, é que este viver em sociedade pode provocar, por vezes, um conflito
de interesses, ou seja, podem existir incompatibilidades a nível das motivações,
intenções, vontades, crenças, ambições, etc. de cada um.
Por isso mesmo, já falamos das regras, leis, normas, valores, que regulam, con-
dicionam e influenciam as relações que se estabelecem entre os diferentes su-
jeitos, no campo das relações sociais.
É porque não vivemos sós, que precisamos de ter absoluta consciência das nos-
sas ações e das suas possíveis consequências. Só somos sujeitos ético-morais
se soubermos o que fazemos, conhecermos as causas da nossa ação e a es-
sência dos valores morais. E só assim somos livres, no sentido em que temos a
liberdade de decidir de que forma queremos agir e que caminho queremos se-
guir.
O homem estabelece diferentes tipos de relações, nos diferentes contextos em
que se move (contextos pessoais, profissionais, familiares), sendo que deve pro-
curar pautar o seu comportamento pelo conjunto de valores morais pessoais, na
sua articulação constante com as leis definidas e com os direitos que asseguram
a dignidade e o respeito por todos os seres humanos.
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A andorinha faz o seu ninho da mesma forma como há milhares de anos;(…) o leão caça da
mesma maneira desde que surgiu à face do mundo. Nunca quaisquer destes animais apren-
deram a fazer o seu ninho, (…) a caçar ou até mesmo o simples andar. Nascem “aprendi-
dos”, atuam e comportam-se por instinto. Não necessitam de viver em sociedade para proce-
derem como procedem. (…)
O Homem, pelo contrário, quando nasce, quase que se pode dizer que começa do nada.
Tem de aprender tudo e tem de ir, a pouco e pouco, integrando-se no que o rodeia. Assim,
aprende a andar, a falar, a ler, a escrever, a vestir-se, a comportar-se para o seu seme-
lhante, enfim, a sentir e a pensar, segundo os padrões do seu grupo. Vai fazendo uma
aprendizagem e participando do património coletivo, da herança social, de um cabedal de
elementos que constitui “um todo complexo que abraça conhecimentos, crenças, artes, mo-
ral, leis, costumes e outras capacidades, adquiridas pelo homem como parte integrante da
sociedade”.
A. Mesquitela, citado por Aleixo, F., Maia, M. (2003)
De facto, não vivemos, nem poderíamos viver sós! Assim, a vida em sociedade
implica conviver e interagir com o nosso semelhante. Viver em sociedade gera
as chamadas relações interpessoais, estas emergentes da atracão/empatia,
positiva ou negativa, que um sujeito sente por outro e da capacidade de comu-
nicação que surge entre as pessoas.
Não há processos unilaterais na interacção humana: tudo que acontece no rela-
cionamento interpessoal decorre de duas fontes: o Eu e os Outros.
Cada um de nós assume diferentes tipos de relações, dependendo do contexto,
do grau de intimidade, do objetivo dessa relação, entre outros. Estabelecemos
relações interpessoais no contexto familiar, escolar, amoroso, profissional, etc.
As relações estabelecidas entre uns e outros podem adotar duas formas. Man-
terem-se harmoniosas, permitindo um trabalho de cooperação e de esforço para
o alcance de objetivos comuns, ou assumirem-se como conflituosas, havendo
uma tensão entre os diferentes interesses, conduzindo à desintegração e ao in-
sucesso da relação.
Não há dúvida que gerir estas relações de forma harmoniosa e produtiva, é um
desafio permanente, mas há regras que regulam o comportamento em socie-
dade, tal como já foi referido.
O técnico de Apoio Psicossocial poderá ter um importante papel a este nível,
podendo assumir-se como um mediador das relações que se apresentarem dis-
funcionais. A este propósito aprendes-te no módulo 3, algumas técnicas de rela-
cionamento interpessoal.
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Uma relação de trabalho, não é mais do que uma relação interpessoal, sendo
que é importante estar consciente de que, ora seja com os nossos colegas de
profissão, ora seja com os utentes/clientes, há sempre objetivos comuns, sendo
do interesse de todos o sucesso dessa relação!
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5. Contributo para a Definição de um Código Deontológico do Téc-
nico de Apoio Psicossocial
Atividade
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5.1Formas de Atuação do Técnico de Apoio Psicossocial – Estatuto
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Proposta de trabalho
1. Convida um voluntário para ir à tua sala de aula falar um pouco sobre a sua experiência.
Elabora um conjunto de perguntas para lhe colocares, nomeadamente:
- qual a motivação e recompensa do seu trabalho enquanto voluntário?
- qual o sentido de responsabilidade que assume no trabalho que desenvolve;
- etc.
- Dos utentes/clientes
Qualquer serviço prestado implica a existência de uma carta de direitos e deve-
res dos utentes/clientes desse serviço, determinados por legislação específica.
Como utentes/clientes de qualquer serviço é importante que sejamos conhece-
dores desse documento, de forma a podermos defender os nossos interesses e
adequarmos a nossa postura e exigência ao serviço em questão.
No que diz respeito aos serviços de apoio social e de saúde, é possível encontrar
um conjunto de direitos e deveres que são comuns:
O utente/cliente deverá ter direito a:
- Privacidade e confidencialidade;
- Respeito e dignidade (independentemente da sua opção religiosa, política, so-
cial, sexual, do seu género ou etnia);
- Liberdade de escolha e de reclamação;
- Verdade e à informação.
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Direitos e Deveres do utente do serviço nacional de saúde
Direitos
1. O utente tem direito a ser tratado com cortesia e no respeito pela dignidade humana.
2. O utente tem direito a receber informações sobre a promoção da Saúde e cuidados preventi-
vos, curativos, de reabilitação e terminais, apropriados ao seu estado de Saúde.
3. O utente tem direito a não ser discriminado, nem na base do sexo, da raça ou etnia, da con-
dição socioeconómica, da religião, das suas opções políticas ou ideológicas, nem ainda da do-
ença de que padecem.
4. O utente tem direito à confidencialidade de toda a informação clínica e elementos identificati-
vos que lhe respeitam.
5. O utente tem direito à privacidade na prestação de todo e qualquer cato médico. (…)
10. O utente tem direito por si, ou por quem o represente, a apresentar sugestões e reclamações.
(…)
Deveres
2. O utente tem o dever de fornecer aos profissionais de saúde todas as informações necessá-
rias para obtenção de um correto diagnóstico e adequado tratamento.
3. O utente tem o dever de respeitar os direitos dos outros utentes. (...)
5. O utente tem o dever de respeitar as regras de funcionamento dos Serviços de Saúde.
6. O utente tem o dever de utilizar os serviços de saúde de forma apropriada e de colaborar
ativamente na redução de gastos desnecessários. (…)
8. O utente tem o dever de pagar taxas moderadoras dentro das suas possibilidades económi-
cas.
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(…)
Antes havia “utentes”, agora há “clientes”.
Nas instituições de solidariedade social, nos lares de idosos, nos centros para deficientes, os
utentes passam, muitos já passaram a “clientes”. Numa linguagem modernaça utilizada sem
consultar dicionários, que técnicos, ávidos de modernices, aceitam facilmente.
Por este andar, os alunos das escolas passam a “clientes” da escola. Os “utentes” dos cen-
tros de saúde passam a “clientes” dos serviços de saúde. Nos transportes da cidade, os
“utentes” passam a “clientes”. Tudo numa linguagem modernaça.
O dicionário diz que “cliente é pessoa que compra algo”, “cliente é a pessoa que adquire pro-
duto à venda”, que “paga o que recebe em troca”. Mas as instituições, as escolas, são pres-
tadoras de serviços. O Estado atribui recursos financeiros em função dos serviços prestados.
Não há negócio, nada se vende e nada se compra. E os serviços não andam ao sabor da
concorrência, não funcionam pelas leis do mercado.(…)
http://tiagotiagolas.blogspot.com, consultado a 30 de Maio de 2011
Atividade
1. Procura conhecer os teus direitos e deveres enquanto aluno (pode ajudar a consulta do
regulamento interno da tua escola).
2. Analisando os textos anteriores formula a tua própria opinião relativamente ao uso da ter-
minologia utente/cliente, no que diz respeito aos serviços sociais e de saúde.
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- Ser assíduo e pontual;
- Realizar o seu trabalho com zelo, lealdade e profissionalismo;
- Cumprir as regras e normas de segurança relativas à higiene e segurança no
trabalho.
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Bibliografia / Outros Recursos
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