Fenomenologia de Husserl A Heidegger - FINAL
Fenomenologia de Husserl A Heidegger - FINAL
Fenomenologia de Husserl A Heidegger - FINAL
Husserl a Heidegger
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
ONTOLOGIA E A ESTÉTICA...................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITOS BÁSICOS............................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
ONTOLOGIA FILOSÓFICA E A ARTE CONTEMPORÂNEA............................................................ 15
UNIDADE II
FENOMENOLOGIA DE HUSSERL............................................................................................................ 22
CAPÍTULO 1
CONCEITOS GERAIS................................................................................................................ 22
CAPÍTULO 4
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA E O IDEALISMO........................................................... 28
UNIDADE III
FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER..................................................... 55
CAPÍTULO 1
CONCEITOS GERAIS................................................................................................................ 55
CAPÍTULO 2
FENOMENOLOGIA E A CONCEPÇÃO ESTÉTICA DE MERLEAU-PONTY E HEIDEGGER.................. 65
CAPÍTULO 3
A ONTOLOGIA NAS “CARTAS SOBRE O HUMANISMO” DE HEIDEGGER E A QUEBRA
DO PARADIGMA METAFÍSICO.................................................................................................. 77
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 91
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Para compreender o mundo que nos cerca, é necessário entender como tudo começou,
como foram organizadas as estruturas e quais são os itens diferenciados que o fazem
parecer muito subjetivo e desafiador.
Existem muitos filósofos que buscaram entender a metafísica e como ela influencia o
ser humano, o conceito de substância e do ser, buscando a análise da substância como
propriedade abstrata ou universal.
A ontologia trouxe esses conceitos, que a metafísica é analisada como uma nova
linguagem de substâncias e propriedades, o concreto e o abstrato são itens importantes
para a analise do eu.
Tratamentos explícitos e extensivos escritos antes do século XIX ainda não foram
encontrados. Nos primeiros escritos sobre beleza, artes e assuntos relacionados. Foram
trazidos por alegações de Aristóteles sobre as funções e os elementos da tragédia da
natureza.
A filosofia estética permite que se tematizasse mundos e se crie o único universo que
vale a pena viver e afirmar é um universo criativo.
A filosofia precisa de todos esses criadores com os dados que os atravessam, dando-lhes
o material para o que deve ser pensado, para o que provoca o pensamento.
7
Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty investigaram suas indagações no campo da
psicologia no início do século XX.
Objetivos
»» Conhecer os conceitos epistemológicos das teorias de orientação
fenomenológica e aplicação nos diversos campos da psicologia.
8
ONTOLOGIA E A UNIDADE I
ESTÉTICA
CAPÍTULO 1
Conceitos Básicos
9
UNIDADE I │ ONTOLOGIA E A ESTÉTICA
As escolas platônicas especificam a questão dos substantivos como seres que existem
no eu.
Obras de arte são construções sociais no sentido de que não são tipos naturais, mas
criações humanas.
Muitas vezes tem sido proposto, por exemplo, que as obras são, pelo menos em parte,
um produto da imaginação, e isso não apenas no sentido de que algum artista deve
imaginar que tipo de coisa ele quer fazer ou fazer se um trabalho de a arte deve ser
trazido à existência.
10
ONTOLOGIA E A ESTÉTICA │ UNIDADE I
(1712) dos “prazeres da imaginação” foi influente, mas não tão influente quanto a ideia
de Immanuel Kant (1993) de que a ativação do poder ou faculdade da imaginação era
essencial para os juízos estéticos.
Von Hartmann (2006) rejeita o que ele chamou de suposições “ingênuas e realistas”
sobre os objetos dos juízos estéticos ou artísticos.
Von Hartmann observa que as pessoas confiantemente dizem coisas como “este livro é
a Ilíada de Homero”, “esta partitura é a Nona Sinfonia de Beethoven” e “esta pintura
é a Madona Sistina de Rafael”. Embora seja frequentemente reconhecido que os dois
primeiros exemplos são filosoficamente insustentáveis, deve-se admitir que o terceiro
tipo de afirmação também é impreciso.
O “trabalho de fantasia” que um artista elabora antes da criação de uma “obra de arte
externa” nunca é neutro em relação à mídia ou à instrumentação (Von Hartmann,
2006).
Já Konrad Von Lange Ele não extraiu explicitamente a conclusão de que as obras de
arte são, portanto, ficções, mas descreveu nosso comércio com elas como uma espécie
de ilusão lúcida em que divertidamente entretemos pensamentos de estados de coisas
que sabemos não existir (VON HARTMANN, 2006).
11
UNIDADE I │ ONTOLOGIA E A ESTÉTICA
O artefato artístico, propôs ele, é como o brinquedo ou outro objeto que é recrutado para
os fins da brincadeira imaginativa de uma criança. Um sofisticado e altamente influente
expoente contemporâneo desse tipo de abordagem da arte e, mais especificamente, à
análise filosófica da representação e do conteúdo ficcional, é Kendall L. Walton.
Jean-Paul Sartre (2005) foi frequentemente creditado com a ideia de que as obras de
arte são ilusórias (no sentido de serem sistematicamente objeto de algum tipo de erro
sobre o seu modo de existência), mas não é óbvio que isto é a melhor interpretação de
suas observações sobre o tema. Sartre declara que a Sétima Sinfonia de Beethoven “está
fora do real, fora da existência.
Ele também diz que nós realmente não ouvimos a sinfonia, mas apenas ouvimos a
composição em nossas imaginações. Tais afirmações podem ser lidas como destinadas
a desmascarar uma crença ilusória generalizada na existência de obras musicais; eles
também abrem a possibilidade de imaginar obras sem acreditar em sua existência, caso
em que a suposta ilusão não é necessária.
Sobre esse assunto, Sartre foi precedido e possivelmente influenciado por Ingarden
e Nicolai Hartmann, que era professor de filosofia teórica em Berlim na época da
passagem de Sartre no Institut français, em Berlim, de 1933 a 1934.
Neste trabalho ele esboçou posições que ele deveria desenvolver em uma série de
trabalhos, incluindo o seu (1933) e um tratado inacabado sobre estética, escrito em
1945 e publicado postumamente em 1953.
A tese central de Hartmann sobre a ontologia da arte é que as obras são ficções que
dependem das atividades perceptivas e imaginativas dos artistas e de seus públicos.
Na visão de Hartmann, a obra de arte tem pelo menos duas partes ou estratos: a primeira
camada, à qual ele às vezes se refere como “primeiro plano”, é perceptível - os exemplos
de Hartmann incluem um pedaço de pedra, cores sobre uma superfície e sons audíveis.
A percepção de tais itens é a base da experiência estética do estrato “de fundo” mais
elevado, que também requer imaginações ocasionadas por essa experiência perceptiva.
12
ONTOLOGIA E A ESTÉTICA │ UNIDADE I
A esse respeito, Hartmann evoca a familiar analogia com o jogo imaginativo das
crianças, enquanto comenta que, para o adulto, tal peça “continua sendo ficção.
Um edifício como objeto material figura obviamente entre as entidades reais do mundo,
mas experimentar a construção material como uma obra de arte é envolver-se na
apreensão imaginativa das qualidades fictícias.
Hartmann parece afirmar, a esse respeito, que termos como grandioso, pomposo ou
majestoso são, quando usados como rótulos para nomear as qualidades estéticas de um
edifício, em algum sentido imaginativo e, portanto, ficcional.
Para observar algo como uma obra de arte, é necessário combinar uma percepção
sensorial do item físico com uma experiência imaginativa do design estético.
Na ausência do tipo certo de atenção, o trabalho deixa de existir, mesmo que o sistema
físico permaneça intacto.
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UNIDADE I │ ONTOLOGIA E A ESTÉTICA
Vários filósofos (por exemplo, Eleanor Rowland 1913, p.117, Hilde Hein 1959,
Andrew Harrison 1967-1968, Currie 1989, p.57) levantaram questões sobre a
sabedoria de permitir que a existência de uma obra seja intermitente.
Um dos primeiros exemplos é Johannes Volkelt (1905, p.11), que afirma que a
estátua de Zeus, em Otricoli foi uma obra de arte ao longo dos muitos séculos
em que esteve enterrada e não foi observada.
14
CAPÍTULO 2
Ontologia filosófica e a arte
contemporânea
Seria bastante enganador dar a impressão de que todos aqueles filósofos que pensavam
que as mentes e suas atividades tinham algo a ver com a existência de obras de arte
também pensavam que isso significa que as obras eram de algum modo menos reais
do que, digamos, entidades físicas naturais e eventos. Os idealistas invertem essa
hierarquia.
Isso é explícito em Benedetto Croce (1913, 1965, pp.9-10) quando afirma que as obras
de arte não podem ser entidades físicas porque as obras de arte são “extremamente
reais”, enquanto o mundo físico é “irreal”.
Conrad afirma que: ” somente a última atitude pode revelar o “Objeto ideal” que é a
obra de arte genuína ou pretendida.” Em seu exemplo, que poderia ter servido como
contraponto para a discussão de Sartre sobre a Sétima Sinfonia de Beethoven, o trabalho
genuíno é a própria sinfonia em oposição aos vários eventos espaço-temporais, como
apresentações orquestrais mais ou menos competentes, ou alguém assobiando a melodia
ou ler a partitura pode ajudar a direcionar a atenção para algumas das características
essenciais do trabalho.
Konrad não apresenta uma defesa detalhada de suas suposições sobre a ontologia de
objetos ideais, mas claramente compartilhou a aversão de Husserl ao “psicologismo”.
Uma forte objeção a todas as teorias que nos convidam a pensar em obras de arte
como experiências – as do artista e/ou do público – é que isso é uma conflação de uma
experiência e o objeto da experiência.
Uma coisa é reconhecer que uma obra é o produto ou mesmo a expressão de uma
experiência humana e que é projetada para ocasionar certos tipos de experiências; é
algo totalmente diferente afirmar que o trabalho é em si mesmo uma experiência e nada
mais.
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UNIDADE I │ ONTOLOGIA E A ESTÉTICA
Dada uma ontologia suficientemente austera, títulos como Das Lied von der Erde e
Hamlet não têm nenhum referente real.
Aqueles que defendem tal ontologia raramente estão ansiosos para divulgar as
implicações para as artes, talvez porque isso seja uma má recomendação para a
austeridade.
Ele reconhece que o conceito de obra literária faz parte da linguagem comum e é útil em
contextos teoricamente pouco exigentes, mas também argumenta que é um construto
autocontraditório que cria muitos pseudo-problemas para a teoria literária.
Mesmo assim, ainda podemos manter nossas declarações do senso comum sobre elas
como verdadeiras.
Para críticas à ideia de que essa posição eliminativista é compatível com o senso
comum ou práticas bem arraigadas.
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ONTOLOGIA E A ESTÉTICA │ UNIDADE I
Um argumento predominante contra esse tipo de tese repousa na distinção entre obras
de performance e de não performance: uma obra musical pode ser realizada por várias
pessoas e em várias ocasiões; uma pintura não pode.
Por exemplo, seria altamente implausível afirmar que o famoso trabalho fotográfico
de Henri Cartier-Bresson (1999), “Atrás da Gare Saint-Lazare, Paris” (1932), consiste
no negativo usado para fazer impressões, ou no primeiro ou em qualquer outro single
impressão desta foto. Multiplique os trabalhos instanciados de uma categoria principal,
enquanto os singulares ou não reprodutíveis formam outra.
Reclamamos, no entanto, que essa distinção não deva ser tomada como decisiva para
uma ontologia da arte, uma vez que repousa sobre uma tese contingente sobre o que é
tecnologicamente possível.
Se Benjamin sustentava que nenhuma obra de arte realmente era ou poderia ser um
“concreto” concreto, é difícil determinar, no entanto, como a história das funções
políticas da arte é o foco principal de seu ensaio um tanto obscuro.
Benjamin declara cedo que em princípio, a obra de arte sempre foi reprodutível. Objetos
feitos por humanos sempre poderiam ser copiados por humanos.
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UNIDADE I │ ONTOLOGIA E A ESTÉTICA
Uma essência estética é descrita como uma certa composição de sentido como um
conteúdo qualitativamente idêntico.
Quando apreciamos uma pintura, Lewis sustenta, o que nós contemplamos é o que
essa tela poderia ter em comum com alguma reprodução dela, a saber, aquela essência
qualitativa e abstrata que é aqui incorporada, e é teoricamente repetível em algum
outro objeto físico.
Lewis afirma que um objeto estético sempre depende de algum objeto físico, mas ele
sustenta que essas relações de dependência diferem em grau, uma vez que um poema
depende de uma inscrição particular, menos que um trabalho de arte visual depende de
um objeto visível em particular.
Em vez disso, para Lewis, a essência estética constitutiva da identidade da obra de arte,
em oposição ao objeto físico, reside no contexto associado a essa entidade física que a
apresenta.
Se alguém deixa de trazer esse contexto associado, ou traz algum outro contexto, para a
interpretação do veículo, o objeto estético apresentado deixa de ser apreendido em seu
caráter estético real ou é mal compreendido ou não é apreendido de maneira alguma.
18
ONTOLOGIA E A ESTÉTICA │ UNIDADE I
Sibley conclui que apenas uma estipulação poderia retificar a tensão entre a
reprodutibilidade e a singularidade em nossa concepção da obra de arte.
Fazendo isso, lançaremos alguma luz sobre pelo menos um aspecto central do debate
entre monistas e seus rivais na ontologia da arte.
Começamos com uma ampla distinção entre o trabalho e seu veículo, o termo “veículo”
designa diferentes tipos de itens que podem ser considerados constituintes ou partes de
uma obra de arte, como o conselho de álamo em particular, no qual Da Vinci trabalhou
para alguns dez anos fazendo a Mona Lisa, os gestos específicos feitos por um artista
performático ou uma inscrição prontamente reproduzível produzida por um poeta.
Se tal distinção trabalho/veículo é aceita (e como foi observado acima, este é o caso de
alguns, mas não de todos os filósofos), a questão de se todos ou apenas alguns trabalhos
admitem múltiplas instâncias pode ser distinguida da questão de se todos os veículos
artísticos podem ser reproduzidos de uma maneira que satisfaça algum padrão de
identidade artística ou estética qualitativa.
Tal padrão seria atendido apenas no caso de o item artístico em questão poder ser
reproduzido, tal forma que as propriedades artísticas ou estéticas relevantes sejam
manifestadas. Nossas duas perguntas, então, são:
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UNIDADE I │ ONTOLOGIA E A ESTÉTICA
Pelo menos algumas das disputas entre os proponentes do monismo e seus rivais na
ontologia da arte se voltaram para o equívoco em relação ao tipo de possibilidade
previsto nas discussões sobre multiplicidade e singularidade.
Currie diz explicitamente que sua conjectura de gêmeo Guernica varia sobre mundos
fisicamente impossíveis. A evocação de Lewis de essências estéticas iteráveis é
similarmente uma questão de uma possibilidade metafísica ou lógica, não uma
tecnologia.
Uma suposição semelhante se torna explícita na discussão de Gérard Genette sobre esse
tópico quando ele afirma que a iterabilidade de itens artísticos depende de contingências
institucionais.
Indicar o que se entende por “possível” e “impossível” neste contexto é crucial para uma
identificação mais precisa das teses disponíveis.
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ONTOLOGIA E A ESTÉTICA │ UNIDADE I
Acontece, então, que pelo menos algumas das aparentes divergências na literatura
dependem de suposições díspares sobre que tipos de possibilidades são relevantes ou
decisivas nas discussões sobre a natureza das obras de arte.
Currie, por exemplo, em sua defesa contrasta um interesse “histórico” em ver algo como
as botas de Napoleão ou a tela real de Guernica ao “interesse estético” que poderia, no
caso da obra de arte, ser igualmente bem servido pela réplica perfeita da imagem.
Descreve-se que uma resposta estética em sua articulação da ideia de que o trabalho
é um indivíduo, mesmo que seja possível criar múltiplas reproduções do edifício
constitutivo da catedral de Notre Dame de Paris por exemplo.
21
FENOMENOLOGIA UNIDADE II
DE HUSSERL
CAPÍTULO 1
Conceitos Gerais
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Processos e metodos da filosofia são destacados por Husserl e seus demais filósofos da
mesma linhagem o que compreende o uso dessas ideias até os dias atuais.
A fenomenologia recebe algo amplo e traz um significado que as coisas têm em nossa
experiência, o que significa os objetos, eventos, ferramentas, o fluxo do tempo, o eu e
outros, à medida que essas coisas surgem e são experientes em nosso “mundo da vida”.
23
UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Husserl seria uma grande influência sobre Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre,
bem como sobre a maioria dos grandes pensadores filosóficos do século XX.
Husserl começou seu interesse pela filosofia tentando encontrar uma base filosófica
para a matemática. Em seus primeiros pontos de vista, Husserl era um empirista muito
forte e foi influenciado fortemente pelos escritos de John Stuart Mill. Seu ponto de
vista inicial em relação à matemática era empírico, no qual a base do conhecimento
matemático era justificada por concepções extraídas da experiência.Husserl tinha essa
concepção de matemática devastadoramente criticada pelo logístico Gottlob Frege e
acabou mudando de ideia depois de ler as obras de Leibniz e Hume.
Husserl voltou a muitas das questões que interessavam a Descartes (1650) enquanto ele
se referia ao seu ceticismo radical. Nietzsche havia afirmado que todas as percepções
do fenômeno eram baseadas em uma perspectiva e, embora Husserl aceitasse isso, ele
não estava convencido de que isso era tudo o que elas transmitiam. Quando se olha
para o lado de uma casa, eles não percebem simplesmente a única parede que veem,
mas inferem que há um alicerce sobre o qual a casa foi construída, três outras paredes e
que objetos estão contidos dentro da casa, apesar de não terem percepção direta desses
fatos.
Husserl concluiu que havia uma série complexa de conceitos envolvidos com a
percepção do fenômeno. Essa era a base de sua crença de que havia maneiras
objetivas de avaliar a consciência. Husserl sustentou que a consciência sempre tem
“intencionalidade” ou, como às vezes se diz, “a consciência está sempre consciente de
alguma coisa”. Isto é para dizer que para haver consciência deve haver um objeto para
24
FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
um ser consciente ser consciente do Husserl rejeitou as ideias dos pensadores com
as teorias representacionais da realidade, que tentaram encontrar um conhecimento
objetivo que transcendesse a consciência humana, embora reconhecessem que os
seres humanos não podiam escapar das limitações de nosso ponto de vista subjetivo.
Em vez disso, Husserl insistiu que a própria consciência era a maneira de avaliar o
conhecimento humano.
Dessa maneira, Husserl estava dizendo que não importava se o objeto considerado pela
consciência era real ou imaginado. Se um objeto era percebido de um jeito e era de fato
outro, então a forma transcendente do objeto não importava, já que a mente consciente
nunca poderia perceber a forma que era transcendente à consciência.
Até mesmo as coisas completamente imaginadas têm conteúdo, mas faltam apenas um
objeto correspondente. A consciência tem um imediatismo que reflete a experiência
humana e a abordagem do conhecimento, e a tentativa de transcender essa consciência
para obter conhecimento parece contraproducente na visão de Husserl.
Husserl acreditava que o erro dos primeiros empiristas (Locke, Berkley, Hume)
era colocar muitas pressuposições sobre a concepção da experiência. Os primeiros
empiristas tentaram dividir a experiência em conceitos como “ideias” e “impressões”,
e Husserl acreditava que isso estava colocando uma estrutura artificial na consciência
que era contraproducente para derivar conhecimento útil. Husserl nos pede para
começarmos a suspender quaisquer idéias sobre o mundo físico fora de nós mesmos
e, em vez disso, ver todos os fenômenos conscientes como tendo relações causais com
processos naturais dentro do corpo humano.
Husserl não quer que examinemos a realidade por sua relação com as ciências naturais,
como um empirista, mas em vez disso, olhemos para a consciência como um matemático
faria, e derivemos as conexões das aparentes abstrações que nossa consciência percebe.
Husserl pensou que ele havia revelado a base fundamental de todo o conhecimento
por meio de seu sistema, mesmo nas ciências, o conhecimento é adquirido por
experimentação, ele argumentou que era o exame do fenômeno dentro de um ambiente
25
UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Husserl descreve que a psicologia, de certa forma deve ser empírica, não deve ser
considerado a psique, deve fazer parte de algo natural do ser humano.
Ele trata o campo da psicologia como algo que precisa ser investigado, levando em
consideração o psiquismo de maneira mais voltada para a realidade.
Husserl ainda trata a fenomenologia como algo que transcente a consciência que vai
além de si mesma, que deve ser projetada por suas próprias ações para os setores de
objetos correlacionados.
Conforne a consciência se faz por meio de suas próprias ações, ela será transcendida
para a execução dos seus atos.
Para Brentano, isso significa que todo fenômeno mental envolve a “inexistência
intencional” de um objeto para o qual o fenômeno mental é direcionado.
26
FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Husserl estudou com Brentano de 1884 a 1886 e, junto com outros como Alexius
Meinong (1920), Kasimir Twardowski (1938) e Carl Stumpf (1936), tirou dessa
experiência um interesse permanente na análise da intencionalidade da mente como
uma chave para o esclarecimento de outras questões em filosofia.
A identificação da consciência intencional não deve ser tratada nem ser visualizada
como exclusiva e única dentro das questões psicológicas, é preciso que seja construída
pelos atos intencionais e a multivariedade, de maneira que a consciência tenha
fenômenos e os objetos que são os fenômenos tenham a consciência.
Ele revela a consciência como fluxo de vivências bem como as percepções do indivíduo
a cerca dessas vivências, o que caracteriza o ser consciente.
Cabe ressaltar aqui, que a intencionalidade da consciência também tem uma parte
de idealismo, de existência real da consciência empírica, entretanto, essa consciência
psicológica deve ser retratada como uma construção do ser de cada indivíduo, pela
própria condição transcendental.
27
CAPÍTULO 4
Intencionalidade da consciência e o
idealismo
Deve-se ter um cuidado para o uso método fenomenológico, não deixando a questão da
intencionalidade de lado, logo, como pode-se unir fenomenologia ao ciência psicológica?
Husserl nos seus estudos “Ideias I” trouxe as análises de ciências de fatos no qual
discute o mal entendido natural e reforça o cuidado sobre o fato das questões empíricas
advertirem ideias e questões que podem envolver a própria essência.
Segundo Husserl para chegar ao objetivo final que é a psicologia descritiva é preciso
compreender o intencional, o real, diminuindo um pouco os ideais fenomenológicos
empíricos.
Diminuir essas questões empíricas faz com que, de acordo com Husserl as
investigações em ciências humanas se tornem para o campo da psicologia, algo
mais metodológico no sentido de diminuição transcendental.
Entretanto, não cabe ao investigador trazer a questão do real vivida pelo indivíduo o
que deve ser colocado em questão é maneira como o sujeito sente o que foi vivido.
28
FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Husserls nos seus estudos das Investigações lógicas e Ideias I, traz a questão conceitual
corrigindo que a fenomenologia não deve ser tratada como natureza psicólogica, mas
ela deve ser interpretada como uma ciência de essência e não de fatos.
As investigações lógicas que surgiram em dois volumes nos anos de 1900 e 1901,
representam o primeiro tratamento definitivo de intencionalidade de Husserl e é a
fonte das principais ideias que conduziriam grande parte de seu pensamento filosófico
posterior.
O principal projeto das Investigações é criticar uma visão da filosofia da lógica chamada
“psicologismo” segundo a qual as leis da lógica são, em algum sentido, leis naturais ou
regras que governam a mente humana e podem, portanto, ser estudadas empiricamente
pela psicologia.
Husserl, notadamente de acordo com Frege (1925), acreditava que essa visão tinha
as consequências indesejáveis de tratar as leis da lógica como contingentes e não
necessariamente verdadeiras e como sendo empiricamente detectáveis e não como
conhecidas e validadas a priori.
Para Husserl, a lógica pura é um sistema a priori de verdades necessárias que governam
o vínculo e as relações explicativas entre proposições que não dependem de modo algum
da existência das mentes humanas para sua verdade ou validade.
Assim, a maior parte de um trabalho que visa estabelecer as bases para uma teoria
da lógica como a priori, necessária e completamente independente da composição ou
atividades da mente é devotada precisamente a investigações sistemáticas sobre o modo
29
UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Embora essa tensão seja mais aparente do que real, foi uma importante fonte de crítica
dirigida contra a primeira edição de Investigações Lógicas , com a qual Husserl se
preocupou em esclarecer e defender-se em seus escritos subsequentes e na segunda
edição das Investigações, em 1913. Pertinente aqui é o que Husserl tinha a dizer sobre
linguagem e expressão (LI, I) e sobre a própria intencionalidade (LI, V e VI).
A qualidade de um ato (chamado “ato intencional” acima) é o tipo de ato que ele é, seja
percebendo, imaginando, julgando, desejando, e assim por diante.
A questão de um ato é o que foi chamado acima de seu conteúdo intencional, é o modo
ou modo em que um objeto é pensado, por exemplo, uma casa pretendida de uma
perspectiva em vez de outra, ou Napoleão pensou primeiro como “o vencedor”. em Jena
”, depois como“ os vencidos em Waterloo”.
O caráter de um ato pode ser pensado como uma contribuição da qualidade do ato que
é refletida no ato.
Na obra das Ideias I, Husserl trata muito arraigado essa questão da diminuição e da
intencionalidade do idealismo.
30
FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Dado o papel difundido que ele assume como intencionalidade em todo pensamento e
experiência, Husserl acredita que uma teoria sistemática da intencionalidade tem um
papel a desempenhar no esclarecimento e na fundação da maioria das outras áreas de
interesse filosófico, como a teoria da consciência e a filosofia da linguagem, a filosofia
da lógica, epistemologia e as filosofias de ação e valor.
A intencionalidade sob consideração aqui inclui a ideia das intenções do agente de fazer
as coisas, mas também é muito mais ampla, aplicando-se a qualquer tipo de pensamento
ou experiência dirigida a objetos.
Assim, enquanto seria normal dizer que “Jack pretendia marcar um ponto quando
ele chutou a bola em direção ao gol”, no sentido de “intenção” pertinente a Husserl, é
igualmente correto dizer que “Jack pretendia que o pássaro fosse um gaio azul”.
Este último sendo uma maneira de dizer que Jack dirigiu sua mente para o pássaro,
pensando nele ou percebendo-o como um gralha azul.
31
UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
O ato intencional pode ser distinguido de seu objeto, que é o tópico, coisa ou estado de
coisas de que trata o ato.
Assim, o estado intencional de ver um cão branco pode ser analisado em termos de seu
ato intencional, percebendo visualmente e, em termos de seu objeto intencional, um
cão branco.
O ato intencional e o objeto intencional são distintos, pois é possível que o mesmo tipo de
ato intencional seja direcionado a objetos diferentes e que diferentes atos intencionais
sejam direcionados ao mesmo Objeto.
Para qualquer evento mental intencional, não faria sentido falar dele como envolvendo
um ato sem um objeto intencional mais do que diria que o evento envolvia um objeto
intencional, mas nenhum ato ou modo de atender a esse objeto (nenhum ato intencional).
É uma questão de alguma controvérsia até que ponto e de que maneira o conteúdo
intencional é verdadeiramente distinto do objeto intencional nos escritos de Husserl.
32
FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
O conteúdo intencional pode ser pensado ao longo das linhas de uma descrição ou
conjunto de informações que o assunto leva para caracterizar ou ser aplicável aos
objetos intencionais de seu pensamento.
Assim, ao pensar que há uma maçã vermelha na cozinha, o sujeito entretém uma certa
apresentação de sua cozinha e da maçã que ela toma para estar nela e é em virtude disso
que ela consegue direcionar seu pensamento para essas coisas. em vez de outra coisa
ou nada.
De fato, para Husserl, o uso significativo da linguagem deve ser analisado em termos de
estados intencionais subjacentes mais fundamentais. Por essa razão, as caracterizações
de conteúdo intencional em termos de “conteúdo descritivo” têm seus limites no
contexto do pensamento de Husserl.
A distinção entre objeto intencional e conteúdo intencional pode ser esclarecida com
base na consideração de quebra-cabeças da filosofia da linguagem, como o enigma das
declarações de identidade informativa.
A noção de conteúdo intencional pode ser usada para explicar isso. Quando um sujeito
pensa sobre a declaração de identidade afirmando que Mark Twain é Mark Twain, o
sujeito pensa sobre Mark Twain da mesma forma (usando o mesmo conteúdo intencional;
talvez “o autor de Huckleberry Finn”) em associação com o nome em ambos os lados
esquerdo e direito da identidade, enquanto quando um sujeito pensa sobre a declaração
de identidade afirmando que Mark Twain é Samuel Clemens o que ele aprende é que
diferentes conteúdos intencionais (aqueles associados com os nomes ‘Mark Twain’ e
‘Samuel Clemens’ respectivamente) são verdade do mesmo objeto intencional.
Casos como esse motivam a distinção entre conteúdo intencional e objeto intencional e
podem ser explicados em termos dele.
33
UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Exemplos disso incluem ilusões perceptivas, pensamentos sobre objetos ficcionais como
Hamlet ou Lilliput, pensamentos sobre objetos impossíveis como quadrados redondos
e pensamentos sobre tipos científicos que acabam por não existir como o flogisto.
O que é comum a cada um desses casos é que parece possível ter experiências
significativas, pensamentos e crenças sobre essas coisas, mesmo que os objetos
correspondentes não existam, pelo menos não em qualquer sentido comum de “existir”.
Diante disso, uma maneira de ler a distinção entre conteúdo intencional e objeto
intencional é como uma generalização para todos os atos mentais da distinção
primariamente linguística de Frege entre os sentidos e os referentes de termos e
sentenças.
No entanto, ao longo de sua obra, Husserl é capaz de fazer uso da distinção entre
conteúdo intencional e intencional para lidar com casos de pensamento significativo
sobre o não existente sem ter que postular, à maneira meinongiana, categorias especiais
de objetos inexistentes.
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Nas Investigações e em seus trabalhos posteriores, Husserl às vezes escreve sobre uma
dimensão adicional na análise da intencionalidade, que ele primeiro chama de “caráter
de ato”.
O caráter de um ato intencional também tem a ver com se é uma intenção meramente
significativa “vazia” ou se é uma intenção “não vazia” ou cumprida.
Aqui, o que está em questão é até que ponto um sujeito tem algum tipo de evidência
para aceitar o conteúdo de sua intenção.
Por exemplo, um sujeito poderia contemplar, imaginar ou até acreditar que “o sol se
pôs hoje será lindo com poucas nuvens e muitas cores laranja e vermelha” já às onze da
manhã. Nesse ponto, a intenção é vazia, porque apenas contempla um possível estado
de coisas para o qual não há evidência intuitiva (experiencial).
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Quando o mesmo sujeito testemunha o pôr do sol no final do dia, sua intenção será
cumprida (se o pôr do sol coincidir com o que ela pensava que seria) ou insatisfeito (se
o pôr do sol não corresponder à sua intenção anterior).
Para Husserl, a diferença aqui também não tem a ver com o conteúdo ou a matéria em
si, mas sim com o caráter evidencial da intenção.
Em grande parte motivado por sua preocupação em desenvolver uma lógica pura,
Husserl dedica toda a primeira Investigação Lógica, “Significado e Expressão”, a uma
análise de questões de linguagem, significado linguístico e referência linguística.
Estes incluem a distinção entre tipos e tokens linguísticos, a distinção entre palavras
e sentenças e os significados que eles expressam, a distinção entre significado de frase
e significado de falante, o significado e referência de nomes próprios e a função de
indexicais e demonstrativos.
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Husserl sustenta que o significado de uma expressão não pode ser idêntico à expressão
por duas razões.
Além disso, a mesma expressão linguística, como “estou indo ao banco”, pode ter
diferentes significados em diferentes ocasiões (devido, nesse caso, à ambiguidade da
palavra “banco”).
Husserl também sustenta que o significado de uma expressão linguística não pode ser
idêntico ao seu referente ou referentes.
Husserl identifica esses significados linguísticos distintos como tipos de ato intencional.
Nas Investigações, Husserl descreve o uso normal de uma expressão, como “o tempo
está fresco hoje”, da seguinte maneira.
Este ato instancia uma espécie ideal ou um tipo de matéria-actuação “o tempo está
fresco hoje” e, em virtude de isso, direciona a atenção do interlocutor para o estado
atual das coisas em relação ao tempo.
O sujeito que executa o enunciado faz, em princípio, três coisas para seu interlocutor.
Primeiro, o enunciado do sujeito “expressa” o significado ideal “o tempo está frio hoje”.
Segundo, supondo que o interlocutor compreenda que isso é o que está sendo expresso,
sua atenção será direcionada para o referente desse sentido ideal, ou seja, o estado de
coisas envolvendo o tempo hoje (seu ato também instanciará o ato ideal relevante) –
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
espécie Terceiro, o sujeito irá, ao fazer sua enunciação, “íntimo” ao seu interlocutor de
que ele tem certas crenças ou está passando por certos estados mentais ou experiências.
Este último ponto é muito importante para Husserl.
Ele sustenta que em casos normais o que um sujeito insinua em expressar uma expressão
(que ele acredita que o tempo é legal hoje ou que ele teme que seu país intervenha) não
faz parte do significado dessa expressão, mesmo sendo algo que o interlocutor será
capaz de entender com base no enunciado do sujeito.
É somente nos casos em que um sujeito está fazendo uma afirmação sobre suas
experiências, atitudes ou estados mentais (tais como “eu duvido que as coisas melhorarão
este ano”) que o significado expresso e o significado intacto coincidem.
Husserl reconheceu claramente a necessidade de uma distinção entre o que ele chamou
de expressões “objetivas”, por um lado, e aquelas que são “essencialmente ocasionais”,
por outro.
Um sujeito que acredita que “quem está falando agora está com fome” efetivamente
tem uma crença existencialmente quantificada no sentido de que a pessoa, quem quer
que seja, que está falando agora, está com fome.
A fim de captar o que tal assunto significaria quando ele diz “estou com fome”, é
necessário esclarecer de alguma forma que o indivíduo quantificado de fato é a pessoa
que está falando agora, mas parece não haver outra maneira de fazer isso para reinserir
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
o indexical “eu” em si na sentença. Isso torna necessário identificar uma segunda faceta
ou componente do conteúdo indexical.
Para lidar com isso, Husserl propõe uma distinção entre a função semântica ou
“indicando o significado” dos indexicais, que permanece constante do uso ao uso, e o
significado “indicado” dos indexicais, que é fundamentalmente direcionado a certas
características do falante e do contexto de enunciação.
Assim, o “significado indicativo” de “eu” é sempre “quem quer que esteja falando
agora”, mas o significado indicado de seu uso em uma determinada ocasião é ligado à
«autoconsciência» ou «autoapresentação» do falante naquele momento. ocasião.
Em geral, o significado indicativo de uma indexical irá especificar alguma relação geral
entre o enunciado de uma sentença e alguma característica da consciência consciente
do falante ou ambiente perceptivamente dado, enquanto o significado indicado será
determinado pelo que o falante está realmente ciente no contexto em que a frase é
proferida.
No caso de muitos indexicais, como “você” e “aqui”, seu significado indicativo pode ser
fornecido, em parte, pela demonstração demonstrativa de características do ambiente
perceptivo imediato.
Husserl tem, assim, uma compreensão relativamente clara de algumas das questões-
chave que cercam o pensamento e a referência indexicais que foram recentemente
discutidos no trabalho de filósofos da linguagem como John Perry (1977, 1979), bem
como uma descrição de como o pensamento indexado.
Sartre: a intencionalidade
Em janeiro de 1939, um ano após a morte de Edmund Husserl, Sartre publicou um
pequeno ensaio intitulado “A ideia central de Husserl”. No espaço de alguns parágrafos,
Sartre rejeita a epistemologia de Descartes e os neo-kantianos e sua visão da relação da
consciência com o mundo.
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Rejeitando o idealismo das Ideias de Husserl, por exemplo, filósofos como Adolph
Reinach defenderam uma forma de fenomenologia que buscava uma abordagem
radicalmente descritiva do estudo da consciência mais próxima, em espírito, dos
escritos pré-transcendentais de Husserl.
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
É claro que existe uma diferença fundamental entre Husserl e Sartre sobre a questão da
identidade das consciências refletida e refletida.
Para Sartre, no entanto, a consciência é uma espontaneidade pura que não “age”
anonimamente no sentido de Husserl. Eu sou uma consciência irrefletida de “Peter ter-
ser-ajudado”.
A correta descrição fenomenológica deste evento não pode ser alcançada pela atenção
reflexiva a uma “consciência piedosa não refletida” como o conteúdo anônimo não
refletido de minha consciência de Pedro.
Em tais ocasiões, somos dominados pelo em-si e pela sua obscena expressão.
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
De fato, Sartre não poderia ter sabido que o próprio Husserl, em uma série de reflexões
recorrentes ao longo de muitos anos, entretinha exatamente o tipo de possibilidade
que detectamos em Náusea. Sartre não os teria entendido pela simples razão de que
eles não aparecem nos escritos publicados de Husserl e só estão disponíveis para nós
quando a edição dos manuscritos de Husserl se aproxima da conclusão.
Fenomenologia Dialética
A doação radical do em si persiste como um tema das reflexões de Sartre ao longo de
seus escritos.
Podemos até concluir que, em seus detalhes, a complexa ontologia do Ser e do Nada se
torna significativamente contorcida.
A sombra de Hegel paira sobre o ombro filosófico de Sartre, seja qual for o nível em
que nos envolvemos com o sistema hegeliano, encontramos uma cumplicidade entre
o em si e o para si que responde ao fato de que nenhum dos dois pode ser entendido à
parte do outro. Além disso, sua aparente independência dialética deve ser superada por
sua resolução dialética. Para Sartre, a irredutibilidade dialética do em si para o para si
requer uma relação dialética que é interminável e não sinteticamente resolvível.
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
O para si não pode existir sem o em si, mas também não pode ser sinteticamente
conjugado com ele. Isto, naturalmente, produz uma interminável alteração de cenários
dialéticos.
Como resultado, meu próprio ser me escapa. Presos dentro do olhar do Outro, meus
projetos de existência são presos, minha liberdade é perdida e a orientação original de
meu ser como um em si torna-se des-orientada e deslocada. Eu experimento minha
própria disparidade.
Há razão para perguntar por que isso acontece. Certamente, meu ser como algo para si
mesmo me direciona intencionalmente para os objetos da minha experiência. De fato,
como Nausea sugere, eu posso me entregar ao «outro» em uma espécie de abandono
total e ainda não me perder no outro .
No entanto, a dialética de Sartre sobre o eu e o outro não pode repousar com essa
doação. Assim como a liberdade do outro constitui não apenas uma ameaça, mas uma
eliminação bem-sucedida da minha, assim, por sua vez, devo ser capaz de aprisionar o
outro em meu “olhar”.
Modificações do ser de duas consciências emergem que ecoa a luta de vida e morte na
Fenomenologia de Hegel.
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
entendida como estando dentro do poder do objeto do qual estou ciente, porque está
sujeita a uma modificação essencial por o outro.
A própria linguagem de Sartre trai esse dilema. Na experiência do olhar do outro “de
repente sou afetado em meu ser (o que significa que) modificações essenciais aparecem
em minha estrutura – reflexões que eu posso apreender e fixar conceitualmente por
meio do cogito reflexivo”.
O texto de Sartre é bastante claro sobre esse ponto. Existe algo em si mesmo no meu
próprio ser (“Eis que agora sou alguém” ).
O que eu “sou” em face de outro para-se envolve pelo menos duas dimensões
importantes. Primeiro, desde que o que eu sou é o meu ser visto pelo outro, eu só posso
ser “visto” porque eu sou uma consciência encarnada (assim como o outro só é capaz
de olhar para mim em virtude da personificação do outro). Por isso, parte do que sou
na aparência do outro é “meu corpo”. Segundo, o outro não apenas vê meu corpo, mas
vê meu corpo como situado.
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Finalmente, uma comparação adicional com Husserl lança luz útil sobre essa parte
do Ser e do Nada. Além dos pensamentos de Hegel e Heidegger sobre a natureza do
Outro, Sartre crítica o relato de Husserl do outro como apresentado nas Meditações
Cartesianas de Husserl.
Sartre reconhece que, para Husserl, o outro está sempre “comigo” e é imediatamente
dado dentro da própria estrutura da minha percepção do mundo.
Mas esta base é inadequada para explicar o Outro-como-um-olhar, pois este fenômeno
não pode ser “derivado” de mim “... pois não é nem um conhecimento nem uma projeção
do meu ser nem uma forma de unificação nem uma categoria”.
Basta aqui observar que, para Husserl, o horizonte da alienação do Outro só pode ser
desdobrado como uma possibilidade dentro do horizonte da “co-subjetividade”. Esta
é a possibilidade de “empatia”, na qual o “... Outro e seu ser primordial ...” me é dado.
Parece claro que, além de uma explicação mais rica das várias dimensões da
intersubjetividade em si, a tentativa de Sartre de apelar para uma ligação radical
radicalmente simples entre o para-si e o Outro-como-olha tensiona sua própria
fenomenologia ontológica.
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Embora Sartre tenha pouco a dizer sobre a historicidade do ser-para-si no Ser e o Nada,
um tema que se tornará central para a posterior Crítica da Razão Dialética , ele tem
muito a dizer sobre o tempo. Seguindo Heidegger, Sartre define o tempo “em êxtase”
como a relação do para-si com o passado, presente e futuro. O passado é o modo de ser-
para-si como “não mais ter que ser o passado que eu era”.
O futuro é o modo de ser-para-si como “... o que tenho de ser na medida em que não
posso ser”.
Assim, tanto o passado quanto o futuro são vistos como pertencentes à província do ser
em si.
Como instâncias do em-si estão sujeitos à relação negativa que define o for-se
em relação ao em-si. O que, então, é o presente?
É também o presente que transforma meu passado no passado. Mas mesmo que
eu não seja agora meu passado, ainda é meu passado que foi transformado dessa
maneira, assim como foi revelado que foi minha situação que foi transcendida e
negada pelo outro.
Pode ser que, ao recusar-se a seguir Heidegger ao privilegiar o futuro sobre o passado
e o presente, o privilégio de Sartre no presente sugere algo como um nivelamento do
fluxo temporal de nossa experiência do mundo.
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Praxis e História
As primeiras interpretações do Ser e Tempo de Heidegger associavam estreitamente o
trabalho aos escritos “existencialistas” de Sartre.
O Dasein “autêntico” foi entendido como outra versão do relato de Sartre sobre a
projeção livre do para-si no futuro.
Heidegger, cuja análise das estruturas sociais, institucionais e pragmáticas, agora nos
possibilita começar a lidar com as importantes implicações do pensamento posterior
de Sartre.
Em Search for a Method , Sartre identifica uma nova leitura da relação entre ser-em-si
e ser-para-si.
É também uma fórmula radicalmente diferente daquela que expressa o sujeito humano
como uma transcendência nula do ser em si mesmo.
Está claramente fora do escopo deste artigo tratar as várias nuances nos escritos de
Sartre sobre o “subjetivo objetificado”, abrangendo, como eles, materiais publicados
recentemente, bem como grandes obras tardias, como Search for a Method (1960),
The Crítica da Razão Dialética (1960) e o trabalho em vários volumes de Flaubert, The
Family Idiot . No entanto, um caminho perspicaz e convincente para o pensamento
posterior de Sartre é fornecido por um exemplo que o próprio Sartre ofereceu em 1966,
um exemplo que complementa a preocupação quase obsessiva de nossa época com a
linguagem.
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Elas nos fazem acreditar que o pensamento é apenas linguagem, como se a própria
linguagem não fosse falada.
O linguista considera essa totalidade de relações como objeto de estudo, e tem o direito
de fazê-lo porque já está constituído: esta é a etapa da estrutura, na qual a totalidade
aparece como uma coisa sem o homem.
Mas essa coisa sem o homem é ao mesmo tempo matéria trabalhada pelo homem,
portadora do traço do homem se você admitir a existência de tal sistema, também deve
admitir que a linguagem existe apenas como falada, ou seja, em ato.
Cada elemento do sistema para um todo, mas este todo está morto, se ninguém o toma
para seus próprios propósitos, faz com que funcione.
A hegemonia da forma linguística de Chomsky e sua ênfase nos aspectos formais das
gramáticas das linguagens naturais são insuficientes, nas palavras do próprio Chomsky,
diante do mistério do uso criativo da linguagem. Mesmo antes de Chomsky, os escritos
filosóficos de Frege, Russell, os primeiros Wittgenstein e Davidson focalizavam a
linguagem como um sistema formal e lógico.
Sartre certamente concordaria, não apenas que a linguagem é um objeto material, mas
que também tem uma história e que a fala tem sua inserção histórica.
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
O sujeito habita a linguagem sem ser exaurido por ela. Se existe uma transcendência da
linguagem, não é a adoção da visão de “espectador imparcial” da linguagem rejeitada
por Bourdieu, mas o sujeito está existindo no “futuro” e futuro do mundo dos outros e
tarefas práticas (o horizonte da linguagem).
As palavras são matéria. Elas carregam os projetos do Outro para mim e levam meus
projetos para o Outro.
A linguagem pode ser estudada na mesma linha do dinheiro: como uma materialidade
inerte circulante, que unifica a dispersão.
Não pode haver dúvida de que em certo sentido a linguagem é uma materialidade
inerte, mas essa materialidade é também uma totalização orgânica em constante
desenvolvimento é óbvio que cada palavra de uma pessoa deve depender, em seu
significado atual, de suas referências ao total. sistema de interioridade e que deve ser
objeto de uma compreensão incomunicável, mas esta incomunicabilidade – na medida
em que existe – só pode ter sentido em termos de uma comunicação mais fundamental,
isto é, quando baseada no reconhecimento mútuo e um projeto permanente para se
comunicar
Toda palavra é de fato única , externa a todos, vive fora, como uma instituição pública,
e a fala não consiste em inserir um vocabulário em um cérebro por um ouvido, mas em
usá-lo para dirigir a atenção dos interlocutores para este vocabulário como propriedade
exterior pública.
Falar é modificar cada vocábulo de todos os outros contra o fundo comum da palavra;
a linguagem contém toda palavra e toda palavra deve ser entendida em termos da
linguagem como um todo; contém toda a linguagem e a reafirma a linguagem como a
relação prática de um homem para outro é praxis, e a práxis é sempre linguagem
As línguas são o produto da História; como tal, eles têm toda a exterioridade e unidade
da separação.
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
Sartre alude a dois aspectos da linguagem que são de crescente interesse nas discussões
atuais da linguagem.
Referi-me, em outro lugar, a esses e outros aspectos das concepções de Husserl sobre
a intersubjetividade e a relevância da experiência perceptual incorporada para a
compreensão da linguagem como subjetividade envoviada
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
A primeira refere-se ao fato de que até mesmo a consciência perceptiva é uma questão
de um “eu faço” corporificado e “eu me mexo” pertencente ao que Husserl chama de
corpo vivo.
A segunda refere-se ao fato de que toda percepção envolve a experiência de dois campos
perceptuais: um horizonte interno de percepções possíveis de um e do mesmo objeto e
um horizonte externo como uma coisa pertencente a um campo de coisas.
Essas características, que também são aspectos da linguagem falada, fornecem a base
para uma generalização da percepção e do significado perceptivo para toda a gama de
práticas humanas.
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
O conceito do sujeito afetado também pode incluir características não mencionadas por
Husserl ou Merleau-Ponty.
Tais características incidem sobre a relação da estrutura sintática das línguas naturais
com as estruturas mais profundas da linguagem e da cognição que refletem mais as
características do mundo da vida do que é possível no contexto, por exemplo, de uma
visão chomskiana da sintaxe.
Grande parte da discussão atual sobre essas questões decorre de um interesse renovado
em relatos hegelianos ou neo-hegelianos de mente e verdade como “comunais”, como
no recente trabalho de Michael Forster e Terry Pinkard.
Eles também estão refletidos no trabalho de Robert Brandom e sua preocupação com
estruturas discursivas institucionais e na sua interpretação neopragmática de John
Haugeland da obra de Heidegger, cujo Ser e Tempo é tratado não como um tratado
existencialista, mas como uma afirmação importante. de uma teoria institucional e
social da mente e da linguagem.
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FENOMENOLOGIA DE HUSSERL │ UNIDADE II
Como afirma Sartre em linguagem emprestada de seu primeiro encontro com Heidegger:
“Possibilidade ... está no coração da ação particular, (é) a presença do futuro como
aquilo que está faltando e aquilo que, por sua própria ausência, revela a realidade
Embora seja considerado um filósofo do mundo social e material, Sartre permanece até
o final um metafísico do indivíduo também.
Contra o pano de fundo de sua primeira invocação da “ideia básica” de Husserl e sua
extensa crítica de Husserl em Being and Nothingness , o pensamento de Sartre evolui
mais para um endosso involuntário de uma perspectiva husserliana do que Sartre
poderia ter imaginado.
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UNIDADE II │ FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
A filosofia da liberdade implícita de Sartre projeta uma análise detalhada das estruturas
de liberdade embutida que apenas começamos a avaliar adequadamente.
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FENOMENOLOGIA
DE MERLEAU-PONTY, UNIDADE III
KIERKGAARD E
HEIDEGGER
CAPÍTULO 1
Conceitos Gerais
Merleau-Ponty
Merleau-Ponty passou os anos imediatamente antes de sua morte em 1961, ampliando,
repensando e, em alguns casos, revisando ideias que estiveram no centro de seu trabalho
filosófico desde os anos 1930. Cedo e tarde, ele sempre tentou quebrar os dualismos
tradicionais, acima de tudo aqueles de sensibilidade e compreensão, atividade e
passividade, interior e exterior, mente e corpo.
A obra final inacabada de Merleau-Ponty, The Visible and the Invisible (publicada
em 1964), leva esse projeto de reconciliação a novas profundidades e, de fato, a novos
extremos, incluindo o passado e o presente, e o corpo e seu ambiente circundante. Em
uma famosa nota autocrítica de 1959, ele confessa: “Os problemas colocados no Ph.P.
[ Fenomenologia da Percepção ] são insolúveis porque eu começo por aí a partir da
distinção ‘consciência’ – ‘objeto’”.
Na última fase de seu pensamento, ele se esforça cada vez mais resolutamente para
libertar-se da visão recebida de intencionalidade como subjetividade em oposição e
externa a objetos radicalmente heterogêneos com ela, e como ocupando um presente
especioso de maneira distinta do passado e momentos futuros em uma temporalidade
linear. Corpo e mundo, como passado e presente, ele agora insiste, estão “entrelaçados”
de tal forma que distinções conceituais aparentemente claras entre eles estão fadadas
a distorcer e deturpar os fenômenos à medida que os vivemos e os entendemos de
maneira pré-conceitual, pré-reflexiva e pré-específica.
A terceira, “Natureza”, combina a descrição de Jacob von Uexküll dos organismos que
constituem seus próprios ambientes, como uma melodia “cantando em si” (30), com a
noção de “voyance” de Merleau-Ponty , ou seja, visão ou insight de formas inteligíveis.
inspirado em parte pela “Lettre du voyant” de Rimbaud.
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FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER │ UNIDADE III
pense em conceber uma criança, em vez de conceber um plano. Carbone sugere que a
explicação de Merleau-Ponty do lugar intermediário do pensamento entre atividade e
passividade é superior à noção de Gelassenheit de Heidegger, que a inspirou.
Como de fato? Essas frases parecem estar girando, repetindo e reformulando o jargão
de Merleau-Ponty, em vez de avançar nossa compreensão dos textos ou das próprias
coisas.
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UNIDADE III │ FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER
Há, além disso, vários pontos em O Pensamento do Sensível, acredito que Carbone
esteja sutilmente enganado sobre o que Merleau-Ponty quer dizer sobre a relação
complexa, ou inter-relação, entre reflexão e experiência pré-reflexiva, entre
pensamento e sensível. Simplificando, Carbone parece negar que, para Merleau-
Ponty, um é mais básico que o outro. Em vez disso, ele se refere ao “reflexo e reflexão
em sua co-originalidade e circularidade” e à “co-originalidade e reversibilidade da
consciência selvagem e consciência refletida” (pp.23-4, ênfase adicionada). Da mesma
forma, ele escreve, “a linguagem é co-originária do ser bruto”.
Os textos que Carbone cita em apoio a essas afirmações, parece-me, não chegam a
apoiá-los.Especificamente, embora Merleau-Ponty escreva extensamente sobre a
interconexão e a reciprocidade de pensamento e percepção, o refletido e o não refletido,
eu não acho que ele considera os dois como estritamente falando “co-original”.
Concedido, ele chega muito perto de dizer isso na passagem de O Visível e o Invisível
ao qual Carbone se refere após a primeira das três passagens citadas acima. Se, nas
“grandes filosofias da reflexão ... o círculo do irrefletido e da reflexão é deliberado”,
argumenta Merleau-Ponty, então não há mais filosofia de reflexão, pois não há mais o
originário e o derivado; há um pensamento viajando em um círculo na qual a condição
e o condicionado, a reflexão e o não refletido estão em uma relação recíproca, se não
simétrica, e o fim está no começo tanto quanto o começo está no fim.
Até aí tudo bem, para a leitura de Carbone, apesar de ser um equívoco, parece-me que
a frase “se não (simétrico) simétrico” é ambígua.
Eu diria que não, pelo menos a redação admite que a reciprocidade não implica simetria;
pense na ação e reação “igual e oposta” da bola branca e da bola oito.
Mais significativo é o fato de que esta passagem é parte de um debate imaginado com
um defensor das “grandes filosofias da reflexão”, ou seja, os racionalistas continentais
e os idealistas alemães, e que Merleau-Ponty está tentando, em seu costumeiro
conciliatório, maneira de preservar o que ele acha que ainda é válido em sua noção da
abertura essencial, embora parcial, do mundo para o pensamento.
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FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER │ UNIDADE III
O pensamento transforma o sensível de várias maneiras, mas isso não torna o primeiro
equiprimordial com o segundo.
De fato, Merleau-Ponty conclui essa passagem insistindo que até mesmo a forma mais
básica de consciência reflexiva permanece parasitária no mundo que encontra de forma
pré-reflexiva, a qual sempre consegue superar e resistir: “O que é dado não é um mundo
massivo e opaco”. Ou um universo de pensamento adequado, é uma reflexão que recua
sobre a densidade do mundo para esclarecê-lo, mas que, em segundo lugar (depois do
golpe ), reflete de volta apenas a sua própria luz”.
Mais tarde, em uma veia semelhante, ele escreve, “se fizermos o pensamento aparecer
em uma infraestrutura de visão, isso é apenas em virtude da evidência incontestável
de que é preciso ver ou sentir de alguma forma para pensar, que todo pensamento
conhecido nós ocorre a uma carne”.
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UNIDADE III │ FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER
Kierkgaard
A filosofia de Kierkegaard libertou-se das ideias de São Tomás de Aquino, que tentou
equilibrar a fé e a razão, insistindo em vez de que a fé e a razão eram completamente
independentes uma da outra.
A filosofia de Kierkegaard também foi uma reação direta a GWF Hegel, cujo idealismo
alemão dominou a maioria do pensamento filosófico europeu na época. Ao contrário da
vasta maioria dos filósofos, Kierkegaard não colocou a ênfase de sua filosofia na ideia
de obter verdades objetivas sobre a realidade, em vez disso, estava fazendo perguntas
subjetivas sobre o que os seres humanos valorizam e como devem viver suas vidas.
A fim de explorar pontos de vista que não eram seus, Kierkegaard escreveu muitos de
seus trabalhos usando pseudônimos. Essa abordagem, semelhante ao método socrático
e ao que foi empregado por Platão em seus diálogos, permitiu que Kierkegaard se
comunicasse indiretamente com o leitor. Frequentemente não era o objetivo de
Kierkegaard convencer ou montar um argumento em particular, mas apresentar ideias
e pedir ao leitor que avaliasse o valor de tais ideias e que tipo de pessoa poderia se
beneficiar de tais ideias.
Enquanto Kierkegaard tinha valores definidos nos quais acreditava, ele não achava
que as verdades sobre o mundo fossem um meio muito eficaz para os valores divinos.
Embora Kierkegaard fosse cristão, ele não acreditava que o cristianismo era para todos
seguirem e criticava duramente muitos cristãos que ele não considerava seguidores
ideais da fé. Kierkegaard achava que certas escolhas de vida e modos de vida eram
inquestionavelmente superiores aos outros, mas ele também achava que isso equivalia
a uma escolha subjetiva ou a um “um ou outro” da parte do indivíduo baseado nos
próprios valores dos indivíduos. Enquanto Nietzsche nunca leu Kierkegaard, os dois
chegaram a conclusões surpreendentemente semelhantes, embora tivessem ideias
totalmente diferentes sobre o cristianismo e a ética.
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FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER │ UNIDADE III
A primeira esfera é a esfera estética. Esta é uma maneira de viver a vida principalmente
preocupada com a aparência das coisas. Alguém que vive dentro da esfera estética está
principalmente preocupado com o prazer e é essencialmente hedonista. Kierkegaard
parece ver isso como uma reação moderna ao que os existencialistas chamam de “o
problema do niilismo”. Alguém na Esfera Estética simplesmente realiza as tarefas do
seu dia a dia sem nenhuma preocupação com os valores mais elevados de existência ou
interesse. em um poder ou propósito maior.
A esfera final é a Esfera Religiosa, e esta é a que Kierkegaard detém na mais alta estima.
Kierkegaard considera que a esfera ética é uma parte importante do desenvolvimento
humano, mas ele sente que é por meio de um relacionamento pessoal com Deus que
os seres humanos alcançam seu propósito mais elevado. A esfera ética dá aos seres
humanos a ideia do “absoluto moral”, mas a razão humana por si só não parece ser
suficiente na visão de Kierkegaard.
Cavaleiro da fé
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UNIDADE III │ FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER
padrões éticos normais, o assassinato de Abraão por Isaque para apaziguar a Deus seria
um ato monstruoso. Ele continua dizendo que, embora isso seja verdade, há também
algo admirável sobre as ações de Abraão e ele fica confuso com o porquê exatamente
isso.
Este trabalho também coloca uma cunha entre os conceitos de fé e razão. Kierkegaard
parece pensar que se alguém precisa de prova ou razão para acreditar em Deus, então
isso é um paradoxo. Ser um verdadeiro cristão é proceder somente por meio da fé e isto
significa que enquanto alguém faz a escolha com fé, eles nunca estão livres da dúvida.
Ser cristão verdadeiro, na visão de Kierkegaard, é pesar constantemente as ideias
sobre a razão contra um relacionamento pessoal com Deus. Enquanto a ética pode ser
determinada pelo universal, Deus transcende as escolhas éticas e pessoais do indivíduo
não pode ser ditado por conceitos universais quando eles são aplicados em relação a um
poder superior.
Esta ideia de Kierkegaard parece ser uma ideia fundamentalmente radical e uma ideia
fundamentalmente prática, tudo ao mesmo tempo. Ele está instigando aos leitores a
se afastarem do “agnosticismo duro” que provavelmente levaria a uma vida na esfera
estética e encorajando-os a escolher entre dedicação a Deus ou a vida de um não crente
racional na esfera ética. Enquanto Kierkegaard acredita que a escolha de seguir a Deus
é a melhor, ele sabe que não tem uma prova real dessa afirmação.
O indivíduo mais faz a escolha sem nunca saber que ele escolheu o caminho certo.
Heidegger
Para Heidegger, existir é ser histórico. Isso não significa que alguém simplesmente se
encontre em um momento particular da história, concebido como uma série linear de
eventos. Pelo contrário, significa que a individualidade tem uma estrutura temporal
peculiar que é a origem dessa «história» que subsequentemente passa a ser narrada em
termos de uma série de eventos.
A temporalidade existencial não é uma sequência de instantes, mas sim uma estrutura
unificada na qual o “futuro” (isto é, a possibilidade apontada em meu projeto) relembra
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FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER │ UNIDADE III
o “passado” (isto é, o que não precisa mais ser feito, o preenchimento ) para dar sentido
ao “presente” (isto é, as coisas que assumem significado à luz do que atualmente precisa
ser feito).
Existir “entre o nascimento e a morte”, então, não é meramente estar presente em cada
uma de uma série discreta de instantes temporais, mas para se constituir na unidade de
uma história, e a existência autêntica é aquela em que os projetos dão forma à existência
são aqueles com os quais me comprometo à luz dessa história.
Embora pertença e defina um “momento”, a escolha não pode ser simplesmente “do
momento”; para ser autêntico, preciso entender minha escolha à luz da potencial
integridade de minha existência
Que essa escolha tenha uma dimensão política decorre do fato de que a existência é
sempre estar-com-os-outros.
A ideia aqui parece mais ou menos assim: optar por uma maneira de continuar é
afirmar as normas que pertencem a ela; e por causa da natureza da normatividade, não
é possível afirmar normas que seriam válidas apenas para mim.
Nem tudo é realmente possível para nós, e uma escolha autêntica deve se esforçar para
responder à afirmação que a história faz sobre as pessoas a quem pertence, para agarrar
seu “destino”.
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UNIDADE III │ FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER
Ao longo desse eixo comunitário, então, a historicidade existencial pode se abrir para a
questão da política: quem somos “nós” para ser?
Heidegger sugere que foi esse conceito de historicidade que subscreveu seu próprio
engajamento político concreto durante o período do nacional-socialismo na Alemanha.
Desgostoso com a situação política na Alemanha de Weimar e caracterizando-a como
especialmente irresoluta ou inautêntica, Heidegger considerou o movimento de Hitler
como uma maneira de lembrar o povo alemão de volta à sua possibilidade “mais própria”
– isto é, um modo de a Alemanha se constituir autenticamente como uma alternativa
aos modelos políticos da Rússia e dos Estados Unidos.
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CAPÍTULO 2
Fenomenologia e a concepção
estética de Merleau-Ponty e Heidegger
Mais conhecido por seu trabalho original e influente sobre incorporação, percepção e
ontologia, ele também fez contribuições importantes para a filosofia da arte, história,
linguagem, natureza e política. Associado em seus primeiros anos com o movimento
existencialista por meio de sua amizade com Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir,
Merleau-Ponty desempenhou um papel central na disseminação da fenomenologia,
que procurou integrar com a psicologia da Gestalt, psicanálise, marxismo e Saussurian.
linguística. As principais influências em seu pensamento incluem Henri Bergson,
Edmund Husserl, Martin Heidegger, Max Scheler e Jean-Paul Sartre, assim como o
neurologista Kurt Goldstein, teóricos da Gestalt como Wolfgang Köhler e Kurt Koffka
e figuras literárias como Marcel Proust e Paul Claudel. e Paul Valéry. Por sua vez, ele
influenciou a geração pós-estruturalista dos pensadores franceses que o sucederam,
incluindo Michel Foucault, Gilles Deleuze e Jacques Derrida, cujas semelhanças e dívidas
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UNIDADE III │ FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER
Em seus últimos escritos, Merleau-Ponty também se torna cada vez mais crítico das
tendências intelectualistas do método fenomenológico, embora com a intenção de
reformá-lo em vez de abandoná-lo.
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FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER │ UNIDADE III
Assim, a principal obra de Merleau-Ponty, na qual ele expõe sua concepção central da
natureza humana, intitula-se The Phenomenology of Perception, e é em grande parte
uma tentativa de delinear a maneira como nosso corpo e nosso meio estão presentes
para nós continuaremos nosso comércio com o mundo, antes de desenvolvermos
alguma teoria secundária (por exemplo, empirismo, neokantismo) sobre a maneira
como eles devem aparecer.
Ele também cita, com aprovação, a afirmação de Aron Gurwitsch de que as análises
de Husserl “conduzem ao limiar da Gestaltpsychologie”, a segunda área de foco neste
estudo inicial.
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Por outro lado, há uma verdade justificada no naturalismo que limita a universalização
idealista da consciência, e isso é descoberto quando as estruturas da Gestalt são
reconhecidas como ontologicamente básicas e as limitações da consciência são assim
expostas.
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Tanto a fisiologia como o comportamento são “formas”, isto é, processos totais cujas
propriedades não são a soma daquelas que as partes isoladas possuiriam até aqui é
a forma na qual as propriedades de um sistema são modificadas por cada mudança
provocada em uma única de suas partes e, ao contrário, são conservadas quando todas
elas mudam, mantendo a mesma relação entre si.
Da mesma forma, a aprendizagem não pode ser explicada em termos de tentativa e erro
de fixação de reações habituais, mas envolve uma aptidão geral em relação a estruturas
típicas de situações. Merleau-Ponty propõe uma classificação tripartite alternativa do
comportamento de acordo com o grau em que as estruturas para as quais ele é orientado
emergem tematicamente de seu conteúdo.
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UNIDADE III │ FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER
aos sinais como estruturas relacionais e não como propriedades objetivas das coisas.
Baseando-se no trabalho experimental de Köhler com chimpanzés, Merleau-Ponty
argumenta que mesmo os animais não humanos inteligentes carecem de uma
orientação para as coisas objetivas, que emergem apenas no nível do comportamento
simbólico.
De maneira mais geral, Merleau-Ponty propõe que matéria, vida e mente são níveis
cada vez mais integrativos da estrutura da Gestalt, ontologicamente contínuos, mas
estruturalmente descontínuos, e distinguidos pelas propriedades características
emergentes em cada nível integrativo de complexidade. Um formulário é definido
aqui como um campo de forças caracterizado por uma lei que não tem significado
fora dos limites da estrutura dinâmica considerada e que, por outro lado, atribui suas
propriedades a cada ponto interno de tal forma que nunca serão propriedades absolutas,
propriedades desse ponto.
Merleau-Ponty argumenta que esse entendimento se estende a todas as leis físicas, que
“expressam uma estrutura e têm significado apenas dentro dessa estrutura”; as leis da
física sempre se referem a “um dado sensível ou histórico” e, finalmente, à história do
universo.
No nível da vida, a forma é caracterizada por uma relação dialética entre o organismo e
seu ambiente que é uma função das normas vitais do organismo, suas condições ótimas
de atividade e sua maneira apropriada de realizar o equilíbrio, que expressam seu estilo
ou atitude geral em relação ao mundo.
As coisas vivas não são orientadas para um mundo objetivo, mas para um ambiente
que é organizado de forma significativa em termos de seu estilo individual e específico
e objetivos vitais.
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Em suma, a mente como uma estrutura de segunda ordem ou recursiva é orientada para
o virtual em vez de simplesmente para o real. Idealmente, a estrutura subordinada da
vida seria totalmente absorvida pela ordem mais elevada da mente em um ser humano
totalmente integrado; o biológico seria transcendido pelo “espiritual”. Mas a integração
nunca é perfeita ou completa, e a mente nunca pode ser destacada de suas amarras em
uma situação concreta e incorporada.
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O caráter perspectivo de nossa abertura ao mundo não é uma limitação de nosso acesso,
mas sim a própria condição de revelação do mundo em sua inesgotabilidade.
Essa unidade pré-reflexiva acaba por se fragmentar sob nossa consciência de doença,
ilusão e anatomia, que nos ensinam a separar a natureza, o corpo e o pensamento em
ordens distintas de eventos partes extra partes . Isso culmina em um naturalismo
que não pode explicar a situação originária da percepção que ela desloca, mas na qual
ela tacitamente confia; a percepção requer uma análise “interna”, abrindo o caminho
para o tratamento do idealismo transcendental de sujeito e objeto como “correlativos
inseparáveis”
Como “a integração nunca é absoluta e sempre falha”, o dualismo, mente e corpo não é um
fato simples; ela é fundada em princípio – toda integração pressupõe o funcionamento
normal das formações subordinadas, que sempre exigem o devido.
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Heidegger e a psicoterapia
Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo alemão conhecido por suas explorações
existenciais e fenomenológicas da “ questão do Ser ” ou ontologia. Heidegger encontrou
resolução em face da ansiedade, culpa e morte.
No entanto, Heidegger é uma figura controversa, essencialmente por suas ligações com
o nazismo. Heidegger é conhecido por sua filosofia pós-kantiana. Heidegger criticou a
tradição da filosofia ocidental, que ele considerava como niilista.
Martin Heidegger trouxe essa abordagem para uma posição de destaque e ampla
atenção e eu descrevo seus pontos de vista pertinentes à psicoterapia moderna sobre a
vida humana e o fundamento epistemológico da psiquiatria e psicoterapia.
Woody Allan disse uma vez que não se importava com a ideia da morte,
ele simplesmente não queria estar por perto quando isso acontecesse.
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Primeiros pensadores
Clínicos europeus como Otto Rank , Karl Jaspers , Medard Boss e Ludwig Binswanger
foram os primeiros a aplicar princípios existenciais à prática da psicoterapia na segunda
metade do século XX. Estes foram seguidos com destaque por Frankl (Viena), RD Laing,
May e Yalom .
Martin Burber (1878-1965) foi um filósofo judeu nascido na Áustria e era mais
conhecido por sua filosofia de diálogo. Filosofia do diálogo é uma forma de
existencialismo centrado na distinção entre a relação Eu-Tu e a relação Eu-É. Entre
as primeiras influências filosóficas de Buber estavam o Prolegômena de Kant, que ele
leu aos 14 anos, e o Zaratustra de Nietzsche .
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UNIDADE III │ FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER
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CAPÍTULO 3
A ontologia nas “Cartas sobre o
Humanismo” de Heidegger e a quebra
do paradigma metafísico
Realizar significa desdobrar algo na plenitude de sua essência, para conduzi-lo a esta
plenitude – producere. Portanto, só o que já é realmente pode ser realizado. Mas o que
‹é› acima de tudo é o Ser.
Pensar realiza a relação do Ser com o essência do homem. Não faz nem causa a relação.
Pensar traz essa relação para Ser unicamente como algo entregue a ele do Ser. Tal oferta
consiste no fato de que, ao pensar Ser vem à linguagem: a linguagem é a casa do ser.
Em seu lar habita o homem. Aqueles que pensam e aqueles que criam com palavras
são os guardiões deste lar. Sua tutela realiza o manifestação do Ser na medida em que
trazem a manifestação à linguagem e a mantêm na linguagem por meio do seu discurso.
O pensamento não se torna ação apenas porque alguns efeitos surgem dele ou porque
é aplicado.
O pensamento age na medida em que pensa. Tal ação é presumivelmente a mais simples
e ao mesmo tempo, o mais alto, porque diz respeito à relação do Ser com o homem. Mas
todos trabalhando o Ser e é dirigido para os seres.
Desde então, a “filosofia” tem estado na constante situação de ter que justificar sua
existência antes das ‘ciências’. Acredita que pode fazer isso de forma mais eficaz,
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Filosofia é perseguido pelo medo de perder prestígio e validade se não for uma ciência.
Não ser uma ciência é tomada como uma falha que é equivalente a ser não científica.
Sendo, como elemento de pensamento, é abandonado pela interpretação técnica do
pensamento. “Logic”, começando com os sofistas e Platão, sanciona essa explicação.
Pensar é julgado por um padrão que não se adapta a ele.
Na forma escrita, o pensamento perde facilmente sua flexibilidade. Mas, por escrito, é
difícil acima de tudo manter o multidimensionalidade do reino peculiar ao pensamento.
Quando o pensamento chega ao fim, escapando do seu elemento, ele substitui essa
perda, adquirindo uma validade para si como techne , 10 como um instrumento de
educação e, portanto, como um assunto de sala de aula e depois uma preocupação
cultural. Por e pela filosofia torna-se uma técnica para explicar do mais alto causas. Já
não se pensa: ocupa-se com a «filosofia».
O domínio de tais termos não é acidental. Repousa acima de tudo na idade moderna
sobre o ditadura peculiar do domínio público. No entanto, a chamada “existência
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FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER │ UNIDADE III
privada” não é realmente essencial, isto é, o ser humano livre. Ele simplesmente insiste
em negar o domínio público.
Continua sendo um atirar que depende do público e se nutre de uma mera retirada dele.
Por isso, testemunha, contra a sua própria vontade, a sua subserviência ao domínio
público. Mas porque decorre do domínio da subjetividade o reino público em si é o
estabelecimento metafisicamente condicionado e autorização da abertura dos seres
individuais em sua objetificação incondicional.
Língua assim, cai no serviço de gastar a comunicação ao longo das rotas que a
objetificação acessibilidade uniforme de tudo para todos – ramifica e desconsidera
todos os limites.
Nesse caminho linguagem vem sob a ditadura do domínio público, que decide de
antemão o que é inteligível e o que deve ser rejeitado como ininteligível.
O que é dito em Ser e Tempo seções sobre o “eles” de modo algum fornecer uma
contribuição incidental para a sociologia. Tão pouco o ‹eles› significa apenas o oposto,
entendido de um modo ético-existencial, da individualidade de pessoas. Antes, o que
é dito contém uma referência, pensada em termos da questão do verdade do Ser, à
pertença primordial da palavra ao Ser.
Um uso meramente cultivado de a linguagem ainda não é uma prova de que ainda
escapamos do perigo para a nossa essência.
Nos dias de hoje, de fato, tal uso pode mais cedo testemunhar que nós ainda não vimos
e não podemos ver o perigo porque nunca nos colocamos em vista disso.
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UNIDADE III │ FENOMENOLOGIA DE MERLEAU-PONTY, KIERKGAARD E HEIDEGGER
Mas na reivindicação sobre o homem, na tentativa de tornar o homem pronto para esta
afirmação, não há implica uma preocupação com o homem?
Onde mais “cuidado” tendem, mas na direção de trazer o homem de volta à sua essência?
O que mais isso, por sua vez, significa, mas aquele homem (homo) humano (humanus)?
Para isso é humanismo: meditando e cuidar desse homem ser humano e não desumano,
“desumano”, isto é, fora de sua essência.
Nós ainda não pensamos de maneira decisiva sobre a essência da ação. Conhece ação
apenas como a realização de um efeito, cuja eficácia é avaliada de acordo com a sua
utilidade.
No entanto, aquilo que acima de tudo “é”. Pensar aperfeiçoa a relação de estar com a
essência do homem.
Supervisionar para eles é aperfeiçoar a evidência do ser na medida em que eles trazem
isto em suas declarações e o salvam em linguagem.
Pensar não nessa maneira apenas se transformar em ação no sentido de que um efeito
emite a partir dele ou que é aplicado algo.
Esta ação é presumivelmente a mais simples e ao mesmo tempo, o mais alto, porque diz
respeito à relação de ser para o homem.
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Para (Não) Finalizar
Enquanto Descartes tomou sua própria consciência para ser epistemicamente básica e
então imediatamente tentou inferir, baseado em seu conhecimento dessa consciência,
a existência de um Deus, um mundo externo e outros conhecimentos, Husserl toma
consciência consciente em primeira pessoa como epistemicamente básica, e então
propõe o estudo sistemático dessa consciência como uma tarefa filosófica fundamental.
Para estabelecer as bases para este projeto, Husserl propõe uma metodologia conhecida
como redução fenomelogica.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
A ideia por trás disso é que a maioria das pessoas na maioria das vezes não focaliza
sua atenção na estrutura de sua própria experiência, mas sim olha para além dessa
experiência e concentra sua atenção e interesses em objetos e eventos no mundo, o que
eles consideram ser sem problemas reais ou existentes.
Essa suposição sobre a existência não problemática dos objetos da experiência é a “tese
existencial” da atitude natural.
O propósito da epoché não é duvidar ou rejeitar esta tese, mas simplesmente colocá-la de
lado ou colocá-la fora de jogo para que o sujeito envolvido na investigação fenomenológica
possa reorientar o foco de sua atenção para suas experiências enquanto experiências e
da mesma forma que elas são experientes. Isso equivale a uma reorientação do foco
intencional do sujeito da natural para a atitude fenomenológica.
Cada vez que o objeto sobrevive à alteração de característica imaginativa, esse recurso
é revelado como não essencial, enquanto cada recurso cuja remoção faz com que o
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Husserl sustentou que esse procedimento pode revelar, de forma incremental, elementos
da essência de um tipo de coisa, sendo o caso ideal aquele em que ocorre a intuição de
toda a essência de um tipo.
Terminologia e Ontologia
Uma mudança entre Investigações e Ideias é que Husserl começou a usar o termo
‹noesis’ para se referir a atos intencionais ou “qualidade de ato” e “noema” (plural
83
PARA (NÃO) FINALIZAR
“noemata”) para se referir ao que, nas Investigações, foi referido. como “ato de
matéria”.
Em Ideas , são os próprios noemata que são objetos do pensamento intencional, que
são apreensíveis e repetíveis e que, de acordo com Husserl, não são partes dos atos
intencionais de sujeitos conscientes.
Embora a diferença entre essas duas interpretações possa parecer bastante pequena,
elas são realmente muito diferentes em termos de seus compromissos metafísicos e em
termos das questões particulares de significado, referência e epistemologia que elas são
capazes de resolver ou de serem desafiadas.
Para uma introdução geral e visão geral, veja a introdução de (SMITH; SMITH, 1995) e
para uma discussão mais detalhada de algumas das principais diferenças.
Nenhuma tentativa será feita para resolver essa disputa interpretativa aqui, embora
seja interessante notar que a questão do status metafísico da noesis, do noema e do
objeto intencional (se é que isso deve ser visto como uma entidade distinta na ontologia
de Husserl). É em parte complicado pelo procedimento metodológico de Husserl de
colocar em questão questões de existência.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
O que Husserl está focando aqui é a ideia de que estar consciente de um objeto não
é apenas estar consciente de algo sob uma descrição ou maneira de visualizá-lo, mas
também ser consciente do objeto como uma identidade própria, aquele que é dado
simultaneamente por meio de perspectivas ou experiências discretas e nemáticas, mas
também é mais do que qualquer uma dessas experiências apresenta como sendo.
Quando Husserl diz que há um “núcleo” noematico ou “X” subjacente no noema, o que
ele quer dizer é que quando pensamos em um objeto, sempre pensamos nele como
uma entidade com sua própria identidade, bem como um objeto, aparece para nós ou
é pensado por nós. Relacionado a este ponto, Husserl sustenta que a intenção de um
objeto por meio de um certo noema em um momento envolve não apenas intencionar o
objeto como é experimentado atualmente, mas também contém um terceiro elemento
que consiste em apontar referências a um “horizonte” de possíveis determinações do
objeto, para além de noemata ou modos de ser dirigido para um e o mesmo objeto que
são motivados ou consistentes com a maneira pela qual a intenção atual apresenta esse
objeto.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
O celeiro, como objeto de percepção, transcende a informação que pode ser dada em
relação a ele, a intenção dele que pode ser feita por qualquer noema dado, e esse fato
é uma característica que já é pretendida no primeiro pensamento de um sujeito sobre
o celeiro.
A partir da primeira experiência, o sujeito já tem uma noção de como proceder para
determinar, para além de pretender e experimentar o objeto do pensamento, neste
caso, o celeiro.
Talvez a experiência atual seja da parte da frente do celeiro como sendo vermelha;então,
essa mesma experiência inclui como parte de seu “horizonte nemático” a intenção
de que o celeiro também deva ter um lado posterior de algum tipo, e que esse lado
do celeiro, junto com sua cor (talvez também seja vermelho, ou talvez cinza, mas de
qualquer forma deve ter alguma cor) pode ser experimentado se o assunto anda por aí
e olha.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Este seria o primeiro noema que pretendia o próprio objeto X, o celeiro perceptivamente
antes de um, como vermelho.
O sujeito poderia então continuar a ter mais intenções perceptivas do celeiro andando
em volta dele.
Cada vez que o sujeito muda sua perspectiva ou reconceitualiza o objeto de seu
pensamento, ela nutre um novo conteúdo ou noema, uma nova maneira possível em que
o celeiro pode ser experimentado como sendo. Se o celeiro é, na verdade, o modo como
ela conceitua e experimenta, então esse pensamento, essa possibilidade é preenchida
por sua experiência contínua.
A cada passo o sujeito integra sua experiência atual com a anterior, identificando o X
no centro da experiência atual com o X no centro das anteriores, e é ao mesmo tempo
direcionado para novas formas possíveis de preenchê-lo. Experiência do celeiro no
horizonte do noema (por exemplo, andando um pouco mais ou entrando); Husserl
refere-se a este processo como uma “síntese de identidade”.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Por exemplo, se o sujeito ao caminhar para o lado de trás do celeiro descobre que
realmente não é um celeiro, mas apenas uma fachada inteligentemente posicionada, o
sistema original de experiências intencionais que ela teve em relação a ele será frustrado
e um novo sistema de intenções começará.
Como Husserl coloca, usando “doação perfeita” para sugerir a experiência idealmente
possível de ter passado por todas as possíveis intenções corretas em relação a um dado
objeto:
Aqui, então, temos o que equivale a uma análise do objeto de uma intenção considerada
de uma perspectiva fenomenológica. Ser um objeto, fenomenologicamente falando,
é ser o correlato de um sistema completo e maximamente consistente de sentidos
não matemáticos, todos sintetizáveis como direcionados para um mesmo substrato
subjacente ou objeto X.
É possível distinguir entre possíveis determinações que são motivadas pelo noema
atual ou conteúdo intencional, possíveis determinações que são consistentes, mas não
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PARA (NÃO) FINALIZAR
motivadas pelo noema atual, e possíveis determinações que não são motivadas por
nenhum nem consistente com o noema atual.
Esta possível experiência adicional não é totalmente inconsistente com uma experiência
atual de algo como um celeiro, embora também não seja uma possibilidade motivada
relativa a tal experiência. Finalmente, uma experiência que não é motivada nem
consistente com a intenção de um objeto como um celeiro seria a descoberta de que o
objeto atual é apenas uma imagem de vídeo complicada, ou que é algum tipo de nova
e até então desconhecida forma de vida que apenas acontece exatamente como um
celeiro quando está descansando.
Uma descoberta como esta, indiscutivelmente, nem sequer está presente no horizonte
do noema original para começar. Husserl referiu-se a experiências em que a identidade
previamente pretendida de um objeto experimentado é inteiramente cancelada por
alguma experiência atual como casos em que o objeto pretendia “explodir”, e que não
está claro se o sujeito estava realmente pensando sobre o objeto antes mesmo dela se
ela estivesse conseguindo se referir a ele em algum sentido mínimo do termo.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
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Referências
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Aesthetics, 48 (3): pp. 295–314.
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pt/apoio/artigos/$christian-wolff Acessado em: 15.4.2019
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