07 - Leis de Kepler

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12.

Gravitação Universal

12. GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

12.1. EVOLUÇÃO DA TEORIA GEOCÊNTRICA PARA A


HELIOCÊNTRICA
A astronomia é uma das mais antigas ciências da humanidade. Ela nasceu
das observações dos movimentos dos astros celestes. A primeira conclusão a
que chegaram foi de que os astros giram em torno da Terra. Assim surgiu a
TEORIA GEOCÊNTRICA.
No século II d.C. Cláudio Ptolomeu
elaborou uma detalhada descrição matemática
dos movimentos do Sol e da Lua tomando a
Terra como referência. Era capaz de prever
com precisão futuros eclipses solares e
lunares. Para explicar movimentos complexos
dos planetas como paradas, avanços e
retrocessos, inventou um artifício geométrico
dos epiciclos. A teoria de Ptolomeu era
totalmente coerente com a mecânica
aristotélica, que se baseava apenas na hipótese
geocêntrica e com a Terra estática para
descrever o movimento de todos os corpos Figura 12.1. Teoria geocêntrica de com epiciclos de
celestes. Cláudio Ptolomeu

O polonês Nikolaj Koppernigk (1473 –1543), mais conhecido como


Nicolau Copérnico, mudou a cinemática dos movimentos, tomando o Sol
como origem, assim revolucionou a filosofia e a religião da época. Copérnico,
insatisfeito com os modelos complicados, porém precisos, imaginou que era
possível construir um sistema onde a Terra se move em torno do Sol. Tomando
este como referencial estático no seu tratado “Das revoluções dos Corpos
Celestes”, escreveu:
Imóvel, no entanto, no meio de tudo, está o Sol, pois nesse mais lindo
templo, quem poria este candeeiro em outro, ou melhor lugar do que
este, do qual ele pode iluminar tudo ao mesmo tempo? (...). (i)
A reação dos astrônomos da época era quase unânime de considerar a teoria
de Copérnico matematicamente genial, mas fisicamente absurda. A falta de
argumentos físicos a favor de sua teoria foi o maior obstáculo encontrado.
Copérnico não conseguir responder perguntas como:
- Por que os corpos insistem em cair para o centro da Terra e não para
o Sol, já que este é o centro do universo?
- Por que não somos atirados para fora da Terra, como ocorre num
carrossel em rotação?
- Por que uma pedra atirada para cima, volta às nossas mãos? (ii)
Era necessário mostrar que a Terra realmente se move. Então foi necessário
desenvolver uma nova Mecânica não aristotélica e estabelecer uma teoria da
gravidade para impor a teoria heliocêntrica como verdadeira. Isso veio a
acontecer somente com Galileu e, então, foi completada por Newton.
Galileu Galilei (1564 - 1642) foi o defensor da Teoria Heliocêntrica e foi
o primeiro cientista a observar o céu com uma luneta.

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Urano
Júpiter
NOTA:
1. As figuras deste capítulo não Vênus Marte Saturno
obedecem à escala real, mas da Mercúrio
forma como estão colocadas Terra Sol
facilitam a compreensão do aluno.
2. A partir de 2006, Plutão deixou
de ser considerado planeta.
Netuno
Plutão
Figura 12.3. Teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico
12.2. AS LEIS DE KEPLER
Kepler viveu numa época de grandes turbulências nos meios religiosos.
Crescia irreversivelmente o movimento protestante denominado Reforma por
parte de um grupo dissidente da igreja católica. A igreja católica reage com a
Contra-Reforma, reprimindo centros de saber dissidentes. Em 1598, Kepler
juntamente com outros professores protestantes são obrigados a sair de Graz.
Assim, vão trabalhar em Benatek, próximo de Praga, justamente com o maior
astrônomo da época, Ticho Brahé.
Brahé tinha os melhores instrumentos e os mais completos dados
astronômicos de todos os tempos e Kepler, por sua vez, era o homem
certo, para analisá-los com o método e a genialidade que ninguém mais
possuía. (iii)
A astronomia deu um salto quando Johannes Kepler fez a análise
matemática dos dados compilados por Tycho Brahe. Kepler encontrou certas
regularidades no movimento dos planetas.
Três das diversas conclusões tiveram uma importância maior para estudos
posteriores e, hoje, constituem as três Leis de Kepler.
TABELA I
Alguns dados sobre os planetas
Mercúrio Vênus Terra Marte Júpiter Saturno Urano Netuno *Plutão
Diâmetro
4,88 12,1 12,76 6,787 142,0 120,0 51,8 49,5 6,0
(km)103
Dist. até o
57,9 108,2 149,7 227,9 778,3 1.427 2.869,6 4.496,6 5.900
Sol
(km)×106
Período de 2,9 meses 7,3 1 ano 1,87 11,8 29,7 84 anos 165,9 247,6
translação meses anos anos anos anos anos
Período de 59 dias -249 23h 24 h 9h 10 h - 11 h 16 h 6 dias
rotação dias 56 min 37 min 50 min 14 min
4s 23 s 30 s
Rapidez
orbital 47,9 35 29,8 24,1 13,1 9,6 6,8 5,4 4,7
(km/h)
Gravidade
0,37 0,88 1 0,38 2,64 1,15 1,17 1,18 (?)
(9,8)
Massa 0,055 0,815 1 0,108 317,9 95,2 14,6 17,2 0,1

Obs:*A partir de 2006, Plutão não é mais considerado um planeta.

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12.2.1. 1ª LEI OU LEI DAS ÓRBITAS


“Todos os planetas do sistema solar executam trajetórias elípticas tendo
o Sol em um dos focos”.
Veja na figura 12.4. a representação gráfica desta lei. Observe na Planeta
tabela I que a rapidez com que um planeta se move em torno do Sol
depende da distância entre o planeta e o Sol. O planeta Mercúrio tem
rapidez maior do que qualquer outro planeta. A Terra tem maior
rapidez em relação a qualquer planeta mais afastado do Sol do que ela,
porém é mais lenta que Mercúrio e Vênus. Portanto, se a trajetória é
Sol
elíptica e o Sol está afastado do centro, significa que a distância do
planeta até o Sol modifica ao longo do seu percurso. Assim, a rapidez
de um planeta também sofre alterações: quando está mais próximo terá
maior rapidez; e quando estiver mais longe, a rapidez será menor. Figura 12.4. Lei das órbitas.

12.2.2. SEGUNDA LEI OU LEI DAS ÁREAS


Se os planetas descrevem órbitas elípticas ao redor do Sol, é lógico que
sofrem uma interferência maior quando se aproximam dele e, como
conseqüência, aumentam de velocidade. Confrontando esses dados, Kepler
deduziu a sua segunda lei.
“O segmento de reta que une o centro do Sol ao centro do planeta varre
áreas iguais”. Ou seja, a área varrida pelo raio vetor é proporcional ao tempo
gasto para varrê-las.
Como consequência, a velocidade de translação de um planeta é função
decrescente da distância do planeta ao Sol.
Isto nos leva a concluir que:
4
quanto menor for esta distância, maior será a rapidez
1
de translação do planeta. Portanto, a rapidez do planeta
entre as posições 1 e 2 é menor que entre as posições 3 e t1 A1 A2 t2
4. Sol
2
3
12.2.3. TERCEIRA LEI OU LEI DOS PERÍODOS
Figura 12.5. Lei das áreas.
A intuição de Kepler, de que deveria haver uma relação
íntima entre o tempo que os planetas levam para percorrer toda a órbita e a
distância média dos planetas ao Sol, levaram-no a deduzir a terceira lei:
“O quadrado dos períodos das órbitas dos planetas é proporcional ao
cubo do raio médio de suas órbitas”.
𝑻𝟐
𝑹𝟑
= 𝑲 (1)

12.3. LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL DE NEWTON


Assim como um ímã atrai um pedaço de ferro ou um objeto eletrizado pode
atrair outro objeto eletrizado, uma massa atrai outra massa através de uma
força que foi denominada força gravitacional. Na região que envolve um ímã
existe um campo magnético; em torno de uma carga elétrica existe campo
elétrico. Na região próxima a um planeta existe o que chamamos de campo
gravitacional.
A interação entre dois campos gera força à distância. A força de atração
gravitacional é responsável pela órbita da Lua em torno da Terra, dos planetas
em torno do Sol, da queda dos corpos próximos a um planeta.

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Assim, como o Sol atrai os planetas, eles atraem o Sol, os outros planetas
se atraem mutuamente, a Terra atrai a Lua e a Lua atrai a Terra.
A Terra, a Lua, o Sol e qualquer objeto celeste são redondos por causa da
gravitação. Toda coisa atrai qualquer outra coisa. Assim, a Terra atrai outros
objetos celestes e a si mesma, tanto quanto pode. Qualquer parte da sua
superfície está aproximadamente à mesma distância do seu centro, tornando-
a quase uma esfera.
As formas de galáxias distantes mostram evidências da validade e
aplicação da lei da gravitação universal de Newton.
Fazendo observações como estas, Newton conclui que:
“Dois corpos atraem-se mutuamente com forças que têm a mesma direção
(da reta que os une), sentidos opostos e cujas intensidades são diretamente
proporcionais ao produto de suas massas e inversamente proporcionais ao
quadrado da distância que os separa”.
A expressão matemática dessa lei é:
𝑀𝑚
𝐹=𝐺 (2)
𝑅²
onde G é a constante universal gravitacional que vale G=6,67x10-11 Nm2/kg2,
M e m são as massas dos planetas e R é a distância que separa os seus centros.

Fotos extraídas do seguinte endereço eletrônico: http://www.if.ufrgs.br/ast/index.html

Fig. 12.6. Aglomerados, galáxias, estrelas, sistemas planetários, planetas têm seus formatos
definidos pela autocontração gravitacional.

12.4. CAMPO GRAVITACIONAL


É uma região em torno de um planeta, estrela ou qualquer astro para onde
um objeto é atraído com direção radial e sentido indicando para o centro desta
região.
A intensidade do campo gravitacional é dada pela relação entre a força
gravitacional que atua sobre o objeto e sua massa:
𝐹⃗𝐺
𝑔⃗ = (3)
𝑚
 
onde g é a aceleração da gravidade; FG é a força gravitacional ou peso; m é
a massa do objeto.
A unidade da aceleração da gravidade é medida em m/s2, no SI.
Figura 12.7. Campo
O peso de um objeto é a própria força gravitacional, logo, P = m.g. gravitacional terrestre.
A intensidade do campo gravitacional de um planeta depende de sua massa
e de seu raio.
Considere um corpo de massa m próximo da superfície de um planeta:
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  M.m
FG  P ou G. ⃗⃗ ou 𝐺 𝑀𝑚 = 𝑚𝑔, simplificando, temos:
 m.g 𝐹⃗𝑔 = 𝑃
R2 𝑅²
𝐺𝑀
𝑔⃗ =
𝑅²
Portanto, a aceleração gravitacional de um corpo celeste é proporcional a
sua massa (M) e inversamente proporcional ao quadrado do seu raio (R).

12.4. VELOCIDADE ORBITAL


É a velocidade com que um corpo (satélite) deve ser lançado a partir da superfície da Terra para
que ele permaneça em órbita.
Na prática, os satélites são lançados com ajuda de foguetes. O foguete sobe, e quando atinge a
altura desejada da órbita, o satélite é desacoplado e permanece orbitando a Terra. Mas lembre-se, um
corpo lançado horizontalmente tende a cair sobre a superfície da Terra com um alcance que depende
da velocidade de lançamento. Ou seja, quando lançado com uma velocidade de módulo menor, seu
alcance será menor, e quando lançado com velocidade maior terá um alcance maior.
Porém, quando lançado de uma altura considerável acima da superfície terrestre, a queda é
compensada pela curvatura da Terra, e ele continua em órbita. Nestas condições, temos que a ação da
gravidade assume o papel de uma força centrípeta. Assim, podemos dizer que a força gravitacional é
equivalente a força centrípeta, e dessa forma podemos escrever que:
𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟í𝑝𝑒𝑡𝑎 = 𝐹𝐺𝑟𝑎𝑣𝑖𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
E substituindo suas respectivas equações, obtemos:
𝑣² 𝑀𝑚
𝑚=𝐺
𝑅 𝑅²
Onde m é a massa do satélite, M é a massa do planeta e R é o raio da trajetória do satélite em
relação ao centro da Terra. Simplificando m e isolando v, obtemos a equação da velocidade orbital:

𝐺𝑀
𝑣=√
𝑅
Quando se conhece o módulo da aceleração gravitacional na altura da órbita, podemos
considerar a força gravitacional como o peso do satélite. Assim, podemos escrever:
𝑣²
𝑚 = 𝑚𝑔𝑜𝑟𝑏𝑖𝑡𝑎
𝑅𝑜𝑟𝑏𝑖𝑡𝑎
Simplificando e isolando a velocidade, obtemos:
𝑣 = √𝑅𝑜𝑟𝑏 . 𝑔𝑜𝑟𝑏𝑖𝑡𝑎

12.5. VELOCIDADE DE ESCAPE


É a velocidade com que um corpo deve ser lançado verticalmente para cima para que consiga
escapar da ação gravitacional do planeta, atingindo uma distância considerada infinita em que a sua
velocidade é zero e assim não retorne para a superfície do planeta do qual foi lançado.
Sabendo que a energia potencial armazenada por um corpo que se afasta de um planeta e que a
aceleração da gravidade não é constante, é dada por:
𝑀𝑚
𝐸𝑝 = −𝐺
𝑅

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