Tutorial de Audio 1

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TUTORIAL 1

AUDIÇÃO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA

1 – Conhecer os fundamentos básicos da acústica e psicoacústica;

A Audiologia, é a ciência da audição e tem a sua base científica na Psicoacústica. Os testes


audiométricos, utilizados na Audiologia, com o intuito de medir a acuidade auditiva do
indivíduo, são chamados testes psicométricos ou psicoacústicos e só foram possíveis a partir
de estudos da Psicoacústica que, além de outros aspectos, determinaram a área de
sensibilidade do ouvido humano.

Sendo um ramo da Física, a Acústica pode ser definida como a ciência que se preocupa com
o estudo do som, tanto em sua produção e transmissão quanto na detecção. Usualmente, a
Acústica pode ser estudada segundo dois aspectos: Acústica Física, que trata das vibrações
e ondas mecânicas, e Acústica Fisiológica ou Psicoacústica, relacionada à sensação que o
som produz nos indivíduos (Russo, 1999).

Acústica

• Acústica é o estudo das ondas sonoras;

Características do som:

→ As ondas sonoras são longitudinais (não pode ser polarizado), mecânicas,


tridimensionais e com frentes de ondas esféricas.
→ A velocidade do som no ar é aproximadamente igual a 340 m/s.

IPC!!! O som não se transmite no vácuo, porque exigem matéria para vibrar

Som forte => maior amplitude => muita potência e energia.

Som fraco => menor amplitude => pouca potência e energia.

Nível sonoro

É o que escutamos.

𝛽 = 10 . Log 10 𝐼

𝐼𝑜
OU 10 𝛽 10 = 𝐼

𝐼𝑜

lo => intensidade do limiar da percepção auditiva (10- 12 W/m²)

OBS.: O limite superior (1 é chamado de limiar da sensação dolorosa.

l => intensidade do som (W/m²).

β => nível da intensidade ou nível sonoro em decibéis.

Fenômenos sonoros

→ Reflexão: As ondas sonoras, ao encontrar um obstáculo, retornam produzindo uma


série de ondas refletidas

A reflexão pode ocasionar o eco e a reverberação.

→ O ser humano só pode distinguir dois sons com intervalo de 0,1 s;


→ Se o tempo entre o primeiro e o segundo som escutado for igual ou maior que 0,1 s,
teremos eco.

Distância mínima para acontecer o eco:


Se o tempo entre o primeiro e o segundo som escutado for menor que 0,1 s, teremos
reverberação (reforço do som).

Obs.: Para diminuir a reverberação, é preciso aumentar a absorção, revestindo as paredes,


os tapetes, os móveis etc. com material apropriado (celotex).

Refração:

A refração do som acontece quando um som muda de direção de propagação, pelo fato de
passar de um meio material para outro (quando passa do ar para a água, por exemplo).

A refração deve-se sobretudo à diferença de constituição interna dos diferentes meios


materiais. É devido ao fenómeno da refração que é possível a um nadador ouvir debaixo de
água, sons produzidos nas bancadas de uma piscina.

Quando os sons são detectados debaixo de água, apresentam características diferentes


daquelas que apresentam no ar. A sua intensidade poderá ser diferente e a rapidez de
propagação da onda aumenta, o que provoca a alteração do seu comprimento de onda.

Difração:

É o fenômeno em que o som contorna os obstáculos, ou seja, as ondas sonoras sofrem


desvios nas extremidades dos obstáculos que encontram.

Interferência:

É o recebimento de dois ou mais sons de fontes diferentes.

Som forte => interferência construtiva

Som fraco => interferência destrutiva

Ressonância:

É o fenômeno em que um corpo começa a vibrar por influência de outro, que está vibrando
na mesma frequência natural. Frequência natural é a frequência que o corpo mais “gosta” de
vibrar para absorver energia. O sistema em ressonância passa a vibrar com amplitude
crescente, que tende ao maior valor possível.
Ex.1: O vidro de uma janela pode se quebrar, ao entrar em ressonância com as ondas sonoras
produzidas por um avião a jato.

PSICOACÚSTICA

Psicoacústica pode ser definida como o estudo fisiológico da audição. O propósito da


pesquisa psicoacústica é entender como se dá este processo auditivo, ou melhor,
como os sons chegam ao ouvido e são processados pelo ouvido e pelo cérebro de
modo a dar ao ouvinte informações úteis sobre o mundo à sua volta.

O seu crescimento como ciência permitiu o aprofundamento das técnicas


empregadas na avaliação e reabilitação auditiva. Alguns dos diversos ramos de
estudo desta ciência são: O mascaramento, a audição binaural, a localização de
fontes sonoras, a percepção de sons complexos e mecanismos perceptuais.

Hoje, por exemplo, a audiometria é realizada, na grande maioria das vezes, utilizando-
se uma adaptação do método dos limites, com procedimentos em escada, no qual a
apresentação dos estímulos acústicos é feita por um examinador, cabendo ao
indivíduo que está sendo avaliado, simplesmente, responder após cada
apresentação. Além disso, citando ainda o exemplo da audiometria, a forma como o
profissional aumenta ou diminui a intensidade nada mais é do que a técnica
ascendente e a técnica descendente, respectivamente, que compõem o referido
método psicofísico. A Psicoacústica refinou a avaliação auditiva, imprimindo maior
eficiência e rigor. Além disso, a apropriação do seu conhecimento é essencial para o
exercício da audiologia e o desenvolvimento de novas técnicas de avaliação e
reabilitação da audição.

➢ Sensibilidade auditiva

Uma vibração mecânica pode propagar-se no ambiente onde se encontra um ouvinte


normal e não ser percebida por ele. Várias poderiam ser as explicações para este
fato: a vibração mecânica poderia estar em uma frequência fora da faixa audível, a
intensidade poderia ser menor do que o mínimo necessário para mover a membrana
timpânica, o som poderia ser breve demais etc.

Assim, um evento acústico, ou um evento sonoro, nem sempre provoca uma


percepção auditiva. O sistema auditivo humano, porém, é capaz de perceber
variações de intensidade, frequência, fase e duração, com algumas particularidades
e um grau razoável de precisão.

A intensidade não é igualmente percebida pelo sistema auditivo, havendo maior ou


menor sensibilidade, a depender da frequência do estímulo. A fase, por outro lado,
assume importante papel na localização sonora, principalmente quando as
frequências do som são graves. Finalmente, a duração do estímulo afeta a percepção
da intensidade e da frequência, sobretudo quando esta duração é menor que meio
segundo.

A sensibilidade auditiva pode variar bastante, mesmo entre os indivíduos ouvintes,


uma vez que se admite, por exemplo, limiares auditivos normais até 20 dB NA. Desta
forma, uma pessoa poderia ter uma configuração audiométrica mais sensível para
graves, com limiares em torno de 0 dB NA, e menos sensível para agudos, com
limiares em torno de 20 dB NA (decibéis, Nível de Audição), ao passo que uma
outra pessoa poderia ter a sensibilidade justamente oposta.

Ainda assim, ambos seriam ouvintes normais, porém cada um ouviria o mundo a seu
jeito particular. Tudo isso sem contar com as experiências acústicas individuais,
relacionadas a cada estímulo diferente, o que faz um sujeito gostar de um barulho de
ar-condicionado para dormir e outro não conseguir dormir com este barulho, ou ainda,
uma pessoa gostar de música clássica e outra de funk.

Por fim quando se compara a sensibilidade auditiva humana, com a de outros


animais, observa se que o nosso sistema auditivo é um dos que percebem uma menor
faixa de frequência.

➢ Intensidade mínima audível

Sensibilidade, para o sistema auditivo, é a capacidade do órgão sensorial de detectar


um estímulo e quantificá-lo por meio da determinação do limiar de audibilidade ou do
limiar de detecção de mudanças. Assim, existem pelo menos dois tipos de
sensibilidade auditiva, a absoluta e a diferencial.

A intensidade sonora mais fraca capaz de ser escutada em uma determinada


frequência corresponde à sensibilidade auditiva absoluta.

A sensibilidade auditiva diferencial é a habilidade do sistema auditivo para detectar


diferenças ou mudanças na intensidade, frequência, fase ou qualquer outro parâmetro
físico do som.
O conceito de sensibilidade auditiva absoluta pode ser compreendido como a
intensidade na qual, acima dela, todos os estímulos são audíveis, e abaixo dela, todos
os estímulos são inaudíveis. As técnicas utilizadas na audiometria, entretanto, têm
como objetivo a determinação do limiar auditivo, o que não é exatamente a
sensibilidade auditiva absoluta, mas uma aproximação. O limiar auditivo é a
intensidade na qual um som é percebido em 50% das apresentações. Além disso, na
audiometria, existe uma margem de erro estabelecida pelos passos mínimos de
intensidade adotados, normalmente 5 dB, e pela precisão dos fones de ouvido, visto
que estes estão a certa distância da membrana timpânica.

A intensidade mínima audível, ou seja, a sensibilidade absoluta pode ser obtida por
meio de dois métodos principais. No primeiro deles, conhecido como pressão mínima
audível (PMA), a intensidade é medida em um ponto muito próximo à membrana
timpânica. Assim, o sujeito é testado com fones de ouvido e a pressão é monitorada.
Este método observa a pressão sonora no conduto auditivo externo, por meio
de uma sonda com um microfone que passa pelo fone de ouvido e aproximasse
da membrana timpânica. Como se pode imaginar, é uma técnica potencialmente
dolorosa e perigosa. No outro método, conhecido como campo mínimo audível
(CMA), o sujeito é testado com fones de ouvido e posteriormente o som é medido no
local, em campo livre, onde estava o centro da cabeça do sujeito.

A diferença fundamental entre os dois métodos é que no PMA a estimativa da


intensidade mínima audível é feita dentro de uma das orelhas, ou seja, é monaural.
No método CMA, esta estimativa é feita em campo livre, ou seja, é binaural. Assim,
os resultados obtidos, obviamente, são diferentes.

➢ Nível de audição

O nível de audição (NA) indica o quanto um limiar auditivo difere, em decibéis, do


limiar médio de ouvintes normais padronizado. Sua existência, a de se convir, facilitou
a comparação dos limiares entre as frequências. Primeiro, porque se os valores
fossem expressos em dB nível de pressão sonora (NPS), o audiologista teria que
saber quais eram os valores referenciais de cada tom puro. Isso, porém, não é
necessário, pois quando o profissional configura o exame para avaliar determinada
frequência em 0 dB NA, por exemplo, o aparelho apresentará no fone de ouvido do
sujeito em teste, automaticamente, o valor correspondente em dB nível de pressão
sonora referência equivalente (NPS-RE).

➢ Discriminação da intensidade

A banda dinâmica para a discriminação da intensidade é de cerca de 140 dB, pois a


maioria dos indivíduos tem a capacidade de escutar sons com intensidades que vão
desde 0 dB NPS (nível de pressão sonora) até 140 dB NPS (intensidade que causa
dor e resulta em dano para o sistema auditivo). Esta faixa de intensidade corresponde
a uma razão de pressão sonora de 10 milhões para 1, o que significa dizer que o som
mais intenso percebido é cerca de 10 milhões de vezes mais forte do que o som mais
fraco que ouvintes normais são capazes de perceber.
➢ Sonoridade

A sonoridade é a sensação subjetiva que mais se aproxima do parâmetro físico


intensidade do som. Em outras palavras, é o atributo da sensação auditiva pelo qual
os sons podem ser ordenados em uma escala que se estende desde o silêncio até o
muito forte.

A medida física do som, como a pressão sonora, o nível de pressão, ou a intensidade


do som, não pode ser confundida com a sensação subjetiva do mesmo. Isto porque
o aumento no parâmetro físico intensidade nem sempre representa um aumento na
percepção desta intensidade. Assim, um som pode existir no ambiente, ou ficar mais
forte, e não ser percebido.

➢ Discriminação da frequência

A discriminação das frequências, de uma maneira geral, acontece entre 20 e 20.000


Hz, apesar de, nos adultos, o limite superior dificilmente ultrapassar os 16.000 Hz. O
sistema auditivo responde razoavelmente bem entre 100 e 10.000 Hz, porém, a
melhor sensibilidade auditiva acontece para tons entre 2.000 e 5.000 Hz.

➢ Tonalidade

A tonalidade é a sensação subjetiva que mais se aproxima do parâmetro físico


frequência do som. Em outras palavras, é o atributo da sensação auditiva pelo qual
os sons podem ser ordenados em uma escala que se estende desde o grave até o
agudo. De maneira semelhante ao que ocorre na sonoridade, alterações no
parâmetro físico frequência nem sempre provocam alterações na tonalidade, como
foi descrito anteriormente.

➢ Timbre

Timbre é a qualidade característica ou a "cor" do som. É aquele atributo de um som pelo qual
um ouvinte pode julgar que dois sons de mesma potência e tom são de diferentes.

A diferença perceptível entre o Dó médio de um Clarinete e o Dó médio de um violino é o


Timbre. É um atributo complexo e pode ser definido como o tipo da forma de onda (uma onda
em forma de sino é uma onda pura).

Definições de Timbre são sempre muito vagas e alguns autores o definem como um "conjunto
multidimensional de tudo o que não é Tom ou Potência". O Timbre não pode ser reduzido a
uma propriedade acústica que automaticamente produza uma nota de Clarinete ou Violino.

➢ Tonalidade absoluta | Ouvido absoluto

Ouvido absoluto é a capacidade de perceber classes de tonalidade e mentalmente


categorizar os sons de acordo com elas. A classe da tonalidade é uma qualidade perceptual
presente em tons que compartilham uma relação de dobro de frequência, ou seja, de oitava.
Embora os limites das categorias de tonalidade variem entre as culturas humanas, o
reconhecimento das relações de oitava é uma característica natural do sistema auditivo de
mamíferos.
➢ Anamnese e limiar auditivo

O limiar auditivo, como explicado anteriormente, não corresponde à sensibilidade


auditiva absoluta, ou seja, não representa a intensidade sonora mais fraca capaz de
ser escutada.

O audiologista encontrará o limiar auditivo quando houver resposta para estímulos


sonoros em 50% das vezes que o mesmo foi apresentado, com passos determinados,
o que representa apenas uma aproximação da sensibilidade auditiva absoluta, como
descrito anteriormente.

Assim, é essencial a atenção do examinador durante o exame, além da realização de


uma anamnese específica e detalhada antes da condução do mesmo. Fatores
emocionais, estresse e algumas medicações, por exemplo, podem comprometer a
atenção do paciente durante a avaliação auditiva e distanciar demais o resultado
audiométrico da sensibilidade auditiva absoluta do indivíduo que está sendo avaliado.

➢ Mascaramento

Quando dois sons são percebidos ao mesmo tempo, um efeito denominado


“mascaramento” pode acontecer. O mascaramento é definido como a dificuldade
(total ou parcial) que um som provoca na percepção de outro. O som que provoca
essa dificuldade é chamado de “som mascarante” e o som cuja percepção é afetada
é chamado de “som mascarado”.

O conhecimento adquirido da Psicoacústica sobre o mascaramento é de fundamental


importância para a compreensão da audiogia em diversas aplicações, a exemplo do
mascaramento empregado em algumas técnicas de avaliação, como na audiometria.

A magnitude do efeito de mascaramento depende do espectro de frequência e da


intensidade dos sons envolvidos. De uma maneira geral, o efeito de mascaramento
acontece quando o espectro de frequência do som mascarado está contido no
espectro de frequência do som mascarante.

Em Psicoacústica, essa magnitude do efeito de mascaramento é medida através da


diferença entre o limiar audiométrico de um som, com e sem a presença do som
mascarante. Dessa forma, se pode quantificar o efeito de mascaramento para fins de
análise.

➢ Mascaramento não simultâneo |Mascaramento temporal

Trata-se de efeitos do “mascaramento não simultâneo”, quando o som mascarante e


o som mascarado não são percebidos simultaneamente. Esses efeitos podem ser
chamados de efeito de permanência do mascaramento (forward masking) e efeito
antecipado do mascaramento (backward masking).

O efeito de permanência do mascaramento é o prolongamento do mascaramento por


alguns milissegundos após o término da apresentação do som mascarante, ou seja,
sem a sua existência física. Esse efeito é observado ao se determinarem limiares
auditivos em intervalos de tempo após a cessação do ruído mascarante.

Percebe-se que os limiares vão diminuindo na medida em que o tempo passa. Uma
possível explicação para esse fenômeno é que quanto mais longe (em tempo) o som
utilizado na medição do limiar estiver do ruído mascarante, maiores são as chances
de recuperação das fibras neurais aferentes. Imediatamente após a estimulação do
som mascarante, as fibras neurais ainda podem não estar recuperadas para nova
“explosão” neural.

O outro fenômeno observado no mascaramento temporal é o efeito antecipado do


mascaramento. Nesse caso, percebesse que limiares auditivos mensurados em
alguns milissegundos que antecedem a apresentação do som mascarante também
sofrem o efeito do mascaramento.

Acredita-se que os sons apresentados em tempos diferentes de alguma forma


interajam na via auditiva aferente, e o som de intensidade mais forte (som
mascarante) consiga interferir em alguns processos neurais tardios do som
previamente enviado, de intensidade mais fraca (o som mascarado). O efeito
antecipado do mascaramento e o efeito de permanência de mascaramento variam de
acordo com aspectos relacionados aos ouvintes e às condições de teste (protocolos,
material).

➢ Percepção Sonora Espacial

A percepção de direção está ligada tanto à relação de fase do som ao chegar nos
ouvidos quanto à intensidade relativa do sinal que chega a cada um dos ouvidos.
Para sons de frequências mais altas (cujo comprimento de onda é pequeno), o ouvido
que está na faixa de sombra acústica (causada pela cabeça e orelha) recebe uma
intensidade relativamente menor, já que as ondas não podem dar a volta na cabeça.
Nas frequências médias, existe uma diferença de fase devida à diferença do tempo
de chagada do som em um ouvido em relação ao outro, o que combinado com a
diferença de intensidade proporciona uma localização aproximada do som. Para
frequências graves (cujo comprimento de onda é bem maior que o tamanho de uma
cabeça), a onda circunda o ouvido e a diferença de fase é mínima, o que dificulta a
percepção de direção.
A sensibilidade do ouvido é tão fina que podemos perceber a direção também no
plano vertical, onde diferenças de fase e intensidade são mínimas (exceto no plano
vertical de indiscriminação que corresponde à uma linha vertical exatamente à nossa
frente).
Pequenas movimentações da cabeça também ajudam na percepção de direção
sonora. Tudo isso, aliado à influência que a localização visual exerce sobre nossa
percepção, resulta na discriminação de direção das fontes sonoras que nos cercam.
➢ Análise do cenário auditivo
A análise do cenário auditivo (ACA) é o processo pelo qual o sistema auditivo humano
organiza os sons em elementos significativos do ponto de vista perceptual. Assim, por
exemplo, é possível ouvir o conjunto de uma orquestra tocando, ou focalizar a audição
em um instrumento específico. Esta capacidade varia muito entre as pessoas, porém,
possui algumas regras gerais, que foram descobertas pela escola da psicologia
Gestalt.
A percepção de dois sons complexos ouvidos simultaneamente é normalmente uma
tarefa simples, caso a frequência fundamental seja diferente entre eles. Estudos
sugerem que a identificação de dois sons distintos é melhor quando suas frequências
fundamentais diferem pelo menos 6%. Sabe-se, ainda, que essa diferenciação é
melhor quando um som se inicia antes do outro, sobretudo para diferenças superiores
a 30 ms. Porém, quando os dois ou mais sons possuem mesma frequência
fundamental, a exemplo dos sons produzidos por diferentes instrumentos em uma
orquestra, o mais importante fator de distinção é o timbre, ou seja, a análise do
espectro acústico de cada instrumento pelo sistema auditivo.
Métodos psicoacústicos
O estudo da percepção auditiva quase sempre envolve medidas, atribuições
numéricas que refletem o fenômeno a ser investigado. Quatro escalas de medida
podem ser utilizadas para a obtenção desta aproximação.
A escala nominal, que divide os grupos em categorias. Por exemplo, a variável sexo
divide em homens e mulheres, ou a variável audição divide em ouvintes normais e
ouvintes com perda auditiva.
A escala ordinal, na qual os grupos são separados por ordem de valor. A variável
altura, por exemplo, que pode ser dividida em alto, médio e baixo, ou a variável
audição, dividida em ouvintes normais, com perda de grau leve, moderado, severo e
profundo.
Enquanto a escala nominal permite apenas o cálculo da moda, ou seja, a
identificação do grupo que possui maior número de componentes, a escala ordinal
associa a medida a uma determinada classe, mas não quantifica a diferença numérica
entre elas.
A escala intervalar, por outro lado, ordena o valor em categorias e fixa a distância
entre eles. Esta escala, porém, não implica um zero referencial verdadeiro. A variável
temperatura, por exemplo, pode ser calculada em graus Celsius ou Fahrenheit. Nela
é permitida a utilização de quase todas as operações matemáticas.
Por fim, a escala de razão, em que não só é possível quantificar as diferenças entre
as medições, como também estão garantidas certas condições matemáticas
vantajosas, como um ponto de nulidade. Isto permite o cálculo do quociente de duas
medições, independentemente da unidade de medida. A unidade de medida do som,
o decibel, é um bom exemplo de uma escala de razão.
Definida a escala, os métodos utilizados para a investigação da maneira pela qual um
indivíduo percebe um determinado evento acústico podem ser estudados a partir da
psicofísica clássica, das técnicas adaptativas ou do dimensionamento direto.

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