Olhando para Cristo - J. C. Ryle
Olhando para Cristo - J. C. Ryle
Olhando para Cristo - J. C. Ryle
Quem entre nós poderia sentar e pensar nos dias que passaram
- os tempos de escola, os tempos de faculdade, dias da meia-idade, as
incontáveis coisas que não foram feitas, mas deveriam ter sido, e
outras feitas, mas que não deveriam ter sido feitas - quem, eu digo,
pode pensar nisso tudo sem vergonha, se de fato ele não volta da
análise com desgosto e terror, e se recusa a pensar nisso? Todos nós
precisamos de paz.
Onde está o homem em toda a Inglaterra, o melhor e mais santo
entre nós, seja velho ou novo, que não deve confessar, se estiver fa-
lando a verdade, que as suas melhores coisas estão agora cheias de
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3 Provável referência a um rio na divisa entre a Inglaterra e a Escócia: referência provável aos pres-
biterianos escoceses e os anglicanos ingleses, levando em conta a divisão história sinalizada por Ryle,
que começa na Reforma no Continente (Genebra, Zurique, Wittenberg,) e acaba se referindo aos Con-
formistas e Não-conformistas ingleses ( já nó seculo XVII)
Vamos nos guardar deste erro nesses últimos dias. Vamos culti-
var o hábito diário de “olhar para Jesus como o nosso padrão,” assim
como nossa salvação. Que nós não esqueçamos que um artífice vai te
dizer que ele consegue frequentemente aprender mais a partir de um
exemplo em cinco minutos, do que das melhores regras escritas em
E quem, mais uma vez, pode olhar em volta em seu círculo par-
ticular, seja ele pequeno ou grande, e não conseguir ver várias coisas
dolorosas e angustiantes; coisas que, como um observador em
descanso, pode apenas sentir profundamente, mas não pode con-
sertar? Pensa no crescimento da tristeza que vem da pobreza, da
doença, e da morte, - a partir de discussões sobre dinheiro, de incom-
patibilidade de temperamentos, de desentendimentos familiares, de
fracassos nos negócios, de desapontamentos com crianças, de sepa-
rações de famílias. Esqueletos escondidos existem em tantos lares!
Quantos corações machucados! Quantas tristezas conhecidas apenas
por Deus! Quantos Jacós no mundo, aborrecidos por seus filhos, e se
recusando a serem confortados! Quantos Absalões tirando a cabeça de
seus pais por conta de sua ingratidão e rebelião! Quantos Isaques e
Rebecas diariamente aflitos com filhos teimosos! Quantas viúvas de
Naim chorando! Onde está o cristão sério, que muitas vezes não aspi-
ra por um melhor estado das coisas, e se pergunta, “Até quando, oh,
Senhor, fiel e verdadeiro, até quando vamos ter que continuar choran-
do, e trabalhando, fechando as feridas, e bebendo copos amargos, e
educando, e dividindo, e enterrando, e ficando de luto? Quando che-
gará o fim?”
E este foi o quarto e último “olhar” para Jesus. Nós temos que
olhar habitualmente para a Sua segunda vinda, como a esperança da
Igreja e do mundo. Aquele que olhar para a cruz de Cristo é um ho-
mem sábio; aquele que olha para a intercessão e para o exemplo é
ainda mais sábio; mas aquele que vive olhando para todos os quatro
objetos - a morte, o sacerdócio, o exemplo, a segunda vinda de Jesus,
- é o mais sábio de todos.
E junto com uma religião sem Cristo, tenham cuidado com uma
religião na qual Cristo não é o primeiro, o líder, o chefe, o principal
objeto, - o verdadeiro Alpha no alfabeto de sua fé. Aquele que trabalha
com uma série de cálculos aritméticos, requerendo semanas e meses
de trabalho pesado, sabe muito bem que o seu trabalho será total-
mente em vão, e sua conclusão errada, se uma única figura estiver
errada em sua primeira linha. E aquele que não dá a Cristo Seu justo
lugar e serviço em sua religião, não pode se surpreender se nunca
souber nada sobre felicidade e paz em acreditar, e vai triste e descon-
solado no seu caminho para o céu, com toda “a viagem da vida mergu-
lhada na miséria”.