Guia de Condutas para o Residente Ingressante Hosp Prof DR Alipio Correa Netto

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Programa de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial

Normas e Rotinas para Residentes 2020

Prefeitura Municipal de São Paulo


Autarquia Hospitalar Municipal
Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto
Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
Programa de Residência em Cirurgia Bucomaxilofacial

Normas e Rotinas para Residentes

2020

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Programa de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
Normas e Rotinas para Residentes 2020

Sumário

Autores .................................................................................................. 5
Apresentação ......................................................................................... 7
Missão, visão e valores do programa de residência ................................ 9
O Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto ............................... 10
Informações gerais ........................................................................... 10
O Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial ................................................. 11
Responsabilidades e atribuições dos residentes ................................... 12
Horários ........................................................................................... 14
Preparo do Paciente para a cirurgia .................................................. 14
Rotina no centro cirúrgico ................................................................ 15
Materiais do CME ............................................................................. 16
Visitas .............................................................................................. 17
Divisão das responsabilidades entre os residentes ............................... 18
GUIA RÁPIDO PARA ROTINAS ............................................................... 21
CID MAIS UTILIZADOS ....................................................................... 21
EVOLUÇÕES...................................................................................... 22
EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS ............................................................. 23
Dieta ................................................................................................ 24
Hidratação ....................................................................................... 27

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Paciente com DM, diagnosticado durante a admissão ou com


hiperglicemia por estresse ................................................................ 30
Controle da hiperglicemia ................................................................ 32
Fármacos mais utilizados .................................................................. 35
Infecções odontogênicas .................................................................. 40
Critérios para admissão Hospitalar do paciente com infecção
odontogênica complexa ................................................................... 42
Avaliação contínua ........................................................................... 42
Critérios para determinação do sucesso da terapia e alta hospitalar . 43
Referências .......................................................................................... 44

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Normas e Rotinas para Residentes 2020

Autores

Dr Beneval José dos Santos Junior


Coordenador do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do
Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto
Mestre em Dor Orofacial e ATM
Fellowship em Cirurgia Ortognática AZ Monica Hospital – Bélgica
Residência em Cirurgia Bucomaxilofacial no Hospital Mario Gatti –
Campinas
Especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial pelo Colégio brasileiro de
Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial

Dr Caio Michel da Fonte


Cirurgião dentista. Residente no Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial do
Hosp. Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto

Dra Camila Soares Estevam


Cirurgiã dentista. Residente no Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial do
Hosp. Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto

Dr Lázaro S Caixeta Neto


Especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial pelo Colégio Brasileiro de
Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
Professor da disciplina de Cirurgia Bucomaxilofacial da Unicid
Coordenador do programa de residência em Cirurgia Bucomaxilofacial do
Hosp. Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto

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Programa de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
Normas e Rotinas para Residentes 2020

Dr Ricardo Rocha de Almeida


Cirurgião dentista. Residente no Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial do
Hosp. Municipal Dr. Alípio Correa Netto

Dra Thais Rodrigues de Lima


Cirurgiã dentista. Residente no Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial do
Hosp. Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto

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Programa de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
Normas e Rotinas para Residentes 2020

Apresentação

Bem-vindo(a), parabéns pela conquista, estamos felizes em ter você como


parte de nossa equipe!

O treinamento em cirurgia bucomaxilofacial realizado dentro de um


programa de residência é um privilégio concedido a poucos dentistas e
pode ser considerada uma atividade única e especial que combina a
aquisição de um enorme volume de conhecimento, o desenvolvimento de
habilidades técnicas e, acima de tudo, o domínio do julgamento clínico

O processo educacional associado ao programa de residência é muito


diferente do da graduação, e ocorre de várias maneiras: atendimento
clínico aos pacientes em pronto-socorro e ambulatório, treinamento no
centro cirúrgico e na sala de cirurgias ambulatoriais, visitas diárias aos
pacientes internados, seminários, preparo do paciente cirúrgico,
interpretação de exames laboratoriais e de imagem, documentação e
discussões. Atividades educacionais autodirigidas, incluindo estudo de
literatura científica relevante, exigirão muito tempo. Durante esta parte
da sua carreira, quando o tempo é talvez o seu bem mais precioso, é vital
que você procure atingir um equilíbrio em sua vida que lhe permita
progredir em direção a objetivos pessoais e profissionais.

Espera-se que todos os residentes busquem a aquisição de novos


conhecimentos da melhor maneira possível para apoiar o serviço, o corpo
de preceptores, auxiliares e seus colegas residentes na busca da
excelência no atendimento aos nossos pacientes.

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Normas e Rotinas para Residentes 2020

Estou certo de que o programa de residência em cirurgia bucomaxilofacial


do Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto permitirá que cada
pós-graduado se torne um profissional altamente competente dentro de
nossa especialidade.

Dr. Lázaro Caixeta


Coordenador do Programa de Residência

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Missão, visão e valores do programa de


residência

Missão: Proporcionar educação de pós-graduação de alta qualidade,


levando à especialização em cirurgia bucomaxilofacial e realizar isso em
um ambiente que forneça o suporte intelectual e emocional necessário
para a formação de especialistas qualificados.

Visão: Ser reconhecida como referência na formação de cirurgiões


bucomaxilofaciais no Brasil.

Valores: Nossa conduta deve refletir os mais altos padrões de ética,


através de uma relação de confiança, respeito e integridade, com todos
os envolvidos no programa.

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O Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Correa


Netto

Informações gerais

O início das atividades do Hospital ocorreu no dia 14/11/1990 e sua


efetiva inauguração no dia 09/12/1990. É uma unidade hospitalar
subordinada a Autarquia Hospitalar Municipal, que é vinculada à
Secretaria Municipal da Saúde do Município de São Paulo. Trata-se de
Hospital de referência terciária, com atuação marcante em trauma,
gestação de risco e psiquiatria e com vocação para ensino e pesquisa.
Aliado ao fato de ser um hospital de referência terciária, é um dos maiores
receptores do SAMU do município de São Paulo.

Conta com as seguintes especialidades: Cirurgia Bucomaxilofacial,


Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Ginecologia, Neurocirurgia, Neurologia,
Obstetrícia, Oftalmologia, Ortopedia (Trauma), Pediatria e Psiquiatria,
além de centro obstétrico, centro cirúrgico, UTI adulto, infantil e neonatal
além de serviço de radiologia, ressonância magnética, ultrassonografia
(Doppler Vascular), laboratório, banco de sangue, agência transfusional e
endoscopia adulto e Infantil.

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O Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial

Nosso departamento é coordenado pelo Dr. Beneval José dos Santos


Junior e o programa de residência em cirurgia bucomaxilofacial
coordenado pelo Dr. Lázaro Caixeta. A equipe conta ainda com dez
cirurgiões bucomaxilofaciais, três auxiliares e seis residentes que
atendem 24 horas todos os dias. A equipe atua em sala própria localizada
dentro do pronto socorro, na sala de choque, centro cirúrgico ou ainda na
sala para procedimentos ambulatoriais equipada com cadeira para
cirurgia oral, aspirador cirúrgico de alta potência, equipamento de raios
X, sensor digital e equipamento de laser terapêutico. São realizadas
consultas ambulatoriais assim como tratamentos cirúrgicos em todos os
seguimentos de nossa especialidade (Cirurgia oral, Patologia
Bucomaxilofacial, Traumatologia, ATM, Cirurgia reconstrutiva e
Deformidades Dentomaxilofacias/ Cirurgia Ortognática).

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Responsabilidades e atribuições dos


residentes

Sua aparência e conduta refletem sobre o hospital, nosso departamento


e sua profissão. Por favor, use o bom senso em seu vestuário, procure
trajar roupas adequadas e obrigatoriamente o avental com identificação
e crachá. Roupas privativas são apropriadas e aceitas desde que se utilize
identificação. Durante as reuniões científicas e aulas deverá ser usado o
avental com a identificação do hospital.

Empatia e gentileza são essenciais no cuidado dos pacientes, mas procure


manter sempre algum distanciamento e postura profissional, evitando
comentários inapropriados e conversas paralelas durante o atendimento.
É importante comunicar ao coordenador do serviço, coordenador da
residência ou plantonista qualquer forma de assédio ou comportamento
inapropriado por parte de pacientes e/ou familiares. Infelizmente
eventuais casos ainda são relatados principalmente por nossas
residentes.

É inadequado discutir o diagnóstico ou tratamento do paciente com


outras pessoas que não aquelas envolvidas no tratamento. Os registros
médicos são documentos confidenciais e as informações contidas neles
não podem ser compartilhadas com indivíduos não diretamente
envolvidos nos cuidados de um paciente sem o consentimento por
escrito.

Especial atenção a comentários, postagens e divulgação de fotografias de


pacientes ou exames de qualquer tipo em REDES SOCIAIS, OU QUALQUER

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Normas e Rotinas para Residentes 2020

OUTRA PLATAFORMA DIGITAL OU QUALQUER OUTRO MEIO a respeito de


tratamentos ou condições sem autorização por escrito. OS RESIDENTES
ESTÃO TERMINANTEMENTE PROIBIDOS DE DIVULGAR FOTOGRAFIAS OU
POSTAR COMENTÁRIOS SOBRE PACIENTES TRATADOS OU EM
TRATAMENTO sem autorização.

Espera-se cordialidade entre todos os membros de nossa equipe, e o


respeito é o que deve guiar todas as relações em qualquer situação e
direção dentro da hierarquia existente em nosso grupo de trabalho.
Respeite seus colegas de residência, preceptores e auxiliares, pois todos
temos funções e responsabilidades. Lembre-se que os residentes do
terceiro ano não são “chefes” dos do segundo ano e estes também não
são daqueles que entraram por último. Diferentemente disso os
residentes veteranos possuem mais experiência e conhecimento e devem
transmiti-los aos demais, principalmente através do exemplo.

“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a


única”
Albert Schweitzer

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Normas e Rotinas para Residentes 2020

Horários

O início de todos os plantões de residentes terá início sempre às 7:00 ou


às 19:00, seguindo a escala pré-definida, incluindo finais de semana e
feriados. É importante lembrar que esta orientação deverá ser
rigorosamente seguida do primeiro ao último dia de seu vínculo oficial
com o programa de residência.

Preparo do Paciente para a cirurgia

Os exames pré-operatórios deverão ser solicitados assim que


identificada a necessidade de cirurgia, mesmo que no primeiro
atendimento. O objetivo é assegurar que o paciente tenha a avaliação
pré-anestésica e o agendamento do procedimento o mais rápido possível.

O caso deve ser passado para os preceptores do dia cirúrgico com fotos
clínicas e dos exames de imagens. Desta maneira eventuais dúvidas serão
sanadas e discussões sobre o tratamento poderão ocorrer previamente.
Todos os pacientes fotografados devem ter o termo de esclarecimento e
consentimento para registro de imagens assinado.

O aviso cirúrgico das cirurgias eletivas deve ser enviado até as 12:00hrs
para o centro cirúrgico e diretoria de apoio e assinado por um dos
plantonistas.

As cirurgias devem estar agendadas no livro cirúrgico.

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Preencher os dados do diagnóstico, da cirurgia, evolução e eventuais


complicações em nossa “Ficha Trauma”, Ficha Infecção” ou “Ficha
Patologia”.

Rotina no centro cirúrgico

O R1 deverá estar no Centro Cirúrgico às 06:20 para conferência de


material, checar a tricotomia quando indicada, certificar-se de quo
paciente está em jejum, verificar se os exames e a avaliação pré-
operatória estão disponíveis, confeccionar o gorro e proteção ocular para
o paciente.

Todos os residentes escalados como “semana cirúrgica” deverão estar


presentes no centro cirúrgico as 7:00, ou no horário agendado e
registrado no aviso de cirurgia.

Checar medicações pertinentes durante a indução anestésica e repetições


de antimicrobianos durante a cirurgia quando necessário.

O residente R1 deverá, ao final do procedimento, fazer a descrição da


cirurgia em formulário próprio, prescrições pós-operatórias, solicitação
de exames de imagem quando indicados. O R2 que participou da cirurgia
deverá preencher os formulários de OPME quando utilizados ou
solicitação de anatomo patológico se necessário e apresentar ao
preceptor responsável.

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Materiais do CME

1. Os materiais para as cirurgias devem ser conferidos na noite


anterior ao procedimento;

2. As brocas, pontas colorado, canetas de alta rotação e peça reta


deverão sempre estar esterilizadas e dentro da validade. (Estes
são instrumentos delicados e imprescindíveis para as cirurgias e
devem ser manuseados com cuidado. É de responsabilidade do
R1 entregar estes limpos na CME, para que sejam processados de
maneira adequada).

3. As caixas com os instrumentais próprios da Bucomaxilofacial são:

Cx. Residentes
Cx. Afastadores
Cx. Aspiradores
Cx. Geral da buco
Cx. Cinzeis
Cx. Fórceps e alavancas
Cx. Nariz
Cx. Terço médio
Cx. Ortognática
Drill da buco

Materiais consignados:

Motor e drill.
Cx de placas e parafusos 1.5/2.0
Cx de placas e parafusos 2.4/2.7

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Visitas

As visitas devem acontecer uma vez ao dia e, determinadas condições


demandarão mais de uma (presença de drenos, curativos, maior
gravidade, etc.). O início da visita padrão será às 7:00, e a prescrição e
evolução deverão estar prontas e entregues a equipe de enfermagem até
as 10:00. A visita deve ser sempre acompanhada por um preceptor, e por
razões logísticas e diante do número de atividades que os integrantes da
equipe desempenham o preceptor poderá não estar disponível às 7:00 e
a visita com todos os membros da equipe poderá ser programada em
horário mais conveniente, segundo orientação do preceptor responsável.
Os residentes têm permissão para visitar o paciente internado, fazer
trocas de curativos, bloqueios maxilo-mandibulares entre outros
procedimentos, tomar informações para a evolução, porém não devem
tomar ou alterar condutas, fazer alterações na prescrição e solicitar
exames sem a orientação do preceptor. TODOS OS RESIDENTES QUE NÃO
ESTIVEREM EM ATIVIDADE NO CENTRO CIRÚRGICO DEVERÃO ESTAR
PRESENTES. A ALTA HOSPITALAR É DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO
PRECEPTOR.

IMPORTANTE:

O material utilizado nas visitas é de responsabilidade do R1, portanto


mantenha a bolsa da visita abastecida e carregue-a com você.

A troca de curativos deve ser feita PELO RESIDENTE, e não pela equipe
de enfermagem.

Se tiver dúvida, não tome nenhuma conduta, pergunte!

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Divisão das responsabilidades entre os


residentes

A divisão das atribuições é necessária para que todos conheçam e tenham


sua atenção dirigida às suas atividades. Devem ser respeitadas de forma
a evitar conflitos e para que se compartilhe de maneira eficiente a imensa
carga de responsabilidade.

Residente do primeiro ano (R1)


• Drenagem de abscesso odontogênico;
• Redução incruenta de fratura nasal;
• Redução de fratura de arco zigomático;
• Suturas de FCC;
• Biópsias;
• Patologias menores;
• Exodontias de terceiros molares e outros dentes retidos;
• Atendimento do Pronto Socorro;
• Curativos e manipulação de drenos durante as visitas;
• Organizar a agenda e programação cirúrgica semanal das
cirurgias sob sua responsabilidade;
• Quando um R1 está de férias o outro assume todas as funções:
visita, organização do CC e atendimentos no Pronto Socorro.
• O R1 cobrirá as férias dos demais quando isto se aplicar
(respeitando-se a carga horária)

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Residente do segundo ano (R2)


• Orientar e supervisionar os R1;
• Cirurgias de trauma – fraturas de zigomatico, maxila (Le fort I),
fraturas de mandíbula;
• Patologias médias;
• Supervisionar e organizar o ambulatório;
• Organizar a agenda e programação cirúrgica semanal das
cirurgias sob sua responsabilidade;
• Acessos: submandibular, intra oral, superciliar;
• Quando um R2 está de férias o outro assume todas as funções
deste.

Residente do último ano (R3)


• Orientar e supervisionar os R1 e R2;
• Cirurgias de traumas maiores - Pan facial, fraturas de côndilo,
fraturas Le fort II e Le fort III, fraturas de órbita;
• Cirurgias para correção das sequelas do trauma bucomaxilofacial;
• Cirurgias de ATM;
• Patologias maiores;
• Cirurgias ortognáticas;
• Acessos: subciliar, coronal, endaural, transparotideo,
retromandibular, pré auricular;
• Cirurgias de reconstrução;
• Organizar a agenda e programação cirúrgica semanal das
cirurgias sob sua responsabilidade;
• Quando um R3 está de férias o outro assume todas as funções
deste.

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IMPORTANTE: A documentação fotográfica e avaliação das condições de


saúde, exame físico e exames complementares pré-operatórios são de
responsabilidade final do residente responsável pela cirurgia. A
documentação fotográfica poderá ser feita por outro residente no
momento do retorno com a APA e agendamento da cirurgia eletiva.

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GUIA RÁPIDO PARA ROTINAS

Os tópicos abaixo não pretendem de maneira alguma esgotar qualquer


assunto nem tão pouco substituem textos relacionados, mas deverão
apenas servir como guia de consulta rápida das rotinas mais básicas. O
conteúdo aqui deve ser constantemente revisado e atualizado.

CID MAIS UTILIZADOS

K010 Dentes inclusos


K046 Abscesso periapical com fístula
K047 Abscesso periapical sem fístula
K072 Anomalias da relação entre as arcadas dentárias
K075 Anormalidades dentofaciais funcionais
K076 Transtornos da articulação temporomandibular
K090 Cistos odontogênicos de desenvolvimento
K091 Cistos de desenvolvimento (não-odontogênicos) da região bucal
K092 Outros cistos das mandíbulas
K103 Alveolite maxilar
K116 Mucocele de glândula salivar
K119 Doença de glândula salivar, sem outra especificação
K122 Celulite e abscesso da boca
S010 Ferimento do couro cabeludo
S011 Ferimento da pálpebra e da região periocular
S012 Ferimento do nariz

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S013 Ferimento do ouvido


S014 Ferimento da bochecha e região têmporo-mandibular
S015 Ferimento do lábio e da cavidade oral
S017 Ferimentos múltiplos da cabeça
S018 Ferimento na cabeça, de outras localizações
S019 Ferimento na cabeça, parte não especificada
S020 Fratura da abóbada do crânio
S021 Fratura da base do crânio
S022 Fratura dos ossos nasais
S023 Fratura do assoalho orbital
S024 Fratura dos ossos malares e maxilares
S025 Fratura de dentes
S026 Fratura de mandíbula
S027 Fraturas múltiplas envolvendo os ossos do crânio e da face
S028 Outras fraturas do crânio e dos ossos da face
S029 Fratura do crânio ou dos ossos da face, parte não especificada
S030 Luxação do maxilar
S031 Luxação da cartilagem do septo nasal
S032 Luxação dentária

EVOLUÇÕES

Nos registros das evoluções, dentro dos prontuários, procure sistematizar


os conteúdos destas. Uma maneira bastante eficiente será dividir as
anotações pelo método SOAP (sabão em inglês).

Subjetivo

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Objetivo

Avaliação

Planos

S é qualquer comentário feito pelo paciente (subjetivo), O é todo achado


objetivo feito pelo cirurgião, A é a avaliação feita pelo cirurgião sobre o
estado do paciente e P é a programação para cuidados futuros.

EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS

Os exames utilizados como padrão para a avaliação pré-anestésica pelo


serviço de anestesiologia estão colocados no quadro abaixo:

- RX PA de Toráx

- ECG

- Hemograma, Coagulograma, Na+ e K+, ureia e creatinina, glicemia e


urina I

- Hemoglobina glicada (A1C) para pacientes diabéticos ou em grupo de


risco

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Dieta

Padrões para prescrição de dieta para o paciente internado.

Dieta geral ou livre

Dieta normocalórica e normoproteica, equilibrada em macro e


micronutrientes. Atende todas as necessidades nutricionais do indivíduo.
Dieta servida aos indivíduos que estejam em condições de saúde não
influenciadas pela alimentação e que podem receber qualquer tipo de
alimento e preparações de acordo com a sua tolerância. Teor calórico
médio: entre 2200 e 2300 Kcal/dia.

Dieta leve

Os teores de energia, macro e micronutrientes variam de acordo com a


composição do cardápio. Porém, é uma dieta moderadamente baixa em
celulose e tecido conjuntivo e com poucos resíduos, esta pode ter
consistência normal, mas sem utilizar alimentos crus em forma sólida, a
exceção do mamão. Utilizada para facilitar o trabalho digestivo, em
determinadas situações clínicas e pós-operatórios como transição para
dieta normal ou em situações em que o indivíduo tem problemas de
dentição e mastigação. Teor calórico médio: entre 2200 e 2300 Kcal/dia.

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Dieta Pastosa

É uma dieta intermediária entre a branda e a líquida completa, onde os


teores de energia, macro e micronutrientes variam de acordo com a
composição do cardápio. A quantidade de fibra, tecido conjuntivo e
resíduo é menor, quando comparada à dieta branda. A consistência
pastosa é alcançada pela modificação de alimentos sólidos através de
cocção e ação mecânica (bem cozidos, amassados, moídos e desfiados).
A textura dos alimentos auxilia o processo digestório pela redução de
estímulos mecânicos no trato gastrointestinal. A composição nutricional
desta dieta pode ser alterada para se adequar às situações clínicas que
exigem restrições ou suplementação de nutrientes. Prescrita em
determinados preparos de exames e alguns pré e pós-operatórios ou
quando o indivíduo apresenta problemas de mastigação e/ou
deglutição. Teor calórico médio: entre 2000 e 2200 Kcal/dia.

Dieta líquida

É utilizada geralmente em curtos períodos de internação. Os teores de


energia, macro e micronutrientes também variam de acordo com a
composição do cardápio. A quantidade de fibra, tecido conjuntivo e
resíduo está mais reduzida que na dieta pastosa. Os alimentos são
líquidos ou cremosos, modificados pela cocção e/ou ação mecânica
(liquidificados) ou outras técnicas dietéticas (iogurte, sucos extraídos de
polpa de frutas, entre outros), de modo a facilitar ainda mais o processo
digestório. Sua composição nutricional, assim como na branda e pastosa,

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pode sofrer modificações para se adequar às situações clínicas que


exigem restrição ou suplementação de nutrientes. Entretanto, em função
da dificuldade em alcançar principalmente valores calóricos elevados, é
comum ocorrer a necessidade de suplementação. É utilizada para
indivíduos em situações clínicas que necessitam uma alimentação de fácil
ingestão, mastigação, deglutição e trabalho digestivo. Também está
indicada em determinados preparos de exames e alguns pré e pós-
operatórios. Teor calórico médio: 1700 Kcal/dia.

Dieta líquida restrita

É insuficiente em energia e em todos os nutrientes. É considerada sem


resíduos. É fracionada em pequenos volumes (de 50 a 150 ml por
horário), sendo constituída de líquidos claros. Utilizada para hidratação
no pós-operatório imediato e no preparo de certos exames. Teor
calórico médio: entre 200 e 250 calorias.

Dietas Especiais Mais Comuns


Dieta Hipossódica

Dieta para DM

Dieta Hiperproteica

Dieta Hipercalórica

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Hidratação

Fluido Osm. Na Cl
(mEq/L) (mEq/L)

Soro 278 0 0 É terapia para hidratação e não


glicosado para reposição volêmica, pois em
5% menos de 1 hora a maior parte já
extravasou do plasma para o
interstício (de 1000ml, menos de
100 ml ficam no plasma após 1
hora). Sua maior utilidade é o
paciente cirúrgico que não pode
ingerir líquidos via oral.

A solução a 5% contém 5 gramas de


glicose para cada 100 ml. Cada
grama de glicose equivale, em
média, a 4 kcal. Por isso, para
obtermos o mínimo de 400 kcal e
evitar cetose, são necessários 100g
de glicose, ou 2000ml de SG 5% ou
1000ml SG 10%.

Ringer 278 130 109 É um dos tipos de solução


Lactato balanceada, pois tem concentração
de íons mais próxima do plasma.

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Além de Na e Cl, contém K, lactato


e cálcio. O lactato é convertido em
bicarbonato e CO2, com risco baixo
mas real de alcalose metabólica.

O potássio apresenta baixa


concentração e na vida real
raramente é um problema clínico,
exceto no paciente que já tem
hiperpotassemia. O lactato também
só é problema se houver doença
que prejudique seu metabolismo,
como cirrose avançada.

Contraindicada administração
simultânea com bicarbonato ou
concentrado de hemácias, pelo
risco de precipitação com cálcio.

Ringer 309 147 155 Tem composição semelhante ao SF


Simples 0,9% e indicações /
contraindicações similares.

Soro 308 154 154 É a solução mais eficaz em


Fisiológico reposição volêmica rápida,
0,9% mantendo-se (após 1 hora no
plasma) 220 ml para cada 1000 ml
infundidos.

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Também é a escolha no paciente


com hipertensão intracraniana, a
fim de evitar hiponatremia.

O maior problema é a evolução


para hipercloremia e insuficiência
renal. Por isso, não deve ser
utilizada como hidratação de rotina,
mas apenas para reposições
volêmicas.

Hidratação basal (O paciente não pode ingerir via oral ou a ingestão é


insuficiente).

*Calcular o volume basal diário de líquidos (água) para o paciente, ou seja,


para o adulto jovem 35 ml/Kg, para o debilitado 30 ml/Kg, e no obeso ou
idoso 25 ml/Kg.
**Calcular o gotejamento para infusão do total de líquidos em 24 h. Como
regra prática: para cada 500 ml de líquidos acresce-se um valor de
gotejamento de 7 gts/min.
*** 1ml ≅ 20 gotas

Solução de escolha: SG 5% ou Ringer Lactato


Eletrólitos: Entram se não houver ingestão oral ou se houver deficiência
sérica.
Sódio: NaCl 20%. Cada ampola contém 10 ml e 2 g. Calcule 4 a 6
gramas/dia.

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Potássio: KCl. O mais comum no mercado é a solução a 10%, mas há ainda


disponível 19,8%. Na 10%, são 10 ml com 1 g. Calcule 4 gramas/dia.

Reposição Volêmica (há sinais de hipovolemia, com perdas por vômito,


diarreia, sangramento ou aumento terceiro espaço (sepse e resposta
inflamatória).

Paciente com DM, diagnosticado durante a admissão ou


com hiperglicemia por estresse

Razões para rastrear a glicemia de todos os pacientes admitidos com e


sem DM*
De 15% a 35% dos internados têm DM.

50% dos diabéticos desconhece o diagnóstico.

10% dos não diabéticos apresentam hiperglicemia.

O DM e a hiperglicemia influenciam o prognóstico.

A dosagem de glicemia é simples, rápida e barata.

O uso de insulina melhora os desfechos.

*modificado de Posicionamento Oficial SBD nº 03/2015 CONTROLE DA


GLICEMIA NO PACIENTE HOSPITALIZADO.

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Fatores de risco para DM e hiperglicemia de estresse*

Idade superior a 40 anos.

Antecedente familiar de DM.

Obesidade centrípeta.

Síndrome de ovários policísticos.

Uso de corticoides, antipsicóticos e antidepressivos.

Presença de infecção por HIV.

Hepatopatia ou etilismo.

Antecedente de DM gestacional.

Presença de acantose nigricans.

Sintomas sugestivos de hiperglicemia (poliúria, polifagia, redução de


peso etc.).

Presença de doença aguda (principalmente em emergências).

Cirurgia ou trauma recente.

*modificado de Posicionamento Oficial SBD nº 03/2015 CONTROLE DA


GLICEMIA NO PACIENTE HOSPITALIZADO.

O diagnóstico de DM deve ser investigado em todas as admissões. Entre


os diabéticos, deve-se identificar o tipo, o tratamento, o nível de controle
e a frequência da hipoglicemia. A glicemia deve ser dosada em todos os
pacientes hospitalizados, com ou sem DM, no momento da admissão e

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durante a ocorrência dos fatores de risco descritos no quadro acima. A


hemoglobina glicada (A1C) deve ser dosada em todos os diabéticos sem
exame recente disponível para avaliar o controle prévio (se esta não
estiver sido solicitada nos últimos 3 meses que antecederam a admissão).
Nos pacientes hiperglicêmicos sem DM prévio, níveis de A1C superiores a
6,5% permitem estabelecer o diagnóstico de DM. No entanto, perdas e
transfusões sanguíneas, hemoglobinopatias, insuficiência renal e uso
prolongado de corticoides reduzem a sensibilidade da A1C.

Controle da hiperglicemia

A critério do preceptor, a solicitação de interconsulta com a equipe de


Clínica Médica deverá ser sempre considerada, mas será de especial
importância no paciente com diagnóstico de DM, naquele refratário a
terapia ou com histórico de glicemia de difícil controle. Ao solicitar a
interconsulta, descrever o diagnóstico, todas as doenças, uso de
medicações, classificação e meta de controle glicêmico.
Respeitando as diretrizes aqui colocadas e a interação multidisciplinar
com a Clínica Médica poderemos utilizar a ferramenta digital
INSULINAPP® desenvolvida pela equipe de endocrinologia da FCMUSP. (A
prescrição sugerida deverá servir apenas como guia)*.
Até mesmo para os pacientes não críticos, a insulina é a droga de escolha
no controle da hiperglicemia, pois tem ação mais rápida, permite a
titulação de dose e pode ser usada em diferentes contextos. De modo
geral se recomenda considerar o início do uso de insulina nos pacientes
não críticos com glicemia acima de 140 mg/dL (jejum) ou acima de 180
mg/dL (coletas aleatórias).

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* Todos os residentes deverão ter o aplicativo instalado.

Perfil de gravidade e nutricional do paciente e a frequência de


monitorização
Dieta oral Glicemia pré prandial e antes de dormir

Jejum Glicemia a cada 4 ou 6 horas

Difícil controle Glicemia Pré prandial (no máximo 01 hora antes da


refeição)

Glicemia Pós prandial (2 horas após café, almoço e


jantar)

Dieta enteral Glicemia a cada 6 horas


contínua e NPT

Bomba de De hora em hora


insulina

Quando necessário seguir a seguinte escala de doses de correção de


hiperglicemia (em unidades, recomendados pela Endocrine Society):

Glicemia Sensível Usual Resistente


(mg/dL)

141 - 180 2 4 6

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181 - 220 4 6 8

221 - 260 6 8 10

261 - 300 8 10 12

301 - 350 10 10 12

351 - 400 12 14 16

>400 14 16 18

Pacientes sensíveis: idosos, com insuficiência renal e hepática; usuais:


diabéticos tipo 1 e tipo 2 com peso normal; resistentes à insulina:
obesos, que fazem uso de corticoide.

Sensibilidade e dose
Normossensíveis Diabético tipo 1 ou 2 co peso 0,4 UI/kg/dia
normal

Muito sensíveis >70 anos 0,3 UI/Kg/dia

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RFG<60ml/min

Insuficiência hepática

Resistentes Corticoide / obesos / 0,5 UI/kg/dia


glicemia>200mg/dl

Fármacos mais utilizados

Nas próximas páginas estão relacionados os fármacos mais utilizados em


nossa clínica.

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Infecções odontogênicas

É provável que as ocorrências mais comuns, depois dos traumatismos


maxilofaciais, com as quais você terá contato durante o programa de
residência serão aquelas relacionadas aos pacientes portadores de
infecções odontogênicas. Estes casos poderão ter apresentações tão
simples quanto um pequeno abscesso vestibular em um paciente jovem
e saudável quanto um quadro severo de celulite envolvendo múltiplos
espaços fasciais em um portador de graves comorbidades. Tais situações
serão sempre desafiadoras e merecerão atenção máxima.
Durante a anamnese e exame físico, é importante colher todas as
informações, sinais vitais e ter atenção aos sinais e sintomas relacionados
abaixo. Todos os dados devem ser registrados no prontuário e em nossa
“ficha infecção”.

Identificação
HPMA (incluindo tempo desde os sintomas iniciais, tratamentos
anteriores, etc)
Uso de Antibióticos (uso antes do primeiro atendimento)
História médica
Tabagismo
Alcoolismo
Uso de drogas
Odinofagia
Disfagia
Dispneia
Estridor
Distância inter incisal em mm (trismo)

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Edema cervical
Temperatura axilar
Frequência cardíaca
Frequência respiratória
PA
Saturação de O2

Na admissão do paciente com infecção odontogênica complexa deverão


ser solicitados os exames a seguir:

Hemograma completo
Coagulograma
PCR
VHS
Painel metabólico básico
Glicemia
Cálcio
Sódio
Potássio
Cloro
Uréia
Creatinina

Rx de face*
Rx PA tórax
TC face com contraste**
TC pescoço com contraste**

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*Solicitar radiografias da face para determinação e/ou confirmação do


foco.

**O exame de eleição para infecções maxilofaciais, principalmente para


espaços profundos é a tomografia computadorizada (TC) com contraste.

IMPORTANTE: Atenção para os testes de função renal, principalmente


naqueles portadores de DM;
Os pacientes que desenvolvem insuficiência renal e que estejam em uso
da droga cloridrato de metformina, anti-hiperglicemiante oral, podem
apresentar acidose metabólica (lática) severa, fatal em 50% dos
indivíduos, quando associado ao uso do contraste. Embora esta incidência
seja mínima (2 casos/1.000.000 pacientes/ano), deve-se ter cuidado com
a injeção endovenosa de contraste iodado.

Critérios para admissão Hospitalar do paciente com


infecção odontogênica complexa

De acordo com o julgamento clínico, os critérios para admissão hospitalar


são apontados por Peterson et al. (2004), Alotaibi et al. (2015), Ylijoki et
al (2001), e incluem:
Temperatura maior que 38.3°C; Desidratação; Envolvimento de vias
aéreas ou estruturas vitais; Envolvimento de espaços fasciais com especial
atenção para as infecções originadas na mandíbula e com acometimento
do espaço submandibular; Necessidade de anestesia geral; Necessidade
de controle de doenças sistêmicas; Leucocitose; Idade superior a 40 anos.

Avaliação contínua

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Pacientes com diagnóstico de infecção odontogênica complexa deverão


ser avaliados diariamente com rigor, principalmente nos casos mais
graves e os sinais vitais e resultados de provas laboratoriais anotados na
evolução. O resultado da cultura e testes de sensibilidade devem ser
avaliados assim que estiverem prontos. Exames laboratoriais deverão
ser repetidos diariamente conforme indicação, durante a internação
(solicitações feitas pela manhã) e resultados cobrados e checados. As
trocas de curativos deverão ser feitas diariamente pelos residentes do
primeiro ano (R1), conforme o débito de secreções evitando-se o
encharcamento. A remoção de drenos deverá ser feita assim que o débito
de secreção se encerre.

Critérios para determinação do sucesso da terapia e alta


hospitalar

Para Flynn et al. (2006) a drenagem e antibioticoterapia são consideradas


efetivas quando são observados, em um período de 48 horas, remissão
do edema, temperatura e contagem de leucócitos. Nos pacientes onde
essa melhora não ocorrer, uma nova TC deve ser realizada para verificar
se todos os espaços envolvidos foram adequadamente abordados.

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Referências

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Contemporânea. Elsevier, 5ed. 2009.
CAMPBELL, H. Oral & Maxillofacial Surgery Residency Training Manual.
University at Buffalo. 2016.

ALENCAR, M L A. Manual de Dietas. Módulo 1 Padronização de Dietas


para produção e distribuição de refeições. Hospital Universitário UFSC
Unidade de Nutrição Clínica

PIMAZOTI, A N. Controle da hiperglicemia no paciente hospitalizado.


Posicionamento Oficial da SBD 03/2015.

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Findings in Maxillofacial Infections."Journal of Oral and Maxillofacial
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- Head and Neck Surgery - 12/1994

MILORO M, Ghali G, Larsen P, Waite P, Peterson L. Peterson's principles


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Normas e Rotinas para Residentes 2020

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Diseases - 11/2015
YLIJOKI S, SUURONEN R, JOUSIMIES-SOMER H, MEURMAN J, LINDQVIST
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care due to severe odontogenic infections. Journal of Oral and
Maxillofacial Surgery - 08/2001
THOMAS FLYNN, RABIE SHANTI, MICHAEL LEVI, ARTHUR ADAMO,
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1: Prospective Report. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - 07/2006

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