Hebreus Fenã Cios e Persas

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Hebreus, fenícios e persas

A cultura dos hebreus, dos fenícios e dos persas desperta o interesse de diversos pesquisadores. Os hebreus, por
exemplo, desenvolveram o judaísmo, uma religião que tinha como um de seus fundamentos a existência de um Deus único.
Os fenícios foram hábeis marinheiros e contribuíram para a criação do alfabeto. Já os persas construíram um dos maiores
impérios do Mundo Antigo.

I. HEBREUS
O legado cultural monoteísta
Migração, perseguição, lutas e cativeiro fazem parte da história do povo hebreu. Mesmo sem construir um império
territorial e vivendo dispersos pelo mundo, os hebreus conseguiram preservar sua tradição cultural e transmitiram uma herança
a outros povos: o monoteísmo, isto é, a crença em um Deus único.
Para conhecer alguns aspectos da cultura desse povo semita, os pesquisadores utilizaram fontes variadas, como
vestígios arqueológicos e textos da Bíblia que, para os cristãos, correspondem aos textos do Antigo Testamento
Uma particularidade em relação à Bíblia é que esse livro combina narrativas históricas com mensagens éticas e
religiosas, e muitas de suas passagens ainda não encontraram confirmação nas pesquisas arqueológicas, gerando
questionamentos sobre a historicidade de alguns de seus trechos. Mesmo assim, os textos bíblicos constituem material de
trabalho do historiador e uma rica fonte de informação sobre os costumes, crenças e amplos aspectos da cultura do povo
hebreu.
Judaísmo
A religião é uma das bases da cultura hebraica. Enquanto os povos da Antiguidade eram politeístas, os hebreus
cultuavam apenas um deus (Iavé), ou seja, eram monoteístas.
Com base na crença no Deus único e supremo (criador do Universo, onipotente e onisciente), os hebreus constituíram
o judaísmo, cujos princípios fundamentais fazem parte do cristianismo e do islamismo. Assim, mais da metade da humanidade
(entre os quais 31 % cristãos e 23% muçulmanos, aproximadamente) convive hoje com esse legado ético e cultural dos hebreus.
Os judeus acreditam na vinda de um Messias, enviado por Deus para conduzir os seres humanos à salvação eterna.
Para os cristãos, esse Messias foi Jesus Cristo, a quem os judeus não aceitam como tal.
As principais formas de expressão literária dos hebreus encontram-se nos livros bíblicos do Antigo Testamento, que
eles chamam Torá. O estilo e as imagens poéticas dessas obras inspiraram grande parte da produção artística do Ocidente.
Semita: pertencente ao grupo étnico e linguístico que compreende hebreus e árabes, entre outros. Segundo o livro do Gênesis,
esses povos seriam linhagens distintas de um mesmo ascendente, de nome Sem, filho de Noé; daí a palavra semita. Costuma-se
usar a palavra mais frequentemente para se referir aos judeus.
Antigo Testamento: parte da Bíblia escrita antes do nascimento de Jesus Cristo.
Cristianismo: conjunto das religiões cristãs, isto é, baseadas nos ensinamentos, na pessoa e na vida de Jesus Cristo.
Islamismo: religião fundada por Maomé na primeira metade do século VII d.C, que tem Alá (designação de Deus para os
muçulmanos), como Deus único.

História política
A história política dos hebreus antigos pode ser dividida em três grandes períodos: governo dos patriarcas, governo
dos juízes e governo dos reis.
Governo dos patriarcas
Segundo a tradição, o povo hebreu tem sua origem no clã do patriarca Abraão, que nasceu em Ur, no sul da
Mesopotâmia, por volta do século XX a.C. Na época, a principal atividade econômica desse povo era a criação de gado.
Abraão migrou para Canaã, a noroeste da Mesopotâmia, e seus descendentes ali viveram até a terceira geração. Quando
uma grande seca gerou escassez de alimentos, Israel (neto de Abraão) e seus descendentes partiram rumo ao Egito, onde
permaneceram por aproximadamente 400 anos. Em grande parte desse período, os hebreus estiveram sob o domínio dos
faraós.
No século XIII a.C., conduzidos por Moisés, os hebreus saíram do Egito e voltaram para Canaã (posteriormente
chamada Palestina). Esse episódio ficou conhecido como Êxodo. De acordo com a tradição religiosa hebraica, na travessia do
deserto do Sinai, Moisés recebeu de Deus (lavé) as tábuas dos Dez Mandamentos, firmando-se assim uma "aliança" entre o
Deus único e supremo e os hebreus. Essa crença religiosa serviu para unificar ainda mais o povo hebreu.
Governo dos juízes
Em Canaã, os hebreus lutaram contra outros povos, como cananeus e filisteus. Essas lutas duraram quase dois séculos.
Nesse período, os hebreus foram governados por chefes políticos, militares e religiosos chamados juízes.
Embora os juízes adotassem uma postura enérgica em relação ao cumprimento dos costumes religiosos, eles não
criaram uma estrutura administrativa regular.
Ao longo de sua história, muitos hebreus passaram a trabalhar no comércio para garantir seu sustento. Essa atividade
econômica teve rápido desenvolvimento entre eles.
Governo dos reis
Durante as lutas contra povos que habitavam a região de Canaã, os hebreus centralizaram o poder em uma monarquia,
organizaram suas forças e enfrentaram seus adversários.
O primeiro rei hebreu foi Saul (cerca de 1050- -1010 a.C.), sucedido por Davi (1010-970 a.C.), que liderou a vitória
definitiva contra os filisteus. Com a reconquista do território, Jerusalém tornou-se a capital política e religiosa dos hebreus.
O terceiro rei foi Salomão, filho de Davi. Em seu governo (970-930 a.C.), Salomão concluiu a organização da
monarquia e investiu em importantes obras na cidade de Jerusalém: construiu ruas, palácios e o Templo de Jerusalém, dedicado
ao culto ao Deus único.
Após a morte de Salomão, a população se revoltou contra os elevados tributos que sustentavam a corte. Nesse
contexto, ocorreu uma divisão social. Constituíram-se, então, dois reinos:
• Reino de Israel (ao norte) - com capital em Samaria. Em 722 a.C., foi conquistado pelos assírios;
• Reino de Judá (ao sul) - com capital em Jerusalém. Em 587 a.C., foi conquistado pelos neobabilônios.
Os neobabilônios destruíram o Templo de Jerusalém e aprisionaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. O
cativeiro durou até 538 a.C., quando os persas conquistaram a Babilônia e permitiram que os hebreus voltassem para sua terra,
que foi incorporada como província ao Império Persa. Reconstruiu-se, então, o Templo de Jerusalém.
Embora livres do cativeiro, os hebreus perderam sua autonomia política. A região que habitavam tornou-se província,
sucessivamente, dos impérios persa, macedônio e romano. Houve ainda tentativas de luta do povo hebreu contra o domínio
romano, mas, em 70 d.C., o exército invasor reagiu fortemente, sufocando a rebelião e destruindo o segundo Templo de
Jerusalém.
A partir daí, os hebreus dispersaram-se pelo mundo. É a chamada diáspora hebraica. Espalhados em pequenas
comunidades, preservaram elementos básicos de sua cultura (língua e religião) e alguns objetivos comuns, como o retorno a
sua terra. Assim, mantiveram-se como nação, embora não constituíssem um Estado.
A criação do Estado de Israel
Foi apenas em 1948, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), que nasceu o Estado de Israel como o
conhecemos hoje em dia. Desde então, milhares de judeus (como os hebreus ficaram conhecidos) de todas as partes do mundo
têm migrado para lá.
A criação do Estado de Israel, no entanto, foi precedida e acompanhada de lutas para a expulsão do povo palestino,
que habitava a região. Desde então, foram os palestinos que passaram a lutar pelo retorno às suas terras e pela criação de um
Estado independente.

II. FENÍCIOS
Vivência marítima e comercial
Os fenícios eram um povo de origem semita - assim como os hebreus - que habitava a estreita planície entre o mar
Mediterrâneo e as montanhas do Líbano desde o III milênio a.C.
Segundo historiadores, foi a partir do século XV a.C. que se desenvolveram as primeiras sociedades fenícias marítimo-
mercantis. Os fenícios estabeleceram intensas relações comerciais com os povos vizinhos e tornaram-se os maiores
navegadores do Mundo Antigo.
Cidade e sociedade
A Fenícia era formada por cidades autônomas (cidades-estados), isto é, cidades que tinham governo próprio,
independente das demais, comandado geralmente por um rei que governava com o apoio dos grupos sociais poderosos, entre
os quais se destacavam os sacerdotes e os comerciantes. Na maioria das cidades fenícias (com destaque para Biblos, Sidon,
Tiro e Ugarit), a sociedade era composta de comerciantes marítimos, donos de oficinas de artesanato, negociantes de escravos,
funcionários do governo, sacerdotes, pequenos proprietários, trabalhadores livres (artesãos, pescadores, camponeses,
marinheiros), escravos domésticos e marinheiros pobres.
Eram frequentes as disputas político-econômicas pelos mercados entre os comerciantes fenícios, mas nenhuma cidade
era suficientemente poderosa para impor seu domínio às demais. Entretanto, de tempos em tempos, uma cidade destacava-se
no plano econômico e político. Foi o caso, por exemplo, da cidade de Tiro, de 1000 a.C. a 774 a.C., quando então a região da
Fenícia passou a ser dominada por diversos povos. Primeiro, foram os assírios; depois, os neobabilônios e os persas. Por fim,
em 332 a.C., foi conquistada pelos macedônios.
Navegação e comércio
O comércio marítimo era, como vimos, a principal atividade econômica dos fenícios. Assim, eles exportavam armas
de bronze e de ferro, joias de ouro e de prata, estátuas religiosas, vidros coloridos, tinturas para tecidos, entre outros produtos.
E importavam marfim, metais, perfumes, pedras preciosas, cavalos, cereais etc.
Os fenícios fundaram diversas colônias, em lugares como Chipre, Sicília, Sardenha, sul da Espanha e norte da África,
onde se destacou a colônia de Cartago. Essas colônias serviam de entreposto comercial.
Alfabeto fenício
Os fenícios desenvolveram uma das mais importantes formas de registro da comunicação humana: o alfabeto.
Com a expansão do comércio, passaram a necessitar de um meio mais prático que os auxiliasse nas transações
comerciais com outros povos. Assim, criaram, adaptaram e divulgaram a escrita alfabética. O alfabeto, porém, não surgiu de
repente, como uma invenção abrupta dos fenícios. Desde o início do II milênio a.C., houve na região algumas tentativas de
desenvolver sistemas alfabéticos.
O alfabeto fenício permitiu que a escrita se tornasse, aos poucos, um meio de comunicação acessível a um grupo cada
vez maior de pessoas: sacerdotes, estudiosos, funcionários etc. Composto de 22 sinais, foi posteriormente aperfeiçoado pelos
gregos. Do alfabeto fenício surgiram os alfabetos grego, latino, árabe, hebreu e indiano.

III. PERSAS
Um grande império no Oriente
Por volta de 1500 a.C., povos indo-europeus invadiram e conquistaram o planalto do Irã, situado a sudeste da
Mesopotâmia. Entre eles, destacaram-se os medos e os persas.
Ao final do século VII a.C., os medos já tinham um Estado organizado e dominavam os persas. Por volta de 550 a.C.,
comandados por Ciro, os persas venceram a dominação dos medos e promoveram a unificação dos dois povos, formando
Por meio de conquistas militares, Ciro e seus sucessores (Cambises e Dario I) expandiram os domínios do Império
Persa, que chegou a atingir uma extensão de cerca de 5 milhões de km2. Em 490 a.C., no entanto, ao tentar conquistar Atenas,
Dario I foi derrotado na Batalha de Maratona, que marcou o fim da expansão persa. Nova tentativa foi empreendida por
Xerxes, sucessor de Dario I, que também fracassou. O Império Persa começou a enfraquecer e, em 330 a.C., foi conquistado
pelos macedônios.
Administração do império
Durante o reinado de Dario I (521-485 a.C.), o Império Persa atingiu sua extensão máxima: do vale do rio Indo até o
Egito e o Mediterrâneo oriental.
Para cuidar dos territórios conquistados, desenvolveu-se uma complexa organização administrativa.
O império foi dividido em províncias, chamadas satrapias, e cada uma passou a ser governada por um administrador,
denominado sátrapa.
Prevenindo-se contra o excesso de autoridade dos sátrapas, Dario I criou um sistema de vigilância e controle
designando um general de sua confiança como chefe do exército de cada satrapia. Além disso, periodicamente enviava altos
funcionários a todas as províncias para fiscalizar os sátrapas.
Buscando manter a unidade dos territórios conquistados, habitados por diferentes povos, os persas aperfeiçoaram os
transportes e as comunicações. Construíram grandes estradas para ligar as principais cidades do império, destacando-se a
Estrada Real, entre Susa e Sardes, com cerca de 2600 km de extensão.
Comércio e cunhagem de moedas
A economia persa baseava-se na agricultura (centeio, trigo e cevada) e na criação de gado. Depois, com a expansão do
império, estimulou-se o artesanato e o comércio.
Para facilitar as trocas comerciais, Dario I mandou cunhar moedas de ouro (chamadas de daricos). Posteriormente,
permitiu-se a cunhagem de moedas de prata.
Zoroastrismo
Por volta do século VI a.C., Zoroastro (ou Zaratustra) fundou o zoroastrismo, religião cuja doutrina foi exposta no
livro Zend-Avesta.
Zoroastro pregava a existência de uma incessante luta entre Ormuz, deus do bem, e Arimã, deus do mal. Afirmava que
no dia do Juízo Final, quando todas as pessoas seriam julgadas por suas ações, Ormuz venceria definitivamente Arimã. Além
disso, valorizava o livre- arbítrio, isto é, cada pessoa era livre para escolher entre o caminho do bem e o do mal; conforme sua
escolha, a pessoa responderia pelas consequências no dia do Juízo Final.
O zoroastrismo, à sua maneira, contém alguns princípios religiosos e morais encontrados também no cristianismo, no
judaísmo e no islamismo, como as ideias de juízo final, ressurreição dos mortos, eternidade no céu ou no inferno.
Até o final do século XX, o zoroastrismo tinha, em todo o mundo, cerca de 200 mil adeptos, dos quais a maior parte
(60%) estava na índia, seguida por Irã, Estados Unidos e Paquistão.

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