Jesus

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JESUS

A VIDA
DE JESUS
JESUS
A VIDA
DE JESUS
TÍTULO Jesus

CATEGORIA Pequenos Grupos

PREPARADO POR Dr. Rogério Gusmão – Dir. Ministério de Saúde – DSA

EDITADO POR Área


Departamental de Evangelismo, Escola Sabatina e Ministério Pessoal da União
Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia.

EDIÇÃO E REVISÃO DE TEXTO Redação Publicadora SerVir

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Arte Publicadora SerVir

IMAGEM DA CAPA stock.adobe.com

1ª EDIÇÃO EM PORTUGAL

Reservados todos os direitos. Não é permitida a reprodução total ou parcial deste livro (texto, ima-
gens e maqueta) nem o seu tratamento informático, nem a transmissão de nenhuma forma ou por
qualquer meio, seja eletrónico, mecânico, por fotocópia, gravação ou outros meios, sem a autorização
prévia e por escrito dos titulares do Copyright.

ISBN 978-989-8799-84-5
ÍNDICE

1. O BATISMO DE JESUS. . .............................................................................................. 09


2. A TENTAÇÃO DE JESUS. . .............................................................................................11
3. A PRIMEIRA TENTAÇÃO. . ........................................................................................... 14
4. A SEGUNDA TENTAÇÃO. . ............................................................................................17
5. A TERCEIRA TENTAÇÃO.............................................................................................20
6. QUEM É JESUS?.........................................................................................................23
7. JESUS E O SÁBADO...................................................................................................26
8. MINISTÉRIO INCLUSIVO. . ..........................................................................................29
9. JESUS E A ORAÇÃO...................................................................................................32
10. A ORAÇÃO MODELO. . ................................................................................................34
11. A MISSÃO DE JESUS. . ................................................................................................ 37
12. JESUS, O GRANDE MESTRE.......................................................................................40
13. MOMENTOS FINAIS DE JESUS...................................................................................43
PROGRAMA
As quatro etapas de um Pequeno Grupo relacional:

CONFRATERNIZAÇÃO
Receção, colocar a conversa em dia e quebra-gelo.

ADORAÇÃO
Louvor, oração, meditação, testemunhos e estudo.

ESTUDO COMPARADO DA BÍBLIA


Ênfase na aplicação do texto à vida pessoal.

TESTEMUNHO
Planeamento evangelístico do grupo, oração intercessória,
duplas missionárias.

IDEAIS DO GRUPO
1. Nome do grupo:

2. O nosso lema:

3. A nossa oração:

4. Hino oficial:

5. A nossa bandeira:

6. O nosso texto bíblico:

6 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS


APRESENTAÇÃO
Os Pequenos Grupos são uma estrutura indispensável para o crescimento harmo-
nioso da Igreja. Fazer parte de uma comunidade relacional não é apenas um privi-
légio, mas uma necessidade para que os Cristãos vivenciem os valores do Reino. Os
PGs são essenciais para o pastoreio, o discipulado dos novos conversos, a formação
de líderes e o desenvolvimento dos dons espirituais.

Esta série de lições foi preparada para que cada participante dos Pequenos Grupos
desfrute de temas variados, por meio de uma linguagem relacional. O conteúdo
deste material pretende ajudar os membros da Igreja a crescerem em três áreas es-
senciais da vida de um discípulo: comunhão, relacionamento e missão.

O nosso desejo é que este material contribua para uma vida de alegria em Cristo,
promovendo profundas reflexões e também as mudanças necessárias para o verda-
deiro Discipulado.

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O BATISMO DE JESUS 1

QUEBRA-GELO
“E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a
orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como
pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.”
(Lucas 3:21 e 22.)

INTRODUÇÃO
O início do ministério público de Jesus foi marcado pelo Seu batismo.

Texto para estudo: Lucas 3:21 e 22.

DISCUSSÃO

I. CONHECENDO O TEXTO
Para João Batista, muitos dos fariseus não eram adequados para receber o batismo;
no caso de Jesus, era o batismo que não Lhe era adequado (Mateus 3:13-17). Por-
que foi Jesus batizado?
1. Para ser o nosso representante perfeito, o nosso substituto.
2. Para ser o nosso exemplo perfeito.
3. Para cumprir a profecia de Daniel 9, das 70 semanas de Daniel, que anunciou a
revelação de Jesus como o Messias prometido e o início do Seu ministério. “Este é
o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:16 e 17).
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II. INTERPRETANDO O TEXTO
Três importantes fatores se destacam com relação ao batismo de Jesus:
• A proclamação de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!” (João 1:29.)
• A unção de Jesus pelo Espírito Santo para a missão que Ele tinha pela frente.
• A proclamação celestial de que Jesus é o Filho de Deus, em Quem o Pai Se compraz.

III. APLICAÇÃO DO TEXTO


O batismo de Jesus:
• Não foi um batismo de arrependimento (Atos 2:38).
• O Seu batismo não pretendia ser apenas um exemplo para os outros. Pois, nele,
Jesus recebeu verdadeiramente, e de modo especial, o poder do Espírito Santo para
cumprir a Sua missão.

Discuta com o grupo: Como foi o seu batismo? O que mudou na sua vida?

Para pensar: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:16 e 17).
Esta frase pertence a todo o crente que é batizado.

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A TENTAÇÃO DE JESUS 2

QUEBRA-GELO
“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito,
no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles
dias, ao fim dos quais teve fome.” (Lucas 4:1 e 2.)

INTRODUÇÃO
O deserto na Bíblia é um lugar de encontro com Deus, de preparação para uma
missão importante dada por Ele. Abraão, antes de começar a sua jornada, passou
pelo deserto; Moisés passou pelo deserto; o povo de Israel, antes de entrar na terra
prometida, passou 40 anos no deserto; Paulo, antes de começar a sua missão de pre-
gar o Evangelho, passou pelo deserto da Arábia; e até a Igreja de Apocalipse 12 passa
1260 dias proféticos no deserto, antes de entrar na Nova Jerusalém. Com Jesus não
seria diferente; antes de começar a Sua missão, Ele enfrenta o diabo no deserto.

Texto para estudo: Lucas 4:1 e 2.


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I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo:
• Ninguém está livre de tentações.
• Quando Deus permite que as tentações nos sobrevenham, também provê graça
para as resistirmos e força para as vencermos.
• As tentações não vêm da mesma maneira todas as vezes.
• Ninguém é tentado além do que é capaz de suportar (I Coríntios 10:13).

II. INTERPRETANDO O TEXTO


Apesar das semelhanças, há diferenças gritantes entre a tentação de Cristo no de-
serto e a tentação no Éden:
1. Jesus estava faminto no deserto; Adão e Eva estavam fartos num belo jardim.
2. No jardim, o homem perfeito, num mundo perfeito, caiu. No deserto, o homem
perfeito, num mundo imperfeito, venceu.
3. Jesus estava só; no jardim, eles eram um casal e poderiam ter-se ajudado mutua-
mente.
4. Jesus era um ser humano na condição caída (afetado, não infetado pelo pecado),
mortal, sujeito a fraquezas; Adão e Eva eram perfeitos, sem as condições aviltantes
do pecado.
5. Jesus deveria reconquistar a Terra; Adão e Eva possuíam o poder sobre ela.
6. Jesus estava na condição mais degradada possível na Terra, ou seja, faminto e
fraco ao extremo, no limite da vida e da capacidade de raciocínio, tanto que, ao
afastar-se d’Ele Satanás, os anjos imediatamente vieram para O socorrer, ou Ele
morreria logo em seguida; Adão e Eva estavam na condição mais elevada possível
de uma criatura.

De facto, Adão foi derrotado no paraíso, enquanto Cristo foi vitorioso no deserto.

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III. APLICAÇÃO DO TEXTO
É interessante destacar que não foram só três as tentações no deserto. Estas foram
as últimas e decisivas, no 40º dia. Durante esse período, Lúcifer, em pessoa, tentava
Jesus feroz e continuamente.

Discuta com o grupo: Embora o fim do caminho fosse glorioso, como a voz do Céu
no batismo o atestou, Jesus não chegaria a ele sem passar pelo deserto da tentação.
Ele foi do Jordão para o deserto, das águas para a sequidão, mas, acima de tudo, da
tentação para a vitória.

Para pensar: O tentador ataca-nos sempre nos momentos de maior fraqueza. Tra-
balhar de mais, não se exercitar, comer de mais, ter uma dieta pobre, dormir mal
ou qualquer outra coisa que diminua a perceção intelectual e o controlo emocio-
nal, tendem a abrir o caminho para o maligno. Abrigar pensamentos de desânimo,
derrota ou ressentimento terá o mesmo efeito. “Satanás viu que, ou venceria, ou
seria vencido. Os resultados do conflito envolviam demasiado para ser confiado a
qualquer dos seus anjos. Ele próprio devia dirigir o conflito” (Ellen G. White, DTN,
p. 87, ed. PSerVir).

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A PRIMEIRA TENTAÇÃO 3

QUEBRA-GELO
“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E,
depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.” (Mateus 4:1 e 2.)

INTRODUÇÃO
As traduções bíblicas dão a impressão de que Jesus foi levado pelo Espírito Santo ao
deserto para que fosse tentado pelo diabo (Mateus 4:1; Luc. 4:1), contudo, essa não
é a única tradução possível. O verbo grego presente pode, de facto, expressar pro-
pósito, mas também pode expressar resultado. Por outras palavras, Jesus não foi ao
deserto para ser tentado pelo diabo, mas o facto de Ele estar ali resultou na tentação
apresentada (não importando qual tenha sido o propósito da Sua ida para aquele
local). Em conformidade com essa ideia, Ellen G. White disse: “Não convidou a
tentação. Foi para o deserto para estar sozinho, e poder meditar na Sua missão e
obra. Com jejum e oração devia fortalecer-Se para a sangrenta vereda que tinha de
percorrer” (DTN, p. 85, ed. P. SerVir).

Texto para estudo: Mateus 4:1 e 2.


14 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS
I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo:
1. O adversário tentou Jesus, isso indica que Ele poderia cair.
2. “No deserto da tentação, Satanás apareceu a Cristo como um anjo vindo das cor-
tes de Deus” (Review and Herald, 22/07/1909).
3. Não é porque a pessoa está cheia do Espírito que não será tentada, muito pelo
contrário.

II. INTERPRETANDO O TEXTO


A primeira tentação está relacionada com a condescendência com o apetite e a con-
cupiscência da carne: “Exatamente onde começara a ruína, deveria começar a obra
da nossa redenção” (Ellen G. White, DTN, p. 88, ed. P. SerVir).

A primeira tentação tem paralelos com o Êxodo:


1. Os Israelitas passaram pelas águas do Mar Vermelho; Jesus passou pelas águas do
batismo.
2. Os Israelitas entraram no deserto, onde não tinham pão; Jesus foi para o deserto,
onde não comeu nada.
3. Os Israelitas ficaram no deserto durante 40 anos; Jesus foi provado durante 40
dias.
4. Era legítimo Jesus satisfazer a Sua fome, mas Ele não podia usar meios ilegítimos
para isso. Deus tinha planeado que Jesus vivesse como o Homem deve viver e vencer
a tentação, exatamente onde Adão caíra, e nas condições ao alcance do Homem.

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III. APLICAÇÃO DO TEXTO
A tentação parecia razoável. Um homem “tem que comer”. Muitas pessoas sentem
que as necessidades pessoais as isentam da responsabilidade de obedecerem às leis
de Deus. A especialidade de Satanás é seduzir, fazendo o errado parecer certo. Mas,
até coisas boas, quando sugeridas pelo inimigo, devem ser rejeitadas. As grandes
tentações na vida estão relacionadas com fazer as coisas certas, mas na hora errada
e da maneira errada. Satanás usou a circunstância como isca. O ponto crucial da
tentação encontra-se na sua introdução: “Se és o Filho de Deus.” Apenas 40 dias
antes, a voz do Céu tinha atestado que Jesus era, de facto, o Filho de Deus; e então,
Jesus duvidaria da certeza dada pelo Céu? Duvidar da Palavra de Deus é o primeiro
passo para ceder à tentação.

Discuta com o grupo: Jesus foi tentado a agir independentemente do Pai. Abraão, no
seu caso com Agar, caiu nessa mesma tentação, e alguns dos resultados modernos
disso são o horror do estado islâmico, o desastre no World Trade Center, os massa-
cres de Saddam Hussein, os refugiados da Síria, porque tudo isso tem ligação com
os descendentes de Abraão e Agar. De entre os países mais difíceis de se pregar o
Evangelho no mundo destacam-se os que são descendentes de Ismael.

Para pensar: É pelo alimento que muitos de nós somos apanhados por Satanás.

16 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS


A SEGUNDA TENTAÇÃO 4

QUEBRA-GELO
“Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e
lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos
ordenará a teu respeito que te guardem; e: eles te susterão nas suas mãos, para não
tropeçares nalguma pedra.” (Mateus 4:5 e 6.)

INTRODUÇÃO
Jesus foi levado fisicamente ao telhado do templo, que era um lugar muito sagrado.
Havia uma tradição judaica que dizia que, quando o Messias viesse, Ele colocaria os
pés sobre o telhado do templo. Parecia que tudo fazia sentido; parecia que Satanás
estava a levar Jesus a cumprir a profecia. Agora, o diabo colocou na cabeça de Jesus:
“Tu não estás com vestes apropriadas para estar aqui; Tu ainda não és um Sumo-Sa-
cerdote; Tu não és da tribo de Levi, hoje não é o dia da expiação.” Ou seja:

1. Tu és a pessoa errada;
2. No lugar errado;
3. Da forma errada.

“Vou fazer uma sugestão, para que pares de profanar o santuário de Deus: ‘Se és o
Filho de Deus, atira-te abaixo’” (Mateus 4:6).

Texto para estudo: Mateus 4:5 e 6.


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I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo:
1. Satanás é versátil. Jesus venceu numa área; então o diabo mudou-se para outra.
Temos que estar sempre de guarda (I Pedro 5:8).
2. No batismo, Jesus ouvira que era Filho de Deus; porque duvidar!?
3. “...sabendo que O não podia lançar; pois Deus Se interporia para O livrar. Nem
poderia forçar Jesus a lançar-Se. A não ser que Cristo consentisse na tentação, não
poderia ser vencido. [...] O tentador nunca nos poderá obrigar a praticar o mal. Não
pode dominar as mentes, a não ser que se submetam ao seu domínio. A vontade tem
que consentir, a fé largar a sua segurança em Cristo, antes de Satanás poder exercer
o seu domínio sobre nós” (Ellen G. White, DTN, p. 95, ed. P. SerVir). A tentação
nunca é superior à força que Deus nos dá. O inimigo é limitado ao nosso arbítrio.
4. “Não devemos esperar que Deus nos resgate quando, sem necessidade, nos pre-
cipitamos para o perigo. A maturidade na fé levar-nos-á a viver em harmonia com
o que Deus já nos revelou e, então, a confiar n’Ele quanto ao restante” (SDABAC,
v. 5, p. 322).

II. INTERPRETANDO O TEXTO


“Porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: eles
te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra” (Mateus 4:6).

1. Jesus tinha replicado à tentação anterior dizendo que confiava em cada palavra
do Senhor. Aqui, Satanás está a dizer: “Bem, se confias tanto em Deus, então expe-
rimenta-O. Verifica o sistema e vê se Ele realmente cuidará de Ti.” E Satanás confir-
mou a tentação com um trecho das Escrituras.

2. “Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos
os teus caminhos” (Salmo 91:11). Satanás apresentou as palavras de Deus, mas
omitiu as palavras “em todos os teus caminhos”, isto é; em todos os caminhos da
escolha de Deus. Jesus recusou-Se a sair da vereda da obediência. Não forçaria o Pai
a vir em Seu socorro, deixando assim de nos dar um exemplo de confiança e sub-
missão. Jesus nunca operou um milagre em Seu próprio favor. As Suas maravilhosas
obras foram todas para o bem dos outros.

3. “E Satanás estava a incitar Cristo a ... pedir aquilo que Deus não tinha prometido”
(Ellen G. White, DTN, p. 96, ed. P. SerVir).

4. Nesta segunda tentação, sobressai o aspeto da presunção. A soberba da vida.

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III. APLICAÇÃO DO TEXTO
O diabo cometeu três enganos:
1. Não tomou todas as Escrituras.
2. Usou a passagem fora do contexto. O Salmo 91 conforta o homem que confia
e depende do Senhor. Ao homem que sente necessidade de testar o Senhor nada é
prometido aqui.
3. Usou uma passagem figurada, literalmente. No contexto, o ponto não era uma
proteção física, mas espiritual.

Discuta com o grupo: Como enfrentamos esta tentação hoje:


Quando somos tentados a expor-nos desnecessariamente em situações perigosas,
mesmo por uma causa justa; ou quando nos recusamos a seguir as recomendações
médicas; ou quando esperamos que Deus nos abençoe nos nossos estudos, mesmo
quando não nos esforçámos; ou quando oramos sem viver a oração; ou quando
esperamos que Deus resolva os nossos problemas quando Deus não prometeu re-
solvê-los todos.

Para pensar: “Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor,
teu Deus” (Mateus 4:7).

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A TERCEIRA TENTAÇÃO 5

QUEBRA-GELO
“Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do
mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.”
(Mateus 4:8 e 9.)

INTRODUÇÃO
No Antigo Testamento, o monte é o lugar da presença de Deus. Os Dez Manda-
mentos foram dados no monte. Elias venceu os profetas falsos no monte; Lúcifer
disse: “subirei ao monte” (Isaías 14); o Salmista diz: “elevo os olhos para o monte”
(Salmo 121); e do topo de uma montanha, Moisés viu a terra prometida, como ela
viria a ser.

Texto para estudo: Mateus 4:8 e 9.

I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo:
1. Nesta tentação, o diabo revelou-se, ele propôs o lado mais fácil. Coroa sem cruz.
2. A terceira tentação foi um desafio direto ao próprio Cristo, à Sua realeza e à Sua
missão suprema na Terra.
3. “Essa grande tentação compreendia o amor do mundo, a ambição do poder, a
soberba da vida e tudo o que possa afastar o Homem de adorar e servir Deus” (Ellen
G. White, VJ, p. 22).
4. O centro de toda a controvérsia é a adoração.
5. Satanás exibiu tudo no seu melhor aspeto. Ele mostrou as riquezas e o glamour,
não o crime, o sofrimento e a injustiça.
6. Da mesma forma que enganou Adão e Eva, para que desejassem tornar-se como
Deus, sendo que eles já possuíam a Sua imagem, Satanás fingiu que era Deus, que
era o dono exclusivo das nações do mundo.
7. A questão aqui não era tanto a de Jesus tornar-Se num rei (Deus já Lhe tinha
prometido isso no Salmo 2:7-9 e em Génesis 49:10), mas de como e quando.
O diabo ofereceu um atalho, mas a vontade de Deus não conhece atalhos.
8. É possível usar um meio errado e, no fim, conseguir fazer o bem?
9. Satanás daria mesmo o que prometeu? Ele merece confiança?
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II. INTERPRETANDO O TEXTO
Embora seja considerado o príncipe deste mundo, ele roubou a autoridade que Deus
dera a Adão para governar a Terra. Quem, na verdade, tem poder é Deus. O mun-
do não é de Satanás. Da mesma maneira, quando Satanás nos promete felicidade,
lembremo-nos de que ele não tem felicidade para nos oferecer. Atrás da melhor
publicidade de Satanás vem sempre uma SIDA, uma gravidez indesejada, casamentos
infelizes, morte prematura ou morte eterna.

Satanás paga o que for necessário. O diabo ofereceu tudo para “comprar” Jesus.
Se houver um preço pelo qual você venha a desobedecer a Deus, pode esperar que o
diabo virá pagá-lo. Quanto você vale? Receber adoração é uma prerrogativa exclusi-
va de Deus; esse é o único fator que separa para sempre a criatura do Criador. Uma
das questões na rebelião de Lúcifer contra Deus no Céu foi a adoração.

A última batalha entre o bem e o mal fora no Céu: Jesus, o Filho de Deus, contra
Lúcifer, o primeiro pecador, no deserto, frente a frente. Jesus, o Filho de Deus e
Filho do Homem, contra o diabo. Um encontrava-se ali por orgulho; o Outro, por
amor. O diabo jamais imaginara o Filho de Deus ali; afinal, os orgulhosos pensam
que todos são como eles. “O facto de o Criador de todos os mundos, o Árbitro de
todos os destinos, deixar a Sua glória e Se humilhar por amor do Homem, desper-
tará eternamente a admiração e a adoração do Universo” (Ellen G. White, GC, 541,
ed. P. SerVir). Aquele que o tinha vencido no Céu, que o tinha expulsado de lá, agora
estava em situação inferior ao próprio diabo. Aliás, Jesus encontrava-se em situação
inferior a todo o ser humano, miserável, faminto, à beira da morte. Seria muito fácil
dominar Jesus nessa situação. Viria a desforra da derrota anterior. “E Cristo não
devia exercer poder divino para o Seu próprio benefício”(Ellen G. White, DTN,
p. 90, ed. P. SerVir). Desta vez, afigurava-se uma vitória fácil para Satanás. Resultado:
o “Príncipe do Céu” defrontou-Se com o príncipe das trevas e ficou definitivamente
esclarecido que “ele nada tem em mim” (João 14:30). Adão foi derrotado no paraí-
so, Cristo foi vitorioso no deserto.

III. APLICANÇÃO DO TEXTO


Como enfrentamos esta tentação hoje:
Quando somos tentados a mudar a nossa lealdade para com alguma coisa ou alguém
no lugar de Deus, simplesmente, por motivo de prazer, honra ou posição no presen-
te. As ofertas de Satanás variam desde o prato de lentilhas, para Esaú, até ao trono
do Egito, para Moisés.

Discuta com o grupo: O deserto estava cheio da teologia da prosperidade: Pão em


abundância, glória do mundo e exigência da bênção de Deus.
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1. Nas três tentações, Jesus usou a Bíblia como defesa. Para cada tentação existe um
“assim diz o Senhor”. Não se enfrenta o inimigo com argumentação ou “achismo”,
mas com o “assim diz o Senhor”.
2. Na tentação, geralmente a Bíblia não está nas nossas mãos, mas deve estar no
nosso coração.
3. Por trás das derrotas em meio às tentações estão Bíblias fechadas e empoeiradas.
4. O inimigo conhecia a Palavra, mas Jesus vivia a Palavra. Jesus nunca cedeu a
uma tentação. Isto significa que Ele sentiu o gosto total de cada tentação de Sata-
nás. “Porque não temos sumo-sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem
pecado” (Hebreus 4:15).
5. “Se és o Filho de Deus [...] porque está escrito [...]” (Mateus 4:10). Nas duas
primeiras tentações, Jesus usou as Escrituras para vencer as provocações de Satanás.
Então, na terceira, Satanás fez o mesmo e citou as Escrituras, para testar se Jesus
realmente levava a Palavra de Deus a sério.

Para pensar: Jesus ordenou que Satanás se retirasse, e, se fizermos uma comparação
com uma antiga história bem conhecida, como José não podia fazer o mesmo que Je-
sus, retirou-se da cena onde havia uma potencial malignidade (Génesis 39:11 e 12).

Qualquer um de nós pode enfrentar a tentação de comprometer a fé, mesmo que


seja em “pequenas coisas”: se o seu emprego, a sua aprovação num exame na Uni-
versidade ou a sua promoção requererem transigência com respeito ao Sábado.

Satanás conhecia a Bíblia, mas torceu a sua interpretação. A sua tática foi levar Jesus
a colocar Deus à prova. Deus, de facto, prometeu proteção por parte dos Seus anjos,
mas somente dentro do contexto da execução da Sua vontade, como no caso de Daniel
e dos seus companheiros. Novamente, Jesus, usando as Escrituras, deu uma resposta
decisiva a Satanás, declarando que não nos compete pôr Deus à prova (v. 12). O nosso
dever é colocarmo-nos nas mãos de Deus e deixar que Ele faça o resto.

22 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS


QUEM É JESUS? 6

QUEBRA-GELO
“Quem dizem as multidões que sou eu? Responderam eles: João Batista, mas outros,
Elias; e ainda outros dizem que ressurgiu um dos antigos profetas. Mas vós, pergun-
tou ele, quem dizeis que eu sou? Então, falou Pedro e disse: És o Cristo de Deus.”
(Lucas 9:18.)

INTRODUÇÃO
Numa pesquisa feita no Shopping Brent Cross, em Londres, Inglaterra, e divulgada
pelo jornal Daily Mirror, mil jovens foram entrevistados. O questionário foi feito
com a pergunta: “Quem é Jesus Cristo?” As opções de resposta eram:

A) Jogador do Chelsea
B) Filho de Deus
C) Apresentador de TV
D) Candidato de um show de caloiros
E) Um astronauta

A primeira opção (Jogador do Chelsea) foi eleita por um em cada cinco entrevis-
tados.

Texto para estudo: Lucas 9:18-20.


JESUS | 23
I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo: No início do segundo século surgiram os Ebionitas, que di-
ziam que Jesus era um mero homem que recebera o Espírito de Cristo no Seu
batismo. Os Docetistas, na mesma época, negavam a humanidade de Jesus. Jesus
era um fantasma, cujo corpo físico era uma aparência. Depois, vieram os Arianos,
que negavam a eternidade de Jesus. Para eles, Jesus era um ser criado e, portanto,
subordinado ao Pai. Os Mórmons creem assim. No fim da Idade Média, surgiram
os Unitarianos, ensinando que Jesus era apenas um grande filósofo religioso, nem
o Messias nem Deus. Os Liberalistas diziam que Jesus era um vidente, um mártir.

II. INTERPRETANDO O TEXTO


Quem é, de facto, Jesus Cristo?
Títulos atribuídos a Jesus nas Escrituras: Profeta, Servo Sofredor, Sumo-Sacerdote,
Verbo, Senhor, Mestre, Filho de David, Cordeiro de Deus, Salvador, Lírio dos Vales,
Leão da Tribo de Judá, Filho de Deus, Filho do Homem e Cristo (Messias).

1. “Filho de Deus” (Lucas 1:31-35). A expressão “Filho de Deus” é usada para se


referir a Jesus em mais de 45 passagens do Novo Testamento; e João diz que os
Evangelhos foram escritos “para que [creiamos] que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, [tenhamos] vida em seu nome” (João 20:31).

2. “Filho do Homem” (Lucas 5:24; Luc. 6:5). O título “Filho do Homem” é pratica-
mente exclusivo dos Evangelhos. Aparece apenas quatro vezes fora deles (Atos 7:56;
Hebreus 2:6; Apocalipse 1:13; 14:14). “Filho do Homem” era a maneira favorita do
nosso Salvador Se referir a Si mesmo. Ninguém mais se dirigiu a Ele por esse título.
As únicas outras ocorrências do termo estão no discurso de Estêvão (Atos 7:56)
e em Apocalipse 1:13 e 14:14. O termo aparece mais de 80 vezes nos Evangelhos,
25 vezes em Lucas. O uso que Lucas faz do título mostra o profundo interesse do
autor pela humanidade de Jesus, como o Homem universal enviado por Deus para
proclamar as boas-novas da salvação.

3. “O Cristo de Deus” (Lucas 9:20). O Cristianismo nunca consiste em saber sobre


Jesus; consiste sempre em conhecer Jesus. Cristo exige sempre um veredito pessoal.
Ele não perguntou apenas a Pedro, mas pergunta a cada um de nós: “Tu – o que
pensas tu de Mim?”.

24 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS


III. APLICAÇÃO DO TEXTO
A pergunta direta de Cristo aos discípulos em Lucas 9:20: “Mas vós quem dizeis
que Eu sou?”, traz a questão para o âmbito pessoal. A resposta não será achada em
livros, em debates, na opinião alheia, nos documentários ou comentários. A resposta
sempre estará em nosso coração. E sempre será decisiva. As implicações de nossa
resposta só poderão ser medidas apropriadamente pela eternidade. Jesus é o Deus
encarnado, o amor encarnado. É tudo o que o Céu tinha a oferecer. É o infinito den-
tro do finito. É eternidade dentro do tempo. É a única esperança que a humanidade
tem para ter esperança. É aquele cujas definições nunca serão suficientes.

Discuta com o grupo: Você precisa se decidir. Ou esse homem era, e é, o Filho de
Deus, ou é um louco ou algo ainda pior. Você pode calá-Lo por Ele ser um louco,
você pode cuspir n’Ele e matá-Lo como um demônio ou ajoelhar-se perante Ele e
chamá-Lo de Senhor e Deus. Jesus causou três reações principais nas pessoas com
quem teve contato: ódio, terror ou adoração.

Para pensar: Em química, Ele converteu a água em vinho (João 2:1-11).


Em biologia, nasceu sem a conceção normal (Mateus 1:18-25).
Em física, desmentiu a lei da gravidade, quando andou sobre as águas e subiu aos
Céus (Marcos 6:49-51).
Em economia, Ele refutou a lei da matemática ao alimentar 5 000 pessoas com somente
cinco pães e dois peixes; e ainda fazer sobrar doze cestos cheios (Mateus 14:17-21).
Em medicina, curou os enfermos e os cegos sem administrar nenhuma dose de me-
dicamento (Mateus 9:19-22; João 9:1-15).
A história é contada antes DELE e depois DELE, Ele é o PRINCÍPIO e o FIM.
Ele foi chamado Maravilhoso, Conselheiro, Príncipe da Paz, Rei dos Reis e Senhor
dos Senhores (Isaías 9:6).
A Bíblia diz que ninguém vem ao Pai senão por Ele; Ele é o único caminho (João 14:6).
Então... Quem é Ele?

JESUS | 25
JESUS E O SÁBADO 7

QUEBRA-GELO
“Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o
seu costume, e levantou-se para ler.” (Lucas 4:16.)

INTRODUÇÃO
Há quatro posições adotadas quanto à guarda do Sábado:

1. Os que creem na sua vigência, mas o interpretam como sendo o primeiro dia da
semana, por causa da ressurreição (Católicos).
2. Os que creem que ele era apenas para os Judeus (Luteranos).
3. Os que creem que a Encarnação de Jesus foi a realização final do sábado bíblico;
nisso, o Sábado alcançou o seu cumprimento e já não precisa de ser obedecido pelos
Cristãos (Pentecostais e Neopentecostais).
4. Os que defendem a sua perpetuidade (Adventistas).

Texto para estudo: Lucas 4:16.

26 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS


I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo: Entre as polémicas causadas pelos fariseus e doutores da lei
em relação ao Sábado, nunca foi levantada qualquer questão relacionada com a
mudança do dia de adoração, mas sempre foi discutida a forma de santificar esse
dia. Nos tempos de JESUS, Ele repreendeu o desvio do fanatismo; hoje, o desvio em
geral é na direção do liberalismo.

A guarda do Sábado envolve dois aspetos importantes:


1. Abstenção do trabalho.
2. Comunhão com Deus.

Descanso sem comunhão pode trazer apenas benefício físico e não espiritual. Por
outro lado, a comunhão sem descanso físico também não é completa.

Com relação à atitude correta neste dia, basta uma pergunta simples: levando em
conta o que pretendo realizar, quem será beneficiado?

II. INTERPRETANDO O TEXTO


Se o Sábado fosse apenas uma tradição judaica ultrapassada, Cristo tê-lo-ia assim
indicado, como fez com outras tradições (Marcos 7:3-13). Já que Jesus tinha o
costume de ir à igreja todos os sábados, porque não aproveitou esse costume para
dizer que qualquer dia serve para adoração? Paulo também teve essa oportunidade
e nunca o fez. O facto é que estamos a falar de uma ordem dada na Criação, um
mandamento da Lei de Deus, e, para mudar isso, não deveria haver pelo menos um
texto na Bíblia a dizer que, a partir de então, se poderia guardar qualquer outro dia?

A única certeza que temos é que em parte alguma da Bíblia encontramos um man-
damento ou verso que nos ordene guardar outro dia exceto o Sábado, o sétimo dia
da semana.

Na controvérsia com os fariseus, em Lucas 6:1-5, ao afirmar que o “Filho do homem


é Senhor até do sábado” (6:5), Jesus elevou a questão a um patamar inacessível aos
fariseus. Ele era Deus, o Criador do Sábado, e somente Ele poderia, com perfeição,
definir o verdadeiro caráter desse dia.

JESUS | 27
III. APLICAÇÃO DO TEXTO
O Sábado nos lembra:
1. Que “há um reino de tempo onde o objetivo não é ter, mas ser; não possuir, mas
dar; não controlar, mas partilhar; não subjugar, mas estar de acordo.
2. Que nós podemos dominar e controlar coisas, mas não podemos controlar o
tempo. O Sábado é o tempo que Deus escolheu para nos relacionarmos com Ele.
O elemento mais importante no relacionamento é o tempo passado junto.
3. Sem o Sábado tudo seria labor e suor. Hoje, sacrificamos o tempo para ter as
coisas. Deveríamos sacrificar as coisas para ter mais tempo.
4. Que nós temos uma origem divina, fomos criados à imagem e à semelhança do
próprio Deus (Génesis 1:27).
5. Que somos salvos pela graça. Quando deixo de trabalhar no Sábado, grito que
Deus me sustenta. Isso é graça. Ao repousar na presença do Criador, essencialmente
estamos a afirmar que a nossa vida depende d’Ele. O mundo valoriza o que você faz,
o Sábado é um convite a celebrar o que Deus fez por nós.
6. Não menos graves do que os males físicos e emocionais da correria insana dos
nossos dias são as devastadoras consequências de famílias que se desintegram pela
crise dos relacionamentos. Assim, o Sábado não é um simples dia de folga, mas for-
talece o nosso relacionamento com Deus e com o próximo.
7. Que não somos nós que guardamos o Sábado, mas o Sábado é que nos guarda das
insanidades humanas, do consumismo selvagem e do isolamento emocional em que
vive atualmente a maioria das pessoas.

Discuta com o grupo: Lucas escreveu o seu livro para os Gentios, isto é, para povos
não-judeus. Se o Sábado devesse ser mudado para o domingo, ou, se o Sábado era
somente para os Judeus e o domingo para os outros povos, então, Lucas não po-
deria referir-se tantas vezes a esse dia como dia sagrado. Certamente ele já deveria
apresentar o domingo nos seus escritos. É significativo que o único autor não-judeu
de um Evangelho seja o que mais menciona o tema do Sábado nos Evangelhos.
O Evangelho de Lucas é o mais universal de todos no sentido de buscar apresentar
o Cristo que não veio apenas para os Judeus.

Para pensar: Se o Sábado foi feito para o Homem e se ele foi feito por causa do
Homem, vai durar enquanto o homem durar. Por isso, a Bíblia afirma: “E será que,
desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne a
adorar perante mim, diz o Senhor” (Isaías 66:23).

28 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS


MINISTÉRIO 8
INCLUSIVO

QUEBRA-GELO
“E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa
do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento.” (Lucas 7:37.)

INTRODUÇÃO
A primeira aprendizagem de todo o HOMEM, normalmente, é com uma MULHER.

No primeiro século, uma das orações dos Judeus era: “Bendito és Tu, o Senhor nosso
Deus, Rei do Universo, que não me fizeste um Gentio. Bendito és Tu, o Senhor nos-
so Deus, Rei do Universo, que não me fizeste um escravo. Bendito és Tu, o Senhor
nosso Deus, Rei do Universo, que não me fizeste uma mulher.” Naqueles tempos,
uma mulher solteira devia obediência ao pai; casada, ao marido; e, viúva, ao filho
mais velho.

A vida de uma mulher estava sempre condicionada a um homem, a sociedade era


patriarcal e, de certo modo, machista. Na cultura romana, um homem frequente-
mente tinha uma esposa apenas para produzir filhos legítimos que herdassem a sua
propriedade, e possuía concubinas para seu próprio prazer pecaminoso. Na cultura
grega, o propósito das mulheres era simplesmente “produzir filhos saudáveis e ser
instrumentos de prazer”. Na Palestina, certos rabis chegaram a extremos, declarando
“que os ensinos da Torá [lei] sejam queimados, mas que não sejam manuseados por
mulheres” (y. Sota 3:4). Os Judeus mais ortodoxos de Jerusalém ou de Alexandria
mantinham as suas esposas sequestradas no lar. As raparigas deviam evitar até os
homens da sua própria família.

Texto para estudo: Lucas 7:37.


JESUS | 29
I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo: A maioria dos grandes personagens da narrativa bíblica e
da proclamação profética são homens, contudo, nenhum outro texto religioso do
mundo fez tanto como a Palavra de Deus para libertar as mulheres e proclamar a
sua dignidade; vemos isso nos relatos de: Sara, Miriam, Rute, Noemi, Ester, Débora,
Maria, Ana, Safira, Priscila, Drusila, Berenice, Tabita, Rode, Lídia, e tantas outras.
Temos um Evangelho, também chamado “O Evangelho das Mulheres” – Lucas.

No sepultamento de Jesus, as mulheres “que tinham vindo com ele da Galileia”


(Lucas 23:54-56) estavam envolvidas na preparação do corpo de Cristo.

II. INTERPRETANDO O TEXTO


Dos quinze milagres de cura registados por Jesus, cinco tocaram a vida de mulheres
(Lucas 4:38 e 39; 7:11-17; 8:41-48, 49-56; 13:10-17). 37,5% das pessoas citadas
no seu Evangelho são mulheres.

• Isabel (Lucas 1:39-45). Mãe de João Batista, uma mulher de fé. Último testemu-
nho, na Bíblia, de uma mulher estéril.
• Maria (Lucas 1:28). Mãe de Jesus. A primeira anunciadora da missão do Messias.
• Ana (Lucas 2:36). Nem a idade nem o sexo nem o status podem obscurecer ou
apagar a grande esperança do Salvador vindouro.
• A Viúva de Naim (Lucas 7:7-17). A todas as mulheres sofredoras, como aquela
viúva anónima, Jesus diz: “Não chores.” Ele tem mais do que compaixão; Ele tem
poder para dar fim ao sofrimento. E assim o fará.
• Filha de Jairo e a mulher com uma hemorragia (Lucas 8:40-48). Jairo tinha uma
filha de doze anos enferma; a mulher com uma hemorragia sofria há doze anos.
Jesus chamou à mulher com hemorragia: “filha” – única vez em que Jesus chama
filha a alguém nas Escrituras; qual foi a mensagem para Jairo? “Eu sei o que estás a
passar, também tenho filhos.”
• Mulher pecadora (Lucas 7:36-50). Simão recebeu Jesus em sua casa; esta mulher
recebeu-O no seu coração. Ellen G. White confirma que foi realmente Maria Ma-
dalena que ungiu Jesus com perfume no banquete na casa de Simão (DTN, p. 474,
ed. P. SerVir). Somos informados pela mesma autora de que Maria Madalena era a
irmã de Marta e Lázaro (ibid., p. 474 e 475, ed. P. SerVir), e de que ela fora indu-
zida “ao pecado” pelo próprio Simão (ibid., p. 480, ed. P. SerVir).
• Marta e Maria (Lucas 10:38-42). “A causa de Cristo necessita de obreiros cuida-
dosos e enérgicos. Existe um vasto campo para as Martas, com o seu zelo no serviço
religioso ativo. Mas elas precisam de sentar-se primeiro com Maria aos pés de Jesus”
(Ellen G. White, DTN, p. 446, ed. P. SerVir).
30 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS
• Viúva (Lucas 18:1-8). Deus não é como o juiz humano da viúva; Ele está atento,
mas quer que aprendamos a ser perseverantes e que lutemos. Por isso, muitas vezes
só atende no último instante, como foi o caso de Daniel e dos seus companheiros.
• Viúva pobre (Lucas 21:1-4). Esta mulher conhecia o poder provedor de Deus.
Naquele tempo não havia Previdência Social, mas sempre houve Previdência Divina.

III. APLICAÇÃO DO TEXTO


Aquele “que não esqueceu a Sua mãe quando, suspenso na cruz, em agonia; que apa-
receu às mulheres em pranto; e que fez delas mensageiras da primeira boa-nova do
Salvador ressuscitado – [...] é o melhor Amigo da mulher hoje e está pronto a ajudá-
-la em todos os aspetos da vida” (Ellen G. White, LC, pp. 191 e 192, ed. P. SerVir).

Discuta com o grupo: As mulheres foram as últimas a sair de perto da cruz de Cristo
(Lucas 23:55 e 56) e as primeiras a testemunhar a tumba vazia, no terceiro dia
(Lucas 24:1-7).

Para pensar: Como afirmou Paulo, “não pode haver judeu nem grego; nem escravo
nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”
(Gálatas 3:28).

JESUS | 31
JESUS E A ORAÇÃO 9

QUEBRA-GELO
“Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.”
(Lucas 11:9 e 10.)

INTRODUÇÃO
Jesus estava constantemente em oração; vemos isso antes de todos os grandes mar-
cos da Sua vida.
1. Batismo (Lucas 3:21).
2. Tentações no deserto (Lucas 4:1-3).
3. Escolha dos Doze (Lucas 6:12 e 13).
4. Transfiguração (Lucas 9:28-36).
5. Batalha no Getsémani (Lucas 22:36-46).
6. Ressurreição de Lázaro (João 11).
7. Na cruz (Lucas 23:46).

Texto para estudo: Lucas 11:9 e 10.

I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo: Ninguém faz hoje o que Jesus fez, porque ninguém ora como
Ele orou, e Ele ensinou que:
1. A oração deve ser uma PRIORIDADE na nossa caminhada cristã (Lucas 6:12).
2. Deve haver um tempo e um lugar dedicados à oração (Mateus 14:23; Lucas
9:28). Sem planeamento, sobrarão apenas os restos do nosso tempo para o hábito
de orar.
3. Orar não cansa, fortalece (Mateus 6:12).
32 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS
4. Devemos interceder mais e pedir menos (Lucas 22:31 e 32). Embora pedir por
nós mesmos seja algo legítimo, esse não deve ser o foco das nossas orações.
5. Deus nem sempre responde sim (Mateus 26:39). Se déssemos indiscriminada-
mente tudo o que os nossos filhos nos pedem, é possível que nem sequer estives-
sem vivos.

II. INTERPRETANDO O TEXTO


Um menino entrou em casa a correr e pediu:
– Papá, dá-me uma faca.
O pai, preocupado com a natureza do pedido, respondeu:
– Não, filhinho, não posso dar-te uma faca, é muito perigoso. Podes magoar-te
com ela.
– Mas, papá, eu preciso de uma faca.
– Afinal, o que queres fazer com ela? – perguntou o pai.
– Eu quero descascar uma laranja – respondeu.
– Então esse é o teu problema? Onde está a laranja?
– Está aqui – disse o menino.
O pai pegou na laranja, descascou-a e entregou-a ao menino.

Com a laranja descascada nas mãos, o menino saiu feliz e satisfeito, muito embora
o seu pedido por uma faca tivesse sido rejeitado. Aquele pai não atendeu à vontade
inicial do filho, mas solucionou o problema.

III. APLICAÇÃO DO TEXTO


“... pretender que a oração será sempre respondida, conforme a coisa especial que
pedimos e da maneira exata que desejamos, é presunção. Deus é demasiado sábio
para errar e demasiado bom para reter qualquer coisa boa aos que andam retamente.
Portanto, não temas confiar n’Ele, ainda que não vejas a resposta imediata às tuas
orações” (CE, p. 100, ed. P. SerVir).

Discuta com o grupo: Deus sabe tudo que necessitamos, então porque orar pelos ou-
tros?

Para pensar: Machado de Assis disse:


“A oração é como a escada de Jacob; por ela sobem as nossas petições e por ela
descem as divinas consolações.”

JESUS | 33
A ORAÇÃO 10
MODELO

QUEBRA-GELO
“De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus
discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus
discípulos.” (Lucas 11:1.)

INTRODUÇÃO
Uma menina, preocupada sobre a correta maneira de orar e sobre as coisas que
deveria mencionar na oração, fez a seguinte pergunta ao seu pai: “Papá, acreditas
que nós devemos orar a Deus até mesmo sobre as coisas mais pequeninas da vida?”

E ele respondeu: “Filhinha, e por acaso existe alguma coisa grande para Deus?”

Texto para estudo: Lucas 11:1.

34 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS


I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta com o grupo:
O Pai Nosso é específico e, definitivamente, a oração do discípulo. Para o dizer de
outra maneira, somente se pode orar o Pai Nosso quando aquele que ora, usando as
suas palavras, sabe o significado do que está a dizer, e ninguém pode sabê-lo a menos
que tenha ingressado no discipulado cristão. Essa oração é dividida em duas partes:

1. Três pedidos relacionados com Deus:


a) O Seu nome seja reconhecido e respeitado pelos homens.
b) O Seu Reino seja estabelecido na Terra.
c) A Sua vontade prevaleça.

2. Quatro pedidos relacionados com a vida quotidiana:


a) Supra as nossas necessidades.
b) Perdoe os nossos pecados e nos ajude a perdoar.
c) Não permita que a tentação nos vença e cometamos pecado.
d) Livre-nos do mal e do maligno.

II. INTERPRETANDO O TEXTO


Discuta com o grupo:
Jesus chamou Pai a Deus mais de 200 vezes. Nas Suas primeiras palavras registadas,
Jesus elucidou: “Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lucas
2:49, ARA.) Na Sua última e triunfante oração, Ele proclamou: “Pai, nas tuas mãos
entrego o meu espírito” (Lucas 23:46).

Que tipo de Pai é Deus?


• Pai Celeste (Mateus 6:14) – Omnipotente.
• Pai que vê em secreto (Mateus 6:6) – Omnipresente.
• Pai que sabe todas as nossas necessidades (Mateus 6:32) – Omnisciente.

Que tipo de irmãos somos?


• Esaú e Jacob?
• Caim e Abel?
• André e Pedro? Irmão que busca o irmão. Que vai atrás.

JESUS | 35
III. APLICAÇÃO DO TEXTO
Uma menina perguntou à sua mãe: “Mãe, porque é que, ao invés de pedirmos o pão
de cada dia, não pedimos o pão para a semana inteira?” A mãe respondeu: “Minha
filha, Deus não gosta de dar pão velho aos Seus filhos.”

Discuta com o grupo: “Porque são os filhos e as filhas de Deus tão relutantes em
orar, quando a oração é a chave na mão da fé para abrir o armazém do Céu, onde
estão entesourados os ilimitados recursos da Omnipotência? [...] Deus está pron-
to e disposto a ouvir a oração sincera do mais humilde dos Seus filhos; contudo,
manifesta-se demasiada relutância da nossa parte, em tornar conhecidas as nossas
necessidades a Deus!” (Ellen G. White, CE, p. 98, ed. P. SerVir).

Para pensar: Como está a sua vida de oração? A oração era a fonte da força de
Cristo para lutar contra todos os obstáculos que Satanás colocava no Seu caminho.

36 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS


A MISSÃO DE JESUS 11

QUEBRA-GELO
“Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.” (Lucas 19:10.)

INTRODUÇÃO
“Perdido” é a palavra que descreve a tragédia de todos, porque “todos pecaram”
(Romanos 3:23).

De Génesis a Apocalipse, a Bíblia é a história de Deus à procura da Humanidade


perdida.

Lucas 15 é o capítulo conhecido como o “Evangelho dentro do Evangelho”. Jesus


conta três parábolas que enfatizam:
1. A tragédia da perda.
2. A diligência da busca.
3. A alegria do encontro.

Os bens perdidos não foram esquecidos e não perderam o seu valor, o que é indi-
cado pela busca. No caso da ovelha, a proporção é uma em cem; no caso da moeda
perdida, uma em dez; e, no caso do filho perdido, um em dois.

Texto para estudo: Lucas 19:10.


JESUS | 37
I. CONHECENDO O TEXTO
Todas as religiões retratam o ser humano em busca de Deus; o Cristianismo apre-
senta Deus como Aquele que busca: Adão, “onde estás?” (Génesis 3:9); Caim, “Onde
está Abel, teu irmão?” (Génesis 4:9); “Que fazes aqui, Elias?” (I Reis 19:9); “Za-
queu, desce depressa” (Lucas 19:5).

[...] Cristo ensina que a salvação não é alcançada por procurarmos Deus, mas porque
Deus nos procura” (Ellen G. White, PJ, p. 122, ed. P. SerVir).

II. INTERPRETANDO O TEXTO


A parábola do filho pródigo é a mais longa, mais conhecida, mais amada e mais ci-
tada das parábolas de Jesus. O filho pediu antecipadamente a sua parte da herança,
o que, no mundo de então, equivalia a desejar a morte do progenitor, e foi para
uma terra distante, um lugar longe da casa do pai. Tudo ia bem até que veio a fome,
não foi só fome de comida, foi fome de alma, era o vazio interior, o sentimento de
culpa. O jovem que queria ser livre agora era escravo. O sonho de felicidade termi-
nou numa pocilga de porcos. O pai passou uma vida a juntar; ele alguns dias para
desperdiçar. Entretanto, um dia, ele caiu em si. Isso significa que, quando abando-
nou o pai, o jovem estava “fora de si”. Todo o abandono de Deus é uma forma de
insanidade. Está fora de si todo aquele que busca ser feliz longe de Deus, nos Seus
pobres substitutos. Essa busca é uma forma de demência, pois o “país distante” será
sempre “terra estranha”. Note, a sua decisão não é voltar à sua vila ou mesmo ao
antigo lar, mas voltar para o seu pai. Não há lugar mais difícil para o qual regressar
do que aquele onde falhámos. Os lugares dos nossos fracassos são lugares cruéis.
Voltar seria obrigar-se a deparar-se com a própria vergonha. Seria voltar com o
cheiro dos porcos, com os trapos do seu fracasso. Mas ele está certo de que o seu
pai o receberá. Saiu como um príncipe e voltou como um mendigo.

Isto é: faz de mim o que tu quiseres, mas deixa-me estar diante dos teus olhos vigi-
lantes, dentro do cuidado do teu amor. O pai esperava-o. A espera, a vigília, a dor
e a esperança do pai começaram no momento em que o pródigo pôs os pés fora de
casa e terminaram quando o pai o viu “ainda longe”, e então, “compadecido dele,
correndo, o abraçou e beijou” (v. 20). Nenhuma outra imagem captura o caráter de
Deus como aquela de um pai expectante. Se sair de casa foi a morte, o regresso foi
uma ressurreição. O amor tem bons olhos. O pai discerniu o seu filho ao longe. Para
entender a história, devemos lembrar-nos de que, no Oriente, um homem idoso,
respeitado, não deveria correr publicamente. Tal ato era considerado inapropriado
e indigno. Mas este pai, tomado de compaixão, desconsiderou todos os protocolos
e etiquetas da sua cultura. Correu ao encontro do seu filho. Aqui encontramos o
38 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS
elemento redentor da história. Correndo, lançou-se ao pescoço do filho, “beijou-o
ternamente”, ou “muitas vezes”. Os dois significados são possíveis. O pai queria ter
a certeza de que seria o primeiro na vila a encontrar-se com o seu filho, para prote-
gê-lo de críticas ou de atitudes hostis e julgadoras. O pai não queria correr o risco
de que o seu filho fosse desencorajado pela zombaria ou pelo desdém de outros, e
acabasse por desistir.

O gesto do pai deixou os observadores da vila atónitos. Ele lançou-se ao pescoço


daquele estranho, vestido com trapos e cobriu-o de beijos. O pai segurou o rapaz
e apertou-o contra o peito, impedindo que ele caísse de joelhos, posição de sub-
serviência. Ele nem mesmo permitiu que o filho completasse o discurso que tinha
ensaiado. A confissão do filho que regressa é sufocada por bondade infinita.

Surpreendentemente, o pai não pronunciou nenhuma palavra ao filho. Mas as ações


diziam tudo. Ordenou que os servos trouxessem a melhor veste, roupa festiva, usada
em grandes ocasiões. Colocou-lhe nas mãos um anel. Não apenas como ornamento,
mas um anel-sinete, símbolo de autoridade. Colocou-lhe sandálias nos pés, porque
apenas os servos andavam descalços. O que este pai está a dizer é que todas as mar-
cas do país distante deveriam ser apagadas. Tudo perdoado. Tudo esquecido.

III. APLICAÇÃO DO TEXTO


Na terra distante, ele conheceu a miséria; na casa do pai, misericórdia. Se o rapaz
tivesse sido tratado de acordo com a lei, haveria um funeral, não um banquete.

Discuta com o grupo: O filho mais novo, o “mau caráter” da narrativa, entra na festa
do seu pai, enquanto o “bom”, o “santo”, não sabemos o seu fim.

Para pensar: A parábola termina repentinamente. Ficamos sem saber se o filho foi
convencido pelo pai ou se permaneceu do lado de fora. A resposta devia ser dada
pela audiência de Cristo. Nós também fazemos parte dessa audiência. E, então,
podemos perguntar-nos: qual será a minha resposta ao escandaloso amor do Pai ce-
lestial? Que resposta darei diante da incrível missão de Jesus? Será ela bem-sucedida
na minha vida?

JESUS | 39
JESUS, O GRANDE MESTRE 12

QUEBRA-GELO
“E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus
à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Lucas 10:25.)

INTRODUÇÃO
“Mestre” foi o título mais usado para as pessoas se dirigirem a Jesus, e os que O ou-
viam ficavam maravilhados, porque Ele ensinava, “... como quem tem autoridade...”
(Mateus 7:29.)

A autoridade de qualquer discurso está relacionada não apenas com a capacidade


e com o conhecimento, mas principalmente com o caráter do orador. Geralmente,
a autoridade está relacionada com a coerência entre prática e discurso, e, para es-
tabelecer autoridade, é preciso: honestidade, confiança, responsabilidade, respeito e
justiça. “Ele era aquilo que ensinava. As Suas palavras eram a expressão não somente
da experiência da Sua própria vida, mas do Seu caráter. Não somente ensinava Ele
a verdade, mas era a verdade. Era isto que Lhe dava poder aos ensinos” (Ellen G.
White, Ed, pp. 78 e 79). Ele falou de batismo, e foi batizado; falou de oração e orava;
se a questão era pregar o Evangelho, Ele veio a este mundo pregar o Evangelho; deu
o exemplo de tudo o que espera que façamos. A autoridade do ensino de Jesus não
estava fundamentada apenas na Sua vida coerente. Ele era mais do que um exemplo
moral a ser seguido: Jesus era Deus incarnado e, por isso, Ele tem autoridade sobre a
Natureza (Lucas 8:22-25), sobre os demónios (Lucas 4:34-37) e sobre os anjos de
Deus (Lucas 12:8), e ainda possui autoridade divina para perdoar pecados (Lucas
4:24-26). Quem tem autoridade influencia; quem tem o poder coage. Quem tem
autoridade permite que os outros cresçam à sua volta; quem tem poder destrói todos
os possíveis concorrentes.

Texto para estudo: Lucas 10:25.


40 | GUIA DE ESTUDOS PARA PEQUENOS GRUPOS
I. CONHECENDO O TEXTO
Discuta em grupo: Para responder ao intérprete da Lei, Jesus contou uma parábola
descrita apenas por Lucas, e que se tornou num exemplo do caráter amoroso de
Deus para todos os tempos, inspirando grandes artistas nas suas poesias, canções,
pinturas, esculturas, etc.. O que torna esta parábola tão poderosa? O cenário da
parábola do Bom Samaritano é o caminho entre Jerusalém e Jericó. Um homem,
viajando por esse caminho, veio a ser intersetado por bandidos que, depois de o
roubarem, ainda o deixaram gravemente ferido. Três personagens são inseridos por
Jesus na história: Um Sacerdote, um Levita e um Samaritano. O detalhe da história é
que o Sacerdote e o Levita (supostos religiosos) não se sensibilizaram com o estado
do homem que tinha acabado de ser assaltado e agredido, mas o Samaritano fez de
tudo para o salvar.

II. INTERPRETANDO O TEXTO


Na parábola, vemos três grupos de pessoas:

1. Assaltantes
A sua atitude foi a cobiça e a sua filosofia de vida pode ser expressa assim: “O que é
meu é meu; e o que é teu, será meu, se eu conseguir tirar-te isso.”

2. Religiosos (Sacerdote e Levita)


A sua atitude diante do infortúnio alheio foi de indiferença. A sua filosofia resu-
me-se deste modo: “O que é meu é meu; e o que é teu continuará a ser teu, se o
puderes defender”.

3. Samaritano
A força motivadora da sua vida é o amor, amor este que procede de Deus (I João
4:7). Quem o manifesta claramente evidencia que está convertido (I Joa. 3:14; 4:7).
Tal amor cumpre a lei (Rom. 13:8-10; Gál. 5:14). A sua filosofia é descrita assim:
“O que é teu é teu; e o que é meu será teu, se tu precisares”.

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III. APLICAÇÃO DO TEXTO
Quem é o meu próximo? Foi a pergunta feita pelo Doutor da Lei. A parábola apre-
senta um conceito dinâmico de “próximo”. Ele é visto da perspetiva de quem ajuda e
não de quem deve ser ajudado. Ao perguntar qual dos três tinha agido como o pró-
ximo do homem em necessidade (Lucas 10:36), Jesus inverteu a lógica do intérpre-
te da Lei. Ele não devia preocupar-se em saber quem era o seu próximo; devia antes
buscar ser o próximo. Nós tornamo-nos no próximo quando vamos à Humanidade
sofredora, e, sem olhar a quem, prestamos o nosso auxílio com amor desinteressado.

Discuta com o grupo: Na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, sobre a porta de


entrada de uma capela está escrito: “Aqui entramos para amar Deus.” Do lado de
dentro, há outra inscrição que diz: “Daqui saímos para amar o próximo.”

Para pensar: Quer identificar melhor o próximo? Aproxime-se das pessoas. A ver-
dadeira religião, segundo Jesus, “consiste, não em sistemas, credos ou ritos, mas no
cumprimento de atos de amor, no proporcionar aos outros o maior bem, na genuína
bondade” (Ellen G. White, DTN, p. 423, ed. P. SerVir).

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MOMENTOS FINAIS DE JESUS 13

QUEBRA-GELO
“Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsémani e disse a seus discí-
pulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.” (Mateus 26:36.)

INTRODUÇÃO
Getsémani quer dizer “prensa de azeite”, onde faziam azeite.
A azeitona passa por um processo de trituração e moagem para ser feito o azeite, e
o azeite era, e ainda é, usado para diversos fins:
1. Alimento – Jesus é o pão da vida (João 6:35).
2. Iluminação – Jesus é a luz do mundo (João 8:12).
3. Remédio – Jesus é a nossa cura. Pelas Suas feridas fomos sarados (Isaías 53:4 e 5).
4. Sabão – Jesus é o que nos limpa e purifica de todo o pecado (I João 1:7; Apoca-
lipse 7:13 e 14).

Texto para estudo: Mateus 26:36.


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I. CONHECENDO O TEXTO
Getsémani vs Éden:
• No Éden, o mundo foi mergulhado no pecado. / No Getsémani, foi assegurada a
vitória sobre o pecado.
• No Éden, vimos o eu a colocar-se contra Deus. / No Getsémani, vimos Deus a
colocar-Se a favor do Homem.
• No Éden, o primeiro Adão renunciou à vontade de Deus, para fazer a sua vontade. /
No Getsémani, o segundo Adão renunciou à Sua vontade, para fazer a vontade de Deus.
• Adão foi derrotado na luz do Éden. / Jesus foi vitorioso na escuridão do Getsémani.

II. INTERPRETANDO O TEXTO


“... seu suor se tornou como gotas de sangue...” (Lucas 22:44.)

O único evangelista que relata o facto é um médico, Lucas. E fá-lo com a preci-
são de um clínico. O suar sangue, ou “hematidrose”, é um fenómeno raríssimo. É
produzido em condições excecionais: para provocá-lo é necessária fraqueza física,
acompanhada de abatimento moral violento causado por uma profunda emoção,
por um grande medo. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias
capilares que estão sob as glândulas sudoríparas.

“Passe de mim este cálice; contudo não se faça a minha vontade, mas sim a tua”
(Lucas 22:42). Toda a oração é respondida por um “sim”, “não” ou “espera”. Onde
a vontade de Deus é reconhecida como suprema, “todas as coisas cooperam para o
bem” (Romanos 8:28).

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III. APLICAÇÃO DO TEXTO
No Calvário estava retratada toda a história da Humanidade:
1. Numa cruz, um ladrão morria NO pecado. Representando todos os que rejeitam
o convite de Jesus. (Um documento antigo chamado Atos de Pôncio Pilatos chama-lhe
Gestas.)
2. Noutra cruz, um ladrão morria PARA o pecado. Representando todos os que
aceitam Jesus. (O mesmo documento antigo apelida-o de Dimas, esse é o da direita.)
3. Na cruz central, um Deus-homem morria PELO pecado. O nosso Salvador.

Discuta com o grupo: Só nos primeiros capítulos de Atos há pelo menos oito refe-
rências à ressurreição de Jesus: Atos 1:22; 2:14-36; 3:14 e 15; 4:1 e 2, 10, 12, 33;
5:30-32.
Jesus deu quatro sinais para assegurar aos discípulos a Sua condição pós-ressurreição:
1. Visual (Maria Madalena, Mateus 28).
2. Auditivo (Discípulos de Emaús, Lucas 24).
3. Tátil (Tomé, João 20).
4. Sensitivo (No mar da Galileia, João 21).
“Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã a vossa fé” (I Coríntios 15:14).
A ressurreição de Cristo é a sentença de morte da morte.

Para pensar: A verdade mais sublime do mundo é que Jesus veio a este mundo,
sofreu e morreu pelos nossos pecados e ressurgiu, ao terceiro dia, vitorioso sobre o
pecado, e Ele oferece essa vitória, juntamente com um lugar no Seu Reino, a todos
os que O aceitarem pela fé.

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