ARTIGO AQUISIÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA - MUNDURUKU - Revisão Concluída 15AGO2020
ARTIGO AQUISIÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA - MUNDURUKU - Revisão Concluída 15AGO2020
ARTIGO AQUISIÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA - MUNDURUKU - Revisão Concluída 15AGO2020
RESUMO
O estudo teve como objetivo fazer uma análise da aquisição da língua Portuguesa, por 135
alunos da etnia Munduruku. Neste estudo utilizou-se como metodologia a análise dos mapas
finais dos conceitos curricular, considerando a aprovação dos alunos na disciplina de língua
portuguesa, nas séries iniciais até conclusão do ensino fundamental. Observa-se que nos anos
letivos iniciais Pré I e Pré II, os conceitos foram excelentes (Conceitos “S”). Do 1º ao 4º ano,
com 218 alunos matriculados nos anos letivos de 2014/2015/2018/2019, a média geral entre 5,1
e 100. Teve 11 alunos reprovados, 04 transferidos e 02 desistentes. Do 5º ao 9º ano, com 265
alunos matriculados nos anos letivos de 2014/2015/2018/2019, a média geral entre 5,4 e 8,1.
Teve 21 alunos reprovados, 04 transferidos e 10 desistentes. Na primeira analise pode até ser
aceitável, porém poderá ser um potencial entrave para o prosseguimento dos estudos, fazer um
curso técnico ou curso superior uma vez que a linguagem técnica da língua portuguesa passa a
ser mais exigentes.
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Maria Selma Moraes de Almeida: Especialização em Gestão Escolar pela Faculdade Educacional da
Lapa – FAEL. Itaituba, Pará. Agosto de 2020.
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1 - INTRODUÇÃO
Nos últimos 40 anos, a educação indígena vem deixando de ser um tema complexo, para
ocupar seu lugar no ordenamento educacional do pais, vários programas de políticas públicas
voltadas para o eixo da educação indígena, por meio da inserção de novas metodologias com
abordagens no ensino regular baseado nos fundamentos das diversidades indígenas e étnica-
cultural, tem sido fortalecida e ampliada com perspectiva de elencar a importância de se
destacar a diversidade da cultura brasileira.
Entre as políticas e os programas desenvolvidos voltados para educação indígena,
temos: (i) o programa de permanência em cursos universitários para estudantes indígenas, com
os investimentos financeiros implicados, a formação de professores indígenas em nível superior
bilíngue; (ii) a participação indígena, nas discussões sobre os projetos pedagógicos nas esferas
federal, estadual e municipal, para melhoria das condições de gestão da educação escolar
indígena. Todas essas ações visam a manutenção do compromisso e responsabilidade
institucional com uma educação escolar que protagonizam os projetos de futuro dos povos
indígenas (SECAD/MEC, 2007).
Como cita Baniwa (2013), algumas tribos indígenas, defendem que sejam preservadas
suas culturas e tradições. Já outras comunidades indígenas, veem a necessidade de uma escola
mais voltada para a integralização com o mundo e a sociedade. A corrente que defende a
integralização da convivência da aldeia com a novas tecnologias e formas de conhecimentos,
baseiam-se a sua ideia de que as gerações futuras possam suprir suas necessidades de uma
formação cultural no que tange a luta e a defesa de direitos suas etnias.
De acordo com Decreto nº 6861 de 27 de maio de 2009, que dispõe sobre a educação
escolar indígena, a escola indígena deve ser comunitária, intercultural, bilíngue, específica e
diferenciada. Comunitária, porque deve-se a participação da comunidade indígena na
construção de todo o processo pedagógico da escola, na elaboração e definição dos objetivos,
dos conteúdos curriculares, do calendário escolar, da pedagogia, dos espaços e momentos da
educação escolar (MEDEIROS, 2012).
Segundo Ferreira (2016), no atual sistema educacional são frequentes os debates sobre
as melhorias da qualidade da educação, em virtude de alcançar melhores condições de ensino
aprendizagem. Onde o foco é a evolução da aprendizagem do aluno. A escola deve atentar para
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Outra função da escola é desenvolver nos alunos indígenas a competência oral e escrita
da língua portuguesa em especial na educação infantil, ensino fundamental. É papel da escola
ampliar as formas de expressão oral do aluno em língua portuguesa, para que ele possa se
comunicar em novas situações (MEC/SEF, 1998).
Partindo desse ponto a gestão escolar na figura da direção escolar, possui o papel
fundamental para articular e assegurar que a proposta pedagógica que compõem o projeto
pedagógico da escola, venha assegurar a aprendizagem dos alunos. Neste sentido, os gestores,
coordenadores e professores que compõem a equipe que atua nas escolas necessitam qualificar-
se para lidar com os desafios de ensinar a língua indígena e a língua portuguesa.
O presente trabalho baseia-se nas contribuições acima citadas, essa pesquisa, objetivou-
se analisar a evolução da aquisição da Língua Portuguesa nas séries iniciais no grupo indígena
Munduruku na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Maria, localizada no município
de Jacareacanga. Estado do Pará.
De acordo com Censo 2010, existem no Brasil 274 línguas indígenas faladas por
indivíduos pertencentes a 305 etnias diferentes. O mesmo Censo, também revela que 37% dos
indígenas de 5 anos de idade ou mais falam sua língua materna em casa, enquanto 17% não
falam português. Quando considerados somente aqueles que vivem em terras indígenas, o
percentual de falantes de línguas indígenas no domicílio aumenta para 57%, e o daqueles que
não falam português chega a 29%. (IBGE 2010).
Segundo Pessoa (2016), os povos indígenas convivem com um grande desafio que foi
de tomar para si parte da responsabilidade pelo processo de educação formal de seus cidadãos.
O Estado, também participa desse processo, atuando em conjunto nas decisões sobre a
organização da Educação Escolar Indígena, diferenciada, tendo por vez a manutenção de sua
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Para Nascimento (2015), o Estado brasileiro, tem como língua oficial a língua
portuguesa, portanto, as “práticas comunicativas em língua portuguesa passaram a fazer parte
do panorama sociolinguístico das populações indígenas brasileiras, pois ao ser a “língua
portuguesa” alçada ao status de língua oficial hegemônica, passou a ser “a língua” que
intermedeia as relações entre a população, seja ela indígena ou não indígena”.
Segundo Abram dos Santos, “o que não se pode confundir ou esquecer é o fato de que
o português como segunda língua não pode ser ensinado como língua materna, mesmo para
aquelas populações com maior tempo de contato e, portanto, com maior domínio da língua
nacional. A língua portuguesa é o veículo da cultura dominante e letrada, enquanto a língua
indígena é a língua minoritária e ágrafa, características que precisam ser levadas em conta na
preparação dos currículos e das aulas” (NASCIMENTO 2015, apud SANTOS, 2005, p. 154).
Para Nascimento (2015), faz uma reflexão sobre os problemas do Ensino de Português
em sociedades indígenas, “muitos dos professores não-índios enviados às aldeias para ensinar
o português, como se fosse a primeira língua, com materiais e programas voltados ao ensino
de gramática normativa. Além disso, muitos professores desconhecem que as culturas
indígenas são culturas orais, ou seja, não têm tradição escrita, o que dificulta e muito o
aprendizado da modalidade escrita do português padrão”. Neste contexto é importante
trabalhar de maneira adequada o ensino específico e diferenciado, intercultural da língua
Portuguesa.
A educação escolar indígena deve ser pensada partindo das próprias culturas indígenas,
pois são eles os principais sujeitos-autores, para a manutenção/fortalecimento de suas culturas,
para que a língua oficial não venha substituir a língua materna.
A educação intercultural, sempre foi um desafio sobre suas práticas pedagógicas, cujos
os tabus foram acumulados ao longo da história dos processos do ensino dos povos indígenas.
O magistério em escolas indígenas tem passado por grandes transformações envolvendo a
concepção da importância do ensino da língua portuguesa nas escolas indígenas. A língua
portuguesa deve assumir o potencial de uma língua de relações interculturais, uma vez que por
um lado a língua materna não pode ser desvinculada da cultura étnica, portanto, a língua
portuguesa tem a função de elo de ligação, nas relações interculturais entre indígenas e não-
indígenas (NASCIMENTO, 2015).
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O Estado do Pará atualmente abriga uma das maiores diversidades étnica desse país,
onde abriga mais de 55 etnias, aproximadamente 70 mil indígenas, falantes de dezenas de
idiomas dos troncos linguísticos, Karib, Macro jê, Pano, Nheegatu, Tupi, Juruna, Mundurucu e
entre outras. Distribuídos em torno 77 Terras Indígenas - TI, que ocupa mais de 26% do
território do Estado. As TI, estão distribuídas em 52 municípios do Estado do Pará (FEPIPA,
2016).
Os Munduruku estão situados em regiões e territórios diferentes nos estados do Pará
(sudoeste, calha e afluentes do rio Tapajós, nos municípios de Santarém, Itaituba,
Jacareacanga), Amazonas (leste, rio Canumã, município de Nova Olinda; e próximo a Rodovia
Transamazônica, município de Borba), Mato Grosso (Norte, região do rio dos Peixes,
município e Juara), (FEPIPA, 2016).
Os povos indígenas habitavam o interior das florestas, com a com a criação em 1942,
do Posto Indígena de Atração Munduruku, no rio Cururu, juntamente com a Missão
Franciscana, contribuiu para o aceleramento e consolidação do processo de deslocamento de
grande parte da população Munduruku, para as margens dos rios navegáveis. Ambas
instituições exerceram papéis importantes na solidificação do trabalho de extração de caucho e
borracha entre os indígenas. De acordo com estudos de história e antropologia, no final do
século XIX, com o surgimento do comércio realizado pelos regatões (comerciantes que
percorriam os rios com suas embarcações vendendo produtos, como o açúcar, tecidos, sal,
cachaça etc.), os Munduruku passaram a efetuar troca de borracha e produtos da floresta por
bens industrializados, e desta forma foram fixando-se nas margens dos rios. Atualmente a
população Munduruku, concentra-se majoritariamente na Terra Indígena de mesmo nome, com
a maioria das aldeias localizadas no rio Cururu, afluente do Tapajós (ANDRÉ RAMOS, 2018).
A riqueza da cultura Munduruku, inclui canções tradicionais que versam sobre relações
do cotidiano, frutos, animais etc., as histórias que apresentam narrativas sobre os conhecimentos
dos astros, das constelações e da Via Láctea. As práticas de brincadeiras em que as mulheres
jovens, apanham urucu ou a seiva em forma de goma branca de um arbusto chamado sorva, e
passam a perseguir os homens com a finalidade de passar estes produtos no rosto e nos cabelos
dos mesmos; estes fogem e configura-se um jogo envolvendo toda a aldeia, esse ritual antecede
a pescaria com timbó (uma raiz que após ser triturada é usada nos rios para facilitar a captura
dos peixes). Em algumas aldeias ainda são tocadas periodicamente as flautas parasuy,
instrumentos importantes na mitologia Munduruku (ANDRÉ RAMOS, 2018).
Mesmo com as mudanças sofridas com a presença da Missão Franciscana, e o ensino da
catequese, a religiosidade tradicional é muito presente entre os Munduruku, a religiosidade está
presente em todos os aspectos da vida cotidiana, regendo as relações com a natureza, as práticas
do mundo do trabalho e as relações sociais, nas práticas religiosas os pajés exercem um papel
primordial de cura através de manipulação de ervas, atos de defumação e contato com o mundo
dos espíritos (ANDRÉ RAMOS, 2018).
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A Terra Indígena Munduruku, faz limite a noroeste com a Terra Indígena Sai Cinza e a
sul-sudeste com a Terra Indígena Kayabi.
Tabela 1 - Relação dos municípios com as maiores proporções de população autodeclarada indígena no Estado do
Pará - 2010
Total da População População
população autodeclarada autodeclarada
Ord. Município Município Município
autodeclarada indígena - zona indígena - zona
indígena (%) Urbana (%) Rural (%)
1 Jacareacanga 41,4 Jacareacanga 22,0 Jacareacanga 51,9
Cumaru do Ourilândia do
2 11,5 Aveiro 3,1 20,6
Norte Norte
3 Aveiro 11,2 Altamira 1,0 Altamira 19,3
Fonte: Censo IBGE 2010.
4 - METODOLOGIA
Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Maria, possui duas salas, uma
secretaria, uma cozinha e dois banheiros. As aulas são ministradas de segunda a sexta feira.
Devido ter poucas salas de aula e o quantitativo de alunos ser bastante elevado, a escola
funciona com quatro turnos diário. O primeiro turno tem início às 07hs e 30min e término às
10hs e 45min, após o término do primeiro turno, há um intervalo de 15 minutos para limpeza
das salas, para retomar o segundo turno às 11hs e término às 14hs e15min. No período da tarde,
o terceiro turno inicia às 14hs e15min com término às 18hs e 30min. O quarto turno ocorre no
período noturno com início ás 19hs e término às 22hs e 15min.
5. RESULTADOS
5.1 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do Pré-escolar I e II, considerando
a aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
5.2 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 1º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
No mesmo ano de 2015, nas Séries Mult-Iniciais, Turno da Tarde, teve 27 alunos
matriculados, sendo 14 alunos e13 alunas. Os alunos, obtiveram desempenho regular durante o
ano letivo com média geral de 5,1. Dos 27 alunos matriculados um total de 04 alunos foram
transferidos e 03 alunos reprovados. Terminando a ano letivo com 20 alunos aprovados.
Em 2018 nas Séries Mult-Iniciais, Turno da Manhã, teve 18 alunos matriculados, sendo
03 alunos e15 alunas. Os alunos obtiveram um bom desempenho com média geral de 88,5. Dos
18 alunos matriculados todos foram aprovados.
No ano de 2019 nas Séries Mult-Iniciais 1º e 3º ano, Turno da Manhã, teve 20 alunos
matriculados, sendo 07 alunos e 13 alunas. O desempenho foi considerado bom, com média
geral de 72,6. Dos 20 alunos matriculados, 18 foram aprovados e 02 alunas desistentes.
5.3 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 2º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
5.4 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 3º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
No ano de 2015, teve 09 alunos matriculados no 3º ano (9 anos), Turno da Manhã, sendo
07 alunos e 02 alunas. O desempenho foi considerado excelente, com média geral de 100. Todos
os alunos foram aprovados.
5.5 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 4º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
5.6 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 5º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
5.7 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 6º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
No ano de 2019, foram matriculados no 6º Ano, Turno da Tarde, 05 alunos, sendo todas
do sexo feminino. O desempenho durante o ano letivo foi considerado regular, com média geral
de 5,7. Todas alunas aprovadas.
5.8 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 7º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
5.9 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 8º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
5.10 - Análise dos mapas finais dos conceitos curricular do 9º Ano, considerando a
aprovação dos alunos na disciplina de língua portuguesa
Na tabela 10, abaixo, apresentam o desempenho durante o ano letivo das turmas do 9º
ano.
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
onde falam língua materna, muitas vezes precisam deslocar para a cidade para tratar de uma
série de questões, onde é preciso falar, entender o português ou mesmo escrever em língua
portuguesa. É neste contexto, que a escola assume o protagonismo de maior importância, que é
possibilitar a aquisição da linguagem oral e escrita, tanto a materna como a portuguesa.
Apesar do sucesso nas aprovações dos alunos, a média geral a partir do 5º ano variou
entre 5,4 e 8,1. Na primeira analise pode até ser aceitável, porém poderá ser um potencial
entrave para o prosseguimento dos estudos, fazer um curso técnico ou curso superior uma vez
que a linguagem técnica da língua portuguesa passa a ser mais exigentes.
7 - BIBLIOGRAFIA
MATOS, R, P.. História e Cultura dos Povos Indígenas na Educação: Implicações da Lei
nº 11.645/08 no referencial curricular da rede pública estadual de Roraima para o ensino
médio. (Rachel Pinheiro de Matos). 2017. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-
Graduação em Sociedade e Fronteiras) Universidade Federal de Roraima.
ANDRÉ RAMOS, 2018 - Povos indígenas no Brasil – Povo Munduruku - Disponível em <
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Munduruku > (Acessado em 11/07/2020).