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Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da _____Vara Cível do Estado de São Paulo - SP

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1058707-95.2024.8.26.0100 e código Ktf6v0wB.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARIANA PINHEL VIANA, protocolado em 18/04/2024 às 01:03 , sob o número 10587079520248260100.
Guia de Custas Nº 240590022876153 (Doc. 01)

RJI CORRETORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA.


(“Requerente” ou “RJI”), sociedade inscrita no CNPJ nº 42.066.258/0001-30, com
endereço na Avenida Rio Branco, nº 138, sala 402-parte, Centro, Rio de Janeiro/RJ,
CEP: 20.040-909, por seus advogados abaixo assinados (Doc. 02), com fundamento
nos artigos 381 e seguintes do Código de Processo Civil (“CPC”), ajuizar a presente
ação de

PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA

em face de BRB DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS


S.A., sociedade inscrita no CNPJ nº 33.850.686/0001-69, com sede no SBS Q.01 Bl. E,
Ed. Brasília, 7º andar, na cidade de Brasília, no Distrito Federal (“BRB”) e PLANNER
CORRETORA DE VALORES S.A., sociedade inscrita no CNPJ/MF sob o nº
00.806.535/0001-54, com sede na Av. Brigadeiro Faria Lima, 3900, 10º andar, São
Paulo/São Paulo (“Planner”, em conjunto, “Requeridas”), pelas razões de fato e de
direito a seguir consubstanciadas.
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I. OBJETO DA DEMANDA

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1. A presente produção antecipada de provas tem como objetivo obter

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARIANA PINHEL VIANA, protocolado em 18/04/2024 às 01:03 , sob o número 10587079520248260100.
documentos que as Requeridas deveriam ter fornecido à Requerente, vez que elas lhe
antecederam no posto de administradora de uma série de fundos de investimento
(“Fundos”)1. Conforme amplamente divulgado na imprensa2, os Fundos sofreram
relevantes perdas recentemente (de quase 80%), em decorrência de operações que
vinham sendo sucessivamente renegociadas no curso do mandato das Requeridas.

2. Descobriu-se, inclusive, que as Requeridas sabiam que havia investigações na


Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) acerca da regularidade daquelas
operações – posteriormente convertidas, ainda no mandato das Requeridas, em
processo administrativo sancionador. Nada disso, contudo, foi informado à RJI.
Nesse contexto, então, a Requerente requer a apresentação de uma série de
documentos (mais abaixo especificados) relacionados àquelas operações, bem como
às investigações promovidas pela CVM, pelas razões e para os fins a seguir.

II. COMPETÊNCIA

3. Como se sabe, o art. 381, § 2º, do CPC estabelece que “[a] produção antecipada
da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio

1 São eles: (i) Infinity Eagle Fundo de Investimento Multimercado (hoje incorporado a outro fundo)
(Docs. 03, 04 e 05); (ii) Infinity Unique FIM (atualmente extinto) (Doc. 06); (iii) Infinity Lotus Fundo de
Investimento Renda Fixa (atualmente denominado Vanquish Coral FIRF LP) (Docs. 07, 08 e 09); (iv)
Infinity Tiger Alocação Dinâmica Fundo de Investimento em Renda Fixa (atualmente denominado
Vanquish Forte Alocação Dinâmica FIRF LP) (Docs. 10, 11 e 12); (v) Infinity Platinum Fundo de
Investimento Multimercado (atualmente denominado Beluga Fundo de Investimento Multimercado)
(Docs. 13, 14 e 15); (vi) Infinity Institucional Fundo de Investimento Multimercado (hoje incorporado
a outro fundo) (Docs. 16, 17 e 18); (vii) Infinity Select Fundo de Investimento em Renda Fixa
(atualmente denominado Vanquish Pipa FIRF LP) (Docs. 19 e 20); (viii) Infinity Hedge Fundo de
Investimento Multimercado (atualmente denominado Vanquish Safira FI Multimercado) (Docs. 21 e
22); e (ix) Infinity Podium Fundo de Investimento Multimercado (atualmente extinto) (Docs. 23 e 24).
2Cf. p. ex.: https://www.infomoney.com.br/onde-investir/investidores-se-assustam-com-perda-de-
ate-95-em-antigos-fundos-da-infinity-e-nova-suspensao-de-resgates.

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do réu”. Já o art. 46, § 4º é categórico ao prever que, “[h]avendo 2 (dois) ou mais réus com
diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor”.

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4. Considerando que (i) a RJI busca esclarecimentos de fatos e exibição de
documentos que estão sob a posse das Requeridas; e (ii) uma das Requeridas tem
domicílio em São Paulo, enquanto o outro também tem operações na comarca 3, não
há dúvidas de que é competente o foro desta comarca para apreciar este
requerimento.

III. OS FATOS QUE DERAM ORIGEM À AÇÃO: UMA GRAVE OMISSÃO DE


INFORMAÇÕES PELAS REQUERIDAS

5. Em dezembro de 2020, a RJI assumiu a administração dos Fundos, que até


então eram administrados pela Planner4 e, antes dela, pela BRB5. A gestora dos
Fundos era, por sua vez, a Infinity Asset Management Administração de Recursos
Ltda. (“Infinity”), desde as respectivas constituições (as primeiras delas, em 2007)
até março de 2023.

6. Muito em resumo, ao gestor de um fundo de investimento compete decidir em


que ativos o fundo irá investir6. Já o administrador se encarrega de uma série de
funções de “back office”, como o controle de entrada e saída de investidores e a

3“Organizado sob a forma de sociedade de economia mista, de capital aberto, cujo acionista majoritário é o
Governo do Distrito Federal (71,92%), a BRB é uma instituição financeira com atuação em todo o Distrito
Federal e regiões de influência, possuindo também agências nos seguintes estados: Rio de Janeiro, São Paulo,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Paraíba”. (Disponível em:
https://novo.brb.com.br/sobre-o-brb/).
4 A Planner assumiu a administração dos Fundos, substituindo a BRB, em novembro de 2019,
permanecendo no cargo até dezembro de 2020 (Confira-se, por exemplo, a ata de assembleia de
cotistas do Infinity Lotus Fundo de Investimento Renda Fixa – Doc. 25).
5A BRB assumiu a administração dos Fundos – anteriormente administrados pela Infinity Corretora
de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários S.A. (“Infinity Corretora”) –, no período entre dezembro de
2014 e março de 2015 e permaneceu como administrador até novembro de 2019, momento em que a
Planner assumiu a administração de tais Fundos (Confira-se, por exemplo, o regulamento do Infinity
Lotus Fundo de Investimento Renda Fixa – Doc. 07).
6 À época dos fatos, essas funções constavam do art. 78, §3º, da Instrução CVM nº 555/2014.

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elaboração das demonstrações financeiras do veículo7. Além disso, à época dos fatos
relevantes para esta ação, a regulação aplicável ainda obrigava o administrador a

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monitorar as atividades do gestor8.

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7. Desde meados de 2017, a CVM investigava irregularidades com relação a
determinadas operações (da modalidade conhecida como “box”), que compunham
parte relevante das carteiras dos Fundos (“Operações”)9. É bastante provável, nesse
sentido, que, desde aquela época, as Requeridas já tivessem recebido ofícios com
questionamentos da autarquia acerca das Operações.

8. Posteriormente, em 2019, essas investigações foram convertidas – como já


adiantado – em um processo administrativo sancionador (“PAS”)10 instaurado pela
CVM, contra a Infinity, a BRB e outras figuras.

9. Essas circunstâncias não eram de conhecimento da RJI quando a


administração dos Fundos lhe foi transferida.

10. Entre outras irregularidades, as Operações tinham como contraparte uma


sociedade ligada à Infinity, gestora dos Fundos – circunstância que também não era
de conhecimento da RJI quando assumiu a administração dos Fundos. Em outras
palavras, por meio das Operações, recursos aplicados pelos investidores dos Fundos
foram entregues a uma sociedade relacionada à gestora, que se tornou devedora dos
Fundos. O crédito decorrente das Operações, até hoje, não foi honrado.

7 À época dos fatos, essas funções constavam do art. 78, caput, da Instrução CVM nº 555/2014. Se
possuísse o registro nas duas categorias, o administrador podia cumular a gestão do fundo. O mais
comum, porém, era a contratação de um gestor para exercício dessa função, nos termos do art. 78, §2º,
I, da Instrução.
8 Instrução CVM nº 555/2014, art. 90, X.
9 Processo CVM nº 19957.004071/2017-678.
10 Processo Administrativo Sancionador CVM nº 19957.009152/2018-34 (Doc. 26).

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11. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de


Capitais – ANBIMA, entidade que congrega as principais administradoras e gestoras

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de recursos do país, as Operações consistiram, na verdade, em uma fraude,

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perpetrada pelos controladores do grupo da Infinity, para financiar projetos do
grupo com recursos dos Fundos11. Obviamente, isso jamais poderia ter sido feito no
âmbito de fundos de investimento de renda fixa, como é o caso dos Fundos12.

12. As Operações vinham sendo sucessivamente “roladas” (isto é, quando se


aproximava sua expiração, tinham seu vencimento prorrogado) no mandato das
Requeridas. Acredita-se que as “rolagens” se deviam ao fato de a contraparte das
Operações, quando se aproximavam os respectivos vencimentos, não possuir
recursos para honrar com o pagamento de seu débito. Também esse fato não era de
conhecimento da RJI quando da assunção da administração dos Fundos.

13. Durante o processo de transição para que a RJI assumisse a administração


dos Fundos, a Planner em momento algum lhe passou as informações de que: (i)
havia um processo na CVM que questionava a regularidade das Operações; (ii) as
Operações tinham como contraparte uma sociedade ligada à gestora dos Fundos;
(iii) as Operações, que constavam naquele momento da carteira de investimentos
dos Fundos, resultavam de sucessivas “rolagens”, algumas delas havidas,
inclusive, no mandato da própria Planner; e (iv) havia indícios de que a contraparte
não teria recurso para honrá-las.

11 Cf. trecho extraído de manifestação da ANBIMA, em processo judicial ajuizado pela Vanquish
(gestora ligada à Infinity, sobre quem se falará alguns parágrafos abaixo): “Os fatos eram gravíssimos. A
INFINITY adotou um comportamento doloso para financiamento de empresas do próprio grupo INFINITY às
custas de recursos de fundos de investimento (leia-se, investidores). Recursos de terceiros, confiados à gestão da
INFINITY por meio de fundos de investimento, foram usados em negócios de interesse particular da gestora, e
isso é o que de mais grave pode ocorrer no mercado. (...) A INFINITY realizou investimentos em operações com
opções flexíveis, sem garantias, com contrapartes relacionadas a ela, em montantes superiores por emissor
descritos nos Regulamentos dos fundos de investimento por ela geridos. E mais, não identificou os
desenquadramentos, não avisou aos cotistas e ao mercado” (Doc. 27).
12Os fundos de renda fixa devem ter pelo menos 80% de seus recursos aplicados em ativos dessa
natureza, nos termos do art. 114, da Instrução CVM nº 555/2014, norma em vigor à época.

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14. A Requerente não sabe se a Planner foi informada daqueles mesmos fatos
pela BRB, que a antecedeu na administração dos Fundos – muito embora, como se

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verá, a BRB diga que sim: aqueles fatos eram conhecidos pela Planner.

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15. É bastante natural e esperado, inclusive, que, na transição entre
administradores do fundo, quem assuma o posto receba esse tipo de informação de
quem o antecedeu. Não por outra razão, na ata de assembleia geral de cotistas que
formalizou a substituição da Planner pela RJI, a primeira se obrigou a fornecer toda
a documentação relevante dos Fundos, como se retomará adiante.

16. Esse é o fato que dá origem à presente ação, que decorre da necessidade de a
RJI ter acesso aos documentos que Planner e BRB possuíam a respeito das Operações
– e que são especificados abaixo.

17. Com efeito, com base nessa documentação, a RJI poderá avaliar se possui uma
pretensão contra as Requeridas – em decorrência da falha com o seu dever de, na
qualidade de administradores dos Fundos, informar sobre a existência de
irregularidades que conhecessem.

18. Nesse sentido, a RJI, na qualidade de atual administradora dos Fundos, é


constantemente demandada por seus cotistas a informar o que ocorreu, sendo que,
como a origem das Operações remonta a períodos anteriores à sua administração – e
diante da omissão das Requeridas –, ela pouco tem de explicação a fornecer.

19. Mais do que isso, em função do reconhecimento da perda decorrente das


Operações – comentada logo mais abaixo –, a RJI foi indevidamente incluída como ré
em uma centena de processos judiciais movidos por investidores13. A Requerente

13 A exemplo os processos de nº 1010531-21.2023.8.26.0068, 1012765-50.2023.8.26.0011, 1012039-


55.2023.8.26.0309, 1001790-30.2024.8.26.0529, 1184395-04.2023.8.26.0100, 1065183-86.2023.8.26.0100,
0857854-03.2023.8.12.0001, 1025691-53.2024.8.26.0100, 1184394-19.2023.8.26.0100 e 1114865-

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provavelmente possui uma pretensão, assim, de ser ressarcida contra as Requeridas


– e a documentação cujo acesso é pedido nesta demanda se destina a verificar se essa

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pretensão efetivamente existe. Há também processos pelos quais a RJI foi demandada

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a exibir documentos relacionados às perdas das Operações, os quais ela não possui,
por se referirem a fatos anteriores a seu mandato e por não terem sido com ela
compartilhados pelas Requeridas14.

20. Voltando-se à história, em março de 2023, por decisão das assembleias de


cotistas dos Fundos, a gestora, Infinity, foi substituída pela Vanquish Asset
Management Ltda. (“Vanquish”), que é outra sociedade a ela ligada (Doc. 28)15. Em
maio de 2023, a Vanquish solicitou nova “rolagem” das Operações, o que, como já
mencionado, foi negado pela RJI. Na data do vencimento das Operações, então, a
contraparte inadimpliu com suas operações, levando os Fundos a reconhecerem uma
perda correspondente a 78% no valor de suas cotas (Doc. 29)16.

21. A RJI, então, na qualidade de administradora dos Fundos, constituiu provisão


para devedores duvidosos (“PDD”) referente a 100% dos respectivos créditos, o que
levou ao automático reconhecimento de uma perda no valor das cotas dos Fundos.

22. Não havia nada de diferente que a RJI pudesse fazer naquele momento: a
constituição da provisão era a única medida possível diante do inadimplemento – e
que reflete o risco real de o crédito não ser inadimplido. Mas essa era uma

10.2023.8.26.0100 (Doc. 30). Nos processos de nº 1004639-59.2023.8.26.0577 e 1071775-49.2023.8.26.0100,


inclusive, foram proferidas sentenças julgando procedentes os pedidos formulados pelos autores
(Doc. 31).
14A exemplo: processo nº 0933432-74.2023.8.19.0001 em trâmite perante a 6ª Vara Empresarial da
Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro (Doc. 32).
15Confira-se, por exemplo, a ata de assembleia de cotistas do fundo Infinity Lotus Fundo de
Investimento Renda Fixa, que registra a substituição da Infinity pela Vanquish.
16Confira-se, por exemplo, o fato relevante divulgado pelo Infinity Lotus Fundo de Investimento
Renda Fixa.

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consequência, repita-se, que não poderia ser evitada e que decorre das Operações
celebradas muitos anos atrás, antes de a RJI assumir o seu posto.

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23. Em 12/12/2023, foi concluído o julgamento do PAS pela CVM, que entendeu
que, de fato, as Operações eram irregulares.

IV. PROVÁVEL DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES REGULATÓRIAS


E CONTRATUAIS.

24. O administrador de fundos de investimento tem a obrigação de comunicar à


CVM sobre qualquer irregularidade que identificar nos fundos que administra.
Confira-se a norma em vigor na época dos fatos:

Instrução CVM nº 558/2015


Art. 16. O administrador de carteira de valores mobiliários deve:
(...)
VIII – informar à CVM sempre que verifique, no exercício das suas
atribuições, a ocorrência ou indícios de violação da legislação que
incumbe à CVM fiscalizar, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis
da ocorrência ou identificação;

25. Cabe ao administrador “diligenciar para que sejam mantidos, às suas expensas,
atualizados e em perfeita ordem: (...) f) a documentação relativa às operações do fundo”
(Instrução CVM nº 555/2014, art. 81)17.

26. Em função disso, quando há a substituição de um administrador de um fundo


de investimento, espera-se que aquele que está sendo substituído forneça, a seu
sucessor, todos os documentos e informações pertinentes. Trata-se, de mais a mais,
de decorrência da natureza fiduciária daquela função.

Vigente à época da administração de ambas as Requeridas, revogada apenas em 2022 pela Resolução
17

CVM nº 175/2022.

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27. Além disso, o administrador possui dever de lealdade para com os cotistas do
fundo18, o que significa que, se identificar algo que lhes seja prejudicial – ainda que

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se trate de uma ilegalidade praticada por outro personagem (como, no caso, o gestor)

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–, ele tem o dever de informar tal fato aos investidores.

28. Há ainda deveres gerais de boa-fé, transparência e lealdade que permeiam


qualquer relação jurídica19 e que, por força do princípio geral da boa-fé objetiva
(Código Civil, art. 422), obrigariam as Requeridas a informar à parte que lhes sucede
em determinada relação contratual os problemas que lhe são associados.

29. Em hipótese alguma, portanto, o administrador, ao se deparar com uma


irregularidade – repita-se: ainda que praticada por terceiro –, ainda mais algo que
atente contra os interesses dos cotistas, é autorizado a ficar calado.

30. Sobre o ponto, confira-se a doutrina especializada:

“Uma das facetas do dever de fiscalização que vem sendo


enfatizadas na jurisprudência diz respeito à obrigação de o
administrador comunicar determinados eventos à autarquia nos
casos previstos na regulamentação. Isto é, uma das dimensões da
eleição do administrador como guardião dos fundos de investimento
no modelo de governança brasileiro consiste na atribuição de um
papel de informante (‘whistleblower’) a esse ator.
Duas hipóteses de comunicação obrigatórias à CVM já foram
ressaltadas por meio dos precedentes. A primeira e principal delas
diz respeito à ocorrência de desenquadramentos. Espera-se que o

18Instrução CVM nº 555/2014, art. 92. “O administrador e o gestor, nas suas respectivas esferas de atuação,
estão obrigados a adotar as seguintes normas de conduta: I – exercer suas atividades buscando sempre as melhores
condições para o fundo, empregando o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma dispensar à
administração de seus próprios negócios, atuando com lealdade em relação aos interesses dos cotistas e do fundo,
evitando práticas que possam ferir a relação fiduciária com eles mantida, e respondendo por quaisquer infrações
ou irregularidades que venham a ser cometidas sob sua administração ou gestão;”.
19“(...) o dever de lealdade engloba o de veracidade, mas vai além, pois lealdade é mais do que veracidade: é
contribuir, positivamente, com o interesse alheio e, no caso das sociedades, com o interesse comum” (MARTINS-
COSTA, Judith. A boa-fé no direito privado – critérios para a sua aplicação. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2018, p. 578-594).

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administrador tão logo constate esse evento, comunique tanto o


gestor – como mencionado acima – quanto o regulador. (...)
Essa comunicação ao gestor e à CVM deve ocorrer até o final do dia

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seguinte da data do desenquadramento. (...)
A outra hipótese de comunicação já destacada concerne aos casos nos

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quais o administrador, no exercício de suas funções, se depara com
indícios de cometimento de irregularidades por parte do gestor. (...)
embora não caiba ao administrador realizar análises técnicas sobre o
mérito das operações do fundo, é sua obrigação, caso entenda que há
indícios de violação por parte de seus deveres – inclusive deveres
fiduciários – comunicar essas evidências à CVM, assim como dispõe
a regulamentação” (ANDRADE, Rafael. O administrador como
gatekeeper dos fundos de investimento. São Paulo: Lumen Juris,
2021, p. 255-257).

31. Além da obrigação imposta pela regulação, a Planner, em particular,


expressamente se comprometeu a transferir à RJI toda a documentação relevante
dos Fundos, no prazo de até 30 dias contados da transferência da administração.
Confira-se o que constou da ata de assembleia geral de cotistas que formalizou a
substituição da Planner pela RJI:

“c) o Administrador entregará ao NOVO ADMINISTRADOR (i)


cópia de todos os documentos relevantes relativos ao Fundo em até
30 (trinta) dias corridos contados da Data de Transferência; e (ii)
cópia da presente ata devidamente registrada no cartório de registro
de títulos e documentos competente, em até 3 (três) dias úteis
anteriores à Data de Transferência; d) o Administrador entregará ao
NOVO ADMINISTRADOR, em 5 (cinco) dias úteis contados da Data
de Transferência, cópia da posição e histórico de todos os Cotistas,
bem como dos registros contábeis e fiscais relativos ao período em
que o Fundo esteve sob sua administração20.”

32. As razões pelas quais BRB e Planner deixaram a administração dos Fundos é
desconhecida. Com tudo o que se sabe hoje, acredita-se que possivelmente tenham
tomado conhecimento das irregularidades verificadas e, no intuito de se eximir de
potenciais responsabilidades, decidido fazer vista grossa, descumprindo obrigação

20 Cf. ata de assembleia geral de cotistas do Infinity Lotus Fundo de Investimento Renda Fixa
(atualmente denominado Vanquish Coral FIRF LP) (Doc. 25, p. 03).

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que a norma lhes impunha (e, no caso da Planner, também o compromisso que
assumiu expressamente em ata), de maneira que a bomba explodisse no colo de

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outro.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARIANA PINHEL VIANA, protocolado em 18/04/2024 às 01:03 , sob o número 10587079520248260100.
33. Se essa hipótese se confirmar, isso significa que as Requeridas contribuíram
para um prejuízo gigantesco causado a milhares de investidores.

34. Pretende-se, assim, que a prova recaia sobre esses fatos (CPC, art. 382).

V. INTERESSE NA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA

35. A RJI é a atual administradora dos Fundos, posto que ocupa desde dezembro
de 2020. Já as Operações, que acarretaram as perdas verificadas no âmbito dos
Fundos, foram celebradas bastante tempo antes, entre 2014 e 2018, quando os Fundos
eram administrados pelas Requeridas 21.

36. A RJI, contudo, é constantemente demandada pelos seus cotistas sobre o


ocorrido, seja com pedidos de esclarecimentos, seja em demandas administrativas ou
judiciais22. Recentemente, a CVM expediu ofício para RJI prestar esclarecimentos
sobre as Operações, o que deve ser feito até 19/04/ 2024 (Doc. 33).

37. Nos termos do art. 381, III, do CPC, para que se tenha direito à produção
antecipada da prova, basta que ela demonstre a sua imprescindibilidade para

21 Como constatou a CVM no âmbito do PAS: “A SPS, por sua vez, no âmbito do IA, apurou que as
irregularidades se iniciaram em setembro de 2014 e prosseguiram em anos seguintes, tendo apontado
descumprimentos às normas da CVM ocorridos ao menos até dezembro de 2018, abrangidos neste PAS” (Doc.
26, p. 1). Cf. tb. “Tendo em vista os aspectos acima, proponho, no tocante à infração ao dever de agir com lealdade
em relação aos interesses dos cotistas dos Fundos, que os acusados Infinity Asset e David Fernandez sejam
punidos com penas restritivas de direitos. Acresça-se que a Infinity Asset foi a gestora dos Fundos durante todo
o tempo em que ocorreram as práticas irregulares objeto deste PAS (de setembro de 2014 a, ao menos, dezembro
de 2018)” (Doc. 26, p. 57).
22 A exemplo: o processo nº 0933432-74.2023.8.19.0001 (Doc. 32).

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eventual futura ação a ser ajuizada, sem que seja necessária a presença de qualquer
urgência. Confira-se, a esse respeito, o que diz a doutrina:

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“1. Antecipação da prova sem o requisito da urgência. O CPC de 2015
inova ao desvincular a antecipação da prova do requisito do perigo.
Assim, na esteira de ordenamentos como o francês e o alemão
(embora ainda distante dos modelos de common law), do que já
preconizava parte expressiva da doutrina, e do que admitia parcela
da jurisprudência, o novo texto passou a conceber a medida como
meio para que os interessados possam melhor avaliar suas chances e
riscos em disputa judicial. Daí porque, sem deixar de autorizar a
medida quando houver risco de se tornar difícil ou impossível a
verificação de fatos no decorrer do processo (inc. I), a lei passou a
permitir a antecipação como forma de melhor conhecimento dos
fatos para a propositura de demanda ou para a superação da
controvérsia mediante autocomposição (incs. II e III)” (coord.
ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa; DIDIER JR., Fredie;
TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno. Breves Comentários ao
Novo Código de Processo Civil. 3ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais. p. 1.150).

38. Todavia, diante da existência de prazo em curso para apresentar


esclarecimentos e documentos à CVM, não há dúvida de que a apresentação dos
documentos que se requer por meio da presente ação se faz evidentemente urgente
– a despeito, repita-se, de esse não ser um requisito para a medida.

39. No caso, a se confirmar que as Requeridas sabiam das irregularidades das


Operações e omitiram essa circunstância do conhecimento da Requerente, isso
significa que a Requerente terá uma pretensão indenizatória contra elas, por tudo o
que se expôs. Serve a presente ação, assim, para, independentemente de se entender
haver urgência ou não no provimento que se postula, a Requerente saber se possui
uma pretensão indenizatória contra as Requeridas – o que também configura o seu
cabimento a teor do art. 381, III, do CPC23.

23Como se sabe, nos termos desse dispositivo, a produção antecipada da prova também é cabível para
que a parte confirme se de fato possui uma pretensão, de maneira a “justificar ou evitar o ajuizamento
da ação”.

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VI. AS INFORMAÇÕES E DOCUMENTOS SOLICITADOS DAS RÉS E A SUA


RECUSA A FORNECÊ-LOS

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40. Em outubro de 2023, a RJI notificou a BRB e, por duas vezes, a Planner (Docs.
34, 35 e 36), relatando os eventos acima e solicitando os seguintes documentos e
informações acerca dos Fundos:

• Documentos solicitados à BRB:

(i) Ofícios e demais comunicações enviadas pela CVM e recebidos pela


BRB, em nome próprio ou na qualidade de representante de qualquer
dos Fundos, relativamente aos Fundos, antes ou após o término de seu
mandato;

(ii) Documentos relacionados à informação sobre a existência de outros


processos administrativos no âmbito da CVM ou de outra autoridade,
envolvendo qualquer um dos Fundos, que sejam de conhecimento da
BRB;

(iii) Manifestações enviadas pela BRB à CVM, incluindo respostas a ofícios


ou outras comunicações, reclamações, consultas etc., relativamente aos
Fundos, antes ou após o término de seu mandato;

(iv) Manifestações eventualmente enviadas pela BRB a outras autoridades,


com relação às Operações ou a qualquer potencial irregularidade
verificada no âmbito dos Fundos;

(v) Notificações e demais comunicações trocadas entre BRB e Infinity,


relativamente às Operações e demais eventuais potenciais
irregularidades que a BRB tenha identificado com relação aos Fundos;

(vi) Cópias de todos os documentos relativos às Operações, incluindo, os


contratos de opção e outros contratos relativos a Operações e suas
eventuais garantias, incluindo documentos referentes ao registro das
Operações perante a CETIP;

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(vii) Notificações e demais comunicações que tenham sido destinadas à ou


oriunda da contraparte das Operações, que a BRB tenha recebido a
qualquer título;

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(viii) Documentos relacionados à informação sobre a data na qual a BRB
tomou conhecimento acerca da contraparte das Operações,
acompanhada da documentação que lhe forneça prova;

(ix) Documentos relativos à estruturação ou à rolagem das Operações que


tenham ocorrido no mandato da BRB ou, tendo eventualmente ocorrido
antes, lhe tenham sido enviados;

(x) Documentos internos da BRB, inclusive troca de e-mails entre seu time
de administração, que façam referência às Operações.

• Documentos solicitados à Planner:

(i) Documentos relacionados à informação sobre a existência de


investigações ou processos administrativos no âmbito da CVM ou de
outra autoridade, envolvendo qualquer um dos Fundos, que sejam de
conhecimento da Planner;

(ii) Documentos relacionados à informação sobre a data na qual a Planner


tomou conhecimento do fato de que as Operações tinham por
contraparte sociedade ligada à Infinity – acompanhada da
documentação que lhe forneça prova;

(iii) Documentos relacionados à informação se a Planner foi comunicada


pela administradora anterior sobre a eventual existência de
questionamentos da CVM com relação à regularidade das Operações –
acompanhada da documentação que lhe forneça prova;

(iv) Ofícios e demais comunicações enviadas pela CVM e recebidos pela


Planner, em nome próprio ou na qualidade de representante de
qualquer dos Fundos, relativamente aos Fundos, antes ou após o
término de seu mandato;

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(v) Manifestações enviadas pela Planner à CVM, incluindo respostas a


ofícios ou outras comunicações, reclamações, consultas etc.,
relativamente aos Fundos, antes ou após o término de seu mandato;

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(vi) Manifestações eventualmente enviadas pela Planner a outras
autoridades, com relação às Operações ou a qualquer potencial
irregularidade verificada no âmbito dos Fundos;

(vii) Notificações e demais comunicações trocadas entre Planner e Infinity,


relativamente às Operações e demais eventuais potenciais
irregularidades que a Planner tenha identificado com relação aos
Fundos;

(viii) Notificações e demais comunicações que tenham sido destinadas à ou


oriunda da contraparte das Operações, que a Planner tenha enviado ou
recebido a qualquer título;

(ix) Documentos relativos à estruturação ou à rolagem das Operações que


tenham ocorrido no mandato da Planner ou, tendo eventualmente
ocorrido antes, que por qualquer razão lhe tenham sido enviados;

(x) Documentos internos da Planner, inclusive troca de e-mails entre o time


de administração, que façam referência às Operações;

(xi) Documentos relacionados à informação sobre as razões pelas quais a


Planner deixou a administração dos Fundos, cerca de um ano após
assumir o cargo.

41. Nenhum documento ou mesmo qualquer informação, porém, foram


prestados pelos antigos administradores dos Fundos, que ofereceram respostas
genéricas e decepcionantes. Configurada, portanto, a resistência de ambas as
Requeridas.

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42. A Planner respondeu às notificações por um breve e-mail, no qual se limitou


a mencionar que cumpriu seus deveres fiduciários e suas obrigações legais enquanto

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era administradora dos Fundos (Doc. 37)24.

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43. A BRB, por sua vez, afirmou que teria tomado providências e formulado
sugestões aos cotistas para aumentar a transparência e garantir liquidez dos fundos
(Doc. 38) – a denotar, assim, que ela de fato tomou conhecimento das irregularidades.
Além disso, a BRB afirmou que a Planner “tinha conhecimento da situação” e que “cabia
a administradora Planner Corretora de Valores S.A repassar todas as informações e fatos
relevantes dos fundos ao novo administrador, RJI Corretora de Títulos e Valores Mobiliários
LTDA” (Doc. 38) – sugerindo que, no processo de passagem de bastão entre as duas
administradoras, teria informado sua sucessora das irregularidades que descobriu.

44. Ou seja, as Requeridas se preocuparam apenas em tentar se eximir de suas


responsabilidades, sem, contudo, apresentar os documentos e informações
solicitados. As Requeridas tampouco forneceram qualquer explicação para não
apresentar o que foi solicitado pela Requerente. A BRB, em particular, fez referência
apenas a documentos públicos presentes no site da CVM (Doc. 38). Assim, a recusa
persistiu mesmo quando notificadas para exibir e informar.

45. É evidente, portanto, a recusa em exibir os documentos solicitados e são


exatamente esses documentos que se pretende sejam apresentados nesses autos.

24 Confira-se o inteiro teor daquele e-mail genérico: “Prezados, bom dia! Em resposta às notificações
recebidas, utilizamos deste expediente para informar que a Planner cumpriu com todos os seus deveres fiduciários
no período em que exerceu as atividades de administrador fiduciário dos fundos mencionados, e em todos os
trâmites de transferência dos fundos. Reforçamos ainda que a Planner sempre atuou, no âmbito desde fundo ou
de qualquer outro veículo, de forma diligente e no estrito cumprimento dos seus deveres fiduciários para com os
cotistas e mercado. Permanecemos a disposição” (Doc. 37).

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VII. CONCLUSÃO

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46. Como se sabe, a produção antecipada de provas possui rito especial que

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determina a imediata e automática exibição de documentos, independentemente de
qualquer defesa das Requeridas, nos termos do art. 382, parágrafo 4º, do CPC25.

47. Diante disso, a RJI requer seja determinada, inaudita altera parte, a entrega
imediata dos seguintes documentos na forma do art. 382, § 2º, do CPC, sob pena de
multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais):

• Documentos da BRB ou sob sua guarda cuja exibição se requer:

(i) Ofícios e demais comunicações enviadas pela CVM e recebidos pela


BRB, em nome próprio ou na qualidade de representante de qualquer
dos Fundos, relativamente aos Fundos, antes ou após o término de seu
mandato;

(ii) Documentos relacionados à informação sobre a existência de outros


processos administrativos no âmbito da CVM ou de outra autoridade,
envolvendo qualquer um dos Fundos, que sejam de conhecimento da
BRB;

(iii) Manifestações enviadas pela BRB à CVM, incluindo respostas a ofícios


ou outras comunicações, reclamações, consultas etc., relativamente aos
Fundos, antes ou após o término de seu mandato;

(iv) Manifestações eventualmente enviadas pela BRB a outras autoridades,


com relação às Operações ou a qualquer potencial irregularidade
verificada no âmbito dos Fundos;

(v) Notificações e demais comunicações trocadas entre BRB e Infinity,


relativamente às Operações e demais eventuais potenciais
irregularidades que a BRB tenha identificado com relação aos Fundos;

25CPC, art. 382. “Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da
prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair. (...) § 4º Neste procedimento, não
se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo
requerente originário”.

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(vi) Cópias de todos os documentos relativos às Operações, incluindo, os


contratos de opção e outros contratos relativos a Operações e suas
eventuais garantias, incluindo documentos referentes ao registro das

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Operações perante a CETIP;

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(vii) Notificações e demais comunicações que tenham sido destinadas à ou
oriunda da contraparte das Operações, que a BRB tenha recebido a
qualquer título;

(viii) Documentos relacionados à informação sobre a data na qual a BRB


tomou conhecimento acerca da contraparte das Operações,
acompanhada da documentação que lhe forneça prova;

(ix) Documentos relativos à estruturação ou à rolagem das Operações que


tenham ocorrido no mandato da BRB ou, tendo eventualmente ocorrido
antes, lhe tenham sido enviados;

(x) Documentos internos da BRB, inclusive troca de e-mails entre seu time
de administração, que façam referência às Operações.

• Documentos da Planner ou sob sua guarda cuja exibição se requer:

(i) Documentos relacionados à informação sobre a existência de


investigações ou processos administrativos no âmbito da CVM ou de
outra autoridade, envolvendo qualquer um dos Fundos, que sejam de
conhecimento da Planner;

(ii) Documentos relacionados à informação sobre a data na qual a Planner


tomou conhecimento do fato de que as Operações tinham por
contraparte sociedade ligada à Infinity – acompanhada da
documentação que lhe forneça prova;

(iii) Documentos relacionados à informação se a Planner foi comunicada


pela administradora anterior sobre a eventual existência de
questionamentos da CVM com relação à regularidade das Operações –
acompanhada da documentação que lhe forneça prova;

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(iv) Ofícios e demais comunicações enviadas pela CVM e recebidos pela


Planner, em nome próprio ou na qualidade de representante de
qualquer dos Fundos, relativamente aos Fundos, antes ou após o

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término de seu mandato;

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(v) Manifestações enviadas pela Planner à CVM, incluindo respostas a
ofícios ou outras comunicações, reclamações, consultas etc.,
relativamente aos Fundos, antes ou após o término de seu mandato;

(vi) Manifestações eventualmente enviadas pela Planner a outras


autoridades, com relação às Operações ou a qualquer potencial
irregularidade verificada no âmbito dos Fundos;

(vii) Notificações e demais comunicações trocadas entre Planner e Infinity,


relativamente às Operações e demais eventuais potenciais
irregularidades que a Planner tenha identificado com relação aos
Fundos;

(viii) Notificações e demais comunicações que tenham sido destinadas à ou


oriunda da contraparte das Operações, que a Planner tenha enviado ou
recebido a qualquer título;

(ix) Documentos relativos à estruturação ou à rolagem das Operações que


tenham ocorrido no mandato da Planner ou, tendo eventualmente
ocorrido antes, que por qualquer razão lhe tenham sido enviados;

(x) Documentos internos da Planner, inclusive troca de e-mails entre o time


de administração, que façam referência às Operações;

(xi) Documentos relacionados à informação sobre as razões pelas quais a


Planner deixou a administração dos Fundos, cerca de um ano após
assumir o cargo.

48. Requer, por fim, seja autorizada a autuação em sigilo do Doc. 33, que dizem
respeito a procedimento administrativo de caráter sigiloso (CPC, art. 189, I).

49. Os advogados subscritores da presente solicitam, sob pena de nulidade, que


todas as intimações se dirijam a Lucas Roldão Hermeto (OAB/RJ 305.518) e Antonio
Augusto Tiburcio (OAB/RJ 404.903). Informam, ainda, os seguintes e-mails, para

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recebimento de comunicações eletrônicas: [email protected] e


[email protected].

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50. Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos meramente
fiscais e de alçada.

São Paulo, 17 de abril de 2024.

Lucas Roldão Hermeto Antonio Augusto Tiburcio


OAB/RJ 165.700 OAB/RJ 187.646
OAB/SP 305.518 OAB/SP 404.903

Danielle Bouças Mariana Pinhel Viana


OAB/RJ 186.061 OAB/RJ 180.763
OAB/SP 481.719

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