Módulo 2 - A Rotulagem Ambiental Tipo I

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 47

Rotulagem Ambiental

Tipo I: sustentabilidade
e competitividade para
produtos e serviços
brasileiros
Módulo

2 A Rotulagem Ambiental
Tipo I
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Desenvolvimento Profissional


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Produção Web


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe responsável
Antônio José Juliani (Conteudista, 2020)
Fábio Hideki Sakatsume (Conteudista, 2020)
Fabiany Glaura Alencar e Barbosa (Coordenador, 2020)
Arthur Pomnitz de Gouvêa (Coordenador, 2020)
Haruo Silva Takeda (Coordenação Web e Implementação Articulate, 2021)
Ana Beatrice Neubauer de Moura (Revisão de texto, 2021)
Ludmila Bravim da Silva (Revisão de texto, 2021)
Ana Paula Medeiros Araújo (Direção e produção gráfica, 2021)
Patrick Oliveira Santos Coelho (Implementação Moodle, 2021)
Ana Carla Gualberto Cardoso (Diagramação, 2021).

Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório
Latitude e Enap.

Fonte das imagens modificadas e utilizadas no curso: freepik

Curso produzido em Brasília, 2021.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2


Sumário
Unidade 1 – Conceitos....................................................................... 5
1.1 Definição................................................................................ 5
1.2 Objetivos da Rotulagem Ambiental....................................... 7
1.3 Importância da Rotulagem Ambiental................................... 8
2.1 Fundamentos Técnicos - A Busca da Padronização nos
Rótulos Ambientais...................................................................... 9
2.2 Tipos de Rotulagem Ambiental ........................................... 13
2.3 Evolução da Rotulagem Ambiental Tipo I no Mundo ........ 18
2.4 A Rotulagem Ambiental Tipo I no Brasil .............................. 24
3.1 Papel da ONU-Meio Ambiente na Rotulagem Ambiental
Tipo I no Brasil .......................................................................... 26
3.2 GEN-Global Ecolabelling Network ....................................... 30
Unidade 2 – Oportunidades............................................................. 36
1.1 Rotulagem Ambiental Tipo I – Criação e Acesso a
Mercados .................................................................................. 36
1.2 Acordo Comercial entre Mercosul e União Europeia........... 39
Unidade 3 – Políticas Públicas.......................................................... 42
1.1 Rotulagem Ambiental Tipo I e Compras Públicas
Sustentáveis............................................................................... 42
Referências...................................................................................... 45

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 3


Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 4
2
Módulo
A Rotulagem Ambiental
Tipo I

Olá!

Desejamos boas-vindas ao módulo 2 do curso Rotulagem Ambiental Tipo I: sustentabilidade e


competitividade para produtos e serviços brasileiros. É um prazer ter você como participante e
auxiliar na construção do seu conhecimento acerca desse tema.

Este curso possui o objetivo de capacitar agentes econômicos da indústria e comércio em


rotulagem ambiental, destacando seus tipos e programas, as vantagens sócio-econômico-
ambientais e as oportunidades de negócios envolvidos.

Sugerimos que você leia o conteúdo e depois responda as questões no ambiente virtual na
ordem em que estão dispostos. Mas você é livre para fazer isso quando e na ordem em que achar
melhor - dentro do período de duração do curso. Só não deixe de garantir que fez tudo, para não
ter problemas com a obtenção do certificado ao final do curso!

Desejamos um excelente estudo!

Unidade 1 – Conceitos
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer as principais características da Rotulagem
Ambiental Tipo I e dos respectivos Programas de Rotulagem Ambiental.

1.1 Definição
Objetivo de aprendizagem: conhecer a definição da Rotulagem Ambiental.

A parte introdutória da norma internacional ISO 14020, Rótulos Ambientais e Declarações


- princípios gerais (em inglês, Environmental Labels and Declarations – General Principles)
apresenta, de forma clara, o raciocínio que estimulou o desenvolvimento da rotulagem ambiental.
Estabelece que:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5


h,
Destaque,h
A rotulagem e declarações ambientais fornecem informações sobre um produto
ou serviço em termos de seu caráter ambiental global, um aspecto ambiental
específico ou qualquer um desses aspectos. Compradores e potenciais
compradores podem usar essa informação na escolha de produtos ou serviços
que desejem, baseados em considerações ambientais, assim como em outros.

O fornecedor do produto ou serviço espera que o rótulo ou declaração ambiental


seja efetivo para influenciar a decisão de compra em favor do seu produto ou
serviço. Se o rótulo ou declaração ambiental tiver este efeito, a participação no
mercado do produto ou serviço pode aumentar e outros fornecedores podem
responder melhorando os aspectos ambientais dos seus produtos ou serviços
para habilitá-los a usar os rótulos ambientais ou as declarações ambientais,
resultando em redução dos efeitos ambientais negativos provocados por essa
categoria de produtos ou serviços.

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002, p. 13)

A rotulagem ambiental começou a tornar-se conhecida na década de


1970 e o primeiro rótulo ambiental foi criado na Alemanha, em 1977,
(Der Blaue Engel, ou Anjo Azul). A partir daí, evolui rapidamente em
muitos mercados, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países
em desenvolvimento.

Conforme contido em Grote (2002), a rotulagem ambiental pode ser entendida como um rótulo
que identifica a preferência ambiental global de um produto ou serviço dentro de uma categoria
específica de produtos e/ou serviços com base em considerações sobre o ciclo de vida. É a prática
de informar os consumidores sobre um produto que se caracteriza por um melhor desempenho
ambiental em comparação com produtos similares disponibilizados no mercado.

A rotulagem ambiental tem o objetivo de se constituir em uma ferramenta de mercado para


alcançar a minimização de impactos ambientais, por meio da informação crível sobre processos
produtivos/produtos e direcionada para o consumidor. Tem como meta a conscientização
ambiental do produtor e do consumidor.

O aumento da consciência ambiental dos consumidores e dos produtores nas últimas décadas,
tem influenciado o mercado de produtos e de serviços. Ocorreu um aumento da demanda por
informações sobre os impactos ambientais de processos produtivos de produtos e de serviços
que influenciou a decisão de compra do consumidor e a decisão de escolha de processos de
produção do fabricante.

Ocorreram muitas iniciativas de veiculação de informação de caráter ambiental sobre a produção


e o uso dos mais variados produtos e serviços. Muitas dessas iniciativas podem ser consideradas
como rotulagem ambiental (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 6


Os governos podem utilizar a rotulagem ambiental para incentivar boas práticas ambientais,
principalmente por meio do processo de compras públicas sustentáveis, enquanto que as empresas
podem utilizá-la para identificar e conquistar mercados, em âmbito nacional e internacional, por
meio da comercialização de produtos difrenciados e ambientalmente sustentáveis.

1.2 Objetivos da Rotulagem Ambiental


Objetivo de aprendizagem: conhecer quais são os principais objetivos da rotulagem ambiental.

A rotulagem ambiental é considerada uma ferramenta de mercado efetiva e que pode ser
utilizada para o alcance de objetivos socioambientais e econômicos.

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002), podemos destacar como importantes
objetivos da rotulagem ambiental:

+ Proteger o meio ambiente


A rotulagem ambiental é um processo que pode orientar as decisões dos
consumidores para o consumo sustentável, promovendo os processos produtivos
de produtos e de serviços que apresentam menores impactos socioambientais
quando comparados com seus similares no mercado. Pode ser usada, dessa forma,
para a elaboração de políticas públicas para a promoção de padrões de produção e
de consumo com menor impacto ambiental que os padrões vigentes.

+ Incentivar a inovação e a liderança ambientalmente saudável


A rotulagem ambiental pode se transformar em um incentivo de mercado
para as empresas que promovam a inovação ambiental e a tecnologia verde. O
desenvolvimento de produtos e/ou serviços que minimizam os impactos ambientais,
de forma efetiva e comprovada, podem proporcionar as empresas líderes, a criação
ou a manutenção de sua posição em novos mercados ou negócios. Adicionalmente,
a adoção da rotulagem ambiental por uma empresa pode contribuir para uma
imagem corporativa positiva entre os consumidores, o que lhe confere vantagem
em relação às outras empresas que possivelmente irão segui-las.

+ Conscientizar o consumidor sobre questões ambientais


A rotulagem ambiental pode contribuir para aumentar a conscientização dos
consumidores (pessoas, empresas e governos) com relação às questões ambientais
e às implicações de suas escolhas.

Os rótulos ambientais, quando elaborados com idoneidade, confiabilidade e


credibilidade, podem dar visibilidade ao mercado para os produtos e serviços com
menores impactos ambientais e, dessa forma, constituírem-se em instrumentos
eficazes para desenvolver a consciência ambiental dos consumidores.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7


1.3 Importância da Rotulagem Ambiental
Objetivo de aprendizagem: conhecer a importância da rotulagem ambiental para o
desenvolvimento de novos mercados, para a elaboração de políticas públicas e para a educação
ambiental.

A importância crescente da rotulagem ambiental é resultado, principalmente, da ênfase que lhe


foi dada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD), em 1992, na cidade do Rio de Janeiro. O tema foi incluído em um de seus principais
documentos, denominado Agenda 21, no qual a rotulagem ambiental é considerada como um
dos mecanismos eficazes de incentivo para o alcance de um setor produtivo com tecnologia e
processos ambientalmente sustentáveis.

h,
Destaque,h
De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002), “do ponto de vista dos
consumidores, os rótulos ambientais constituem importante instrumento de
educação para uma mudança que resulte em um comportamento e hábitos de
consumo mais responsáveis em relação ao meio ambiente.”

Conforme indicado em Ministério do Meio Ambiente (2002, p.18):

O acesso dos consumidores à informação crível, com base científica,


sobre produtos e serviços com menores impactos ambientais, é um
fator que contribui para uma decisão de compra mais adequada em
relação ao meio ambiente. Esse efeito será mais efetivo quanto maior
for a predisposição dos consumidores em dar atenção aos aspectos
ambientais.

O uso da rotulagem ambiental pode contribuir para dar visibilidade e promover os produtos com
processos produtivos de baixo impacto ambiental e propiciar ao consumidor a oportunidade
de escolher produtos e serviços sutentáveis para o alcance de uma mudança nos padrões de
produção e de consumo (BRASIL, 2002).

Na condição de uma ferramenta de mercado, a rotulagem ambiental contribui para a promoção


da ecoinovação e da adoção pelas empresas de tecnologias voltadas para a eficiência energética,
uso racional da água e para a mitigação dos gases de efeito estufa.

h,
Destaque,h
A rotulagem ambiental contribui para o desenvolvimento de mercados verdes,
que contemplam na sua concepção os aspectos ambientais. Esse efeito
mercadológico da criação de um nicho de mercado para produtos rotulados é
essencial para que as empresas decidam pela adoção da rotulagem ambiental.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 8


Além das contribuições efetivas para consumidores e para os produtores, a rotulagem ambiental
pode ser utilizada para a implementação de políticas públicas, com o objetivo de contribuir para
a mudança dos padrões de produção e de consumo vigentes para padrões considerados mais
responsáveis e de menor impacto no meio ambiente (BRASIL, 2002).

2.1 Fundamentos Técnicos - A Busca da Padronização nos


Rótulos Ambientais
Objetivo de aprendizagem: conhecer os fundamentos técnicos nos quais estão baseados a
rotulagem ambiental e porque foi necessária sua padronização.

Segundo Ministério do Meio Ambiente (2002):

O movimento ambientalista ganhou força nos países desenvolvidos


no início da década de 1970, e as empresas perceberam que as
exigências de cunho ambiental poderiam ser convertidas em vantagens
mercadológicas para alguns produtos. Inúmeras declarações e rótulos
ambientais surgiram no mercado.

A grande quantidade de rótulos e de declarações ambientais que


surgiram contribuíram para uma reação importante dos consumidores.
Por outro lado, aumentaram a confusão em função da diversidade de
informações ecológicas que demandaram a definição de normas e de
diretrizes para a rotulagem ambiental.

O mercado identificou que a verificação dos atributos de produtos estabelecidos nos rótulos
e nas declarações ambientais deveria ser feita por entidades independentes. O objetivo era
reforçar a transferência, imparcialidade e a credibilidade da rotulagem ambiental.

De acordo com Ipea (2011), devido a criação de muitos selos ambientais sem padrões comuns
regulatórios, a ISO, International Organization for Standardization (em português, Organização
Internacional de Normalização) elaborou um sistema crível de orientações para a normatização
ambiental no âmbito internacional.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9


ISO (Organização Internacional de Normalização)

Logo da ISO
Fonte: https://www.iso.org/iso-14001-environmental-management.html

De acordo com Normas Técnicas (2020):

O nome ISO é um termo grego que significa igualdade. Não é uma sigla.
O nome foi escolhido para evitar acrônimos diferentes em diferentes
línguas e mostrar que a ISO é realmente uma organização igual em
qualquer parte do mundo.

A ISO (Organização Internacional de Normalização) é uma organização


não governamental formada por diversas entidades em vários países
do mundo.
(...) Iniciou sua história na Federação Internacional das Associações
Nacionais de Padronização (ISA), em 1926. Teve suas operações
suspensas devido à Segunda Guerra Mundial, mas logo depois juntou-
se ao Comitê Coordenador de Padronização das Nações Unidas
(UNSCC) para criar uma proposta de um órgão de padronização global.

Foram convocados 25 países para a criação da atual ISO, uma reunião


realizada em Londres no ano de 1946. A organização começou a
funcionar oficialmente em 1947, na sede em Genebra, na Suíça.
Uma das instituições que participou ativamente da fundação da ISO foi
a ABNT, e por isso a Associação foi convidada para representar o Brasil
na Organização. Atualmente a ISO está presente em mais de 160 países
e com um número de técnicos superior a 3300.

A Organização trabalha com três tipos de classificação: normas técnicas,


classificações e normas de procedimento. As normas técnicas são a
área principal de atuação da ABNT, as classificações da ISO podem
ser vistas nos códigos dos países e as normas de procedimento têm
como exemplo mais famoso a tão falada ISO 9000, que é uma norma
de gestão de qualidade.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 10


Os técnicos da ISO realizam o trabalho de definir, divulgar e aprovar normas técnicas de
basicamente todos os campos em quase todo o mundo.

ISO 14000

De acordo com Ipea (2011), a ISO desenvolveu uma série de normas denominada de série ISO
14000, que estabeleceu diretrizes com o objetivo de atestar a responsabilidade ambiental das
atividades e dos produtos de uma empresa.

As empresas podem obter os certificados dessa série por meio de auditorias periódicas que
são realizadas por organismos de certificação credenciados e reconhecidos por organismos
acreditadores nos âmbitos nacional e internacional.

As normas da série ISO 14000 são divididas em dois grupos.

O primeiro grupo (Quadro 1) é formado pelas normas dirigidas para processos e organizações
e dizem respeito ao sistema de gestão ambiental, à avaliação de desempenho ambiental e à
auditoria ambiental.

Quadro 1: Normas ISO de gestão e auditorias ambientais.

ABRANGÊNCIA NÚMERO
DESCRIÇÃO DA NORMA
DA NORMA DA NORMA

ISO 14001 Guia de uso para o sistema de gestão ambiental


Gestão Ambiental
Guia para os princípios e técnicas de suporte
ISO 14004
para o sistema de gestão ambiental
ISO 14010 Princípios gerais de auditoria ambiental
Procedimentos de auditoria para o
ISO 14011
Auditoria Ambiental sistema de gestão ambiental
ISO 14012 Critérios de qualificação para auditores ambientais
ISO 14015 Diretrizes para auditoria ambiental
Fonte: Ipea (2011, p. 8)

No segundo grupo (Quadro 2 e Quadro 3), estão as normas elaboradas para os produtos que são
compostos por orientações para a rotulagem ambiental e aspectos ambientais dos produtos e
para a Avaliação de Ciclo do Vida.

As normas do Quadro 2 dizem respeito à rotulagem ambiental e contém os princípios para todos
os tipos de rótulos, métodos, testes de verificação e procedimentos que devem ser utilizados
acrescido das diretrizes orientadoras para a avaliação de desempenho ambiental.

O objetivo da ISO foi padronizar e criar normas para rótulos em função da existência de grande
quantidade de rótulos no âmbito internacional.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11


Basicamente, a Organização estabeleceu normas para os Tipos I, II e III.

Quadro 2: Normas ISO de rotulagem e avaliação de desempenho ambiental.

ABRANGÊNCIA NÚMERO
DESCRIÇÃO DA NORMA ROTULAGEM AMBIENTAL
DA NORMA DA NORMA
ISO 14020 Princípios básicos para todos os rótulos
Termos e definições da rotulagem
ISO 14021
ambiental tipo II (autodeclarações)
ISO 14022 Simbologia da rotulagem
Rotulagem Ambiental ISO 14023 Metodologia de testes e verificação
Guia de princípios e procedimentos para o
ISO 14024
rótulo ambiental tipo I (selos verdes)
Guia de princípios e procedimentos para
ISO 14025 o rótulo ambiental tipo III, referente à
Avaliação do Ciclo de Vida do produto
Avaliaçãodo desempenho
ISO 14031 Diretrizes para a avaliação ambiental
Ambiental
Fonte: IPEA (2011, p. 8)

O Quadro 3 contém as normas relacionadas com os princípios, os inventários do ciclo de vida


de produtos, o vocabulário usado em gestão ambiental e um guia de inclusão de aspectos
ambientais em normas para produtos.

Quadro 3: Normas ISO de avaliação do ciclo de vida, termos usados em gestão ambiental e
aspectos ambientais para produtos.

NÚMERO
ABRANGÊNCIA DA NORMA DESCRIÇÃO DA NORMA
DA NORMA
ISO 14040 Princípios e práticas da ACV
ISO 14041 Análise de inventário
Avaliação do Ciclo de Vida
ISO 14042 Avaliação de impactos ambientais
ISO 14043 Interpretação de resultados
Termos e definições ISO 14050 Vocabulário de gestão ambiental
Aspectos ambientais de Guia para a inclusão de aspectos
Guia ISO 64
normas para produtos ambientais em normas para produtos
Fonte: IPEA (2011, p. 9)

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 12


2.2 Tipos de Rotulagem Ambiental
Objetivo de aprendizagem: conhecer os tipos de rotulagem ambiental criados pela ISO ( Tipo I, II,
III) e informações adicionais sobre a Norma ISO 14024.

Desde a criação do primeiro rótulo ambiental na Alemanha, em 1977, surgiu uma quantidade
significativa de selos, rótulos, e declarações ambientais nos mais diversos países e com os mais
diferentes objetivos.

Foram criados desde selos ou rótulos que se referem a características específicas, como
‘reciclável’, ‘baixo consumo de energia’, ‘produto sem clorofluorcarbono (CFC)’, ou ‘contém X%
de material reciclado’, até rótulos que apresentam informações quantitativas sobre os aspectos
ambientais do produto, como ‘emissões de gases de efeito estufa’, ‘consumo de materiais e de
recursos renováveis’.

Rótulos ambientais bastante específicos também foram lançados no mercado, como a certificação
da agricultura orgânica, na qual se atesta que determinados produtos agrícolas não utilizam
substâncias químicas como adubos, pesticidas e agroquímicos em seus processos produtivos
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002).

Com o objetivo de estabelecer padrões e regras para o uso adequado da rotulagem ambiental, a
ISO classificou os rótulos ambientais de acordo com o quadro a seguir.

TIPO NORMA ISO CARACTERÍSTICAS


São programas de rotulagem ambiental de terceira parte,
ou seja, são concedidos e monitorados por uma terceira
parte independente. São voluntários e bem aceitos por
parte do consumidor em razão da transparência, maior
isenção e confiabilidade. Têm como base vários critérios
do ciclo de vida do produto (ACV), sendo regulamentado
Tipo I ISO 14024 pela ISO 14024. A norma estabelece que:
• O programa deve ter múltiplos critérios para cada
categoria de produto.
• Os critérios devem ser claros e transparentes.
• As partes interessadas devem ser consultadas
para se chegar a um consenso sobre os critérios,
por exemplo, a indústria e os fornecedores.
São autodeclarações ou reivindicações espontâneas
feitas pelos próprios fornecedores ou fabricantes, sem
avaliações de terceiros e sem a utilização de critérios
Tipo II ISO 14021 preestabelecidos. São normalizados pela ISO 14021, que
descreve uma metodologia de avaliação e verificação
geral para etiquetas próprias, o que permite às empresas
divulgarem na mídia os benefícios ambientais do produto.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13


TIPO NORMA ISO CARACTERÍSTICAS
Verificados por terceiros, como o Tipo I, e consideram a
ACV do produto. Não têm padronização a alcançar. São
os mais sofisticados e complexos, pois exigem extensos
Tipo III ISO 14025 bancos de dados para avaliar o produto em todas as suas
etapas, fornecendo a dimensão exata dos impactos que
provoca. Encontra-se em fase de formatação pela ISO
14025.
Fonte: Baseado em Ipea (2011, p. 9)

De forma resumida, a classificação de rótulos ambientais pela ISO pode ser assim descrita:

+ Tipo I
São os clássicos selos verdes, ou ecolabels, como são reconhecidos internacionalmente.
São voluntários e baseados em múltiplos critérios do ciclo de vida do produto. São
rótulos concedidos por terceira parte (as auditorias são feitas por certificadoras que
não pertencem aos produtores, fornecedores ou órgãos governamentais). No caso
do Brasil, as certificadoras necessariamente devem ser acreditadas pelo Inmetro
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002).

+ Tipo II
Diz respeito às declarações de cunho ambiental efetuadas pelos próprios fabricantes
e/ou pelos fornecedores.

+ Tipo III
São verificados por terceira parte, assim como o rótulo tipo I. Estabelece categorias
de parâmetros baseadas em uma avaliação do ciclo de vida completa e na divulgação
de dados quantitativos relativos a esses parâmetros para cada produto. Encontra-se
em fase adiantada de desenvolvimento (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002).

h,
Destaque,h
De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002), existe ainda outro
tipo de rótulo, o denominado rótulo Tipo IV, que são os rótulos ambientais
monocriteriais (apenas um critério é definido e analisado). Referem-se a
apenas um aspecto ambiental. São atribuídos por terceira parte e não são
baseados em considerações de ciclo de vida do produto.

Ressalta-se que a ISO não desenvolveu normas para esse tipo de rótulo, nem para as certificações
da agricultura orgânica.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 14


O interesse do Ministério da Economia na Rotulagem Ambiental Tipo I está relacionado ao fato
de que sua concessão e monitoramento são feitos por uma terceira parte independente. Fato
que confere maior transparência, imparcialidade e credibilidade para os rótulos ambientais que
carregam as informações sobre o desempenho ambiental dos produtos brasileiros.

A credibilidade e transparência associadas aos Rótulos Ambientais Tipo I não necessariamente


imprimem falta de credibilidade aos outros tipos de rótulos. Existem rótulos ambientais muito
importantes e críveis no mercado atualmente que não são normatizados pela ISO. No entanto, há
uma tendência internacional de promover a Rotulagem Ambiental Tipo I no âmbito do comércio
global.

ISO 14024

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002, p. 25):

A Norma ISO14024 - Environmental Labels and declarations – Type I


Environmental Labelling – Guiding principles and procedures, que
trata especificamente de programas de rotulagem ambiental do Tipo
I e tem o objetivo de assegurar a transparência e a credibilidade na
implementação desses programas, além de harmonizar os princípios e
procedimentos aplicáveis.

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002, pp. 25-27), a seguir são apresentados os
princípios que devem nortear um programa de rotulagem ambiental do tipo I, segundo a Norma
ISO 14024:

+ Natureza voluntária
Os programas do tipo I devem ser de natureza voluntária. Isso quer dizer que os
produtores/fornecedores deverão ter a liberdade de opção para aderir ou não ao
programa, tanto na sua concepção, seleção das categorias e estabelecimento dos
critérios, quanto na candidatura para obter a rotulagem.

+ Conformidade com a ISO14020


Os programas de rotulagem ambiental de terceira parte devem atender aos
princípios da ISO14020, Environmental labels and declarations - Basic principles.

+ Cumprimento da legislação ambiental e de outros regulamentos aplicáveis


As regras de um programa de rotulagem de terceira parte devem assegurar que a
concessão e a manutenção do rótulo sejam condicionadas às leis ambientais e a
outras regras pertinentes.

+ Atendimento ao ciclo de vida do produto


Os critérios devem ser estabelecidos levando em consideração alguns aspectos do
ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias primas que o compõem

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15


até sua disposição final, de forma a assegurar que, ao reduzir um impacto, este não
estará sendo transferido para outro estágio do ciclo de vida do produto.

+ Seletividade
Os critérios ambientais devem ser estabelecidos para permitir que produtos
ambientalmente preferíveis possam ser comparados aos outros da mesma categoria,
com base em uma diferença mensurável nos impactos ambientais. Dessa forma, os
produtores cujos produtos ainda não estejam aptos para a certificação com o rótulo,
possam promover as mudanças necessárias para o alcance dos requisitos exigidos e
contribuir para uma melhoria ambiental.

+ Realismo de critérios
Os critérios devem ser estabelecidos de forma que sejam possíveis e alcançáveis e
levar em consideração os impactos ambientais relativos e a capacidade e precisão
de medições.

+ Adequação ao uso e desempenho


A criação dos critérios deve considerar a adequação ao uso (qualidade) e os níveis de
desempenho do produto. Dessa forma, garante-se que o atendimento aos critérios
ambientais não afetará a qualidade do produto.

+ Revisão periódica dos critérios


Os critérios devem ser revisados periodicamente, considerando fatores como
novas tecnologias, novos produtos, novas informações ambientais e alterações de
mercado, além de terem um período de validade predefinido.

+ Consulta às partes interessadas


O processo de seleção, revisão, escolha das categorias de produtos e do
estabelecimento dos critérios ambientais deve prever um processo formal de
consulta e a participação aberta das partes interessadas.

+ Verificabilidade
Todos os elementos dos critérios devem ser passíveis de verificação.

+ Transparência
O programa de rotulagem ambiental do tipo I deve demonstrar transparência em
todos os estágios de seu desenvolvimento. A visibilidade implica que a informação
deva estar disponível às partes interessadas para análise e comentários. Essa
informação pode ser referente à seleção das categorias de produto, seleção e
desenvolvimento dos critérios ambientais, características funcionais do produto,
métodos de teste e verificação, procedimentos de certificação e premiação, período

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 16


de revisão, período de validade, evidências nas quais se baseou a concessão do
rótulo (asseguradas as questões de caráter confidencial), fontes de recursos para
desenvolvimento do programa, verificação da conformidade.

+ Não ter a intenção e nem criar obstáculos ao Comércio Internacional


Os procedimentos e requisitos de um programa de rotulagem ambiental não
devem ser preparados, adotados ou aplicados, com o objetivo de criar obstáculos
desnecessários ao Comércio Internacional.

+ Acessibilidade para todos os potenciais solicitantes (nacionais ou estrangeiros)


A solicitação ou a participação em um programa de rotulagem ambiental deve ser
aberta a todos os solicitantes em potencial. Todos os pretendentes que atendam aos
requisitos para uma determinada classe de produtos devem receber o rótulo.

+ Definição científica dos critérios ambientais


O desenvolvimento e a seleção dos critérios para rotulagem devem estar baseados
em princípios científicos e de engenharia, sólidos. Os critérios devem ser capazes
de sustentar que os produtos que se habilitaram ao rótulo são ambientalmente
preferíveis em relação àqueles que não foram qualificados.

+ Independência e ausência de conflitos de interesse


Os programas de rotulagem ambiental devem assegurar que não sofrem influências
indevidas e não defendem interesses específicos de terceiros. Os programas devem
demonstrar, por exemplo, que as fontes de recursos não criam conflitos de interesse.

+ Acessibilidade
Os custos e as taxas não podem ser impeditivos. As taxas dos programas de rotulagem
ambiental, cobradas por organismos certificadores, devem incluir as despesas de
solicitação, testes e administração. Em princípio, os custos e as taxas por concessão
e manutenção do rótulo devem estar baseados nos custos de todo o programa e
serem mantidos de forma viável para garantir a acessibilidade ao rótulo. Quaisquer
taxas devem ser aplicadas equitativamente a todos os solicitantes e licenciados.

+ Confidencialidade
Os programas devem garantir que todas as informações relativas aos produtores e
ao produto rotulado sejam confidenciais.

+ Reconhecimento mútuo
Dever ser encorajado e promovido o reconhecimento mútuo entre os programas de
rotulagem ambiental.

Fonte: Baseado em Ministério do Meio Ambiente (2002, pp. 25-27).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17


De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002, p. 28):

A norma ISO 14024 recomenda a adoção de alguns procedimentos


pelos programas de Rotulagem Ambiental Tipo I. Tais procedimentos
estão relacionados com:

• A seleção das categorias de produtos.


• O desenvolvimento, a análise e a modificação dos critérios
ambientais de rotulagem.
• A identificação das características funcionais do produto.
• O estabelecimento dos procedimentos de certificação e outros
elementos administrativos do programa.

No que diz respeito à definição dos critérios ambientais, recomenda-se a consideração do ciclo
de vida do produto. Não há a necessidade da consideração completa do ciclo de vida do produto,
mas de algumas etapas desse ciclo. Já os critérios desenvolvidos devem expressar os impactos
ambientais produzidos pelos processos produtivos e o uso de recursos naturais
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002).

Na fase de criação dos critérios, o organismo responsável pelo programa deve considerar a
viabilidade técnica e econômica e a existência de laboratórios para os tipos de testes que serão
utilizados para avaliação da conformidade dos produtos. Adicionalmente, o referido organismo
deve estabelecer regulamentos gerais de funcionamento do programa de rotulagem e as regras
específicas para cada produto (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002).

No Brasil, o Inmetro verifica se a certificadora que detém o programa de Rotulagem Ambiental


Tipo I cumpre com as normas estabelecidas e, portanto, verifica se ela está apta ou não para
atuar como certificadora (terceira parte). Esse processo é chamado de acreditação.

2.3 Evolução da Rotulagem Ambiental Tipo I no Mundo


Objetivo de aprendizagem: conhecer como se deu a evolução da Rotulagem Ambiental Tipo I no
mundo.

Der Blaue Engel

O primeiro rótulo ou selo ambiental, o Anjo Azul (Der Blaue Engel, em alemão), foi criado na
Alemanha, em 1977, como um instrumento de política ambiental. O objetivo era utilizá-lo para
identificar produtos com processos produtivos menos impactantes ao meio ambiente quando
comparados com os processos produtivos de seus concorrentes no mercado.

Desde 1986 a responsabilidade pelo programa alemão é do Ministério de Meio Ambiente,


Conservação da Natureza e Segurança Nuclear.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 18


Rótulo Ambiental Tipo I da Alemanha – Der Blaue Engel – O Anjo Azul
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Blauer_Engel#/media/Ficheiro:BE_
Logo_JuryUmweltzeichen_MenschUmwelt.svg

h,
Destaque,h
Segundo Wikipédia (2018):

O Blaue Engel (“Anjo Azul”) é um certificado alemão para produtos e serviços


que têm aspectos ecologicamente corretos.

É concedido desde 1978 pelo Jury Umweltzeichen, um grupo de 13 membros


de grupos ambientalistas e de defesa do consumidor, indústria, sindicatos,
comércio, mídia e igrejas.

O Blaue Engel é o selo de verificação ecológico mais antigo do mundo e abrange


cerca de 10 000 produtos em cerca de 80 categorias de produtos.

Após a introdução do Blaue Engel da Alemanha em 1978 como o primeiro


selo ambiental mundial, outros países europeus e não europeus seguiram
o exemplo e introduziram seus próprios selos ambientais nacionais e supra-
regionais.

A respeito do tema, assista a seguir a entrevista concedida pelo Sr. Ulf Jaeckel do Ministério do
Meio Ambiente da Alemanha:

Entrevista concedida pelo Sr. Ulf Jaeckel do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha

Environmental Choice Program

O Canadá foi o segundo país a desenvolver um programa de rotulagem ambiental, denominado


Environmental Choice Program (Programa Escolha Ambiental, em português), criado em 1988.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19


Inicialmente organizado e conduzido pelo governo canadense (Ministério do Meio Ambiente), no
âmbito do Standards Council of Canadá (SCA), foi posteriormente privatizado, sendo atualmente
gerido pela Terra Choice Environmental Systems Inc.

Environmental Choice Program


Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2013/09/10/selos-verdes-e-o-
programa-environmental-choice-artigo-de-roberto-naime/

De acordo com Naime (2013):

Integram seu comitê coordenador os representantes da área de saúde


pública, dos consumidores, cientistas, advogados, indústria e comércio.
Os aspectos técnicos estão sob responsabilidade da Associação
Canadense de Normas (CSA).

Esta iniciativa foi sustentada por pesquisas que mostraram que 94%
dos canadenses estavam preocupados com questões ambientais, já
em períodos pregressos a 1988, ano da institucionalização e operação
do programa.

O ECP estabelece duas fases principais para a obtenção da certificação


que dá direito ao uso do selo:

1. Identificação e revisão da categoria de produtos propostas


para certificação.
2. Desenvolvimento de diretrizes para a categoria proposta,
com o estabelecimento de critérios que um produto tem que
atender para que se fabricante possa ser licenciado a aplicar
o selo.

Já foram certificados detergentes, fraldas, baterias, material de


construção, utilidades domésticas, lâmpadas, lenços de papel
reciclados, embalagens comerciais, plásticos reciclados, tintas à base
de água, sistemas de compostagem para residências e combustíveis
para automóveis.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2013/09/10/selos-verdes-e-o-
programa-environmental-choice-artigo-de-roberto-naime/

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 20


Outros Rótulos Ambientais

A partir de 1988, os países nórdicos - Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia – criaram
o selo Nordic Swan (Cisne Nórdico). Os Estados Unidos desenvolveram o Green Seal (Selo Verde),
em 1989 e o Japão instituiu o Eco-Mark (Marca Ecológica).

Rótulo Ambiental Tipo I dos Rótulo Ambiental Tipo Rótulo Ambiental Tipo I do Japão
Páises Nórdicos – Nordic I dos Estados Unidos – – Eco-Mark – Marca Ecologica
Swan – O cisne nórdico Green Seal – Selo Verde Fonte: https://globalecolabelling.
Fonte: https://globalecolabelling. Fonte: https://globalecolabelling. net/gen-members/japan/
net/gen-members/nordic-countries/ net/gen-members/north-america-2/

Em 1992, a União Europeia lançou o rótulo ambiental comunitário, Ecolabel Flower (Rótulo
Ambiental Flor), cujo símbolo é uma flor. Por sua vez, o Brasil possui, desde 1993, o selo de
Qualidade Ambiental da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o Beija-Flor, além
do programa de rotulagem ambiental do Instituto Falcão Bauer, o Selo Ecológico Falcão Bauer,
desde 2007.

Rótulo Ambiental Tipo I – Rótulo Ambiental Tipo Selo Ecológico Falcão


União Europeia – Flower I – Brasil – Beija-Flor Bauer - Brasil
Fonte: https://globalecolabelling. Fonte: https://globalecolabelling. Fonte: http://www.ifbauer.
net/gen-members/european-union/ net/gen-members/brazil/ org.br/sustentabilidade/selo-
ecologico-falcao-bauer-1

Cabe ressaltar que o fato de a União Europeia ter desenvolvido um rótulo ambiental comunitário
não impede o funcionamento dos programas de rotulagem ambiental nacionais existentes.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21


Na Alemanha, por exemplo, o rótulo ambiental comunitário não substituiu o Anjo Azul. Os dois
rótulos coexistem no mercado alemão e a concorrência entre os dois é positiva e favorece a
fabricação de produtos com menor impacto ambiental.

Originalmente, alguns desses programas estabeleciam critérios baseados em alguns aspectos


ambientais dos produtos. Tais aspectos eram verificados em decorrência de serem considerados
os mais críticos para o meio ambiente.

Com o passar do tempo, mais aspectos ambientais foram sendo verificados e o conceito de ciclo
de vida começou a ser considerado por alguns programas que pretendiam desenvolver análises
completas de processos produtivos, como foi o caso do programa francês, o NF Environment,
e do Programa da União Europeia, Ecolabel Flower. Os exemplos seguidos e que influenciaram
outros programas foram as experiências da Alemanha e do Canadá.

É importante observar que o rótulo ambiental europeu provocou controvérsias em virtude


da possibilidade de se converter em barreira técnica para o acesso ao mercado europeu. Ao
se efetuar as análises de ciclo de vida, com base nos primeiros critérios estabelecidos para a
concessão do rótulo, poder-se-ia privilegiar processos de produção e aspectos ambientais com
potencial para excluir produtos oriundos de fora do continente europeu.

Entretanto, a ISO, em 1993, constituiu o Comitê Técnico 207(ISO/TC-207), com o mandato para
desenvolver normas e instrumentos de gestão ambiental padronizados, que resultou na série
ISO 14000.

Quer saber mais sobrea a atuação dos Comitês Técnicos? Confira a seguir:

De acordo com Hauselmann (1999):

TC 207 é o Comitê Técnico da ISO no qual se determinam os parâmetros


de padronização na gestão ambiental. Seus termos de referência impedem-
no de definir níveis de performance. A maior parte dos padrões da ISO são
altamente técnicos, lidando com questões como a sensibilidade dos filmes,
o tamanho de parafusos ou a altura dos pára-choques de carros. Os padrões
ambientais sobre a qualidade do ar (TC 146), a qualidade da água (TC 147) e
a qualidade do solo (TC 190) também pertencem a essa categoria.

Nos anos 80, a ISO deixou de lado essa abordagem e estabeleceu o TC 176,
destinado a padronizar a administração da qualidade, produzindo a série
ISO 9000. Essa nova abordagem baseou-se na avaliação do sistema pelo qual
os produtos eram produzidos, ao invés de nos próprios produtos. A ISO 9000
transformou-se na série de padrões mais bem-sucedida da história da ISO.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 22


Após a RIO’92, a ISO começou a definir os padrões para a gestão am­
biental: a série ISO 14000, sob o controle do TC 207, está baseada na mesma
abordagem dos padrões de qualidade. Os primeiros padrões, tais como o
ISO 14001 sobre ‘Sistemas de Gestão Ambiental’, foram publicados em 1996.

Os trabalhos de ambos - TC 176 e TC 207 - são relevantes para o meio


ambiente e a eco-rotulagem: o TC 176, porque definiu o procedimento
para certificação e acreditação, e o TC 207, porque dispõe de padrões que
lidam diretamente com as questões ambientais, incluindo a rotulagem
ambiental. A estrutura do TC 207 da ISO está composta de 85 corpo­rações
nacionais. Existem 6 sub-comitês e 16 grupos de trabalho.

Nessa série, encontram-se a norma ISO 14020, publicada em 1998 e a norma ISO 14024, publicada
em 1999. Enquanto a ISO 14020 estabeleceu os princípios para a rotulagem e as declarações
ambientais, a ISO 14024 definiu as regras para os programas de Rotulagem Ambiental Tipo I.

Essas normas foram obtidas por meio de consenso internacional dos princípios e aspectos
definidos nos quais os programas de rotulagem ambiental devem ser baseados. Constituem um
marco internacional para essa atividade.

De acordo com Juliani (2015), a implementação de programas de rotulagem tipo I, no Brasil e na


maioria dos países, é uma experiência recente. Os estudos que avaliam os benefícios ambientais
advindos da adoção da rotulagem ambiental pelas empresas são poucos e foram realizados nos
países desenvolvidos. No entanto, os resultados, em sua maioria, confirmam ganhos ambientais
que são obtidos pela aplicação da Rotulagem Ambiental Tipo I.

É difícil isolar e medir os benefícios dos rótulos comparativamente com os efeitos provocados por
demais medidas ambientais – a eficácia pode ser avaliada apenas indiretamente, pela mudança
no comportamento do consumidor, ao demandar produtos ambientalmente corretos (BRAGA;
MIRANDA, 2002).

Alguns exemplos adicionais de Rótulos Ambientais Tipo I globais:

Rótulo Ambiental Rótulo Ambiental Tipo I da Índia Rótulo Ambiental


Tipo I da França Fonte: https://globalecolabelling. Tipo I da China
Fonte: https://marque-nf.com/ net/gen-members/india/ Fonte: https://globalecolabelling.
net/gen-members/china-cec/

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23


Rótulo Ambiental Rótulo Ambiental Tipo Rótulo Ambiental Tipo I de Israel
Tipo I da Rússia I da Austrália Fonte:https://globalecolabelling.
Fonte: https://globalecolabelling. Fonte: https://globalecolabelling. net/gen-members/israel/
net/gen-members/russia/ net/gen-members/australia/

2.4 A Rotulagem Ambiental Tipo I no Brasil


Objetivo de aprendizagem: conhecer o estado da arte da Rotulagem Ambiental Tipo I no Brasil.

A primeira iniciativa para o estabelecimento de um selo verde brasileiro data de 1990, quando a
Associação Brasileira de Normas Técnicas propôs ao Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental a
implementação de uma ação conjunta.

Naquele momento, pouco progresso ocorreu, principalmente devido às dificuldades de ordem


institucional, à falta de recursos, além da insuficiência de coordenação nacional.

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002):

Em 1993, a estrutura do Programa ABNT- Qualidade Ambiental


começou a ser delineada no âmbito do PADCT II do Ministério de
Ciência e Tecnologia. Foi feita uma pesquisa sobre os programas de
rotulagem ambiental existentes no mundo para fornecer bases para a
formulação de um modelo brasileiro. O modelo proposto pela pesquisa
seguiu a Norma ISO-14024.

O programa foi desenvolvido com o objetivo de promover produtos e


serviços com baixo impacto ambiental, por meio da conscientização
de fabricantes, fornecedores, consumidores e instituições públicas
sobre as vantagens advindas da produção e do consumo de produtos
sustentáveis. Tais produtos provocam baixos impactos ambientais
durante o seu ciclo de vida e de acordo com os critérios de qualidade
ambiental estabelecidos.

O programa da ABNT é um programa de Rotulagem Ambiental Tipo I, ou seja, é voluntário, de


terceira parte e multicriterial, baseado no ciclo de vida do produto. Tem duas características

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 24


importantes: leva em consideração que o Brasil possui biodiversidade, cultura, condição
socioeconômica específicas; e que é necessário ser compatível com modelos de programas
internacionais. O objetivo é auxiliar os produtores domésticos no acesso aos mercados globais.

De acordo com Guéron (2003), apesar das diferentes estruturas existentes entre os programas
de Rotulagem Ambiental Tipo I do Brasil e de outros países, a essência da atividade desenvolvida
permanece a mesma, ou seja, a de contribuir para a confiabilidade no mercado doméstico ou
internacional, por meio de instituições internacionalmente reconhecidas.

O programa da ABNT basicamente desenvolve os critérios de sustentabilidade para determinada


categoria de produtos ou de serviços de acordo com a demanda do setor privado.

Nos últimos anos foram desenvolvidos critérios para produtos demandados pelo mercado como:
papel para cópia e impressão, cosméticos, tintas, meios de hospedagem, calçados, produtos
têxteis, computadores, lâmpadas, detergentes, produtos agrícolas e produtos derivados da
madeira, entre outros.

A partir do momento em que uma empresa solicita a concessão do rótulo ambiental da ABNT
para o seu produto ou serviço, têm início as atividades de avaliação da compatibilidade desses
produtos ou serviços com os critérios estabelecidos. O comitê técnico estabelecido para realizar
essa avaliação decide se o rótulo de qualidade ambiental deve ou não ser atribuído ao produto.

Além da ABNT, o Instituto Falcão Bauer, possui um Programa de Rotulagem Ambiental Tipo I,
no Brasil. Trata-se de um organismo de certificação nacional acreditado pelo Inmetro na área
de produtos e de sistemas de gestão. O referido Instituto confere o Selo Ecológico Falcão Bauer
(IFB), voluntário, de terceira parte, notadamente para produtos do setor da construção civil e
móveis para escritório.

Rótulo Ambiental Tipo I – Selo Ecológico Falcão Bauer


Brasil – ABNT Beija-Flor Fonte: http://www.ifbauer.
Fonte: https://globalecolabelling. org.br/sustentabilidade/selo-
net/gen-members/brazil/ ecologico-falcao-bauer-1

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25


3.1 Papel da ONU-Meio Ambiente na Rotulagem Ambiental
Tipo I no Brasil
Objetivo de aprendizagem: conhecer o papel desempenhado pela ONU-Meio Ambiente na
promoção da Rotulagem Ambiental Tipo I no Brasil.

De acordo com ONU (2020):

As Nações Unidas têm representação fixa no Brasil desde 1947. A


presença da ONU em cada país varia de acordo com as demandas
apresentadas pelos respectivos governos ante a Organização. No
Brasil, o Sistema das Nações Unidas está representado por agências
especializadas, fundos e programas que desenvolvem suas atividades
em função de seus mandatos específicos.

Assista a seguir os vídeos gravados por Regina Cavini, da Onu Meio Ambiente, a respeito do
trabalho da Organização das Nações Unidas no que tange à rotulagem ambiental:

Regina Cavini, da Onu Meio Ambiente, a respeito do trabalho da


Organização das Nações Unidas no que tange à rotulagem ambiental

Logo do PNUMA
Fonte: https://nacoesunidas.org/agencia/pnuma/

De acordo com PNUMA (2020):

Entre as agências especializadas, destaca-se o Programa das Nações


Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que é a principal autoridade
global em meio ambiente. No âmbito do Sistema das Nações
Unidas, o PNUMA, é responsável pela promoção da conservação
do meio ambiente e do uso eficiente de recursos no contexto do
desenvolvimento sustentável.

O PNUMA tem entre seus principais objetivos manter o estado do meio


ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações
sobre problemas e ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas
para melhorar a qualidade de vida da população sem comprometer os
recursos e serviços ambientais das gerações futuras.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 26


A relação entre o PNUMA, a Rotulagem Ambiental Tipo I e o governo brasileiro, data de 2007,
quando foi assinado um Projeto de Cooperação entre o PNUMA, a Comissão da União Europeia
e o Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior (MDIC), atualmente
Ministério da Economia.

O projeto, cujo objetivo foi permitir que os países em desenvolvimento aproveitassem as


oportunidades oferecidas pela rotulagem ambiental, contou com a participação do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Ministério do Meio Ambiente, e da
Associação Brasileira de Normas Técnicas. Também participaram os representantes do setor
de papel e celulose nacional, como a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), a
Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) e a empresa Internacional Paper do
Brasil (IP).

Além do Brasil, também participaram representantes da China (setor de eletroeletrônicos), da


Índia (setor têxtil), da África do Sul (setor de calçados) e do México (setor de calcados).

Logo do Projeto de Cooperação entre PNUMA e o Governo Brasileiro em 2004.


Fonte: https://www.onlinevolunteering.org/en/node/388471

O objetivo do projeto foi aumentar a conscientização de representantes do setor governamental e


do setor privado dos países participantes sobre a Rotulagem Ambiental Tipo I e as oportunidades
mercadológicas advindas de sua adoção, por meio de capacitação e assistência técnica.

A atividade principal foi submeter pelo menos um produto de uma empresa escolhida por cada
país participante ao Programa de Rotulagem Ambiental Tipo I da União Europeia (Ecolabel
Flower). O produto escolhido deveria obrigatoriamente ser exportado para o mercado europeu
para que a experiência pudesse trazer dados práticos sobre a influência da Rotulagem Ambiental
Tipo I na competitividade de produtos nacionais em mercados globais.

No caso do Brasil, o setor escolhido foi o setor de papel e celulose, a empresa participante
foi a International Paper do Brasil, localizada na cidade de Luís Antônio, no interior do estado
de São Paulo. A empresa submeteu o produto ‘papel para cópia e impressão’ aos critérios de
sustentabilidade do Ecolabel Flower.

O referido projeto foi finalizado em 2011, de forma bem-sucedida, com a obtenção do rótulo da
União Europeia pela International Paper do Brasil. A empresa foi a primeira da América Latina a
conseguir o rótulo da União Europeia para seus produtos.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27


Reunião com todos os representantes dos países participantes e com os
coordenadores internacionais do projeto, em 2009, em Bonn, na Alemanha.
Fonte: ONU-Meio Ambiente.

Além do alcance dos objetivos do projeto, houve um acúmulo de conhecimento significativo


por parte dos participantes sobre a Rotulagem Ambiental Tipo I. O desenvolvimento das
atividades incluía workshops, seminários e mesas de discussões, em várias cidades do Brasil, com
representantes de universidades, institutos de pesquisas, organizações não governamentais,
representantes dos consumidores e da sociedade em geral.

O tema foi muito discutido e a rotulagem ambiental começou a ser inserida em agendas de
importantes reuniões no âmbito do governo e do setor privado nacional.

Outra importante contribuição para o processo de desenvolvimento da Rotulagem Ambiental


Tipo I no Brasil e da iniciativa da ONU–Meio Ambiente, foi o Projeto de Cooperação denominado
SPPEL, Sustainable Public Procurement and Ecolabelling (em português, Compras Públicas
Sustentáveis e Rotulagem Ambiental), em 2015.

O referido projeto foi implementado em vários países da América Latina, África e Ásia, que foram
divididos em dois blocos: os países que possuíam programas de Rotulagem Ambiental Tipo I e os
países que não possuíam nenhum programa de rotulagem ambiental. No primeiro bloco ficaram
Brasil, Vietnã e Colômbia e, no segundo bloco, ficaram Equador, Panamá, Peru, Costa Rica, Chile,
Argentina, Sri Lanka, Marrocos, Maurício, Togo e Mongólia.

Logo do Projeto SPPEL


Fonte: https://www.oneplanetnetwork.org/initiative/sustainable-public-procurement-and-ecolabelling-sppel

O objetivo do projeto foi combinar compras públicas sustentáveis com Rotulagem Ambiental
Tipo I para estimular a demanda e a oferta de produtos sustentáveis nos países participantes. As
atividades previam o estabelecimento de bases para o desenvolvimento de políticas públicas de

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 28


Rotulagem Ambiental Tipo I e o aprimoramento do processo de compras públicas sustentáveis
nesses países com a promoção do uso da Rotulagem Ambiental Tipo I no processo.

No Brasil, o projeto SPPEL contou com a participação de representantes do Ministério do


Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão (MPOG) (ambos atualmente são Ministério da Economia) e do Ministério do Meio
Ambiente.

Workshop sobre Compras Públicas Sustentáveis – Apresentação do estudo “ Paper Brasil ”


Participantes da mesa de abertura: o Sr. Edson Duarte (MMA), Sr. Milton T.
Takano (MDIC), Sra. Regina Cavini (ONU) e Sr. Cassio Alves (MPOG).
Fonte: http://www.planejamento.gov.br/noticias/planejamento-participa-
de-workshop-sobre-compras-publicas-sustentaveis

O projeto contribuiu de forma efetiva para discussões importantes e o maior envolvimento dos
representantes do setor governamental e do setor privado no processo de compras públicas
sustentáveis do Brasil, e na possibilidade do uso da Rotulagem Ambiental Tipo I nas licitações
sustentáveis.

Foram intensamente debatidas as experiências internacionais de países que já estão em estágio


avançado no processo de compras públicas sustentáveis e que se utilizam de boas práticas
globalmente aceitas.

Importante resultado foi a elaboração de critérios de sustentabilidade para serem utilizados em


processos de compras públicas sustentáveis para três produtos: material de limpeza (detergentes),
divisórias de madeira e papel para cópia e impressão. Alguns dos critérios estabelecidos deveriam
ser verificados por uma terceira parte, por meio do uso da Rotulagem Ambiental Tipo I.

Adicionalmente, foi elaborado importante documento denominado Paper Brasil com o estudo
da arte da rotulagem ambiental e do processo de compras públicas sustentáveis no Brasil.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29


Ressalta-se que a ONU-Meio Ambiente tem sido uma parceira estratégica e de extrema importância
no processo de desenvolvimento da Rotulagem Ambiental Tipo I no Brasil, além de incentivadora
de outros temas relevantes para o desenvolvimento sustentável do país e do mundo.

3.2 GEN-Global Ecolabelling Network


Objetivo de aprendizagem: conhecer o papel do GEN na promoção da Rotulagem Ambiental Tipo
I no mundo.

h,
Destaque,h
A GEN, Global Ecolabelling Network (em português, Rede Global de Rotulagem
Ambiental) foi criada em 1994 com a finalidade de estimular os países a
prestarem assistência mútua, cooperação, intercâmbio de informações e
aprimorar e desenvolver programas de Rotulagem Ambiental Tipo I em todo
o mundo.

Trata-se de uma associação sem fins lucrativos que reúne organizações membros de Rotulagem
Ambiental Tipo I do mundo todo. Atualmente, a GEN conta com 26 membros plenos, 4 afiliados
e 3 associados e é considerada referência global para a Rotulagem Ambiental Tipo I (GEN, 2020).

Essas organizações (certificadoras) possuem programas de rotulagem ambiental, desenvolvem


critérios para certificação e concedem um rótulo ambiental para uso associado com produtos e
serviços com menores cargas e impactos ambientais do que produtos/serviços comparáveis ​​com
as mesmas funções.

Logo da GEN
Fonte: https://globalecolabelling.net/

Confira a seguir a entrevista concedida por Bjorn Erik Lonn da GEN, Suécia:

Entrevista concedida por Bjorn Erik Lonn da GEN, Suécia

De acordo com seu objetivo de promover a Rotulagem Ambiental Tipo I no âmbito internacional,
a GEN representa os programas de rotulagem ambiental dos países-membros em vários fóruns
internacionais, fornece informações e presta assistência técnica para o desenvolvimento de
programas de Rotulagem Ambiental Tipo I.

Os membros “afiliados” da GEN (por exemplo o Google Inc.), embora não sejam profissionais

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 30


de rotulagem ambiental, são fortes parceiros, apoiadores e promotores dos objetivos e das
atividades da rede global.

Workshop do GEN para países da América Latina no Ministério da Economia- Brasil


Vinicius Ribeiro (ABNT); Guy Ladvocat (ABNT); Ángel Guerrero (OSN, El Salvador); Paola Rojas
Chaves (Inteco, Costa Rica); Hector Corrales (Sedeco, Paraguai); Yulia Gracheva (Ecounion,
Rússia); Naomi Scott-Mearns (Consumers International, Inglaterra); Antonia Biggs Fuenzalida
(MMA, Chile); Bjorn-Erik Lonn (GEN, Suécia); Antonio Juliani (Ministério da Economia).
Fonte: https://www.abntonline.com.br/sustentabilidade//Noticia?id=253

A GEN também contribui para o fortalecimento da confiança entre os países-membros com o


objetivo de viabilizar o mecanismo de reconhecimento mútuo da certificação de programas
desenvolvidos em países diferentes.

Nesse mecanismo busca-se a identificação, a equivalência, a harmonização e o acordo entre


critérios principais comuns, o que torna o processo de certificação mais simples e barato entre
os países, evitando barreiras comerciais na exportação e facilitando o comércio de produtos
rotulados entre os países.

Cabe ressaltar que a ISO reconhece a GEN como uma “Organização de Ligação Externa” em seu
processo de desenvolvimento de normas, onde a GEN participa ativamente e fornece informações
substanciais. Simultaneamente, muitos membros da GEN atuam como especialistas técnicos e
participantes-chave em suas respectivas delegações nacionais da ISO.

A Norma ISO 14024 foi desenvolvida com a intenção de ser pertinente aos sistemas de rotulagem
ambiental existentes e planejados. A GEN reconhece os princípios contidos na norma como um
código de boas práticas para orientar os operadores de programas de Rotulagem Ambiental Tipo I.

A norma estabelece os princípios que devem nortear um programa de Rotulagem Ambiental do


Tipo I:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31


+ Natureza voluntária
Os programas do Tipo I devem ser de natureza voluntária. Isso quer dizer que os
produtores/fornecedores deverão ter a liberdade de opção para aderir ou não ao
programa, tanto na sua concepção, seleção das categorias e estabelecimento dos
critérios, quanto na candidatura para obter a rotulagem.

+ Conformidade com a ISO14020


Os programas de rotulagem ambiental de terceira parte devem atender aos
princípios da ISO14020 – “Environmental labels and declarations - Basic Principles”.

+ Cumprimento da legislação ambiental e de outros regulamentos aplicáveis


As regras de um programa de rotulagem de terceira parte devem assegurar que a
concessão e a manutenção do rótulo sejam condicionadas às leis ambientais e a
outras regras pertinentes.

+ Atendimento ao ciclo de vida do produto


Os critérios devem ser estabelecidos levando em consideração alguns aspectos do
ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias primas que o compõem
até sua disposição final, de forma a assegurar que, ao reduzir um impacto, este não
estará sendo transferido para outro estágio do ciclo de vida do produto.

+ Seletividade
Os critérios ambientais devem ser estabelecidos para permitir que produtos
ambientalmente preferíveis possam ser comparados aos outros da mesma categoria,
com base em uma diferença mensurável nos impactos ambientais. Dessa forma, os
produtores cujos produtos ainda não estejam aptos para a certificação com o rótulo,
possam promover as mudanças necessárias para o alcance dos requisitos exigidos e
contribuir para uma melhoria ambiental.

+ Realismo de critérios
Os critérios devem ser estabelecidos de forma que sejam possíveis e alcançáveis,
levando em consideração os impactos ambientais relativos e a capacidade e precisão
de medições.

+ Adequação ao uso e desempenho


A criação dos critérios deve considerar a adequação ao uso (qualidade) e os níveis de
desempenho do produto. Dessa forma, garante-se que o atendimento aos critérios
ambientais não afetará a qualidade do produto.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 32


+ Revisão periódica dos critérios
Os critérios devem ser revisados periodicamente, considerando fatores como
novas tecnologias, novos produtos, novas informações ambientais e alterações de
mercado, além de terem um período de validade predefinido.

+ Consulta às partes interessadas


O processo de seleção, revisão, escolha das categorias de produtos e do
estabelecimento dos critérios ambientais deve prever um processo formal de
consulta e a participação aberta das partes interessadas.

+ Verificabilidade
Todos os elementos dos critérios devem ser passíveis de verificação.

+ Transparência
O programa de Rotulagem Ambiental Tipo I deve demonstrar transparência em todos
os estágios de seu desenvolvimento. A visibilidade implica que a informação deva
estar disponível às partes interessadas para análise e comentários. Essa informação
pode ser referente à seleção das categorias de produto, seleção e desenvolvimento
dos critérios ambientais, características funcionais do produto, métodos de teste e
verificação, procedimentos de certificação e premiação, período de revisão, período
de validade, evidências nas quais se baseou a concessão do rótulo (asseguradas
as questões de caráter confidencial), fontes de recursos para desenvolvimento do
programa e verificação da conformidade.

+ Não ter a intenção e nem criar obstáculos ao Comércio Internacional


Os procedimentos e requisitos de um programa de rotulagem ambiental não
devem ser preparados, adotados ou aplicados, com o objetivo de criar obstáculos
desnecessários ao Comércio Internacional.

+ Acessibilidade para todos os potenciais solicitantes (nacionais ou estrangeiros)


A solicitação ou a participação em um programa de rotulagem ambiental deve ser
aberta a todos os solicitantes em potencial. Todos os pretendentes que atendam aos
requisitos para uma determinada classe de produtos devem receber o rótulo.

+ Definição científica dos critérios ambientais


O desenvolvimento e a seleção dos critérios para rotulagem devem estar baseados
em princípios científicos e de engenharia, sólidos. Os critérios devem ser capazes
de sustentar que os produtos que se habilitaram ao rótulo são ambientalmente
preferíveis em relação àqueles que não foram qualificados.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33


+ Independência e ausência de conflitos de interesse
Os programas de rotulagem ambiental devem assegurar que não sofrem influências
indevidas e que não defendem interesses específicos de terceiros. Os programas
devem demonstrar, por exemplo, que as fontes de recursos não criam conflitos de
interesse.

+ Acessibilidade
Os custos e as taxas não podem ser impeditivos. As taxas dos programas de rotulagem
ambiental, cobradas por organismos certificadores, devem incluir as despesas de
solicitação, testes e administração. Em princípio, os custos e as taxas por concessão
e manutenção do rótulo devem estar baseados nos custos de todo o programa e
serem mantidos de forma viável para garantir a acessibilidade ao rótulo. Quaisquer
taxas devem ser aplicadas equitativamente a todos os solicitantes e licenciados.

+ Confidencialidade
Os programas devem garantir que todas as informações relativas aos produtores e
ao produto rotulado sejam confidenciais.

+ Reconhecimento mútuo
Deve ser encorajado e promovido o reconhecimento mútuo entre os programas de
rotulagem ambiental.

Fonte: Baseado em Ministério Do Meio Ambiente (2002, pp. 25-27)

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002, p. 28), a norma ISO 14024 recomenda
a adoção de alguns procedimentos pelos programas de Rotulagem Ambiental Tipo I. Tais
procedimentos estão relacionados com:

• A seleção das categorias de produtos.

• O desenvolvimento, a análise e a modificação dos critérios ambientais de rotulagem.

• A identificação das características funcionais do produto.

• O estabelecimento dos procedimentos de certificação e outros elementos


administrativos do programa.

De fato, uma condição importante para associar-se de forma plena à GEN é que a organização
detentora de um programa de Rotulagem Ambiental Tipo I deve estar em conformidade com
as condições de associação da GEN, estabelecidas nos seus estatutos e esteja se aperfeiçoando
para cumprir com os princípios orientadores descritos na norma ISO 14024.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 34


Para validar essa exigência, a GEN estabeleceu um processo interno de revisão por pares,
o GENICES, em 2011. Esse processo também visa aprimorar a cooperação entre os membros
no desenvolvimento de critérios, no mecanismo de reconhecimento mútuo e na troca de
conhecimentos, especialmente quando os programas operam em diferentes regiões do mundo
(GEN, 2020).

O processo de revisão por pares é composto por duas etapas: começa com uma solicitação por
escrito que é avaliada pela GEN (1ª etapa) e é seguida por uma avaliação realizada por outras
certificadoras detentoras de programas de Rotulagem Ambiental Tipo I (2ª etapa).

Os avaliadores designados pela GEN documentam as conclusões e recomendações para a


organização (certificadora) candidata, que abordam os principais aspectos da operação de um
programa de Rotulagem Ambiental Tipo I, conforme descrito na ISO 14024, incluindo elementos
como desenvolvimento de critérios, categorias de produtos, conformidade e verificação (GEN,
2020).

Para saber mais, assista ao vídeo sobre Rotulagem Ambiental Tipo I da Global
Ecolabelling Netwoek – GEN.

Vídeo EcoUnion World Ecolabel Day 2019

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35


Unidade 2 – Oportunidades
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de entender a importância da Rotulagem Ambiental Tipo
I para a criação de novos mercados e para o acesso de produtos nacionais em mercados globais,
principalmente no âmbito do Acordo União Europeia-Mercosul.

1.1 Rotulagem Ambiental Tipo I – Criação e Acesso a Mercados


Objetivo de aprendizagem: entender a importância da Rotulagem Ambiental Tipo I para a criação
e para o acesso a mercados globais.

Os problemas de ordem ambiental tornaram-se regulares nas últimas décadas e com reflexos
significativos no setor produtivo. Entre eles, destacamos o esgotamento de recursos naturais, o
uso inadequado da água, da energia e do solo, o aumento das emissões de gases de efeito estufa
e a gestão inadequada de resíduos.

Nesse contexto, inúmeros requisitos ambientais são definidos e passam a constituir referências
para ações, objetivos e metas ambientais, também são incluídos em legislações, normas, padrões,
regulamentos e em políticas nacionais. As variáveis ambientais adquiriram, nos últimos tempos,
valor de mercado importante para bens e serviços ambientais no âmbito de uma economia
globalizada (FILHO, 2002).

O valor crescente de mercado para bens e serviços ambientais proporcionou uma maior
demanda por produtos sustentáveis no mercado internacional, que poderá incentivar as
empresas exportadoras nacionais, principalmente, a adotarem a Rotulagem Ambiental Tipo I
para comprovar que seus produtos são sustentáveis.

Do ponto de vista do setor privado, em tempos de forte concorrência internacional e de intensa


instabilidade econômica global, é importante assegurar mercados e até mesmo explorar novos
mercados, principalmente o mercado da União Europeia, que imprimi valor significativo para os
produtos que contemplam os aspectos ambientais no seu ciclo de vida.

De acordo com GEN (2020), existem 26 países com programas de Rotulagem Ambiental Tipo I,
incluindo o Brasil, que já rotularam mais de 230.000 produtos e serviços, oriundos de mais de
13.000 empresas.

Na União Europeia, são cerca de 71.000 produtos/serviços com o rótulo EU Ecolabel, no âmbito
de 24 diferentes grupos de produtos e que movimentam negócios da ordem de 336 milhões de
euros (European Commission, 2020).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 36


De acordo com a European Comission (2020):

O mercado global de bens e de serviços ambientais de baixo carbono,


que precisa de certificação para ser acessado, deve gerar negócios da
ordem de 4,2 trilhões de euros nos próximos anos. A quota de mercado
das empresas europeias é de 21%, fato que viabiliza fatia de mercado
significativa para empresas de outros continentes.

A concepção ecológica, a ecoinovação, a redução da produção de


resíduos e a reutilização de matérias-primas podem proporcionar às
empresas da União Europeia economia da ordem de 600 bilhões de
euros anuais e viabilizar a criação de 2 milhões de empregos adicionais.

As compras sustentáveis que correspondem à aquisição de bens, serviços e obras públicas


na União Europeia e que utilizam a rotulagem ambiental como instrumento de verificação de
sustentabilidade de produtos e de serviços, correspondeu a cerca de 14% do PIB em 2017, e
representou aproximadamente 2 trilhões de euros.

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2002), a rotulagem ambiental contribui para
o desenvolvimento de mercados verdes, que contemplam na sua concepção os aspectos
ambientais. Esse efeito mercadológico da criação de um nicho de mercado para produtos
rotulados é essencial para que as empresas decidam pela adoção da rotulagem ambiental.

A sólida estrutura de um programa de rotulagem ambiental bem-sucedido e com credibilidade


pode contribuir para a criação de uma dinâmica para a melhoria contínua do desempenho
ambiental de produtos e de serviços.

Adicionalmente, pode desenvolver novos mercados que, de outra forma, poderiam não ser
percebidos pelos consumidores, pois geralmente são mercados mais sofisticados em relação à
tecnologia ambiental utilizada para diferenciá-los dos outros mercados e, dessa forma, poderiam
fugir da compreensão do consumidor comum.

Com o acirramento da concorrência econômica global, a Rotulagem Ambiental Tipo I tornou-


se importante instrumento de mercado ligado à competitividade de produtos e de serviços e,
portanto, de acesso aos mercados de outros países mais exigentes com as questões ambientais.

Torna-se necessário o cumprimento de vários critérios de sustentabilidade que são exigidos por
esses países e levados em consideração pelos consumidores mais conscientizados. No âmbito
do Comércio Internacional, em mercados onde o nível de exigência do consumidor é maior, a
verificação do cumprimento desses critérios é feita por meio da Rotulagem Ambiental Tipo I de
terceira parte.

As oportunidades de mercado para as empresas aumentam, apesar da instabilidade econômica


global. Recentemente, o Mercosul, bloco econômico do qual o Brasil é parte, assinou Acordo
Comercial com a União Europeia.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37


Quer saber mais sobre o Mercosul? Confira:

Com mais de duas décadas de existência, o Mercado Comum do Sul


(MERCOSUL) é a mais abrangente iniciativa de integração regional da América
Latina, surgida no contexto da redemocratização e reaproximação dos países
da região ao final da década de 80. Os membros fundadores do MERCOSUL
são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção
de 1991.

A Venezuela aderiu ao Bloco em 2012, mas está suspensa, desde dezembro


de 2016, por descumprimento de seu Protocolo de Adesão e, desde agosto de
2017, por violação da Cláusula Democrática do Bloco.

Todos os demais países sul-americanos estão vinculados ao MERCOSUL como


Estados Associados. A Bolívia, por sua vez, tem o “status” de Estado Associado
em processo de adesão.

O Tratado de Assunção, instrumento fundacional do MERCOSUL, estabeleceu


um modelo de integração profunda, com os objetivos centrais de conformação
de um mercado comum - com livre circulação interna de bens, serviços e
fatores produtivos - o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC) no
comércio com terceiros países e a adoção de uma política comercial comum.

A agenda política do MERCOSUL abrange um amplo espectro de políticas


governamentais tratadas por diversas instâncias do bloco, que incluem
reuniões de ministros, reuniões especializadas, foros e grupos de trabalho.
Os Estados Partes e Estados Associados promovem cooperação, consultas
ou coordenação em virtualmente todos os âmbitos governamentais, o que
permitiu a construção de um patrimônio de entendimento e integração de
valor inestimável para a região.

O MERCOSUL é hoje instrumento fundamental para a promoção da cooperação,


do desenvolvimento, da paz e da estabilidade na América do Sul.

As questões relacionadas com o acesso ao mercado europeu de produtos e serviços originários


dos países do Mercosul provavelmente incluirão as normas, os regulamentos e as exigências
europeias de preenchimento de requisitos de cunho socioambiental por parte de produtos e de
serviços estrangeiros para que possam acessar o mercado doméstico.

Os países e os consumidores europeus já conhecem a Rotulagem Ambiental Tipo I desde a


década de 1970 e estão conscientizados sobre a importância dessa ferramenta de mercado para
a promoção do desenvolvimento sustentável. Trata-se de oportunidade para que produtos e

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 38


serviços produzidos nos países membros do Mercosul melhorem suas posições ou até mesmo
conquistem novas posições no mercado europeu, por meio da adoção da Rotulagem Ambiental
Tipo I.

1.2 Acordo Comercial entre Mercosul e União Europeia


Objetivo de aprendizagem: conhecer alguns pontos importantes do Acordo Mercosul/União
Europeia, relacionados com o desenvolvimento sustentável e as possibilidades de uso da
Rotulagem Ambiental Tipo I.

De acordo com Vieira (2019), os comitês negociadores do Mercosul e da União Europeia (UE)
concluíram, no segundo semestre de 2019, um acordo comercial envolvendo os dois blocos
econômicos. O foco principal das conversações foi a redução de tarifas de importação entre os
países europeus e sul-americanos.

Logo do Mercosul
Fonte: http://www.mercosul.gov.br/

Logo da União Europeia


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Flag_of_Europe.svg

A nova estrutura das tarifas pode contribuir para uma redução dos preços dos produtos
agropecuários e dos produtos industriais que foram incluídos no âmbito do acordo que vem
sendo negociado, pelos blocos, desde 1999.

De acordo com Itamaraty (2019), é importante ressaltar que juntos, a União Europeia e o
Mercosul, que é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, somam um produto interno
bruto (PIB) de cerca de US$ 20 trilhões, que corresponde a 25% da economia mundial. O mercado
consumidor é formado por 780 milhões de pessoas.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39


Saiba mais sobre o PIB, a seguir:

Segundo IBGE (2020):

O produto interno bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços finais


produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Todos
os países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas.

O PIB do Brasil em 2019, por exemplo, foi de R$ 7,3 trilhões. O PIB mede
apenas os bens e serviços finais para evitar dupla contagem. Se um país
produz R$ 100 de trigo, R$ 200 de farinha de trigo e R$ 300 de pão, por
exemplo, seu PIB será de R$ 300, pois os valores da farinha e do trigo já
estão embutidos no valor do pão.
Os bens e serviços finais que compõem o PIB são medidos no preço em que
chegam ao consumidor. Dessa forma, levam em consideração também os
impostos sobre os produtos comercializados.

O PIB não é o total da riqueza existente em um país. Esse é um equívoco


muito comum, pois dá a sensação de que o PIB seria um estoque de valor
que existe na economia, como uma espécie de tesouro nacional.

Na realidade, o PIB é um indicador de fluxo de novos bens e serviços finais


produzidos durante um período. Se um país não produzir nada em um
ano, o seu PIB será nulo.

Conforme informado pelo Itamaraty (2019), o comércio entre os dois blocos, em 2018, atingiu
US$ 90 bilhões, com exportações brasileiras para o continente europeu, da ordem de US$ 42
bilhões. Em 2017, a União Europeia foi o maior investidor estrangeiro no Mercosul, com cerca de
US$ 433 bilhões. O PIB per capta dos europeus supera US$ 24 mil, enquanto o PIB do Mercosul
é da ordem de US$ 10,5 mil.

O texto definitivo do acordo comercial ainda não foi divulgado. Deverá ser revisado partes legais
e ser traduzido para cerca de 30 idiomas. Até o momento, são conhecidos os principais tópicos
do capítulo comercial, enquanto os capítulos político e de cooperação internacional estão em
fase final de negociações (VIEIRA, 2019).

De acordo com Itamaraty (2019, p. 1): “O Acordo de Associação entre Mercosul e União Europeia
inclui três pilares: diálogo político, cooperação e livre comércio”.

A assinatura do Acordo Comercial Mercosul-União Europeia pode se constituir em grande


instrumento de promoção da Rotulagem Ambiental Tipo I, notadamente para o meio empresarial.
O consumidor europeu é muito conscientizado no que diz respeito às questões ambientais e

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 40


é conhecedor das informações contidas nos rótulos ecológicos referentes aos impactos dos
processos produtivos de produtos e de serviços no meio ambiente.

De acordo com European Commission (2020), na União Europeia existem 70.692 produtos/
serviços com o rótulo comunitário tipo I da União Europeia (EU Ecolabel), no âmbito de 24
diferentes grupos de produtos que incluem produtos de limpeza, produtos de papel, cosméticos,
alojamentos turísticos, tintas, eletrodomésticos e produtos têxteis, entre outros. Os países com
maior número de produtos/serviços com o rótulo europeu são a Espanha, a França, a Alemanha, a
Itália e a Suécia, que juntos perfazem 72% do total de produtos/serviços rotulados no continente.

Ainda conforme European Commission (2020), o mercado global de bens e de serviços ambientais
de baixo carbono, que precisa de certificação para ser acessado, deve gerar negócios, nos
próximos anos, da ordem de 4,2 trilhões de euros. A quota de mercado das empresas europeias
é de 21%, fato que viabiliza fatia de mercado significativa para empresas de outros continentes.

Na União Europeia, a maioria dos países tem seu próprio programa de Rotulagem Ambiental
Tipo I, além de participar do programa comunitário de Rotulagem Ambiental Tipo I denominado
Ecolabel Flower. No Mercosul, apenas o Brasil possui programas de rotulagem ambiental tipo
I (Beija-Flor/ABNT e Selo Ecológico Falcão Bauer). Os outros países do bloco possuem pouca
experiência com Rotulagem Ambiental Tipo I.

As empresas do Mercosul que optarem por rotular ou que já tenham seus produtos/ou serviços
já rotulados, poderão participar de um mercado promissor com oportunidades significativas de
expansão comercial e de conquista de novos mercados.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41


Unidade 3 – Políticas Públicas
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de entender como a Rotulagem Ambiental Tipo I pode
ser utilizada no processo de compras públicas sustentáveis.

1.1 Rotulagem Ambiental Tipo I e Compras Públicas Sustentáveis


Objetivo de aprendizagem: entender como a Rotulagem Ambiental Tipo I pode ser usada no
processo de compras públicas sustentáveis.

De acordo com Ministério da Economia (2020), as compras governamentais no Brasil movimentam


recursos da ordem de 10% a 15% do PIB e mobilizam setores estratégicos da economia.

Conforme indicado pelo IBGE (2020), o PIB brasileiro, a preços correntes, em 2017, alcançou R$
6,6 trilhões (US$ 2,02 trilhões, referente à 2017). Levando-se em consideração a participação das
compras públicas no PIB, os valores variaram entre R$ 660 bilhões e R$ 990 bilhões (US$ 202,45
bilhões a US$ 303,68 bilhões, referente a 2017).

A comparação feita entre os valores movimentados pelas compras governamentais do Brasil, em


2017, com os valores dos PIBs em dólares, de alguns países, mostra que as compras nacionais
superaram os PIBs de alguns países.

Por exemplo, o Peru, cujo PIB em 2017 foi da ordem de US$ 207 bilhões, da Finlândia (US$ 234,5
bilhões), do Chile (US$ 251,3 bilhões) e da Irlanda (US$ 294,19 bilhões). Os valores das compras
nacionais se igualaram aos PIBs da Dinamarca, que atingiu US$ 300 bilhões no mesmo ano e da
África do Sul com US$ 300 bilhões, entre outros países.

A magnitude dos valores movimentados pelas compras governamentais torna significativa a


responsabilidade do gestor público encarregado de definir regras e diretrizes que regulam o
poder de compra do Estado e que são relevantes para o desenvolvimento econômico do país
(CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO, 2014).

É o protagonista na definição de instrumentos de aquisição que serão utilizados na obtenção da


proposta mais vantajosa e que definem a eficácia das políticas públicas de compras. Trata-se de
importante oportunidade de mercado para o setor privado.

h,
Destaque,h
De acordo com Ministério do Meio Ambiente (2020):

Compras públicas sustentáveis são o procedimento administrativo formal


que contribui para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável,

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 42


mediante a inserção de critérios sociais, ambientais e econômicos nas
aquisições de bens, contratações de serviços e execução de obras.

De uma maneira geral, trata-se da utilização do poder de compra do setor


público para gerar benefícios econômicos e socioambientais.

As contratações públicas também são conhecidas por licitações sustentáveis, ecoaquisições,


compras verdes, compras ambientalmente amigáveis ou licitações positivas (BIDERMAN, 2008).

Uma das maiores dificuldades encontradas no processo de compras públicas sustentáveis do


Brasil é a verificação da sustentabilidade dos produtos e dos serviços adquiridos pelo poder
público. Atualmente, essa verificação é feita de forma efetiva pelos órgãos públicos por meio do
aceite de uma autodeclararão do fornecedor que muitas vezes não preenche os requisitos de
sustentabilidade exigidos.

Uma das alternativas sugeridas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior
e Serviços durante o desenvolvimento das atividades do Projeto SPPEL no Brasil, foi o uso da
Rotulagem Ambiental Tipo I como uma ferramenta alternativa de verificação da sustentabilidade
de produtos e de serviços no processo de compras públicas sustentáveis.

A ideia é utilizar os critérios de sustentabilidade, ou parte desses critérios, que compõem os


programas de Rotulagem Ambiental Tipo I do país e utilizá-los nos termos de referência que
são elaborados para aperfeiçoar o processo das licitações públicas sustentáveis. Os critérios de
sustentabilidade adotados pelos programas de Rotulagem Ambiental Tipo I servem como base
para determinar o que constitui um produto sustentável do ponto de vista ambiental, social e
econômico.

Utilizando tal critério, o órgão público, na condição de consumidor, contribuirá para que os
aspectos socioambientais mais significativos dos processos produtivos de produtos e de serviços
sejam considerados. Além disso, considerará também que os critérios sejam desenvolvidos em
conjunto com produtores, representantes governamentais e atores sociais relevantes.

Os critérios de sustentabilidade, que serão incluídos nos termos de referência das licitações
públicas, deverão representar aspectos do ciclo de vida dos produtos e dos serviços adquiridos e
serão verificados por meio de uma auditoria da certificadora responsável pela gestão do programa
de Rotulagem Ambiental Tipo I, ao qual os referidos critérios de sustentabilidade pertencem.

Assim, os critérios de sustentabilidade que representam pontos críticos dos processos produtivos,
como consumo de energia, consumo de água e emissões de gases de efeito estufa, poderão ser
verificados por meio de uma auditoria independente. O objetivo é assegurar a credibilidade e a
transparência do processo de licitação pública e um menor uso da autodeclaração do produtor/
fornecedor como instrumento de verificação.

Alguns países, inclusive o Brasil, impõem restrições quanto à exigência de rótulos ambientais em
licitações públicas, pois a exigência de rótulos nas licitações pode representar restrições a ampla
concorrência dos participantes.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43


No entanto, é legal, de acordo com manifestação do TCU, exigir nas licitações públicas que um
produto ou serviço observe um ou alguns critérios de sustentabilidade estabelecidos por um ou
mais programas de Rotulagem Ambiental Tipo I, de forma a não onerar o custo para o fabricante
e nem limitar a ampla concorrência dos participantes.

Dessa forma, o produtor/fornecedor não precisa apresentar um produto rotulado e que preencheu
inúmeros requisitos de sustentabilidade, mas apenas uma declaração da certificadora que o
produto apresentado preencheu um ou mais critérios de sustentabilidade exigidos na licitação
pública e que compõem o grupo de requisitos que são exigidos pelo programa de Rotulagem
Ambiental Tipo I da certificadora.

Ressalta-se que a CGES/SDCI/MDIC, no âmbito do Projeto de Cooperação sobre Compras Públicas


Sustentáveis e Rotulagem Ambiental (SPPEL) coordenado pela ONU-Meio Ambiente, propôs a
utilização da Rotulagem Ambiental Tipo I como ferramenta de verificação da sustentabilidade de
produtos e serviços no processo de compras públicas sustentáveis no Brasil.

A proposta foi levada em consideração durante o desenvolvimento das atividades do SPPEL


e incluída do documento final das atividades denominado: Paper Brasil – Considerações e
recomendações para as compras públicas sustentáveis no Brasil (ABREU, 2016).

Você pode conferir o documento clicando aqui.

A proposta apresentada anteriormente pode ser utilizada em documentos licitatórios da seguinte


forma:

• O produto poderá já ser certificado com um Rótulo Ambiental “X” e dessa forma
obedecer a todos os critérios de sustentabilidade do referido rótulo. Ou,

• O produto deve obedecer a pelo menos um critério de sustentabilidade do Rótulo


Ambiental X (Certificadora Ambiental) e que é exigido no edital de licitação. A
declaração da certificadora será aceita como prova de cumprimento do(s) critério(s).
Tal certificadora deverá possuir programa de Rotulagem Ambiental Tipo I, acreditado
pelo Inmetro, possuir programas de auditoria adequados para efetuar tal verificação
e ser completamente independente da entidade que participa da licitação.

Na prática, como uma verificação independente pode ser custosa para fornecedores (assim como
pode acontecer para adquirir o Rótulo Ambiental Tipo I), estão sendo identificados programas
de financiamento para a certificação para as micro e pequenas empresas, sob a coordenação do
Ministério da Economia.

Ressalta-se que essa solução tem sido usada com sucesso por vários países como nos Estados
Unidos, Japão, Coréia do Sul, entre outros.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 44


Referências
ABREU, J. A. A. K. P. Paper Brasil: considerações e recomendações para as compras públicas
sustentáveis no Brasil. Projeto Sustainable Public Procurement and Ecolabelling (SPPEL). Rio
de Janeiro, nov. de 2016. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/images/REPOSITORIO/sdci/
paper-brasil-projeto-sppel.pdf. Acesso em: 02 set. 2020.

BIDERMAN, Rachel. et al. Guia de compras públicas sustentáveis: Uso do poder de compra do
governo para a promoção do desenvolvimento sustentável. 2ª ed., Editora FGV, Rio de Janeiro,
2008.

BRAGA, A.S; MIRANDA, L.C (Org.). Comércio e Meio Ambiente: uma agenda para a América
Latina e Caribe. Brasília: MMA/SDS, 2002.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Rotulagem Ambiental: documento base para o Programa
Brasileiro de Rotulagem Ambiental. Brasília: MMA/SPDS, 2002. pp. 11-19.

BRASIL. Ministério do Planejamento. Contratações Públicas Sustentáveis. Disponível em: http://


cpsustentaveis.planejamento.gov.br/contratacoes-publicassustentaveis. Acesso em: 02 set.
2020.

BRASIL. Rotulagem Ambiental: documento base para o Programa Brasileiro de Rotulagem


Ambiental. Brasília: MMA/SPDS, 2002. pp. 11-19.

CSJT. Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça


do Trabalho/Brasil. Conselho Superior da Justiça do Trabalho. 2º ed., revisada, atualizada e
ampliada. Brasília, 2014.

EU Ecolabel Key Figures. European Commission. Disponível em: https://ec.europa.eu/


environment/ecolabel/facts-and-figures.html. Acesso em: 01 set. 2020.

FILHO, N.F; COELHO, L.R. Aspectos ambientais do comércio internacional. FIESP/CIESP.


Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. DEMA. dez. 2002.

GEN. GENICES: the peer review process for GEN member organisations. Disponível em: https://
globalecolabelling.net/gen-members/genices/. Acesso em: 31 ago. 2020.

Global Ecolabelling. GEN: The Global Ecolabelling Network. Disponível em: https://
globalecolabelling.net/about/gen-the-global-ecolabelling-network/. Acesso em: 31 ago. 2020.

Green Growth and Circular Economy. European Commission. Disponível em: https://ec.europa.
eu/environment/green-growth/index_en.htm. Acesso em: 01 set. 2020.

GROTE, U. Eco-labelling in agriculture, high-level pan-European conference on agriculture and


biodiversity: towards integrating biological and landscape diversity for sustainable agriculture in
Europe. Strasbourg, mar. 4, 2002.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45


GUÉRON, A. L. Rotulagem e certificação ambiental: uma base para subsidiar a análise da
certificação florestal no Brasil. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Coppe, Rio de Janeiro, 2003.

HAUSELMANN, P. Uma visão das Normas ISO. Revista Eco-21. Edição 31. nov. dez. 1997.
Disponível em: http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp?ID=690. Acesso em: 26 ago. 2020.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produto Interno Bruto – PIB. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php. Acesso em: 01 set. 2020.

INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Institucional. Disponível


em: https://www4.inmetro.gov.br/acesso-a-informacao/institucional. Acesso em: 15 nov. 2020.

IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O Uso do Poder de Compra para a Melhoria
do Meio Ambiente. Série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro. Comunicados do IPEA. n. 82.
Sustentabilidade Ambiental no Brasil: biodiversidade, economia e bem-estar humano. 2011. pp.
5-11.

ITAMARATY. Acordo de Associação Mercosul-União Europeia. Resumo informativo elaborado


pelo Governo Brasileiro. Governo Federal. Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/
images/2019/2019_07_03_-_Resumo_Acordo_Mercosul_UE.pdf. Acesso em: 01 set. 2020.

JULIANI, A.J. Aplicação da Modernização Ecológica no setor de papel e celulose do Brasil.


2015, 259 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável). Centro de Desenvolvimento
Sustentável, Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

MERCOSUL. Saiba mais sobre o MERCOSUL. Disponível em: http://www.mercosul.gov.br/saiba-


mais-sobre-o-mercosul. Acesso em: 01 set. 2020.

Ministério do Meio Ambiente. Compras Públicas Sustentáveis. Disponível em: https://


www.mma.gov.br/comunicacao/item/526-eixos-tem%C3%A1ticos-licita%C3%A7%C3%A3o-
sustent%C3%A1vel.html. Acesso em: 02 set. 2020.

NORMAS TÉCNICAS. O que é ISO? Disponível em: https://www.normastecnicas.com/iso/o-que-


e-iso. Acesso em: 27 ago. 2020.

O que é ISO? Normas Técnicas. Disponível em: https://www.normastecnicas.com/iso/o-que-e-


iso. Acesso em: 27 ago. 2020.

ONU. ONU no Brasil. Disponível em: https://nacoesunidas.org/onu-no-brasil/. Acesso em: 31


ago. 2020.

PNUMA. PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Disponível em: https://
nacoesunidas.org/agencia/pnuma/. Acesso em: 31 ago. 2020.

The Internationally Recognised Network of Ecolabelling Organisations. The Global Ecolabelling


Network. Disponível em: https://globalecolabelling.net/about/gen-the-global-ecolabelling-
network/. Acesso em: 31 ago. 2020.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 46


VIEIRA, Sérgio. Acordo Mercosul-UE deve baratear produtos, mas forçar eficiência e produtividade.
Senado Federal, Agência Senado, 2019. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/
infomaterias/2019/08/acordo-mercosul-ue-deve-baratear-produtos-mas-forcar-eficiencia-e-
produtividade. Acesso em: 01 set. 2020.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 47

Você também pode gostar