Faculdade de Letras e Ciências Sociais Departamento de Geografia Mestrado em População e Desenvolvimento

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Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Geografia
Mestrado em População e Desenvolvimento

Análise comparativa dos níveis de Insegurança Alimentar


na Cidade de Maputo dos anos de 2008 e 2014.

Ezequiel Alfeu Abrahamo

Maputo, Outubro de 2015


Faculdade de Letras e Ciências Sociais
Departamento de Geografia
Mestrado em População e Desenvolvimento

Análise comparativa dos níveis de Insegurança Alimentar


na Cidade de Maputo dos anos de 2008 e 2014.

Dissertação apresentada em cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a obtenção


do grau de Mestre em População e Desenvolvimento da Universidade Eduardo Mondlane

Candidato: Ezequiel Alfeu Abrahamo

Orientadora: Profª Doutora Inês M. Raimundo

Maputo, Outubro de 2015


Mestrado em População e Desenvolvimento

Prof.ª Doutora Inês M.Raimundo

_____________________________________________

Orientadora

______________________________________________

Prof. Doutor Cláudio Mungói


_________________________________________

Oponente

Prof. Doutor Ramos Muanamoha


_________________________________________

Presidente do Júri
“O médico do futuro não vai mais tratar o corpo humano com drogas mas vai curar e
prevenir a doença com a nutrição”1

1
/Este extracto de texto é de Thomas Edison (1847 – 1931) e foi retirado de “United Nations. World Food
Programme (2007). Hunger and Health”. Hunger Series 2007. O texto original em inglês é “The doctor of the
future will no longer treat the human frame with drugs, but rather will cure and prevent disease with
nutrition.” A tradução é do autor deste trabalho.
DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Declaro que esta dissertação de mestrado é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações da minha orientadora; o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda
que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

A tradução para português de alguns termos ou expressões originalmente em inglês é da


minha responsabilidade.

Ezequiel Alfeu Abrahamo

_______________________________________

Maputo, Outubro de 2015

i
DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação à minha esposa Albertina G. Massingue Abrahamo, aos meus
filhos Célio, Márvin e Eric.

Durante os pouco mais de dois anos em que estive trabando na minha formação e
preparação para a realização desta dissertação, minha esposa e meus filhos foram sempre
os melhores companheiros apesar de, não poucas vezes, lhes ter faltado a minha atenção e
meu afecto.
E, a título póstumo mas com profunda e eterna saudade, dedico este trabalho aos meus pais
Alfeu Abrahamo Mindo e Rosa Mosse Chamba, que me mostraram, ainda imberbe, o
caminho e os trilhos da busca do saber –
“Mas, infelizmente, hoje escrevo coisas que vocês não entendem: compreendem a minha
angústia, meus pais?”.2

Dedico, ainda, este trabalho ao mano Vasco

A quem estarei grato, eternamente

Pelas lições de perseverança, dedicação e lição de vencer.

Dedico a todos os anónimos e desconhecidos que, na sua labuta diária vencem a fome e a
desnutrição.

Maputo, Outubro de 2015

2
/Adaptado do poema Mussunda Amigo de Agostinho Neto in Sagrada Esperança.
ii
AGRADECIMENTOS

À minha família (esposa e filhos), pelo incansável, inestimável e sempre paciente apoio e
afecto dado durante todo o percurso ao longo do curso.
À minha orientadora, a Prof. Doutora Inês Raimundo, pela orientação científica,
metodológica e pelos conselhos, o meu eterno e reconhecido muito obrigado.
Aos docentes, funcionários e, em particular, ao Director do Curso vão os meus sinceros
agradecimentos.
À Universidade Eduardo Mondlane que, através da sua direcção máxima, prestou todo o
apoio possível.
Aos colegas do meu local de trabalho e da turma de Mestrado em População e
Desenvolvimento (edição 2013), pelo apoio e partilha de ideias.
Agradeço, finalmente, os funcionários da CAP (Centro de Análise de Políticas), sobretudo
os da biblioteca que, sempre disponíveis e com paciência, facilitavam o acesso e obtenção
de cópias do material bibliográfico.

Ezequiel Abrahamo

Maputo, Outubro de 2015

iii
LISTA DE ABREVIATURAS/ACRÓNIMOS

AF - Agregado Familiar ou Agregados Familiares

AFSUN - African Food Security Urban Network (Rede Africana de Segurança Alimentar
Urbana)

APM - Rede Agriculturas Campesinas, Sociedades y Globalización

DHAA - Direito Humano à Alimentação Adequada

DM - Distrito Municipal

ESAN – Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional

FANTA - Food and Nutriion Technical Assistance (Projecto de Assistência Técnica em


Segurança Alimentar e Nutricional)

FAO – Fundo das Nações Unidas para a Alimentação

FDC – Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade

HDDS - Classificação da diversidade da dieta do agregado familiar

HFIAP - Household Food Insecurity Access Prevalence Indicator (Indicador de


prevalência de Insegurança Alimentar nos Agregados Familiares)

HFIAS -Household Food Insecurity Access Scale (Escala de Acesso à Insegurança


Alimentar)

INE – Instituto Nacional de Estatística

InSA – Insegurança Alimentar

III RGPH de 2007 – III Recenseamento Geral da População e Habitação de 2007

MISAU – Ministério da Saúde

MPD – Ministério da Planificação e Desenvolvimento

PARPA - Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta

PEN III - Plano Estratégico Nacional de Combate ao SIDA

SA - Segurança Alimentar

SAN- Segurança Alimentar e Nutricional

SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional

SPSS- Statistical Package for Social Science (Programa Estatístico para as Ciências
Sociais)

iv
RESUMO
Palavras-chave: Agregado Familiar, Agricultura Urbana, Insegurança Alimentar, Segurança
Alimentar, Pobreza.
O presente estudo tem como base a comparação dos resultados do estudo realizado pela
AFSUN3 em 2008 e os dados recolhidos no âmbito desta dissertação. Tem como objectivos
caracterizar os níveis de insegurança alimentar na Cidade de Maputo dos anos de 2008 e
2014, determinar os valores dos indicadores para avaliar a tendência dos níveis de
Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo, dos anos de 2008 e 2014 e comparar os
níveis de Insegurança Alimentar de 2008 com os de 2014.
A investigação recorreu ao método quatitativo de “pesquisa com survey” recomendado por
Fonseca (2002, p.37) e por Gerhardt e Denise (2009, pp. 37-39), utilizando um
questionário como instrumento de colecta de dados. Foi feito um inquérito para a recolha
de dados sobre 473 AF selecionados na amostra. Foram seleccionados AF dos Distritos
Municipais (DM) de KaMpfumo, KaMaxaqueni, KaLhamanculo, KaMubukwane e
KaMavota. Para assegurar a comparabilidade dos resultados foi selecionada, em cada DM,
a mesma proporção de agregados familiares, comparativamente à amostra do inquérito
feito pela AFSUN em 2008. Na análise e interpretação de dados, utilizaram-se os seguintes
indicadores, que foram tomados como variáveis analíticas, nomeadamente o indicador
HFIAS), o qual permite medir e aferir sobre o grau de Insegurança Alimentar durante o
mês anterior ao inquérito e o indicador HFIAP. Os resultados, processados com recurso ao
SPSS, mostraram que o nível dos valores tabulados dos pontos (scores) da escala de
HFIAS dos AF é, em média, de 3,9% e mostram, também, uma "queda" mais acentuada
dos valores médios de HFIAS, comparativamente ao valor registado no estudo realizado
em 2008. Por outro lado, foram tomadas, de forma individualizada, as respostas dadas
sobre a situação de Insegurança Alimentar nos quatro meses anteriores ao inquérito cuja
comparação entre os resultados dos estudos feitos em 2008 e em 2014 mostra uma
tendência de melhoria dos níveis de Insegurança Alimentar dos AF inquiridos, observando-
se que apenas cerca de 18.4% dos AF inquiridos “tiveram preocupação em não ter comida
suficiente nas últimas quatro semanas” e apenas cerca de 16,7% deles foram
impossibilitados de comer o tipo de comida que preferiam por falta de recursos financeiros
para os adquirir. Em geral, os resultados sugerem ter havido uma tendência de melhoria
dos níveis de Insegurança Alimentar dos agregados familiares inquiridos,
comparativamente aos resultados do estudo realizado em 2008.

3 /AFSUN (African Food Security Urban Network) ” é uma “Rede Africana de Segurança Alimentar Urbana” Os
resultados da pesquisa, feita em 2008, a que se faz referência neste rabalho, foram publicados em 2014 na Revista “Urban
Food Security Series nº 20. Mais detalhes podem ser vistos em Raimundo (2014) e Crushe Pendleton. The State of Food
Insecurity in Maputo, Mozambique. Urban Food Security Series nº 20.
v
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE AUTORIA ......................................................................................... i
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................... iii
LISTA DE ABREVIATURAS/ACRÓNIMOS ................................................................ iv
RESUMO.............................................................................................................................. v
ÍNDICE ................................................................................................................................ vi
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... vii
LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................ viii
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... ix
LISTA DE ESQUEMAS ................................................................................................. x
LISTA DE QUADROS ................................................................................................... xi
LISTA DE ANEXOS ..................................................................................................... xii
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1
1.1. Apresentação do trabalho .................................................................................... 1
1.2. O problema da pesquisa ....................................................................................... 2
1.3. Objectivos .............................................................................................................. 7
1.3.1. Geral ....................................................................................................................................... 7
1.3.2 Específicos .................................................................................................................................. 7
1.4. Pertinência do estudo............................................................................................ 7
1.5. Segurança alimentar e pobreza em Moçambique .............................................. 8
CAPÍTULO II. METODOLOGIA E DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..... 11
2.1. Metodologia ......................................................................................................... 11
2.2. Delimitação da área de estudo ........................................................................... 23
CAPÍTULO III. REVISÃO DA LITERATURA SOBRE SEGURANÇA
ALIMENTAR .................................................................................................................... 28
3.1. O significado da Segurança Alimentar ............................................................. 28
3.2. Segurança Alimentar em Moçambique ............................................................ 31
CAPÍTULO IV. ANÁLISE COMPARATIVA DOS NÍVEIS DE INSEGURANÇA
ALIMENTAR NA CIDADE DE MAPUTO DOS ANOS DE 2008 E 2014. ................. 35
4.1. Caracterização da população inquirida ............................................................ 35
4.2. Níveis de insegurança alimentar na Cidade de Maputo nos anos de 2008 e 2014:
interpretação dos resultados do estudo ........................................................................ 41
CAPÍTULO V. CONCLUSÕES....................................................................................... 50
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 53
Anexos ................................................................................................................................ 57

vi
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução da população total dos Distritos Municipais da Cidade de Maputo


selecionados na amostra do Inquérito realizado no âmbito deste estudo por sexo, entre
20081, 20111 e 20141 ............................................................................................................. 6

Tabela 21: Tabulação das respostas à InsA, segundo a Escala de acesso à Insegurança
Alimentar do Agregado Familiar (HFIAS), 2014. .............................................................. 16

Tabela 3: Nº de Agregados Familiares seleccionados na Amostra do Inquérito realizado em


2008 pela AFSUN versus Nº de Agregados Familiares seleccionados na Amostra do
Inquérito realizado em 2015, no âmbito deste estudo. ........................................................ 22

Tabela 4: População total1 da Cidade de Maputo, por Distrito Municipal e Sexo, 2007 e
2014. .................................................................................................................................... 25

Tabela 5: Percentagem de agregados familiares com acesso a alguns serviços básicos,


2014. .................................................................................................................................... 41

Tabela 6: Comparação dos níveis (scores) de HFIAS dos anos de 2008 e 2014 ................ 42

Tabela 7: Comparação das respostas à Insegurança Alimentar, segundo a Escala de Acesso


à Insegurança Alimentar do agregado familiar (HFIAS), 2014 e 2015............................... 44

Tabela 8: Comparação dos níveis do Indicador HFIAP (de prevalência de Insegurança


Alimentar) dos AF´s dos anos de 2008 e 2014 .................................................................... 46

Tabela 9: Rendimento médio (em MT) dos AF´s versus Insegurança Alimentar, 2014 ..... 47

Tabela 10: Relação entre o TMAF e o nivel de prevalência de Insegurança Alimentar por
Distrito Municipal, 2014. .................................................................................................... 49

vii
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Nº de agregados familiares selecionados, por Distrito Municipal, na amostra dos


Inquéritos realizados em 2008 e 2014. ................................................................................ 19

Gráfico 2: Distribuição percentual da população da Cidade de Maputo ............................. 25

Gráfico 3: Comparação entre a população total dos DM´s da Cidade de Maputo abrangidos
e não abrangidos pelo inquérito realizado no âmbito deste estudo, 2014 ........................... 27

Gráfico 4: Distribuição percentual, por sexo, da população dos Dstritos Municipais


selecionados na amostra do inquérito realizado no âmbito deste estudo, 2014. ................. 35

Gráfico 5: Percentagem da população total inquirida por sexo, 2014 ................................. 36

Gráfico 6: Percentagem de AF seleccionadados na amostra versus AF inquiridos, por


Distrito Municipal, 2014. .................................................................................................... 37

Gráfico 7: Tamanho Médio dos Agregados Familiares inquiridos por DM, 2014.............. 38

Gráfico 8: Percentagem da população total inquirida por grupos de idade, 2014 ............... 39

Gráfico 9: Distribuição percentual dos agregados familiares, dos Distritos Municipais,


segundo o sexo do Chefe do agregado familiar ................................................................... 40

Gráfico 10: Comparação da tendência dos níveis (scores) de HFIAS dos anos de 2008 e
2014 ..................................................................................................................................... 43

Gráfico 11: Comparação tendencial das respostas à Insegurança Alimentar, segundo a


Escala de Acesso à Insegurança Alimentar, 2014. .............................................................. 45

Gráfico 12: Visualização gráfica e comparativa dos níveis do Indicador de prevalência de


insegurança alimentar dos AF´s (HFIAP) inquiridos, entre os anos de 2008 (cerca de 5%) e
2014 (cerca de 49%). ........................................................................................................... 46

Gráfico 13: Distribuição de receitas dos agregados familiares, por Distrito Municipal,
2014. .................................................................................................................................... 48

viii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Alguns tipos de alimentos ...................................................................................... 6

Figura 2: Fórmula para determinação do tamanho da amostra (n) com base na estimativa da
proporção populacional. ...................................................................................................... 17

Figura 3: Interrelação entre Segurança Alimentar e Segurança Nutricional ....................... 30

Figura 4: Interrelação entre Insegurança Alimentar, Malnutrição e Pobreza ................................... 33

ix
LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1: Modelo Metodológico ..................................................................................... 12

Esquema 2: Sequência de etapas de selecção da Unidade amostral primária ..................... 18

x
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Resumo do algoritmo de cálculo dos valores total e médio das pontuações
(scores). ............................................................................................................................... 21

xi
LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 ............................................................................................................................... 57

Anexo 2: População total dos Bairros da Cidade de Maputo, seleccionados nos Inquéritos
............................................................................................................................................. 20

Anexo 3: Evolução da população total dos Distritos Municipais da Cidade de Maputo


selecionados na amostra dos Inquéritos realizados no âmbito deste estudo por sexo entre
2008, 2011 e 2014.1/ ............................................................................................................ 21

Anexo 4: Distribuição percentual da população inquirida por grupos decenais de idade. .. 22

Anexo 5: Nível de rendimento médio (em MT) dos AF versus Insegurança Alimentar,
2014. .................................................................................................................................... 23

Anexo 6: Percentagem de Agregados Familiares com acesso a alguns serviços básicos,


2014. .................................................................................................................................... 24

Anexo 7: Nível de prevalência de Insegurança Alimentar (HFIAP) por Distrio Municipal,


2014. .................................................................................................................................... 25

Anexo 8: Teste de Qui Quadrado (Chi-Square Tests) da relação entre InSA e local de
residência dos AF, 2014. ..................................................................................................... 26

Anexo 9: Algumas estatisticas analíticas de classificação e perfil de InSA dos AF


inquiridos, 2014. .................................................................................................................. 27

Anexo 10: Mapa da cidade de Maputo destacando-se os Bairros inquiridos e um dos seus
pontos de atracção turística, (s/d). ....................................................................................... 28

xii
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO
1.1. Apresentação do trabalho
O presente estudo, cujo título é “Análise comparativa dos níveis de Insegurança Alimentar
na Cidade de Maputo dos anos de 2008 e 2014” enquadra-se na elaboração do trabalho de
investigação que culminará com uma dissertação para a obtenção do grau de Mestre em
População e Desenvolvimento. É, também, uma contribuição para o estudo da tendência da
Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo e, por conseguinte, do estudo de Insegurança
Alimentar urbana em Moçambique.
Embora não tenha havido, ainda, vários estudos sobre a temática de Insegurança Alimentar
Urbana, esta questão tem estado a merecer uma atenção especial em Moçambique. Com
efeito, o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar realizou, em 2006, um “Estudo de
Base de Segurança Alimentar e Nutricional em Moçambique” no qual enfatiza a questão de
Insegurança Alimentar das Cidades de Moçambique; por sua vez, a FDC (2009) conduziu, um
estudo intitulado “Opções de Intervenção no Contexto da Pobreza Urbana em Moçambique:
Estudo de caso dos Municípios de Maputo e Chimoio”, entre outros.
Por outro lado, estudos levados a cabo sobre Moçambique por Alderman (1990), Alderman e
Higgins (1992), e Blau, Guilkey, e Popkin (1996) têm, como referem Garrett e Ruel (1999),
preocupado-se com a questão da segurança alimentar ou estado nutricional nas áreas rurais e
urbanas, mas nenhum deles “explorou com profundidade a questão de saber se os factores que
determinam a segurança alimentar e nutricional são diferentes entre áreas urbanas e rurais, e
quais as tendências e implicações dessas diferenças para a concepção e implementação de
programas de alimentação e nutrição.”
Apesar do inquérito para a recolha de dados ter sido realizado em Abril de 2015, os limites
temporais considerados para efeitos deste estudo são os anos de 2008 e 2014.
Assim, a Análise comparativa dos níveis de Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo dos
anos de 2008 e 2014 feita no âmbito desta dissertação, teve como ponto de partida os
resultados da pesquisa feita pela AFSUN 4 em 2008 os quais foram comparados com os
resultados do inquérito feito no âmbito do estudo.
O trabalho está estruturado em cinco capítulos, sendo o primeiro o de introdução onde se faz a
apresentação do tema de estudo e do problema, colocando questões cujas respostas ajudaram

4/AFSUN, op cit.
1
a responder ao aludido problema, e focalizou-se a importância, ou seja, a pertinência da
pesquisa. É, ainda, no primeiro capítulo onde foram definidos os objectivos.
A metodologia seguida na realização da pesquisa bem como a delimitação da respectiva área
de estudo são apresentadas no segundo capítulo. No terceiro capítulo é feita a revisão de
alguma literatura sobre segurança alimenar que aborda, sob diferentes ópticas, o tema
estudado. Tal literatura ajudou a suportar e fundamentar as ideias expostas pelo autor deste
trabalho. No quarto é analisada a tendência de Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo
durante o período em estudo, antecedida de uma caracterização sumária da população
inquirida. É ainda neste capítulo que é feita a análise, discussão e interpretação dos resultados
do inquérito realizado, os quais são comparados com os do inquérito feito pela AFSUN em
2008. No sexto capítulo são apresentadas as conclusões que, embora não tenham a pretensão
de serem definitivas apresentam a sumarização dos principais aspectos destacados na análise e
interpretação comparativa da tendência de Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo no
período de 2008 a 2014. A seguir ao capítulo das conclusões é apresentada a bibliografia
consultada e analisada e que serviu de suporte e fonte teórica e científica de consulta para a
fundamentação das questões metodológicas e elaboração dos argumentos apresentados ao
longo do texto, bem como para servir de base científica para a análise, interpretação e
discussão dos resultados.
Depois da bibliografia são apresentados os anexos com algumas informações complementares
que possam ser de utilidade para a compreensão do conteúdo, dos resultados e das questões
metodológicas que orientaram a pesquisa.

1.2. O problema da pesquisa


A Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN) II 2008 – 2015, resultante da
evolução da ESAN I, elaborada pelo Governo de Moçambique em 1998, através do
SETSAN5, e aprovada pela Resolução Interna 16/98 sublinha que “o Programa do Governo
define como objectivo central do desenvolvimento económico e social é a satisfação das
necessidades alimentares e a criação de emprego para combater a fome e a pobreza absoluta

5 /SETSAN (Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional) é uma instituição vinculada ao Ministério da
Agricultura e funciona como um departamento da Direcção Nacional dos Serviços Agrários. É presidido pelo Vice-Ministro
da Agricultura e tem a responsabilidade de coordenar a articulação de políticas, planificar, avaliar e monitor os programas e
acções dentro de um quadro intersectorial e propor estratégias e políticas no âmbito da Segurança Alimentar e Nutricional em
Moçambique. Para mais detalhes veja-se SETSAN, (2007). Estratégia e Plano de Acção de Segurança Alimentar e
Nutricional 2008-2015, pp. 32-34. Maputo.
2
no país”. Refira-se, ainda, que a ESAN I foi elaborada na sequência da Cimeira Mundial de
Alimentação (CMA), realizada em Roma em 1996, na qual muitos países, incluindo
Moçambique, se comprometeram em reduzir a fome para metade, até 2015.

Adicionalmente e tal como está referido acima, o objectivo central do Governo coincide com
o objectivo número um do Desenvolvimento do Milénio (ODM), aprovado na Cimeira do
Milénio, em 2000. Por outro lado, a ESAN I foi elaborada na sequência da Cimeira Mundial
de Alimentação (CMA), realizada em Roma em 1996, quando os diversos países se
comprometeram a reduzir a fome para metade até 2015.

Uma avaliação multissectorial e independente encomendada em 2007 pelo Secretariado


Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) indicou os seguintes ganhos que a
ESAN I teve na definição e clarificação da estratégia nacional de segurança alimentar,
nomeadamente6:

 “Criação de uma filosofia de SAN a nível nacional;


 Institucionalização do SETSAN ao nível central e provincial;
 Tratamento multisectorial de SAN, tendo em conta os pilares:
- Disponibilidade;
- Acesso; e
- Uso e utilização dos alimentos;
 Descentralização da agenda de SAN;
 Inserção do SAN no PARPA II, de forma mais visível e transversal;
 Inserção do SAN em outras políticas e estratégias sectoriais;
 Criação de uma massa crítica em torno do SAN;
 Balanço do estado de Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN) corrente ou
crónica no país; e
 Reconhecimento do SETSAN ao nível nacional, regional e internacional”.

Os resultados do Estudo de Base7 sobre Segurança Alimentar e Nutricional em Moçambique


realizado em 2004 pelo SETSAN mostram que cerca de 34% dos Agregados Familiares estão
em situação de Insegurança Alimentar e vulnerabilidade elevada. Destes, cerca de 20,3% são

6/Vide detalhes em SETSAN (2007, p. 2) op. cit.

7/Mais detalhes podem ser encontrados em SETSAN (2007, pp. 9-10), op. cit., loc.cit.
3
classificados como altamente vulneráveis. De acordo com o referido estudo, “a infra-estrutura
deficitária, isolamento, e o baixo poder de compra limita severamente o nível do seu acesso
aos alimentos e outros serviços básicos. Aquelas questões, aliadas à falta da demanda devido
ao fraco poder de compra constituem constrangimentos adicionais ao desenvolvimento do
mercado”.
A complementar, a FAO (2010) assinala que ”Moçambique continua a ser um país que sofre
com a Insegurança Alimentar e que consideráveis melhorias ainda são necessárias para
aumentar a disponibilidade de alimentos, melhorar seu acesso e utilização e que o limitado
poder de compra é um dos principais obstáculos para o acesso aos alimentos em áreas
urbanas, especialmente em tempos de crescentes preços dos alimentos e as dificuldades com o
transporte significam que, por vezes, a escassez de alimentos em uma região do país precisa
ser sanada por meio da importação de países vizinhos ao invés de compras de outras regiões
do território nacional”.
O Relatório Global sobre Nutrição8 em 193 países, incluindo os da África Subsaariana, refere
que a situação nutricional de alguns países da África Austral é preocupante. A título
ilustrativo o relatório refere que, na África do Sul, país economicamente mais desenvolvido
do continente, uma em cada quatro crianças “ainda vai, todas as noites, a cama com fome. A
proporção de crianças menores de cinco anos que sofrem de nanismo - deficiências físicas
causadas pela desnutrição crónica - tem crescido”. Esta situação, refere ainda o aludido
relatório, é pior noutros países africanos da mesma região, salientando que em Madagáscar,
por exemplo, metade de todas as crianças menores de cinco anos sofrem de nanismo.
Por outro lado, e como refere Grady (2013), durante décadas reconheceu-se e estabeleceu-se
uma ligação entre “alimentação, população e o crescimento das cidades, sobretudo em termos
de população e a área de terra por esta ocupada ou utlizada”. Durante essas décadas, refere
ainda o autor, “estudos eram feitos com vista a identificar e encontrar o nexus entre cidades e
agricultura”, numa reflexão que visava identificar uma forma que pudesse resultar no que o
autor referiu como “alimentar mais com pouco”. Foi essa linha de reflexão que permitiu ao
referido autor, identificar “três das maiores tendências da Insegurança Alimentar” as quais
alinham com a perspectiva de análise comparativa desenvolvida neste trabalho. Tais
tendências são, nomeadamente:

8
/Para mais detalhes veja-se Strive, M. (2015). Africa’s future depends on improved nutrition. International
Food Policy Research Institute, Africa Progress Panel.
4
 Tendência 1: Expansão das áreas urbanas
“O maior crescimento populacional nas próximas décadas será nas cidades. Grande parte
desse crescimento é em assentamentos informais, …., com serviços de má qualidade”.
 Tendência 2: Demanda de alimentação.
A segunda tendência é a que sugere “maior demanda/procura, entre os moradores urbanos, de
alimentos ricos em nutrientes”.
 Tendência 3: Mudanças climáticas
A tendência que irá influenciar e “moldar o futuro da segurança alimentar nas cidades é a
mudança climática, cujo impacto far-se-á sentir na capacidade produtiva agrícola de forma
significativa ao longo deste século”.
As abordagens acima suscitam algumas questões aplicáveis, na óptica do autor deste trabalho,
à pretensão expressa no tema e objectivos deste estudo. Tais questões são, nomeadamente:
 Quais são os níveis de Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo nos anos de 2008
e 2014?
 Esses níveis mostram alguma melhoria em relação aos verificados em 2008?

 Quais são as prováveis causas desses níveis diferenciados?


Na verdade, e em alinhamento com o postulado na tendência 1 acima referida, observa-se que
a população da cidade de Maputo teve, entre 2008 e 2014, uma tendência crescente (o que
pode ser observado também na Tabela 1 que se segue).
Nestas condições e segundo o enunciado na tendência 2 anteriormente referida, tal pode
resultar na “maior demanda/procura, entre os moradores urbanos, de alimentos ricos em
nutrientes” que, a não estarem disponíveis e acessíveis podem contribuir para a ocorrência de
situações de Insegurança Alimentar o que, por sua vez, pode influenciar as tendências da
situação ou estado de insegurança alimentar dos agregados familiares.

5
Tabela 1: Evolução da população total dos Distritos Municipais da Cidade de Maputo selecionados na amostra
do Inquérito realizado no âmbito deste estudo por sexo, entre 20081, 20111 e 20141
Distrito Municipal 2008 2011 2014
Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres
Total 1 070 041 520 778 549 263 1 151 666 556 840 594 827 1 198 436 577 020 621 416
KaLhamanculo 154 272 75 906 78 366 158 323 77 375 80 949 159 569 77 630 81 939
KaMavota 293 270 141 654 151 616 323 394 155 270 168 124 341 545 163 376 178 169
KaMubucuane 290 775 140 315 150 460 328 913 157 659 171 254 353 922 168 928 184 994
KaMaxaqueni 223 628 109 940 113 688 230 751 112 929 117 822 232 248 113 302 118 946
KaMpfumo 108 096 52 963 55 133 110 285 53 607 56 678 111 152 53 784 57 368
Fontes:INE (2010). III Recenseamento Geral da População e Habitação de 2007. Resultados
definitivos. Cidade de Maputo; INE (2010). Projecções Anuais da População Total, Urbana e Rural dos
Distritos da Cidade de Maputo 2007 - 2040.
1
/Não está incluída a população dos Distritos Municipais de KaTembe e Ka Nhaka

Assim torna-se, na opinião do autor deste trabalho, importante saber qual é a tendência actual
de Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo tomando, neste caso, como referencial
temporal o período de 2008 e 2014 e considerando que o primeiro “inquérito sistemático
sobre segurança alimentar” na cidade de Maputo foi apenas o realizado pela AFSAN em
2008. A resposta a esta questão, levantada no âmbito deste estudo, ajudará a conhecer e
compreender a tendência de Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo e poderá ajudar aos
interessados nesta área a realizar estudos que permitam aferir sobre as tendências de
Insegurança Alimentar Urbana, ou a definir e desenhar políticas de melhoria das condições de
vida dos habitantes da cidade de Maputo, bem como tomar este estudo como base para outras
pesquisas sobre esta matéria.
A figura que se segue mostra alguns tipos de alimentos (feijões e cereais) recomendados pelo
MISAU para serem consuidos.

Figura 1: Alguns tipos de alimentos

Fonte: Tomado de Tawodzera. G. (s/d). Food In(security), Population Growth,


Development & Public Health in Africa.

6
1.3. Objectivos
1.3.1. Geral
O presente estudo tem como objectivo geral analisar os níveis de Insegurança Alimentar na
Cidade de Maputo, dos anos de 2008 a 2014.
1.3.2 Específicos
a. Caracterizar os níveis de segurança alimentar na Cidade de Maputo dos anos de
2008 e 2014;
b. Determinar os valores dos indicadores9 para avaliar a tendência dos níveis de
Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo, dos anos de 2008 e 2014;
c. Comparar os níveis de Insegurança Alimentar de 2008 com os de 2014.

1.4. Pertinência do estudo


Os inquéritos que foram realizados na Cidade de Maputo nos últimos anos constataram
haver grande esforço da população dos bairros da Cidade de Maputo, na luta pela sua
sobrevivência, isto é, pela melhoria das suas condições de vida. Esses Inquéritos incluíram
estudos sobre a pobreza dos agregados familiares, acesso a água, comércio informal, entre
outros. Tal como refere o estudo feito em 2008 pela AFSUN esses inquéritos forneceram
“valiosas informações para a compreensão da dinâmica da pobreza em Maputo. Porém,
“nenhum deles focalizou, explicitamente, sobre as dimensões e os determinantes da
Segurança Alimentar. Exceptua-se, como é referido no mesmo trabalho da AFSUN (2008)
o estudo sobre estado nutricional das crianças e jovens, cujos resultados foram publicados
em 2003.
A corroborar com esta constatação Crush e Frayne (2010) referem que em muitos
documentos de políticas e em declarações programáticas da nova agenda sobre segurança
alimentar, não se faz quase nenhuma referência à questão de segurança alimentar urbana
como se, refere o autor acima mencionado, o “urbano não existisse nos países em
desenvolvimento”. Não tem havido, aponta o autor, “pelo menos uma tentativa sistemática
de diferenciar segurança alimentar rural da urbana, de modo a entender as suas dimensões
e seus determinantes e, assim, poder-se avaliar se as decisões políticas com vista à reduzir
a fome e a desnutrição nas zonas rurais, são aplicáveis, viáveis ou mesmo relevantes para

9/Seráutilizada a escala desenvolvida pelo Projecto de Assistência Técnica à Segurança Alimentar e Nutricional (FANTA).
Para mais vide Coates, J. et al (2007: pp. 3-4 ). Household Food Insecurity Access Scale (HFIAS) for Measurement of Food
Access: Indicator Guide. Version 3 e Raimundo, I. et al (2014: p. 21), op. cit., loc.cit.
7
as populações urbanas”. O autor aprofunda esta reflexão que ajuda a ressaltar a relevância
deste estudo, apontando que existem evidências sugerindo que, com a urbanização, “a
agricultura familiar torna-se cada vez menos importante como fonte primária de alimentos,
pois a compra destes é fundamental em áreas urbanas”.
A análise comparativa sobre Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo10 (dos Distritos
Municipais) ainda não mereceu, também, estudos especialmente focalizados a esta área
urbana.
A realização desta pesquisa irá aumentar o número de estudos que proporcionem análises
das tendências da Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo e, provavelmente, estimular
a realização de estudos do género para outras cidades do país.
Por outro lado, o inquérito realizado no âmbito desta dissertação pode ser uma contribuição
para disponibilização de dados actualizados.
O estudo da AFSUN (2008) constatou, entre outros, que a base da dieta dos habitantes da
Cidade de Maputo embora fosse diversificada era predominantemente baseada no consumo
de arroz e pão o que não faz parte da Dieta Adequada recomendada pelo MISAU e referida
na ESAN 2008 – 2015. Com efeito, as respostas dadas pelos Agregados Familiares às
perguntas que permitam aferirem sobre o grau de Insegurança Alimentar através do
indicador HFIAS mostram que cerca de 60% dos inquiridos “não consumiram alimentos
da sua preferência” e cerca de 52% consumiram “alimentos que não queriam”, por falta de
recursos para comprar.
O Inquérito realizado no âmbito deste trabalho recolheu dados que permitiram medir a
situação actual de Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo através do mesmo
indicador HFIAS bem como os respectivos níveis, através do indicador HFIAP e comparar
estes resultados com os do estudo feito pela AFSUN em 2008.

1.5. Segurança alimentar e pobreza em Moçambique


De acordo com Marques (2003: p. 5) “...a pobreza ocupa o lugar de determinante principal
da Insegurança Alimentar, isto é, do não acesso regular a uma alimentação adequada,
dando origem aos fenómenos da fome e da desnutrição”. Aliás, FAO (1996) havia
adiantado a visão segundo a qual “a pobreza é uma causa importante de insegurança

10/SegundoRaimundo, I. et al (2014), antes da pesquisa por eles feita em 2008 no âmbito da “AFSUN”, o único estudo sobre
Segurança Alimentar na Cidade de Maputo que tinha sido feito antes era sobre “Estado nutricional de crianças e jovens da
Cidade de Maputo”.
8
alimentar, de modo que o progresso sustentável visando a sua erradicação é fundamental
para melhorar o acesso aos alimentos”.
Ademais, o Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana 2010-2014,
consubstanciado nos PARPA’s, enfatiza que “a pobreza ocupa o lugar de determinante
principal da Insegurança Alimentar, isto é, do não acesso regular a uma alimentação
adequada, dando origem a fome e a desnutrição. Assim, as políticas e programas de
segurança alimentar têm que ser capazes de apoiar estratégias de desenvolvimento de
médio e longo prazo (...), ao mesmo tempo em que se implementam acções ou
instrumentos de transferência de renda e de alimentos com natureza suplementar ou
emergencial para fazer frente às carências imediatas geradas pela pobreza”. Outras fontes
de Insegurança Alimentar causadoras de situações emergenciais são a ocorrência de
guerras e conflitos armados (…)”
Dados da FDC (2009) indicam que a Pobreza Urbana registou uma redução (de 62% para
53%) quando comparada com a pobreza rural (de 71% para 51%) no período
compreendido entre 1996/7 e 2002/3. Contudo em Maputo, de acordo ainda com a mesma
fonte, a incidência da pobreza, isto é, a proporção de pessoas cujo consumo está abaixo da
linha da pobreza, aumentou de 47% para 53%, no mesmo período acima
referido 11 mostrando, assim, que a “Insegurança Alimentar, a desnutrição crónica e a
pobreza são os principais desafios da actualidade” (FAO, 2013).
Por outro lado, os resultados da pesquisa feita pela AFSUN (publicados na série nº 20 do
AFSUN em 2014) sobre “A situação da Insegurança Alimentar na Cidade de Maputo12”
mostraram que:
 “Na Cidade de Maputo destacam-se, basicamente, dois tipos de Agregados
Familiares (AF): metade em situação de Insegurança Alimentar severa 13 e
outra metade em situação de Insegurança Alimentar Crónica”;
 “Cerca de 56% dos chefes dos Agregados Familiares têm a preocupação de não
saber se terão ou não comida suficiente para comer. Destes, entre 45% e 50%
11/Para mais detalhes vide Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Direcção Nacional de Estudos e Análise de
Políticas (2009). Pobreza e Bem-Estar em Moçambique.
12/O título original em inglês é “The State of Food Insecurityin Maputo”. De facto a pesquisa foi feita em 2008, na Cidade de

Maputo, com base numa amostra de 403 Agregados Familiares


O conteúdo dos destaques em “bullets” foi tomado da fonte referida nesta nota, com reformulações resultantes da tradução
do inglês, feita pelo autor deste trabalho.
13/Os autores utilizam a expressões como “severe food insecurity” e “extremely insecure households”. Veja-se Raimundo, I.

(2014) e Crush, J. e Pendleton, W. The State of Food Insecurity in Maputo, Mozambique, pp. 21 - 22. Urban Food Security
Series nº 20.
9
foram os que, de acordo com as respostas dadas, pareceram ter pequenas, mas
poucas, refeições por dia”; e
 “Cerca de 21% dos Agregados Familiares estavam em situação de Insegurança
Alimentar extrema e, por isso, algumas vezes ou frequentemente, não tinham
comida. Destes, volta de 16% iam dormir com fome, cerca de 10% ficavam
todo o dia e noite sem comer”.

A pesquisa em referência confirmou a constatação do que havia sido aludido pela Direcção
Nacional de Estudos e Análise de Políticas, do então Ministério para a Planificação e
Desenvolvimento referida por Raimundo, Crush e Pendleton (2014) no estudo realizado sobre
Pobreza entre 2008/09, pelo Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Direcção
Nacional de Estudos e Análise de Políticas. Tal constatação apontava a predominância do
consumo de arroz e pão como base da dieta.
Mais ainda, a pesquisa verificou que o consumo do peixe congelado, frango e vegetais fazia
parte da “dieta diversificada” dos habitantes da Cidade de Maputo.
Das constatações referidas a pesquisa concluiu que “a dieta dos membros dos Agregados
Familiares da Cidade de Maputo, embora diversificada é pobre”.
A ESAN 2008–2015 refere que “a dieta típica dos Agregados Familiares com Qualidade de
Dieta Pobre14é pobre em termos de nutrientes necessários para o organismo humano.
Como refere Marta, (2005, p. 20). “a pobreza cria problemas de baixa disponibilidade de
alimentos e falta de alimentação adequada a todo tempo, facto que condiciona a população a
ter uma vida activa e saudável, aumentando, deste modo, o número de malnutridos no país”.
Na Cimeira Mundial da Alimentação realizada em Roma a 13 de Novembro de 1996,
Moçambique assumiu o compromisso nacional ao mais alto nível de reduzir o número de
pessoas malnutridas em 50% até ao ano2015 (SETSAN 2005).

14/AESAN 2008 – 2015 menciona alguns “exemplos de dieta adequada: Dieta 1 - Cereais: 350g de milho; 100g legumes;
150g hortícolas e frutas; 50ml óleo; e 50g de açúcar. Esta dieta fornece 2287 kcal e 52g de proteína por pessoa/dia. Dieta 2 -
150g milho e 350g mandioca; 150g legumes; 150g hortícola e fruta; 50ml óleo e 50g de açúcar. Esta dieta contribui com
2291kcal e 50g proteínas/pessoa/dia.
10
CAPÍTULO II. METODOLOGIA E DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

2.1. Metodologia
Para o alcance e resposta aos objectivos preconizados neste estudo recorreu-se ao “método de
pesquisa com survey” (inquérito) recomendado por Gerhardt e Denise (2009, pp. 37-39) e por
Fonseca (2002, p.37). Segundo estes autores, a pesquisa com o survey “pode ser referida
como sendo a obtenção de dados ou informações sobre as características ou as opiniões de
determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população-alvo,
utilizando um questionário como instrumento de pesquisa”. Ademais e socorrendo-se ainda
em (FONSECA, 2002; p. 37), foi feita uma pesquisa de campo ou seja fez-se uma
investigação em que, além da revisão bibliográfica e/ou documental, foi realizado um trabalho
de campo para a recolha de dados sobre os agregados familiares selecionados na amostra. A
pesquisa bibliográfica ajudou, tal como apontaram, Cervo e Bervian (1996: p. 48)
compreender e explicar melhor as interrelações entre os dados e informações recolhidas,
tendo como suporte “referências teóricas publicadas em documentos sobre o mesmo assunto
ou assuntos similares”. A pesquisa bibliográfica permite, ainda, aferir sobre o status
questionnis, de modo, como já foi referido anteriormente, tomar conhecimento sobre
trabalhos anteriores relacionados com o tema em estudo e obter maior informação e
conhecimento de base sobre o assunto, bem como aprofundar e refinar aspectos conceptuais
que constituíram o suporte teórico para a elaboração deste trabalho.
O modelo teórico seguido foi o proposto por Fortin, M-F. et al (1999: p. 38), como ilustra
Esquema 1 que se segue:

11
Esquema 1: Modelo Metodológico
FASE CONCEPTUAL
 Escolher e formular um problema de investigação
 Rever a literatura pertinente
 Elaborar um quadro de referência
 Enunciar o objectivo, as questões de investigação ou as hipóteses

FASE METODOLÓGICA
 Escolher um desenho de investigação
 Definir a população e a amostra
 Definir as variáveis
 Escolher os métodos de colheita de análise dos dados

FASE EMPÍRICAColher os dados


 Analisar os dados
 Interpretar os dados
 Comunicar os resultados

Fonte: Tomado de Fortin, Côté, e Vissandidjeé (1999: p. 38)

Assim, para a recolha de dados foi utilizado um questionário, como um instrumento de


colecta de dados o qual contém uma série ordenada de perguntas que foram respondidas pelos
inquiridos, e formuladas de modo a responder aos objectivos desta pesquisa. O referido
questionário foi adaptado do que foi usado no inquérito realizado no âmbito do estudo feito
pela AFSUN em 2008, de modo a assegurar maior alinhamento e comparabilidade entre os
dados e informações recolhidas em 2008 e as recolhidas no inquérito realizado no âmbito
deste estudo. Tal adaptação encontra suporte metodológico na recomendação feita por Mazive
(2005) que sugere haver duas opções para a elaboração de um questionário, nomeadamente (i)
com base num ou mais questionários, fazer adaptações de acordo com os objectivos do
inquérito ou (ii) desenhar um novo questionário.
De facto, a escolha do método quantitativo teve, também, como fundamento o estudo de
2008.
Por outro lado, foi necessário, após a realização do inquérito, entrada e análise de dados,
realizar algumas entrevistas com certos Agregados Familiares cujas respostas no questionário
precisavam de esclarecimento. Tal foi, por exemplo, o caso da pergunta relacionada
P18HFIAS, da secção de insegurança alimentar na qual concluiu-se ser necessário voltar ao
Distrito Municipal de Kamaxaquene para entrevisar um agregado familiar.

12
O inquérito decorreu durante o mês de Abril de 2015 e cobriu a população de 0 a 60 anos ou
mais idade. Os dados foram recolhidos por 11 inquiridores e 2 supervisores, todos
coordenados pelo autor deste trabalho. Por outro lado, eles tiveram uma formação, na qual
receberam explicações detalhadas sobre as perguntas constantes no questionário, bem como
sobre questões de procedimento e comportamento perante os inquiridos.
Além de recolher informações gerais, o questionário, em anexo, incluiu perguntas que
permitem captar informações ou dados sobre a composição e estrutura dos agregados
familiares, as suas receitas e despesas, sobretudo as relacionadas com a aquisição de
alimentos, o tipo de habitação e condições de vida. O questionário tem, ainda, secções nas
quais são colocadas perguntas específicas para captar informações e dados sobre os principais
indicadores/variáveis de Segurança/Insegurança Alimentar.
Tal como refere Derrickson (2000)15, com quem o autor do estudo concorda, a informação
mais completa sobre Insegurança Alimentar e Fome não pode ser recolhida com base num
único indicador. O nível de Insegurança Alimentar de um Agregado Familiar (AF) pode ser
medido ou determinado através de informações/dados diversificados sobre o(s) AF´s. Tais
informações servem, parafraseando ainda Derrickson (2000) acima referido, “como
indicadores de aferição dos diferentes níveis de (In)Segurança Alimentar do(s) Agregados
Familiares”. Para o efeito, foram utilizados os seguintes indicadores os quais foram tomados
como variáveis analíticas, nomeadamente:

 O indicador HFIAS
O HFIAS mede o grau de Insegurança Alimentar durante o mês anterior ao inquérito, tal
como é mostrado no algoritmo (vide Quadro 1) desenvolvido pela FANTA16, também usado
na análise dos dados do Inquérito realizado em Maputo pela AFSUN em 2008.
De facto, trata-se de um indicador escalar que permite medir o grau de Insegurança Alimentar
dos agregados familiares nas quatro semanas anteriores ao inquérito.
Foram calculadas e tabulados os pontos (scores) de HFIAS para cada agregado familiar com
base nas respostas a nove perguntas sobre frequência/ocorrência de consumo de alimentos

15
/ Derrickson, J. (2000: pp. 21-30). "Face Validity of the Core Food Security Module With Asians and Pacific
Islanders, in “Journal of Nutrition Education, v.32 no.1”.
16
/J. Coates, e Bilinsky, “Household Food Insecurity Access Scale (HFIAS) for Measurement of Food Access:
Indicator Guide (Version 3)” Food and Nutrition Technical Assistance Project, Academy for Educa-tional
Development. Washington DC, 2007.
13
(vide tabela 8). A pontuação (score) mínima é de 0 e a máxima é de 27. Quanto maior for a
pontuação maior é a Insegurança Alimenar do AF17.
 O indicador HFIAP. Este indicador usa os dados obtidos a partir da “Escala de
acesso à Insegurança Alimentar” (HFIAS) e agrupa as respectivas respostas dos
agregados familiares em quatro níveis, nomeadamente Segurança Alimenar,
Insegurança Alimentar Média, Insegurança Alimentar Moderada e Insegurança
Alimentar Severa 18 . Os níveis acima referidos podem ser, resumidamente,
aflorados como se segue:
 O agregado familiar em situação de Segurança Alimentar tem condições de
disponibilidade e acesso aos alimenos, o que lhe permite não estar em
situação de Insegurança Alimentar, embora “raramente possa ter
preocupação em adquirir alimentos”.
 O agregado familiar com o nível de Insegurança Alimentar Média está na
categoria dos que alguma vez (ou muitas vezes) se preocuparam que o seu
agregado não tivesse regularmente comida suficiente para consumir. Neste
grupo de AF´s são incluídos, também, os que, embora não têm conseguido
consumir alimentos da sua preferência ou em quantidades suficientes,
“nunca vão dormir sem ter comido”.
 Considera-se agregado familiar em siuação de Insegurança Alimentar
Moderada aquele que se tem preocupado, principalmente, em ter alimentos
para consumir, mesmo “sacrificando, frequentemente, a qualidade ou tipo de
alimentos”. O agregado familiar neste grupo tem uma dieta não
diversificada, diga-se “monótona” e, até, algumas vezes tem refeições não
preferidas.
 O agregado familiar com o nível de Insegurança Alimentar Severo está numa
situação de dificuldades graves a tal ponto que não consegue ter refeições e,
mesmo conseguindo, a quantidade de comida é pouca para o agregado
familiar. De faco, os membros deste AF passam por situações de carências
graves:
- O Agregado Familiar fica frequentemente sem comida;

17
/FANTA (2007), op.cit., p. 17.
18
/Idem, p. 18
14
- Os seus membros chegam a dormir sem ter comido (e, por isso, com fome);
ou
- Os membros do AF chegam a passar um dia inteiro sem comer nada.
Por outras palavras, o agregado familiar passou por estas situações pelo menos uma vez nas
últimas 4 semanas (trinta dias).19
Ademais, e na perspectiva de responder aos objectivos desta dissertação, foram elaboradas
algumas tabelas básicas, a partir das quais se fizeram comparações dos valores dos
indicadores (variáveis) e que permitiram avaliar os níveis de Insegurança Alimentar na
Cidade de Maputo, entre 2008 e 2014.
Refira-se que tais indicadores/variáveis foram, igualmente, usados no estudo realizado pela
AFSUN em 2008. A opção de uso das mesmas variáveis foi tomada pelo autor como forma
de, por um lado, assegurar a comparabilidade dos resultados e, por outro lado, usar
indicadores (variáveis) já desenvolvidos e recomendados pela FANTA20 e Coates21 (2007: pp.
3-4) os quais foram igualmente usados no inquérito de 2008.
As respostas às perguntas P18aHFIAS a P18iHFIAS sobre Insegurança Alimentar dadas pelos
agregados foram tabuladas conforme ilustra a Tabela 2 que se segue. Esta tabela será usada, já
com dados comparativos dos estudos de 2008 e 2014, no capítulo quatro (veja-se tabela 7).

19/Paramais detalhes vide Ibidem


20/FANTA, op. cit., loc. cit., pp. 13-15.
21/Coates, J. op. cit., p. 3 et seq.

15
Tabela 21: Tabulação das respostas à InsA, segundo a Escala de acesso à Insegurança Alimentar do Agregado
Familiar (HFIAS), 2014.

Perguntas

P18aHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você se preocupou que o seu agregado não tivesse
comida suficiente?
P18bHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu agregado foram
impossibilitados de comer o tipo de comida que vocês preferem por falta de recursos (dinheiro)?
P18c HFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu agregado tiveram que
comer uma variedade limitada de alimentos devido a falta de recursos?
P18dHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu agregado tiveram que
comer alguma comida que vocês realmente não queriam comer por falta de recursos?
P18e HFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu agregado tiveram que
tomar uma refeição menor (menos comida) do que vocês acham que precisavam porque não havia
comida suficiente?
P18fHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu agregado tiveram que
comer menos refeições durante o dia porque não havia comida suficiente?
P18g HFIAS. Nas últimas quatro semanas, ficaram sem nenhuma comida no vosso agregado por
falta de recursos para comprar comida?
P18hHFIAS. Nas últimas quarto semanas, você ou um membro do seu agregado foram dormir
com fome porque não havia comida suficiente ?
P18i HFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu agregado passou o dia e a
noite inteira sem comer nada, porque não havia comida suficiente?
Fonte: Elaborada pelo autor com base tabela 14 pág. 22 da AFSUN, op. cit. e nos resultados do Iinquérito
realizado no âmbito deste estudo.
1/As perguntas desta tabela serão usadas (já com respostas) no capítulo IV.

Em cada Distrito Municipal foi selecionada a mesma proporção de agregados familiares,


comparativamente a amostra do inquérito feito pela AFSUN em 2008, de modo a assegurar a
comparabilidade dos dados, como já foi anteriormente referido. Para o efeito, foram usadas a
metodologia e a fórmula estatística recomendadas por Spiegel (2008: pp. 203 – 230) e Castro
(1960: p. 187) como a seguir se apresenta na figura 3:

16
Figura 2: Fórmula para determinação do tamanho da amostra (n) com base na estimativa da proporção
populacional.
Para o cálculo do tamanho da amostra, foi usada a fórmula que permite a determinação do tamanho
estatisticamente significativo para a amostra proveniente de população finita, quando a principal variável
considerada é nominal ou ordinal que se exprime de acordo com a fórmula (*):

N  p  q  ( Z 2 ) 2
n
p  q  ( Z 2 ) 2  ( N  1)  E 2
(*), onde:
N=Tamanho da população da amostra (total de AF´s) da Cidade de Maputo em 2014 que é de 214006
agregados familiares e tendo, também em conta, que o tamanho médio dos agregados familiares era de
5.622.
Z 2
=Valor crítico da distribuição normal padrão, cujo valor é de 1,96, que corresponde o nível de 95%
de confiança, que se mostrou possível de ser empregue na população em estudo;
p̂ = Estimativa da proporção da amostra de indivíduos com Insegurança Alimentar, que foi considerada
como 0,5 que é a proporção que fornece o maior tamanho da amostra, mantendo os outros elementos
constantes;
q̂ = Estimativa da proporção de indivíduos com segurança alimentar igual a 0,5, obtida por
1 p̂ .
E = Erro amostral de 0,045 (4.5%), que representa a máxima diferença que se pode suportar entre a
proporção amostral e a proporção populacional de indivíduos com Insegurança Alimentar, ou seja,
p  pˆ  E
, tendo em conta que a maioria dos estudos de determinação do tamanho da amostra
apresenta uma margem de erro entre 4% e 10%.
Assim, fazendo uso dos valores acima indicados e, utilizando (empregando) a fórmula (*), tem-se:

N  p  q  (Z 2 )2 214006  0,5  (1  0,5)  1,96 2


n 
p  q  ( Z  2 ) 2  ( N  1)  E 2 0,5  (1  0,5)  1,96 2  (214006  1)  0,0452

 473

Fonte: Elaborada pelo autor com base nas propostas de Spiegel (2008: pp. 203 – 230) e Castro (1960: p.
187).

22
/Para mais detalhes vide INE (2010), op. cit.
17
Como foi mencionado anteriormente, a determinação da população-alvo, isto é, o número de
agregados familiares a serem inquiridos, foi feita através do desenho e selecção de uma
amostra. O delineamento da amostra foi, em cada nível, como está explicado nos pontos (1) a
(5) do esquema 2 que se segue, até atingir-se a selecção da unidade amostral primária
(Agregado Familiar) para efeitos analíticos, isto é, o agregado familiar.

Esquema 2: Sequência de etapas de selecção da Unidade amostral primária

(1) (4) (5)


(2) (3)
Distritos Municipais Agregados Identificação do(s)
Bairros Quarteirões
Familiares (AF) AF a ser(em)
(DM)
inquirido(s)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Notas:
(1): Foram tomados os mesmos DM seleccionados no Inquérito feito pela AFSUN
(op.cit) em 2008.
(2): Foram tomados os mesmos Bairros seleccionados no Inquérito feito pela AFSUN
(op.cit) em 2008.
(3): Nº de Quareirões seleccionados proporcionalmente aos seleccionados (op.cit) em
2008.
(4): Nº de AF seleccionados aleatoria e proporcionalmente aos selecionados em 2008.
(5): Identificação dos AF a serem inquiridos.
Neste estágio de selecção de AF, no campo partiu-se da assumpção, tomada pelo autor do
trabalho, segundo a qual cada casa corresponde a um agregado familiar.
A identificação dos AF foi feita com recurso à técnica conhecida por Método de Serpentina23
que, basicamente consiste na “fixação” pelo entrevistador/inquiridor do ponto de partida para
em linha de serpentina e alternativamente ir seleccionando a próxima casa.
Foram seleccionados para a amostra 473 agregados familiares, distribuídos como ilustra o
gráfico 1 que se segue.
A amostra e o questionário foram adaptados e ajustados aos elaborados para a pesquisa
realizada em 2008 pela AFSUN de modo a assegurar, como já foi referido, a comparabilidade

23
/Para mais detalhes vide Laburu (1995, pp. 53-55). Movimentos Acelerados: Um Experimento de baixo custo
para o Ensino Médio. Departamento de Física. Universidade Estadual de Londrina. Londrina PR.
18
dos dados, como pode ser visto, também, no gráfico 1 que se segue. O gráfico mostra o
número de Agregados Familiares selecionados nas amostras dos estudos realizados em 2008 e
2014.

Gráfico 1: Nº de agregados familiares selecionados, por Distrito Municipal, na amostra dos Inquéritos
realizados em 2008 e 2014.

Fonte: Elaborado pelo autor com base na tabela nº 5, pág. 7 da AFSUN, op. cit. e na
amostra desenhada para o inquérito realizado no âmbito deste estudo.

Por outro lado, a realização da pesquisa de campo foi, também, ajustada às etapas propostas
pelos autores acima24 referenciados, que referem, entre outros, que a definição da questão ou
questões de partida, definição dos objectivos e da metodologia, a problematização, a
construção do modelo teórico de análise (enquadramento teórico), a revisão da literatura, a
colecta, análise e interpretação dos dados, e as conclusões são elementos importantes numa
pesquisa.
Em geral, a realização do Inquérito, análise e interpretação dos resultados foram alinhados,
também, com as etapas propostas por Javeau (1982)25 que incluem, entre outros:
a. Definição do objecto;
b. Determinação dos objectivos, das hipóteses (questões de partida) e do modelo
(Enquadramento) teórico;
c. Delimitação do universo da pesquisa;

24/Refiro-me a Gerhardt e Denise (2009) mencionados na página 8.


25/JAVEAU, C. (1982). L'enquête par questionnaire.Manuel à l'usage du praticien. Bruxelas. Éditions de l'Université de
Bruxelles.
19
d. Amostragem;
e. Elaboração do questionário;
f. Selecção e formação dos entrevistadores;
g. Administração do questionário;
h. Elaboração do ficheiro e introdução dos dados no computador;
i. Análise e interpretação dos resultados;
j. Redacção do relatório final.

Os resultados do inquérito foram processados com recurso ao SPSS versão 20, programa
estatístico concebido para análise de dados em ciências sociais.
Considerando, como referem Coates et al (2007), que cada valor do indicador (variável)
HFIAS é “uma medida contínua e escalar do nível de Insegurança Alimentar dos agregados
familiares nas úlimas quatro semanas anteriores à realização do inquérito” foi usado, para a
determinação dos níveis de Insegurança Alimentar, o seguinte algoritmo desenvolvida pela
FANTA26, nomeadamente:

(1) Calcular as pontuações (scores) do indicador/variável HFIAS para cada


agregado familiar, isto é, as frequências de ocorrência dos casos de respostas
às nove perguntas de P18aHFIAS a P18iHFIAS.
(2) Com recurso aos comandos do SPSS fazer a transformação e recodificação
de variáveis.
(3) Antes da soma das frequências das ocorrências, estas foram assignadas o
valor “0” (zero) para todos os casos em que a ocorrência da resposta para a
respectiva pergunta for "não”, isto é, à pontuação (score) mínima foi
assignada aos agregados familiares que responderam “não” a uma das
perguntas P18aHFIAS a P18iHFIAS.
(4) Como foi referido acima, a pontuação (score) mínima e máxima tomada para
cada agregado familiar foi de zero (“0”) e a máxima foi de 27,
respecivamente.
Assim, quanto maior for a pontuação (score), maior é a aferição sobre a
situação de Insegurança Alimentar do agregado familiar.
O Quadro 1 que se segue resume os procedimentos seguidos para calcular o valor total
e médio das pontuações (scores).

26
/Ibid. FANTA (2007, pp. 17-20)
20
Quadro 1: Resumo do algoritmo de cálculo dos valores total e médio das pontuações (scores).

Algoritmo

Dados de base: pontuação (score) de


Adicionar as frequências de ocorrência de respostas às nove perguntas
HFIAS
Valor mínimo 0 (P18aHFIAS+P18bHFIAS+P18cHFIAS+P18dHFIAS+P18eHFIAS+P18fHFIAS+
Valor máximo 27 P18gHFIAS+P18hHFIAS+P18iHFIAS) recodificadas (1)
Cálculo, com base no resultado de (1), 9
das médias dos pontos (scores) de HFIAS
das pontuações xi, i=1...9
P18 HFIAS   i 1
xi
(0 - 27)
Fonte: Adaptado pelo autor com base na metodologia desenvolvida por FANTA (2007, pp. 19-
20). Household Food Insecurity Access Scale (HFIAS) for Measurement of Food Access:
Indicator Guide, VERSION 3.

As principais fontes de informação para análise comparativa foram os dados da pesquisa feita
pela AFSUN em 2008 e os que foram recolhidos no inquérito realizado no âmbito deste
estudo.

A Tabela 3 que se segue mostra o número de agregados familiares seleccionados na amostra,


onde se procurou ajustar as mesmas proporções em relação ao número de agregados
familiares seleccionados na amostra do inquérito realizado em 2008.

21
Tabela 3: Nº de Agregados Familiares seleccionados na Amostra do Inquérito realizado em 2008 pela AFSUN
versus Nº de Agregados Familiares seleccionados na Amostra do Inquérito realizado em 2015, no âmbito deste
estudo.
Nº de AF seleccionados na Nº de AF seleccionados na
Distritos Municipais Bairros
amostra de 2008 amostra de 2014

Alto Maé A 6 7
Kampfumo
Central B 7 8
Aeroporto A 6 7
Aeroporto B 6 7
Minkadjuíne 6 7
Unidade 7 6 7
Chamanculo A 6 7
KLhamanculo
Chamanculo B 6 7
Chamanculo C 6 7
Chamanculo D 6 7
Malanga 6 7
Munhuana 6 7
Mafalala 11 13
Maxaquene A 11 13
Maxaquene B 11 13
Maxaquene C 11 13
Kamaxakeni
Maxaquene D 11 13
Polana Caniço A 11 13
Polana Caniço B 11 13
Urbanização 11 13
Mavalane A 11 13
Mavalane B 11 13
FPLM 11 13
Hulene A 11 13
Hulene B 11 13
Kamavota Ferroviário 11 13
Laulane 11 13
3 de Fevereiro 11 13
Mahotas 11 13
Albazine 11 13
Costa do Sol 11 13
Bagamoyo 10 12
Kamubukwana George Dimitrov (Benfica) 10 12
Inhagoia A 10 12
Inhagoia B 10 12
Jardim 10 12
Luís Cabral 10 12
Magoanine 10 12
Kamubukwana Malhazine 10 12
Nsalane 10 12
25 de Junho A 10 12
25 de Junho B 10 12
Zimpeto 10 12
Total da amostra 400 473
Total inquirido 397 472
Fonte: Elaborado pelo autor com base na tabela 5, de Raimundo, I (2014: p. 7) e Crush, J., e Pendleton, W., op.
cit, e pelo autor com base na amostra feita no âmbito do inquérito feito para este estudo.

22
2.2. Delimitação da área de estudo
A Cidade de Maputo localiza-se no sul do Moçambique, na margem ocidental da Baía de
Maputo. Os seus limites são: a norte, o distrito de Marracuene; a noroeste e oeste, o
Município da Matola; a oeste, o Distrito de Boane e a sul, o Distrito de Matutuíne.

Figura 6: Distritos Municipais da Cidade de Maputo

Fonte: Município de Maputo. Perfil Estatístico do Município de Maputo, 2004-2007 (com actualização dos
nomes feita pelo autor).

Legenda:
Nomes actuais dos Distritos Municipais
Nome antigo Nome actual
Distrito Municipal nº 1 Kampfumo
Distrito Municipal nº 2 KaMaxaqueni
Distrito Municipal nº 3 KaLhamanculo
Distrito Municipal nº 4 KaMubukwana
Distrito Municipal nº 5 KaMavota
Distrito Municipal da Catembe KaTembe
Distrito Municipal de Inhaca KaNyaka
23
A Cidade de Maputo, com uma área de 347,69 km2 tinha, de acordo com o Censo de 2007,
uma população de 1. 094 315 pessoas, o que representa um aumento populacional de cerca de
13,2%, em relação ao Censo de 1997. Contudo, as projecções do INE apontavam, para o ano
de 2014, uma população total de cerca de 1.225.868 pessoas.
Em termos de organização administrativa do seu território, a cidade de Maputo está dividida
em sete Distritos Municipais, como ilustra a figura 6 acima. Por sua vez, os Distritos
Municipais estão subdivididos em bairros.
Para efeitos de comparação, a pesquisa abrangeu as mesmas áreas do estudo feito pelo
AFSUN em 2008.
As áreas abrangidas pelo estudo, nomeadamente os Distritos Municipais de Kampfumo,
KaMaxaqueni, KaLhamanculo, KaMubucuane e KaMavota são, do ponto de vista do autor do
estudo, mais representativos em termos de abrangência da população total da Cidade de
Maputo e, por conseguinte, para efeitos de inferência na análise dos resultados.
Na selecção dos agregados familiares foram excluídos “à partida” os chamados “bairros de
luxo” do distrito municipal KaMpfumo. Tal deveu-se à assumpção do autor deste estudo
segundo a qual aqueles bairros estariam numa situação mais privilegiada em termos de
disponibilidade, acesso e, provavelmente, consumo de alimentos com mais nutrientes.
A assumpção acima encontra suporte em Raimundo, I27 et al (2014: p. 6) que, no seu estudo,
refere que “diversas pesquisas realizadas em Maputo nos últimos anos mostraram diferentes
facetas da luta pela sobrevivência nos bairros informais da cidade”. Tais incluem estudos
sobre a pobreza dos agregados familiares, habitação e acesso à terra, o abastecimento de água,
entre outros. Embora esses estudos, parafraseando o autor acima referido, “proporcionem
informação de muita utilidade para a compreensão da dinâmica da pobreza em Maputo,
nenhum deles foca explicitamente as dimensões e determinantes da segurança alimentar”.
Mesmo o relatório do Estudo de base Base sobre Segurança Alimentar e Nutricional em
Moçambique realizado pelo SETSAN em 2008, não disponibilizou informação específica
para a cidade de Maputo, mas sim a nível das províncias de Moçambique.
A tabela 4 que se segue mostra a distribuição, por sexo, da população total dos Distritos
Municipais da Cidade de Maputo (incluindo a dos Distritos Municipais de KaNyaka e
KaTembe), podendo destacar-se que nos dois anos a proporção de homens e mulheres quase
que se manteve. Com efeito, em 2007 cerca de 49% de pessoas eram do sexo masculino e
27/Ibid., pp. 6 e 20 et seq.
24
cerca de 51% eram do sexo feminino e, em 2014 cerca de 48% eram do sexo masculino e
cerca de 52% eram do sexo feminino, respectivamente.

Tabela 4: População total1 da Cidade de Maputo, por Distrito Municipal e Sexo, 2007 e 2014.
2007 20142
Distrito Municipal
Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres
Total 1 094 628 532 570 562 058 1 225 868 590 224 635 644
KaLhamanculo 154 272 75 906 78 366 159 569 77 630 81 939
KaMavota 293 270 141 654 151 616 341 545 163 376 178 169
KaMubucuane 290 775 140 315 150 460 353 922 168 928 184 994
KaMaxaqueni 223 628 109 940 113 688 232 248 113 302 118 946
Kampfumo 108 096 52 963 55 133 111 152 53 784 57 368
KaNyaka 5 216 2 467 2 749 5 574 2 685 2 889
KaTembe 19 371 9 325 10 046 21858 10 519 11 339
Fontes: 1. INE (2010). III Recenseamento Geral da População e Habitação de 2007. Resultados definitivos. Cidade
de Maputo.
2. INE (2010). Projecções Anuais da População Total, Urbana e Rural dos Distritos da Cidade de Maputo 2007 – 2040.
1
/Inclui os DM de KaNyaka e KaTembe
2
/Projecções. Op cit. Loc cit.

Por outro lado e de acordo com Araújo (1999), “o distrito municipal KaMpfumo, é onde se
encontra o CBD (Central Business District) e a área urbana da Cidade de Maputo. Enquanto
os distritos municipais KaMaxaquene e Nlhamankulo ficam classificados como a área
suburbana, onde ocorrem carências estruturais diversas. Os distritos municipais
KaMubukwana e KaMavota seriam as áreas periféricas onde as características urbanas e
rurais por vezes confundem-se. A população distribui-se de forma desigual nestas três áreas”
como demonstra-se no gráfico 2 a seguir.

Gráfico 2: Distribuição percentual da população da Cidade de Maputo


por áreas, 2007

Fonte: Tomado de Araújo, M. (1999).

25
De acordo com os dados do Censo de 2007, a Cidade de Maputo, tinha uma população de
1,094,628 pessoas, o que representa um aumento populacional de cera de 13,2%, em relação
ao Censo de 1997 ou seja, a população da Cidade de Maputo aumentou 13,2% em dez anos.
Por outro lado, a Cidade de Maputo é, também, o principal ponto de confluência do País.
Nesta cidade assiste-se a um constante e permanente movimento populacional de pessoas
oriundas de todas as províncias do País, bem como de outras partes do Mundo. Para responder
às eventuais necessidades da população, a cidade tem-se apetrechado de serviços de vária
ordem, desde a provisão de serviços de saúde, até aos serviços de lazer e de entretenimento.
De referir que a cidade, tal como constatou Araújo (1999), tem registado um aumento do
fosso entre ricos e pobres, deixando a população mais exposta à situações de risco. “O
fenómeno de pobreza urbana que se traduz num elevado índice de desemprego, agravado pelo
êxodo rural e o aumento do movimento migratório, sobretudo da população jovem à procura
de um aparente bem-estar, o aumento da criminalidade, (….) são alguns dos factores que
põem os citadinos numa situação de permanente vulnerabilidade sócio-económica e física”28.
Os dados do III RGPH de 2007 foram tomados como base para a amostra do estudo feito em
2008 e os dados da população projectada para 2014, igualmente feitas pelo INE, foram
tomados como base, para o cálculo da amostra do inquérito realizado no âmbito desta
dissertação.
No inquérito de 2008 foram tomados os Distritos Municipais de Kampfumo, KaMaxaqueni,
KaLhamanculo, KaMubucuane e KaMavota. A não inclusão no inquérito de 2014 dos
Distritos Municipais de KaNyaka e KaTembe deveu-se, por um lado, ao facto de não terem
sido inclusos no estudo de 2008 e, por outro, terem proporcionalmente um peso populacional
bastante pequeno, comparado com a população total de todos os Distritos Municipais. Outro
aspecto que contribuiu para a não inclusão daqueles distritos foi a dificuldade resultante da
sua localização geográfica que implicaria custos elevados para o acesso aos bairros daqueles
distritos.
Com efeito a população desses distritos, tanto em 2008 e 2015, perfazia cerca de 97.8% da
população total da cidade de Maputo enquanto a dos distritos municipais de KaTembe e
KaNyaka representava apenas cerca de 2.2%.

28/Para
mais detalhes veja-se Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA (s/d). Perfil da Cidade de Maputo e
Resumo das Estratégias do PEN III adequadas à Cidade de Maputo e Araújo (1999).
26
O gráfico que se segue mostra a comparação entre a população total dos Distritos Municipais
abrangidos e não abrangidos pelo inquério realizado no âmbito do presente estudo, podendo
notar-se que os distritos de KaTembe e KaNyaka têm população muito pequena comparada
com a dos restantes Distritos Municipais.

Gráfico 3: Comparação entre a população total dos DM´s da Cidade de Maputo abrangidos e não
abrangidos pelo inquérito realizado no âmbito deste estudo, 2014

293,361
290,696
300,000
D.M. Kampfumo
222,756
D.M. KaMaxaqueni
250,000
D.M. KaLhamanculo
D.M. KaMubucuane
200,000 155,385 D.M. KaMavota
D.M. KaTembe
107,530

150,000
D.M. KaNyaka

100,000

19,371
50,000

5,216
0

Fonte: Elaborado com base nos dados do INE, III Recenseamento Geral da População e Habitação de
2007. Resultados definitivos.

= Não foram abrangidos nos Estudos de 2008 e 2014.

27
CAPÍTULO III. REVISÃO DA LITERATURA SOBRE SEGURANÇA ALIMENTAR

3.1. O significado da Segurança Alimentar


A abordagem da questão da Segurança Alimentar em geral e, nas cidades em particular, tem
vindo a atrair grande interesse e atenção tanto de investigadores (e instituições de
investigação) quanto das organizações públicas. Em Moçambique o assunto tem merecido,
igualmente, a atenção daqueles sectores. O PARPA II (2006-2009) considera a Segurança
Alimentar e Nutricional como uma questão transversal, ou seja, “está integrada nas diversas
políticas e estratégias dos sectores do Governo. Estas políticas sectoriais, em geral, são
complementares e têm em comum a preocupação de combater a pobreza absoluta e, por
conseguinte, a Insegurança Alimentar e Nutricional. O PARPA II contém indicadores
específicos de Segurança Alimentar e Nutricional e inclui o DHAA (Direito Humano à
Alimentação Adequada) como uma abordagem a adoptar no país”. Porém, ele não destaca a
necessidade de um conhecimento e abordagem aprofundados sobre Insegurança Alimentar
urbana.
Tal com refere Garrett e Ruel (1999) muitos autores como por exemplo “Alderman (1990);
Alderman e Higgins (1992); Blau, Guilkey e Popkin (1996); Ricci e Becker (1996); Sahn
(1988); Thomas, Strauss e Henriques (1991); Thomas e Strauss (1992) ” têm-se debruçado
sobre a questão de Insegurança Alimentar ou estado nutricional das pessoas das áreas rurais e
urbanas. Porém, “nenhum explorou com profundidade a questão de saber se os factores que
determinam a segurança alimentar e nutricional são diferentes entre as áreas rurais e urbanas,
e quais as implicações dessas diferenças para o desenho de projectos e implementação de
programas de alimentação29”.
Maluf e Menezes (2001) referem que o termo Segurança Alimentar começou a ser utilizado
após o fim da Primeira Guerra Mundial e acrescentam que “o entendimento de que a questão
alimentar está estritamente ligada à capacidade de produção manteve-se até a década de
setenta”.
Com efeito, na 1ª Conferência Mundial de Segurança Alimentar, promovida pela FAO, em
1974, numa altura em que as reservas mundiais de alimentos estavam bastante escassas por
causa de quebras nas colheitas verificadas em importantes países produtores de alimentos, a

29/Veja-se mais detalhes em Garrett, J. L. (1999: p. 1) e Ruel. M.T. Are Determinants of rural and urban Food Security and
Nutritional Status different? Some Insights from Mozambique. Food Consumption and Nutrition Division. International Food
Policy Research Institute 2033 K Street, N.W. Washington, D.C. 20006 U.S.A. (202) 862–5600 Fax: (202) 467–4439.
28
ideia de que a questão de Segurança Alimentar estava quase que exclusivamente ligada à
produção agrícola, era dominante. Isto veio, inclusive, a fortalecer o argumento da indústria
química na defesa da Revolução Verde. Procurava-se convencer a todos, de que o “flagelo da
fome e da desnutrição no mundo desapareceria com o aumento significativo da produção
agrícola, o que estaria assegurado com o emprego maciço de insumos químicos (fertilizantes e
agro-tóxicos). Apesar da produção mundial, ainda na década de setenta, se ter recuperado –
embora não da mesma forma como prometia a Revolução Verde - nem por isto desapareceu
os males da desnutrição e da fome, que continuaram atingindo tão gravemente uma parcela
importante da população mundial”. Por outro lado, Burlandy (2007) refere que “o conceito de
Segurança Alimentar e, por conseguinte, de Insegurança Alimentar, está ainda em construção,
seja no campo teórico, seja no de formulação de políticas públicas. Ademais, Vendramini et
al (2012) alargam a abordagem acima aludida acrescentado que “o processo de
amadurecimento conceptual foi incorporando preocupações que emanavam de debates” e,
assim, delinearam de início como relevantes, “os parâmetros disponibilidade e acesso,
relacionados à quantidade suficiente e ao preço baixo dos alimentos, como importantes para
compor o referido conceito”.
Na mesma perspectiva, outros autores já referidos anteriormente, apontaram que “a
segurança alimentar e nutricional consistem na realização do direito de todos ao acesso
regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o
acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da
saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, económica e
socialmente sustentáveis”. Segundo aqueles autores, a face oposta à Segurança Alimentar é,
por assim dizer, a “Insegurança Alimentar” ou seja a situação em que as pessoas estão
incapacitadas de adquirir alimentos suficientes para satisfazer as suas necessidades
alimentares diárias.
A definição clássica adoptada pela FAO estabelece que a segurança alimentar representa um
estado no qual todas as pessoas, durante todo o tempo, possuam acesso físico, social e
económico a uma alimentação suficiente, segura e nutritiva, que atenda a suas necessidades
dietárias e preferências alimentares para uma vida activa e saudável (BELIK, 2003: p.23).
A abordagem acima permite perceber que a ideia colocada sobre o conceito de segurança
alimentar parece, de certo modo, mais geral e amplo pois comporta consigo elementos que

29
integram não somente a questão da disponibilidade de alimentos, mas também a sua qualidade
nutritiva.

Figura 3: Interrelação entre Segurança Alimentar e Segurança Nutricional

Fonte: Tomado de Tawodzera, G. (s/d). Food In(security), Population Growth,


Development & Public Health in Africa.

O debate teórico sobre Segurança Alimentar (SA) está intrínseca e indissoluvelmente ligado
ao de Insegurança Alimentar pois a SA existe ou se verifica na medida em que os agregados
familiares (AF), portanto as pessoas que os constituem, têm capacidade de adquirir e
consumir alimentos suficientes para satisfazer as necessidades alimentares diárias, sempre que
aqueles disponíveis e a InSA quando os AF´s estão desprovidos do que foi anteriormente
mencionado.
Por outro lado, nos finais dos anos 80, muitas investigações deram particular destaque à
necessidade e importância de compreender e entender melhor a Segurança Alimentar dos
Agregados Familiares e a possível ligação entre Insegurança Alimenar e Fome. Vários
trabalhos de investigação foram levados a cabo por um grupo de especialistas do Instituto

30
Americano de Nutrição, os quais resultaram na formulação do que os autores chamaram de
“definições conceptuais”30, isto é:
 Segurança Alimentar – “É o acesso por todos, em qualquer momento, à
alimentação suficiente para levar uma vida activa e saudável. Segundo, ainda os
investigadores do aludido Instituto, a segurança alimentar “inclui no mínimo: (1) a
pronta disponibilidade de alimentos nutricionalmente adequados e seguros, e (2) a
capacidade assegurada para adquirir alimentos socialmente aceitáveis e em formas
socialmente aceitáveis (por exemplo, sem recorrer a fontes alimentares de
emergência, roubo, ou outras fontes.”
 Insegurança Alimentar – “Disponibilidade limitada ou incerta de alimentos
nutricionalmente adequados e seguros ou a capacidade limitada para adquirir
alimentos de maneiras socialmente aceitáveis”.
 Fome – “É a sensação de desconforto ou dôr causada pela falta de alimentos; é
a falta recorrente e involuntária de acesso aos alimentos. A fome pode causar a
desnutrição ao longo do tempo. A fome pode ser, potencialmente, embora não
necessariamente, consequência da Insegurança Alimentar.”

O texto que se segue, de Thomas Edison (1847 – 1931), exprime a importância e seriedade
com que a questão da Insegurança Alimentar deve ser tratada. “O médico do futuro não vai
mais tratar o corpo humano com drogas mas vai curar e prevenir a doença com a nutrição”31.

3.2. Segurança Alimentar em Moçambique


Em Moçambique, a política de Segurança Alimentar ganhou maior importância, visibilidade e
uma abordagem mais integrada e intersectorial, sobretudo a partir de 1998, altura em que foi
elaborada pelo SETSAN e aprovada pelo governo, através da Resolução Interna 16/98, a
primeira Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN I). O SETSAN fora criado
como organismo do governo responsável pelo desenho e monitoria da implementação das
políticas de segurança alimentar em Moçambique. Na estratégia de Segurança Alimentar e
Nutricional definida pelo SETSAN é clarificado que o objectivo das políticas de segurança
alimentar não se reduz apenas à questão da eliminação das necessidades alimentares da

30
/Para mais detalhes vide Bickel, Gary, Mark Nord, Cristofer Price, William Hamilton, e John Cook:
Guide to Measuring Household Food Security, Revised 2000. U.S. Department of Agriculture, Food and
Nutrition Service, Alexandria VA. March, 2000.
31/Extraído de”United Nations. World Food Programme (2007). Hunger and Health. Hunger Series.
31
população e da auto-suficiência na produção agro-alimentar (Wanda, 2008) mas sim “o direito
de todas as pessoas, a todo o momento, ao acesso físico, económico, e sustentável a uma
alimentação adequada, em quantidade, qualidade, e aceitável no contexto cultural, para
satisfazer as necessidades e preferências alimentares, para uma vida saudável e activa”, idem
(Wanda, op. cit.) e (SETSAN, 2007, p. 4).
A Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (2008 – 2015, p. 11) sublinha, ainda, que a
segurança alimentar e nutricional nos centros urbanos “é fortemente influenciada pelo acesso
económico aos alimentos e não apenas pela disponibilidade física dos mesmos. Nas cidades, a
definição de grupos vulneráveis à Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN) depende
fundamentalmente duma diversidade de factores, tais como, oportunidades de emprego,
serviços básicos de saúde e educação, serviços de protecção social, êxodo rural e
funcionamento dos mercados”.
A definição de Insegurança Alimentar, entendida na ESAN como ”a situação em que as
pessoas estão incapacitadas de adquirir alimentos suficientes para satisfazer aos
requerimentos alimentares diários”, suporta e complementa o que acima foi referido.
Tomando a abordagem da ESAN, com a qual alinha este esudo, existem dois tipos de
Insegurança Alimentar (InSA): a) InSA Crónica, que se refere ao consumo insuficiente e
persistente de alimentos, também conhecida por “Fome Silenciosa” e associada aos diversos
factores da pobreza extrema, pode causar “Kwashikor” e “Marasmo” nas crianças: b) InSA
Transitória, que se refere a falta temporária de alimentos para alcançar as quantidades diárias
alimentares requeridas”.
BELIK (2001) refere que embora o direito à alimentação tenha sido consagrado como um
direito humano e ”apesar de todo o avanço tecnológico e científico que permite a produção
abundante de alimentos, convive-se, ainda hoje, com cerca de 816 milhões de pessoas
espalhadas pelo mundo em situação de Insegurança Alimentar”. Por outro lado, Maluf e
Menezes (2001)32, alinhando na mesma perspectiva, assinalam que “a segurança alimentar
não depende apenas da existência de um sistema que garanta a produção, distribuição e
consumo de alimentos em quantidade e qualidade adequadas”. É nesta linha que o autor
afirma que a segurança alimentar está regida por determinados princípios, nomeadamente:

Maluf, R. S. e Menezes, F. (2001: pp. 3-14). Caderno “Segurança Alimentar”. “Foundation Charles Léopold
32/Vide

MayerpourleProgrès de l'Homme”. Rede Agriculturas Campesinas, Sociedades y Globalización (APM).


32
 A Segurança Alimentar e a Segurança Nutricional são como que “duas faces da
mesma moeda”, não podendo garantir-se uma delas sem que a outra também
esteja garantida.
 Somente será assegurada a Segurança Alimentar e Nutricional através de uma
participação conjunta de governo e sociedade, sem que com isto se diluam os
papéis específicos que cabe a cada parte.
 Direito humano à alimentação como primordial, que antecede a qualquer outra
situação, de natureza política ou económica, pois é parte integrante do direito à
própria vida.
Figura 4: Interrelação entre Insegurança Alimentar, Malnutrição e Pobreza

Fonte: Tomado de Tawodzera G. (s/d). Food In(security), Population Growth,


Development & Public Health in Africa.

De facto, a questão alimentar mexe com interesses diversos e até contrários, o que faz com
que a definição do significado da segurança alimentar seja um assunto que atrai não só apenas
a atenção de investigadores mas, e sobretudo, de organizações e decisores políticos, incluindo
de Moçambique. Nesta perspectiva, fica clara a importância da abordagem deste tema neste
estudo como forma de contribuir para a sua elaboração científica, sobretudo em Moçambique
com enfoque particular nas cidades. Aliás, como referem os autores acima citados a

33
Segurança Alimentar e Nutricional “será assegurada através de uma participação conjunta de
governo e sociedade, sem que com isto se diluam os papéis específicos que cabem a cada
parte”.
Alinhando na mesma perspectiva, Carvalho (2001: pp. 149-152) apresenta uma outra reflexão
segundo a qual é necessário diferenciar dois tipos de problemas de produção de alimentos
que, embora distintos são interrelacionados. Aliás e socorrendo-nos na constatação do autor,
verifica-se, contudo, que “é nos países tropicais que o potencial produtivo é maior, sendo
também nessas regiões que ocorrem os maiores problemas de fome” o que na sua opinião,
com a qual alinhamos, pode levantar alguns paradoxos, nomeadamente:
Paradoxo 1: Num mundo de excedentes alimentares persistem enormes probles de fome.Nas
regiões de maior potencial produtivo (meio tropical) ocorrem as maiores deficiências
alimentares.
Paradoxo 2: Os maiores problemas alimentares têm surgido em regiões rurais, cuja principal
actividade é a produção de alimentos.
No caso de Moçambique, existem já alguns estudos sobre Segurança Alimentar nas zonas
ruais mas já não acontece o mesmo em relação às cidades, o que já foi referido em páginas
anteriores.

34
CAPÍTULO IV. ANÁLISE COMPARATIVA DOS NÍVEIS DE INSEGURANÇA
ALIMENTAR NA CIDADE DE MAPUTO DOS ANOS DE 2008 E 2014.

4.1. Caracterização da população inquirida

A população total dos distritos selecionados na amostra representa cerca de 97.8% da


população total da Cidade de Maputo, em 2014.
Tal como se pode obsevar no Gráfico 4 que se segue, a população dos Distritos Municipais
seleccionados pela amostra esteve distribuída de forma mais ou menos uniforme, isto é, sem
diferenças acentuadas entre os Distritos Municipais, ocorrendo o mesmo em relação a sua
distribuição por sexo.

Gráfico 4: Distribuição percentual, por sexo, da população dos Dstritos Municipais selecionados
na amostra do inquérito realizado no âmbito deste estudo, 2014.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos resultados do Inquérito.

35
Da população inquirida, cerca de 48% das pessoas eram do sexo masculino e 52% eram do
sexo feminino, tal como ilustra o gráfico 5 que se segue.

Gráfico 5: Percentagem da população total inquirida por sexo, 2014

48%
52%

Homens Mulheres

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos resultados do inquérito


realizado no âmbito deste estudo.

Em termos de cobertura de AF o inquérito logrou abranger, de facto, 472 agregados familiares


(99.8% do total de AF previstos na amostra).
Com excepção do Distrito Municipal de Kamaxaquene onde foram inquiridos 103 AF dos
104 seleccionados na amostra, nos restantes DM foram inquiridos todos os agregados
familiares selecionados.
O gráfico 6 que se segue mostra o grau de cobertura dos agregados familiares, sendo de
observar, como foi referido acima, que no Distrito Municipal de KaMaxaquene foi inquirido
um agregado familiar a menos, comparativamente aos AF inicialmente selecionados no
amostra. Até ao fim do processo de inquérito tal agregado, embora deixasse informação sobre
a sua disponibilidade, não esteve presente, até o último dia do inquérito, para receber os
inquiridores.
Por tratar-se apenas de um (1) agregado familiar pareceu-nos irrelevante e desnecessário
substituí-lo, pois um (1) agregado familiar a menos é estatisticamente não significante,
considerando o universo total de 104 agregados familiares para o Distrito Municipal de

36
KaMaxaquene. Um agregado familiar corresponde a menos de 1% do total de agregados
familiares daquele distrito Municipal.

Gráfico 6: Percentagem de AF seleccionadados na amostra versus AF inquiridos, por Distrito Municipal, 2014.

Fonte: Elaborado pelo autor com basse nos resultados do inquérito realizado no âmbito deste estudo.

Por outro lado, o tamanho médio dos Agregados familiares inquiridos é cerca de 5 pessoas o
que é relativamente menor que o tamanho médio dos AF inquiridos em 2008 que foi de 6.9
(vide AFSUN, pág. 9, op. cit.). Tal pode sugerir, entre outros, que tenha havido alguma
mobilidade de pessoas para viverem fora da cidade ou noutros Distritos Municipais (DM) de
Maputo e/ou alguma mudança na percepção das pessoas sobre as eventuais “vantagens” de ter
tamanho “reduzido” de agregados familiares ou seja de viver, na mesma casa, com um
número elevado de pessoas.
O gráfico 7 que se segue mostra o Tamanho Médio do Agregados Familiares (TMAF) nos
Distritos Municipais inquiridos, sendo de observar que o o mesmo se distribui de forma mais
ou menos uniforme em todos os DM. Com efeio, o TMAF dos Distritos Municipais é
(aproximadamente) de cinco (5) pessoas por agregado familiar.

37
Gráfico 7: Tamanho Médio dos Agregados Familiares inquiridos por DM, 2014.

Nº de AF´s Inquiridos Tamanho Medio dos Agregados Familiares


472

143 141
104
69

15 5,13 5,48 4,85 4,92 4,94


4,77

KaMpfumo KaLhamanculo KaMaxaquene KaMavota KaMubukwana Total

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos resultados do nquérito realizado no âmbito
deste estudo.

Ademais, anote-se que a idade mínima e máxima da população foi, respectivamente, quatro
(4) e noventa e oito (98) anos, sendo a idade média cerca de quarenta e sete (47) anos. Em
termos de distribuição da população inquirida por grupos de idade, observa-se que 77% da
população inquirida tem 35 anos ou mais de idade, destes cerca de 37% têm idades
compreendidas entre 40 e 54 anos e 23% têm 34 anos ou menos de idade (vide gráfico 8).

38
Gráfico 8: Percentagem da população total inquirida por grupos de idade, 2014

120%

100%
100%

80%

60%

40%

20%
20% 15%
11% 12% 11%
9% 9%
7%
3% 3%
0%
< =18 19-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60 e Total
mais
Grupos de idade

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos resultados inquérito realizado no âmbio deste estudo

Os dados recolhidos mostraram que a maioria dos agregados familiares inquiridos é chefiada
por homens. Tal como ilustra o gráfico 9 que se segue, cerca de 70% dos agregados familiares
é chefiada por homens enquanto 30% é chefiada por mulheres.

39
Gráfico 9: Distribuição percentual dos Agregados Familiares, dos Distritos Municipais, segundo o sexo do
Chefe do Agregado Familiar

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos resultados do inquérito realizado no âmbito deste estudo

Tal como refere Germán, L. (2005, p. 17) “a qualidade de vida, como um dos grandes
objecivos das políticas públicas está associada à satisfação das necessidades básicas que estão
relacionadas com a existência e bem-estar dos cidadãos. A disponibilidade e acesso da
população a tais serviços básicos é um elemento importante para se poder aferir sobre o seu
nível e qualidade de vida” ou seja o acesso a certos serviços, os chamados serviços básicos,
pode ser, por conseguinte, usado como indicador de nível e condições de vida dos AF´s. Isto é
tanto mais importante quando se sabe que a disponibilidade e acesso a certos serviços como,
por exemplo, electicidade e água potável é importante para a gestão da qualidade de vida dos
agregados familiares.
A tabela 5 que se segue mostra a distribuição percenual dos agregados com acesso à
electricidade e água potável, podendo claramente observar-se que o Distrito Municipal de
KaMpfumo dispõe e usa os serviços de electricidade e água potável, seguido dos Distritos
Municipais de KaMaxaquene, KaMavota e KaMubukeana, respectivamente.

40
Tabela 5: Percentagem de Agregados Familiares com acesso a alguns serviços básicos, 2014.
Distrito Municipal Electricidade Água potável
Kampfumo 100% 100%
KaLhamanculo 94% 98%
KaMaxaquene 97% 97%
KaMavota 96% 98%
KaMubukwana 95% 99%
Fonte: Elaborada pelo autor com base nos resulados do inquérito realizado no âmbito deste
estudo.

4.2. Níveis de insegurança alimentar na Cidade de Maputo nos anos de 2008 e


2014: interpretação dos resultados do estudo

Tal como recomendam Coats (2007) e Bickel (2000) os indicadores de Escala de Acesso à
Insegurança Alimentar do Agregado Familiar (HFIAS) e de Prevalência de Insegurança
Alimentar nos agregados familiares (HFIAP) são muito importantes e úteis para “reportar e
abordar a questão de Insegurança Alimentar do ponto de vista da sua dimensão e prevalência
e, assim, permitir a disponibilização de elementos que possam apoiar o processo de tomada de
decisões sobre a população em estudo”. Por outro lado, recomendam33 ainda os autores acima
referidos, os indicadores HFIAS e HFIAP, “não são destinados, no entanto, a ser utilizados
para determinar as causas do problema de Insegurança Alimentar ou para desenhar uma
resposta a esta questão de InSA (por exemplo, fazer avaliações sobre o conhecimento de
nutrição com vista à concepção de intervenções que ajudem na mudança de comportamento”).
Embora, referem ainda os autores, a informação obida a partir do indicador HFIAS possa ser
usada a nível de indivíduos e/ou grupos populacionais selecionados de acordo com as
especificidades e objectivos de um dado estudo, é importante ter-se sempre cuidado pois as
respostas dadas às perguntas sobre Insegurança Alimenar têm um certo grau de subjectividade
e, por isso, é necessário ter-se sempre presente um certo sentido de diferenciação dos AF´s.
Os resultados do inquérito realizado no âmbito deste estudo mostram que o nível dos valores
tabulados dos pontos (scores) da escala de HFIAS dos agregados familiares (Tabela 6) é, em
média, de 3.9% (valor inferior ao encontrado no estudo de 2008), o que sugere que os

33
/Em toda a análise e interpretação dos dados do inquérito, o autor deste trabalho terá em conta esta
recomendação, com a qual concorda, embora isso não o impeça de emitir/formular as suas próprias asserções.
41
pobres da Cidade de Maputo parecem estar numa situação de menos Insegurança Alimentar,
comparativamente ao que mostraram os resultados do estudo feito em 2008, ou seja houve
uma certa tendência de melhoria do status 34 de insegurança alimentar dos agregados
familiares.

Tabela 6: Comparação dos níveis (scores35) de HFIAS dos anos de 2008 e 2014
Nº de Agregados
Anos Familiares Média Mediano
inquiridos

2008 389 10.4 10


2014 472 3.9 2
Fonte: Elaborado pelo autor com base na tabela 12, de Raimundo, I (2014: p. 20),
op. cit. e pelo autor com base nos resultados do Inquérito realizado no âmbito deste estudo.

O comportamento tendencial dos dados apresentados na tabela anterior pode ser visualizado
no gráfico 10 que se segue.
Com efeito, o gráfico mostra uma "queda" mais acentuada dos valores (scores) médios de
HFIAS, comparativamente ao valor registado no estudo realizado em 2008. Essa tendência
decrescente é confirmada pelo valor acentuadamente menor da média observada em 2014,
comparativmente ao valor registado em 2008. Por outro lado, a distribuição dos agregados
familiares pelo valor mediano mostra que cerca de 10% dos AF inquiridos em 2008 situavam-
se acima e abaixo da média, respectivamente enquanto apenas cerca de 2% dos AF inquiridos
em 2014 situavam-se acima e abaixo da média, respectivamente.

34
/Quando isto ocorre, Bickel, G. et al (2000, p. 33) fala de “melhoria do status de Insegurança Alimentar” e
esclarece que a medição do nível do status de insegurança alimentar é, como afirma, “um exercício no qual são
(ou podem ser) identificados intervalos/escalas significativos/as do grau de gravidade de Seg(Ins)alimentar. A
medição através da criação ou formação de categorias analíticas é uma forma adequada para se poder comparar
os níveis de prevalência de Insegurança Alimentar em subpopulações ou grupos específicos”.
35
/A tradução textual de “score” encontrada em
https://www.google.co.mz/?gws_rd=cr,ssl&ei=QCa2VcyRDoSp7Aafs4KgBg#q=translate é “pontuação”.
Contudo, o autor tomou uma das diferentes proposas de tradução “não textual” recomendadas no Dicionário de
Inglês-Português (1998, p. 899), 3ª edição. Porto Editora, que pareceu mais adequada/apropriada e próxima da
pespectiva de análise e interpreação dos dados recolhidos neste estudo.
42
Gráfico 10: Comparação da tendência dos níveis (scores) de HFIAS dos anos de 2008 e 2014

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

2008 2014

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da tabela 7.

Porém, para uma melhor compreensão dos aspectos de Insegurança Alimentar que mais
afectaram os agregados familiares da Cidade de Maputo (abrangidos pelo inquérito), no
período em estudo, foram tomadas de forma individualizada, as respostas dadas sobre a
situação de Insegurança Alimentar nos quatro meses anteriores ao inquérito (P18aHFIAS a
P18jHFIAS do questionário). Essa informação resultou das respostas dadas às perguntas
referentes à escala HFIAS (Escala de Acesso à Insegurança Alimentar do Agregado Familiar),
as quais foram sumarizadas e comparadas, como se pode observar nas três últimas colunas da
tabela 7 seguinte.
A comparação dos resultados dos estudos feitos em 2008 e em 2014 mostra, também, uma
tendência de melhoria do estado de Insegurança Alimentar dos agregados familiares
inquiridos. Com efeito, observa-se que apenas cerca de 18.39% dos agregados familiares
inquiridos “tiveram preocupação em não ter comida suficiente nas últimas quatro semanas” e
apenas cerca de 16.7% dos AF foram impossibilitados de comer o tipo de comida que
preferiam por falta de recursos financeiros para os adquirir. Nesta situação estiveram, segundo
o estudo de 2008, cerca de 62.2% de agregados familiares.

43
Em geral, os resultados sugerem ter havido uma melhoria dos níveis de Insegurança
Alimentar dos agregados familiares inquiridos, comparativamente aos resultados do estudo
realizado em 2008.

Tabela 7: Comparação das respostas à Insegurança Alimentar, segundo a Escala de Acesso à Insegurança
Alimentar do agregado familiar (HFIAS), 2014 e 2015
% de respostas
Diferença
"algumas
Respostas às perguntas sobre Insegurança Alimentar 2014 e 2008
vezes/regularmente"

2008 2014 %
Nas últimas quatro semanas:
P18aHFIAS: Você se preocupou que o seu agregado não tivesse comida suficiente? 55.80 18.39 -37.41
P18bHFIAS: Você ou um membro do seu agregado foram impossibilitados de comer o tipo de
62.20 16.70 -45.50
comida que vocês preferem por falta de recursos (dinheiro)?
P18cHFIAS: Você ou um membro do seu agregado tiveram que comer uma variedade limitada
58.50 12.68 -45.82
de alimentos devido a falta de recursos?
P18dHFIAS: Você ou um membro do seu agregado familiar tiveram que comer alguma comida
51.60 12.68 -38.92
que vocês realmente não queriam comer por falta de recursos?
P18eHFIAS: Você ou um membro do seu agregado tiveram que tomar uma refeição menor
46.70 12.47 -34.23
(menos comida) do que vocês acham que precisavam porque não havia comida suficiente?
P18fHFIAS: Você ou um membro do seu agregado tiveram que comer menos refeições durante
45.00 11.42 -33.58
o dia porque não havia comida sufiente)?
P18gHFIAS: Você ou um membro do seu agregado ficaram sem nenhuma comida no vosso
20.90 11.63 -9.27
agregado por falta de recursos para comprar comida?
P18hHFIAS: Você ou um membro do seu agregado foram dormir com fome porque não havia
16.50 11.21 -5.29
comida suficiente?
P18iHFIAS: Você ou um membro do seu agregado passou o dia e a noite inteira sem comer
9.60 6.13 -3.47
nada, porque não havia comida suficiente?
Fonte: Elaborada pelo autor com base tabela 14 pág. 22 da AFSUN, "The State of Food Insecurity in Maputo,
Mozamique", Urban Food Security Series nº 20 e nos resultados do Iinquérito realizado em 2015 no âmbito
deste estudo.

Uma ilustração gráfica da melhoria acima referida pode ser vista no gráfico 11 que se segue,
no qual é possível observar que, em termos absolutos (e mesmo relativos) a amplitude ou
diferenças entre os resultados observados em 2008 e 2014 é, por assim dizer,
significativamente grande.

44
Gráfico 11: Comparação das respostas à Insegurança Alimentar, segundo a Escala de Acesso à Insegurança
Alimentar (HFIAS), 2014.

62,20 58,50
55,80
51,60
46,70 45,00

20,90
16,50
9,60
4,86 2,54 2,33 3,17 2,96 2,11 1,69 0,85 0,63
P18aHFIAS P18bHFIAS P18cHFIAS P18dHFIAS P18eHFIAS P18fHFIAS P18gHFIAS P18hHFIAS P18iHFIAS
-8,97
-19,21 -15,65

-43,74 -42,89
-50,94 -48,43
-59,66 -56,17

% de respostas "algumas vezes/regularmente"


2008
% de respostas "algumas vezes/regularmente"
2014

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da tabela 8

Na Tabela 8 seguinte, foi usado o indicador de escala HFIAP (Household Food Insecurity
Access Prevalence (Indicador de prevalência de Insegurança Alimentar nos agregados
familiares36), o qual nos permitiu agrupar os dados obtidos a partir do indicador que fornece a
“Escala de Acesso à Insegurança Alimentar” (HFIAS) em três níveis, nomeadamente
Insegurança Alimentar Média, Insegurança Alimentar Moderada e Insegurança Alimentar
Severa.
Os resultados obtidos permitem, também, fazer uma leitura comparativa com os resultados do
estudo de 2008 e, assim, fazer alguma aferição sobre a tendência verificada entre os anos em
estudo.
Os resultados do inquérito realizado em 2008 mostraram que apenas cerca de 5% 37 dos
Agregados Familires estavam em situação de segurança alimentar enquanto 54% estavam em
estado de Insegurança Alimentar severa. Porém os resultados do Inquérito realizado no
âmbito deste estudo mostraram ter havido algumas melhorias. Com efeito, cerca de cerca 68%
dos agregados familiares estavam em situação de Segurança Alimentar enquanto cerca de 16

36/Op. cit.
37
/Idem Raimundo,I., p. 20
45
estavam em situação de insegurança alimentar severa, contrastando com os cerca de 54%
observados no estudo de 2008.

Tabela 8: Comparação dos níveis do Indicador HFIAP (de prevalência de Insegurança Alimentar) dos AF dos
anos de 2008 e 2014

Nº de AF´s Segurança
Anos InSA Média(%) InSA Moderada(%) InSA Severa(%)
abrangidos alimentar

2008 402 5 9 32 54
48.8 18.4 18.2 14.6
2014 472
Fonte: Elaborado pelo autor com base na tabela 13, de Raimundo, I (2014: p. 21), op. cit. e nos resultados do
inuérito realizado no âmbito deste estudo.

O gráfico 12 que se segue permite, simultaneamente, visualizar melhor os níveis do Indicador


de prevalência de insegurança alimentar dos AF´s inquiridos em 2014 e compará-los com os
níveis verificados em 2008. É notória a grande diferença da proporção de agregados
familiares em situação de prevalência de segurança alimentar entre 2008 e 2014.

Gráfico 12: Visualização gráfica e comparativa dos níveis do Indicador de prevalência de insegurança alimentar
dos AF (HFIAP) inquiridos, entre os anos de 2008 (cerca de 5%) e 2014 (cerca de 49%).

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da tabela 8.

46
De acordo com os resultados do estudo, a relativa melhoria dos níveis de prevalência de
insegurança alimentar na Cidade de Maputo poderá, entre outros, ser resultado de alguns
factores que, de forma relacionada e interligada, poderão ter influenciado a melhoria das
condições de vida dos agregados familiares inquiridos. Tais factores poderão, entre outros,
estar interrelacionados com:
(1) A melhoria do acesso a alimentos, traduzido, entre outros, pela melhoria do
poder (ou capacidade) de aquisição, pelos Agregados Familiares, de alimentos
ricos em nutrientes.
Os dados da tabela que se segue mostram que o nível de prevalência de
Insegurança Alimentar dos Agregados Familiares expresso através do
indicador HFIAP varia de acordo o nível de rendimento (em dinheiro) dos
agregados familiares. Com efeito, observa-se que 21% dos agregados
familiares com rendimento médio abaixo de 2000MT estão em situação de
isegurança alimentar severa enquanto os que possuem rendimento acima de
12000MT não estão em nenhuma situação de insegurança alimentar. De facto e
observando os dados da tabela 9 seguinte, o nível de prevalência de
insegurança alimentar severa diminui com o aumento do nível de rendimento
dos agregados familiares.

Tabela 9: Rendimento médio (em MT) dos AF versus Insegurança Alimentar, 2014
Rendimento médio Nível de prevalência de Insegurança Alimentar
(em MT) dos AF´s InSA Média (%) InSA Moderada (%) InSA Severa (%)
< 2000.00 15.7% 16.7% 21.0%
2500.00--4000.00 24.7% 30.1% 8.6%
4300.00--5800.00 37.9% 6.9% 6.9%
6000.00--7500.00 12.0% 20.0% 8.0%
8000.00--10000.00 14.3% 4.8% 0.0%
> 12000.00 0.0% 0.0% 0.0%
Fonte: Elaborada pelo autor com base nos resultados do inquérito realizado no âmbito
deste estudo.

Por outro lado, a distribuição das receitas dos agregados familiares por Distrito Municipal,
mostra que a maioria dos agregados familiares inquiridos com rendimentos abaixo de
2000MT esta no DM de KaMaxaqueni, seguido dos DM de KaMubukwane, Ka
Nlhamankulo, respecivamente. O Distrito Municipal de KaMpfumo é o que tem o menor
número de AF com rendimentos abaixo de 2000MT. De faco, 40% dos Agregados Familiares
47
do DM de KaMpfumo declararam ter rendimentos entre 8000.00 e 10000.00MT enquanto os
do DM de KaMavota tem 7% e os de KaMaxaqueni e KMmubukwana, têm cada um apenas
cerca de 2% de rendimentos entre 8000.00 e 10000.00MT.
Ademais, nenhum Agregado Familiar do Distrito M de KaLhamankulo declarou ter
rendimenos entre 8000.00-10000.00MT. Com efeio, os dados mostram que, duma maneira
geral, o DM de KaMfumo, é aquele cujos AF foram assumidos como vivendo nos bairros
ditos de "lucho", os quais supõe-se terem melhores rendimentos financeiros
comparativamente aos dos outros DM, o que lhes pode permitir ter maior poder de compra.
Nenhum agregado familiar do Distrito Municipal de declarou ter rendimento financeiros entre
8000.00 e 10000.00MT.
O gráfico 13 que se segue ilustra a situação acima aflorada.
Gráfico 13: Distribuição de receitas dos Agregados Familiares, por Distrito Municipal, 2014.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos resultadosdo inquérito realizado no âmbito de estudo.

(2) O Tamanho Médio dos Agregados Familiares


Os dados sobre os níveis de prevalência de Insegurança Alimentar (HFIAP) estratificados nas
categorias acima feitas (InSA Média, InSA Moderada e InSA Severa) por Distrito Municipal,
mostram que no Distrito Municipal de KaMpfumo, embora o tamanho médio do seu agregado
familiar seja um dos maiores, tem a menor proporção de AF’s na situação de Insegurança
Alimentar severa, comparativamente aos outros Distritos Municipais provavelmente porque
aqueles agregados familiares têm um maior poder de aquisição de alimentos. Contudo, o

48
Distrito Municipal de KaMavota tem a maior proporção de agregados familiares igualmente
em situação de Insegurança Alimenar severa (veja-se tabela 10 que se segue).

Tabela 10: Relação entre o TMAF e o nivel de prevalência de Insegurança Alimentar por Distrito Municipal, 2014.
Nivel de prevalência de Insegurança Alimentar
Distrito
TMAF
Municipal InSA Média (%) InSA Moderada (%) InSA Severa (%)
KaMpfumo 5.1 6.7% 0.0% 0.0%
KaNhamanculo 5.5 20.2% 25.0% 7.7%
KaMaxaqueni 4.8 19.0% 18.3% 20.4%
KaMavota 4.9 26.1% 15.9% 30.4%
KaMubukwana 4.8 14.0% 16.1% 11.9%
Total 4.9 18.4% 18.2% 15.9%
Fonte: Elaborada pelo autor com base nos resultados do inquérito realizado no âmbito deste estudo.

(3) A diversidade da dieta dos Agregados Familiares


Os resultados do inquérito indicaram que a maioria dos agregados familiares consumiu nas
quatro semanas anteriores ao inquérito alguns dos alimentos básicos recomendados,
nomeadamente:
 Cerca de 75% consumiu legumes (repolho, couve, tomate, cenoura).
 Cerca de 94.9% consumiu pão, arroz, shima esparguete, biscoitos, bolachas ou
qualquer tipo de comida feita de milho-miúdo, milho, ou qualquer outro tipo de
grãos disponíveis localmente).
 Cerca de 50.4% comeu fruta.
 Cerca de 37% consumiu carnes (de vaca, de porco, de frango ou de pato).

49
CAPÍTULO V. CONCLUSÕES

As conclusões que a seguir se apresentam não são, como foi referido acima, terminantemente
o desfecho de tudo quanto foi possível observar no processo de recolha de dados neste
inquérito. Elas são, sim, aspectos que, a este nível, merecem destaque mais ou menos
“conclusivo” e podem, por isso, servir de referência e ponto de partida para o aprofundamento
e realização de estudos desta natureza, sobretudo para uma abordagem de Segurança
Alimentar Urbana.

1. Os resultados do inquérito realizado no âmbito deste estudo mostram que os


níveis tabulados dos pontos (scores) da escala de HFIAS dos agregados
familiares (Tabela 6) é, em média, de 3.9% (valor inferior ao encontrado no
estudo de 2008), o que sugere que os pobres da cidade de Maputo parecem estar
numa situação de menos Insegurança Alimentar, comparativamente ao que
mostraram os resultados do estudo feito em 2008, ou seja houve uma certa
tendência de melhoria do status de insegurança alimentar dos agregados
familiares.
2. A comparação dos resultados dos estudos feitos em 2008 e em 2014 mostra,
também, uma certa melhoria do estado de Insegurança Alimentar dos
Agregados Familiares inquiridos. Com efeito, observa-se que apenas cerca de
18.4% dos Agregados Familiares inquiridos “tiveram preocupação em não ter
comida suficiente nas últimas quatro semanas” e apenas cerca de 16.7% dos AF
foram impossibilitados de comer o tipo de comida que preferiam por falta de
recursos financeiros para os adquirir. Nesta situação estiveram, segundo o
estudo de 2008, cerca de 62.2% de Agregados Familiares.
3. Em geral, os resultados sugerem ter havido uma melhoria dos níveis de
Insegurança Alimentar dos agregados familiares inquiridos, comparativamente
aos resultados do estudo realizado em 2008.A tendência de melhoria da
prevalência de insegurança alimentar poderá, entre outros ser resultado de
alguns factores que, de forma relacionada e interligada, poderão ter influenciado

50
a melhoria das condições de vida dos agregados familiares inquiridos. Tais
factores poderão, entre outros, estar associados a(o):
 Melhoria do acesso a alimentos, traduzido, entre outros, pela melhoria
do poder (ou capacidade) de aquisição, pelos agregados familiares, de
alimentos ricos em nutrientes;
 Tamanho Médio dos Agregados Familiares; e

 Diversidade da dieta dos Agregados Familiares; entre outros.


4. Os níveis de prevalência de Insegurança Alimentar (HFIAP) estratificados nas
categorias de InSA Média, InSA Moderada e InSA Severa por Distrito
Municipal, mostram que no Distrito Municipal de KaMpfumo, embora o
tamanho médio do seu Agregado Familiar seja um dos maiores, tem a menor
proporção de AF na situação de Insegurança Alimentar severa,
comparativamente aos outros Distritos Municipais provavelmente porque
aqueles agregados familiares têm um maior poder de aquisição de alimentos.
Contudo, o Distrito Municipal de KaMavota tem a maior proporção de
Agregados Familiares igualmente em situação de Insegurança Alimentar
Severa.
5. Por outro lado, os dados mostram que o nível de prevalência de Insegurança
Alimentar dos agregados familiares expresso, igualmente, através do indicador
HFIAP varia de acordo o nível de rendimento (em dinheiro) dos agregados
familiares. Com efeito, observa-se que 21% dos agregados familiares com
rendimento médio abaixo de 2000MT estão em situação de Insegurança
Alimentar severa enquanto os que possuem rendimento acima de 12000MT não
estão em nenhuma situação de insegurança alimentar. De facto e observando os
dados da tabela 9 seguinte, o nível de prevalência de insegurança alimentar
severa diminui com o aumento do nível de rendimento dos agregados
familiares.
6. Na realização deste estudo houve alguns constrangimentos que, embora não
tenham influenciado os resultados sobretudo em termos qualitativos,
constituíram limitações na realização do trabalho de campo. Entre eles,
mencionam-se, por exemplo, os seguintes:

51
(i) Tempo disponível para o trabalho de campo;
(ii) Questões financeiras;
(iii) Acesso às fontes de informações necessárias para a preparação do
inquérito; e
(iv) Acesso às áreas seleccionadas para o inquérito, entre outros

52
BIBLIOGRAFIA
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Impact. World Health Organization, Geneva.

56
Anexo 1

Inquérito para “Análise da Tendência de Insegurança


Alimentar na Cidade de Maputo entre 2008 e 2014”

QUESTIONÁRIO

57
INFORMAÇÃO SOBRE A PESQUISA E OBTENÇÃO DE CONSENTIMENTO
(A SER LIDO, EM VOZ ALTA, PELO INQUIRIDOR)
Segurança Alimentar Urbana é uma área emergente no que concerne ao desenvolvimento e pesquisa académica, a qual é
fundamentalmente diferente de questões de segurança alimentar nas áreas rural e urbana. Assim sendo e com vista a levar a
cabo, no nosso país, actividades efectivas de treinamento e capacitação de qualidade sobre esta matéria, o primeiro passo deve
consistir na construção de uma base de conhecimento em torno da segurança alimentar urbana e pobreza. Esta Pesquisa sobre
Segurança Alimentar Urbana por Agregado Familiar na cidade de Maputo é o primeiro passo deste processo de construção de
um recurso de conhecimento de base, e será levado a cabo em 5 dos sete distritos municipais da cidade de Maputo,
nomeadamente KaMpfumo, KaLlhamanculo, KaMaxakeni, KaMavota e KaMubukwana.

Esta pesquisa tem apoio técnico da Faculdade de Letras e Ciências Sociais e financeiro da Universidade Eduardo Mondlane. Ela
é uma contribuição para aumentar o número de estudos que proporcionem análises da Insegurança Alimentar na Cidade de
Maputo bem como uma contribuição para dar resposta à crescente necessidade de estudar e acompanhar os níveis e tendências
de insegurança alimentar nas cidades de Moçambique.

A pesquisa enquadra-se na preparação de uma dissertação para a obtenção do grau de Mestre em População e
Desenvolvimento.

PEDIDO DE CONSENTIMENTO (A SER LIDO EM VOZ ALTA PELO INQUIRIDOR)

“Estou a trabalhar como investigador para a Universidade Eduardo Mondlane”. Nesse âmbito, estamos a falar com
pessoas na Cidade de Maputo sobre como elas obtêm comida e outros assuntos económica e socialmente importantes.
O seu agregado foi escolhido por sorteio e gostaríamos de discutir estes assuntos consigo, ou com um membro adulto
do seu agregado.

As suas opiniões nos ajudarão a ter uma melhor ideia sobre como as pessoas da Cidade de Maputo se sentem sobre
estes assuntos. Não há respostas certas ou erradas. A entrevista levará cerca de 50 minutos. As suas respostas
permanecerão em anonimato. Serão somadas com as respostas de mais todas pessoas com quem estamos a falar em
Maputo, afim de termos uma visão geral. Não vamos registar o seu nome, e será impossível identificá-lo pelo que vai
dizer, por isso sinta-se a vontade para dizer o que pensa.

P0. Aceita responder às questões?”


(MARQUE COM UM “X” NO QUADRADINHO, A RESPOSTA DADA)

1. SIM 2. NÃO

SE A RESPOSTA FOR “NÃO”: LER/DIZER: “Obrigado pelo seu tempo. Adeus”.

SE A RESPOSTA FOR “SIM” LER EM VOZ ALTA O SEGUINTE:

“Muito obrigado por aceitar participar neste estudo. Só para enfatizar, quaisquer respostas dadas serão mantidas em absoluto
anonimato, e não há como alguém poder indentificá-lo(a) pelo que tiver dito nesta entrevista. Não estamos registando nem o seu
endereço nem o seu nome, por isso você vai permanecer anônimo(a). A informação que vamos reunir com estas entrevistas será
guardado em lugar seguro. Você tem o direito de terminar com a entrevista a qualquer momento, e tem o direito de recusar-se a
responder a qualquer pergunta que não queira responder.”

Tem alguma pergunta que queira fazer antes de começarmos?

Especifique…………………………………………………………………………………………..

1
Número de pessoas no Agregado
Familiar

Número do Quarteirão

Pesquisa de Base sobre Segurança Alimentar Urbana por Agregados Familiares, da Cidade de Maputo

Identificação do Agregado Familiar

MARQUE COM UM “X” NO QUADRADINHO A RESPOSTA DADA

P1. Nome do Distrito Municipal

1. DM Kampfumo
2. DM Nlhamanculo
3. Kamaxakeni
4. Kamavota
5. Kamubukwana

P2: Nome do Bairro


10. Alto Maé A
11. Central B
20. Aeroporto A
21. Aeroporto B
22. Minkadjuíne
23. Unidade 7
24. Chamanculo A
25. Chamanculo B
26. Chamanculo C
27. Chamanculo D
28. Malanga
29. Munhuana
30. Mafalala
31. Maxaquene A
32. Maxaquene B
33. Maxaquene C
34. Maxaquene D
35. Polana Caniço A
36. Polana Caniço B
37. Urbanização
40. Mafalala
41. Maxaquene A
42. Maxaquene B
43. Maxaquene C
44. Maxaquene D
45. Polana Caniço A
46. Polana Caniço B
47. Urbanização
50. Bagamoyo
51. George Dimitrov (Benfica)
52. Inhagoia A
53. Inhagoia B
54. Jardim
55. Luís Cabral
56. Magoanine
57. Malhazine
58. Nsalane
59. 25 de Junho A
510. 25 de Junho B
521. Zimpeto

P3. Status da Entrevista [ 1 = Completa; 2 = Recusou; 3 = Fora de casa; 4 = Sem ninguém em casa ]

2
A SER PREENCHIDO PELO ENTREVISTADOR P8. Data da entrevista

P4. Hora da Entrevista: Começou às _________ Terminou às_________

P5. Nome do Entrevistador _______________________________________ P91. Dia

Assinatura _______________________________________ P9.2. Mês

Comentários

P93. Ano
2 0 1 5

A SER PREENCHIDO PELO SUPERVISOR Agregado


Voltou para Confirmar
P6. Nome do Supervisor (A) _______________________________________ [ Sim=1; Não=2 ]

Assinatura _______________________________________
P 94.Questionário
P7. Comentários Conferido
[Sim = 1 Não = 2]

3
P10- SECÇÃO A: COMPOSIÇÃO DO AGREGADO FAMILIAR
Escrever na tabela abaixo os dados de todas as pessoas vivendo no agregado familiar, incluindo pessoas que fazem
parte do agregado mas que estão ausentes ou estão fora trabalhando (migrantes) ou por outras razões. (Veja os códigos
a usar na página 6).

Número da Pessoa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

P10a Parentesco com chefe


do agregado

P10b Sexo
P10c Idade
P10d Estado Civil

P10e Nível de escolaridade

P10f Ocupação
(a mais importante, aceite
até duas)

P10g Renda do mês passado


da principal ocupação
P10h Vive longe deste
agregado?
P10i Situação actual do
Emprego
P10j País onde trabalha
atualmente
P10k Onde nasceu?
P10l Onde mora
atualmente/agora?
P10m Porquê se mudou para
o endereço atual?

(Escreva máximo de três


razões para se mudar)
P10n Condição de saúde

(Escreva máximo de três


assuntos referentes a
saúde)
P10o Onde tomou a principal
refeição ontem?

P10p Quem no agregado


normalmente faz as
atividades seguintes:
(Veja lista de códigos na
pág. 5 para as atividades.
Escreva máximo 4)

4
P10 - SECÇÃO A: COMPOSIÇÃO DO AGREGADO FAMILIAR (CONTINUAÇÃO)
Escrever na tabela abaixo os dados de todas as pessoas vivendo no agregado familiar, incluindo pessoas que fazem
parte do agregado mas que estão ausentes ou estão fora trabalhando (migrantes) ou por outras razões. (Veja os códigos
a usar na página 6).

Número da Pessoa 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

P10a Grau de parentesco


com o chefe do agregado

P10b Sexo
P10c Idade
P10d Estado Civil
P10e Nível mais alto de
escolaridade
P10f Ocupação

(a mais importante, escreva


máximo 2)

P10g A renda do mês


passado da principal
ocupação
P10h Vive longe deste
agregado?
P10i Situação actual de
emprego
P10j País onde trabalha
atualmente
P10k Onde nasceu?

P10l Onde mora atualmente?

P10m Porquê se mudou para


o endereço atual?

(Escreva máximo de três


razões para se mudar)
P10n Condição de saúde

(Escreva máximo de três


assuntos referentes a
saúde)
P10o Onde tomou a principal
refeição ontem?

P10p Quem no agregado faz


normalmente as seguintes
atividades:

(Veja lista de códigos na


pág. 5 para as atividades.
Escreva máximo 4))

5
CÓDIGOS PARA A PERGUNTA P10

P10a Parentesco com o chefe do agregado 17 Empregador/ Gerente 3 Mesma Zona Urbana
1 Chefe 18 Trabalhador Profissional 4 Diferente Zona Urbana
2 Esposo(a)/ companheiro 19 Professor 5 País estrangeiro (zona rural)
3 Filho/ Filha 20 Trabalhador da Saúde 6 País estrangeiro (zona urbana)
4 Adotivo/ Filho de criação/ Órfão 21 Funcionário do estado 7 Zona urbana
5 Pai/ mãe 22 Pescador 8 Zona rural
6 irmão/irmã 97 Recusou
7 Neto/Neta 23 Condutor de camião 98 Não sabe
8 Avô/Avó 24 Reformado 99 Em falta
9 Genro/ Nora 25 Estudante universitário/estudante
10 Outro tipo de parente 26 Doméstica (Sem salário) P10m Porque se mudou para o atual endereço?
11 Não parente 27 Desempregado/em busca de emprego 1 Habitação
97 Recusou 28 Outros (especifique) 2 Terra para o gado ou criação de animais
98 Não sabe 97 Recusou 3 Terra para a agricultura
99 Em falta 98 Não sabe 4 Por causa do emprego (formal )
99 Em falta 5 Por causa do emprego (informal)
P10b Sexo 6 Comida/fome
1 Masculino P10h Vive/trabalha fora/longe deste agregado mas 7 Serviço Militar
2 Feminino ainda é membro do agregado 8 Seca
9 em falta 1 Não 9 Condições de vida (geral)
2 Sim, migrante trabalhador 10 Minha segurança/da família
P10c Idade na data do ultimo aniversário 3 Sim, migrante a busca de emprego 11 Porque tem água
0 Menor de 1 ano 4 Sim, a estudar 12 Educação/Escola
Números inteiros apenas 5 Outros (especifique) 13 Crime
97 Recusou 9 Em falta 14 Atrações da cidade/vida moderna/vida urbana
98 Não sabe 15 Doença relacionada com (HIV-SIDA)
99 Em falta P10i Situação actual do emprego (trabalho 16 Doença não relacionada com (HIV-SIDA)
(Se o entrevistado é maior de 96 anos, escreva 96) assalariado) 17 Se mudou com a família
1 Trabalho a tempo inteiro 18 Enviado para morar com a família
P10d Estado Civil 2 Trabalha part-time/ biscato 19 Casamento
1 Não casado 3 Não trabalha – em busca 20 Divórcio
2 Casado(a) 4 Não trabalha – nem busca 21 Abandonado
3 Moram juntos/ Na mesma casa 7 Recusou 22 Viuvez
4 Divorciado(a) 8 Não sabe 23 Liberdade/Democracia/Paz
5 Separado(a) 9 Em falta 24 Reforma
6 Abandonado(a) 25 Despedido do emprego
7 Viúvo(a) P10j País de Trabalho atual 26 Foi expulso
97 Recusou 1 Trabalha no seu país 27 Morte
98 Não sabe 2 Moçambique 28 Cheias
99 Em Falta 3 Namibia 29 Motivos Religiosos
4 Angola 30 Voltou para antiga morada
P10e Grau de escolaridade mais alta 5 Zimbabwe 31 Outros (especifique)
1 Sem educação formal 6 Lesotho 96 Não se mudou
2 Primário incompleto 7 Botswana 97 Recusou
3 Primário completo 8 Malawi 98 Não sabe
4 Secundário incompleto 9 Zâmbia 99 Em falta
5 Secundário completo 10 Swazilândia
6 Nivel Médio ou Técnico 11 Tanzania falta
7 Universitário incompleto 12 África do Sul
8 Universitário completo 13 Resto de África P10n Onde tomou a principal refeição ontem?
9 Pós-graduação 14 Europa/ Reino Unido 1 Em casa (neste agregado)
97 Recusou 15 América do Norte
2 Pequena loja (restaurante)
98 Não sabe 16 Austrália/Nova Zelândia
3 Mercado informal/ comida da rua
99 Em falta 17 Asia/China
4 Compartilhou com os vizinhos /ou outros
18 Outros
P10f Ocupação agregados
19 Não se aplica (estudantes, reformados e etc)
01 Camponês 5 No trabalho
02 Agricultor assalariado 97 Recusou
6 Escola
03 Agricultor não assalariado 98 Não sabe
7 Cozinha comunitária
04 Prestador de serviços 99 Em falta
8 Comida dada por vizinhos ou outros agregados
05 Trabalhador doméstico
9 Não tomou nenhuma refeição
06 Gerente de escritório 10k Onde nasceu
07 Escriturário 10 Outros (especifique)
1 Zona Rural
08 Pedreiro 2 Zona Urbana 99 Em falta
09 Mineiro 3 País estrangeiro (Zona rural) P10 o Quem no agregado normalmente:
10 Trabalhador artesanal (profissional) 4 País estrangeiro (Zona urbana) 1 Compra comida
11 Trabalhador artesanal (Aprendiz) 7 Recusou 2 Prepara comida
12 Produtor do setor Informal 8 Não sabe 3 Decide quem vai servir a comida (distribui)
13 Negociante/ Vendedor ambulante/ vendedor de 9 Em falta
Mercado informal 4 Planta (cultiva na horta ou machamba)
14 Polícia de segurança (guarda) 5 Não faz nada acima citado
P10l Onde mora agora?
15 Polícia/ Militar 1 Mesma zona rural
16 Empresário(a) (Autônomo) 2 Diferente zona rural

6
P11- SECÇÃO B: DADOS SOBRE TIPO DE HABITAÇÃO
Tipo de Casa Código
P11a Qual dos tipos de casa melhor descreve o tipo de casa
que este agregado ocupa/vive? Casa de madeira e zinco 1

(NÃO LER em voz alta- marque com um círculo em apenas Casa da cidade 2
UMA resposta na coluna do ‘Código’)
Flat 3

Habitação tradicional/ casa com terreno à volta 4

Casa tradicional com divisões internas 5

Acampamento/ “Compône” 6

7
Hotel/ Pensão
Dependência do fundo do quintal 8

Aluga um quarto da casa principal 9

10
Aluga um quarto na Flat
11
Palhota
Treiler (caravana/tenda) 12

Outros (especifique): 13

P11b. Qual a melhor estrutura para descrever a estrutura do Estrutura do Agregado Código
agregado?
Centrado em uma mulher (mulher chefe)
(NÃO LER em voz alta – pergunte sobre o tipo de agregado e 1
marque com um círculo apenas UM) (Sem marido/companheiro masculino no agregado, pode incluir
parentes, crianças, amigos)
Centrado em um homem
(Sem esposa/companheira no agregado, pode incluir parentes, 2
crianças, amigos)
Nuclear
(Marido/companheiro homem e uma esposa/ companheira com ou 3
sem filhos)
Alargada 4
(Marido/companheiro e esposa/companheira com filhos e parentes)
Chefe do agregado com menos de 18 anos centrado em uma 5
jovem (a chefe tem 17 anos ou menos)
Chefe de agregado com menos de 18 anos e centrado em um 6
jovem (chefe de agregado tem 17 anos ou menos)
Outros (especifique)
7

7
P12. Renda do agregado de todas as fontes (no últimos mês/mês passado)

Categorias de renda Valor


Código (unidade monetária mais próxima)
(a) e (b) Ler a lista em voz alta,
marque com um circulo o código Salário de trabalho (a) 1
que se aplica (coluna dos códigos) Trabalho casual (b) 2
e complete a informação para
Remessas/dinheiro (c) 3
essa linha; deixe linhas em branco
para categorias que não se Remessas/Bens 4
aplicam.
(c) Inserir o valor do último mês para a Remessas - Comida 5
unidade de moeda mais próxima Renda dos produtos da machamba rural 6
da coluna (c). Para renda em
Renda dos produtos da machamba urbana 7
gêneros i.e. “Remessas –
bens/comida”, “Renda de produtos Renda de negócio formal 8
da machamba”, e em alguns Renda de negócio informal 9
casos talvez “Presentes”. Estime o
valor monetário para o último mês Renda do aluguel de uma casa 10
e registar este valor na coluna (c). Renda de doações (em comida) 11
Renda de doações (em dinheiro) 12
Pensão de invalidez(ou outros seguros sociais) 14
Presentes 15

Outros (especifique) 16
Recusou responder 17
Não sabe 18
P13. Despesas mensais do agregado do último mês por itens (a) através de (f) & ano por itens (g) através de (o).
(Ler a lista em voz alta, marque com um círculo o código que se aplica e complete a informação para essa linha; deixe linhas em branco para as
categorias que não se aplicam ‘em caso de despesa anual, dar uma estimativa mensal.

Se o agregado não tem despesas, marque com um círculo APENAS código = “17” para “NENHUM”.
Se o entrevistado recusar responder, marque com um círculo APENAS código = “18” para “Recusou responder”
Categorias de despesas Valor
Código (unidade monetária (Metical)

Comida e compras em supermercado 1 Último mês

Habitação (aluguel, hipoteca) 2 Último mês

Despesas diversas(escrever total de tudo: águas, esgoto, telefone,


3 Último mês
eletricidade, etc.)
Transporte 4 Último mês

Poupança 5 Último mês

Combustivel (Lenha, petróleo, gás, velas, etc.) 6 Último mês

Despesas com saúde( assistência médica, custos médicos) 7 Último ano

Educação (propinas da escola, livros, uniforme escolar) 8 Último ano

Seguro (seguro de vida, de enterro, etc.) 10 Último ano

Despesas com no mªes anterior ao inquéritofuneral 11 Último ano

Assistência Médica domiciliar 12 Último ano

Remessas (receitas) 13 Último ano

8
Dívida de serviço/Pagamento a crédito 14 Último ano

Bens comprados para vender 15 Último ano

Outros (especifique tipo de despesas e tempo ) 16


NENHUM 17

Recusou responder 18

Modo de ganhar a vida Código


P14. Até que ponto as pessoas no seu agregado usam outras
estratégias para além de empregos (emprego regular e formal)
para ganhar a vida? a. Produtos da machamba
Use os códigos da lista abaixo para registar até que ponto as pessoas b. Produtos da horta
do agregado usam outras estratégias:
1 = De nenhuma forma c. Produto das árvores
2 = Um pouco d. Criação doméstica de animais
3 = Parcialmente dependente
4 = Totalmente dependente e. Publicidade
Registar o código adequado na última coluna. f. Artesanato
PEÇO ESCLARECIMENTO SOBRE A RELACAO ENTRE OS
g. Pedir esmola
CÓDIGOS DE 1 ..AE AS CATEGORIAS
O que se pretende aqui é o seguinte: de nenhuma forma o AF h. Presentes
(Agregado familiar) usa produtos da machamba como forma
i. Biscato
deganahar a vida; o AF usa um pouco dos produtos da machamba
para… o AF é parcialmente dependent dos produtos da machamba; ou j. Aluga quartos
é totalmente dependente…
k. Crédito Formal

l. Crédito Informal
m. Auto-emprego doméstico
n. Outros (especifique)

Condições Económicas Código


P15. Como você avaliaria (como estão hoje) hoje as condições
económicas do seu agregado comparado com um ano atrás?
Muito pior 1
Pior 2
(Marcar com um círculo uma resposta apenas) Na mesma 3
Melhor 4
Muito melhor 5

Índice de condições de pobreza


P16. Ao longo do último ano, com que frequência (se alguma vez já aconteceu), você ou sua família (um membro do seu agregado) ficou
sem:
(Ler cada pergunta em voz alta e marcar com um círculo a resposta mais adequada. Circular apenas UMA resposta para cada linha.)
Muitas
Condições Apenas uma Sempre
Nunca Várias vezes vezes Não sabe
vez ou duas

Comida suficiente para comer? 1 2 3 4 5 6


Água limpa suficiente para uso doméstico? 1 2 3 4 5 6
Medicamentos ou tratamento médico? 1 2 3 4 5 6
Eletricidade em casa? 1 2 3 4 5 6
Combustível suficiente para cozinhar a comida 1 2 3 4 5 6
9
Renda em dinheiro? 1 2 3 4 5 6

P17- SECÇÃO C: CONTRIBUIÇÃO DAS REMESSAS (RECEITAS) PARA A SOBREVIVÊNCIA/ SUSTENTO

SE ESTE AGREGADO TEM UM MEMBRO A VIVER E A TRABALHAR NOUTRO LUGAR – UM TRABALHADOR MIGRANTE -
(VEJA A PERGUNTA P10H – P10M), PROSSIGA ABAIXO COM AS PERGUNTAS DA SECÇÃO “C”.
CASO CONTRÁRIO (SE NÃO TEM), SALTE A SECÇÃO “C” E PROSSIGA PARA A SECÇÃO “D”.

P17a. Você acha que este agregado foi influenciado positivamente ou Código
negativamente por ter uma pessoa(s) a viver e a trabalhar noutro lugar? Influência sobre o agregado
1
Muito positivo
(Avaliar a opinião mais fortes; Fazer um circulo em penas UMA resposta)
Positivo 2

Nem positivo nem negativo 3

Negativo 4

Muito negativo 5

Não sabe ( Não ler) 6


Importância das remessas Código
P17b. Quão importante são remessas (dinheiro, em espécie, comida ou
produtos) para a sobrevivência deste agregado, segundo as respostas a
seguir? Muito importantes 1
(Avaliar a opinião mais forte; fazer um círculo apenas para UMA resposta)
Importantes 2

Neutro 3

Não importantes 4

Nem um pouco importantes 5

Não sabe 6

Condições do agregado Código


P17c.Se outros membros deste agregado tivessem que migrar para
outros lugares para trabalhar, você acha que este agregado estaria:
Bem melhor 1
(Avaliar a opinião mais forte; fazer um círculo em apenas Uma resposta)
A mesma coisa 2

Bem pior 3

Não sabe 4

10
P18HFIAS - SECÇÃO D: INSEGURANÇA ALIMENTAR

ESCALA DE ACESSO À INSEGURANÇA ALIMENTAR DO AGREGADO FAMILIAR (HFIAS)


(LER a lista de perguntas e as categorias e circular nos números apenas UMA resposta para cada pergunta)
Não (Se a Regularmente
Escala de acesso à insegurança alimentar do agregado (HFIAS) nas Raramente (uma Algumas vezes
resposta a (mais do que 10
últimas quatro semanas. pergunta é ‘Não’)
ou duas vezes) (3 a 10 vezes)
vezes)

P18aHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você se preocupou que o seu


1 2 3 4
agregado não tivesse comida suficiente?

P18bHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu


agregado foram impossibilitados de comer o tipo de comida que vocês 1 2 3 4
preferem por falta de recursos (dinheiro)?

P18cHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu


agregado tiveram que comer uma variedade limitada de alimentos devido a 1 2 3 4
falta de recursos?

P18dHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu


agregado tiveram que comer alguma comida que vocês realmente não 1 2 3 4
queriam comer por falta de recursos?

P18eHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu


agregado tiveram que tomar uma refeição menor (menos comida) do que 1 2 3 4
vocês acham que precisavam porque não havia comida suficiente?

P18fHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu


agregado tiveram que comer menos refeições durante o dia porque não 1 2 3 4
havia comida suficiente?

P18gHFIAS. Nas últimas quatro semanas, ficaram sem nenhuma comida no


1 2 3 4
vosso agregado por falta de recursos para comprar comida?

P18hHFIAS. Nas últimas quarto semanas, você ou um membro do seu


1 2 3 4
agregado foram dormir com fome porque não havia comida suficiente ?

P18iHFIAS. Nas últimas quatro semanas, você ou um membro do seu


agregado passou o dia e a noite inteira sem comer nada, porque não havia 1 2 3 4
comida suficiente?

11
P18 HDDS. CLASSIFICAÇÃO DA DIVERSIDADE DA DIETA DO AGREGADO (HDDS)
Agora eu gostaria de perguntar sobre o tipo de comida que você ou qualquer um dos membros do seu agregado comeu ontem durante o
dia ou a noite.
(Ler a lista de comidas. Marcar com um círculo em “ sim” no quadrado se alguém no agregado comeu o alimento em questão, marcar com um
círculo em “não” se ninguém no agregado comeu a comida)
Tipos de Comida Sim Não

PHDDSa. Pão, arroz, shima, massa esparguete, biscoitos, bolachas ou qualquer tipo de comida feito de milho miúdo, 1 2
sorgo, milho, arroz, trigo, ou [INSIRA QUALQUER OUTRO TIPO DE GRÃOS DISPONIVEIS LOCALMENTE]?
PHDDSb. Batata Reno, batata doce, inhame, mandioca, ou qualquer outro tipo de comida feita de tubérculos ou raízes? 1 2
PHDDSc. Algum vegetal ou legume (repolho, couve, alface, tomate, cenoura, etc.)? 1 2
PHDDSd. Alguma fruta? 1 2
PHDDSe. Carne de vaca, carne de porco, carne de carneiro, carne de cabrito, coelho, porco selvagem, frango, pato, 1 2
outras aves, fígado, rim, coração, ou outras partes de alguma carne?
PHDDSf. Alguns ovos? 1 2
PHDDSg. Algum peixe fresco ou seco ou outro tipo de marisco? 1 2
PHDDSh. Algum tipo de comida feita de feijão, ervilhas, lentilhas, ou amêndoas? 1 2
PHDDSi. Queijo, leite ou outro derivado de leite? 1 2
PHDDSj. Alguma comida feita de óleo, gordura ou manteiga? 1 2
PHDDSk. Açúcar ou mel? 1 2
PHDDSl. Qualquer outro tipo de comida ou complemento como café, chá, milo, etc? 1 2

P18MAHP - MESES DE UM SUPRIMENTO ADEQUADO DO AGREGADO FAMILIAR (MAHP)


Agora gostaria de perguntar sobre o suprimento alimentar do agregado em diferentes meses do ano. Ao responder a estas perguntas por favor
pense nos últimos 12 meses.
Sim 1
P18MAHPa. Nos últimos 12 meses, houve meses em que você não teve
comida suficiente para suprir a necessidade do seu agregado?
Não 2
(Ler a pergunta e marcar com um círculo a pergunta mais adequada)
(Se a resposta for NÃO, vá para a secção E: DOAÇÕES E
SEGURANÇA ALIMENTAR)

Se “Sim”, continue com a pergunta P18MAHPb)

P18MAHPb. Se sim, quais foram os meses (nos últimos 12 meses) nos Meses nos quais o agregado não teve comida Códigos
quais você não teve comida suficiente para as necessidades de seu suficiente para a sua necessidade
agregado?
Janeiro 1 2
(Não ler a lista dos meses. Trabalhar de trás para frente a partir do mês Fevereiro 1 2
atual (corrente)::
Março 1 2
Marcar com um círculo no “1” (‘Coluna do “Sim”) Se o entrevistado
Abril 1 2
identificar esse mês como aquele em que não teve comida suficiente
para suprir as suas necessidades. Maio 1 2
Marcar com um círculo no “2” (Coluna do “Não”) Se o entrevistado Junho 1 2
identificar esse mês como aquele em que o seu agregado teve comida
suficiente para suprir as suas necessidades. Julho 1 2

Agosto 1 2

12
Setembro 1 2

Outubro 1 2

Novembro 1 2

Dezembro 1 2
P19. EXPERIÊNCIA EM RELAÇÃO A MUDANÇAS DE PREÇOS DOS Frequência com que ficou sem comida Código
ALIMENTOS
Nunca 1
Agora gostaria de lhe perguntar sobre as experiências do agregado em relação
aos preços dos alimentos nos últimos 6 meses. Cerca de uma vez por mês 2
P19.1. Nos últimos seis meses, você ou um membro do agregado ficou sem um
tipo de alimentos por causa do preço elevado dos alimentos ( foi incapaz de Cerca de uma vez por semana 3
comprar)?
(Marcar com um círculo a resposta correcta) Mais do que uma vez por semana mas não todos 4
SE NUNCA OU NÃO SABE, salte para a Secção E: “DOAÇÕES E os dias da semana
INSEGURANÇA ALIMENTAR”. SE NÃO. Continue na pergunta P20.
Todos os dias 5

Não sabe 9

P20. Disse que nos últimos seis meses, você ou um membro do agregado ficou sem comida por causa do aumento no preço dos
alimentos. Que tipos de alimentos ficou sem poder comer ?
(Ler a lista dos alimentos. Marcar um círculo em “Sim” no quadrado se alguém no agregado comeu a comida indicada na questão.
Marcar com um círculo “Não” se ninguém no agregado comeu tal comida).
Tipos de comida Sim Não
Pão, arroz, massa esparguete, biscoitos, bolachas ou outro tipo de comida feita de milho, sorgo, milho, trigo, ou [INSIRA
1 2
QUALQUER OUTRO GRÃO LOCALMENTE DISPONIVEL ]?
Alguma batata, inhame, mandioca, ou qualquer outro tipo de comida feita de tubérculos ou raízes? 1 2
Alguns vegetais e legumes? 1 2
Fruta? 1 2
Carne de vaca, carne de porco, carne de carneiro, carne de cabrito, coelho, porco selvagem, frango, pato, outras aves,
1 2
fígado, rim, coração, ou outras partes de alguma carne?
Alguns ovos? 1 2
Peixe fresco ou seco ou outros frutos do mar (ameijoas, etc.)? 1 2
Alguma comida preparada com feijão, ervilhas, lentilhas, ou castanhas? 1 2
Queijo, iogurte, leite ou outros derivados de leite? 1 2
Alguma comida preparada com óleo, gordura, ou manteiga? 1 2
Açúcar ou mel? 1 2
Qualquer outro tipo de comida, tais como complementos café, chá, milo, etc.? 1 2

P21. Para além do aumento do preço da comida, que outros Ordem


de
problemas (por ordem de importância) impediram a você, nos Problema (s)
importân
últimos seis meses, de ter comida suficiente para suprir as cia
necessidades do seu agregado?
Insegurança/ Violência
(Não ler as opções, escrever um número em frente da causa Morte de um membro do agregado que trabalhava
identificada em ordem de importância(1= Mais
importante......21=Menos importante de todas). Morte do chefe do agregado
Avaliar: Você experimentou um outro problema?)
Morte de um membro de outro agregado

Doença grave de um membro do agregado

13
Acidente de um membro do agregado

Perda/ ou redução de emprego de um membro do agregado

Redução da renda de um membro do agregado

Mudança de moradia (residência) da família

Redução ou corte de envio de recursos de familiares

Tomar conta dos órfãos de um familiar (ou parente) que morreu

Riscos de saúde/ epidemias (ex. cólera)

Cheias, fogo e/ou outros acidentes (catástrofes) naturais

Aumento do preço da água

Fim de segurança Social ( Dinheiro de pensão)

Fim de ajuda alimentar

Roubo

Problemas/Assuntos Políticos
Outros (por favor especifique)

Nenhum

Não sabe 99
P22a. Onde este agregado normalmente obtém comida?
(Ler a lista de fontes de alimento. Marcar com um Círculo no “Código de Alimento” no quadrado se alguém no agregado responde “sim” à fonte
de alimento na lista.)
P22b. Com que frequência o agregado normalmente obtém sua comida a partir destas fontes?
(Avaliar a frequência com que a comida é adquirida a partir desta fonte pela resposta do entrevistado (1 - 99) e marcar com um círculo o número
apropriado na escala.)

Código da P22b1. Frequência de Obtencão de Alimentos desta fonte


Fonte de Alimentos fonte de Pelo menos Pelo menos Pelo menos Pelo menos Menos do Nun
Alimento cinco dias uma vez por uma vez por uma vez em que uma ca
por semana semana mês seis meses vez por ano

Supermercado 1 1 2 3 4 5 6

Pequena loja 2 1 2 3 4 5 6

Mercado Informal 3 1 2 3 4 5 6

Planta /cultiva 4 1 2 3 4 5 6

Doação de alimentos 5 1 2 3 4 5 6

Envio de (alimentos por) parentes 6 1 2 3 4 5 6

Compartilha refeições com os vizinhos e/ou outros 7 1 2 3 4 5 6


agregado
Alimentos dados por vizinhos e/ou outros agregados 8 1 2 3 4 5 6

Cozinha da comunidade 9 1 2 3 4 5 6

Pede emprestado alimentos de outras pessoas 10 1 2 3 4 5 6

Outros (especifique): 11 1 2 3 4 5 6

Não sabe 99

14
P23. Na última semana de onde os membros deste agregado obtiveram a sua comida?
(Ler a lista das fontes de alimentos. Marcar com um círculo na coluna “Sim” se alguém do agregado responde “Sim” para a fonte de alimento da
lista.)
(Marcar com um círculo na coluna “Não” se ninguém do agregado familiar obtém comida através das fontes da lista.)

Fonte de alimentos Sim Não

Supermercado 1 2
Pequena Loja 1 2
Mercado Informal 1 2
Planta/cultiva 1 2
Doação de alimentos 1 2
Recebe alimentos por parte de parentes ou familiares 1 2
Refeições compartilhadas com vizinhos e/ou outros agregados 1 2
Comida dada por vizinhos e/ou outros agregados 1 2
Cozinha da comunidade 1 2
Pede emprestado alimentos de outras pessoas 1 2
Outros (especifique): 1 2
Não sabe 9 9

P24 - SECÇÃO E: DOAÇÕES E INSEGURANÇA ALIMENTAR


(LER EM VOZ ALTA) Agora gostaria de discutir a saúde dos membros deste agregado, visto que acidentes e enfermidades
podem frequentemente afetar o agregado negativamente.
P24a. Alguém se juntou a este agregado durante os últimos 12 meses devido a Sim 1
doenças?
(Marcar com um círculo no código da resposta adequada)
Não 2

P25 - EMFERMIDADE (MORBILIDADE)


P25a. Analisando bem os últimos 12 meses, algum membro do seu agregado que mora Sim 1
na casa pelo menos há 9 meses, ficou doente nos últimos 12 meses?
(Marcar com um círculo no código da resposta adequada) Não 2
(Se NÃO, salte para a pergunta P26a.
Se SIM, continue na pergunta P25b.. Use os códigos
inseridos nas respectivas perguntas).
P25b. Qual era a relação da pessoa doente com o actual P25c. A pessoa P25d. Qual era a idade P25e. Qual era a P25f. Qual era a principal
chefe do agregado familiar? doente era do da pessoa doente? enfermidade/doença? (****) contribuição da pessoa doente
gênero (****) para o agregado familiar, antes
masculino ou - Idade na hora da de ficar doente? (****)
(Marcar com um círculo no código da resposta adequada) feminino?
(****) doença em anos
(****)
- Coloque 0 para
menos de 1 ano
- 97 Recusou
- 98 Não sabe
- 99 Em falta
1 Chefe do agregado familiar/ da família 1 Masculino 1 Malária

2 Esposo(a) / companheiro(a) 2 Feminino 2 TB (Tuberculose)

3 Filho / Filha 9 Em falta 3 Pneumonia

4 Adotado/ filho de criação/ órfão 4 HIV/SIDA

15
5 Pai/ Mãe 5 Doença do coração

6 Irmão/ Irmã 6 Cancro

7 Neto (a) 7 Causas naturais

8 Avô/ avó 8 Cólera

9 Genro/ Nora 9 Acidente

10 Outro tipo de parente 10 Suicídio

11 Não parente/conhecido 11 Homicídio

98 Não sabe 12 Diarréia

99 Em falta 13 Má nutrição

14 Outros (especifique)

97 Recusou

98 Não sabe

99 Em falta

P26 - MORTE (MORTALIDADE)


P26a. Pense bem, nos últimos 12 meses, algum membro do seu agregado familiar que Sim 1
viveu nesta casa por pelo menos 9 meses morreu nos últimos 12 meses? (Inclui morte
de crianças mesmo se menor de um mês; inclui morte no hospital de um membro Não 2
normal do agregado familiar) (Se NÃO, salte para a pergunta P27a
Se SIM, continue a partir da pergunta P26b – P26f .
Use os códigos do fim da página).
P26b. Qual era a relação de parentesco do(a) falecido(a) com P26c. O falecido P26d. Qual era a P26e. Você poderia me dizer P26f. Qual era a principal
o atual chefe do agregado? era do idade do(a) de quê (doença) ele(a) contribuição do(a) falecido(a)
(Marcar com um círculo no código da resposta adequada) género falecido? (****) morreu? (****) antes de morrer? (****)
(****) masculinoou
feminino? - Idade na hora da
(****) doença em anos
- Coloque 0 para
menos de 1 ano
- 97 Recusou
- 98 Não sabe
- 99 Em falta
1 Chefe do agregado familiar/ da família 1 Masculino 1 Malária

2 Esposo(a) / companheiro(a) 2 Feminino 2 TB (Tuberculose)

3 Filho / Filha 9 Em falta 3 Pneumonia

4 Adotado/ filho de criação/ órfão 4 HIV/SIDA

5 Pai/ Mãe 5 Doença do coração

6 Irmão/ Irmã 6 Cancro

7 Neto (a) 7 Causas naturais

8 Avô/ avó 8 Cólera

9 Genro/ Nora 9 Acidente

10 Outro tipo de parente 10 Suicídio

11 Não parente/conhecido 11 Homicídio

98 Não sabe 12 Diarréia

99 Em falta 13 Má nutrição

16
14 Outros (especifique)

97 Recusou

98 Não sabe

99 Em falta

P27 - SECÇÃO F: VÍNCULOS RURAL – URBANO E REMESSAS DE ALIMENTOS

P27a. No último ano, alguém deste agregado familiar recebeu comida dos PARENTES E/OU AMIGOS das zonas rurais e/ ou outras zonas
urbanas?
(Marcar com um círculo a categoria apropriada, pode aceitar múltiplas respostas)
Localização Vínculo Sim Não Não sabe (NÃO LER)

P27aRUR Parentes 1 2 9
Amigos 1 2 9

P27aURB Parentes 1 2 9
Amigos 1 2 9

SE NINGUÉM RECEBEU COMIDA de ALGUÉM SALTE PARA A PERGUNTA P33a, SECÇÃO G.


SE SIM, CONTINUE ABAIXO COM AS PERGUNTAS P28a e P28b.
28a. Que tipo de comida as pessoas do agregado recebem das zonas rurais e/ou urbanas?
(Marcar com um círculo no “Código de alimento” na tabela se alguém no agregado respondeu “sim” para fonte de alimento na lista. Considere
os alimentos tradicionais).
28b. Com que frequência recebem a comida?
(Avaliar a frequência com que a/o comida/alimento é recebida/o da fonte pela resposta do entrevistado (P28b3-P28b14) e marque com um
círculo o número adequado na escala).
P28b1. Fonte de
P28b2. Frequência de recebimento de comida
alimento
Tipos de comida/alimento Código do
Pelo menos Pelo menos uma 3-6 vezes Pelos Não
Lugar uma vez por vez a cada 2 ao ano menos uma sabe
alimento
semana meses vez por ano
P28b3. Pão, arroz, massas, bolachas, ou qualquer outro Rural 1 1 2 3 4 9
tipo de alimento feito de milho, sorgo, milho, trigo,
ou....[outros grãos localmente disponíveis]? Urbano 2 1 2 3 4 9

P28b4. Batatas, batata doce, inhame, mandioca, ou outro Rural 3 1 2 3 4 9


tipo de alimentos de tubérculos ou raízes? Urbano 4 1 2 3 4 9

Rural 5 1 2 3 4 9
P28b5. Vegetais, legumes?
Urbano 6 1 2 3 4 9

Rural 7 1 2 3 4 9
P28b6. Alguma Fruta?
Urbano 8 1 2 3 4 9

P28b7. Carne de vaca, carne de carneiro, carne de cabrito, Rural 9 1 2 3 4 9


coelho, carne de caça, patos, outras aves, fígado, rim,
coração, ou outras partes da carne? Urbano 10 1 2 3 4 9

Rural 11 1 2 3 4 9
P28b8.Ovos?
Urbano 12 1 2 3 4 9

Rural 13 1 2 3 4 9
P28b9. Algum peixe fresco ou seco, amêijoas, etc.?
Urbano 14 1 2 3 4 9

Rural 15 1 2 3 4 9
P28b10. Alguma comida feita de feijão, lentilhas,
castanhas ou amêndoas? Urbano 16 1 2 3 4 9

17
Rural 17 1 2 3 4 9
P28b11. Algum queijo, iogurte, leite, ou outro derivado de
leite? Urbano 18 1 2 3 4 9

Rural 19 1 2 3 4 9
P28b12. Alguma comida preparada com óleo, gordura ou
manteiga? Urbano 20 1 2 3 4 9

Rural 21 1 2 3 4 9
P28b13. Açúcar ou mel?
Urbano 22 1 2 3 4 9

P28b14. Não sabe, ( NÃO LER EM VOZ ALTA) 99


P29. Quão importante é para este agregado a comida recebida das zonas rurais e/ou urbanas?
Importância da comida Código
(Marcar com um círculo a resposta adequada)
Nem tão pouco importante 1

Um pouco importante 2

Importante 3

Muito importante 4

Fundamental para a nossa sobrevivência 5

Não sabe (NÃO LER) 9


P30. Na sua opinião, porque as pessoas nas zonas rurais e/ou urbanas enviam comida para
as pessoas deste agregado? Razões para enviar comida Código
(Aceitar múltiplas respostas)
Para ajudar este agregado a se alimentar 1

Por hábito, costume 2

Como presente 3

Para negócio 4

Outros (EPECIFIQUE) 5

Não sabe ( NÃO LER) 9


P31. Como as pessoas neste agregado usam a comida que é recebida das zonas rurais e/ou
zonas urbanas? Uso da comida Código
(Aceitar múltiplas respostas)
Comer 1

Vender 2

Para dar para amigos / parentes 3

Para alimentar o gado (inclusive as galinhas) 4

Não sabe (NÃO LER) 9


P32. Se as pessoas vendem a comida, elas:
(Aceitar múltiplas respostas) Venda de comida Código

Vendem na Estrada (revendedor (a) de rua 1

Vendem em casa 2

Vende para um restaurante / ou em um restaurante 3

Faz bebidas alcoólicas para vender 4

Outros ( ESPECIFIQUE) 5

Não se aplica (não vende de nenhuma forma) 6


Não sabe ( NÃO LER) 9

18
P33 -SECÇÃO G: DOAÇÃO DE ALIMENTOS NO MEIO URBANO

P33a. Alguém deste agregado recebe ajuda/doação de comida?


Sim 1

Não 2
Se NÃO, pule para o “fim”.
Se SIM, continue com Q32 abaixo.

P33b. Que tipo de doação/ajuda alimentar é recebida, e de


Tipo de ajuda/doação Código Fonte de Ajuda alimentar Código
que fonte(s)?
(Aceitar múltiplas respostas para tipo de fonte de doação/ajuda).
Comida 1 Agência das Nações Unidas 1

Em dinheiro/espécie 2 Organização de Base Comunitária 2

Senha 3 Organização de Base Familiar 3


Outros (Especifique) 4
OnG 4

Governo 5

Outros ( especifique) 6

Não sabe ( Não ler) 9 Não sabe ( Não ler) 9


P33c. Quão importante é a ajuda alimentar para este agregado?
Avaliar a opinião mais forte; marcar somente UMA resposta Importância de ajuda alimentar Código

Muito Importante 1

Importante 2

Neutro 3

Não importante 4

Nem um pouco importante 5

Não sabe 6

Terminei as minhas perguntas. Tem,alguma coisa em particular que você gostaria de acrescentar ao que disse ou mudar?
Você tem algumas perguntas que gostaria de fazer?

Perguntas Para uso oficial apenas

1.

2.

3.

A LER EM VOZ ALTA PELO INQUIRIDOR


“Muito obrigado por passar este tempo conversando connosco. A informação que você forneceu é de grande valor, e
agradecemos pelo facto de ter compartilhado connosco. Apenas reiterando, como não registamos o seu nome nem apelido ou
endereço, ninguém pode relacionar o que nós conversamos e o que você falou, assim o seu anonimato está garantido.
Adeus!”

19
Anexo 2: População total dos Bairros da Cidade de Maputo, seleccionados nos
Inquéritos

Fontes:
1. INE (2010). III Recenseamento Geral da População e Habitação de 2007.
2. INE (2010). Projecções Anuais da População Total, Urbana e Rural dos
Distritos da Cidade de Maputo 2007 – 2040
(*): Projecções

20
Anexo 3: Evolução da população total dos Distritos Municipais da Cidade de Maputo
selecionados na amostra dos Inquéritos realizados no âmbito deste estudo por sexo entre
2008, 2011 e 2014.1/

Fontes:
1. INE (2010). III Recenseamento Geral da População e Habitação de 2007.
Resultados definitivos. Cidade de Maputo.
2. INE (2010). Projecções Anuais da População Total, Urbana e Rural dos Distritos da Cidade.
1
/Não esá incluída a popuação dos distritos Municipais de KaTembe e KaNhaka

21
Anexo 4: Distribuição percentual da população inquirida por grupos decenais de idade.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos resultados do inquérito realizado no âmbito
deste estudo

22
Anexo 5: Nível de rendimento médio (em MT) dos AF versus Insegurança Alimentar,
2014.
40.0%
35.0%
30.0%
25.0%
20.0%
15.0%
10.0%
5.0%
0.0%
InSA Média (%) InSA Moderada (%) InSA Severa (%)

< 2000.00 2500.00--4000.00 4300.00--5800.00


6000.00--7500.00 8000.00--10000.00 > 12000.00

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos resultados do inquérito realizado no âmbito
deste estudo.

23
Anexo 6: Percentagem de Agregados Familiares com acesso a alguns serviços básicos,
2014.

Fonte: Elaborada com base nos resulados do inquérito realizado no âmbito deste estudo.

24
Anexo 7: Nível de prevalência de Insegurança Alimentar (HFIAP) por Distrio Municipal,
2014.

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos resultados do inquérito realizado no âmbito
deste estudo.

25
Anexo 8: Teste de Qui Quadrado (Chi-Square Tests) da relação entre InSA e local de
residência dos AF, 2014.
Value df Asymp. Sig. (2-sided)
Pearson Chi-Square a 12 .000
46.846

Likelihood Ratio 50.369 12 .000


Linear-by-Linear .088 1 .766
Association

N of Valid Cases 472


a. 3 cells (15.0%) have expected count less than 5. The minimum expected count is 2.38.
Fonte: Elaborada pelo autor com base nos resultados do inquérito realizado
no âmbito deste estudo.

Obs.:
Considerando como hipótese nula que "a situação de Insegurança Alimentar não tem
relação (diga-se "é independente") da região (Distrito Municipal) onde os AF se
localizam", pode-se concluir, a um nível de significancia de 5% que o estado de
Insegurança Alimentar está fortemente relacionado com a região onde os AF se localizam
(ou o Distrito Municipal).

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Anexo 9: Algumas estatisticas analíticas de classificação e perfil de InSA dos AF inquiridos,
2014.
Coeficiente 95% de Intervalo de
Distrito Desvio Êrro de Confança para a Média
Nº de AF Média
Municipal Padrão Padrão Variação Limite
(%) Limite
inferior superior
KaMpfumo 15 1.07 .258 .067 40% .92 1.21

KaLhamanculo 69 2.49 1.196 .144 37% 2.21 2.78


KaMaxaquene 104 1.93 1.017 .100 45% 1.73 2.13

KaMavota 143 1.82 1.092 .091 45% 1.64 2.00


KaMubukwana 142 2.17 1.185 .099 54% 1.97 2.37
Total 473 2.02 1.138 .052 46% 1.92 2.13
Fonte: Elaborada pelo autor com base nos resultados do inquérito realizado no âmbito deste
estudo.
Anexo 10: Mapa da cidade de Maputo destacando-se os Bairros inquiridos e um dos seus
pontos de atracção turística, (s/d).

Fonte:
http://www.kulungwana.org.mz/var/ezwebin_site/storage/images/media/images/mapa/7073-1-por-
MZ/Mapa.jpg (acessado em 03.04.15 - 10.37h)

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