Nfecção Do Sítio Cirúrgico

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| ARTIGO ORIGINAL |

SABERES DOS ENFERMEIROS SOBRE


PREVENÇÃO DE INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO
Nurses’ knowledge about prevention of surgical site infection

Conocimiento de enfermeras en la prevención de la infección quirúrgica del sitio

Karolayne Vieira de Souza1* , Solange Queiroga Serrano2

RESUMO: Objetivo: Conhecer as experiências de enfermeiros sobre suas práticas na prevenção de infecção do sítio cirúrgico (ISC). Método: Estudo exploratório
e qualitativo com enfermeiros da clínica cirúrgica geral de um hospital público do nordeste brasileiro. Entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, realizou-se
entrevista semiestruturada, gravada em áudio digital, com duração média de 20 minutos, para coleta de dados. Os depoimentos transcritos foram avaliados
pela técnica de análise do discurso do sujeito coletivo. Resultados: Participaram nove enfermeiros, a maioria do sexo feminino, com idade média de 40,9 anos.
Elencaram-se as seguintes categorias temáticas: medidas de prevenção contra ISC; assistência de enfermagem adequada na prevenção de ISC; equipe de enfer-
magem capacitada; adequadas condições de trabalho e de materiais; e treinamento contínuo. Conclusão: Observou-se preocupação em minimizar os riscos
de ISC de pacientes por meio da adoção de ações preventivas, como lavagem das mãos, uso de equipamentos de proteção individual, troca de curativos diários
com técnica asséptica, além do uso de insumos adequados, conhecimento técnico-científico harmonioso e estímulo do relacionamento eficaz entre a equipe.
Palavras-chave: Infecção da ferida cirúrgica. Ferida cirúrgica. Contenção de riscos biológicos. Enfermagem. Cuidados perioperatórios.

ABSTRACT: Objective: To understand the experiences of nurses about their practices in preventing surgical site infection (SSI). Method: This is an exploratory qualita-
tive study of nurses from the general surgery service of a public hospital in Northeastern Brazil. Between December 2018 and January 2019, a semi-structured inter-
view was conducted for data collection. It was recorded in digital audio and lasted about 20 minutes. We analyzed the transcribed accounts using the Discourse of the
Collective Subject technique. Results: Nine nurses participated in the study, mostly female, with a mean age of 40.9 years. The following thematic categories were listed:
measures to prevent SSIs; adequate nursing care to prevent SSIs; qualified nursing staff; adequate working and material conditions; and ongoing training. Conclusion:
We identified concern for minimizing risks of SSI in patients through the adoption of preventive actions, such as hand washing, use of personal protective equipment,
daily dressing change using the aseptic technique, in addition to the use of adequate supplies, balanced technical-scientific knowledge, and effective team-building.
Keywords: Surgical wound infection. Surgical wound. Containment of biohazards. Nursing. Perioperative care.

RESUMEN: Objetivo: Conocer las experiencias de las enfermeras sobre sus prácticas en la prevención de la infección del sitio quirúrgico (ISQ). Método: estudio explo-
ratorio y cualitativo con enfermeras de la clínica quirúrgica general de un hospital público en el noreste de Brasil. Entre diciembre de 2018 y enero de 2019, se grabó
una entrevista semiestructurada, grabada en audio digital, con una duración promedio de 20 minutos, para la recopilación de datos. Los testimonios transcritos se
evaluaron utilizando la técnica de análisis del discurso del sujeto colectivo. Resultados: participaron nueve enfermeras, la mayoría mujeres, con una edad promedio
de 40,9 años. Se enumeraron las siguientes categorías temáticas: medidas preventivas contra SSI; asistencia de enfermería adecuada para prevenir SSI; equipo de enfer-
mería capacitado; condiciones adecuadas de trabajo y materiales; y entrenamiento continuo. Conclusión: se observó preocupación por minimizar los riesgos de ISQ
de los pacientes mediante la adopción de acciones preventivas, como el lavado de manos, el uso de equipos de protección personal, el intercambio de vendajes diarios
con una técnica aséptica, además del uso de suministros adecuados, conocimiento armonioso técnico-científico y estimulando la relación efectiva entre el equipo.
Palabras clave: Infección de la herida quirúrgica. Herida quirúrgica. Contención de riesgos biológicos. Enfermería. Atención perioperativa.

1
Enfermeira pela Universidade de Pernambuco (UPE) – Recife (PE), Brasil.
2
Enfermeira; doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife (PE), Brasil.
*Autora correspondente: [email protected]
Recebido: 20/06/2019 – Aprovado: 15/01/2020
DOI: 10.5327/Z1414-4425202000010003

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INTRODUÇÃO assunto. Assim, esse tema deve ser frequentemente discutido


e sua adesão incentivada. Vale salientar a importância da par-
As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são con- ticipação da equipe de enfermagem no processo de preven-
sideradas um risco relevante à saúde dos usuários dos hospi- ção das ISC, já que ela presta assistência direta ao paciente6.
tais, contribuindo para o aumento da mortalidade, do tempo O enfermeiro deve avaliar os fatores predisponentes e de
de internação e dos custos nessas instituições. No Brasil, na riscos à infecção e adotar medidas preventivas e educacio-
década de 1980, publicaram-se as primeiras portarias que prio- nais para todos os sujeitos envolvidos, por meio de um pro-
cesso de sensibilização coletiva, o que pode contribuir para a
rizavam a prevenção e o controle das infecções hospitalares1.
diminuição da ocorrência dessa complicação pós-cirúrgica3.
Entre as IRAS, destacam-se as infecções do sítio cirúrgico
Ao considerar que o enfermeiro planeja, gerencia e avalia
(ISC) como uma das principais complicações relacionadas ao
o cuidado, torna-se necessário avaliar as funções e as medidas
procedimento cirúrgico, com estimativa de 14 a 16% entre
implementadas por esse profissional, para o adequado controle
as infecções nos serviços de saúde1. Entre os fatores de risco,
das ISC, bem como para a promoção da segurança do paciente.
estão tempo de internação pré-operatório acima de 24 horas,
tempo de duração da cirurgia, potencial de contaminação
da ferida operatória e classificação das condições clínicas dos
pacientes (índice da American Society of Anesthesiologists
OBJETIVO
— ASA)2, obesidade, tabagismo, diabetes mellitus, uso de
Conhecer as experiências de enfermeiros sobre suas práticas
esteroides, imunossupressores, entre outros1.
para a prevenção de ISC.
Quando instalada a infecção, pode propiciar grandes encar-
gos socioeconômicos com elevação da morbimortalidade e
dos custos assistenciais, em virtude do aumento do tempo
MÉTODO
de internação, de antibioticoterapia associada, de cirurgias
subsequentes para reconstituição do tecido, além do prolon- Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, com
gamento do período de afastamento das atividades laborais abordagem qualitativa, desenvolvida na unidade de clínica
e familiares do paciente2,3. cirúrgica geral de um hospital público de grande porte que
A equipe assistencial que acompanha o paciente no periope- realiza cerca de 800 cirurgias emergenciais e eletivas ao mês,
ratório tem a responsabilidade de, por meio do cuidado, minimi- no município do Recife, Pernambuco, Brasil.
zar as complicações relacionadas ao ato cirúrgico. Grande parte Para isso, os indivíduos foram convidados a participar da
desses eventos adversos pode ser evitada, desde que as ações investigação de acordo com os seguintes critérios de inclusão:
recomendadas e validadas sejam cumpridas, garantindo, assim, ser enfermeiro e ter experiência na assistência ao paciente
a segurança do paciente em todo o período intra-hospitalar3. cirúrgico de no mínimo seis meses. Excluíram-se profissionais
Entre as recomendações adotadas para a prevenção e o con- em licença de saúde, de maternidade ou em gozo de férias.
trole das ISC, estão as medidas de precaução padrão (PP), utili- Os dados foram coletados em dezembro de 2018 e janeiro
zadas no contato com todos os pacientes, independentemente de 2019, por meio de entrevista individual semiestruturada,
dos fatores de risco ou da doença de base, sempre que houver por meio das seguintes questões norteadoras:
risco de contato com sangue e fluidos corporais4,5. • O que você entende por medidas de PP?;
Entre as PP, destacam-se a higienização correta das mãos • Quais são as ações prioritárias que você utiliza na pre-
antes e depois do procedimento; o uso de luvas para redução venção da ISC?;
de microrganismos, bem como a troca delas durante a reali- • Quais são as facilidades no desenvolvimento de suas ações?;
zação de procedimentos entre um paciente e outro; o uso de • Quais são as dificuldades no desenvolvimento de suas
aventais e máscaras ou proteção facial, para evitar o contato ações?;
do profissional com fluidos do paciente, como sangue, líquidos • Quais medidas você toma para que a sua equipe esta-
corporais, secreção e excretas (exceto suor), pele não intacta e beleça critérios de prevenção?
mucosa; e a prevenção de acidentes com material biológico5.
Para que as PP façam parte da rotina profissional da equipe A entrevista foi feita em sala privativa, sem interrupções,
de saúde, é necessário conhecimento técnico a respeito do com duração média de 20 minutos e gravada em áudio digital.

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O fechamento amostral deu-se por saturação, ou seja, quando São as medidas que todo o profissional de saúde deve tomar
não havia informação nova nos depoimentos. para evitar a contaminação por bactérias que levam a infec-
Para garantir o anonimato, identificaram-se os participantes ções no contato com o paciente. Tenho que ter sempre como
pela letra E, seguida da numeração arábica na ordem das entre- norma a lavagem das mãos antes e após o procedimento;
vistas (E1, E2, E3...). Os dados transcritos foram avaliados pela o uso de EPIs como máscara, luva, óculos, capote e touca.
técnica de análise do discurso do sujeito coletivo (DSC), que
emprega figuras metodológicas (palavras-chave e ideias cen-
trais), mediante o agrupamento dos depoimentos individuais IC2/DSC2: Assistência de enfermagem adequada
com sentidos semelhantes, para serem categorizados, agrega- na prevenção de infecções do sítio cirúrgico
dos em um discurso-síntese e redigidos na primeira pessoa do
singular, representando a ideia do coletivo7. O programa de Quanto às ações prioritárias utilizadas na prevenção das ISC,
computação Qualiquantisoft® foi usado na tabulação dos dados8. os enfermeiros destacaram a lavagem das mãos, a troca diá-
Todos os enfermeiros assinaram o Termo de Consentimento ria de curativos com técnica asséptica e materiais corretos e
Livre e Esclarecido (TCLE), e o projeto de pesquisa foi sub- a orientação do paciente para o autocuidado:
metido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob
o número 3.105.257, seguindo a Resolução nº 466/2012, do Como ações prioritárias na prevenção de infecções, eu lavo
Conselho Nacional de Saúde. as mãos antes e após os procedimentos. Realizo a lim-
peza e troca de curativo da ferida operatória diariamente
e sempre que necessário com os materiais adequados e téc-
RESULTADOS nica correta. Oriento o paciente e acompanhante quanto
à sua higiene. Faço a manutenção de drenos e sondas.
Nove enfermeiros plantonistas (seis do horário diurno e três
do noturno) compuseram a amostra, sendo sete do sexo femi- Para responder à questão sobre as facilidades encontradas
nino, com média de idade de 40,9 anos. O tempo de forma- no desenvolvimento das ações preventivas, foram identifica-
ção variou de um a 29 anos. Todos trabalhavam em mais de das duas categorias temáticas, descritas a seguir.
uma instituição, com carga média de trabalho de 42,22 horas
semanais, e participavam de treinamentos. IC3/DSC3: Equipe de enfermagem capacitada
Dos enfermeiros participantes da pesquisa, três possuíam ape-
nas graduação em Enfermagem. Com relação a cursos lato sensu, Os entrevistados apontaram a atuação da enfermagem para
encontraram-se especialistas em Saúde da Família (três enfermeiros), a prevenção de ISC como uma atividade em equipe, bem
Emergência (dois), Administração dos Serviços de Saúde (dois), como a relevância do seu conhecimento técnico na presta-
Enfermagem do Trabalho (um), Nefrologia (um), Educação em ção da assistência, como explicitado no discurso:
Saúde (um), Pediatria (um), Cirúrgica (um) e Obstetrícia (um).
Vale ressaltar que alguns dos entrevistados tinham mais de uma Acredito que a maior facilidade é a questão do conheci-
especialização e apenas um especialização na área cirúrgica. mento. Você ter conhecimento do seu serviço e dos pro-
Da análise das entrevistas, por meio do DSC, surgiram cedimentos. Ter uma equipe toda trabalhando em um
seis categorias, relacionadas às boas práticas de controle das só propósito e gostar de fazer o que faz.
ISC. A seguir, apresentamos cada um dos discursos formula-
dos, as respectivas discussões e a ideia central (IC).
IC3/DSC4: Recursos materiais
IC1/DSC1: Medidas de prevenção adequados para a assistência
contra as infecções do sítio cirúrgico
Para a qualidade da assistência, foram destacados também os mate-
Ao responder sobre o conceito de medidas de PP, os enfer- riais em quantidade suficiente como facilitadores de suas ações:
meiros definiram como principais ações que visam à preven-
ção de infecção a lavagem das mãos e o uso de equipamentos Uma facilidade é quando se tem o material correto e em
de proteção individual (EPI), gerando o seguinte discurso: quantidade adequada para a realização do procedimento.

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Às vezes a gente não vê a progressão daquela ferida cirúr- DISCUSSÃO


gica pela escassez de produtos, como soluções, pomadas
e curativos especiais. Isso, realmente, facilita o nosso Os procedimentos cirúrgicos são amplamente utilizados na
trabalho e as medidas de precaução. realidade hospitalar. Apesar de todo o avanço em pesquisas e
em tecnologia, os tratamentos cirúrgicos oferecem riscos ao
paciente9. As ISC geram altos gastos financeiros, consequentes
IC4/DSC5: Adequadas condições ao aumento do número das intervenções cirúrgicas e à com-
de trabalho e de materiais plexidade desses pacientes. Estudos indicam que as ISC podem
ser reduzidas desde que as ações estabelecidas nos protocolos e
Quanto às dificuldades na performance das suas ações, os
nas normas das instituições estejam baseadas em evidências10.
entrevistados relataram que a falta de materiais impossibi-
As medidas de PP são empregadas no controle das IRAS.
lita o cuidado adequado e que nessa situação o profissional
Nessa casuística, as PP foram definidas como ações que visam
tende a usar materiais inapropriados. A comunicação defi-
evitar a contaminação por bactérias que levam a infecções
ciente entre setores foi citada como outro fator prejudicial
por meio do contato com o paciente. O profissional deve
ao desenvolvimento da assistência:
estar paramentado, utilizando máscara, luvas, óculos, capote
e touca. Outros estudos corroboraram com essa definição
A grande dificuldade é a falta de materiais, pois difi-
e também ressaltam que as medidas devem fazer parte do
culta muito as nossas ações em relação à assistência ao
cotidiano dos profissionais na assistência aos pacientes6,11,12.
paciente. Muitas vezes temos que fazer improviso, se virar
A lavagem das mãos antes e depois dos procedimentos foi
nos 30, pois pode faltar água, sabão e papel toalha para a
a ação elencada como prioritária no controle de infecção. Ao
lavagem das mãos, por exemplo. A falta de comunicação
considerar que as mãos dos profissionais são as principais res-
entre profissionais dos diversos setores (farmácia, almo-
ponsáveis pela disseminação de microrganismos, higienizá-las
xarifado, [central de material e esterilização] CME,
[Comissão de Controle de Infecções Hospitalares] é medida simples e eficaz para prevenir infecções associadas à
CCIH, entre outros) também prejudica as ações. assistência, com boa relação custo-benefício13,14. O profissional,
ao aderir a essas medidas, contribui para o desenvolvimento
da qualidade da assistência aos usuários, com benefícios na
IC5/DSC6: Treinamento contínuo em serviço redução da morbimortalidade12. Outras ações citadas foram a
troca de curativo e o manejo adequado de sondas e cateteres.
Em relação às medidas estabelecidas para que a equipe previna Com esses resultados, é possível perceber que as ações dos
as ISC, os participantes apontaram a importância do diálogo enfermeiros são gerais, sem levar em conta as especificida-
como ferramenta para a adesão da equipe a essas medidas. des de cada período operatório. Constatou-se conhecimento
Esse diálogo é constituído de troca de informações e expe- fragmentado por parte dos profissionais a respeito dos fatores
riências. O treinamento e o uso de tecnologia digital foram que podem desenvolver complicações pós-cirúrgicas relacio-
citados como aliados na prevenção das ISC: nadas ao pré e transoperatório, e que talvez estejam ligados
à abordagem insatisfatória durante a graduação e atrelados
Geralmente eu utilizo o diálogo, a troca de informação à ausência de atualizações frequentes após a formação15.
e de experiência entre funcionários para melhoria do Apenas um enfermeiro do setor possui especialização na
conhecimento e, assim, colocar em prática nossos pla- área cirúrgica, o que pode nos remeter a uma cultura do não
nos de ação de prevenção de infecções. Faço treinamento aproveitamento de especialistas em setores diferenciados, pois
e sempre que temos dúvidas vou consultar na internet esse profissional seria mais adequado, em nível de conhecimen-
sobre o caso e repasso as informações para a equipe. tos específicos, quanto às relações características do trabalho
Muita gente tem resistência ao uso de equipamentos de sobre a assistência ao paciente cirúrgico. O especialista é capaz
proteção, mas o que eu posso fazer é lembrar aos fun- de dominar com rapidez e segurança as situações comuns ou
cionários de se protegerem e ao seu paciente. Na rede inesperadas, com enfrentamento e resolutibilidade16.
privada você é punido pelo não uso de equipamento e Estudo realizado em um hospital-escola público de refe-
na rede pública não tem punição, não tem fiscalização. rência identificou os fatores de risco para ISC pertinentes

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ao pré-operatório, como tabagismo, etilismo, hipertensão e indispensável no controle das infecções, uma vez que presta
diabetes, os quais devem ser controlados antes da realização cuidados ao paciente durante todo o período de interna-
cirúrgica15. No que diz respeito ao período transoperatório, os mento hospitalar. Para que a prevenção seja alcançada, faz-se
procedimentos classificados como cirurgias potencialmente necessário que todos os envolvidos cumpram com as ações
contaminadas e cirurgias limpas foram apontados como os baseando-se em evidências3.
de maior prevalência de ISC, além do tempo cirúrgico pro- Os métodos educacionais citados, como treinamento, diá-
longado e do uso de drenos. Por fim, no pós-operatório, elen- logo, troca de experiências e uso de inovações tecnológicas
caram-se a realização de cultura da secreção, os cuidados de pela internet, auxiliam no cuidado de qualidade. Por meio da
enfermagem com drenos e curativos e o adequado controle análise dos fatores de risco, o enfermeiro pode atuar ativa-
das comorbidades para a redução das infecções15. mente na prevenção das ISC, utilizando métodos educacionais
Entre os fatores facilitadores, foram mencionados conhe- para que todos os indivíduos envolvidos pratiquem as medi-
cimento técnico agregado ao trabalho em equipe e mate- das preventivas e, assim, diminuam essa grave complicação.
riais adequados para que se possa alcançar assistência efe- O desafio está em os profissionais assumirem sua responsabi-
tiva e garantir a segurança do paciente. Ao considerar que o lidade no processo de redução das infecções, já que ainda se
enfermeiro conduzirá intervenções realizadas pela equipe de mostram resistentes a aderir a práticas seguras e validadas3.
enfermagem, é necessário que o profissional possua conhe- As limitações do estudo dizem respeito às respostas dadas
cimento teórico-prático e técnico-científico. Além desses pelos enfermeiros, que podem ter sido transmitidas de forma
fatores, é relevante que ele mostre iniciativa, interesse, per- mais resumida, pois a entrevista ocorreu durante o horário
sistência e liderança. Todas essas características são de suma de trabalho e os profissionais poderiam estar preocupados
importância para uma assistência de qualidade17. com a questão de que o tempo utilizado pudesse compro-
Outros fatores facilitadores para assistência de qualidade, meter seu trabalho.
não citados pelos enfermeiros, são os protocolos de normas
e rotinas adequados à realidade do serviço e a promoção da
cultura de segurança do paciente por meio da educação per- CONSIDERAÇÕES FINAIS
manente, pois ambos contribuem para a redução de eventos
adversos18,19. Vale ressaltar ainda a participação ativa da CCIH O desenvolvimento do presente estudo possibilitou conhecer
no desenvolvimento dessas ações19. as experiências dos enfermeiros na prevenção de ISC de um
Sobre as dificuldades, apontou-se a falta de materiais hospital público de referência do nordeste do Brasil. As ações
como prejudicial à assistência. Ambientes precários exercem elencadas pelos profissionais sobre sua prática para o con-
influência negativa nas atividades realizadas pelos profissio- trole das ISC foram lavagem das mãos, uso de EPI, troca de
nais e provocam estresse relacionado à insatisfação no traba- curativos, insumos adequados, conhecimento técnico-cien-
lho. Condições inadequadas de trabalho prejudicam a rotina tífico e bom relacionamento entre a equipe.
do serviço, sobrecarregando o enfermeiro, ficando o cuidado Visando à adequada prevenção das IRAS, especificamente
direto ao paciente em segundo plano18. Estudo aponta que das ISC, o enfermeiro tem papel importante, bem como a sua
os profissionais de enfermagem estão expostos a diversos ris- equipe, para garantir a segurança do paciente. A fim de que
cos ocupacionais, no que tange a estruturas, equipamentos, a assistência seja adequada, é preciso conhecimento técnico,
espaço físico e número limitado de trabalhadores20. baseando suas ações em evidências científicas.
A comunicação deficiente também foi citada como fator difi- Constatou-se que os enfermeiros sofrem diante das fra-
cultador para prestar o cuidado. Os profissionais no ambiente gilidades relacionadas à estrutura do serviço e à carência de
intra-hospitalar devem desenvolver comunicação efetiva entre fundamentação teórica. Faz-se necessária a promoção de
os diversos setores para o bom desenvolvimento de ações de pre- uma cultura de segurança do paciente. Assim, será possível
venção e controle das ISC. Outros estudos mostraram número distinguir as prováveis causas e permitir reflexões por parte
insuficiente de profissionais, ausência de palestras e cursos, da equipe de enfermagem, que, consequentemente, adotará
falta de padronização na assistência e vigilância epidemiológica medidas de prevenção de infecções e de diminuição de erros.
como fatores que contribuem para o aumento de infecções18,19. As autoras sugerem aprofundamento na temática, com
A atuação do enfermeiro na equipe de enfermagem foi base em evidências científicas, na prática assistencial do enfer-
apontada como fator pertinente. A equipe assistencial é meiro em unidades cirúrgicas.

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