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EMPREENDEDORISMO DIGITAL EM ORGANIZAÇÕES: REVISÃO

INTEGRATIVA DA LITERATURA E PROPOSIÇÃO DE ELEMENTOS DE


ANÁLISE SOB A ÓTICA DAS CAPACIDADES DINÂMICAS1; 2

Alexandre Rodrigues Pinto3


Cristina Dai Prá Martens4
Vanessa Vasconcelos Scazziota 5

http://dx.doi.org/10.1590/1413-2311.393.135273

RESUMO
Este estudo busca identificar elementos de análise de empreendedorismo digital em
organizações sob a ótica das capacidades dinâmicas. A pesquisa é de natureza qualitativa e foi
realizada por meio de revisão integrativa de literatura com documentos oriundos das bases Web
of Science e Scopus. A amostra de artigos do estudo permitiu identificar 56 elementos de análise
do empreendedorismo digital que, com base nas capacidades dinâmicas, foram organizados em
12 categorias, que formam quatro macrocategorias. As capacidades dinâmicas foram
observadas em: tecnologia; comportamentos, habilidades e capacidades organizacionais;
processos e rotinas que as organizações devem usar para se adaptar; e integração e articulação
dos comportamentos e habilidades e das rotinas. Como resultado, é apresentado um framework
de análise de empreendedorismo digital que destaca elementos que podem ser priorizados para
o desenvolvimento do empreendedorismo digital nas organizações: clientes/usuários em meios
digitais, plataformas digitais, Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), modelos de
negócios digitais, produtos e serviços digitais, tecnologias digitais, inovação em negócios
digitais, digitalização de negócios, oportunidades de digitalização, startups digitais e
ecossistema digital. O estudo apresenta contribuições teóricas para a conexão dos temas
empreendedorismo digital e capacidades dinâmicas, além de contribuições práticas ao propor o
framework que pode ser utilizado nas organizações.
Palavras-chave: Empreendedorismo Digital. Elementos de Análise do Empreendedorismo
Digital. Capacidades Dinâmicas.

1
Recebido em 01/09/2023; aceito em 01/11/2023.
2
Os autores agradecem o apoio o apoio recebido do CNPq, da CAPES e da FAP/UNINOV.
3
Universidade Nove de Julho; São Paulo - SP (Brasil), https://orcid.org/0000-0001-9846-1064,
[email protected].
4
Programa de Pós-Graduação em Gestão de Projetos – Universidade Nove de Julho; São Paulo - SP (Brasil);
https://orcid.org/0000-0003-0955-9786; [email protected].
5
Universidade de Évora; Évora (Portugal); https://orcid.org/0000-0002-7577-1163; [email protected].
REAd | Porto Alegre – Vol. 29 – N.º 3 – Setembro / Dezembro 2023 – p. 627 - 660.
DIGITAL ENTREPRENEURSHIP IN ORGANIZATIONS: INTEGRATIVE
LITERATURE REVIEW AND PROPOSITION OF ANALYSIS ELEMENTS FROM
THE PERSPECTIVE OF DYNAMIC CAPABILITIES
628

This study seeks to identify elements of digital entrepreneurship analysis in organizations from
the perspective of dynamic capabilities. The research is qualitative in nature and was conducted
through an integrative literature review with documents sourced from the Web of Science and
Scopus databases. The article sample from the study allowed for the identification of 56
elements of digital entrepreneurship analysis which, based on dynamic capabilities, were
organized into 12 categories, forming four macro-categories. The dynamic capabilities were
observed in: technology; behaviors, skills, and organizational capabilities; processes and
routines that organizations should use to adapt; integration and articulation of behaviors and
skills, and routines. As a result, a digital entrepreneurship analysis framework is presented that
highlights elements that can be prioritized for the development of digital entrepreneurship in
organizations: clients/users in digital media, digital platforms, Information and Communication
Technologies (ICTs), digital business models, digital products and services, digital
technologies, innovation in digital businesses, digitalization of businesses, digitalization
opportunities, digital startups, and the digital ecosystem. The study offers theoretical
contributions by connecting the themes of digital entrepreneurship and dynamic capabilities,
and practical contributions by proposing a framework that can be utilized within organizations.
Keywords: Digital Entrepreneurship. Elements of Analysis of Digital Entrepreneurship.
Dynamic Capabilities.

EMPRENDIMIENTO DIGITAL EN LAS ORGANIZACIONES: REVISIÓN


INTEGRADORA DE LA LITERATURA Y PROPUESTA DE ELEMENTOS DE
ANÁLISIS DESDE LA PERSPECTIVA DE LAS CAPACIDADES DINÁMICAS

Este estudio busca identificar elementos de análisis de emprendimiento digital en


organizaciones bajo la óptica de las capacidades dinámicas. La investigación es de naturaleza
cualitativa y se realizó mediante una revisión integrativa de literatura con documentos
provenientes de las bases de datos Web of Science y Scopus. La muestra de artículos del estudio
permitió identificar 56 elementos de análisis del emprendimiento digital que, con base en las
capacidades dinámicas, se organizaron en 12 categorías, que forman cuatro macrocategorías.
Se observaron capacidades dinámicas en: tecnología; comportamientos, habilidades y
capacidades organizacionales; procesos y rutinas que las organizaciones deben utilizar para
adaptarse; integración y articulación de los comportamientos y habilidades, y de las rutinas.
Como resultado, se presenta un marco de análisis de emprendimiento digital que destaca
elementos que pueden ser priorizados para el desarrollo del emprendimiento digital en las
organizaciones: clientes/usuarios en medios digitales, plataformas digitales, Tecnologías de la
Información y las Comunicaciones (TICs), modelos de negocio digitales, productos y servicios
digitales, tecnologías digitales, innovación en negocios digitales, digitalización de negocios,
oportunidades de digitalización, startups digitales y ecosistema digital. El estudio ofrece
contribuciones teóricas al conectar los temas de emprendimiento digital y capacidades

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dinámicas, y contribuciones prácticas al proponer el marco que puede ser utilizado en las
organizaciones.
Palabras clave: Emprendimiento Digital. Elementos de Análisis del Emprendimiento Digital.
Capacidades Dinámicas.

INTRODUÇÃO
629

O uso da digitalização e das redes para os negócios se torna cada vez mais amplo
(PEREIRA; BERNARDO, 2016), permitindo o crescimento de possibilidades de
relacionamento por meios das redes digitais, reduzindo barreiras físicas. O desenvolvimento de
negócios digitais cresceu nos últimos anos, se intensificando, principalmente, a partir da
pandemia de Covid-19 (PINTO; SANTOS; MARTENS, 2021). O empreendedorismo digital
está presente nas organizações e na sociedade, sendo facilitado pela implementação de grandes
plataformas sistêmicas (FANG; COLLIER, 2017; KRAUS; ROING-TIERNO; BOUNCKEN,
2019) e pelo dinamismo que o envolve. Para acompanhar o mercado, as organizações precisam
desenvolver o empreendedorismo digital, que pode ser compreendido como a capacidade de
uma organização usar ferramentas digitais para criar e manter os negócios (HUDEK; ŠIREC;
TOMINC, 2019).
O desenvolvimento do empreendedorismo digital está relacionado às capacidades
dinâmicas das organizações, visto que quanto mais elevado for o nível de desenvolvimento do
empreendedorismo digital, maior a capacidade da empresa de se adaptar à mudança e aproveitar
oportunidades (KRETSCHMER, 2020). Nesse contexto, o empreendedorismo digital
relaciona-se com as capacidades dinâmicas, que permitem às organizações se adaptar às
mudanças no ambiente de negócios, como novas tecnologias, tendências de mercado e
mudanças na legislação. Assim, as capacidades dinâmicas são consideradas os fundamentos
teóricos promissores para entender o empreendedorismo digital das organizações no mundo dos
negócios, que é volátil, incerto, complexo e ambíguo (VIAL, 2019).
A busca por literatura que relacione empreendedorismo digital e capacidades dinâmicas
não identificou estudos anteriores sobre elementos que devem ser observados para a análise do
empreendedorismo digital nas organizações. Considerando que uma quantidade considerável
de organizações digitais surgiu no mercado nos últimos tempos (AMMIRATO et al., 2019), a
necessidade de identificação desses elementos ganha cada vez mais importância.
Diante desse contexto, o propósito de realizar esta revisão integrativa de literatura está
concentrado em identificar elementos para analisar o empreendedorismo digital nas
organizações. De acordo com o exposto, surge a questão de pesquisa deste estudo: Quais

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elementos devem ser considerados para a análise do empreendedorismo digital nas
organizações sob a ótica das capacidades dinâmicas? Buscando responder a esse
questionamento, o objetivo deste estudo é identificar elementos que permitam a análise do
empreendedorismo digital nas organizações a partir da ótica das capacidades dinâmicas.
Os resultados do estudo indicam que, a partir dos 90 documentos encontrados nas bases 630

de dados Web of Science e Scopus, emergiram 56 elementos que destacam o que deve ser
observado para analisar o empreendedorismo digital nas organizações. Esses elementos,
observados, sob a ótica das capacidades dinâmicas, foram divididos em 12 categorias, que, por
sua vez, são organizadas em macrocategorias.
Este estudo está estruturado em cinco seções, além desta introdução. Na primeira seção
está descrito o referencial teórico; na segunda, é apresentado o método de pesquisa, destacando
os procedimentos para a reunião dos dados e sua análise; na terceira, são apresentados os
resultados do estudo; na quarta, é feita uma discussão a partir dos achados da pesquisa,
finalizando com a proposição de um framework; e, por fim, a quinta seção apresenta as
considerações finais, com contribuições teóricas e práticas do estudo.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico deste artigo aborda conceitos de empreendedorismo digital, análise


do empreendedorismo digital e a perspectiva de capacidades dinâmicas.

1.1 Empreendedorismo digital e sua análise

As pesquisas sobre empreendedorismo digital permitem identificar uma evolução na


compreensão desse fenômeno, ainda que Sussan e Acs (2017) descrevam uma lacuna em sua
conceituação. É possível a percepção de que, com a evolução dos estudos, as conceituações
estejam cada vez mais relacionadas ao uso de meios digitais e tecnologia, além do uso das redes,
para a realização de negócios. A partir das pesquisas, foi possível a criação da Tabela 1, que
reúne algumas definições de empreendedorismo digital encontradas na literatura.

Tabela 1 - Definições de empreendedorismo digital


Ano Autor(es) Definição
Tipos de empreendedorismo em que um ou mais recursos envolvidos no
2007 Hu, Hart e Cooke
processo produtivo passaram a ser digitais.
2007 Hull et al. Tipo de empreendedorismo que requer habilidades tecnológicas.

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Identificação de oportunidades nos meios digitais, utilizando as mídias
2014 Caetano
disponíveis para a geração de novos negócios.
Formato de empreendedorismo que teve início a partir da share economy
2015 Richter, Kraus e Syrjä
(economia de compartilhamento de bens).
2016 Nambisan Transformação de processos e da forma de gestão das organizações.
Empreendedorismo tecnológico, com produtos e serviços baseados na
2017 Giones e Brem
internet.
2017 Sussan e Acs Desenvolvimento dos negócios que utilizem tecnologias digitais. 631
2018 Le Dinh, Vu e Ayayi União entre o empreendedorismo e novas formas de negócios digitais.
2019 Ammirato et al. É uma ruptura com o mercado, focando em novas tecnologias.
Kraus, Roig-Tierno e Mudança no modelo de negócios em organizações, tornando processos on-
2019
Bouncken line.
Concepção, uso e comercialização de tecnologias digitais para a criação de
2019 Recker, Jan e Briel
atividades.
Explora tecnologias digitais utilizando a internet e mídias sociais, que
2020 Hansen
abrangem a aplicação de tecnologia móvel e informática.
É um motor de transformação das relações sociais (com tecnologias
2020 Satalkina e Steiner
digitais).
Fenômeno que surgiu como resultado de ativos técnicos, como a internet e
2021 Zhao
as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Transformação de negócios que geram valor econômico e/ou social por
2021 Sahut, Iandoli e Teulon
meio da criação e uso de novas tecnologias digitais.
Novas oportunidades de investimento apresentadas pelas mídias e
2021 Dobrilovic et al. tecnologias da internet, promovendo o uso de IOT, blockchain e inteligência
artificial.
Fonte: elaborado pelos autores (2022).

Neste estudo, o empreendedorismo digital será entendido como a criação de uma


organização que utilize tecnologias digitais a partir de sua concepção, em que este formato se
estende também para a comercialização de produtos ou serviços e para a gestão dos resultados.
Corroborando com Zhao (2021) e Dobrilovic et al. (2021), o empreendedorismo digital pode
ser compreendido como a criação de um negócio que funcione pelos meios digitais, sendo
possibilitado pela existência de plataformas e sistemas autônomos.
O empreendedorismo digital vem crescendo no mundo dos negócios e as organizações
estão adotando novas abordagens para explorar os recursos digitais e aproveitar as
oportunidades que a tecnologia oferece. Para que logrem sucesso, é necessário que as
organizações desenvolvam a análise do empreendedorismo digital, criando uma compreensão
clara de como analisar a tecnologia (BLANK; EUCHNER, 2018).
Um elemento fundamental para analisar o empreendedorismo digital é a capacidade de
as organizações acompanharem as tendências do mercado (DRUCKER, 2018). Desta forma, as
organizações precisam desenvolver estratégias eficazes e investir em tecnologias para melhorar
seus processos de negócios. Ao investir em empreendedorismo digital, as organizações estarão
bem posicionadas para aproveitar os benefícios da era digital.

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Hull et al. (2007) afirmaram que o grau de digitalização das organizações deve ser
observado a partir de: grau de marketing; vendas digitais; natureza digital de seus bens e
serviços; potencial de distribuição digital; interações digitais dentro da cadeia de valor; e
potencial digital de suas atividades internas virtuais. Sussan e Acs (2017) destacaram que é
necessário observar o contexto em que as organizações estão inseridas. Fang e Collier (2017) 632

ressaltaram a importância de observação da base de conhecimento digital e mercado de


tecnologia da informação e conhecimento.
O European Index of Digital Entrepreneurship Systems (EIDES), fornecido pela
Comissão Europeia, mede as condições do ecossistema físico e digital para empreendimentos
e foi destacado nos estudos de Satalkina e Steiner (2020) e Autio e Szerb (2018). Embora o
índice possa ser utilizado para países, não se aplica às organizações, visto as condições
estruturais necessárias para sua observação (PINTO, 2020). Em ambientes cada vez mais
dinâmicos, as capacidades dinâmicas oferecem suporte para que as organizações mantenham
vigilância constante nos mercados e tecnologias para adotar as melhores práticas. A seguir, são
exploradas brevemente as capacidades dinâmicas que serão usadas como lente teórica neste
estudo.

1.2 Capacidades dinâmicas

As capacidades dinâmicas têm sua origem no artigo seminal de Teece, Pisano e Shuen
(1997), que as definiram como a habilidade das organizações em integrar, construir e
reconfigurar competências externas e internas em ambientes de mudança rápida. A Tabela 2
apresenta as definições mais referenciadas que serão utilizadas para nortear este estudo.

Tabela 2 - Definições de capacidades dinâmicas


Ano Autor(es) Definição
Teece, Pisano Habilidade da firma em integrar, construir e reconfigurar competências internamente
1997
e Shuen e externamente, para endereçar ambientes em rápida mudança.
Padrão aprendido e estável de atividade coletiva, por meio dos quais a organização
2002 Zollo e Winter
sistematicamente gera e modifica suas rotinas operacionais em busca de efetividade.
2003 Winter Capacidades para operar, estender, modificar ou criar capacidades comuns.
Andreeva e Capacidades dinâmicas são aquelas que habilitam a organização a renovar suas
2006
Chaika competências-chave conforme ocorrem mudanças no ambiente operacional.
Comportamento orientado a integrar, reconfigurar e recriar seus recursos e
Wang e
2007 capacidades e melhorar e reconstruir as capacidades-chave em resposta às mutações
Ahmed
do ambiente, para atingir e sustentar a vantagem competitiva.
Helfat e Capacidade de uma organização criar, estender ou modificar sua base de recursos
2009
Peteraf propositadamente.
McKelvie e Capacidades dinâmicas desenvolvendo outras capacidades (geração de ideias;
2009
Davidsson rupturas no mercado; desenvolvimento de novos produtos; serviços e processos).

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2007 Capacidade de sentir o contexto do ambiente; aproveitar oportunidades; gerenciar
Teece
2009 ameaças e transformações.
Fonte: elaborado pelos autores (2022).

A partir do levantamento das várias definições de capacidades dinâmicas, é possível


sintetizar a compreensão deste conceito como processos organizacionais que permitem criar, 633

estender, modificar ou reconfigurar as capacidades-chave da organização e sua base de recursos


e competências.
Corroborando com Eisenhardt e Martin (2000), neste estudo adota-se, inicialmente, uma
classificação para capacidades dinâmicas, dividida em três visões, que embasaram a criação de
três macrocategorias. A primeira visão é definida como um conjunto de comportamentos,
habilidades e capacidades organizacionais que, quando combinadas, criam capacidades
dinâmicas na organização. A segunda visão define que capacidades dinâmicas são processos e
rotinas que as organizações devem usar para se adaptar e manter vantagens competitivas. A
integração e articulação dos comportamentos e habilidades e das rotinas e processos gera a
terceira visão, os mecanismos de aprendizagem e governança do conhecimento das capacidades
dinâmicas, como inovação, geração de novas ideias e dinamismo do ambiente (EL SAWY et
al., 2010; EISENHARDT; MARTIN, 2000; TEECE, 2009).
O estudo de Sher e Lee (2004) destaca a importância das TICs para o desenvolvimento
das capacidades dinâmicas, buscando o entendimento de como a capacidade de uma empresa
de usar estrategicamente uma ampla gama de tecnologias para fins comerciais. O estudo de
Parida, Oghazi e Cedergren (2016) corrobora com este entendimento, destacando que o
conhecimento em tecnologia eleva as capacidades dinâmicas de uma organização. Shafia et al.
(2016) reforçam esse entendimento enfatizando a tecnologia e a inovação como fontes de
geração de capacidades dinâmicas e embasaram a criação de uma quarta macrocategoria.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo foi realizado por meio da revisão integrativa da literatura, que busca fornecer
informações mais abrangentes sobre um tema e é apropriada para temas emergentes (SNYDER,
2019). Este tipo de pesquisa permite a utilização de documentos científicos que fazem uso de
metodologias diversas, não limitando a busca apenas às revisões sistemáticas da literatura
(CRONIN; GEORGE, 2023). A revisão integrativa emprega técnicas de síntese de
conhecimento: reúne e avalia estudos; revisões sistemáticas; descreve o panorama da pesquisa
sobre um tópico, realiza revisão narrativa; avalia as conclusões do estudo em relação a

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construtos específicos, metanálise; e determina implicações para como e por que um tópico
deve ser estudado (CRONIN; GEORGE, 2023).
Este método de pesquisa não apenas aponta novas paisagens para os pesquisadores, mas
permite que eles vejam as existentes de uma perspectiva diferente (WHITTEMORE; KNAFL,
2005). O método contribui para identificar lacunas, deficiências e tendências nas evidências 634

atuais e pode ajudar a sustentar e informar pesquisas futuras na área, se caracterizando por
serem abrangentes e replicáveis (TORONTO; REMINGTON, 2020). Neste estudo, foi adotado
o protocolo proposto por Hopia, Latvala e Liimatainen (2016), que consiste em: identificação
de um problema; pesquisa bibliográfica abrangente; avaliação dos dados, com foco na
qualidade e valor informativo; e análise de dados e resultado.
De acordo com Griva et al. (2023), as métricas de análise de empreendedorismo digital
não estão facilmente disponíveis na literatura. Os pesquisadores se concentraram em estudar
outros resultados relacionados com esse contexto, como recursos e capacidades como medidas
de crescimento de novos empreendimentos. Diante disso, esta pesquisa busca contribuir para o
entendimento dos elementos de análise do empreendedorismo digital.

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Esta seção apresenta o resultado da revisão integrativa da literatura. Ela é constituída de


duas partes: a primeira traz uma análise sobre as características gerais dos documentos
encontrados na literatura, a partir das strings de busca; a segunda, apresenta a análise do
conteúdo desses documentos sob a ótica das capacidades dinâmicas.

3.1 Características gerais dos documentos encontrados na literatura

Inicialmente buscou-se identificar na literatura a existência de documentos que


elucidassem elementos de análise do empreendedorismo digital. As buscas foram realizadas
nas bases de dados Web of Science e Scopus, no mês de março de 2022, com o termo “digital
entrepren*” (em referência a “digital entrepreneurship”), em conjunto com “framework”,
“measur*” (em referência a “measure”) e “scale”. Por se tratar de um tema emergente na
literatura, definiu-se a utilização de artigos publicados em periódicos e de documentos oriundos
de conferências, ambos relacionados aos temas gestão, estratégia, economia, administração,
negócios e correlatos, visto a confiabilidade gerada pela revisão por pares (PODSAKOFF et

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al., 2005). A Tabela 3 apresenta os resultados da busca nas bases de dados e a exclusão dos
artigos até a composição da amostra final.

Tabela 3 - Resultado das buscas realizadas nas bases científicas para composição da amostra
Resultados
Etapa WoS Scopus 635
Total de documentos com os termos “digital entrepren*” e “framework” 45 75
Seleção de artigos e documentos de conferências 44 68
Excluindo os duplicados entre as duas bases (32 documentos) 80
Total de documentos com os termos “digital entrepren*” e “measur*” 14 20
Seleção de artigos e documentos de conferências 13 18
Excluindo os duplicados entre as duas bases (11 documentos) 20
Total de documentos com os termos “digital entrepren*” e “scale” 12 20
Seleção de artigos e documentos de conferências 10 19
Excluindo os duplicados entre as duas bases (8 documentos) 21
Soma dos resultados das três buscas 121
Documentos que se repetiram entre os termos de busca -9
Amostra final antes da leitura dos resumos 112
Documentos excluídos por não apresentarem relação com o objetivo da -17
pesquisa
Documentos cujos textos na íntegra não foi possível acessar -8
Documento escrito em árabe (que não foi possível a tradução) -1
Documento relacionado ao estudo localizado nos repositórios científicos 4
Amostra final para realização do estudo 90
Fonte: elaborado pelos autores (2022).

Ao chegar ao final dos 90 documentos, foi realizada uma primeira rodada de leitura e
os documentos foram separados de acordo com o contexto, ou temas, que apresentaram. Nessa
rodada, em nenhum dos documentos analisados foi identificado quais elementos devem ser
observados para a análise do empreendedorismo digital, nem a inexistência de um instrumento
para essa análise. Após a primeira leitura, realizou-se também uma caracterização geral dos
documentos, em que se identificou que os 90 documentos que compuseram a amostra foram
publicados entre os anos de 2007 e 2021. O número de publicações entre 2019 e 2021 demonstra
o crescente interesse no campo. Do total de documentos, 71 foram artigos oriundos de
publicações em periódicos científicos (78,89%) e 19 foram publicados em conferências
(21,11%). Optou-se por incluir os documentos oriundos de conferências, visto se tratar de um
tema emergente, em que é comum que antes de serem publicados em periódicos, os trabalhos
sejam discutidos em conferências e publicados em anais de eventos. O número de artigos por
ano e os journals com pelo menos duas publicações na amostra são apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 - Distribuição das publicações da amostra ao longo dos anos e principais journals
Ano Quantidade de Journals que se destacaram na amostra Quantidade de
publicações publicações
2007 1 Technological Forecasting and Social Change 6

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2010 1 Small Business Economics e Sustainability 4
2011 1 International Journal of Entrepreneurial Behavior & 3
Research
2016 1 Creativity and Innovation Management 2
2017 5 International Entrepreneurship and Management Journal 2
2018 9 International Journal of Entrepreneurship 2
2019 22 International Journal of Information and Education 2
Technology 636
2020 22 Journal of Business Research 2
2021 28
Total 90

Fonte: elaborado pelos autores (2022).

Em relação aos métodos de pesquisa utilizados nas publicações, destaca-se a


predominância do método qualitativo, com 62 estudos (68,89%), seguido do quantitativo, com
20 estudos (22,22%) e o método misto, com oito estudos (8,89%). Identificou-se, também, que
do total da amostra, 62 documentos (68,89%) apresentaram estudos empíricos e 28 (31,11%)
estudos teóricos.
Em uma segunda rodada de leitura, iniciou-se uma busca por elementos que pudessem
ser utilizados para analisar o empreendedorismo digital nas organizações, resultando em 62
elementos, demarcados nos textos de forma não excludente. Uma terceira rodada de leitura foi
realizada para a confirmação dos elementos identificados, possibilitando a percepção de que
seis deles ocorreram em apenas um documento da amostra, em que optou-se por desconsiderá-
los, mantendo na amostra elementos identificados em pelo menos dois documentos. Por fim,
foi feita a codificação dos elementos no software Atlas.Ti, que resultou em 56 elementos
relacionados a empreendedorismo digital que poderiam orientar a análise nas organizações.
A partir da identificação dos elementos de análise do empreendedorismo digital e no
intuito de analisá-los sob a ótica das capacidades dinâmicas, foi realizada uma nova pesquisa
nos mesmos repositórios científicos com os termos “digital entrepren*” em conjunto com
“dynamic capabil*”, em abril de 2022. Na Web of Science, essa pesquisa resultou em 13
documentos e na Scopus em 12 documentos. Após a exclusão dos sete documentos que se
repetiram nas bases e de dois documentos que não se relacionam com o contexto pesquisado, a
amostra resultante da intersecção de empreendedorismo digital com capacidades dinâmicas,
totalizou 16 documentos. Em relação aos métodos de pesquisa utilizados nesses artigos,
predomina o método qualitativo (13 estudos, 81,25%), seguido do quantitativo (3 estudos,
18,75%). Identificou-se que 9 artigos (56,25%) apresentaram estudos empíricos e 7 (43,75%),
estudos teóricos. A Tabela 5 apresenta os resultados da busca e a evolução para chegar à amostra
final.

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Tabela 5 - Resultado das buscas realizadas nas bases científicas para conexão entre
empreendedorismo digital e capacidades dinâmicas
Resultados
Etapa WoS Scopus
Total de documentos com os termos “digital entrepren*” e “framework” 13 12
Excluindo os duplicados entre as duas bases (32 documentos) 25 637
Excluindo os duplicados entre as duas bases -7
Amostra final antes da leitura dos resumos 18
Documentos excluídos por não apresentarem relação com o objetivo da -2
pesquisa
Amostra final para realização do estudo 16
Fonte: elaborado pelos autores (2022).

Os 16 documentos que compuseram essa segunda amostra foram publicados entre os


anos de 2002 e 2021, apenas em periódicos científicos. A Tabela 6 apresenta o número de
artigos por ano e os journals com pelo menos duas publicações.

Tabela 6 - Distribuição das publicações que conectam empreendedorismo digital e


capacidades dinâmicas ao longo dos anos e journals em que foram publicadas
Ano Quantidade de Journals em que os artigos foram publicados Quantidade de
publicações publicações
2002 2 Information Systems Research 4
2003 1 Journal of Business Research 3
2006 1 Journal of Strategic Information Systems 2
2010 2 International Marketing Review 1
2018 2 Journal of Entrepreneurship in Emerging Economies 1
2019 3 Long Range Planning 1
2020 1 Management Information Systems Research Center 1
2021 1 Organization Science 1
2022 3
Total 16
Fonte: elaborado pelos autores (2022).

A análise desses 16 documentos resultantes da busca da conexão entre


empreendedorismo digital e capacidades dinâmicas permitiu a identificação de 12 temas
principais que os conectam, que são denominados, nesta pesquisa, de categorias. A análise das
categorias encontradas na literatura permitiu o entendimento de que os 56 elementos
encontrados na amostra inicial do estudo, 90 documentos, eram abordados dentro dessas 12
categorias mencionadas. Em uma segunda rodada de leitura dos textos, passou-se a dividir os
elementos de acordo com as categorias a que correspondiam, conforme foram identificados.
Uma nova rodada de leitura foi feita para a confirmação da divisão dos elementos.
Ao analisar as 12 categorias encontradas na literatura, foi possível perceber que oito
dessas categorias se embasavam no entendimento apresentado no artigo seminal de Eisenhardt

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e Martin (2000), que dividiu as capacidades dinâmicas em “rotinas e processos”,
“comportamentos e habilidades” e “mecanismos de aprendizagem e governança do
conhecimento”, que constituíram três macrocategorias deste estudo. Observou-se que apenas
quatro das 12 categorias não se enquadravam nessas três macrocategorias, estando as quatro
relacionadas com a tecnologia. Para contemplá-las foi criada uma quarta macrocategoria, com 638

base no estudo seminal de Teece e Pisano (2003), corroborado pelos estudos de Sher e Lee
(2004) e Shafia et al. (2016), denominada “influências da tecnologia”. O estudo de Parida,
Oghazi e Cedergren (2016) confirma a importância da tecnologia no contexto das capacidades
dinâmicas e também para a evolução das organizações.

3.2 Elementos de análise do empreendedorismo digital sob a ótica das capacidades


dinâmicas

A codificação dos documentos linha a linha foi realizada a partir da observação dos
termos relacionados com o empreendedorismo digital que mais se destacaram nos documentos,
totalizando a geração de 56 elementos de forma não excludente, sendo mantidos aqueles que
ocorreram em pelo menos dois documentos da amostra. Conforme descrito na seção de
procedimentos metodológicos, os elementos foram agrupados em categorias e macrocategorias.
A Tabela 7, a seguir, apresenta um quadro de referência para análise do empreendedorismo
digital, contendo: os elementos gerados a partir da codificação, e suas respectivas quantidades
de ocorrências nos documentos, com alguns estudos que os abordam no contexto do
empreendedorismo digital, a título de exemplo; as categorias, embasadas na literatura,
identificadas em itálico; e as macrocategorias, identificadas em negrito na linha de cor cinza
escuro.

Tabela 7 - Elementos de análise do empreendedorismo digital: macrocategorias, categorias e


elementos identificados na literatura
Influências da tecnologia 5093
Importância do uso de plataformas (HELFAT; RAUBITSCHEK, 2018) 1860
Clientes/Usuários (JAILANI et al. 2020; BICAN; BREM, 2020) 750
Plataformas digitais (SRINIVASAN; VENKATRAMAN, 2018; SUSSAN; ACS, 2017) 694
TICs (SAMBAMURTHY; BHARADWAJ; GROVER, 2003; LADEIRA et al., 2019; GUPTA;
416
BOSE, 2019)
Desenvolvimento de organizações digitais (DONG, 2019; PIGOLA et al., 2022) 1511
Modelos de negócios digitais (TEECE, 2007) 614
Produtos e serviços digitais (CHANIN et al., 2018; HE, 2019) 339
Mudanças digitais (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; BALOCCO et al., 2019) 287
Negócios digitais (SRINIVASAN; VENKATRAMAN, 2018; BICAN; BREM, 2020) 271
Mudanças no ambiente organizacional (PAVLO; SAWY, 2010) 1221

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Tecnologias digitais (NOSOVA et al., 2021; BICAN; BREM, 2020) 896
Ecossistema empreendedor (ELIA; MARGHERITA; PASSIANTE, 2020; MCADAM; CROWLEY;
92
HARRISON, 2019)
Armazenamento em nuvem (ALGHATAM, 2019; HE, 2019; GUSTAVSSON; LJUNGBERG, 2018) 75
Governança digital (GORELOVA et al., 2021; MAFIMISEBI; OGUNSADE, 2021) 73
Leis e regulamentos (influências)(SONG, 2019; K. KRAUS; KRAUS; SHTEPA, 2021) 64
Escassez de recursos (NOSOVA et al., 2021; PROKSCH et al., 2021) 21
Organizações mais ágeis (SAMBAMURTHY et al., 2003) 501 639
Uso da internet (importância) (SAMBAMURTHY; BHARADWAJ; GROVER, 2003) 248
Aspectos geográficos (MULLIGAN; KELLY, 2021; PASSARO et al.,2020) 106
Sistemas operacionais (RECKER; VON BRIEL, 2019; GUSTAVSSON; LJUNGBERG, 2018) 105
Aspectos relacionados a tempo (PAVLOU; SAWY, 2010; ARVIDSSON; MØNSTED, 2018) 42
Rotinas e processos 4015
Inovação organizacional (WHEELER, 2002) 1708
Inovação (NGOASONG, 2018; BICAN; BREM, 2020) 837
Novos negócios (BALOCCO et al., 2019; GRIVA et al., 2023) 373
Estratégias digitais (STANDING; MATTSSON, 2018; FANG; COLLIER, 2017) 351
Novas tecnologias (SRINIVASAN; VENKATRAMAN, 2018; MUAFI et al., 2021) 147
Negócios possibilitados pelas redes (ZAHRA; GEORGE, 2002) 1583
Digitalização de negócios (BICAN; BREM, 2020; ZHAO, 2021; LADEIRA et al., 2019) 486
Redes virtuais (K. KRAUS; KRAUS; SHTEPA, 2021; HANSEN, 2020) 345
Mídias digitais (VADANA et el., 2020) 239
Infraestrutura digital (SUSSAN; ACS, 2017; GUPTA; BOSE, 2019; LEONG; TAN; FAISAL, 2022) 216
Economia digital (HANNA, 2020; LEBEDEVA, 2019; LE DINH; VU; AYAYI, 2018; FANG;
179
COLLIER, 2017)
Inteligência artificial (FOSSEN; SORGNER, 2021; ŠVARC, 2022; LI; YAO, 2021) 59
Realidade virtual (K. KRAUS; KRAUS; SHTEPA, 2021; POPKOVA; INSHAKOVA; SERGI, 2021) 34
IOT (BERTOLA; MORTATI; TAVERNA, 2019) 25
Impactos positivos/melhorias dos sistemas de desempenho das organizações propiciados pela
724
digitalização (GILBERT, 2006; YEOW et al., 2018; WANG, 2020)
Oportunidades de digitalização (ZHAO, 2021; STANDING; MATTSSON, 2018) 643
Redução de custos (CUBUKCU; GULSECEN, 2019; SONG, 2019; ELIA; MARGUERITA;
69
PASSIANTE, 2020)
Desempenho (ZHAO, 2021; UTOMO; BUDIASTUTI, 2019; NGOASONG, 2018) 12
Comportamentos e habilidades 2215
Mudanças de comportamento na sociedade geradas pelas tecnologias digitais (Vial, 2019) 1143
Startups digitais (GHEZZI, 2019; GRIVA et al., 2023; ZAHEER et al., 2019) 620
Crowdfunding (RICHTER et al., 2017) 145
Compartilhamento (JHA et al., 2022; KRAUS et al., 2018) 112
Formação de clusters de negócios digitais (SUSSAN; ACS, 2017; NGOASONG, 2018) 105
Comportamento empreendedor (WILK et al., 2021; GHEZZI, 2019) 92
Incubadoras de negócios digitais (DEVLIN; COAFFEE, 2021; MAFIMISEBI; OGUNSADE, 2021) 44
Cidadania do usuário digital (SONG, 2019; ELIA; MARGHERITA; PASSIANTE., 2020; SUSSAN;
25
ACS, 2017)
Comportamento dos negócios digitais em ambientes turbulentos (EL SAWY et al., 2010) 825
Ecossistema digital (SAHUT; IANDOLI; TEULON., 2021; ALGHATAM, 2019; GHEZZI &
351
CAVALLO, 2020)
Habilidades digitais (DOBRILOVIC et al., 2021; NGOASONG, 2018; ZHAO, 2021) 276
Incidência de riscos (LUO; CHAN, 2021; LEBEDEVA, 2019; LIU; BELL, 2019) 178
Competitividade (UTOMO; BUDIASTUTI, 2019; BELIAEVA et al., 2020) 20
Mudanças de comportamento nos negócios geradas pelas tecnologias digitais (WARNER &
247
WÄGER, 2019; MALIK et al., 2022)
Venture capital (CAVALLO et al., 2019) 82
Estrutura otimizada para negócios digitais (GHEZZI, 2019; BALOCCO et al., 2019; LIU; BELL,
65
2019)
Atividades empreendedoras digitais (ZHAO, 2021; KRAUS et al., 2018) 60
Coworking (LUO; CHAN, 2021; ZAHEER et al., 2019; PASSARO et al., 2020) 27
Exclusão digital (HAEFNER; STERNBERG, 2020; DEVLIN; COAFFEE, 2021; HE, 2019) 7

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Engajamento digital (ANTONOPOULOU; BEGKOS, 2020) 6
Mecanismos de aprendizagem e governança do conhecimento 915
Transição da economia baseada em produto para a economia baseada em conhecimento
391
(CUTHBERTSON; FURSETH, 2022)
Transformação digital (HANNA, 2020; NOSOVA et al., 2021; SATALKINA; STEINER, 2020) 337
Indústria 4.0 (K. KRAUS; KRAUS; MANZHURA, 2021; MUAFI et al., 2021; POPKOVA;
54
INSHAKOVA; SERGI, 2021)
Criação de valor nas organizações (JAFARI-SADEGHI, et al., 2021) 524 640
Capital Humano (FOSSEN; SORGNER, 2021; MUAFI et al., 2021; HANNA, 2020) 272
Competências digitais (THANACHAWENGSAKUL, 2020; OLSSON; BERNHARD, 2021) 137
Vantagens competitivas (BERTOLA; MORTATI; TAVERNA., 2019; K. KRAUS; KRAUS;
62
SHTEPA, 2021)
Efetuação/Bricolagem (GHEZZI, 2019; KHANAL et al., 2021) 34
Capacidades Dinâmicas (EISENHARDT; MARTIN, 2000; HELFAT; PETERAF, 2009) 19
Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados extraídos do software Atlas.Ti (2022).

A seguir são exploradas as macrocategorias abordadas na Tabela 7, destacadas em cinza


escuro, assim como as categorias destacadas em cinza claro, que serão apresentadas em negrito
e itálico e seus respectivos elementos de análise do empreendedorismo digital.

3.2.1 Macrocategoria 1: influências da tecnologia

A macrocategoria com maior quantidade de ocorrências foi a de influências da


tecnologia, originada a partir de Bican e Brem (2020) e Sussan e Acs (2017), permitindo a
compreensão de que a tecnologia tem impacto direto nos elementos de análise do
empreendedorismo digital. Essa macrocategoria está organizada em quatro categorias:
importância do uso de plataformas, desenvolvimento de organizações digitais, mudanças no
ambiente organizacional e organizações mais ágeis.
A categoria de maior destaque nessa macrocategoria foi a de importância do uso de
plataformas, evidenciando sua relevância para o desenvolvimento do empreendedorismo
digital. Por meio das plataformas, as organizações podem utilizar as capacidades dinâmicas
para criar e capturar valor (HELFAT; RAUBITSCHECK, 2018). Os elementos identificados
nessa categoria foram: clientes/usuários que operam em meios digitais nas organizações;
plataformas digitais; e tecnologias da informação e comunicação (TICs).
A categoria de desenvolvimento de organizações digitais apresenta relação direta com
a análise do empreendedorismo digital e com as capacidades dinâmicas, no sentido de
aproveitar as oportunidades por meio de investimento e desenvolvimento de modelos de
negócios. Entender as capacidades dinâmicas permite que as organizações possam aproveitar
as oportunidades para reconfigurar seus modelos de negócios (PIGOLA et al., 2022) e acelerar

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o desenvolvimento dos negócios. Estão nesta categoria os elementos: modelos de negócios
digitais; produtos e serviços digitais; mudanças digitais; e negócios digitais.
Na sequência, identificou-se a categoria de mudanças no ambiente organizacional,
composta pelos elementos que estão relacionados às alterações ocorridas nas organizações sob
a ótica das capacidades dinâmicas: tecnologias digitais; ecossistema empreendedor; 641

armazenamento em nuvem; governança digital; leis e regulamentos, influências; e escassez de


recursos. A conjunção desses elementos possibilita que as organizações se adequem
constantemente, integrando segurança, agilidade, condições do ambiente em que estiver
inserida e redução de custos, diferencial competitivo (PAVLOU; SAWY, 2010).
Na categoria de organizações mais ágeis, Sambamurthy, Bharadwaj e Grover (2003)
destacaram a importância das TICs na formação de suas estratégias de negócios. Ainda que
nem todos os empreendedores digitais consigam alcançar sucesso em seus negócios, o acesso
à internet é de fundamental importância para que se possam criar estratégias digitais, visto que
é por meio da internet que se tem a percepção de agilidade e inovação contínua. Nesta categoria,
foram identificados os elementos: uso da internet, importância; aspectos geográficos; sistemas
operacionais; e aspectos relacionados a tempo.

3.2.2 Macrocategoria 2: rotinas e processos

A segunda macrocategoria com a maior quantidade de ocorrências foi a de rotinas e


processos, embasada em Eisenhardt e Martin (2000), e que são cada vez mais desenvolvidos e
modernizados por tecnologias digitais (WHEELER, 2002). Os processos e rotinas que se
desenvolvem no empreendedorismo digital são facilitados pelo uso das redes, permitindo um
ritmo acelerado de negócios. Esta macrocategoria está organizada em três categorias: inovação
empresarial; negócios possibilitados pelas redes; e impactos positivos/melhorias dos sistemas
de desempenho das organizações propiciados pela digitalização.
A remodelação das organizações com o uso da tecnologia ou prática dos negócios
originou a categoria de inovação organizacional, que pode ser entendida como a realização de
novas combinações de componentes digitais e físicos para produzir novos produtos, estando no
centro da tecnologia digital e dos modelos de negócios digitais (BICAN; BREM, 2020). Nessa
categoria, foram evidenciados os elementos: inovação; novos negócios; estratégias digitais; e
novas tecnologias.
A categoria de negócios possibilitados pelas redes apresenta a importância da interação
entre estratégia, sistemas de informação e empreendedorismo, possibilitando a geração de
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capacidades dinâmicas que permitem às empresas obter vantagens em seus negócios (ZAHRA;
GEORGE, 2002). Os negócios habilitados para a rede se tornam mais ágeis e capazes de
competir em mercados dinâmicos do que aqueles que permanecem operando em moldes
tradicionais, com pouco ou nenhum uso de tecnologia. Nessa categoria, emergiram os
elementos: digitalização de negócios; redes virtuais; mídias digitais; infraestrutura digital; 642

economia digital; inteligência artificial; realidade virtual; e Internet of the Things (IOT).
Na categoria de impactos positivos/melhorias dos sistemas de desempenho das
organizações propiciados pela digitalização, é analisado como as organizações reagem à
digitalização dos negócios, que pode ocorrer de forma contínua ou descontínua (GILBERT,
2006). À medida que uma organização muda sua estratégia para digital, podem ocorrer
desalinhamentos entre estratégias e recursos, sendo o realinhamento ainda mais desafiador
diante das grandes mudanças pelas quais as organizações passam (YEOW; SOH; HANSEN,
2018). Nessa categoria emergiram os elementos: oportunidades de digitalização de processos;
rotinas e produtos; redução de custos; e desempenho.

3.2.3 Macrocategoria 3: comportamentos e habilidades

A terceira macrocategoria em quantidade de ocorrências foi descrita por Eisenhardt e


Martin (2000) como conjunto de comportamentos, habilidades e capacidades organizacionais
que, combinadas, criam capacidades dinâmicas nas organizações. Esse entendimento é
corroborado por Sahut, Iandoli e Teulon. (2021) que descrevem que o fenômeno abrange novos
empreendimentos e a transformação de negócios existentes, gerando valor econômico e/ou
social. Ambos estão embasados no contexto de geração de valor a partir da combinação de
elementos e recursos. Esta macrocategoria está organizada em três categorias: mudanças de
comportamento na sociedade geradas pelas tecnologias digitais; comportamento dos negócios
digitais em ambientes turbulentos; e mudanças de comportamento nos negócios geradas pelas
tecnologias digitais.
A categoria de mudanças de comportamento na sociedade geradas pelas tecnologias
digitais, apresentada por Vial (2019), descreve um processo em que as tecnologias digitais
impactam processos tradicionais, desencadeando respostas de organizações que buscam criar
valor. À medida que as tecnologias digitais proporcionam mais informação, comunicação e
conectividade, possibilitam novas formas de colaboração entre redes. Identificou-se, nesta
categoria, os elementos: startups digitais; crowdfunding; compartilhamento; formação de

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clusters de negócios digitais; comportamento empreendedor; incubadoras de negócios digitais;
e cidadania do usuário digital.
Na categoria de comportamento dos negócios digitais em ambientes turbulentos, estuda-
se principalmente o desenvolvimento de capacidades dinâmicas para planejar e configurar
capacidades operacionais, o que nem sempre é possível em ambientes turbulentos (PAVLOU; 643

SAWY, 2010). Contrariando o planejamento das capacidades dinâmicas, a possibilidade de


improvisação é proposta com o intuito de se tornar uma possibilidade em ambientes turbulentos.
Nessa categoria emergiram os elementos: ecossistema digital; habilidades digitais; incidência
de riscos; e competitividade.
A categoria mudanças de comportamento nos negócios geradas pelas tecnologias
digitais pode ser observada sob a perspectiva de novas tecnologias digitais, permitindo
melhorias e novos modelos de negócios. Essas tecnologias estão mudando a natureza dos
recursos, construindo capacidades dinâmicas (WARNER; WAGER, 2019). Essas capacidades
podem ser alavancadas por aspectos culturais, sociais e baseadas em valores identificados nos
elementos: venture capital; estrutura otimizada para negócios digitais; atividades
empreendedoras digitais; coworking; exclusão digital; e engajamento digital.

3.2.4 Macrocategoria 4: mecanismos de aprendizagem e governança do conhecimento

A quarta e última macrocategoria identificada tem seu embasamento em Eisenhardt e


Martin (2000). A repetição de práticas é um importante mecanismo de aprendizagem, pois ajuda
as pessoas a entenderem processos de forma mais completa e eficaz. Essa macrocategoria está
organizada em duas categorias: transição da economia baseada em produto para a economia
baseada em conhecimento (CUTHBERTSON; FURSETH, 2022); e criação de valor nas
organizações (JAFARI-SADEGHI et al., 2021).
A categoria transição da economia baseada em produto para a economia baseada em
conhecimento destaca o impulso para a popularização da visão baseada no conhecimento de
recursos como uma estrutura, a fim de obter desempenho e vantagens competitivas. Um dos
fenômenos dessa transição é o processo de digitalização, que resultou no crescimento dos
serviços digitais (CUTHBERTSON; FURSETH, 2022). Nessa categoria emergiram os
elementos: transformação digital; e indústria 4.0.
A categoria criação de valor nas organizações refere-se aos efeitos da transformação
digital na criação de valor, fundamentais para o desenvolvimento sob a égide das capacidades
dinâmicas. A transformação digital pode gerar efeitos na criação de valor através do estudo do
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empreendedorismo digital, visto que fazem parte das capacidades dinâmicas (JAFARI-
SADEGHI et al., 2021). Os elementos identificados nessa categoria são: capital humano;
competências digitais; vantagens competitivas; efetuação/bricolagem; e capacidades
dinâmicas.
Como pode ser observado, existem diversas ligações entre o empreendedorismo digital 644

e as capacidades dinâmicas, embora seja um contexto pouco estudado. As organizações


precisam entender os elementos de análise do empreendedorismo digital e tirar proveito dele,
equipando o empreendedorismo digital com um conjunto de capacidades dinâmicas que
impulsionem suas tentativas de criação de domínio de mercado e sustentação dessa posição.

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E PROPOSIÇÃO DE UM FRAMEWORK PARA


ANÁLISE DO EMPREENDEDORISMO DIGITAL

O resultado gerado a partir dos documentos pesquisados e sua divisão em


macrocategorias e categorias de elementos permitiu uma visão integrada dos elementos de
análise do empreendedorismo digital, anteriormente apresentados na Tabela 7. A compreensão
a respeito pode aumentar a probabilidade de uma organização prosperar no contexto digital.
Com o intuito de ampliar essa compreensão, foram observados, de forma complementar, os
temas principais abordados na literatura pesquisada, relacionando-os com as categorias de
elementos, permitindo a geração da Tabela 8.

Tabela 8 - Temas de empreendedorismo digital relacionados com as categorias de elementos


organizacional
Categorias de códigos

digitais

digitalização

digitais

digitais
sociedade geradas pelas tecnologias

Mudanças no ambiente
sistemas de desempenho das

Organizações mais ágeis

em conhecimento
Comportamento dos negócios
digitais em ambientes turbulentos

Desenvolvimento de organizações

Impacto positivo/melhorias dos

Inovação empresarial

Mudanças de comportamento nos


Criação de valor nas organizações

Importância do uso de plataformas

negócios geradas pelas tecnologias


organizações propiciados pela

Mudanças de comportamento na

Transição da economia baseada em


Negócios possibilitados pelas redes

produto para a economia baseada

TOTAL

Principais
temas de
documentos
Abordagens de
empreendedorismo 71 42 87 53 78 74 52 30 111 115 53 17 783
Compartilhamento 11 15 115 52 148 66 168 3 36 55 32 30 731
Competências
digitais 112 134 129 89 150 121 87 4 139 146 64 83 1258
Digitalização 3 9 43 5 37 53 1 0 20 80 15 3 269

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Economia digital 26 9 37 25 33 62 0 1 31 59 10 32 325
Ecossistema digital 296 73 214 142 338 267 239 34 285 272 111 44 2315
Estratégias Digitais 2 6 15 26 21 54 1 1 12 5 2 0 145
Indústria 4.0 14 5 8 1 6 50 52 0 16 42 9 22 225
Inovação do modelo
de negócios 33 13 191 61 137 198 50 29 109 49 44 22 936
Mídias sociais 7 7 10 14 21 16 4 0 28 41 9 1 158 645
Perspectivas de
mensuração 27 17 61 29 48 54 20 10 32 52 19 21 390
Plataformas digitais 39 10 65 29 175 66 47 10 54 122 20 5 642
Startups 39 59 113 49 95 105 215 32 37 26 9 7 786
Tecnologias digitais 13 10 33 47 40 40 26 12 51 37 8 12 329
Transformação
digital 60 71 108 73 101 129 38 12 131 146 47 79 995
Venture Capital 18 4 16 9 36 37 38 63 24 23 11 2 281
TOTAL 771 484 1245 704 1464 1392 1038 241 1116 1270 463 380
Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados extraídos do software Atlas.Ti (2022).

De acordo com a observação da Tabela 8, as células que se apresentam em tonalidade


mais escura representam maior quantidade de ocorrências, o que torna evidente a importância
dos ecossistemas digitais. Em especial, pode-se destacar quando relacionado com o uso de
plataformas digitais, do comportamento dos negócios digitais em ambientes turbulentos, das
mudanças no ambiente organizacional, dos negócios possibilitados pelas redes, da inovação
empresarial, das mudanças de comportamento na sociedade geradas pelas tecnologias digitais
e do desenvolvimento de organizações digitais. Os temas de competências digitais,
transformação digital e inovação do modelo de negócios também se destacaram entre os mais
relevantes no estudo.
Com o objetivo de gerar uma análise mais aprofundada do contexto estudado, foi feita
a coocorrência dos 56 elementos identificados no estudo. Atenção especial foi dada aos que
coocorreram com o empreendedorismo digital por mais de cem vezes: tecnologias digitais (295
coocorrências) e inovação (237), conforme preconizado nos estudos de Zahra e George (2002);
oportunidades de digitalização (219), destacadas no estudo de Wheeler (2002); plataformas
digitais (174), destacados por Teece (2018) e Helfat e Raubitschek (2018); startups (144) e
modelos de negócios digitais (136), abordados nos estudos de Dong (2019), Pigola et al. (2022)
e Vial (2019); clientes/usuários (131), que foram abordados na pesquisa de Wang (2020);
ecossistema digital (124), abordado por El Sawy et al. (2010); digitalização dos negócios (121),
estudada por Yeow, Soh e Hansen (2018); TICs (118), destacadas por Sambamurthy,
Bharadwaj e Grover (2003); e produtos e serviços digitais (100), foco do estudo de Gilbert
(2006). Visando gerar maior confiabilidade sobre a importância dos elementos que coocorreram

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por mais vezes, foi elaborada a Tabela 9, que os relaciona com os temas principais de
documentos resultantes desta pesquisa.

Tabela 9 - Principais temas de documentos encontrados na literatura relacionados com as


maiores quantidades de coocorrências de elementos (acima de cem vezes)
646

Códigos com maiores quantidades de


coocorrências (acima de 100 vezes)

TOTAL
Clientes Usuários
Digitalização dos

serviços digitais
de digitalização
Oportunidades

Plataformas
Ecossistema

Tecnologias
Produtos e
Inovação
negócios

digitais

digitais
digital

TICs
Pricipais temas abordados na
literatura
Abordagens de empreendedorismo 29 46 10 26 53 34 20 31 98 347
Compartilhamento 58 20 3 29 49 118 17 13 33 340
Competências Digitais 47 86 6 67 84 62 18 70 120 560
Digitalização 16 74 0 9 5 9 28 22 17 180
Economia Digital 10 15 11 49 19 18 12 9 26 169
Ecossistema Digital 170 66 239 196 127 147 93 109 173 1320
Estratégias Digitais 20 2 1 47 25 3 12 1 12 123
Indústria 4.0 1 9 0 45 1 5 1 0 12 74
Inovação do modelo de negócios 76 19 1 117 55 29 36 53 90 476
Mídias sociais 10 5 2 6 12 10 4 6 28 83
Perspectivas de mensuração 29 29 18 28 27 22 26 12 28 219
Plataformas Digitais 86 6 18 30 28 136 13 7 43 367
Startups 82 6 12 69 40 14 32 6 31 292
Tecnologias Digitais 9 13 6 19 47 32 10 1 45 182
Transformação Digital 22 81 19 91 65 44 13 51 118 504
Venture Capital 8 9 5 9 6 11 4 25 22 99
TOTAL 673 486 351 837 643 694 339 416 896
Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados extraídos do software Atlas.Ti (2022).

Como se observa na Tabela 9, o tema que se destacou, quando relacionado com os


elementos, foi o “ecossistema digital”, que emergiu da literatura como um tema principal e
também como um elemento, demonstrando a essencialidade da existência de um “aparato” para
que o empreendedorismo digital se desenvolva e possa ser observado sob a ótica das
capacidades dinâmicas. Dentro do ecossistema digital, se observa elementos que se destacaram,
como as “tecnologias digitais”, que são essenciais para o desenvolvimento do
empreendedorismo digital; “a inovação”, que está constantemente presente nesse tipo de
empreendedorismo; e as “plataformas digitais”, que possibilitam sua operacionalização.
Também se destacam os “clientes/usuários”, que contribuem cada vez mais com dados para a
construção de redes mais assertivas; e as “oportunidades de digitalização”, relacionadas
diretamente com a obtenção ou geração de conhecimento.

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Tomando como base as tabelas apresentadas e o embasamento teórico dos elementos
identificados na literatura, construiu-se um framework, Figura 1, com os elementos de análise
do empreendedorismo digital, sinalizando em vermelho os elementos que apresentaram maior
coocorrência com o empreendedorismo digital e em azul os que se destacaram quando
relacionados com os temas principais. Como o empreendedorismo digital é um contexto novo, 647

buscou-se desenvolver uma forma para analisar seus elementos com o intuito de contribuir para
a teoria e para a prática das organizações. As categorias apresentadas estão relacionadas às
capacidades dinâmicas das organizações em incorporar conhecimento, processos e rotinas, que
permitirão seu contínuo desenvolvimento (ANIM-YEBOAH et al., 2020).
Assim, para que as organizações possam avançar no contexto do empreendedorismo
digital, propõe-se que considerem os elementos, categorias e macrocategorias apresentados no
framework, Figura 1, como direcionadores de suas ações de desenvolvimento. Atenção especial
deve ser dada aos elementos destacados em vermelho e em azul, visto que, por terem se
destacado na literatura analisada, têm potencial de facilitar ou acelerar o desenvolvimento do
empreendedorismo digital nas organizações. São eles: clientes/usuários que operam em meios
digitais; plataformas digitais; TICs; modelos de negócios digitais; produtos e serviços digitais;
tecnologias digitais; inovação em negócios digitais; digitalização de negócios; oportunidades
de digitalização de processos, rotinas e produtos; startups digitais; e ecossistema digital.
É importante a compreensão de que o empreendedorismo digital se mostra dinâmico e
que não é um negócio de curto prazo, o que requer que se desenvolva um plano de observação
dos elementos que compõem o framework para o planejamento de longo prazo. Portanto, as
organizações precisam preparar um plano de negócios no longo prazo para que sobrevivam e
sejam capazes de alcançar os resultados esperados (MUAFI et al., 2021).

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Figura 1 - Framework de elementos de análise do empreendedorismo digital

648

Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados extraídos do software Atlas.Ti (2022).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a importância do empreendedorismo digital no desenvolvimento das


organizações, este estudo teve como objetivo identificar elementos de análise do 649

empreendedorismo digital nas organizações a partir da ótica das capacidades dinâmicas. Os


documentos resultantes da pesquisa permitiram o embasamento teórico para a codificação de
elementos, a sua organização em categorias e a divisão em macrocategorias. Por meio dessas
classificações foi possível a elaboração de tabelas, com o auxílio do software Atlas.Ti, que
contribuíram para a identificação da relevância dos elementos do empreendedorismo digital.
Como resultado, foram identificados 56 elementos, divididos em 12 categorias e organizados
em quatro macrocategorias com base nas capacidades dinâmicas, que permitem a análise do
empreendedorismo digital em organizações.
As capacidades dinâmicas observadas nos elementos de análise do empreendedorismo
digital se apresentaram por meio da inovação, criação e modernização constantes nas
organizações. Corroborando com o entendimento de Teece (2007) sobre as capacidades
dinâmicas, o empreendedorismo digital também permite detectar oportunidades e ameaças,
aproveitar condições disponíveis, transformar o modelo de negócios e expandir a base de
recursos das organizações. Dada essa relação, a estrutura de capacidades dinâmicas permitiu
uma análise detalhada do empreendedorismo digital nas organizações, contribuindo para o
desenvolvimento da literatura na conexão entre esses dois temas.
O estudo permitiu a construção de um framework de elementos de empreendedorismo
digital. Em virtude de as organizações direcionarem cada vez mais rotinas; processos; e
produtos e serviços para se desenvolverem por meio do empreendedorismo digital, o framework
adquire importância para o entendimento dos níveis de empreendedorismo digital em que as
organizações se encontram. O estudo oferece contribuições à medida que aproxima o fenômeno
do empreendedorismo digital com as capacidades dinâmicas, contribuindo para o avanço do
conhecimento na relação entre esses temas e permitindo a compreensão dos elementos que
devem ser observados nas organizações sob a ótica das capacidades dinâmicas, em que
apresenta e propõe, de forma detalhada, como é possível entender e avaliar o nível de
empreendedorismo digital em que as organizações se encontram.
Em termos práticos, o estudo permite que as organizações sejam analisadas com base
no framework de elementos de análise do empreendedorismo digital, facilitando o
entendimento de suas condições, o que possibilita, inclusive, um comparativo entre

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organizações. Assim, os resultados do estudo podem ser utilizados por pesquisadores da área
que desejem avançar nas pesquisas a partir da relação entre empreendedorismo digital e
capacidades dinâmicas, bem como por gestores de organizações que tenham interesse no
desenvolvimento do empreendedorismo digital. Futuros estudos podem ser desenvolvidos para
aplicação do framework em contexto empírico. 650

Por fim, destaca-se os elementos do framework que podem ser priorizados para o
desenvolvimento do empreendedorismo digital nas organizações em função de seu maior
potencial de apoio nesse processo: clientes/usuários em meios digitais; plataformas digitais;
TICs; modelos de negócios digitais; produtos e serviços digitais; tecnologias digitais; inovação
em negócios digitais; digitalização de negócios; oportunidades de digitalização; startups
digitais; e ecossistema digital. O estudo apresenta limitações visto que propõe um framework
de elementos de análise do empreendedorismo digital sob a ótica das capacidades dinâmicas,
desconsiderando outros embasamentos que possam ser utilizados para a análise do fenômeno.

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