Caracterizacao de Petroleo Por Espectros
Caracterizacao de Petroleo Por Espectros
Caracterizacao de Petroleo Por Espectros
UNICAMP
Instituto de Química
Dissertação de Mestrado
Dezembro – 2004
Campinas SP
i
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE QUÍMICA
UNICAMP
ii
DEDICATÓRIA
“Dedico esta Dissertação de Mestrado à minha querida esposa Geruza, que tanto me
apoiou e por muitas vezes soube entender minha ausência.”
v
AGRADECIMENTOS
• Ao meu amigo e gerente Pedro Garcia pelo incentivo e oportunidade dada para
que eu cursasse o mestrado, utilizando muitas vezes meu tempo de trabalho
para isso.
• À colega Maura da sede da Petrobras, que arcou com o pesado custo do projeto.
vii
CURRICULUM VITAE
Formação Superior
Participações em Congressos
“FCC Feed on-line characterization using either NIR or NMR”; Gilbert, W.R.; Bueno,
A.F.; Lima, F. G.; 6th Topical Conference on Refinery Processing, AIChE Spring
National Meeting; New Orleans, Estados Unidos; 2003
ix
Experiência Profissional
Químico de petróleo
Especificação de analisadores de laboratório e processo para o refino de petróleo
Desenvolvimento de aplicações da espectroscopia NIR para derivados de petróleo
Instrutor do curso interno: “Espectroscopia no Infravermelho Próximo”
Período: set/1995 até o momento
PETROBRAS – Refinaria Henrique Lage
São José dos Campos SP
Químico de petróleo
Desenvolvimento e implantação de técnicas cromatográficas aplicadas à produção
de petróleo
Supervisor do grupo de análises off-shore
Período: jun/1988 até ago/1995
PETROBRAS – Região de Produção do Sudeste
Macaé RJ
x
RESUMO
xi
ABSTRACT
This work aims the development of an analytical method for crude oil
characterization using Near Infrared Spectroscopy (NIR) and multivariate calibration
techniques. Two instruments were evaluated for the collection of NIR spectra, using
transflectance probe and transmittance cell. The statistical techniques used for
calibration were: Partial Least Squares (PLS) and Artificial Neural Networks (ANN),
using three different spectral regions. Calibrations were developed for two essential
properties to crude oil characterization: specific gravity (API gravity) and true boiling
point (TBP) curve. For this study, samples of crude oil processed at Petrobras
Henrique Lage refinery and other national and foreign petroleum samples were
analyzed. The precision of the method was determined through a repeatability test.
The performance of the calibrations was evaluated by means of an external
validation, followed by a statistical test to compare the results. The best results were
obtained trough the use of spectra collected with the 0.5 mm pathlength calcium
fluoride transmittance cell within the 5,000 to 4,000 cm-1 (around 2,000 to 2,500 nm)
spectral range and calibration by PLS. The validation, through an independent set of
samples, delivered satisfactory results, better than the results obtained by a process
simulator used at the refinery.
xiii
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS................................................................................................................. xvi
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. xviii
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 1
2. OBJETIVO ................................................................................................................................ 3
3. CONCEITOS BÁSICOS.......................................................................................................... 4
3.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO .............................................. 4
3.1.1. CARACTERÍSTICAS DA ESPECTROSCOPIA NIR............................................... 10
3.2. CALIBRAÇÃO MULTIVARIADA .................................................................................. 12
3.2.1. REGRESSÃO POR MÍNIMOS QUADRADOS PARCIAIS (PLS) .......................... 12
3.2.2. REGRESSÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) ................................ 14
3.3. O PETRÓLEO.................................................................................................................... 23
3.3.1. CARACTERIZAÇÃO DE PETRÓLEO ..................................................................... 28
3.3.2. REFINO DE PETRÓLEO ........................................................................................... 40
3.3.3. APLICAÇÕES DA ESPECTROSCOPIA NIR NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO . 44
4. PARTE EXPERIMENTAL..................................................................................................... 51
4.1. AMOSTRAS ...................................................................................................................... 51
4.2. DETERMINAÇÃO DAS CURVAS PEV E DENSIDADE .............................................. 51
4.3. OBTENÇÃO DOS ESPECTROS NIR .............................................................................. 53
4.3.1. INSTRUMENTOS UTILIZADOS ............................................................................. 53
4.3.2. ESPECTROS OBTIDOS............................................................................................. 55
4.4. DESENVOLVIMENTO DOS MODELOS DE CALIBRAÇÃO ...................................... 56
4.4.1. PRÉ-TRATAMENTO DOS DADOS ESPECTRAIS................................................. 59
4.4.2. CALIBRAÇÃO POR MÍNIMOS QUADRADOS PARCIAIS (PLS)........................ 59
4.4.3. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN).............................. 60
4.4.4. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) A PARTIR DA
EQUAÇÃO POLINOMIAL DA CURVA PEV ................................................................... 61
4.4.5. PREVISÃO DA CURVA PEV ATRAVÉS DO AJUSTE POLINOMIAL DOS
VALORES INDIVIDUAIS PREVISTOS ............................................................................ 64
4.5. DETERMINAÇÃO DA PRECISÃO DO MÉTODO ........................................................ 64
5. RESULTADOS ....................................................................................................................... 65
5.1. CALIBRAÇÕES POR PLS E ANN PARA CURVA PEV E DENSIDADE GRAU API 66
5.2. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) A PARTIR DA
EQUAÇÃO POLINOMIAL DA CURVA PEV ....................................................................... 79
5.3. PREVISÃO DA CURVA PEV ATRAVÉS DO AJUSTE POLINOMIAL DOS
VALORES INDIVIDUAIS PREVISTOS ................................................................................ 81
5.4. DETERMINAÇÃO DA PRECISÃO DO MÉTODO ........................................................ 85
5.5. AVALIAÇÃO DO MODELO PLS-5000 EM RELAÇÃO A UM SIMULADOR DE
PROCESSO ............................................................................................................................... 87
6. CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 90
6.1. QUANTO À OBTENÇÃO DOS ESPECTROS ................................................................ 90
6.2. QUANTO ÀS CALIBRAÇÕES DESENVOLVIDAS ...................................................... 90
7. SUGESTÕES DE NOVOS ESTUDOS ............................................................................... 92
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 93
xv
LISTA DE FIGURAS
xvi
Figura 35. Curvas PEV: real e previstas pelos modelos – amostra PBP11697.............. 71
Figura 36. Resíduos apresentados pelos modelos desenvolvidos – amostra PBP11697
....................................................................................................................................................... 71
Figura 37. Valores de RMSEP para os modelos desenvolvidos para a previsão da
curva PEV .................................................................................................................................... 73
Figura 38. Valores de RMSEP médios para os modelos desenvolvidos para a previsão
da curva PEV (em % vol.) e da densidade (em °API) .......................................................... 73
Figura 39. Valores medidos x previstos para a densidade pelo modelo PLS-5000 ........ 75
Figura 40. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 125°C da curva PEV
....................................................................................................................................................... 76
Figura 41. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 225°C da curva PEV
....................................................................................................................................................... 76
Figura 42. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 325°C da curva PEV
....................................................................................................................................................... 77
Figura 43. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 400°C da curva PEV
....................................................................................................................................................... 77
Figura 44. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 500°C da curva PEV
....................................................................................................................................................... 78
Figura 45. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 600°C da curva PEV
....................................................................................................................................................... 78
Figura 46. Valores de RMSEP dos pontos da curva PEV prevista por ANN (através dos
coeficientes da equação polinomial)........................................................................................ 79
Figura 47. Curvas PEV prevista por ANN e obtida experimentalmente para o petróleo
Cabiúnas Mistura ........................................................................................................................ 80
Figura 48. Valores de RMSEP para os modelos PLS-5000 e PLS-5000P ...................... 82
Figura 49. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP11708 ....................... 83
Figura 50. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP12206 ........................ 83
Figura 51. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP12478 ....................... 84
Figura 52. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP12214 ....................... 84
Figura 53. Resíduo das previsões da curva PEV da amostra PBP11697 ........................ 85
Figura 54. Repetitividade das previsões dos pontos da curva PEV................................... 86
Figura 55. Comparação dos resultados previstos por NIR e pelo simulador (Hysys) com
curva PEV experimental - amostra de 22/04/03 .................................................................... 87
Figura 56. Comparação dos resultados previstos por NIR e pelo simulador (Hysys) com
curva PEV experimental - amostra 23/05/03.......................................................................... 88
Figura 57. Rendimentos (%v) dos produtos para amostra 22/04/03 ................................ 89
Figura 58. Rendimentos (%v) dos produtos para amostra 23/05/03 ................................ 89
xvii
LISTA DE TABELAS
xviii
1. INTRODUÇÃO
1
Um método rápido para a determinação da curva PEV e da densidade em linha é
altamente desejável para poder subsidiar ajustes nas condições de processo quando
ocorrem alterações na qualidade da carga, de forma a evitar impactos nas
características dos produtos finais da unidade.
A espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) tem sido utilizada com bastante
êxito na previsão de propriedades de derivados de petróleo, tais como gasolina e diesel
[6,7] e até mesmo de produtos intermediários mais pesados, como as cargas das
unidades de craqueamento catalítico.
Essa técnica analítica apresenta uma série de atrativos como, por exemplo, a
possibilidade de análise sem preparação da amostra; a rapidez para a obtenção dos
espectros, cálculos e apresentação dos resultados; o fato de ser um método não
destrutivo, permitindo o uso posterior da amostra para outros ensaios ou para ser
guardada como testemunha e a possibilidade do desenvolvimento de aplicações em
linha através de analisadores de processo [8].
2
2. OBJETIVO
3
3. CONCEITOS BÁSICOS
4
ν 1 κ
= (1)
2π µ
onde k é a constante de força da ligação e µ é a massa reduzida:
m1m 2
µ= (2)
m1 + m 2
1 1
E= k(r - re ) 2 = kx 2 (3)
2 2
5
Figura 1. Perfil da Energia Potencial – Modelo Harmônico
1
Eυ = (υ + )hν (4)
2
6
Figura 2. Perfil da Energia Potencial – Modelo Anarmônico (gráfico 2)
[
V = De 1 − e − a ( r − re ) ]
2
(5)
1 1
E = hν (υ + ) − x m hν (υ + ) 2
2 2 (6)
7
De acordo com a distribuição de Boltzmann, à temperatura ambiente a maioria das
moléculas está no estado chamado fundamental, com número quântico vibracional igual
a zero (υ=0). Uma transição do estado energético υ=0 para υ=1 é chamada de
fundamental.
Quando as transições energéticas se originam de um nível energético mais
excitado (υ≠0), como υ=1 Æ υ=2 ou υ=2 Æ υ=3, elas são denominadas bandas
quentes. Esse nome vem do fato que tais níveis excitados têm uma população
relativamente baixa e, assim, o aumento da temperatura acarreta num incremento
dessa população com conseqüente aumento na intensidade das bandas. As transições
do tipo bandas quentes ocorrem a freqüências diferentes das transições fundamentais,
devido ao espaçamento diferente dos níveis energéticos, conforme proposto pelo
modelo anarmônico (veja a figura 2).
O modelo anarmônico permite também transições de mais de um nível energético
( ∆υ > 1 ), como υ=0 Æ υ=2 ou υ=0 Æ υ=3, que são denominadas sobretons, além de
bandas de combinações entre vibrações. Também devido a diferenças de espaçamento
entre os níveis energéticos, as freqüências das absorções dos sobretons não são
exatamente 2 ou 3 vezes a freqüência da radiação absorvida na transição fundamental.
A ocorrência de sobretons e bandas de combinações é explicada pelo efeito da
anarmonicidade elétrica. Essa anarmonicidade afeta o momento dipolar, que não tem
dependência linear com a distância interatômica.
Para que uma molécula em vibração absorva a radiação NIR é necessário que ela
receba radiação numa freqüência capaz de fornecer exatamente a energia necessária
para a transição entre dois níveis energéticos ou para a ocorrência de sobretons ou
combinações de duas ou mais vibrações. Qualquer radiação incidente, que não forneça
a quantidade exata de energia requerida, não será absorvida. A absorção da energia
radiante irá aumentar a amplitude da vibração molecular, sem, entretanto, alterar sua
freqüência.
Outra condição deve ser atendida para que a molécula possa absorver a radiação
NIR. O deslocamento dos átomos em vibração precisa produzir uma alteração do
momento dipolar da molécula ou do grupo de átomos em vibração. Tal alteração do
8
momento dipolar permite a interação do componente elétrico da radiação
eletromagnética incidente com a molécula.
Para a ocorrência das bandas de combinação, é necessário que pelo menos uma
das vibrações de combinação sejam ativas, ou seja, que produzam uma alteração do
momento dipolar. Isso implica que moléculas diatômicas homonucleares não absorvem
radiação no intervalo do espectro infravermelho, visto que suas vibrações não
produzem alterações no momento dipolar.
A intensidade de absorção da radiação está relacionada com a magnitude da
alteração do momento dipolar e ao grau de anarmonicidade da ligação. As ligações
químicas que envolvem o átomo de hidrogênio e elementos mais pesados, como o
oxigênio, o carbono, o nitrogênio e o enxofre, são altamente anarmônicas e produzem
vibrações com grande variação no momento dipolar. As transições fundamentais
dessas vibrações absorvem radiação infravermelho no intervalo de 3.000 a 4.000 nm,
produzindo bandas de sobretons e combinações na região NIR.
As intensidades das bandas de absorção dos sobretons são bem inferiores às
bandas fundamentais, conforme apresentado na tabela 2.
9
duas bandas relativamente fortes ao invés de uma única banda intensa fundamental.
Ocorre também, neste caso, um deslocamento da posição de ambas as bandas.
A ressonância de Darling-Dennison ocorre na molécula de água ou outras
moléculas que apresentam ligações simetricamente equivalentes do tipo XH. Nesse tipo
de ressonância, ocorre uma interação entre dois sobretons de ordens superiores e uma
banda de combinação, por exemplo. Uma conseqüência desse fenômeno é o
aparecimento de duas bandas ao invés de uma na região das combinações.
10
- o fato de ser uma técnica não invasiva, porém com alta penetração do feixe de
radiação (cerca de 1 a 3 mm);
- a quase universalidade das aplicações, considerando que pode ser aplicada a
qualquer molécula que possua ligações C-H, N-H, S-H ou O-H;
- a possibilidade do desenvolvimento de aplicações em linha (analisadores de
processo);
- a existência de uma grande comunidade de usuários da técnica;
- a possibilidade do NIR se tornar um método oficial da ASTM;
- a existência de um mercado altamente competitivo com muitos fornecedores.
11
- a baixa necessidade de manutenção de um analisador NIR – somente a lâmpada
precisa ser substituída periodicamente – de forma que o tempo médio entre
falhas é bem maior que outros analisadores.
Como toda técnica analítica, a espectroscopia NIR apresenta limitações nas suas
aplicações para a indústria do petróleo. Nesse rol, pode-se incluir [6]:
- a dificuldade para desenvolver calibrações aplicadas a frações pesadas (como
resíduo de vácuo);
- o desempenho insatisfatório para a determinação da pressão de vapor Reid
(PVR), quando a concentração de hidrocarbonetos leves não é constante;
- a baixa sensibilidade, por exemplo para baixos teores de benzeno ou enxofre;
- a alta dependência da qualidade do sistema de amostragem e inadequabilidade
para fases múltiplas.
12
A primeira variável latente correspondente ao maior autovalor é, por definição, a
direção no espaço de X que descreve a máxima quantidade de variância nas amostras.
Quando toda a variância de um conjunto de amostras não puder ser explicada por
apenas uma variável latente, uma segunda variável latente ortogonal à primeira será
utilizada. O processo de adição de novas variáveis latentes ortogonais se repete até
que a variância não explicada pelas variáveis latentes selecionadas contenha apenas
informação não essencial à calibração, ou seja, ruído.
O processo de decomposição dos dados pode ser representado através da
equação a seguir:
X = TP´ + E (7)
Y = UQ´+ F (8)
u = bt + e (9)
13
Figura 3. Decomposição da matriz de dados X nas matrizes de loadings, escores e
matriz de erros
14
processamento de informações com ramificações em dois lados: entradas e uma saída,
conforme apresentado na figura 4.
Num neurônio biológico, o sinal entra pelos dendritos, é processado pelo corpo do
neurônio, e é transmitido a outros neurônios através do axônio. A transmissão de sinal
de um neurônio para outro é chamada de sinapse. A quantidade de sinal trocado em
uma sinapse depende de um parâmetro chamado de intensidade de sinapse.
Num neurônio artificial, a intensidade da sinapse é representada por um fator de
ponderação, também chamado de peso. O sinal total que entra no corpo de
processamento de um neurônio artificial é chamado Net, cujo valor é calculado através
da média ponderada dos sinais de entrada, conforme equação a seguir.
1
saída = f (net ) = (11)
1+ e -( net )
1,2
1
0,8
Saída
0,6
0,4
0,2
0
-0,2
-15 -10 -5 0 5 10 15
Net
Numa rede neural de múltiplas camadas (em inglês, multi-layer perceptron, MLP),
os neurônios são interligados numa rede com várias camadas, onde as saídas de um
neurônio passam a ser entradas de neurônios vizinhos, conforme representado na
figura 6. Os dados de entrada (por exemplo, os valores de absorbância de um espectro
NIR) são inseridos na rede através da primeira camada. Após sucessivos
processamentos nas diversas camadas, é obtido o produto final da rede, ou seja, a
previsão da variável de interesse.
16
A configuração da arquitetura da rede é feita através da definição do número de
camadas intermediárias, do número de neurônios em cada camada e da função de
transferência de cada neurônio.
A calibração da rede é realizada através do ajuste adequado dos pesos dos sinais
de entrada de cada neurônio (w1, w2, w3,...,wn). A rede é ajustada através de um
conjunto de treinamento e de um conjunto de monitoramento, que guia o algoritmo
matemático para encontrar o conjunto de pesos que forneça a previsão da variável de
interesse com o menor erro possível.
17
corrigidos. Partindo de um novo conjunto de pesos, o processo iterativo continua, até
que seja obtido um valor de erro ou desvio adequado.
18
3.2.2.1. USO DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS PARA CALIBRAÇÃO
MULTIVARIADA DE DADOS ESPECTROMÉTRICOS
A calibração por Redes Neurais Artificiais deve ser considerada sempre que o
conjunto de dados for não-linear [14]. Métodos de calibração como a regressão linear
múltipla (MLR), a regressão por componentes principais (PCR) e a regressão por
mínimos quadrados parciais (PLS) são preferíveis quando as relações são lineares,
pois fornecem resultados satisfatórios e são métodos rápidos, menos complexos e mais
facilmente entendidos. Uma observação nos resíduos obtidos nesses métodos pode
indicar a ocorrência de uma relação não-linear, que sugere o uso de métodos como a
ANN.
19
- Dificuldade de interpretação: Os modelos desenvolvidos por ANN são de difícil
interpretação, especialmente quando comparados a métodos lineares como PLS ou
PCR. Isso deve-se ao fato que as diferentes operações realizadas sucessivamente nas
diversas camadas da rede impedem a dedução de expressões analíticas simples entre
os parâmetros de entrada e saída.
- Longo tempo de processamento requerido: as calibrações por ANN demandam
maior tempo de processamento por se tratar de um método iterativo, especialmente
para a solução de problemas difíceis em redes com configurações mais complexas.
As etapas para o desenvolvimento de uma calibração por ANN podem ser assim
resumidas [14,15,16]:
- Detecção de não-linearidade: visto que a técnica ANN aplica-se melhor a
calibrações não-lineares, a primeira etapa consiste na detecção de não-linearidade.
Uma maneira simples para tal é traçar a propriedade de interesse versus as diferentes
variáveis medidas ou as combinações dessas variáveis na forma de escores
provenientes de uma Análise de Componentes Principais (PCA). Podem também ser
construídos modelos utilizando técnicas lineares, como MLR, PCR ou PLS e observar
os resíduos versus as variáveis de entrada (X) ou versus a resposta experimental (Y).
- Detecção de pontos discrepantes (outliers): A observação dos dados, tanto das
variáveis de entrada (X), quanto da resposta experimental (Y), pode indicar a presença
de pontos discrepantes. Uma avaliação visual dos espectros coletados e dos gráficos
de escores de uma avaliação PCA, juntamente com a observação do valor de leverage
de cada amostra, pode auxiliar na indicação de outliers. Para avaliar a presença de
pontos discrepantes na relação X-Y, pode ser construído um modelo utilizando PLS, por
exemplo, e observar a posição das amostras no gráfico de resíduos versus leverage.
Os pontos detectados como discrepantes nesse procedimento não devem ser
eliminados de imediato visto que um outlier observado num modelo linear pode não se
confirmar num modelo não-linear. A confirmação do ponto discrepante deve ser feita
através da avaliação do desempenho do modelo não-linear com a presença da amostra
suspeita.
20
- Definição do número de amostras necessário: O número de amostras deve ser
proporcional ao número de parâmetros ajustáveis na rede. Numa rede neural com uma
camada intermediária, o número mínimo de amostras deve ser pelo menos duas vezes
superior ao número total de pesos da rede. Como regra geral, o número de amostras
deve ser sempre superior a 30.
- Repartição dos dados: Para a construção de uma calibração por ANN, os dados
devem ser distribuídos em três conjuntos: treinamento, monitoramento e validação. O
conjunto de monitoramento é usado para orientar o algoritmo de modo que a calibração
não incorpore informação não relevante (ruído) proveniente do conjunto de treinamento,
evitando o sobreajuste dos dados. Considerando um número de amostras de
treinamento igual a nt, os conjuntos de monitoramento e de teste devem conter, cada
um, um número de amostras entre nt/2 e nt. Vários algoritmos podem ser utilizados
para selecionar as amostras do conjunto de treinamento para garantir que este seja
representativo da população global de amostras.
- Compressão dos dados: A compressão matemática dos dados de entrada
elimina informação irrelevante (ruído) ou redundâncias presentes na matriz de dados e
permite aumentar a velocidade de treinamento, reduzir a quantidade de memória
necessária e aumentar a robustez do modelo desenvolvido. Uma maneira usual de
efetuar a compressão dos dados de entrada (por exemplo, as variáveis espectrais) é o
uso da análise PCA. Desta forma, os dados originais são convertidos a valores de
escores dos componentes principais. Uma regressão por componentes principais (PCR)
pode ser usada para se determinar o número de componentes principais a reter.
Entretanto, visto que o PCR é um método de regressão linear, a não-linearidade do
conjunto de dados não estará contida nos primeiros componentes principais, portanto
recomenda-se a inclusão de um número maior de componentes para incluir essa
informação. A análise PCA deve ser usada para calcular o novo sub-espaço das
amostras do conjunto de treinamento somente. As amostras do conjunto de
monitoramento e validação devem ser projetadas então nesse sub-espaço para a
determinação dos seus escores.
- Escalamento dos dados: A função sigmoidal produz um sinal na faixa de 0 a 1 ou
-1 a +1. Para adequar os dados que excedam esse range, o escalamento dos dados é
21
necessário para trazer os valores dentro de uma faixa que possa ser manipulada pela
função de transferência. Geralmente é utilizado o escalamento min-max, que segue a
equação:
train
( X i - X min )
A i = train train (rmax - rmin ) + rmin (12)
X max - X min
train
Onde Ai é o novo valor escalado da variável Xi. X min e X máx são os valores extremos
train
22
nó intermediário melhora sensivelmente o desempenho do modelo. Entretanto, para
dados levemente não-lineares, a adição de nós intermediários geralmente não afeta o
resultado final. É recomendado o uso do menor número possível de nós intermediários
para se obter modelos mais simples e robustos.
- Definição da função de transferência: As funções de transferência mais usadas
são a sigmoidal e a tangente hiperbólica, especialmente porque, além de ajustarem um
grande número de não-linearidades, apresentam um trecho linear no centro, o que
favorece a modelagem de dados levemente não-lineares. Outras funções podem ser
utilizadas e seu desempenho deve ser avaliado na prática.
- Definição dos critérios para finalização do treinamento: Ao longo do processo de
treinamento (definição dos pesos dos sinais entre neurônios), o algoritmo acompanha a
evolução do erro do conjunto de monitoramento para evitar o sobreajuste do conjunto
de treinamento. O processo de treinamento pode ser concluído quando uma das
condições a seguir for satisfeita: quando for atingido um número definido de iterações,
quando o erro do conjunto de monitoramento atingir um valor estabelecido ou quando a
variação entre dois valores de erro do conjunto de monitoramento atingir um valor
predefinido.
3.3. O PETRÓLEO
Petróleo é uma palavra derivada do Latim petra e oleum, que significa literalmente
“óleo de pedra” e refere-se a hidrocarbonetos que ocorrem grandemente em rochas
sedimentares na forma de gases, líquidos, pastas ou sólidos.
Do ponto de vista químico, o petróleo é uma mistura extremamente complexa de
hidrocarbonetos, geralmente com pequenas quantidades de compostos nitrogenados,
oxigenados ou sulfurados e traços de constituintes metálicos, como vanádio, níquel,
ferro e cobre.
Os combustíveis derivados do petróleo fornecem mais da metade do suprimento
total de energia do mundo. A gasolina, o querosene e o óleo diesel são combustíveis
para automóveis, tratores, caminhões, aeronaves e navios. O óleo combustível e o gás
23
natural são utilizados no aquecimento doméstico e industrial, além de gerarem
eletricidade. Os produtos de petróleo são matérias-primas básicas para a fabricação de
fibras sintéticas, plásticos, tintas, fertilizantes, inseticidas, sabões e borracha sintética.
A complexidade da composição química do petróleo pode ser ilustrada pelo
número de isômeros potenciais que podem existir para um dado número de átomos de
carbono numa cadeia de alcanos, que aumenta rapidamente com a massa molecular. A
tabela 3 ilustra isso.
24
Os principais grupos de componentes presentes no petróleo são os
hidrocarbonetos saturados – que podem ser alcanos normais (n-parafinas), isoalcanos
(isoparafinas) ou cicloalcanos (naftenos) – aromáticos (incluindo nafteno-aromáticos e
benzotiofenos ), resinas e asfaltenos.
A fim de conhecer melhor a constituição do petróleo, o Instituto Americano do
Petróleo (API) realizou análises em diversos petróleos de origens diferentes, chegando
às seguintes conclusões:
- todos os petróleos contêm substancialmente os mesmos hidrocarbonetos, em
diferentes quantidades;
- a quantidade relativa de cada grupo de hidrocarbonetos presente varia muito de
petróleo para petróleo;
- a quantidade relativa dos compostos individuais dentro de cada grupo de
hidrocarbonetos, no entanto, é aproximadamente da mesma ordem de grandeza
para diferentes petróleos.
25
- Resinas e asfaltenos – São moléculas grandes, com alta relação carbono-
hidrogênio e presença de enxofre, nitrogênio e oxigênio. Sua estrutura básica é
constituída de 3 a 10 ou mais anéis, geralmente aromáticos, em cada molécula.
Resinas e asfaltenos têm estruturas semelhantes, porém, ao passo que as resinas são
solúveis no petróleo, os asfaltenos não estão dissolvidos, mas dispersos na forma
coloidal.
- Compostos metálicos – Os compostos metálicos no petróleo podem apresentar-
se como sais orgânicos dissolvidos na água emulsionada ao petróleo ou compostos
organometálicos complexos, que geralmente se concentram nas frações mais pesadas
do óleo. Os metais geralmente encontrados no petróleo são: ferro, zinco, cobre,
chumbo, molibdênio, cobalto, arsênio, manganês, cromo, sódio, níquel e vanádio.
26
- Petróleos naftênico-parafínicos (contêm 50-70% massa de parafinas e mais que
20% massa de naftênicos) – Apresentam teor de resinas e asfaltenos entre 5 e 15%,
baixo teor de enxofre (menos que 1%) e teor de naftênicos entre 25 e 40%. A
densidade e a viscosidade apresentam valores maiores que os parafínicos, mas ainda
são moderados. A maioria dos petróleos produzidos na Bacia de Campos, no estado do
Rio de Janeiro, é desse tipo. Petróleos de Angola, Arábia Saudita, Estados Unidos e
Indonésia também se enquadram nessa categoria.
- Petróleos naftênicos (teor de naftênicos maior que 70%) – Apresentam baixo teor
de enxofre e se originam de alteração bioquímica de óleos parafínicos e parafínicos-
naftênicos. Alguns petróleos da Bacia de Campos, como Pampo, Cherne, Badejo e
Marlim e outros óleos da América do Sul, da Rússia e da América do Norte pertencem
a essa classe.
- Petróleos aromáticos intermediários (teor de aromáticos maior que 50%) – São
óleos pesados, contendo de 10 a 30% de asfaltenos e resinas e teor de enxofre acima
de 1%. Alguns óleos do Oriente Médio (Arábia Saudita, Catar, Kuwait, Iraque, Síria e
Turquia), África Ocidental, Venezuela, Califórnia e Mediterrâneo (Sicília, Espanha) são
dessa categoria.
- Petróleos aromático-naftênicos – São óleos que sofreram um processo inicial de
biodegradação, através do qual as parafinas foram removidas. Eles são derivados dos
óleos parafínicos e parafínicos-naftênicos, podendo ter mais de 25% de resinas e
asfaltenos e teor de enxofre entre 0,4 e 1%. Alguns óleos dos Estados Unidos
(Califórnia), da África Ocidental e do Oriente Médio são deste tipo.
- Petróleos aromático-asfálticos – São oriundos de um processo de biodegradação
avançada. São pesados e viscosos, geralmente resultantes da alteração dos óleos
aromáticos intermediários. O teor de asfaltenos e resinas é elevado. Exemplos de
petróleos desta classe são os óleos do Canadá Ocidental, Venezuela e sul da França.
27
3.3.1. CARACTERIZAÇÃO DE PETRÓLEO
28
Tabela 6. Exemplos de Curvas PEV (em volume, massa e densidade)
29
Figura 8. Exemplos de curvas PEV
30
PROCEDIMENTO PARA DETERMINAÇÃO DA CURVA PEV (ASTM D 2892)
Resumo
Aparelhagem
31
norma estabelece critérios específicos de desempenho para a coluna, como a
dimensão do empacotamento, a taxa de evaporação, a retenção dinâmica, a queda de
pressão e a altura equivalente de pratos teóricos. A coluna é revestida com um sistema
de isolamento térmico, como uma manta de lã de vidro, a fim de evitar a perda de calor
do vapor com conseqüente condensação na coluna.
- Condensador - O condensador deve ter uma capacidade suficiente para
condensar os vapores de hidrocarbonetos C4 e C5 numa taxa de condensação
especificada.
- Frascos de gelo seco - Para garantir a condensação de hidrocarbonetos leves,
especialmente no início da destilação, são utilizados dois frascos de gelo seco, em
série, conectados à saída do condensador, resfriados por uma mistura de álcool e gelo
seco.
- Coletor de gás - Se for necessário medir o volume de gás não condensado ou
coletar o gás para posterior análise, pode ser conectado um medidor ou coletor de gás
na saída dos frascos de gelo seco.
- Coletor de fração - Esta parte do equipamento permite a coleta do destilado sem
interrupção, durante a retirada do produto do receptor sob pressão atmosférica ou
vácuo.
- Receptor de produto - O receptor tem uma capacidade de 100 a 500 mL, de
acordo com a quantidade de petróleo a destilar. É calibrado e graduado para a leitura
do volume recolhido.
- Bomba de vácuo (usada para destilação a vácuo) - O sistema de vácuo deve
manter o sistema numa pressão bem controlada.
- Vacuômetro (usado para destilação a vácuo) - Um vacuômetro é conectado ao
sistema o mais próximo possível da cabeça de divisão de refluxo.
- Regulador de pressão (usado para destilação a vácuo) - O regulador deve
manter a pressão do sistema constante em todas as pressões de operação.
- Aparelhagem de medição e registro – A coluna de destilação possui um poço
onde é inserido um sensor para monitorar a temperatura do vapor, com uma exatidão
igual ou melhor que 0,5 °C e uma resolução de, no mínimo, 0,1 °C. Um vacuômetro é
utilizado na destilação a vácuo. Um manômetro, ou transdutor de pressão, conectado
32
entre o balão e o condensador, é utilizado para medir a queda de pressão na coluna
durante a operação e serve para controlar a taxa de evaporação.
A aparelhagem utilizada para a destilação de petróleo é mostrada na figura 9. A
figura 10 apresenta uma fotografia do equipamento necessário para a destilação a
vácuo.
33
Figura 10. Equipamento para destilação a vácuo para obtenção da curva PEV
Amostragem
34
Procedimento
Toda a coluna e aparelhagem de vidro devem ser limpas e secas antes do início
do ensaio. A quantidade de amostra a destilar, ou carga, é determinada conforme
retenção dinâmica da coluna de destilação. O balão é refrigerado até uma temperatura
mínima de 0°C e são introduzidos o dispositivo de agitação e as pérolas de vidro para
evitar projeções durante a destilação.
A massa específica da amostra é determinada e uma quantidade conhecida da
amostra é pesada e colocada no balão de destilação, de acordo com o volume
estabelecido anteriormente. Então, a aparelhagem toda é montada.
Debutanização
35
temperatura do líquido em ebulição em 310°C. Então, a aparelhagem é esfriada e as
frações coletadas são pesadas e suas massas específicas são determinadas.
Destilação a Vácuo
36
destilação, ou quando for atingido o limite de temperatura do líquido ou da pressão da
coluna, a válvula de refluxo é fechada e o sistema é esfriado. As frações coletadas e o
resíduo no balão são pesados e suas massas específicas são determinadas.
Cálculos e Resultados
37
Tabela 7. Precisão do método (reprodutibilidade) para determinação da curva PEV
% massa % volume
Pressão atmosférica 1,2 1,2
Vácuo 1,4 1,5
3.3.1.2. DENSIDADE
o 141,5
API = −131,5 (13)
d15, 6 / 15, 6o C
O grau API tem sido utilizado desde os primórdios da indústria do petróleo como
parâmetro de qualidade, visto que tem relação com o rendimento de derivados leves e
nobres como a gasolina e o querosene. Visto que o grau API guarda uma relação
38
inversa com a massa específica, quanto maior o grau API, mais leve é o petróleo e,
portanto, maior o seu valor comercial.
Os petróleos podem ser classificados de acordo com sua densidade, conforme a
tabela que segue.
39
temperatura. A temperatura da amostra é lida através de um termômetro ASTM
separado, mergulhado na amostra, ou através de um termômetro que seja parte
integrante do densímetro (termodensímetro).
O refino do petróleo é caracterizado por uma série de processos através dos quais
o petróleo é convertido em produtos comerciais, de acordo com as quantidades e
qualidades exigidas pelo mercado.
A figura 11 mostra um diagrama de uma refinaria moderna, com suas diversas
unidades para separação, conversão e acabamento, ou tratamento final, dos produtos.
Os principais processos de separação envolvidos numa refinaria são a destilação
atmosférica e a destilação a vácuo. Os processos de conversão mais utilizados são o
craqueamento catalítico, o coqueamento retardado, a reformação catalítica e a
alcoilação. Dentre os processos de tratamento, podemos destacar o MEROX (extração
cáustica de mercaptans presentes nos derivados), o tratamento com DEA
(dietilenoamina), para remoção de H2S, e o hidrotratamento, para remoção de
contaminantes sulfurados por meio da reação com hidrogênio.
A unidade de destilação é o coração da refinaria e envolve uma das operações
mais complexas da atividade de refino. Seus produtos principais são o gás combustível,
as naftas leve e pesada, o querosene, os gasóleos leve e pesado e o resíduo
atmosférico. As figuras 12 e 13 mostram esquematicamente unidades de destilação
atmosférica e a vácuo, respectivamente.
40
Figura 11. Diagrama esquemático de uma refinaria de petróleo
41
Figura 12. Diagrama de uma unidade de destilação atmosférica
42
Cada um desses produtos intermediários tem especificações baseadas em suas
propriedades físico-químicas, como pressão de vapor, ponto de fulgor, ponto de fluidez,
etc. Para atender tais as especificações, a unidade de destilação é controlada através
de temperaturas de corte, que definem uma faixa de pontos de ebulição para cada
produto. Entretanto, as propriedades desses produtos podem variar significativamente
se a qualidade da carga da unidade (o petróleo) sofrer alterações durante o
processamento, mantendo-se as mesmas temperaturas de corte.
Uma das maneiras de otimizar a operação da destilação é através do uso de
analisadores em linha, para a determinação em tempo real das propriedades dos
produtos. No entanto, esta não tem sido uma alternativa comum em função dos
elevados custos envolvidos para a instalação e manutenção de sensores deste tipo.
Visto que as propriedades dos produtos gerados na destilação dependem das
características da carga, a caracterização do petróleo, através da densidade e da curva
do ponto de ebulição verdadeiro (PEV), pode fornecer subsidio para a previsão
daquelas propriedades [23].
Uma refinaria típica tem normalmente como carga uma mistura de vários tipos
diferentes de petróleo, que varia conforme a disponibilidade e fatores econômicos.
Quando a refinaria troca de petróleo durante uma campanha, a carga da unidade de
destilação sofre alterações de qualidade. Assim, se a refinaria basear-se apenas numa
caracterização inicial da carga, as alterações de qualidade durante a campanha
provocarão mudanças indeterminadas nas propriedades dos produtos. Isso leva à
necessidade de se determinar ou prever a curva PEV do petróleo usado como carga da
unidade de destilação com a maior freqüência possível.
43
3.3.3. APLICAÇÕES DA ESPECTROSCOPIA NIR NA INDÚSTRIA DO
PETRÓLEO
0,9
0,8
0,7
0,6
Absorbância
0,5 Pentano
Hexano
Heptano
0,4 Decano
Undecano
0,3 Dodecano
Tridecano
Tetradecano
0,2 Pentadecano
Hexadecano
Heptadecano
0,1
0,0
2200 2240 2280 2320 2360 2400 2440 2480
44
1,0
0,8
0,6
Absorbância
0,4
Isooctano
Metilpentan
Metilhexano
Mpentano
0,2
Pentano
Hexano
0,0
2200 2250 2300 2350 2400 2450 2500
1,0
0,9
Trimetil-benzeno
Metil-naftaleno
0,8
Etil-tolueno
Benzeno
0,7 Meta-xileno
Orto-xileno
Absorbância
Para-xileno
0,6
Tolueno
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
2120 2160 2200 2240 2280 2320 2360 2400 2440 2480
45
A espectroscopia NIR tem sido utilizada para a análise de diversos produtos
acabados e correntes intermediárias no refino de petróleo. Por exemplo, para a análise
de destilados médios, foram desenvolvidas calibrações para número de cetano, índice
de refração, massa específica, percentagem de carbono aromático, percentagem em
massa de hidrogênio, percentagem em massa de aromáticos (mono, di e totais) [24].
Muitos artigos já foram escritos sobre a aplicação da espectroscopia NIR para
análise de gasolina. Este provavelmente foi o primeiro produto de petróleo a ser
analisado através dessa técnica. Foram previstas muitas propriedades como destilação,
densidade, pressão de vapor, teor de aromáticos, teor de saturados, octanagem, teor
de etanol e teor de MTBE (metil-terc-butil-éter), para aplicações tanto em laboratório
como em processo [26,27,28,29].
Através de espectros de 83 amostras de óleo diesel, obtidos na faixa de 1.100 a
1.300 nm, Foulk e DeSimas [30] desenvolveram calibrações para parâmetros
importantes desse produto de petróleo, como o número de cetano, densidade,
destilação (temperatura a 90% evaporados) e percentagem de aromáticos. Viscosidade,
índice de cetano e ponto de congelamento foram outras propriedades que forneceram
calibrações satisfatórias através da espectroscopia NIR [31].
O Centro para Química Analítica de Processo (CPAC), da Universidade de
Washington, desenvolveu um trabalho para prever as características do querosene de
aviação utilizado pela Força Aérea Americana. As propriedades previstas por meio do
espectro NIR foram ponto de congelamento e percentagens em volume de aromáticos e
saturados, com resultados compatíveis com a reprodutibilidade dos métodos ASTM
utilizados como métodos primários [32].
A técnica tem obtido sucesso mesmo para produtos pesados como o asfalto.
Solubilizando as frações de asfaltenos e maltenos, espectros de absorbância foram
obtidos entre 1.200 e 1.400 nm. Utilizando calibração não-linear, foi possível prever o
resultado da penetração, que é um parâmetro de qualidade muito importante para esse
produto, com valores compatíveis com o método ASTM D 5 [33].
Além da previsão de propriedades, alguns trabalhos apresentam o
desenvolvimento de calibrações baseadas em espectroscopia NIR para fins qualitativos.
Por exemplo, a técnica pôde ser usada para a identificação de produtos de petróleo,
46
uma aplicação importante para a identificação de derramamentos ou de produtos
comercializados ilegalmente. Através do espectro NIR na faixa de 1.100 a 2.500 nm,
utilizando um conjunto de 372 amostras, foi desenvolvida uma calibração capaz de
identificar claramente seis diferentes produtos (nafta leve, nafta, querosene, gasóleo
leve, gasolina e óleo diesel), de forma rápida e com baixo investimento [34].
Muitas calibrações desenvolvidas através da espectroscopia NIR têm sido
utilizadas em analisadores em linha para a otimização das operações de refino. Um dos
usos mais difundidos é o controle de misturas de correntes (blending). Através da
previsão das propriedades do produto após mistura, por meio de um analisador NIR,
utilizando um sistema de controle adequado, é possível ajustar a vazão de cada
corrente de forma otimizada, aumentando significativamente a rentabilidade do
processo. Por exemplo, por meio da previsão de propriedades como octanagem, teor
de aromáticos e teor de olefinas, é possível produzir gasolina dentro das especificações
requeridas, otimizando a rentabilidade, utilizando as proporções adequadas de nafta de
destilação, nafta craqueada, nafta de reforma ou outras correntes [35,36].
A técnica também é utilizada para a otimização das condições operacionais de
cada unidade em tempo real. Um exemplo de aplicação é o controle da severidade do
hidrotratamento de óleo diesel, através da previsão em linha de parâmetros como
número de cetano, teor de enxofre e teor de aromáticos. A severidade da unidade de
reforma catalítica também pode ser controlada em tempo real, através da previsão da
octanagem da gasolina produzida. Por meio da previsão dos teores de aromáticos e
olefinas, é possível avaliar as condições do catalisador e as taxas de conversão da
unidade de reforma [37].
Comparativamente à quantidade de trabalhos que apresentam aplicações para
derivados, poucos trabalhos tratam do uso da espectroscopia NIR diretamente para
análise de petróleo.
Um dos trabalhos publicados teve como objetivo a caracterização de petróleos
através da determinação dos teores de saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos,
conhecida como SARA. Dezoito amostras de petróleo, de origens distintas, foram
analisadas por cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC) e seus espectros
obtidos nos intervalos de 4.000 a 400 cm-1 (região do infravermelho médio) e 1.100 a
47
2.200 nm (região NIR). Os resultados mostraram que a espectroscopia, tanto no
infravermelho médio quando no NIR, pode prever a composição SARA com a mesma
precisão do método cromatográfico [38].
Kallevik et al [39] caracterizaram emulsões de petróleo por meio da
espectroscopia NIR. Foi preparado um planejamento de experimentos, para estudar a
mistura ternária: petróleo, Exxsol D-80 (mistura de alcanos/cicloalcanos na faixa C10-
C13) e água. Os espectros NIR, obtidos na faixa de 1.100 a 2.250 nm, foram utilizados
para prever os teores de água e de Exssol D-80 nas amostras de petróleo emulsionado.
A caracterização da qualidade de petróleo foi objeto de estudo por Hidajat e
Chong [40]. Cento e dez amostras, representando mais de 30 tipos de petróleo, de mais
de 12 países diferentes, foram analisadas através da curva de ponto de ebulição
verdadeiro (PEV). Os espectros foram obtidos no intervalo de 1.600 a 2.600 nm e
forneceram calibrações para a previsão da densidade e das frações de GLP, destilado
leve, querosene, óleo diesel e resíduo. O método apresentou a vantagem de ser muito
mais rápido que a determinação convencional, mais seguro e apropriado para
aplicações em linha.
A potencialidade da espectroscopia NIR para a otimização de uma unidade de
destilação foi explorada por Kim et al [41]. Numa refinaria da SK Corporation, na Corea,
analisadores NIR em linha são utilizados para prever várias propriedades de petróleo e
de derivados produzidos. Graças ao desenvolvimento de um sistema de amostragem
eficiente e de modelos de calibração precisos, é possível prever a densidade (°API) e a
curva do ponto de ebulição verdadeiro (PEV) de petróleos, na faixa de destilação de 60
a 565 °C. São previstas também propriedades de nafta leve, nafta pesada, querosene e
óleo diesel, como densidade, destilação e outras, utilizadas para a otimização do
processo de destilação.
Um método automático para analisar petróleo por espectroscopia NIR foi
patenteado. O analisador é composto por um espectrofotômetro NIR combinado com
um aparelho de destilação comum para analisar as propriedades de cada fração
destilada, assim que ela é separada do petróleo. Um sistema de vácuo e um sistema de
resfriamento com gelo seco, acoplados ao destilador, permitem a análise de um amplo
espectro de derivados, desde frações gasosas (como metano) até destilados com
48
temperatura de ebulição de 565 °C. As calibrações desenvolvidas fornecem a previsão
de diversas propriedades de cada fração obtida. O tempo analítico requerido pelo
analisador patenteado é de cerca de dois dias, o que representa uma grande vantagem
sobre o método convencional de destilação e ensaios por métodos ASTM, que requer
um tempo entre uma e duas semanas [42].
Uma aplicação interessante, também apresentada na forma de patente, é o uso da
espectroscopia NIR para a análise de petróleo em sistemas de produção. O petróleo é
analisado logo após sair do poço, de preferência por um analisador em linha, e uma
série de propriedades podem ser previstas, como sua composição química, quantidade
de gases em solução, teor de água, viscosidade, densidade, etc. Tais propriedades são
utilizadas para o ajuste das condições operacionais; por exemplo, a informação da
quantidade de gás dissolvido pode servir para ajustar a vazão do petróleo, visto que a
unidade de separação óleo/gás tem limitações quanto à quantidade de gás que pode
ser processada [43].
O potencial para o desenvolvimento de calibrações capazes de relacionar o
espectro NIR à curva PEV pode ser ilustrado através das figuras 17 e 18. A figura 17
exibe as curvas PEV de três amostras diferentes que possuem exatamente a mesma
densidade (26,2 °API). Uma refinaria de petróleo que avalie a carga da destilação
baseada unicamente nesse parâmetro irá concluir que as três amostras são de igual
composição. Entretanto, podem ser observadas diferenças significativas nas curvas
PEV das amostras.
A figura 18 apresenta os espectros de absorção no infravermelho próximo das três
amostras (após correções de linha de base e caminho ótico). Amostras iguais possuem
cores iguais nas duas figuras. É possível perceber que as amostras de curvas PEV
parecidas apresentam espectros similares, enquanto amostras de composições
diferentes possuem espectros NIR bastante diferentes, embora tenham a mesma
densidade.
49
800
700
600
Temperatura (°C)
500
400
300
200
100
0
0 20 40 60 80 100
Destilado (vol.%)
Figura 17. Curvas PEV de três amostras diferentes com mesma densidade
Figura 18. Espectros NIR das amostras cujas PEVs estão apresentadas
na figura 17
50
4. PARTE EXPERIMENTAL
4.1. AMOSTRAS
Foram utilizados dois grupos de amostras para esse estudo. O primeiro grupo foi
formado por 79 amostras de cargas (misturas de petróleos) processadas na Refinaria
Henrique Lage (REVAP) da Petrobras, em São José dos Campos, coletadas no período
de janeiro de 2002 a agosto de 2003.
Como forma de avaliar a variabilidade das amostras analisadas, foi determinada a
densidade em grau API de cada amostra. As amostras do primeiro grupo apresentaram
densidades grau API no intervalo de 23,7 a 30,4, com média igual a 26,8 e desvio
padrão de 1,63 °API.
O segundo grupo foi formado por petróleos puros produzidos no Brasil e no
exterior, processados em refinarias brasileiras. Este grupo se constitui de amostras de
43 petróleos diferentes, sendo 33 óleos nacionais e 10 estrangeiros, com grau API
variando de 13,2 a 49,6. A tabela 9 lista os petróleos puros utilizados no estudo.
51
Tabela 9. Amostras de petróleos puros utilizadas
52
Foi utilizado o método de extrapolação pela carta de probabilidade para a previsão
dos pontos da curva PEV para temperaturas acima de 565°C. Esse método consiste na
conversão do formato sigmoidal da curva PEV, quando os dados são plotados em um
gráfico XY linear, para uma reta, quando os dados são plotados em uma carta de
probabilidade [45]. Assim, a partir de uma regressão linear, uma representação simples
da curva PEV foi obtida e pôde ser facilmente manipulada e extrapolada, pois exige
apenas os coeficientes linear e angular da regressão. Além disso, o formato sigmoidal
típico da curva PEV pode ser recuperado, pela conversão dos pontos da carta de
probabilidade para um gráfico XY linear.
As curvas PEV foram fornecidas como com conjunto de 29 pares de pontos de
rendimento em volume acumulado e temperatura, indo desde o rendimento de metano
até o rendimento do resíduo final à temperatura de 750°C. Os dados relativos às
temperaturas acima de 565 °C foram obtidos por extrapolação.
As densidades das amostras foram determinadas utilizando o procedimento
descrito em 3.3.1.2.
53
Figura 19. Instrumento 1 (com detalhe da sonda de transflectância)
54
4.3.2. ESPECTROS OBTIDOS
55
Número de onda (cm-1)
56
Número de onda (cm-1)
-1
Número de onda (cm )
57
Número de onda (cm-1)
58
4.4.1. PRÉ-TRATAMENTO DOS DADOS ESPECTRAIS
Como tratamento preliminar foi feita uma correção de linha de base, tomando
como referência a absorbância em 4.780 cm-1, ou seja, para todos os pontos de cada
um dos espectros, foi subtraído o valor da sua absorbância a esse número de onda.
Para evitar eventuais erros de medição devido a diferenças de caminho ótico das
celas de transmitância utilizadas ou alterações de densidade das amostras devido a
variações de temperatura foi realizado também um procedimento de normalização
espectral.
Através desse procedimento, cada espectro foi corrigido conforme equação a
seguir [47].
S
Sc = (14)
∑ S′
fim
i=início i
59
Para auxiliar na definição do número de fatores foi utilizada a validação cruzada,
removendo uma amostra por vez. O número de fatores escolhido para cada calibração
foi o menor possível que proporcionasse o menor erro padrão de validação (SEV).
Os pontos discrepantes foram identificados e removidos através da observação
dos gráficos de Resíduos versus “Leverage”. Os dados originais foram revistos para
todas as amostras que apresentaram alto resíduo e alta “Leverage”, ou seja, amostras
influentes na calibração, mas com erros significativos nos valores previstos. As
amostras cujos dados não puderam ser corrigidos foram removidas do conjunto de
calibração como pontos discrepantes (anômalos).
Da mesma maneira como nas calibrações por PLS, também foi desenvolvido um
modelo de calibração independente para cada ponto da curva PEV, além da calibração
para a densidade grau API. Entretanto, as variáveis espectrais utilizadas não foram os
valores de absorbância a cada comprimento de onda, mas os valores dos escores
obtidos por análise PCA para cada amostra do conjunto de calibração, como descrito
por Despagne e Massart [14].
A matriz de dados espectrais foi decomposta numa nova matriz de fatores através
da técnica de Análise de Componentes Principais (PCA) utilizando o software Pirouette
(Infometrix Inc.). Por meio do exame dos gráficos dos escores dos primeiros
componentes principais, foram identificados possíveis pontos discrepantes. Essas
amostras não foram eliminadas, mas foram marcadas para observações posteriores,
durante o processo de calibração não-linear por ANN.
As amostras disponíveis para calibração foram alocadas nos conjuntos de
treinamento e monitoramento, na proporção de 2:1, respectivamente. A distribuição das
amostras foi feita com o auxílio dos gráficos de escores dos dois primeiros
componentes principais do PCA, de forma que os dois conjuntos tivessem uma
distribuição equivalente de amostras.
60
Uma nova análise PCA foi feita exclusivamente com o conjunto de treinamento,
onde foi obtida a matriz de escores das amostras desse conjunto. O modelo PCA criado
foi utilizado para o cálculo dos escores dos conjuntos de monitoramento e validação.
A partir desta etapa, as variáveis espectrais passaram a ser representadas pelos
escores do PCA para os três conjuntos. Isso possibilitou a compressão de dados,
reduzindo significativamente o número de variáveis. Foram utilizados os escores dos 15
primeiros componentes principais.
A seguir, os escores foram escalados, utilizando o escalamento min-max, para
adequar os dados à faixa de -1 a +1, adequada para a entrada na função de
transferência sigmoidal.
Os dados espectrais, representados pelos escores dos 15 primeiros componentes
principais da análise PCA, juntamente com os pontos da curva PEV foram inseridos no
programa Trajan Neural Networks, para o desenvolvimento das calibrações por ANN.
Foram utilizadas redes com três camadas (conforme figura 6), com funções de
transferência sigmoidal, na camada interna, e linear, na camada de saída. A seleção
dos parâmetros de entrada, a determinação do número ótimo de nós de cada camada
da rede e o cálculo dos pesos foram realizados pelo programa, de forma automática.
61
% vol. acumulado = a.10-7T3 + b. 10-4T2 + c. 10-2T + d (15)
62
PEV
800
700
Temperatura (C)
600
500
400
300
200
100
0
0 20 40 60 80 100
Destilado (%vol.)
Modelo:
Previsão dos 4 coeficientes da equação polinomial
Figura 26. Diagrama esquemático do procedimento utilizado para calibração por ANN
dos coeficientes da equação polinomial da curva PEV
63
4.4.5. PREVISÃO DA CURVA PEV ATRAVÉS DO AJUSTE POLINOMIAL DOS
VALORES INDIVIDUAIS PREVISTOS
64
5. RESULTADOS
Np
RMSEP = ∑ ( ŷ i - y i )2 / NP (17)
i=1
Onde:
ŷ i = valor previsto da propriedade para a i-ésima amostra do conjunto de validação
- PLS-5000 - calibrações por PLS utilizando intervalo espectral de 5.000 a 3.900 cm-1
- RN-5000 – calibrações por ANN utilizando intervalo espectral de 5.000 a 3.900 cm-1
- PLS-6000 - calibrações por PLS utilizando intervalo espectral de 6.000 a 3.700 cm-1
- RN-6000 – calibrações por ANN utilizando intervalo espectral de 6.000 a 3.700 cm-1
- PLS-9000 - calibrações por PLS utilizando intervalo espectral de 9.000 a 3.700 cm-1
- RN-9000 – calibrações por ANN utilizando intervalo espectral de 9.000 a 3.700 cm-1
- PLS-5000P - calibrações por PLS utilizando intervalo espectral de 5.000 a 3.900 cm-1,
por meio do ajuste polinomial dos valores individuais previstos.
65
Os valores previstos por tais modelos para o conjunto de validação encontram-se
nos Apêndices A2 a A8.
5.1. CALIBRAÇÕES POR PLS E ANN PARA CURVA PEV E DENSIDADE GRAU API
66
800
700
600
Temperatura (°C)
PEV
500 PLS-5000
RN-5000
400 PLS-6000
RN-6000
300 PLS-9000
RN-9000
200
100
0
0 20 40 60 80 100
Destilado (%vol.)
Figura 27. Curvas PEV: real e previstas pelos modelos – amostra PBP11708
2,0
1,0
Resíduo (% vol.)
0,0
PLS-5000
RN-5000
-1,0 PLS-6000
RN-6000
PLS-9000
-2,0
RN-9000
-3,0
-4,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
67
800
700
600
Temperatura (°C)
500 PEV
PLS-5000
RN-5000
400 PLS-6000
RN-6000
PLS-9000
300
RN-9000
200
100
0
0 20 40 60 80 100
Destilado (%vol.)
Figura 29. Curvas PEV: real e previstas pelos modelos – amostra PBP12206
3,0
2,0
1,0
Resíduo (% vol.)
PLS-5000
0,0 RN-5000
PLS-6000
-1,0 RN-6000
PLS-9000
-2,0 RN-9000
-3,0
-4,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
Figura 30. Resíduos apresentados pelos modelos desenvolvidos – amostra
PBP12206
68
800
700
600
Temperatura (°C)
500 PEV
PLS-5000
RN-5000
400 PLS-6000
RN-6000
PLS-9000
300
RN-9000
200
100
0
0 20 40 60 80 100
Destilado (%vol.)
Figura 31. Curvas PEV: real e previstas pelos modelos – amostra PBP12478
2,0
1,0
Resíduo (% vol.)
0,0 PLS-5000
RN-5000
-1,0 PLS-6000
RN-6000
PLS-9000
-2,0
RN-9000
-3,0
-4,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
69
800
700
600
Temperatura (°C)
PEV
500 PLS-5000
RN-5000
400 PLS-6000
RN-6000
300 PLS-9000
RN-9000
200
100
0
0 20 40 60 80 100
Destilado (%vol.)
Figura 33. Curvas PEV: real e previstas pelos modelos – amostra PBP12214
5,0
4,0
Resíduo (% vol.)
3,0 PLS-5000
RN-5000
2,0 PLS-6000
RN-6000
PLS-9000
1,0
RN-9000
0,0
-1,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
700
600
Temperatura (°C)
PEV
500 PLS-5000
RN-5000
400 PLS-6000
RN-6000
300 PLS-9000
RN-9000
200
100
0
0 20 40 60 80 100
Destilado (%vol.)
Figura 35. Curvas PEV: real e previstas pelos modelos – amostra PBP11697
7,0
6,0
5,0
Resíduo (% vol.)
4,0 PLS-5000
RN-5000
3,0
PLS-6000
2,0 RN-6000
PLS-9000
1,0
RN-9000
0,0
-1,0
-2,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
72
RMSEP
3,0
2,5
RMSEP (%vol.)
PLS-5000
2,0
RN-5000
PLS-6000
1,5
RN-6000
1,0 PLS-9000
RN-9000
0,5
0,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (C)
RMSEP
1,8
1,6
1,4
1,2
RMSEP
1,0 API
0,8 PEV
0,6
0,4
0,2
0,0
PLS-5000 RN-5000 PLS-6000 RN-6000 PLS-9000 RN-9000
Modelo
Figura 38. Valores de RMSEP médios para os modelos desenvolvidos para a previsão
da curva PEV (em % vol.) e da densidade (em °API)
73
Os dados apresentados sugerem que o modelo que fornece os melhores
resultados, ou seja, menores valores de RMSEP, é o modelo desenvolvido por PLS
utilizando o intervalo espectral de 5.000 a 3.900 cm-1. Para confirmar essa conclusão,
especialmente para a previsão da curva PEV, foi utilizado o teste estatístico t-pareado.
Adotando a hipótese nula de que não existe diferença significativa no RMSEP médio
fornecido por dois modelos, o teste avalia se a média das diferenças entre os valores de
RMSEP de cada variável modelada difere significativamente de zero [49,50].
Para a avaliação estatística, os resultados de RMSEP do modelo PLS-5000 foram
utilizados como referência. Para cada variável (volumes destilados a 50°C, 75°C, etc),
foi calculada a diferença entre o RMSEP obtido por esse modelo e o RMSEP obtido por
cada um dos demais modelos. Foram computadas a média e o desvio padrão das
diferenças para cada modelo testado. O valor de t observado foi calculado conforme a
equação a seguir:
xd n
t obs = (18)
sd
Onde:
t obs = valor de t observado
xd
= média das diferenças dos valores de RMSEP
s d = desvio padrão das diferenças dos valores de RMSEP
74
A tabela 11 apresenta os resultados obtidos no teste estatístico. Pode-se observar
que apenas o modelo PLS-6000 apresentou resultados equivalentes ao modelo PLS-
5000, ou seja, somente neste caso foi aceita a hipótese nula de que não existe
diferença significativa no RMSEP médio dos dois modelos.
Tabela 11. Resumo dos resultados dos testes estatísticos para avaliar o desempenho
dos modelos desenvolvidos
30
Valores previstos
28
2
R =0,9219
26 RMSEP = 0,247
24
24 25 26 27 28 29 30
Valores medidos
Figura 39. Valores medidos x previstos para a densidade pelo modelo PLS-5000
75
Curva PEV - volume a 125 °C
14
Valores previstos
12
2
R =0,6685
10 RMSEP = 0,976
8
8 10 12 14
Valores medidos
Figura 40. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 125°C da curva PEV
pelo modelo PLS-5000
30
Valores previstos
28
26
24 2
R =0,7854
RMSEP = 0,930
22
20
20 22 24 26 28 30
Valores medidos
Figura 41. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 225°C da curva PEV
pelo modelo PLS-5000
76
Curva PEV - volume a 325 °C
47
45
Valores previstos
43
41
2
R =0,7112
39 RMSEP = 1,259
37
35
35 37 39 41 43 45 47
Valores medidos
Figura 42. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 325°C da curva PEV
pelo modelo PLS-5000
58
Valores previstos
56
54
52 2
R =0,7384
RMSEP = 1,271
50
48
48 50 52 54 56 58
Valores medidos
Figura 43. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 400°C da curva PEV
pelo modelo PLS-5000
77
Curva PEV - volume a 500 °C
74
72
Valores previstos
70
68 2
R =0,5962
RMSEP = 1,144
66
64
65 67 69 71 73
Valores medidos
Figura 44. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 500°C da curva PEV
pelo modelo PLS-5000
85
Valores previstos
83
2
R =0,5860
81 RMSEP = 1,339
79
79 80 81 82 83 84 85
Valores medidos
Figura 45. Valores medidos x previstos para o volume destilado a 600°C da curva PEV
pelo modelo PLS-5000
78
5.2. CALIBRAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS (ANN) A PARTIR DA
EQUAÇÃO POLINOMIAL DA CURVA PEV
RMSEP
12,0
10,0
RMSEP (%vol.)
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
Figura 46. Valores de RMSEP dos pontos da curva PEV prevista por ANN (através dos
coeficientes da equação polinomial)
79
curva obtida experimentalmente e ao ajuste polinomial original. Pode-se observar que,
devido ao erro de previsão dos coeficientes, a curva prevista tende a apresentar um
afastamento significativo da curva experimental especialmente a partir dos 350°C,
intensificado progressivamente à medida que a temperatura aumenta.
800
600
Temperatura (C
400
200
0
0 20 40 60 80 100
Vol. (%)
Figura 47. Curvas PEV prevista por ANN e obtida experimentalmente para o petróleo
Cabiúnas Mistura
80
5.3. PREVISÃO DA CURVA PEV ATRAVÉS DO AJUSTE POLINOMIAL DOS
VALORES INDIVIDUAIS PREVISTOS
81
RMSEP
1,5
1,4
1,3
RMSEP (%vol.)
1,2
1,1
PLS-5000
1,0
PLS-5000P
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
82
2,00
1,50
1,00
Resíduo (%vol.)
0,50
0,00
PLS-5000
PLS-5000P
-0,50
-1,00
-1,50
-2,00
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
1,50
1,00
Resíduo (%vol.)
0,50
PLS-5000
PLS-5000P
0,00
-0,50
-1,00
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
83
2,00
1,50
1,00
Resíduo (%vol.)
0,50
PLS-5000
PLS-5000P
0,00
-0,50
-1,00
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
2,00
1,50
Resíduo (%vol.)
1,00
PLS-5000
PLS-5000P
0,50
0,00
-0,50
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
84
1,5
1
Resíduo (%vol.)
0,5
PLS-5000
PLS-5000P
0
-0,5
-1
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura (°C)
85
Tabela 13. Resultados do teste de precisão (em °API para densidade e °C para os
pontos da curva PEV)
275°C 0,311 0,946 0,863 0,245 0,719 0,678 0,190 0,553 0,527
300°C 0,311 1,038 0,863 0,264 0,785 0,732 0,192 0,677 0,532
325°C 0,324 1,074 0,899 0,246 0,747 0,683 0,198 0,648 0,548
350°C 0,224 0,743 0,620 0,245 0,724 0,680 0,224 0,544 0,620
400°C 0,236 0,648 0,654 0,247 0,654 0,685 0,196 0,640 0,542
425°C 0,233 0,658 0,645 0,250 0,668 0,692 0,187 0,610 0,518
450°C 0,319 1,206 0,884 0,171 0,546 0,473 0,238 0,639 0,660
500°C 0,364 1,240 1,009 0,292 0,994 0,810 0,256 0,962 0,711
550°C 0,209 0,696 0,579 0,127 0,404 0,353 0,122 0,416 0,337
600°C 0,278 0,888 0,770 0,110 0,364 0,306 0,144 0,520 0,398
700°C 0,124 0,349 0,343 0,096 0,345 0,267 0,094 0,257 0,262
750°C 0,312 0,836 0,864 0,175 0,538 0,484 0,229 0,612 0,636
1,2
1
Repetitividade (% vol.)
0,8
Amostra 1
0,6 Amostra 2
Amostra 3
0,4
0,2
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Ponto (°C)
86
5.5. AVALIAÇÃO DO MODELO PLS-5000 EM RELAÇÃO A UM SIMULADOR DE
PROCESSO
800
600
Temperatura (°C)
Hysys
ASTM
400
NIR
200
0
0 20 40 60 80 100
Destilado(% Vol)
Figura 55. Comparação dos resultados previstos por NIR e pelo simulador (Hysys) com
curva PEV experimental - amostra de 22/04/03
87
800
600
Temperatura (°C)
Hysys
ASTM
400
NIR
200
0
0 20 40 60 80 100
Destilado(% Vol)
Figura 56. Comparação dos resultados previstos por NIR e pelo simulador (Hysys) com
curva PEV experimental - amostra 23/05/03
Rendimentos
Amostra 22/04/03
30
25
Rendimento
20 Hysys
15 PEV
10 NIR
5
0
A
SA
S
O
S
FT
DI
RE
PE
R
PE
UE
NA
E
DI
Q
Produto
Rendimentos
Amostra 23/05/03
30
25
Rendimento
20 Hysys
15 PEV
10 NIR
5
0
S
SA
IE
A
ES
O
PE
T
ER
D
AF
PE
R
IE
U
N
D
Q
Produto
89
6. CONCLUSÕES
A obtenção dos espectros de petróleo através da sonda com fibra ótica permitiria
uma operação mais rápida e facilitaria a implantação dessa técnica num analisador de
processo. Entretanto, com os caminhos óticos testados, as bandas de combinações e
sobretons ficaram evidentes, porém com intensidades muito altas e conseqüente
prejuízo na relação sinal-ruído dos espectros tomados.
O uso da cela de transmitância com caminho ótico de 0,5 mm possibilitou a
obtenção de espectros de boa qualidade especialmente na região das bandas de
combinações e primeiro sobretom, apesar do efeito de espalhamento observado.
90
O uso da técnica de calibração por PLS forneceu bons resultados no intervalo de
50 a 700°C. Um problema encontrado foi a distribuição não uniforme das amostras nos
intervalos de calibração. Essa distribuição favorece o deslocamento dos resultados de
previsão para o centro do intervalo de calibração e prejudica as previsões de amostras
que apresentam resultados mais distantes do valor médio. O número limitado de
amostras impediu a retirada das amostras excedentes na faixa central sem prejudicar a
quantidade necessária para estabelecer as relações entre espectros e propriedades.
A previsão da curva PEV por NIR mostrou resultados superiores à previsão
através da ponderação volumétrica dos petróleos pelo simulador HYSYS, procedimento
atual realizado na refinaria, fornecendo inclusive melhores estimativas de rendimentos
de produtos.
O teste de repetitividade mostrou bons resultados, dentro da precisão reportada
no método de referência para a curva PEV e a densidade.
91
7. SUGESTÕES DE NOVOS ESTUDOS
92
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Wiley-Interscience, 2000. 424 p.
97
APÊNDICES
99
A1 – Conjunto de Validação – parâmetros originais
101
A2 – Conjunto de Validação – valores previstos
pelos modelos PLS-5000
102
A3 – Conjunto de Validação – valores previstos
pelos modelos RN-5000
103
A4 – Conjunto de Validação – valores previstos
pelos modelos PLS-6000
104
A5 – Conjunto de Validação – valores previstos
pelos modelos RN-6000
105
A6 – Conjunto de Validação – valores previstos
pelos modelos PLS-9000
106
A7– Conjunto de Validação – valores previstos
pelos modelos RN-9000
107
A8 – Conjunto de Validação – valores previstos
pelos modelos PLS-5000P
108
A9 – Conjunto de Validação para teste ANN com equação polinomial da curva
PEV – parâmetros originais
109
A10 – Conjunto de Validação para teste ANN com equação polinomial da curva
PEV – valores obtidos pelas equações polinomiais
110
A11 – Conjunto de Validação para teste ANN com equação polinomial da curva
PEV – valores previstos
111
A12 – Conjunto de Validação para teste ANN com equação polinomial da curva
PEV – coeficientes determinados e previstos
112