Avaliação de Novas Condições Operacionais para Um Sistema de Tubulações Existentes

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Avaliação de novas condições operacionais para um

sistema de tubulações existentes

1. Introdução
No caso projeto mecânico de vasos de pressão, na realização do projeto mecânico é
obrigatório o cálculo da PMTA (Pressão Máxima de Trabalho Admissível) ou MAWP (Maximum
Allowable Working Pressure) e a indicação da parte do vaso que limita essa pressão.
Essa PMTA é a pressão máxima admissível de trabalho, calculada para condição corroída e
quente, isto é, espessuras dos componentes corroídas com o vaso na temperatura de projeto.
Também deve ser calculada a PMA, que é a Pressão Máxima Admissível, para a condição de
novo e frio, que é base para o cálculo da pressão do teste de pressão do equipamento na
fábrica.
Já nos sistemas de tubulações, o projeto mecânico para cada tubulação consiste na seleção do
seu “espec”, previamente elaborado, que identifica o fluido, as condições de pressão e
temperatura de projeto, a classe de pressão, a sobrespessura de corrosão, a padronização dos
componentes, e nos casos especiais, a necessidade de tratamento térmico e de teste de
tenacidade. Dessa forma, a PMTA-Pressão Máxima de Trabalho Admissível da tubulação é
determinada através dos limites de pressão e temperatura, que correspondem à Classe de
Pressão do “espec”.

2. Definições
 “Espec” de tubulação
É um documento do projeto mecânico da tubulação, chamado de Folhas de Padronização de
Material de Tubulação, que padroniza os componentes de fabricação da tubulação (válvulas;
tubos; conexões; niples; parafusos, estojos e porcas; flanges; juntas e gaxetas de vedação) em
função das características do fluido, requisitos de operação e condições de projeto e
construção.
 Projeto mecânico
É o conjunto de atividades de engenharia destinados a apresentar informações necessárias e
suficientes para especificar, adquirir, projetar, fabricar, montar, operar e manter os
equipamentos e sistemas de tubulações de instalações industriais.
 Classes de pressão pressure ratings
A classe de pressão (também conhecida como classificação de pressão) estabelece a pressão
máxima que um tubo, conexão ou válvula é capaz de suportar em determinada temperatura.
A classe de pressão é definida para cada material de construção e também é afetada pela
temperatura do serviço; quanto mais alta a temperatura do processo, menor pressão pode ser
resistida pelo tubo, conexão e corpo da válvula.
A Norma ASME B16.34 Valves - Flanged, Threaded and Welding End define as tabelas, para
cada classe de pressão, usadas para determinar a relação entre pressão e temperatura, bem
como a espessura de parede aplicável e as conexões finais de componentes de tubulações.
As classes de pressão normalizadas pela Norma ASME B16.34 são: Classe 150, Classe 300,
Classe 600, Classe 900, Classe 1500 e Classe 2500.

3. Referências
 Normas Petrobras
N-57 Projeto Mecânico de Tubulações Industriais
N-76 Materiais de Tubulação para Instalações de Refino e Transporte, para tubulação de Gás
Natural
N-115 Fabricação e Montagem de Tubulações Metálicas
N-1693 Diretrizes para Elaboração de Padronização de Material de Tubulação para Instalações
de Refino e Transporte
N-2555 Inspeção em Serviço de Tubulações
Portal das Normas Públicas da Petrobras
https://canalfornecedor.petrobras.com.br/pt/regras-de-contratacao/catalogo-de-
padronizacao/#especificacoes-tecnicas
 Normas ASME
ASME Code for Pressure Piping, B31.3 Process Piping
 Tubulações Industriais – Cálculo - Prof. Pedro Carlos da Silva Telles
https://paulocrgomes.com.br/wp-content/uploads/2017/09/Tubula%C3%A7%C3%B5es-
Industrias-C%C3%A1lculos-Silva-Teles.pdf
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4. Padronização dos componentes da tubulação
Os componentes de uma tubulação são padronizados em normas, nacionais e internacionais, e
selecionados a partir dessas normas, desde os próprios tubos, até válvulas, conexões, niples,
parafusos, estojos, porcas, flanges, juntas e gaxetas de vedação, para compor o projeto
mecânico da tubulação.

Componentes Norma de padronização


Tubos API SPEC 5L - Specification for Line Pipe;
ASTM SA106 Grade B Seamless Carbon Steel Pipe for High-Temperature
Service;
ABNT NBR 5580 - Tubos de Aço-carbono para Usos Comuns na Condução
de Fluidos - Especificação;
ABNT NBR 5590 - Tubos de Aço-carbono com ou sem Solda Longitudinal,
Pretos ou Galvanizados - Especificação;
ASME B36.10 - Welded and Seamless Wrought Steel Pipe;
ASME B36.19 - Stainless Steel Pipe;
Válvulas ASME B16.34 - Valves - Flanged, Threaded and Welding End;
API Std 594 - Check Valves: Wafer, Wafer-Lug, and Double Flanged Type;
API Std 599 - Metal Plug Valves - Flanged and Welding Ends Fourth;
API Std 609 - Butterfly Valves: Double Flanged, Lug - and Wafer - Type;
API Std 600 - Steel Gate Valves—Flanged and Butt-welding Ends, Bolted
Bonnets;
Niples ASTM SA106 Grade B Seamless Carbon Steel Pipe for High-Temperature
Service;
Conexões: curvas, tês, ASME B16.9 - Factory - Made Wrought Steel Buttwelding Fittings;
joelhos, luvas, tampões, ASME B16.11 - Forged Fittings, Socket-Welding and Threaded;
bujões, reduções ASME B16.14 - Ferrous Pipe Plugs, Bushing and Locknuts with Pipe
Threads;
Flanges ASME B16.5 - Pipe Flanges and Flanged Fittings;
ASME B16.47 - Large Diameter Steel Flanges (NPS 26 through NPS 60);
Parafusos, estojos e ASME B1.20.1 - Pipe Threads, General Purpose (inch);
porcas ASME B1.1 - Unified Inch Screw Threads;
ASME B18.2.1 - Square and Hex Bolts and Screws;
ASME B18.2.2 - Square and Hex Nuts;
Juntas de vedação de ASME B16.20 - Metallic Gaskets for Pipe Flanges Ring-Joint, Spiral-Wounds
extremidades flangeadas and Jacketed; ASME B16.21 - Nonmetallic Flat Gaskets for Pipe Flanges;
Gaxetas de vedação de Padrões de fabricantes como TEADIT.
hastes de válvulas
Notas:
As espessuras mínimas de corpo válvula devem ser de acordo com a Norma ASME B16.34.
As dimensões e espessuras mínimas dos flanges e conexões flangeadas devem estar de acordo com a
Norma ASME B16.5
As dimensões e espessuras mínimas de conexões para solda de soquete devem estar de acordo com
a Norma ASME B16.11
As dimensões, espessuras e roscas de conexões roscadas devem estar de acordo com a Norma
ASME B16.11 e as roscas cônicas NPT devem se conforme a Norma ASME B1.20.1.

5. Carregamento considerados em uma tubulação


De modo geral, para o projeto mecânico da tubulação, os principais carregamentos a serem
considerados são:
a. Pressão interna;
b. Pressão externa em ambientes de sub-pressão ou com vácuo;
Em tubulações enterradas, há a pressão externa causada pelo peso da terra e
pavimentação.
c. Peso próprio da tubulação, peso do fluido contido e do fluido de teste de pressão, das
conexões, válvulas etc., integrantes da tubulação e do isolamento térmico;
Em tubulações de vapor, ar e outros gases, deve ser considerado também o peso da
água para o teste hidrostático, a menos que sejam previstos suportes provisórios
adicionais para esse fim.
d. Cálculo de reforços em derivações soldadas (bocas-de-lobo) e em outras aberturas
feitas nas paredes dos tubos;
e. Cálculo das curvas em gomos;.
f. Cálculo de flanges não padronizados, como flanges de diâmetro muito grande, flanges
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para pressões muito baixas ou para pressões extremamente altas, e flanges de
materiais especiais de alto custo;
g. Sobrecargas diversas agindo sobre a tubulação, tais como peso de outros tubos,
plataformas e estruturas apoiadas nos tubos, peso de pessoas sobre a tubulação etc.;
No caso de tubulações enterradas: peso da terra, pavimentação e veículos;
h. Dilatações térmicas (ou contrações) da própria tubulação ou de outras tubulações
ligadas à tubulação em questão, devido a variações de temperatura;
i. Movimentos de pontos extremos da tubulação causados por dilatação de outras
tubulações e dilatação própria de equipamentos (tanques, vasos, bombas etc.) ligados à
tubulação;
j. Atrito da tubulação nos suportes;
k. Ações dinâmicas provenientes do movimento do fluido na tubulação, tais como golpes
de aríete, choques térmicos, acelerações, impactos etc.;
l. Ações dinâmicas externas: vento, terremoto etc.;
m. Vibrações impostas por escoamento bifásico ou máquinas ou vento (no caso de
tubulações de grandes diâmetros);
n. Reações de juntas de expansão, devidas não só ao esforço necessário para impor
deslocamentos às mesmas, como também ao efeito de pressão interna (empuxo);
o. Tensões decorrentes da montagem, tais como alinhamentos forçados, desalinhamentos
e desnivelamento de suportes, tensões residuais de soldagem, aperto exagerado ou
desigual de flanges e de roscas, erros de ajuste de suportes de molas etc.;
p. Desnivelamento de suportes ou de vasos ou equipamentos ligados à tubulação,
consequentes de recalque de fundações;
q. Sobrespessura para corrosão, baseada na taxa de corrosão proveniente do fluido, para
o tempo mínimo de vida útil de 20 anos para aço-carbono, aço-liga e aço inoxidável,
exceto quando for especificado um tempo diferente. Para instalações de produção deve
ser considerado um tempo mínimo de vida útil de 25 anos.

6. Avaliação da tubulação ou sistema de tubulações para condições de operação


diferentes de projeto
A alteração das condições de operação, de um sistema de tubulações e/ou de uma única
tubulação existentes, pode acontecer de várias formas:
 mudança de fluido processado;
 mudança das características físico-químicas do fluido: velocidade de escoamento,
composição química, densidade, viscosidade, etc.;
 inclusão de contaminantes;
 aparecimento de sólidos em suspensão;
 mudança das condições de pressão e/ou temperatura de trabalho.
Um aumento de pressão resulta em um aumento de solicitação mecânica sobre a tubulação,
assim como um aumento de temperatura resulta também em aumento de solicitação, devido à
redução da resistência mecânica dos materiais com a temperatura.

Esta avaliação é realizada em duas fases:


a- Verificação do enquadramento da alteração no “espec” original da linha, que contém
todos os componentes padronizados da tubulação, com materiais, dimensões e
espessura, classe de pressão, limites de pressão e temperatura;
b- A seguir devem ser considerados os cálculos de verificação dos elementos não
padronizados e complementares da tubulação, como os seguintes: vão entre suportes;
flexibilidade e juntas de expansão, suportes não rígidos (suportes de mola), reforços em
aberturas e esforços sobre os suportes.

6.1. Quando se trata de um sistema de tubulações existentes, a primeira providência é


realizar uma inspeção detalhada, para verificar o estado físico das tubulações e detectar
possíveis defeitos como: corrosão e/ou erosão generalizada e localizada, trincas, furos, regiões
de baixa espessura, deformações, “embarrigamentos”, etc..
A partir dessa inspeção, avaliar cada defeito encontrado, fazer os reparos necessários e
calcular a vida residual da tubulação.

Assim, antes de se determinar a PMTA, é importante assegurar que o estado físico da


tubulação e a sua vida residual permitam essa modificação.
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É fundamental executar as inspeções externa e interna da tubulação, a saber, tubos,
acessórios, válvulas e demais componentes.

Além da inspeção visual, em toda a extensão da tubulação, se deve fazer a medição de


espessuras, particularmente, nas curvas, junto às válvulas, apoio sobre suportes, nas
ramificações, sob isolamento térmico, em trechos enterrados e nas regiões em que o tubo
aflora, isto é, passa de enterrado a aéreo.
Essa medição de espessuras nos trechos de tubos é, normalmente, por ultrassom e nos
acessórios se costuma empregar a radiografia panorâmica.
É recomendável contratar uma empresa tradicional e experiente em execução do serviço de
inspeção de tubulações.

Depois da inspeção e execução dos reparos necessários, realizar um teste de pressão na


tubulação existente, e o procedimento deve ser o mesmo definido no projeto original.

Em trechos enterrados da tubulação, abrir toda a vala, expondo inteiramente a linha para a
inspeção, e verificar também a integridade do revestimento externo, conforme indicação do
projeto. Durante o teste de pressão a tubulação deve permanecer desenterrada.
Após a aprovação do teste de pressão, a vala por onde passa a tubulação deve ser novamente
aterrada com material adequado, isento de pedras soltas, raízes, restos de eletrodos ou outras
impurezas que possam danificar o revestimento da tubulação.
A vala da tubulação deve ser perfeitamente compactada, a fim de evitar deformações futuras e
quando for executada a compactação, o tubo deve estar apoiado, no fundo da vala, em todo
seu comprimento, para evitar deformações ou esforços excessivos devidos à própria
compactação.

6.2. Se a tubulação ainda admitir o reaproveitamento, é necessário avaliar se os


equipamentos conectados ao sistema de tubulações admitem essa modificação, pois se a vida
útil do equipamento(os) for diminuída, o custo de um novo pode ser relevante.

6.3. Se o(s) equipamento(s) admite(m) a alteração, a verificação da tubulação ou do


sistema de tubulações é executada, tubulação por tubulação, conforme o seguinte passo-a-
passo.
a. Conferir no “espec” original de cada linha se a alteração é admissível
Na folha do “espec” é identificado o fluido, que foi considerado nas especificações dos
materiais de construção da tubulação (tubos, niples, válvulas, acessórios ou conexões, flanges
e parafusos, porcas, juntas e gaxetas de vedação), e todos são compatíveis com a classe de
pressão, que é estabelecida para o “espec”.

Também é apresentada a curva de “Limites de Pressão e Temperatura” relativa à classe de


pressão daquele “espec” e dessa forma, é razoavelmente, simples verificar, em caso de
mudança das condições de projeto e operação, fluido, pressão e/ou temperatura, se a
tubulação ainda é confiável e segura.

b. Por exemplo, segue uma folha do “espec” da Norma Petrobras N-76 Materiais de
Tubulação para Instalações de Refino e Transporte, de tubulação para o fluido: Gás Natural,
Classe de pressão 150, Temperatura: de 0ºC a 150ºC e Corrosão: 1,6 mm.

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6.4. Se a modificação pretendida é de alteração para um fluido que não se enquadra no
“espec” original da tubulação, ela não pode ser feita.

6.5. Se a modificação é de condições de operação (pressão e/ou temperatura), que se


enquadrem na curva Limites de Pressão e Temperatura do “espec” da tubulação, ela é
possível, porém, ainda são necessárias as verificações de componentes que não são
padronizados e foram projetados, sob medida tailor made, para as condições do projeto
mecânico original da tubulação.
Caso a modificação não se enquadre na curva Limites de Pressão e Temperatura do “espec”
da tubulação, ela não é possível, e se deve realizar novo projeto mecânico para a tubulação,
considerando as novas condições de serviço.

a. A PMTA-Pressão Máxima de Trabalho da tubulação, para cada valor de temperatura


desejada, está definida na curva Limites de Pressão e Temperatura do “espec” da tubulação, e
é uma pressão que atende a todos os componentes padronizados do “espec”.
Porém, como é tubulação existente, conferir se o valor da menor espessura medida, durante a
inspeção, ainda atende à corrosão admissível do “espec”, isto é, se a diferença entre a
espessura original de projeto e a menor espessura medida está coerente com o valor de
corrosão admissível definido no “espec”.

b. Outra possibilidade é calcular a PMAT, apenas do tubo, explicitando-se a variável


pressão interna (P), na fórmula de cálculo de espessura da própria Norma ASME B31.3,
considerando a espessura do tubo corroída e a tensão admissível na nova temperatura
desejada.
A espessura a ser utilizada nos cálculos da PMAT deve ser a menor das espessuras medidas,
durante a inspeção.ao longo da tubulação.

c. Essa PMTA, junto com a temperatura desejada, só podem ser utilizadas como nova
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condição operacional, se ainda se enquadrarem na curva Limites de Pressão e Temperatura do
“espec” da tubulação.
Dessa forma cada componente padronizado (curvas, joelhos, flanges, tampões, válvulas, etc.),
contido no “espec”, está apto a operar nas condições novas de pressão e temperatura.

d. Porém, após a definição do par pressão e temperatura enquadrado no “espec”, em


seguida, todos os componentes não padronizados (como juntas de expansão, válvulas de
alívio e segurança, suportes de mola, etc.), que compõe a tubulação, devem ser devidamente
verificados para as alterações de pressão e temperatura desejadas.

6.6. Componentes não padronizados, a serem verificados, no caso de alteração só de


aumento de pressão
a. Juntas de expansão: verificar as espessuras do fole e do corpo para a nova pressão e o
esforço nas ancoragens da junta.
Nota:
Todas as juntas de expansão (com exceção das juntas com articulação) devem ficar
obrigatoriamente entre 2 pontos de ancoragem, sendo que entre esses 2 pontos só pode haver
uma única junta de expansão. Entende-se como ponto de ancoragem as ancoragens
propriamente ditas e os pontos de ligação a qualquer equipamento (bomba, compressor, vaso
de pressão, etc.).
b. Abertura da PSV - válvula de alívio e segurança: verificar o corpo para a nova pressão
e, se for possível o aproveitamento da válvula, resetar a pressão de abertura para alívio.
c. Tensões no bocal ou bocais de interligação da tubulação: verificar os esforços sobre o
bocal, devido ao empuxo da nova pressão.
d. Reforços em derivações soldadas (bocas-de-lobo) e em outras aberturas feitas nas
paredes dos tubos: verificar se os reforços existentes atendem.
e. Curvas em gomos: checar a espessura da parede para a nova pressão.
f. Flanges não padronizados: verificar as espessuras do flange para a nova pressão.
g. Instrumentação: checar a faixa de leitura de cada instrumento de pressão.
h. Válvulas de controle de pressão: verificar se permite resetar para o novo valor de
pressão.

6.7. Componentes não padronizados, a serem verificados, no caso de alteração só de


aumento da temperatura
a. Flexibilidade da tubulação: verificar se a configuração da tubulação absorve as novas
dilatações térmicas.
b. Reações sobre os suporte fixos ou ancoragens: verificar para os novos esforços
transmitidos pela tubulação.
c. Tensões nos bocais de interligação: verificar para os novos esforços transmitidos pela
tubulação.
d. Espessura do isolante térmico nas linhas com isolamento térmico: verificar se a
espessura existente ainda é suficiente.
e. Efeito das novas temperaturas sobre a tinta da pintura das tubulações: verificar possível
degradação pelo efeito da nova temperatura.
f. Movimentos e reações das }untas de expansão: verificar se as espessuras do fole e do
corpo ainda são suficientes; se o fole ainda absorve as novas dilatações; e os esforços
transmitidos pela junta aos pontos fixos da tubulação.
g. Movimentos e reações nos suportes de molas: verificar se os suportes de mola, dos
tipos variável e constante, ainda absorvem os deslocamentos da tubulação, sem perda
de suportação.
h. Folgas nas guias da tubulação: verificar se os espaçamentos nas guias não restringem
a movimentação da tubulação.
i. Instrumentação: checar a faixa de leitura de cada instrumento de temperatura.
j. Válvulas de controle de temperatura: verificar se permite resetar para o novo valor de
temperatura.

6.8. Componentes não padronizados, a serem verificados, no caso de alteração


simultânea da pressão e da temperatura
Neste caso, é necessário efetuar cada uma das verificações anteriores.

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6.9. Após a realização de todas as verificações, dos componentes padronizados e não
padronizados, deve ser executado um teste de pressão, considerando a nova pressão PMTA
calculada.

7. Variações ocasionais de pressão e temperatura permitidas no sistema de


tubulações
Se a alteração de operação pretendida for ocasional e de curta duração (como anormalidades
operacionais, emergências, limpeza com vapor, etc.), pode ser admitida se atender às
condições de variações de pressão e/ou temperatura, permitidas em um sistema de
tubulações, conforme Norma ASME B31.3 parágrafo 302.2.4 Allowances for Pressure and
Temperature Variations.
Essa variação deve ser compatível com todos os seguintes critérios e se não enquadrar neles,
deve ser considerada para as verificações definidas nos itens anteriores.

Critérios que autorizam as variações de curta duração de pressão e/ou temperatura


aumentadas:
a. O sistema de tubulação não deve ter componentes pressurizados, incluindo as válvulas,
de ferro fundido ou outro metal não-dúctil.
b. As tensões circunferenciais atuantes, na condição da pressão ocasional, não devem
exceder a tensão de escoamento na temperatura aumentada.
c. A soma das tensões longitudinais combinadas, devido às cargas estáticas como pressão
e peso, e das tensões produzidas por cargas ocasionais, como vento ou terremoto, pode ser
até 1,33 vezes a tensão básica admissível para o material, na temperatura aumentada.
d. O número total de variações de pressão-temperatura acima das condições de projeto
não deve exceder 1 000 durante a vida do sistema de tubulação.
e. Em nenhum caso, o aumento da pressão deve exceder a pressão de teste de pressão
usada para o sistema de tubulação.
f. As variações ocasionais de pressão, acima das condições de projeto, devem permanecer
dentro de um dos seguintes limites, sujeitos à aprovação do proprietário.
(1) É permitido exceder a classe de pressão ou a tensão admissível na temperatura da
condição aumentada em não mais que:
(a) 33% por não mais do que 10 h a qualquer momento e não mais que 100 h/ano, ou
(b) 20% por não mais que 50 h a qualquer momento e não mais que 500 h/ano.
(2) Quando a variação é autolimitante (por exemplo, devido a um evento de alívio de
pressão) e não dura mais do que 50 h em qualquer momento e não mais do que 500
h/ano, é permitido exceder a classe de pressão ou a tensão admissível na temperatura
da condição aumentada em não mais do que 20%.
g. No caso de as variações operacionais serem devidas a cargas estáticas (pressão e
temperatura) e também a cargas cíclicas (vibração, golpe de ariete, choque térmico), os efeitos
combinados dessas cargas devem ser avaliados em todos os componentes do sistema.
h. As variações de temperatura abaixo da temperatura mínima, para o material de
construção, não são permitidas (ver Norma ASME B31.3 Appendix A Allowable Stresses and
Quality Factors for Metallic Piping and Bolting Materials).
i. No caso de válvulas, avaliar se a aplicação de pressão, que excede a classe de pressão-
temperatura da válvula, pode causar perda de estanqueidade da sede ou dificuldade de
operação. Além disso, a pressão diferencial no elemento de fechamento da válvula não deve
exceder a pressão diferencial máxima estabelecida pelo fabricante da válvula.

Anexos
1. Temperatura limite do material aço Carbono

Fonte: Norma Petrobras N-57 Projeto Mecânico de Tubulações Industriais

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Nota 1
O limite de resistência mecânica ocorrem na temperatura máxima, em que o material ainda apresenta
resistência aceitável para a aplicação.
Nota 2
O limite de oxidação superficial ocorre na temperatura, acima da qual o material começa a sofrer uma
oxidação superficial muito intensa; esse limite não deve ser ultrapassado para serviço contínuo em
nenhum caso.
Nota 3
A exposição prolongada acima de 427ºC pode gerar grafitização no aço Carbono.

2. Cálculo da PMTA-Pressão Máxima de Trabalho Admissível de tubulação


Durante o projeto mecânico da tubulação, com base no “espec” selecionado, é possível
calcular a PMTA, a partir da expressão da Norma ASME B31.3, para o cálculo da espessura
mínima de tubos sujeitos à pressão interna.

Obs.: Em unidades coerentes.


em que:
t = espessura mínima de tubo sujeito à pressão interna;
P = pressão interna de projeto;
D = diâmetro externo;
d = diâmetro interno;
Sh = tensão admissível do material do tubo na temperatura de projeto;
E = coeficiente de eficiência da costura soldada;
Para os tubos sem costura, E= 1,0.
Tubos com costura por solda por fusão elétrica de topo, totalmente radiografada: E= 1,0
Tubos com costura por solda por fusão elétrica de topo, radiografia parcial: E= 0,90
Tubos com costura por solda por fusão elétrica de topo, sem radiografia: E = 0,80
Y = coeficiente de redução de acordo com o material e a temperatura do tubo;
Para tubos de aço-carbono e de outros aços ferríticos, em temperaturas até 485ºC (900ºF), Y = 0,4, e
para tubos de ferro fundido Y = O.
C = soma das margens para corrosão, erosão e abertura de roscas e de chanfros.

A Pressão Máxima de Trabalho Admissível-PMTA do tubo pode ser calculada explicitando-se


a variável pressão interna (P), considerando a espessura nominal do tubo indicada no “espec”,
excluindo a corrosão admissível do “espec”, e a tensão admissível na temperatura de projeto.

Porém, essa PMTA, junto com a temperatura de projeto, só podem ser utilizadas como
condição operacional da tubulação, se ainda se enquadrarem na curva “Limites de Pressão e
Temperatura” do “espec” da tubulação.

Exemplo: Curva pressão x temperatura para a classe de pressão 150

Dessa forma cada componente padronizado (curvas, joelhos, flanges, tampões, válvulas, etc.),
contido no “espec”, está apto a operar nessa PMTA.
Em seguida, todos os componentes não padronizados (como juntas de expansão, válvulas de
alívio e segurança, suportes de mola, etc.), que compõem a tubulação, devem ser
devidamente verificados para esta pressão PMTA, na temperatura de projeto.

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